14 de maio de 2014
Indicador IFO/FGV de Clima Econômico da América Latina¹
90
95
O indicador do clima econômico piorou na América Latina e o Brasil registrou o indicador mais baixo desde janeiro de 1999 O indicador Ifo/FGV de Clima Econômico da América Latina (ICE) - elaborado em parceria entre o Instituto alemão Ifo e a FGV tendo como fonte de dados a Ifo World Economic Survey (WES) – recuou em abril, após registrar alta entre outubro de 2013 e janeiro de 2014 (Gráfico 1). A queda de 5,3%, de 95 para 90 pontos, foi motivada por piores resultados tanto do indicador da situação atual (ISA) como no de expectativas (IE). Todos os três indicadores estão na zona desfavorável e continuam, assim como na Sondagem de janeiro, abaixo das suas médias 1 históricas dos últimos dez anos . 150
Gráfico 1: Índice de Clima Econômico do mundo e da América Latina
125
113
100
Situação Atual
90
75 50 25
0 abr/03 abr/04 abr/05 abr/06 abr/07 abr/08 abr/09 abr/10 abr/11 abr/12 abr/13 abr/14
Indice de Clima Econômico América Latina 88
82
Expectativas 102
98
Janeiro/2014 Abril/2014
1
Indice de Clima Econômico Mundo
Sete dos onze países monitorados pela Sondagem registraram queda. A avaliação em relação à situação atual piorou em sete, enquanto as expectativas foram piores em cinco países. Apesar da queda do ICE em relação a janeiro, Colômbia e Paraguai permaneceram na zona favorável. Passaram da zona favorável para desfavorável, Chile, Equador e México. Os outros dois países que experimentaram queda no ICE — Brasil e Argentina — já estavam na zona desfavorável. O Brasil destaca-se por registrar a maior queda do ICE entre os 11 países: o indicador passou de 89 para 71 pontos, uma redução de 20%. Na série histórica iniciada em 1989, este é o pior índice desde janeiro de 1999. No auge de crise de 2008, o indicador mais baixo ocorreu em janeiro de 2009 (78 pontos). O ICE do Brasil é inferior ao da Argentina (75 pontos) e supera apenas o da Venezuela, que se mantém no valor mínimo, de 20 pontos, desde julho de 2013. Bolívia, Peru e Uruguai melhoraram o ICE e já estavam na zona de avaliação favorável ou no limite (caso do Uruguai, em que o ICE em janeiro estava em 100 pontos). De forma similar ao que ocorreu no resultado mais agregado, o ISA teve papel preponderante na piora do clima econômico destes países. Assim, na Bolívia o indicador aumentou 22% e no Uruguai, 19%, enquanto o IE ficou estável na Bolívia e caiu no Uruguai. No Peru, o comportamento foi o inverso, melhorou o IE (+11%) e caiu o ISA (-7,2%). Como explicar esses resultados? A Sondagem de abril traz o questionário bianual sobre o que os especialistas destacam como os principais entraves para o crescimento econômico dos países na situação atual a partir de uma lista de dez tópicos. A falta de competitividade internacional continua sendo, como nas outras sondagens, o problema mais citado como muito importante no grupo dos 11 países (a única exceção é a Bolívia). Em segundo lugar, aparece a falta de confiança nas políticas do governo (6 países) e, em seguida, inflação e falta de mão de obra qualificada (ambos em 5 países).
Indicadores abaixo de 100 são classificados como desfavoráveis e acima de 100, como favoráveis. Ver nota metodológica no final desse informe, assim como as tabelas com todos os indicadores.
No Brasil, os problemas avaliados como muito importantes são em ordem decrescente: falta de competitividade internacional, falta de confiança nas políticas do governo, inflação, déficit público e falta de mão de obra qualificada. Nos países que registraram os maiores ICEs em abril, como o Peru e a Colômbia, a falta de competitividade, seguida da falta de mão de obra qualificada (Peru) e desemprego (Colômbia) são os únicos problemas citados como muito importantes. Na Bolívia, o maior ICE em abril, apenas falta de confiança nas políticas do governo é considerado um problema muito importante, mas com uma pontuação baixa. Assim como o número de problemas citados como muito importantes para os países explicam a avaliação dos especialistas medida pelo ICE, as projeções para a taxa de crescimento econômico do PIB (Produto Interno Bruto) para 2014 também refletem essa avaliação. As menores taxas de crescimento são estimadas para Venezuela (1,3%), Argentina (+0,1%) e Brasil (+1,7%) e as maiores taxas para Bolívia (6,0%) Peru (5,1%) Paraguai (4,9%) e Colômbia (4,4%). A desaceleração do crescimento da China e, principalmente, o redirecionamento de um modelo pautado no investimento intensivo em infra-estrutura para um modelo baseado no estímulo ao consumo doméstico, tem levado a análises que diagnosticam os exportadores de commodities sul-americanas - Brasil, Chile, Colômbia e Peru - como os principais perdedores dessa mudança. No entanto, além do efeito China ser relativamente suave (a projeção para 2014 é de um crescimento de 7,2%), outros fatores influenciam a trajetória do crescimento desses países, como mostram os problemas citados na sondagem onde o Brasil passou a ser o último colocado desse grupo (a projeção para o Chile é de um crescimento de 3,4%). Na comparação com o mundo, o ICE da América Latina é menor que o mundial, e mantém-se em zona favorável de avaliação (Gráfico 1). Em adição, a taxa de crescimento projetada para o mundo em 2014 é de 2,5%, e para a América Latina é de 2,3%. O pior desempenho, porém, refere-se à taxa de inflação esperada de 3,2% para o mundo e de 10,8% para a América Latina em 2014. Na América Latina, Venezuela (55,6%) e Argentina (36,2%) lideram o ranking das maiores taxas de inflação, seguidos do Uruguai (8,4%), Bolívia (6,7%) e Brasil (6,4%).
Gráfico 2: Índice de Clima Econômico de países da América Latina 160 140 140
124
120
137 128
113
108
104 104
95
100 80
138
100
95
107 100
89 77 77 75
103
140 130
132 134 119
98
95
109 100
89 71
60 40 20 20 20 20 0 Argentina
Bolívia
Brasil
Chile
Colômbia out/13
Equador
México
jan/14
abr/14
Paraguai
Peru
Uruguai
Venezuela
No mundo, os resultados continuam favoráveis nos Estados Unidos e na União Europeia e pioram nos mercados emergentes da Ásia. O ICE do mundo ficou relativamente estável ao cair de 114 para 113 pontos entre as sondagens de janeiro e abril. Foi registrada melhora do ICE na União Europeia e nos Estados Unidos (Gráfico 3) e as projeções do crescimento do PIB desses países, segundo os especialistas consultados na sondagem, são de 1,6% e de 2,6%, II
respectivamente. Já as expectativas de taxas de inflação são baixas — 1,4% para EU e 1,9% para os EUA — e o desemprego continua sendo apontado como o principal problema nessas regiões. A ligeira piora no ICE mundial está associada principalmente ao desempenho dos principais países asiáticos — China e Japão. Na China o ICE recuou 18% e no Japão 15%, o que coloca ambos na zona desfavorável. Nota-se que o ICE nesses países tem caído sistematicamente desde outubro de 2013. No grupo dos BRICS, apenas a Índia registrou melhora no clima econômico e manteve-se na zona de avaliação favorável. A piora no ICE da Rússia (-24%) ocorre num período de acirramento das tensões políticas na região, após melhora entre outubro de 2013 e janeiro de 2014. Após a Rússia, o Brasil apresenta o mais baixo ICE entre os BRICS. Qual o grau de similaridade dos problemas dos BRICS? Na China apenas falta de mão de obra qualificada é citada como um problema muito importante para o cresimento econômico. Nos outros países a lista é extensa e inclui: falta de confiança nas políticas do governo (BRIS); desemprego (Índia e África do Sul); falta de competitividade (BRIS); inflação e déficit público (Brasil e Índia), por exemplo. Exceto a China, portanto, os outros países (BRIS) teriam como agenda futura comum a melhora da competitividade e promoção de instituições associadas a garantia de confiança nos governos. A Sondagem de abril trouxe, portanto, um cenário relativamente “otimista” para o mundo, com continuidade de recuperação nas economias desenvolvidas do Ocidente, mas ainda com incertezas associadas ao desempenho das economias emergentes da América Latina e da Ásia. Além disso, a Sondagem confirma as previsões de uma piora do desempenho da economia brasileria para 2014 em relação ao ano de 2013.
III
RANKING DOS PAÍSES Posição Anterior
Posição Atual
País
1 3 2 4 8 5 7 6 9 10 11
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Paraguai Colômbia Peru Bolívia Uruguai Equador México Chile Brasil Argentina Venezuela
ICE Médio dos últimos 4 trimestres jan/14
abr/14
144,0 120,0 124,0 112,0 98,0 106,0 104,0 106,0 92,0 73,3 22,0
135,8 127,5 124,0 119,8 102,3 101,8 99,0 97,8 82,5 75,3 20,0
ANEXO ÍNDICE DA SITUAÇÃO ATUAL (EM PONTOS) ISA América Latina Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador México Paraguai Peru Uruguai Venezuela
out/11 jan/12 abr/12 jul/12 out/12 jan/13 abr/13 jul/13 out/13 jan/14 abr/14 Média 10 anos 104 116 112 98 102 98 102 90 80 88 103 82 144 126 100 60 72 78 60 88 74 74 102 44 88 86 100 100 140 116 114 114 116 148 87 180 116 126 112 90 98 92 94 66 84 84 124 68 134 140 152 130 154 172 164 140 140 132 141 108 132 166 166 106 122 118 112 106 110 140 119 146 118 150 146 140 120 100 140 120 126 140 91 120 84 104 106 104 100 100 114 100 66 82 89 78 126 100 42 84 60 122 158 154 134 140 95 130 152 152 154 140 136 154 152 140 128 138 143 128 160 168 156 148 120 144 110 130 112 114 138 136 54 66 68 52 52 20 20 20 20 20 64 20 ÍNDICE DE EXPECTATIVAS (EM PONTOS)
IEX América Latina Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador México Paraguai Peru Uruguai Venezuela
out/11 jan/12 abr/12 70 64 74 74 60 86 82 58 100 96 74 88
84 60 86 120 54 100 90 58 66 104 82 112
96 34 100 134 94 100 122 86 78 132 100 68
jul/12 92 44 114 118 86 46 60 90 116 94 100 84
out/12 jan/13 abr/13 106 122 100 146 80 78 80 94 158 94 90 84
120 130 100 144 92 94 60 126 158 126 108 40
IV
104 74 100 128 90 100 100 114 166 114 80 36
jul/13 86 56 100 84 36 138 80 112 136 82 80 20
out/13 jan/14 abr/14 Média 10 anos 96 80 100 106 68 116 74 112 122 110 78 20
102 80 100 94 76 136 74 124 140 126 86 20
98 106 100 74 82 128 80 118 130 140 82 20
105 91 92 118 115 108 83 103 116 118 131 82
M
ICE América Latina Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador México Paraguai Peru Uruguai Venezuela
ÍNDICE DE CLIMA ECONÔMICO (EM PONTOS) out/11 jan/12 abr/12 jul/12 out/12 jan/13 abr/13 jul/13 out/13 jan/14 abr/14 87 100 104 95 104 109 103 88 88 95 90 104 93 67 52 97 104 67 72 77 77 75 81 86 100 107 120 108 107 107 108 124 140 95 123 123 104 122 118 111 75 95 89 71 97 97 123 108 117 132 127 88 104 104 95 109 133 133 76 100 106 106 122 113 138 137 100 120 134 100 100 80 120 100 100 107 100 71 81 96 97 97 113 114 106 89 103 98 113 83 60 100 109 140 162 145 128 140 130 124 128 143 117 115 140 133 111 119 132 134 117 125 128 124 105 126 95 105 95 100 109 71 89 68 68 68 30 28 20 20 20 20
Média 10 anos 104 96 90 121 128 114 87 96 105 131 135 73
Nota Metodológica A Sondagem Econômica da América Latina serve ao monitoramento e antecipação de tendências econômicas, com base em informações prestadas trimestralmente por especialistas nas economias de seus respectivos países. A pesquisa é aplicada com a mesma metodologia simultaneamente - em todos os países da região, método que permite a construção de um ágil e abrangente retrato da situação econômica de países e blocos econômicos. Em abril de 2014, foram consultados 1134 especialistas em 121 países. A pesquisa gera informações tanto de natureza qualitativa quanto quantitativa. O Índice de Clima Econômico (ICE) é o indicador-síntese, composto por dois quesitos de natureza qualitativa, o índice da Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE), que tratam, respectivamente, da situação econômica geral do país no momento e nos próximos seis meses. As respostas individuais são combinadas para cada país sem qualquer ponderação. Para se chegar ao valor médio de cada índice, atribuise 9 pontos às respostas positivas (+), 5 às respostas indiferentes (=) e 1 às respostas negativas (-). O ICE é uma media aritmética dos dois índices que o compõem. O procedimento de agregação de dados para determinado grupo de países ou continente é feito de acordo com a participação relativa do comércio exterior (exportações + importações) de cada país em relação ao total da região. Segundo critérios específicos da pesquisa, a fase do ciclo econômico em que se encontra o país no momento é determinada por uma combinação entre ISA e IE. Quando os dois índices superam o limite médio de 5 pontos, a economia está na fase de expansão. Quando ambos estão abaixo de 5 pontos, há recessão. A fase de piora ocorre quando o ISA é superior e o IE inferior a 5 pontos. E a fase de recuperação com IE superior e ISA inferior a 5 pontos. Os indicadores nesse informe são apresentados considerando o valor 5 como 100. Assim, indicadore acima de 100 estão na zona favorável e abaixo de de 100 na zona desfavorável.
V