INDICADOR DE COMÉRCIO EXTERIOR - ICOMEX Abril de 2017 Número 1 | 18.maio.2017
No primeiro quadrimestre do ano o volume importado cresce a frente do volume exportado, mas em valor a balança comercial atinge recorde histórico O superávit da balança comercial de abril foi de US$ 7 bilhões o que levou a um saldo acumulado no ano até abril de US$ 21 bilhões e no acumulado de 12 meses de US$ 56 bilhões, o maior valor na série histórica do saldo comercial. Entre os meses de abril de 2016 e 2017, as exportações cresceram 15% e as importações 2%, e na comparação entre os quadrimestres (2016/17), a variação foi de 22% nas exportações e de 9,5% nas importações. O aumento das exportações em valor foi liderado pelo crescimento nos preços, enquanto o das importações, pelo volume. Destaca-se o aumento no volume importado dos bens de capital e bens intermediários na indústria de transformação, o que sinaliza recuperação do setor. Apresentam-se, a seguir, os índices de preços e volumes dos fluxos de comércio, onde as desagregações seguem a classificação das Contas Nacionais.
1) Índices agregados de volume e preços: commodities e não commodities. O aumento em valor nas exportações foi liderado
pela
elevação
nos
preços
Gráfico 1: Variação (%) nos índices de preços (US$) e volume
(Gráfico 1). Na variação no acumulado do ano
até
abril (2016/17)
os
preços
aumentaram 15,1% e o volume, 8,1%. Resultado inverso foi registrado para as importações no mesmo período: queda nos preços de 2,7% e aumento no volume de 14,5%. O aumento nos preços das exportações foi liderado pelas commodities (Gráfico 2),
que
seguem
uma
trajetória
ascendente, desde o final do ano de
Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV.
2016. Na comparação entre o mês de
IBRE/FGV
Indicador de Comércio Exterior - ICOMEX Abril 2017 abril de 2016 com 2017, os preços das commodities aumentaram em 23,9% e
Gráfico 2: Variação (%) nos índices de preços (US$) das exportações de commodities e não commodities
no acumulado até abril (2016/17), cresceram volume,
27,7%. foi
Em
termos
de
registrada
queda
na
comparação mensal. No grupo das não commodities, preços cresceram a um ritmo inferior ao das commodities (1,4%, no acumulado até abril), mas superior em termos de volume (13,7%). Destacase que o aumento em valor das não commodities, teve a contribuição do aumento de 60% das exportações de automóveis,
veículos
de
carga
Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV.
e
tratores. 2)
Termos de troca e taxa de câmbio real efetiva
Os termos de troca em abril caíram em relação a março (-3,2%), resultado
Gráfico 3: Índice dos termos de troca e da taxa de câmbio efetiva real: média móvel trimestral
de um efeito sazonal, mas continuam crescendo em relação ao ano de 2016. Na comparação entre o primeiro quadrimestre de 2016 e o de 2017 (Gráfico 3), os termos de troca tiveram aumento
de
18%,
um
resultado
positivo para a economia. No entanto, a melhora nos termos de troca e o aumento nos superávits comerciais, junto com a redução do risco Brasil contribuíram para a valorização da taxa de câmbio efetiva real. O índice da taxa real de câmbio efetiva
Fonte: Banco Central do Brasil e SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV.
valorizou em 22% na comparação entre os primeiros quadrimestres de 2016 e 2017 (Gráfico 3), o que poderia levar a uma queda nas exportações e aumento nas importações. O volume exportado das commodities é mais sensível à demanda mundial do que ao câmbio. Destaca-se o grupo das exportações de não commodities. O volume exportado desse grupo apresentou os seguintes resultados na comparação mensal de 2017 com o ano de 2016: janeiro, 12%; fevereiro, 2%; março, 34%; e
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Indicador de Comércio Exterior - ICOMEX Abril 2017 abril, 8%. Os resultados para o volume importado total na mesma base de comparação foram: janeiro, 29%; fevereiro, 11%; março, 12%; e abril, 7,3%. Os dados não indicam uma tendência nítida de queda no crescimento das
Gráfico 4: Variação (%) nos índices de volume das exportações de commodities e não commodities
exportações ou de aumento nas importações. Em adição, no caso das importações, a influência do nível de atividade doméstica é uma variável relevante
e
as
perspectivas
de
recuperação da economia devem elevar as compras externas. As análises desagregadas por atividade econômica
e
categoria
de
uso
ajudaram a esclarecer melhor essas tendências. Observa-se, porém, que
Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV.
se a valorização cambial acelerar, poderemos obter nos próximos meses piores resultados para as exportações de não commodities (queda) e uma aceleração no ritmo de crescimento das importações.
3) Índices desagregados por atividade econômica A indústria extrativa lidera o aumento de preços (+69%) das exportações
Gráfico 5: Variação acumulada (%) dos índices de preços (US$) por atividade econômica
na comparação do acumulado até abril entre 2016 e 2017, seguida do setor agropecuário (8,3%) e da indústria de transformação (6,7), conforme
o
Gráfico
5.
Na
comparação mensal de abril, os preços
na
indústria
extrativa
continuam em alta (54%), seguido da transformação (11%) e agropecuária (7%).
No
caso
do
volume,
os
resultados no acumulado até abril
Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV.
mostram queda nas exportações do setor agropecuário (-2,8%); e, aumento na indústria extrativa (28,7%) e transformação (6,4%), Gráfico 6. Na comparação mensal de abril, os resultados foram: agropecuária (+4,5%); extrativa (-0,5%); e, transformação (0,6%). Nas exportações, até abril, a indústria extrativa se destaca tanto em preços como em volume, influenciada pelo bom desempenho das vendas de minério de ferro e a recuperação do setor petróleo. A agropecuária é
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Indicador de Comércio Exterior - ICOMEX Abril 2017 influenciada por fatores sazonais e impactos negativos da questão da carne não contaminaram os resultados em abril. Os indicadores da indústria de transformação indicam crescimento em relação a 2017. Um cenário positivo para as vendas externas brasileiras. Os preços das importações caem na comparação do acumulado até abril
Gráfico 6: Variação acumulada (%) nos índices de volume por atividade econômica
na indústria extrativa (-7,7%) e na de transformação (-6,4%), mas cresce na agropecuária (+15,3%). Esse mesmo comportamento se repete na comparação mensal: agropecuária (12%);
extrativa
(-3%);
e,
transformação (-5%). O aumento nos preços das importações de produtos agropecuários, no entanto, não tem pressionado
a
taxa
de
inflação
brasileira. Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV.
Em termos de volume, o destaque é a indústria de transformação (21%), seguida da extrativa (6,8%) e agropecuária (-3,2%). Na comparação mensal apenas a indústria de transformação registrou variação positiva (14%), as demais recuaram em relação a abril de 2016 – agropecuária (-0,8%) e extrativa (-6%). O aumento nas importações da indústria de transformação reflete valorização do câmbio, mas também recuperação, mesmo que modesta, do nível de atividade da economia. A análise por categoria de uso permite verificar a estrutura das importações.
4) Índices desagregados por categoria de uso Na indústria de transformação, os
Gráfico 7: Variação (%) dos índices de volume das exportações da indústria de transformação por categoria de uso
índices de preços das exportações por categorias de uso na comparação do acumulado até abril aumentam para bens de capital (+6%), consumo não duráveis (+21%) e caem para as demais
categorias,
consumo
duráveis (-2,4%), semiduráveis (-3%) e intermediários (-7%). Em termos de volume (Grafico 7), são destaques o aumento dos bens duráveis (52%) e de
bens
de
comparação
capital mensal
(28%) e
na
na do
Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV.
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Indicador de Comércio Exterior - ICOMEX Abril 2017 acumulado até abril, 24%( bens de capital) e 47% (consumo duráveis). Nessas categorias estão as exportações do setor de material de transporte. Queda no volume exportado só ocorre na categoria de semiduráveis. Os preços de todas as categorias de uso das importações da indústria de transformação
caíram
Gráfico 8: : Variação (%) nos índices de volume das importações por categoria de uso da indústria de transformação
na
comparação mensal e no acumulado até abril. Os resultados para a comparação dos acumulados entre 2016 e 2017 são: bens de capital (8,5%); consumo duráveis (-3,8%); não duráveis (-6,5%); semiduráveis (7,6%); e intermediários (-6,3%). Em termos de volume (Gráfico 8), o resultado positivo para os bens de capital
(6%
acumulado)
na
comparação
indica
que
do
alguns
Fonte: SECEX/MDIC. Elaboração: IBRE/FGV.
setores da indústria voltaram a investir com a perspectiva de retomada do crescimento econômico. O aumento no volume de bens intermediários (29%, no acumulado) também é um sinal positivo em termos de crescimento do nível de atividade. Observa-se, porém, que nesse grupo estão todos os bens intermediários importados que são produzidos pela indústria de transformação e uma parte desses produtos se destina para atividades da agropecuária. Os resultados indicam, portanto, que as exportações de segmentos da indústria de transformação voltaram a ter desempenho favorável e que as importações por categoria de uso de bens de capital e bens intermediários confirmariam as previsões de um início de recuperação da atividade na indústria de transformação.
Metodologia O índice de Fischer é utilizado para o cálculo dos índices de preços. No caso do volume, foi utilizada a forma implícita: o índice de volume é obtido pela divisão da variação do valor do fluxo comercial deflacionado pelo índice de preços. Os índices foram obtidos considerando o controle dos “outliers”.
Comércio Exterior - FGV IBRE – Instituto Brasileiro de Economia Diretor do IBRE: Luiz Guilherme Schymura de Oliveira Superintendente de Estatísticas Públicas: Aloisio Campelo Jr. Coordenador do Núcleo de Contas Nacionais: Claudio Monteiro Considera Coordenadora da Pesquisa: Lia Valls Pereira Equipe Técnica: André Luiz Silva de Souza Juliana Carvalho da Cunha Mayara Santiago da Silva Fatima Tavares Alves
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