Agrupamento de Escolas de Estremoz - Relatório

INSPECÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO Avaliação Externa das Escolas Relatório de escola Agrupamento de Escolas de Estremoz Delegação Regional do Alentejo da ...
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INSPECÇÃO-GERAL DA EDUCAÇÃO

Avaliação Externa das Escolas Relatório de escola

Agrupamento de Escolas de Estremoz

Delegação Regional do Alentejo da IGE Datas da visita: 28 de Fevereiro a 2 de Março de 2011

I – INTRODUÇÃO A Lei n.º 31/2002, de 20 de Dezembro, aprovou o sistema de avaliação dos estabelecimentos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, definindo orientações gerais para a auto-avaliação e para a avaliação externa. Após a realização de uma fase-piloto, da responsabilidade de um Grupo de Trabalho (Despacho Conjunto n.º 370/2006, de 3 de Maio), a Senhora Ministra da Educação incumbiu a Inspecção-Geral da Educação (IGE) de acolher e dar continuidade ao programa nacional de avaliação externa das escolas. Neste sentido, apoiando-se no modelo construído e na experiência adquirida durante a fase-piloto, a IGE está a desenvolver esta actividade, entretanto consignada como sua competência no Decreto Regulamentar n.º 81-B/2007, de 31 de Julho. O presente relatório expressa os resultados da avaliação externa do Agrupamento de Escolas de Estremoz, realizada pela equipa de avaliação, na sequência visita efectuada entre 28 de Fevereiro e 2 de Março de 2011. Os capítulos do relatório – Caracterização do Agrupamento, Conclusões da avaliação por domínio, Avaliação por factor e Considerações finais – decorrem da análise dos documentos fundamentais do Agrupamento, da sua apresentação e da realização de entrevistas em painel. Espera-se que o processo de avaliação externa fomente a autoavaliação e resulte numa oportunidade de melhoria para o Agrupamento, constituindo este relatório um instrumento de reflexão e de debate. De facto, ao identificar pontos fortes e pontos fracos, bem como oportunidades e constrangimentos, a avaliação externa oferece elementos para a construção ou o aperfeiçoamento de planos de melhoria e de desenvolvimento de cada escola, em articulação com a administração educativa e com a comunidade em que se insere. A equipa de avaliação externa congratula-se com a atitude de colaboração demonstrada pelas pessoas com quem interagiu na preparação e no decurso da avaliação.

O texto integral deste relatório, bem como o contraditório apresentado pelo Agrupamento, estão disponíveis no sítio da IGE na área

Avaliação Externa das Escolas 2010-2011

Agrupamento de Escolas de Estremoz

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E S C A L A D E A V ALI A Ç Ã O Níveis de classificação dos cinco domínios

MUITO BOM – Predominam os

pontos fortes, evidenciando uma regulação sistemática, com base em procedimentos explícitos, generalizados e eficazes. Apesar de alguns aspectos menos conseguidos, a organização mobiliza-se para o aperfeiçoamento contínuo e a sua acção tem proporcionado um impacto muito forte na melhoria dos resultados dos alunos.

BOM – A escola revela bastantes

pontos fortes decorrentes de uma acção intencional e frequente, com base em procedimentos explícitos e eficazes. As actuações positivas são a norma, mas decorrem muitas vezes do empenho e da iniciativa individuais. As acções desenvolvidas têm proporcionado um impacto forte na melhoria dos resultados dos alunos.

SUFICIENTE – Os pontos fortes e os

pontos fracos equilibram-se, revelando uma acção com alguns aspectos positivos, mas pouco explícita e sistemática. As acções de aperfeiçoamento são pouco consistentes ao longo do tempo e envolvem áreas limitadas da escola. No entanto, essas acções têm um impacto positivo na melhoria dos resultados dos alunos.

INSUFICIENTE – Os pontos fracos

sobrepõem-se aos pontos fortes. A escola não demonstra uma prática coerente e não desenvolve suficientes acções positivas e coesas. A capacidade interna de melhoria é reduzida, podendo existir alguns aspectos positivos, mas pouco relevantes para o desempenho global. As acções desenvolvidas têm proporcionado um impacto limitado na melhoria dos resultados dos alunos.

II – CARACTERIZAÇÃO DO AGRUPAMENTO O Agrupamento de Escolas de Estremoz, com sede na Escola Básica Sebastião da Gama, foi criado em Maio de 2004 e serve uma população de cerca de 15500 habitantes, distribuídos por uma freguesia de características urbanas e doze rurais. No ano lectivo de 2009-2010, candidatou-se ao Programa Territórios Educativos de Intervenção Prioritária II como forma de proporcionar uma resposta mais adequada à diversidade social, cultural e étnica, às necessidades educativas e às especificidades da população escolar. É composto pelos Jardins-deInfância (JI) de Santa Maria, de São Lourenço de Mamporcão, pelo pólo de educação pré-escolar itinerante de Santa Vitória do Ameixial e pelas Escolas Básicas de 1.º ciclo (EB1) de Veiros, de São Bento do Ameixial, de São Domingos de Ana Loura, de Santa Vitória do Ameixial e de São Lourenço de Mamporcão. Integra também as EB1/JI de Mata, de Arcos, de Glória, de Evoramonte, de São Bento do Cortiço e a Escola Básica do Caldeiro, que, desde o presente ano lectivo, conta com uma sala de JI. A oferta educativa compreende a educação pré-escolar (189 crianças), o ensino básico (1.º ciclo 383 alunos, 2.º ciclo 266 e 3.º ciclo 162) e os cursos de educação e formação (26 alunos), além do Centro Novas Oportunidades (CNO) e dos cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA). É Agrupamento de referência para a Intervenção Precoce na Infância e dispõe de uma Unidade de Apoio à Multideficiência. Dos discentes, 46% usufruem de auxílios económicos, no âmbito da Acção Social Escolar, e 60% possuem computador com ligação à internet. Estão integrados 35 alunos estrangeiros, de nove nacionalidades. Exercem funções no Agrupamento 123 docentes, dos quais 64,3% pertencem ao Quadro de Escola ou de Zona Pedagógica e 35,7% são Contratados. O corpo não docente é formado por 54 trabalhadores, 25 são contratados pela Câmara Municipal de Estremoz, 26 têm vínculo ao Ministério da Educação e três encontram-se colocados ao abrigo do Programa Ocupacional - Contrato Emprego-Inserção. No que se refere à formação académica dos pais/mães, 11,1% concluíram o 1.º ciclo, 17,4% o 2.º ciclo, 16,1%, o 3.º ciclo, 11,2% o ensino secundário e 4,1% o grau de licenciatura. As profissões que exercem são diversificadas e as mais representativas inserem-se nos sectores secundário e terciário da economia.

III – CONCLUSÕES DA AVALIAÇÃO POR DOMÍNIO 1. Resultados

BOM

Os resultados académicos, relativos aos diferentes níveis de educação e ensino, são regularmente analisados. Apesar de as taxas de transição, em 2009-10, serem superiores ou iguais às nacionais, em todos os ciclos de ensino, verificam-se oscilações nos resultados alcançados nas Provas de Aferição e nos Exames Nacionais do Ensino Básico, ao longo do último triénio. No 1.º ciclo, em 2010, os alunos obtiveram, em ambas as provas, resultados inferiores à média nacional, o mesmo acontecendo no 2.º ciclo na disciplina de Matemática. Nas provas de Língua Portuguesa, a evolução é positiva, situando-se, no mesmo ano, em valores superiores aos nacionais, observando-se o mesmo nos exames nacionais de 9.º ano. Já na disciplina de Matemática, constatase uma evolução negativa, ao longo do triénio, sendo aqui que as classificações mais se afastam dos valores de referência nacionais. Os alunos, encorajados a participar na dinâmica do Agrupamento, são interventivos, dão contributos e assumem responsabilidades. O clima relacional é positivo, registando-se múltiplas iniciativas promotoras de desenvolvimento cívico e de solidariedade. A disciplina é uma área prioritária de intervenção, existindo um conjunto articulado de medidas indutoras de condutas assertivas, transversal a todos os ciclos de educação e ensino. Contudo, verificam-se, ainda com frequência, situações de indisciplina, como se constata pelo elevado número de ocorrências disciplinares. Subjacente à concretização do Projecto Educativo, está a convicção do corpo docente de que a acção da Escola terá impacto positivo nas aprendizagens e nas expectativas dos discentes, das famílias e da comunidade em geral, tornando-se um vector efectivo de mudança local.

2. Prestação do serviço educativo

BOM

Os departamentos curriculares garantem a qualidade científico-pedagógica, através de um trabalho cooperativo, centrado nas tarefas de planeamento e na reflexão sobre os processos e os instrumentos de ensino e de Agrupamento de Escolas de Estremoz

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aprendizagem. Na educação pré-escolar, não é evidente que a gestão das orientações curriculares decorra de um planeamento efectuado em sede do respectivo departamento. Constituindo um eixo de intervenção prioritária do Projecto Educativo, está em curso uma acção consistente no sentido do estabelecimento de articulação e sequencialidade entre os diferentes níveis de educação e de ensino. A interdisciplinaridade transparece ainda das práticas e dos documentos de planeamento. Não está instituída a observação de aulas como forma de acompanhamento da actividade lectiva, apesar de esta acontecer pontualmente na educação pré-escolar. A supervisão resulta essencialmente do trabalho desenvolvido nos departamentos curriculares, verificando-se que a cooperação que ocorre nos conselhos de ano e de turma permite debater as práticas e concertar estratégias de aprendizagem e de diferenciação pedagógica. Gerir a diversidade de alunos é outra área prioritária de actuação, existindo um conjunto de acções que, de forma entrosada, responde adequadamente às problemáticas do seu público, nomeadamente dos que evidenciam necessidades educativas especiais ou dificuldades de aprendizagem. Para estes, são organizados os apoios necessários, através do estabelecimento de parcerias, sendo asseguradas a sua inclusão e melhores condições de aprendizagem. A oferta educativa possibilita experiências diversificadas de aprendizagem, cujas temáticas abarcam as componentes activas, culturais, sociais e artísticas e as actividades experimentais.

3. Organização e gestão escolar

BOM

Os documentos orientadores da actividade educativa estão articulados entre si, denotando uma concepção de organização orientada para corresponder às características específicas da população escolar. Enquanto Território Educativo de Intervenção Prioritária, o Agrupamento identifica as áreas em que a acção mais se impõe. O planeamento e o desenvolvimento das múltiplas actividades conta com o envolvimento dos diferentes órgãos e estruturas, que actuam articuladamente. A direcção faz uma gestão adequada dos recursos humanos disponíveis, procurando conciliar as apetências pessoais e profissionais de cada um, sem perder de vista a melhor integração dos profissionais que chegam de novo. Os recursos físicos são o maior constrangimento, quer pelas obras em curso na Escola-Sede, que condicionam o bem-estar dos alunos e o desenvolvimento das actividades curriculares, nomeadamente as que exigem o recurso a salas específicas, quer pelas condições existentes nos estabelecimentos do 1.º ciclo, que, apesar das intervenções realizadas, não dispõem de espaços próprios para algumas actividades. Os pais e encarregados de educação, encorajados a participar em várias actividades, estão representados nos órgãos em que têm assento. Organizados em associação, tomam iniciativas e procuram, com a direcção, soluções para os problemas existentes. A equidade e a justiça são princípios norteadores do Agrupamento, facto, por todos, enaltecido.

4. Liderança

BOM

A estratégia para o futuro tem vindo a ser construída com base numa visão partilhada pelos órgãos de administração e de gestão, que implicam as estruturas intermédias na prossecução dos objectivos delineados e das metas traçadas, em função de uma identificação consciente das situações reais. O carácter dinâmico e progressivamente mais abrangente da oferta formativa é assumido como uma medida fundamental à regeneração do Agrupamento, atraindo novos alunos e contribuindo para que a escola seja, cada vez mais, parte da resposta às necessidades da população. A adesão às novas tecnologias, embora limitada pelas obras na Escola-Sede, tem trazido benefícios às dinâmicas em sala de aula, com repercussões nas aprendizagens dos alunos, assumindo-se como elemento essencial, na perspectiva da mudança a operar. A abordagem inovadora reflecte-se também nas práticas pedagógicas activas e reflexivas, no envolvimento dos docentes e dos não docentes no planeamento, na monitorização e na avaliação dos projectos dinamizados e na mobilização da comunidade para a tarefa educativa. A motivação é um factor implícito na condução de relações de parceria, fundamentais no apoio a crianças, alunos e famílias com necessidades educativas, sociais e económicas.

5. Capacidade de auto-regulação e melhoria do Agrupamento

BOM

O conhecimento que o Agrupamento detém dos seus pontos fortes e das áreas que necessitam de melhoria decorre das práticas intrínsecas de recolha e de análise da informação relativa aos resultados escolares, das

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dinâmicas de trabalho e dos aspectos organizacionais, essenciais à definição de estratégias de intervenção específicas, perante a natureza das situações identificadas. A sistematização e a reflexão, em torno destes dados, possibilitaram também o reconhecimento da necessidade de um procedimento auto-avaliativo mais estruturado, assente num modelo que permita a avaliação de todos os sectores de actividade, valorizando a opinião da globalidade dos intervenientes no processo educativo e tornando a sua participação mais activa. O Gabinete de Avaliação Interna, formado em 2009-2010, iniciou recentemente o processo de auscultação dos trabalhadores, tendo previsto actuar junto dos grupos representativos da comunidade, no sentido de assegurar que as decisões e os planos de melhoria a traçar estejam sustentados numa visão holística e integrada da organização escolar.

IV – AVALIAÇÃO POR FACTOR 1. Resultados 1.1 Sucesso académico Os resultados académicos, nomeadamente os internos, os das Provas de Aferição e os Exames Nacionais, são objecto de análise regular, por parte dos órgãos de direcção e das estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica, e comparados com os obtidos em anos lectivos anteriores (por ano, disciplina, turma e por trimestre). Na educação pré-escolar (EPE), os progressos das aprendizagens das crianças são registados numa ficha de observação/avaliação, organizada por áreas de conteúdo das orientações curriculares, e dados a conhecer, trimestralmente, aos pais e encarregados de educação (EE). No ensino básico, a taxa de conclusão de ciclo, em 2009-2010, é superior à nacional, nos 1.º e 3.º ciclos (99,1% e 85,7%), e coincide com esta, no 2.º (91,6%). No 1.º ciclo, ao longo do último triénio, os resultados nas Provas de Aferição oscilaram em Língua Portuguesa (LP) – 87,8%, 92,8% e 84,5% - e em Matemática (Mat.) – 90,2%, 90,4% e 83,2%. Com uma percentagem de níveis positivos próxima da nacional em 2008 (diferença negativa de 1,7% - LP; e de 0,6% Mat.), registaram uma evolução positiva em 2009, suplantando-a (2,6% - LP; 2,3% – Mat), para depois retrocederem em 2010, ano em que foram claramente inferiores à média nacional (7,1% - LP; 5,7% Mat.). No 2.º ciclo, e no mesmo período, os resultados nas Provas de Aferição de Língua Portuguesa (86,6%; 87,1%; 89,4%) evidenciam uma tendência positiva na sua evolução, constatando-se que as classificações positivas são superiores aos valores nacionais, no ano de 2010 (1%). Em Matemática, apesar de se observar progressão nos resultados (71,9%, 73,8% e 80,2%), estas classificações são superiores às nacionais, apenas, em 2008. Nos exames nacionais do ensino básico, os resultados na disciplina de Língua Portuguesa (95,2%; 63,6%; e 78,4%) foram superiores aos nacionais, em 2008 (em 10,3%) e em 2010 (em 8,2%), contrariamente ao sucedido em 2009, tendo a diferença sido negativa (8,2%). Na disciplina de Matemática, observa-se uma evolução negativa ao longo do triénio, com os valores de 56,1%, 52,3% e de 35,1%, salientando-se que estas classificações se situaram sempre abaixo dos valores nacionais (em 1,3; 13,6%; e 16,2%). As disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática e de Inglês são identificadas como as de maior insucesso, tendo sido implementadas estratégias de melhoria, que incluem a reformulação das formas de trabalho com os alunos em sala de aula, o reforço das dinâmicas de grupo e a resolução de problemas na disciplina de Matemática. A organização dos apoios está consignada no Projecto Educativo (PE/TEIP) – “Senhor Mocho: Ginásio nas disciplinas” (1.º ciclo), Big Brother: SOS e Tutorias (2.º e 3.º ciclos) e tarefas enquadradas no Estudo Acompanhado. As actividades decorrentes dos projectos nacionais, como o Plano Nacional de Leitura (PNL) e o Plano de Acção para a Matemática (PAM2), com o funcionamento do Laboratório da Matemática, representam também um reforço das aprendizagens. A taxa de abandono foi de 0,7%, no ano lectivo 2009-10 (1.º ano 1,1%; no 3.º 1,9 e no 5.º ano 2,2%), estando esta realidade associada aos alunos da comunidade cigana. Como medida preventiva do abandono escolar, a oferta educativa foi alargada a cursos de educação e formação (CEF).

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1.2 Participação e desenvolvimento cívico Os alunos manifestam muita satisfação face à escola, conhecem a sua dinâmica, os documentos orientadores, e participam nela de forma activa. O clima relacional positivo por eles sentido decorre, claramente, das diferentes acções contempladas no eixo de intervenção – Relações interpessoais - e que abrem caminho à sua participação e à promoção do seu desenvolvimento cívico. Exemplo é o incentivo dado à formação da Associação de Estudantes e o carácter de que se revestiu todo o processo, constituindo-se num exercício de cidadania e de espírito democrático. Os alunos têm como espaço privilegiado de debate a área de Formação Cívica, sendo encorajados pelos directores de turma (DT) e pelos professores titulares a manifestarem a sua opinião, a discutir ideias e atitudes e a terem iniciativa. Sentem que os seus contributos são bem acolhidos, tendo o Plano de Anual de Actividades (PAA) integrado propostas da Associação de Estudantes. São realizadas Assembleias de Delegados de Turma, onde os estudantes são formalmente auscultados e explicitam as suas preocupações. Participam em diversas realizações de promoção da cidadania, como são os casos do Parlamento Jovem, da Marcha Pró Ambiente, das acções solidárias e das actividades do Plano de Educação para a Cidadania Global. Os alunos assumem várias responsabilidades, referindo-se a esse propósito o seu papel na recepção aos alunos mais novos – Padrinhos e Afilhados –, o que contribuiu para uma melhor integração destes, que os tomam como uma figura de referência. De igual modo, o seu envolvimento na concepção, na divulgação e no funcionamento do Gabinete de Apoio e Atendimento ao Aluno (GAAA) são também expressão de responsabilidades atribuídas. Na educação pré-escolar, a Formação Pessoal e Social é uma área transversal, promovida pela vivência de situações, nos diferentes momentos da rotina diária.

1.3 Comportamento e disciplina A disciplina é uma temática abrangente, trabalhada como um todo, uma vez que decorre de uma preocupação comum aos vários níveis de educação e de ensino. Como forma de perceber a origem dos problemas de comportamento de alguns alunos, decorrem iniciativas que começam na EPE, em articulação com a equipa de intervenção precoce, no estabelecimento e na compreensão de regras (acções de sensibilização abertas à comunidade, p. ex. “Como lidar com as birras"). Salienta-se ainda o trabalho partilhado com o Núcleo Local de Inserção, na intervenção junto de crianças provenientes de contextos familiares desestruturados. Actualmente, é unânime a opinião dos diversos actores educativos de que os alunos têm um comportamento disciplinado, conhecem e cumprem as regras de funcionamento da escola, orientando também os mais novos a fazê-lo. Conhecem o Regulamento Interno (RI), em particular no que respeita aos seus direitos e deveres, discutidos com o DT, em Formação Cívica, e que se encontram disponíveis na página Web e na plataforma Moodle. Nos 2.º e 3.º ciclos, os critérios de avaliação valorizam o domínio sócio-afectivo, nos itens da responsabilidade, da autonomia e do respeito pelas regras estabelecidas e pelos outros, como incentivo à adopção de condutas cívicas e à construção de uma cidadania activa. No 1.º ciclo, a sociabilidade e o sentido de responsabilidade são enfatizados na área de Observação das Atitudes e Comportamentos. Nos dois anos lectivos transactos, verificaram-se cerca de uma centena de ocorrências disciplinares com alunos, realçando-se o carácter das medidas correctivas aplicadas e os seus efeitos positivos. A aposta reside agora na prevenção, através da relação próxima que os DT e a direcção estabelecem com os alunos, o que propicia o diálogo aberto e o contacto directo com os EE para evitar o agravamento das situações de conflito ou de comportamento desadequado. As estratégias de prevenção da indisciplina passam ainda pela criação do Espaço Futuro Alerta, no acompanhamento dos alunos sujeitos à ordem de saída de sala de aula, pela animação dos tempos de intervalo para almoço e dos recreios, pelos animadores socioculturais, e pela formação de mediadores de conflitos entre pares. Embora as relações de trabalho reflictam tranquilidade e a proximidade entre os profissionais e as famílias seja progressivamente mais evidente, a melhoria do ambiente educativo e o investimento nas interacções entre os actores da comunidade escolar são objectivos persistentemente presentes no trilho da qualidade que se almeja para o desempenho da organização.

1.4 Valorização e impacto das aprendizagens Subjacente ao lema do PE/TEIP “Ninguém muda sozinho”, está a convicção de que a acção do Agrupamento terá impacto positivo, não só nas aprendizagens e nas expectativas das crianças e dos jovens que o

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frequentam, como também nas famílias e na comunidade em geral, tornando-se um efectivo vector de mudança local. Nessa perspectiva e para incrementar a valorização das aprendizagens, tem sido alargada a oferta educativa a cursos de educação e formação (CEF), com repercussão ao nível das atitudes, dos comportamentos e dos valores - um número considerável destes alunos tem prosseguido estudos. Por outro lado, o funcionamento do Centro Novas Oportunidades (CNO) e dos cursos de educação e formação de adultos (EFA) apresenta-se como estratégia para o retorno à Escola de adultos, que, em muitos casos, têm continuado o seu percurso académico. No mesmo sentido, e como medida de combate ao abandono escolar, tem sido efectuada a integração, na educação pré-escolar, de crianças da comunidade cigana, em colaboração com o Núcleo Local de Inserção (NLI). Os docentes titulares de turma, os DT e os docentes, em geral, referem ter presente nas suas práticas o propósito de induzir nos alunos expectativas positivas sobre a Escola, aspecto que os alunos reconhecem. Algumas iniciativas, como as associadas à comemoração de efemérides (Desfile de Carnaval), a divulgação de notícias na rádio local “Rádio Despertar”, na imprensa local e no jornal “A Bilha”, dão expressão pública à instituição escolar e contribuem para estreitar a relação com a comunidade. De igual modo, a atribuição de menções e de prémios de mérito aos alunos que mais se destacaram a nível do comportamento, aproveitamento e do espírito de entreajuda, a participação em actividades, concursos e em projectos, a exposição de trabalhos nas escolas e em locais públicos são formas de divulgar, reconhecer e de valorizar as actividades, os saberes e os sucessos dos alunos.

2. Prestação do serviço educativo 2.1 Articulação e sequencialidade O trabalho desenvolvido em sede de departamento curricular, organizado por áreas disciplinares e conselhos de ano, assegura a articulação e a gestão curricular, sendo neste contexto efectuado o planeamento a longo prazo, o que não sucede no Departamento da EPE, já que é realizado individualmente. São previstos e reformulados, de forma participada, os critérios de avaliação, concebidos instrumentos de avaliação e monitorizados os resultados dos alunos. Os coordenadores incentivam a cooperação, existindo, para o efeito, tempos comuns entre os docentes. A articulação interdepartamental é assegurada pela junção das actividades previstas no PAA, através de uma acção concertada entre os coordenadores dos departamentos e a coordenação de projectos. Dinâmica semelhante ocorre entre os departamentos e a Biblioteca Escolar/Centro de Recursos Educativos (BE/CRE), no sentido de esta promover actividades que correspondam a um efectivo enriquecimento do currículo. Constituindo um eixo de intervenção prioritária do PE/TEIP, a articulação entre níveis de educação e de ensino, foi encetado um trabalho nesse sentido que inclui actividades realizadas conjuntamente, a implementação de estratégias de transição de ciclo, a reflexão sobre as práticas educativas e os currículos, envolvendo os diferentes ciclos. No entanto, persistem na EPE algumas práticas que se afastam do espírito das orientações curriculares, nomeadamente abordagens descontextualizadas, através do preenchimento de fichas. A discussão sobre os novos programas de LP induziu uma reflexão ao nível dos três ciclos de escolaridade. Existe, também, articulação entre os dinamizadores da componente socioeducativa na EPE, os docentes das actividades de enriquecimento curricular, os docentes titulares de grupo/turma e os departamentos, no plano do planeamento e da supervisão. Os alunos do 9.º ano participam em actividades de orientação escolar e vocacional, que envolvem a psicóloga, os directores de turma e as famílias. Algumas das actividades ocorrem nas aulas de Formação Cívica.

2.2 Acompanhamento da prática lectiva em sala de aula Na educação pré-escolar, o planeamento é efectuado individualmente, dispondo os docentes de um guião para a elaboração dos projectos curriculares de grupo (PCG). Em sede de departamento curricular, são abordadas as questões relacionadas com iniciativas conjuntas e com os instrumentos de observação/avaliação comuns, sendo pouco perceptível que o debate se centre nas dinâmicas de sala de actividade. De salientar, contudo, que, apesar de não estar instituída a observação de actividades/aulas, como forma de supervisão da prática lectiva, a coordenadora deste departamento tem estado presente nas salas, a fazer acompanhamento directo, uma vez que a maioria dos docentes deste nível de educação está há pouco tempo no Agrupamento.

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Nos restantes ciclos, o planeamento individual decorre da gestão do currículo, nos departamentos curriculares. De salientar que, neste ano lectivo, o Departamento do 1.º ciclo está organizado, pela primeira vez, por anos de escolaridade, fazendo-se uma apreciação muito positiva desse facto, em termos da reflexão que possibilita sobre as práticas, da adopção de medidas de diferenciação e da partilha de materiais e da articulação da acção educativa. Tal acontece nos 2.º e 3.º ciclos, nos conselhos de turma, sendo através da gestão do PCT assegurada a interdisciplinaridade, concertadas estratégias de actuação, concebidas as estratégias de ensino e operacionalizados os critérios de avaliação. São realizados testes de diagnóstico e matrizes comuns para os instrumentos de avaliação. Os docentes analisam os resultados da avaliação contínua e reformulam as suas práticas. São ainda efectuados testes globais, como forma de aferir as aprendizagens.

2.3 Diferenciação e apoios Gerir a diversidade de alunos é, de igual modo, uma das vertentes prioritárias do PE/TEIP, estando em curso acções que, de uma forma entrosada, respondem adequadamente às problemáticas do seu público. O Núcleo de Educação Especial, formado por oito docentes, apoia 41 alunos com necessidades educativas especiais (NEE) – quatro na EPE, 11 no 1.º ciclo, 12 no 2.º ciclo e 14 no 3.º ciclo. Após a referenciação e a avaliação, são implementados os apoios necessários, podendo ser ou não prestados em sala de aula, tendo como base um trabalho cooperativo entre os docentes de apoio e os das turmas. A Intervenção Precoce para a Infância intervém junto das crianças da educação pré-escolar e apoia 65 crianças (61 famílias e oito salas dos JI). A sua acção alarga-se ainda a sessões de formação sobre temáticas que ajudam os pais e encarregados de educação a apoiarem melhor os seus educandos. Os docentes do Núcleo de Educação Especial estão também distribuídos pelas salas da Unidade de Apoio à Multideficiência (UAM), que dispõe de um fisioterapeuta e de um terapeuta da fala, a tempo parcial. Esta unidade desenvolve uma prática muito próxima dos docentes das turmas, no sentido da adequada inclusão e aprendizagem dos oito alunos que integra e da sensibilização de toda a comunidade educativa. É exemplo a comemoração do Dia Internacional do Cidadão Portador de Deficiência, em regime de porta aberta, dando visibilidade à UAM, através de jogos e de ateliês. Para os alunos com dificuldades de aprendizagem estão organizados apoios individualizados, no 1.º ciclo (com uma Educadora Social), e nos 2.º e 3.º ciclos, nas disciplinas de LP, Mat. e de Inglês, bem como tutorias. São ainda elaborados Planos de Acompanhamento e de Recuperação, procedendo-se neste âmbito à diferenciação pedagógica em sala de aula, a apoios nas disciplinas, a aulas de recuperação e à utilização da área curricular não disciplinar de Estudo Acompanhado para o apoio aos alunos. Para uma melhor intervenção, ao nível da diferenciação e do apoio, foram estabelecidas parcerias com serviços da comunidade, procurados programas nacionais, tal como o Programa Escolhas, que intervém junto das crianças da comunidade cigana da EB1 do Caldeiro, e mobilizados recursos humanos, no âmbito do TEIP2.

2.4 Abrangência do currículo e valorização dos saberes e da aprendizagem A oferta educativa possibilita um conjunto diversificado de experiências de aprendizagem, cujas temáticas abarcam as componentes activas, culturais, sociais e artísticas, promovendo a formação integral das crianças e dos jovens. Esta oferta integra, para além de diferentes percursos escolares, as actividades de componente de animação socioeducativa e de enriquecimento curricular, que incluem o Ensino do Inglês, as Expressões Artísticas, o Clube das Ciências, a Actividade Física e Desportiva e o Apoio ao Estudo. O Agrupamento tem vindo a implementar várias iniciativas, sendo de destacar as actividades desenvolvidas na BE/CRE (serões culturais abertos à participação dos pais, a BE/CRE vai às escolas, o autor do mês, encontros com escritores); o Desporto Escolar com as modalidades de Badmington, Ginástica de grupo, Ténis de mesa, Judo e Natação; os Projectos (“A Bilha”, Programa Educação para a Saúde, Conectando Mundos, Eco-Escolas, Bem-me-quer, Mal-me-quer; Mãos na Terra, Olhares); a participação dos alunos em diversos concursos (Supertmatik, Jogo do 24, Olimpíadas da Matemática) e também as visitas de estudo a locais com interesse científico e cultural. O incentivo à prática experimental no ensino das ciências é transversal a todos os ciclos de escolaridade. As actividades laboratoriais, realizadas com regularidade nos 2.º e 3.º ciclos e em algumas salas do 1.º CEB, e as do Clube de Ciências, em parceria com o Centro Ciência Viva de Estremoz, reforçam a metodologia científica desde a EPE. A vertente de

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formação em contexto laboral, nos CEF, concorre para a valorização dos saberes práticos e profissionais e faculta o conhecimento do mundo do trabalho.

3. Organização e gestão escolar 3.1 Concepção, planeamento e desenvolvimento da actividade O PE/TEIP, elaborado para o período de 2009-11, organiza-se em quatro eixos, correspondentes às áreas problemáticas, nomeadamente Insucesso, abandono e absentismo, Relações interpessoais, Falta de articulação entre ciclos e estruturas organizativas e Dificuldade na gestão da diversidade de alunos. O Projecto Curricular do Agrupamento (PCA) explicita a ambição estratégica e as opções e prioridades curriculares, permitindo uma contextualização dos currículos. O Plano Anual de Actividades contempla diversas iniciativas, que visam dar resposta a cada uma das dimensões identificadas no PE/TEIP, e tem em consideração as orientações contidas no PCA. Da articulação entre estes documentos sobressai uma concepção de organização, mobilizada para corresponder às características específicas da sua população escolar. O ano lectivo começa a ser preparado no final do ano anterior, tendo em atenção as reflexões produzidas, na sequência das avaliações finais, e as orientações do Conselho Pedagógico. Existe um grupo de preparação do ano lectivo. O serviço é distribuído em função de critérios definidos. Os diferentes órgãos de direcção e as estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica participam na definição de prioridades e na elaboração dos documentos estruturantes, estando a sua acção/intervenção integrada no PCA. As áreas curriculares não disciplinares são, também, consideradas neste documento e explicitadas indicações para a sua operacionalização.

3.2 Gestão dos recursos humanos A direcção conhece bem o perfil dos seus profissionais e tem-no presente na distribuição de serviço, procurando conciliar as apetências de cada um com as características da tarefa a realizar ou com as mudanças que pretende efectuar em determinado contexto. Esta gestão de recursos humanos deixa transparecer alguma tensão, mas tem produzido efeito sob o ponto de vista da dinâmica pedagógica, nos diferentes estabelecimentos. A relação desenvolvida entre alunos e professores é tida em conta na afectação do serviço docente, sendo ponderada a continuidade dos DT. Os profissionais que chegam de novo são acolhidos pela direcção e posteriormente integrados nos serviços a que pertencem. No caso dos docentes, é em sede de departamento curricular que esse trabalho de apropriação se faz. No início do ano, é organizada uma recepção à comunidade em que é dada a conhecer a realidade do Agrupamento. As dificuldades detectadas são superadas com o apoio das coordenações das estruturas educativas e com formação, que tem incidido nas Novas Tecnologias da Informação e Comunicação. Os Serviços Administrativos correspondem adequadamente às solicitações, estando organizados por áreas funcionais.

3.3 Gestão dos recursos materiais e financeiros As infra-estruturas e os equipamentos da EPE e do 1.º ciclo foram, na generalidade, sujeitos a obras de requalificação, salientando-se que alguns edifícios são recentes. No entanto, em alguns estabelecimentos denota-se a ausência de espaços próprios para o desenvolvimento da componente de apoio à família e das AEC, sendo a actividade física e desportiva dinamizada nos recintos exteriores, muitos dos quais são descobertos. Devido à construção das novas instalações, a Escola-Sede apresenta limitações na gestão dos espaços, nomeadamente na utilização de salas específicas, de laboratórios e de salas de Educação Visual e Tecnológica, debatendo-se com dificuldades na manutenção das condições de higiene e de salubridade. Não obstante, são observadas as regras de segurança na preparação e na realização das actividades experimentais e nas práticas oficinais de carpintaria. A Educação Física é, por ora, desenvolvida no pavilhão municipal, assim como o funcionamento dos CEF nas instalações do Regimento de Cavalaria 3 e o curso EFA na Casa do Povo. Apesar dos condicionalismos, a BE/CRE, integrada na Rede de Bibliotecas Escolares, constitui-se como uma área acolhedora, interactiva e funcional, que estende a sua acção às EB1 e aos JI dos meios rurais e proporciona um leque de actividades programadas, em articulação com os departamentos curriculares. Foram desencadeados

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mecanismos para a elaboração dos planos de emergência, em parceria com a Protecção Civil e a Escola Profissional da Região Alentejo (EPRAL), embora não tenham ainda sido concretizados quaisquer simulacros. Todas as EB1 e JI possuem, pelo menos, um computador com ligação à internet, o que facilita a circulação e a celeridade da informação entre as unidades educativas, bem como a utilização dos recursos tecnológicos (plataforma Moodle, página Web, e-mail), favoráveis a um clima de proximidade entre docentes e alunos. O Agrupamento conta com os apoios da autarquia, no que está previsto na Carta Educativa do Concelho de Estremoz, com as verbas do Fundo Social Europeu e com uma pequena parte proveniente de receitas próprias e de donativos.

3.4 Participação dos pais e outros elementos da comunidade educativa Os pais e EE estão organizados em Associação de Pais e Encarregados de Educação (APEE) e representados no Conselho Geral, no CP, nos conselhos de turma e no Gabinete de Avaliação Interna. Afirmam conhecer o RI e o PE e estar informados sobre o percurso escolar dos seus educandos, o funcionamento do Agrupamento e as actividades agendadas. A APEE reúne, sempre que necessário, com a Directora, está atenta aos problemas com que a instituição escolar se debate e colabora activamente na sua resolução. Os docentes titulares de grupo e de turma e os DT intervêm na promoção de uma relação de proximidade com as famílias, recorrendo a diversas formas de comunicação: reuniões, telefone, caderneta do aluno e, em alguns casos, ao e-mail, manifestando disponibilidade para o atendimento. Para um melhor acompanhamento escolar dos educandos, são discutidas, com os EE, algumas estratégias, nomeadamente formas de os apoiar em casa, métodos de estudo e a frequência dos apoios disponibilizados. São ainda realizadas várias iniciativas pelo Agrupamento e pela APEE, de que são exemplo a acção de sensibilização sobre competências parentais (da responsabilidade da APEE), a elaboração de contratos pedagógicos, em algumas turmas de 6.º ano, a comemoração de efemérides e dinamizadas actividades e projectos, sobretudo nos JI e nas EB1 (Perlim Pim Pim… com esta história descobri, O Leitor é um Sonhador, À Roda da Terra, Com as Mãos na Terra).

3.5 Equidade e justiça A equidade e a justiça são princípios patenteados pelo Agrupamento e reconhecidos por todos os intervenientes na acção educativa, que salientam a actuação dos seus responsáveis na promoção da igualdade de oportunidades e de experiências enriquecedoras para todas as crianças e alunos. Estes sentem-se responsabilizados pelo seu papel e revelam empenho e iniciativa na apresentação de propostas. São auscultados pelos docentes e pela direcção, como forma de os implicar reflexivamente no seu processo educativo e de os incentivar a uma participação cívica e consciente, inclusivamente na resolução de conflitos e na identificação de situações de carência ou de problemas familiares ou emocionais dos seus pares. Depois de observados individualmente, são concertados os apoios necessários a uma resposta célere no acompanhamento ao aluno, seja por intermédio do Espaço Futuro Alerta, do Gabinete de Atendimento e de Apoio ao Aluno, dos serviços de Acção Social Escolar, do Serviço de Psicologia e Orientação ou das parcerias estabelecidas na comunidade. A integração das crianças e dos alunos pertencentes a minorias culturais e sociais e a plena inclusão dos que têm NEE são aspectos determinantes da política educativa seguida e que constam das linhas orientadoras dos documentos estruturantes, destacando-se nos eixos de intervenção do PE/TEIP, como áreas prioritárias. A procura de soluções específicas e de encaminhamento adequado aos alunos, de acordo com os seus interesses e necessidades, é visível na oferta educativa proporcionada e nos projectos individuais de transição para a vida activa. Também a constituição de turmas e a elaboração dos horários reflectem a utilização de critérios equitativos e garantem que todos possam usufruir dos apoios, da sala de estudo e das actividades de enriquecimento curricular. Do mesmo modo, a definição do perfil de DT e de professor tutor é decisiva na atribuição destes cargos e na gestão do serviço lectivo.

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4. Liderança 4.1 Visão e estratégia O Agrupamento vem a implementar um conjunto de medidas, estruturadas nos documentos de planeamento, que visam ultrapassar as problemáticas identificadas como prioritárias, a partir do diagnóstico efectuado. Estas centram-se nas temáticas do sucesso educativo, na articulação pedagógica, na dimensão relacional e na gestão da heterogeneidade da população escolar. Integrando, estrategicamente, o programa TEIP2, definiu objectivos e metas claras e avaliáveis, muito embora estas nem sempre incluam indicadores que permitam avaliar a sua consecução. Dos documentos orientadores e da estratégia implementada, decorre, claramente, uma visão que centra a resolução dos problemas existentes, numa abordagem sistémica, com impacto nas aprendizagens e nos comportamentos das crianças e dos jovens e com repercussões positivas nas famílias e no meio social envolvente. Para alcançar os objectivos determinados, a direcção foi capaz de mobilizar parcerias, que se têm revelado imprescindíveis, e aposta na diversidade da oferta formativa, sem esquecer a população adulta, permitindo-lhes, através do funcionamento do CNO, melhorar as suas qualificações. De salientar, a mobilização de todos, em especial da direcção, no sentido de assegurar, no presente ano lectivo, o normal funcionamento da Escola-Sede, em segurança, devido às obras.

4.2 Motivação e empenho Os órgãos de direcção e as estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica demonstram conhecimento das suas áreas de acção e exercem as suas competências autonomamente, articulando as tarefas e co-responsabilizando-se pelas decisões tomadas. Esta prática colaborativa, incentivada pela liderança de topo, e suportada na criação de grupos de trabalho e em reuniões regulares, assume-se também como uma das estratégias fundamentais no combate à problemática das relações interpessoais, identificada no PE/TEIP. A direcção implica os profissionais no planeamento e na avaliação sistemática das actividades, na monitorização dos projectos desenvolvidos e mobiliza os agentes educativos na procura de soluções para as dificuldades e de iniciativas para alcançar as metas traçadas. Tendo em conta a grande mobilidade do corpo docente, o absentismo é superado através de medidas específicas no Plano de Ocupação Plena dos Tempos Escolares. Na educação pré-escolar, a ausência dos docentes é colmatada pela coordenadora de departamento e, no 1.º ciclo, são os professores de apoio que substituem os titulares, em caso de falta. Nos restantes níveis, estão programadas actividades de substituição, com recurso a plano de aula e a permutas. Ao nível do pessoal não docente, o absentismo é pontual.

4.3 Abertura à inovação A candidatura ao Programa TEIP2 e o plano de acção definido revelam a intencionalidade da direcção e das estruturas intermédias na superação das dificuldades, na concretização dos objectivos e na mobilização dos apoios necessários ao processo de desenvolvimento interno. O envolvimento de diversos parceiros da comunidade no PE/TEIP, o investimento nos quadros interactivos e o incentivo à utilização da plataforma Moodle e do Kidsmart, as iniciativas da BE/CRE, a participação em projectos de índole inclusiva e social, o apoio às propostas dos alunos, a articulação com a UAM e a formação interna configuram-se como elementos de uma prática pedagógica activa, que pretende a melhoria. A abertura à inovação está também patente na reflexão sobre a importância da organização dos espaços de sala de aula, com alterações positivas no 1.º ciclo. O alargamento da oferta educativa a cursos de educação e formação, a criação do CNO e a dinamização dos cursos EFA são aspectos demonstrativos da atitude do Agrupamento, perante a mudança e a estratégia delineada para cativar a comunidade a elevar os seus níveis de escolarização, na perspectiva da aprendizagem ao longo da vida. Esta abordagem intenta ainda desenvolver a relação de proximidade e a participação dos EE, dando a conhecer as dinâmicas internas e valorizando as aprendizagens como forma de aumentar as expectativas dos EE, quanto ao percurso formativo e à melhoria dos desempenhos dos discentes.

4.4 Parcerias, protocolos e projectos O Agrupamento estabeleceu uma rede de parcerias e de protocolos, que visam reforçar e enriquecer a actividade educativa em diferentes domínios, destacando-se as estabelecidas com a Câmara Municipal de Agrupamento de Escolas de Estremoz

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Estremoz (CME) e juntas de freguesia, no apoio logístico ao desenvolvimento de actividades e de projectos, na manutenção e na conservação dos edifícios da EPE e do 1.º ciclo, no fornecimento de almoços, na promoção da CAF e das AEC, no transporte de alunos, na oferta de estágio do CEF de Informática e na promoção de actividades (Museu Municipal Joaquim Vermelho, Casa de Estremoz Biblioteca Municipal, Desfile de Carnaval, Feira das Escolas); o consórcio Geração XXI, promovido pelo Centro Social e Paroquial, através do Programa Escolhas, da colaboração em projectos e de actividades conjuntas; a CERCI Estremoz, no apoio aos alunos com NEE e na cedência de uma sala snozelen para os alunos da UAM; o Centro de Saúde, na dinamização de sessões de formação/informação, com vista à promoção de hábitos de vida saudáveis; a Cruz Vermelha Portuguesa, no apoio a emigrantes, na articulação com os gestores das famílias que usufruem do rendimento social de inserção; a Guarda Nacional Republicana e a Polícia de Segurança Pública, em acções de prevenção e na vigilância de situações denunciadas pelo Agrupamento; a ESE de Portalegre, no acompanhamento do Projecto TEIP; o Regimento de Cavalaria n.º 3, na hipoterapia disponibilizada às crianças da UAM, na cedência de salas para os CEF e no apoio ao projecto A Bilha; empresas e instituições locais (Hipermercado Continente, Adega Cooperativa de Borba), no apoio logístico e financeiro a vários projectos. No âmbito do CNO, estão firmadas diversas parcerias (SONAE - hipermercados Modelo e Continente, Regimento de Cavalaria n.º 3, ES Rainha Santa Isabel, Centro de Emprego, CME e Juntas de Freguesia, Centro de Formação Profissional, Cruz Vermelha Portuguesa, Escola Profissional da Região de Alentejo – Pólo de Estremoz). De sublinhar que o Agrupamento recebe estagiários da EPRAL, na componente de animação socioeducativa dos JI. A adesão ao Desporto Escolar, ao Plano de Acção para a Matemática, ao Plano Nacional de Leitura, à Rede Nacional de Bibliotecas Escolares e aos Novos Programas de Língua Portuguesa e de Matemática concorre para uma dinâmica de compromisso na melhoria do serviço prestado.

5. Capacidade de auto-regulação e melhoria do Agrupamento 5.1 Auto-avaliação A reflexão regular e intencional sobre as suas práticas é um procedimento comum no Agrupamento, que detém bastante informação, proveniente das diversas estruturas internas, no que respeita aos resultados académicos, às taxas de insucesso, de abandono e de absentismo, aos valores da indisciplina, às actividades desenvolvidas, às medidas de reforço das aprendizagens e de superação de dificuldades e a aspectos organizacionais e específicos do contexto em que se insere. Inerente está também o conhecimento profundo das problemáticas, dos pontos fortes e das oportunidades de melhoria, que resultou de uma primeira análise dos inquéritos distribuídos aos EE, professores e trabalhadores, na elaboração do PE/TEIP. O Gabinete de Avaliação Interna (GAI), constituído em 2009-2010, com elementos do corpo docente e não docente e EE, beneficiou dos dados recolhidos, aquando do diagnóstico do Agrupamento, para caracterizar a situação e delinear a metodologia a seguir. O modelo de auto-avaliação, encetado no presente ano lectivo, reporta-se aos cinco domínios do Quadro de Referência da Avaliação Externa de Escolas, pretendendo-se aferir a satisfação dos diferentes grupos, quanto ao desempenho da organização escolar. Seguindo uma metodologia mista, que alia as abordagens quantitativa e qualitativa, com recurso à análise documental e a instrumentos construídos para o efeito, designadamente grelhas de observação, questionários e inquéritos a aplicar aos intervenientes no processo educativo, deu-se início à testagem do questionário numa amostra reduzida do pessoal não docente. É notório o conhecimento que todos manifestam quanto ao processo desencadeado e aos objectivos que serve, destacando-se a motivação dos participantes mais directamente implicados na concepção do modelo e o envolvimento de elementos externos da ESE de Portalegre como “Amigos Críticos”.

5.2 Sustentabilidade do progresso Fruto do investimento na identificação das áreas problemáticas e da divulgação das conclusões a todos os actores, os pontos fortes e os pontos fracos são conhecidos da comunidade educativa, em geral. A reflexão sobre as condições de funcionamento e a priorização dos eixos de intervenção favoreceram a adopção de práticas pedagógicas, inscritas numa linha de melhoria, devidamente monitorizadas e sistematicamente avaliadas, que sustentam, actualmente, o processo de auto-avaliação iniciado, com relevo para o desenvolvimento dos mecanismos de auscultação da comunidade.

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A persistência na qualidade do ambiente educativo e das relações interpessoais, associada à redução dos níveis de indisciplina dos alunos, à elevação das taxas de sucesso, à prevenção do absentismo e do abandono e ao progressivo envolvimento das estruturas da comunidade, constitui o seu grande desafio. A estratégia delineada para o futuro próximo, as dinâmicas de trabalho criadas, a disponibilidade dos profissionais e o incentivo da direcção a todos, enquanto grupo, e a cada um individualmente traduzem a intencionalidade de um projecto sustentado nas potencialidades e nas oportunidades reveladas.

V – CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, apresenta-se uma selecção dos atributos do Agrupamento de Escolas de Estremoz (pontos fortes e fracos) e das condições de desenvolvimento da sua actividade (oportunidades e constrangimentos). A equipa de avaliação externa entende que esta selecção identifica os aspectos estratégicos que caracterizam [o agrupamento e define as áreas onde devem incidir os seus esforços de melhoria. Entende-se aqui por: •

Pontos fortes – atributos da organização que ajudam a alcançar os seus objectivos;



Pontos fracos – atributos da organização que prejudicam o cumprimento dos seus objectivos;



Oportunidades – condições ou possibilidades externas à organização que poderão favorecer o cumprimento dos seus objectivos;



Constrangimentos – condições ou possibilidades externas à organização que poderão ameaçar o cumprimento dos seus objectivos.

Os tópicos aqui identificados foram objecto de uma abordagem mais detalhada ao longo deste relatório.

Pontos fortes 

O incentivo à participação dos alunos e a promoção do seu desenvolvimento cívico, inscritos num conjunto de medidas indutoras de um clima relacional positivo;



O trabalho encetado, ao nível da articulação e da sequencialidade entre ciclos de educação e de ensino, que inclui actividades realizadas conjuntamente, a implementação de estratégias de transição de ciclo e a reflexão sobre as práticas educativas;



A gestão da heterogeneidade da população escolar, através da adopção de medidas que asseguram as melhores condições de inclusão e de aprendizagem, quer se trate de alunos com necessidades educativas especiais, sociais ou de aprendizagem;



Os documentos orientadores da actividade educativa, articulados entre si, denotando uma concepção de organização orientada para corresponder às características específicas da sua população escolar;



As lideranças empenhadas e capazes de mobilizar a comunidade para a prossecução das metas do PE;



A oferta educativa, alargada à população adulta, através da promoção de cursos de Educação e Formação de Adultos e da dinamização do Centro Novas Oportunidades, como forma de aumentar os níveis de literacia e de incentivar a aprendizagem ao longo da vida;



A rede de parcerias, estabelecidas com entidades locais e regionais, em especial a relação de proximidade com a autarquia e com o Centro de Ciência Viva de Estremoz, promotora do desenvolvimento de iniciativas com impacto positivo nas aprendizagens das crianças e dos alunos.

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Pontos fracos 

Os resultados obtidos pelos alunos nas Provas de Aferição de Matemática e sobretudo nos Exames Nacionais de 9.º ano, inferiores aos nacionais;

 

As situações de indisciplina que persistem, apesar das medidas implementadas para a sua erradicação; A fraca reflexão sobre a gestão das orientações curriculares para a educação pré-escolar, em sede de departamento curricular, com repercussões negativas nas práticas educativas em sala de actividades.

Oportunidades 

A construção do edifício da Escola-Sede como reforço da capacidade de atracção à Escola de alunos para a frequência do 3.º ciclo;



O aprofundamento da cooperação com a Associação de Pais e Encarregados de Educação, no sentido da mobilização dos seus pares.

Constrangimentos 

As obras de construção da Escola-Sede, que condicionam o bem-estar dos alunos e o desenvolvimento das actividades curriculares, nomeadamente as que exigem o recurso a espaços ou salas especificas;



A inexistência de espaços exteriores cobertos, em algumas EB de 1.º ciclo e JI, limitando a realização de actividades de recreio e a prática da actividade física e desportiva, em dias de chuva.

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