InfoReggae - Afroreggae

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InfoReggae - Edição 73 Monitoramento e Avaliação 20 de Fevereiro de 2015 O Grupo AfroReggae é uma organização que luta pela transformação social e, através da cultura e da arte, desperta potencialidades artísticas que elevam a autoestima de jovens das camadas populares. Tem por missão promover a inclusão e a justiça social, utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam como alicerces para a sustentabilidade e o exercício da cidadania.

Coordenador Executivo José Junior

Coordenador Executivo Adjunto Danilo G Costa

Coordenador Editorial Marcelo Reis Garcia

Diagramação Luiz Adrien O InfoReggae é uma publicação semanal e faz parte dos conteúdos desenvolvidos pela Editora AfroReggae.

Sede Rio de Janeiro Rua da Lapa, nº 180 – Centro Rio de Janeiro (RJ) +55 21 3095.7200 Representação São Paulo Rua João Brícola, nº 24 18º andar – Centro São Paulo (SP) +55 11 3249.1168 Contatos www.afroreggae.org facebook.com/afroreggaeoficial twitter.com/AfroReggae [email protected] É permitida a reprodução dos conteúdos desta publicação desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas.

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Apresentação Na última edição do InfoReggae (13 de Fevereiro de 2015) iniciamos um debate sobre Gestão Social e indicamos que faríamos um debate especial sobre Avaliação.

Avaliar talvez seja a barreira mais firme e consolidada a ser superada nos programas sociais.

A população não sabe que pode avaliar.

As Instituições não gostam de ser avaliadas e de avaliar.

O andamento das ações, em geral, não é avaliado, e isso provoca um imobilismo perigoso sobre o que deve mudar.

Não existe movimento e mudança sem avaliação.

Quando fui Professor da EDESP - Escola de Desenvolvimento Social de São Paulo (20112013) desenvolvi um texto sobre avaliação diferente. Deixei o tecnicismo de lado e caminhei em direção a uma pergunta bem prática: E serviu para alguma coisa?

O que as instituições fazem? Quais os projetos desenvolvidos? Quais ideias são colocadas em práticas?

Estão mudando a vida das pessoas atendidas?

Estão gerando perspectiva de mobilidade social?

Estão provocando as mudanças estruturais que são fundamentais para a vida diária das pessoas atendidas? Sem avaliar e sem monitorar, tudo que falamos fica no campo do “achismo”.

Eu resgatei o texto do curso sobre Avaliação, ajustei e o reorganizei para ser a base deste InfoReggae, pois as minhas preocupações seguem sendo as mesmas e tenho certeza de que, sem assumirmos este debate de forma simples e pragmática, a tendência é ficarmos no mesmo lugar que estamos.

Avaliar não é tarefa fácil, pois ela mexe em valores, costumes e certezas institucionais, mas não avaliar é um ato de desprezo com a população atendida.

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Não podemos e não devemos abrir mão desta urgência para o fortalecimento da gestão institucional.

Resgatei o texto publicado pela EDESP e fiz uma edição para este InfoReggae, pois de fato encontrei questões que ainda pulsam nos meus debates com equipes de trabalho.

Marcelo Reis Garcia Coordenador Editorial do InfoReggae

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AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO

Vale ressaltar que a avaliação e o monitoramento são, de longe, as áreas em que mais estamos atrasados no AfroReggae e no conjunto de instituições sociais de todo Brasil.

Existe um bloqueio em organizar processos de avaliação e eu diria que existe certo "medo" em avaliar e ser avaliado.

Se não superarmos este impasse, que hoje é muito mais político do que técnico, estaremos atrasando a reorganização de muitos programas e projetos que navegam com uma venda nos olhos, pois de fato não se sabe o resultado da ação que está sendo desenvolvida.

Não estamos desenvolvendo inteligência de avaliação na nossa prática cotidiana. Isso é um fato.

Eu fui Presidente do CONGEMAS - Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social de 2004 a 2010.

No

Encontro

Nacional

de

Gestores

Municipais

de

Assistência

Social,

ocorrido

em

Salvador, em 2007, eu acompanhava uma expositora que tinha sido abordada por algumas pessoas logo depois de participar de uma mesa sobre o Sistema Único da Assistência Social - SUAS. Uma delas segurou no braço da professora e disse: “Sua palestra foi linda”. A professora respondeu meio sem paciência: “E serviu para alguma coisa?”.

Nunca tinha parado para me perguntar efetivamente: o que estamos fazendo serve para alguma coisa?

Desde aquele 2007, esta pergunta martela na minha cabeça e me faz provocar respostas.

Estamos estruturando ações para a solução de um problema concreto ou fazemos projetos apenas como uma ideia ou porque gostamos daquele tema?

Não é raro que eu veja um técnico ou mesmo um gestor falando que gosta de trabalhar com determinado tema. Eu mesmo sempre gostei de trabalhar com população marginalizada. Mas, como gestor ou técnico, devo impor como projeto de gestão a minha identidade profissional ou devo buscar a identidade dos problemas do território em que trabalho?

Estamos formulando a ação correta com base na realidade social local ou nas experiências do gestor ou dos profissionais?

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Outra questão que devemos entender no nosso trabalho é a seguinte: quando estruturo uma ação, devo organizar com a equipe fluxos de avaliação e monitoramento de cada estratégia.

É necessário usar as reuniões de equipe para conversar e debater processos, procedimentos e resultados.

Eu me lembro de que nos anos 80, quando elaborávamos um projeto, tínhamos como última etapa a avaliação. O cronograma apresentava uma série de atividades e, no último mês, avaliávamos e registrávamos os resultados.

Do que adianta avaliar no último mês?

E se nesse último mês eu descobrir que o processo estava todo errado, que os resultados não foram alcançados, que a equipe não estava preparada e que os usuários não gostavam da ação?

Avaliar é uma ação continuada e deve ser um movimento permanente, e não uma etapa do projeto.

Não podemos nem devemos separar o processo de avaliação do cotidiano e a realização.

Em geral, buscamos complicar ao máximo nosso trabalho.

Nunca organizamos estratégias simples e temos uma política precária de avaliação e monitoramento de nossas ações. Além disso, não é raro que muitas dessas ações virem apenas um livro ou um relatório. Mas isso é feito para quê?

Avaliar

não

é pesquisar

dados, a

partir

de

meu interesse,

para

fazer

cruzamentos,

análises e descobertas.

Precisamos ter muito cuidado com as Estatísticas.

O encantamento com os números, em geral, nos afasta das principais demandas que precisamos conhecer para ajustar e melhorar propostas.

Eu mesmo já participei de reuniões sobre dados de projetos em que a conversa foi em frente sem que déssemos conta de que o objetivo do projeto estava longe de ser atingido.

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PORQUE AVALIAR?

Com certeza para nos dar condições de saber se o que propomos como ação está resultando positivamente ou não na vida das pessoas. Avaliamos para melhorar, ajustar, consertar e até mesmo para dar fim a uma ação. A avaliação pode indicar que o planejamento não funcionou. O processo de avaliação pode e deve nos levar a tomar decisões concretas sobre os problemas que estão impedindo o desenvolvimento do projeto.

QUEM AVALIA?

Quem deve avaliar o trabalho e os resultados de forma constante é a equipe que está envolvida no trabalho. Avaliações e consultorias externas são ótimas, mas não substituem o esforço e o exercício diário da equipe envolvida no processo. Não podemos delegar uma parte do nosso trabalho. Os usuários devem avaliar a instituição e, sobretudo o projeto em que estão participando. Avaliar é procedimento de rotina de qualquer trabalho. Um olhar externo é muito bem-vindo, mas não substitui o olhar de quem está dentro do processo. Com

frequência,

muitas instituições

acreditam

que

a

melhor

avaliação

é

feita

com

pessoas de fora do processo. Eu não faço parte desse grupo. Devemos nos perguntar todos os dias em nossas atividades: o que estamos fazendo está servindo para alguma coisa? Estamos mudando a vida das pessoas? As políticas setoriais estão se integrando?

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UM DEBATE A SER FEITO

Avaliar e monitorar não devem ser delegados a terceiros. Avaliar e monitorar devem ser uma rotina de nosso trabalho. Avaliar e monitorar não são “bichos-papões” que só o outro pode realizar. Avaliar e monitorar são a base da organização institucional. Criar sistemas de avaliação não quer dizer que estamos avaliando. No nosso trabalho, quantidade de informação muitas vezes não traduz o que de fato devemos fazer ou qual direção tomar. Não existe equipe que faz e equipe que avalia. O trabalhador social tem competência para planejar, executar e avaliar. As reuniões de avaliação de equipes sociais deve ser uma rotina semanal de toda equipe. O estudo de caso é uma forma concreta de avaliar e planejar. A avaliação deve ser publicada, sobretudo para os usuários. A avaliação dos usuários deve ser levada totalmente em conta no processo de avaliação. Temos muito trabalho pela frente, mas não um trabalho impossível. Mas temos sem dúvida um trabalho fundamental e urgente que precisa começar o quanto antes.

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