Agosto de 2017
O Indicador de Clima Econômico (ICE) da América Latina recua em julho
Indicador IFO/FGV de Clima Econômico da América Latina ABRIL/2017
JULHO/2017
72,5
77,9
Situação Atual
O Indicador Ifo/FGV de Clima Econômico da América Latina (ICE) – elaborado em parceria entre o Instituto alemão Ifo e a FGV1 - recuou 5,5 pontos entre abril e julho de 2017, atingindo 72 pontos, ficando 17 pontos abaixo da média histórica dos últimos dez anos. A queda do ICE é explicada tanto pela situação corrente que se encontra a América Latina quanto pelas perspectivas de curto prazo: o Indicador da Situação Atual (ISA) caiu 2,2 pontos, para 37,4 pontos; e o Indicador das Expectativas (IE), recuou 10,3 pontos, para 116,5 pontos. No caso do Brasil, a queda do ICE foi mais acentuada, ao variar 20 pontos, passando de 79 para 59 pontos, entre abril e julho. Apesar de se manter na zona favorável (134,6 pontos, em julho), o IE foi o indicador que mais contribuiu negativamente para queda da ICE ao recuar 54,7 pontos em relação a abril. O ISA caiu 3,0 pontos e se manteve na zona desfavorável (7,7 pontos), em relação a abril. Gráfico 1: Indicador de Clima Econômico do Mundo e da América Latina
37,4
39,6
140
120 100
Expectativas 80
126,8
116,5
60
jan/05 jul/05 jan/06 jul/06 jan/07 jul/07 jan/08 jul/08 jan/09 jul/09 jan/10 jul/10 jan/11 jul/11 jan/12 jul/12 jan/13 jul/13 jan/14 jul/14 jan/15 jul/15 jan/16 jul/16 jan/17 jul/17
40
Indicador de Clima Econômico América Latina Indicador de Clima Econômico Mundo
“O indicador do clima econômico do Mundo ficou estável na zona favorável. Nos países/regiões das economias de renda alta, o ICE melhorou, mas em algumas regiões de economias emergentes/em desenvolvimento, como na América Latina, o ICE piorou. Ressalta-se que essa piora ocorre num cenário externo favorável com preços das commodities em alta e crescimento do comércio mundial. Logo, na América Latina foram principalmente questões domésticas de cunho econômico e/ou político que explicam o recuo do ICE. Incertezas quanto aos resultados de eleições (Chile e Argentina); piora na avaliação de riscos por Agências de Rating (Chile e Brasil); temas de corrupção (Peru, Brasil, por exemplo), baixo crescimento econômico (generalizado na região) e questões fiscais (vários países) dominam o cenário da região. Chama atenção, porém, que se tiramos o Brasil, os países do Mercosul apresentaram 1
Tendo como fonte de dados a Ifo World Economic Survey (WES).
Sondagem Econômica da América Latina Ifo/FGV
Julho de 2017
resultados mais favoráveis de clima econômico que os da Aliança do Pacifico” segundo Lia Valls Pereira, pesquisadora da FGV/IBRE O Gráfico 1 mostra que o ICE do Mundo ficou estável em julho, mas vem de uma trajetória de melhora desde julho de 2016, que o colocou na região de avaliação favorável. Nas principais economias mundiais desenvolvidas, o ICE está na zona favorável, sendo exceção o Reino Unido que teve uma queda de 51,0 pontos e se encontra na zona desfavorável (Gráfico 2). Entre o BRICS, o Brasil só não está pior que a África do Sul. Rússia e China estão próximas a zona favorável e a Índia desponta como o país de melhor avaliação entre os BRICS. Apesar da tendência de melhora a partir de janeiro de 2016, com interrupções entre outubro de 2016 e janeiro de 2017, e agora em julho, o ICE da América Latina não conseguiu voltar para a zona de avaliação favorável que havia sido dominante na primeira década do século XXI e no período de boom das commodities. Gráfico 2: Indicador de Clima Econômico de países/regiões selecionadas (em pontos)
180
156,4 147,8 141,0 126,6
160
124,7 140 125,0126,5 119,5 118,2 117,4 120 113,2 113,2
149,7 146,3 115,9
102,1 101,3
104,7
100
107,3 103,1 96,7 89,1
98,096,196,7 72,3
72,2
80
53,7
60
79,0 62,1 59,0
48,7 38,0
40 20 0 União Européia
Estados Unidos
Japão
Alemanha
França jan/17
Reino Unido abr/17
China
Índia
Rússia
África do Sul
Brasil
jul/17
Resultados para os países selecionados da América Latina O ICE cai na comparação entre abril e julho para 7 dos 11 países analisados mais detalhadamente nesse relatório da Sondagem da América Latina (Gráfico 3). Registra-se melhora para a Argentina (+ 0,6 ponto), Bolívia (+20,1 pontos) e México (+18,5 pontos) e a Venezuela permanece no patamar mínimo do indicador. Chama atenção, que apesar da queda no ICE, os países membros do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) , exceto Brasil, estão todos na zona favorável de avaliação. Em contraste, os países da Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, México e Peru) encontram-se na zona desfavorável. Pela ótica da situação atual, Paraguai e Uruguai estão na zona favorável e, esse último, mais a Argentina registraram aumento no indicador. Na Aliança do Pacífico, todos estão na zona desfavorável e, apenas o México melhora sua posição. No caso do IE, o indicador recua para todos os países do Mercosul, mas permanece na zona de avaliação favorável. Na Aliança do Pacífico, o IE melhora para todos os países e fica estável na Colômbia e todos os países estão na zona favorável (Ver anexo). Os países da Aliança do Pacífico esperam melhorar seu desempenho nos próximos meses, o que indica uma possível melhora na situação atual na próxima sondagem, que será em outubro. No Peru, os estragos do furacão El Niño já passaram e as turbulências causadas pelas denúncias de corrupção de ex-Presidentes parecem estar sendo resolvidas. Em adição, o aumento nos preços da commodities de metais tem efeito positivo na economia do país.
2
Sondagem Econômica da América Latina Ifo/FGV
Julho de 2017
No Chile, a agência de classificação de US Standard & Poor (S & P) rebaixou, em julho, o rating de crédito pela primeira vez em 25 anos devido ao aumento da deterioração das finanças públicas, como resultado do crescimento econômico lento prolongado, segundo a explicação da própria agência. Como as expectativas indicam melhora, os especialistas devem esperar que passado este período, a melhora no preço do cobre e as futuras eleições sejam positivas. Na Colômbia, questões sobre a estabilidade das contas públicas e do déficit em transações correntes influenciam, mas as expectativas são estáveis. No México, o “rompante protecionista” do Trump amainou, assim como vão se delineando aos poucos o que será a renegociação do NAFTA. No caso do Mercosul, ressalta-se apenas uma questão. O IE recua, mas continua favorável. O peso da economia brasileira na região num cenário de incertezas que dominaram o mês de julho associado à denúncia do Presidente Temer pode ter influenciado os indicadores de expectativas da região. Gráfico 3: Indicador de Clima Econômico dos países da América Latina 140
132,8
130,0 121,3 118,7
120 100
130,5 121,1 118,7
101,0 100,2
101,6
95,4 98,4 79,0
80
71,5 62,5
60
90,1
83,7
83,5 82,6
67,7 58,1
62,1 59,0 51,2 46,4
77,3 71,3
71,6
41,4 40,6
40 20
11,8 0,0 0,0
0 Argentina
Bolívia
Brasil
Chile
Colômbia jan/17
Equador abr/17
México
Paraguai
Peru
Uruguai
Venezuela
jul/17
RANKING DE CLIMA ECONÔMICO DOS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA ICE Médio dos últimos 4 trimestres abr-17 jul-17 125,2 122,4
Posição Anterior
Posição Atual
País
1
1
Paraguai
3
2
Uruguai
101,8
114,0
2
3
Peru
122,9
106,1
4
4
Argentina
99,7
102,6
5
5
Colômbia
93,8
89,8
6
6
Bolívia
76,4
73,6
7
7
Brasil
66,5
66,5
10
8
México
56,1
61,9
8
9
Chile
58,9
56,3
9
10
Equador
57,7
56,3
11
11
Venezuela
8,3
5,9
3
Sondagem Econômica da América Latina Ifo/FGV
Julho de 2017
ANEXO INDICADOR DE CLIMA ECONÔMICO ICE
jan/15
abr/15
jul/15
out/15
jan/16
abr/16
jul/16
out/16
jan/17
abr/17
abr/17
América Latina Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador México Paraguai Peru Uruguai Venezuela
63,3 50,1 103,1 42,6 75,9 76,8 58,1 77,0 133,0 136,1 99,3 0,0
57,1 67,3 87,6 32,9 113,2 75,2 33,3 65,0 133,0 96,4 97,7 0,0
59,4 56,5 87,6 30,0 54,9 108,2 50,0 85,6 99,0 120,9 90,0 0,0
54,3 63,2 67,7 26,2 63,1 79,7 25,0 82,6 92,8 93,5 55,3 0,0
60,1 98,6 83,7 29,1 50,0 83,3 29,6 79,3 105,5 96,1 78,4 0,0
62,8 89,0 98,4 36,9 32,3 90,7 29,6 86,3 105,4 103,8 81,1 0,0
72,8 89,6 93,6 59,3 56,5 100,0 47,0 66,7 132,8 138,6 69,9 9,5
70,1 107,8 66,0 65,8 56,3 81,5 58,1 45,3 116,7 145,7 85,8 11,8
69,4 100,2 83,5 62,1 71,5 95,4 67,7 40,6 118,7 130,0 121,1 11,8
77,9 101,0 62,5 79,0 51,2 98,4 58,1 71,6 132,8 77,3 130,5 0,0
72,5 101,6 82,6 59,0 46,4 83,7 41,4 90,1 121,3 71,3 118,7 0,0
Média 10 anos 89,9 78,1 91,3 95,4 100,0 106,4 73,9 84,0 116,6 129,5 118,2 30,5
INDICADOR DA SITUAÇÃO ATUAL ISA
jan/15
abr/15
jul/15
out/15
jan/16
abr/16
jul/16
out/16
jan/17
abr/17
jul/17
Média 10 anos
América Latina Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador México Paraguai Peru Uruguai Venezuela
43,9 21,4 175,0 12,9 37,5 150,0 150,0 46,2 144,4 100,0 116,7 0,0
41,2 40,0 120,0 3,7 77,8 116,7 33,3 57,1 144,4 66,7 130,0 0,0
38,7 38,5 120,0 0,0 20,0 100,0 50,0 66,7 111,1 92,3 109,1 0,0
37,7 38,5 125,0 0,0 40,0 109,1 25,0 66,7 112,5 69,2 87,5 0,0
41,2 40,0 125,0 0,0 12,5 110,0 20,0 80,0 100,0 85,7 85,7 0,0
40,3 42,9 125,0 0,0 0,0 100,0 20,0 80,0 87,5 91,7 75,0 0,0
38,0 36,4 150,0 0,0 42,9 100,0 20,0 64,3 116,7 100,0 44,4 0,0
30,6 52,9 114,3 0,0 22,2 71,4 25,0 30,8 116,7 130,8 62,5 0,0
36,2 46,7 114,3 3,6 28,6 83,3 25,0 43,7 112,5 126,7 100,0 0,0
39,6 57,1 120,0 10,7 14,3 75,0 25,0 62,5 150,0 57,1 112,5 0,0
37,4 62,5 100,0 7,7 0,0 50,0 50,0 66,7 128,6 23,1 125,0 0,0
84,2 75,6 112,2 88,3 103,8 118,8 81,4 74,2 119,7 135,2 139,6 25,9
INDICADOR DE EXPECTATIVAS IEX
jan/15
abr/15
jul/15
out/15
jan/16
abr/16
jul/16
out/16
jan/17
abr/17
Jul/17
Média 10 anos
América Latina Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador México Paraguai Peru Uruguai Venezuela
85,3 85,7 50,0 80,0 125,0 25,0 0,0 114,3 122,2 178,6 83,3 0,0
74,9 100,0 60,0 70,4 155,6 41,7 33,3 73,3 122,2 131,3 70,0 0,0
83,2 76,9 60,0 69,0 100,0 116,7 50,0 106,7 87,5 153,8 72,7 0,0
72,8 92,3 25,0 59,3 90,0 54,5 25,0 100,0 75,0 121,4 28,6 0,0
81,5 181,8 50,0 66,7 100,0 60,0 40,0 78,6 111,1 107,1 71,4 0,0
88,9 150,0 75,0 87,5 75,0 81,8 40,0 92,9 125,0 116,7 87,5 0,0
116,5 163,6 50,0 153,8 71,4 100,0 80,0 69,2 150,0 184,6 100,0 20,0
121,6 182,4 28,6 175,0 100,0 92,3 100,0 61,5 116,7 161,5 112,5 25,0
110,6 173,3 57,1 153,6 128,6 108,3 125,0 37,5 125,0 133,3 144,4 25,0
126,8 157,1 20,0 189,3 100,0 125,0 100,0 81,2 116,7 100,0 150,0 0,0
116,5 150,0 66,7 134,6 114,3 125,0 33,3 116,7 114,3 138,5 112,5 0,0
98,6 87,9 74,4 110,5 103,3 99,6 70,5 97,7 116,5 127,7 101,4 36,8
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Sondagem Econômica da América Latina Ifo/FGV
Julho de 2017
MUDANÇAS METODOLÓGICA NA SONDAGEM DE JULHO DE 2017 A Sondagem Econômica da América Latina serve ao monitoramento e antecipação de tendências econômicas, com base em informações prestadas trimestralmente por especialistas nas economias de seus respectivos países. A pesquisa é aplicada com a mesma metodologia - simultaneamente - em todos os países da região, método que permite a construção de um ágil e abrangente retrato da situação econômica de países e blocos econômicos. Em julho de 2017, foram consultados 126 especialistas econômicos em 17 países da América Latina. A pesquisa gera informações tanto de natureza qualitativa quanto quantitativa. O Indicador de Clima Econômico (ICE) é o indicador-
síntese, composto por dois quesitos de natureza qualitativa, o Indicador da Situação Atual (ISA) e o Indicador de Expectativas (IE), que tratam, respectivamente, da situação econômica geral do país no momento e nos próximos seis meses. A partir de janeiro de 2017, os indicadores da Situação Atual (ISA) e de Expectativas (IE) cada país passaram a ser expressos como o saldo de respostas dos respectivos quesitos qualitativos mais cem (+100), conforme a fórmula apresentada abaixo: 𝐼𝑆𝐴 = 100 +
𝑜𝑝çã𝑜+ − 𝑜𝑝çã𝑜− ∗ 100 , 𝑛
opção+ = Opção Favorável; opção- = Opção Desfavorável; e n = número de experts que responderam esta opção de pergunta. A fórmula do IE é análoga. O índice de Clima Econômico é construído como a média geométrica dos saldos de resposta dos quesitos da situação atual e de expectativas menos 100 (-100), conforme a fórmula descrita abaixo: 𝐼𝐶𝐸 =
𝐼𝑆𝐴 + 200 ∗ 𝐼𝐸 + 200 − 100,
ICE = Índice de Clima Econômico Para se chegar a qualquer agregado de países, como o total da América Latina, os índices de países são agregados pelo PIB, corrigido pela Poder de Paridade do Poder de Compra (PIB PPP, segundo dados do FMI). A nova metodologia modificou a importância relativa dos dois principais países da região no resultado agregado. Antes, com os pesos de países determinados pela Corrente de Comércio (Exportações + Importações), o México representava 45% dos países da região pesquisados, e o Brasil, 21%. Com a mudança, o peso do Brasil subiu a 36,9%, enquanto os indicadores do México passaram a contribuir com 25,6% para o resultado da região. A Argentina agora passou ao terceiro lugar (10,1%), no lugar do Chile (4,9%). Veja abaixo a estrutura de peso para fechamento de ICE, ISA e IE da América Latina em Julho de 2017:
Os pesos ponderados pelo PIB PPP são modificados anualmente respeitando a disponibilidade de dados a cada período de referência.
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