Equidade entre as escolas das redes municipais - Todos Pela Educação

Equidade entre as escolas das redes municipais Uma análise com base nos dados de IDEB para municípios e escolasi 1. Introdução Os aspectos mais abord...
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Equidade entre as escolas das redes municipais Uma análise com base nos dados de IDEB para municípios e escolasi

1. Introdução Os aspectos mais abordados em análises sobre a Educação no Brasil são relacionados aos desafios quanto ao acesso, à qualidade e à equidade. Estes três fatores constituem o fundamento do direito à Educação e devem ser objeto prioritário das políticas públicas. O acesso à Educação foi o tema predominante no debate até maior parte da década de 1990 por ser visto como essencial para acelerar o desenvolvimento do Brasil. Mais recentemente, com a aprovação da Emenda Constitucional 59/09 que institui a obrigatoriedade de ensino para todas as crianças e jovens de 4 a 17 anos no Brasil, o acesso a pré-escolas e a continuidade dos estudos no Ensino Médio são os principais desafios enfrentados. Com a melhoria do acesso, a qualidade da Educação se tornou prioridade. Aspectos como rendimento de alunos em provas aplicadas pelo governo, níveis de aprovação/reprovação, características de escolas e professores que podem afetar o aprendizado, dentre outros, são objeto de análise por uma ampla gama de especialistas e pelo governo, que buscam identificar quais fatores mais influenciam a qualidade da Educação. Além destes aspectos, a partir do final da década de 90, a equidade passou a ser tema essencial no debate a respeito do direito à Educação. Conforme afirmou Castro, “Com ritmos e ênfases diferenciados, respeitando as peculiaridades locais e regionais, é possível afirmar que o Brasil já ultrapassou a etapa de prioridade exclusiva à política de expansão Equidade entre as escolas das redes municipais

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do acesso à escola e, portanto, de investimento prioritário na rede física. A busca da qualidade e a promoção de maior equidade do sistema passaram a ocupar lugar de destaque na nova agenda das políticas de educação básica.” (Castro, 1999, p. 17). Apesar disso, as questões relacionadas à equidade ainda são pouco trabalhadas no Brasil. Muito se deve ao fato da dificuldade de definir o que se entende por equidade na Educação. As pesquisas que buscam separar equidade dos demais temas a relacionam a questões de igualdade de oportunidade e justiça social, equiparando as condições de êxito entre todas as crianças e jovens de diferentes setores sociais. Aspectos socioeconômicos, raciais, de gênero e até mesmo relacionados à estrutura física da escola, são também vistos como importantes quando se analisa a equidade. Entende-se que, somente quando todos, independentemente destes fatores de diversidade, tiverem acesso a uma Educação de qualidade de maneira igualitária, se alcançará a equidade na Educação no Brasil. O INEP define equidade como “distribuição das oportunidades educacionais. (...) Um dos indicadores da equidade em Educação é a justa distribuição dos serviços educacionais entre os diferentes grupos sociais” (INEP, 2010). Neste estudo a distribuição de serviços educacionais será observada por meio das diferenças de resultados educacionais das escolas medidos por meio do IDEB. Para que uma rede de escolas seja equitativa, todas as escolas devem oferecer as mesmas condições de aprendizado aos seus alunos. Para analisar o grau de equidade de uma rede pode-se, portanto, observar se há uma grande disparidade de resultados educacionais entre escolas da rede, ou seja, se todas as escolas proporcionam níveis semelhantes de aprendizado. Em países com maior desenvolvimento na área da Educação, como a Finlândia, verifica-se uma maior equidade na oferta de serviços educacionais aos alunos. A análise de equidade em educação só é válida quando se estipula um nível mínimo de qualidade, sendo este pré-requisito de atendimento do direito à Educação. Por isto, este estudo se restringirá a analisar a equidade dentro de redes municipais que apresentaram resultado igual ou superior à média nacional (4,2), utilizando os dados do IDEB. A análise se restringirá aos anos iniciais do Ensino Fundamental e são investigadas as capitais brasileiras, pela representatividade de suas redes e para uma avaliação da equidade a nível nacional. Além deste grupo, são analisados os dados dos 10 municípios do estado de São Paulo com mais de 15 escolas que obtiveram os

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maiores IDEBs em 2007, permitindo a avaliação de redes menores e de cidades do interior do estado mais rico do país. Desta forma, este estudo buscará observar se, dentre escolas da rede municipal de um mesmo município, há uma disparidade de resultados educacionais auferidos pelo IDEB. Entende-se que uma rede apresentará sinais de ter maior equidade quando a diferença entre os resultados alcançados por suas escolas na avaliação for baixa. Isto significará que, naquele município, todos os alunos que estudam em escolas municipais têm a mesma possibilidade de estudar em uma escola que lhe proporcione um bom nível de aprendizado.

2. Metodologia Neste trabalho são utilizados os indicadores de IDEB em 2007 das escolas e redes municipais de ensino para as séries iniciais do Ensino Fundamental, extraídos do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Por meio destes indicadores, alguns gráficos e estatísticas são feitos para analisar a equidade dos IDEBs entre as escolas . Com base em tais indicadores, diversas análises são feitas. Primeiro, é investigada, por meio de gráficos de dispersão, a relação entre os IDEBs das escolas e os IDEBs dos municípios. Esta análise busca identificar se as escolas que fazem parte de

municípios

que

apresentam

níveis

educacionais

semelhantes

apresentam

desempenhos parecidos. A análise permite também ver se há uma equidade no desempenho dos municípios e escolas do país como um todo. Em seguida é feito um aprofundamento na análise com os dados das capitais do país que apresentaram desempenho igual ou acima da média do Brasil no IDEB, sendo considerado como ponto de partida no caminho para uma Educação de qualidade. Para evitar que possíveis erros de cálculo do IDEB ou de preenchimento na planilha divulgada pelo INEP gerem análises falsas, foram descartadas no gráfico com estes municípios as escolas que estão entre as 10% melhores ou piores de seu município. Essa exclusão também faz com que a análise não se perca em casos isolados. Também é feita uma análise com os 10 municípios do estado de São Paulo com mais de 15 escolas que apresentaram os melhores resultados no IDEB. Esse levantamento busca analisar se nesse estado, que possui vários municípios entre os melhores colocados no IDEB para os anos iniciais do ensino fundamental, existe uma Equidade entre as escolas das redes municipais

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equidade entre as escolas quanto ao desempenho. No gráfico com estes municípios também são excluídas as escolas que estão entre as 10% melhores ou piores de seu município. Tanto para as capitais quanto para os melhores municípios no IDEB com pelo menos 15 escolas do estado de São Paulo é calculado o desvio padrão das notas das escolas, que é dado pela seguinte fórmula:

Sendo

o IDEB de cada escola,

a média de IDEB destas escolas e n o

número de escolas. O objetivo do cálculo do desvio padrão é verificar a variabilidade de desempenho entre as escolas, sendo esta tomada como uma medida de equidade da rede. Para facilitar o entendimento da discrepância encontrada dentro das redes municipais, também é calculada a diferença entre os resultados obtidos pela melhor e pela pior escola municipal dentre as consideradas nos gráficos que ilustram a situação de equidade nas capitais e nos municípios de São Paulo que se destacaram no IDEB. Para verificar se a desigualdade das escolas dos municípios se deve a desigualdades socioeconômicas é apresentado um gráfico relacionando o coeficiente de variação (que é o desvio padrão das escolas sobre a média das mesmas) e o coeficiente de Gini, que é um indicador de desigualdade de renda, onde 0 corresponde à completa igualdade de renda (toda população tendo os mesmos rendimentos) e 1 corresponde à completa desigualdade (uma pessoa com todo o rendimento e o restante da população sem nada). Os dados de coeficiente de Gini se referem ao ano de 2003 e foram obtidos no mapa da pobreza e desigualdade do IBGE. Ele pode ser expresso pela seguinte fórmula: n −1

G = 1 − ∑ ( X k +1 − X k ).(Yk +1 + Yk ) k =1

Sendo X a proporção acumulada da variável "população" e Y a proporção acumulada da variável "rendimento".

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Assim, é ilustrado se a desigualdade entre as escolas do município pode estar sendo reflexo de sua desigualdade socioeconômica. Neste trabalho se considera como número de escolas de um município a quantidade de escolas que teve o seu IDEB divulgado em 2007 pelo INEP. E para o cálculo do desvio padrão e do coeficiente de variação é considerado como média o desempenho médio das escolas com IDEB divulgado, para evitar problemas maiores na análise devido a uma inconsistência entre os dados da escola e dos municípios. Estes problemas de inconsistência podem ocorrer por diversos motivos: a não divulgação do desempenho de todas as escolas que tem IDEB na planilha oficial divulgada pelo INEP, arredondamento dos indicadores e erros de digitação. No entanto, nos gráficos que relacionam os IDEBs das escolas com os IDEBs dos municípios se considera o resultado oficial divulgado pelo INEP, tanto para os indicadores das escolas, como também o resultado oficial divulgado para os municípios.

3. Resultados e Discussão A primeira etapa do estudo observa a dispersão das notas do IDEB relacionando o desempenho das escolas e dos municípios. Os gráficos da figura 1 relacionam o IDEB da rede de cada município com os respectivos IDEBs de suas escolas. Todos os gráficos mostram que existe uma baixa equidade tanto entre os municípios quanto entre as escolas que pertencem a municípios com faixas de IDEB semelhantes, ou seja, os resultados das escolas diferem muito do resultado médio do município. Outra inferência que pode ser feita por meio da figura é que poucos municípios já alcançaram os patamares almejados pelo governo brasileiro para 2021, isto é, com um IDEB igual ou superior a 6, e que os municípios que estão acima desse patamar (que estão acima da linha azul dos gráficos) possuem redes bem pequenas, com menos de 15 escolas. Ao considerar apenas os municípios com 15 ou mais escolas, percebe-se que são excluídos os municípios com pior média no IDEB, que estavam num patamar abaixo de 2,5, assim como os melhores, com média acima de 6. Esta tendência é confirmada quanto maior é o tamanho da rede, como pode-se observar por meio do “achatamento” que ocorre com os gráficos com o aumento do tamanho da rede e a centralização dos pontos entre as linhas referentes às notas 6 e 2,5 no IDEB (ver gráficos A, B C e D da

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figura 1). A partir disto pode-se concluir que os piores e melhores resultados do IDEB no Brasil são encontrados em redes com um pequeno número de escolas (menos de 15).

Figura 1: Relação entre o IDEB da rede municipal dos municípios e suas escolas

Para facilitar a análise e servir como exemplo, foram destacados em linhas laranja no gráfico D da figura 1 os resultados de municípios cujo IDEB médio foi 5,1 e cujos resultados das escolas variaram de menos de 3 pontos até quase 7,5 pontos. Notase que nestes gráficos os municípios não podem ser identificados isoladamente, visto que mais de um município pode ter obtido mesmo resultado médio no IDEB, o que faz com que as suas escolas estejam representadas na mesma linha. Deve-se atentar também

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que os pontos ilustrados nos gráficos não necessariamente representam somente uma escola, pois pode existir uma sobreposição de resultados. Um ponto importante destacado por este estudo é que, mesmo em municípios que apresentam média no IDEB superior àquela alcançada no Brasil, há uma grande desigualdade na qualidade de educação dentro da rede municipal. Mesmo nos municípios que atingiram desempenhos próximos ou superiores a 5 no IDEB, nem todas suas escolas encontram-se nesse mesmo patamar de qualidade. Enquanto há algumas escolas que apresentam resultados muito acima da média nacional, com desempenhos acima de 6, verificam-se outras escolas que estão muito abaixo deste desempenho médio nacional, apresentando um resultado abaixo de 3 pontos. O segundo momento da pesquisa analisa casos específicos das capitais brasileiras, com foco na relação entre o IDEB das escolas e o do município. Ao observar a figura 2 e na tabela 1 pode-se analisar a equidade das escolas da rede municipal das capitais brasileiras que estão iguais ou acima da média do país (IDEB ≥ 4,2), visando constatar se há equidade de desempenho entre as escolas dessas redes. Para verificação da consistência dos dados, previamente ao estudo, cada desvio padrão dos municípios analisados foi comparado aos de 2005, não sendo verificadas grandes mudanças. Na figura 2 as capitais estão agrupadas de acordo com seu IDEB e ordenadas de acordo com o desvio padrão observado dentro da rede. Esta figura mostra que existe uma grande variabilidade de resultados entre as escolas da rede municipal das capitais. Observa-se, por exemplo, que dentre as três capitais com melhor resultado no IDEB (Campo Grande, Curitiba e Florianópolis), a última é a que apresenta menor dispersão, indicando uma maior equidade nesta rede, quando comparada com as das outras capitais.

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Figura 2: Relação entre o IDEB da rede municipal de algumas capitais e suas escolas

É interessante notar que, entre 5 capitais que obtiveram IDEB igual a 4,4, encontram-se a capital com menor desvio padrão (Boa Vista) e aquela com o segundo maior desvio padrão (Belo Horizonte) de todas as capitais estudadas. Esta discrepância entre os municípios também se verifica ao comparar as escolas com melhor e pior resultado na rede municipal. A diferença de resultados encontrada em Belo Horizonte é de cerca de 48%, enquanto em Boa Vista é aproximadamente 17%. Isto nos permite afirmar que apesar de terem resultado igual no IDEB, a equidade dentro das redes é muito diferente nesses municípios.

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Tabela 1: IDEB e desvio padrão das redes municipais das capitais com desempenho no IDEB igual ou superior à média do país

Município Belo Horizonte Boa Vista Campo Grande Curitiba Florianópolis Goiânia Palmas Rio Branco Rio de Janeiro São Paulo Teresina Vitória

IDEB da rede municipal 4,4 4,4 5,1 5,1 5 4,2 4,4 4,4 4,5 4,3 4,4 4,2

Desvio padrão 0,73 0,319 0,543 0,582 0,513 0,561 0,513 0,479 0,627 0,535 0,576 0,766

Comparação entre a melhor (A) e pior (B) escola (% que A foi melhor que 1 B) 48,57% 17,50% 26,09% 31,11% 20,00% 40,00% 30,77% 28,21% 42,11% 38,89% 37,84% 51,43%

A tabela 1 mostra que o município de Boa Vista, dentre as redes municipais das capitais que obtiveram desempenho superior ou igual à média do Brasil, possui uma maior equidade2 entre as suas escolas, enquanto Vitória é o município cuja rede apresenta maiores diferenças entre os resultados de suas escolas. Isto é demonstrado por meio da diferença entre o maior e o menor resultado no IDEB de escolas dentro da rede. Enquanto em Boa Vista esta diferença é de cerca de 17%, em Vitória é aproximadamente 51%. Mesmo desconsiderando as escolas que estão entre as 10% melhores ou 10% piores de seu município verifica-se que há uma grande discrepância entre o resultado da melhor e da pior escola que são consideradas no gráfico. O problema de diferenças de rendimento entre escolas não é verificado apenas nas capitais, que geralmente possuem redes mais extensas. O problema estende-se para todo o país, independentemente da região. A figura 3 e a tabela 2 ilustram esta afirmação ao mostrar que, para os municípios do estado de São Paulo com no mínimo 15 escolas e que possuem os IDEBs mais altos do estado, a situação é a mesma verificada nas capitais. 1

Esses números, assim como na figura 2, não consideram as escolas que estão entre as 10% melhores ou 10% piores de seu município. 2 A comparação de equidade entre redes é mais bem medida por meio do cálculo de coeficiente de variação do resultado das escolas no IDEB. No entanto, para facilitar o entendimento e como a média das redes municipais analisadas não difere muito, neste estudo utilizamos os dados do desvio padrão. Os exemplos mencionados foram verificados também por meio do cálculo do coeficiente de variação.

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Observa-se que em Jundiaí a variabilidade dos resultados das escolas é bem alta, mesmo desconsiderando as escolas que estão entre as 10% piores ou 10% melhores do município. A análise com todas as escolas aponta um desvio padrão de quase 0,8, sendo que a diferença entre o menor e o maior resultado no IDEB dentro da rede é de 47,62%, mesmo desconsiderando os resultados extremos. Entre municípios que obtiveram o mesmo resultado no IDEB também existe uma grande diferença de desvio padrão. Por exemplo, enquanto Mogi Guaçu e São José do Rio Preto tiveram resultado 5,5 no IDEB, o desvio padrão encontrado no segundo município é bem maior do que o encontrado no primeiro, assim como a diferença entre a pior e a melhor escola.

Figura 3: Relação entre o IDEB da rede municipal de municípios do estado de São Paulo que se destacaram na pontuação do IDEB e suas escolas

5,72 5,7 Santa Bárbara d'Oeste (5,8) 5,68 5,66 5,64 Indaiatuba (5,6) 5,62 São José dos Campos (5,6) 5,6 5,58 Marília (5,6) 5,56 5,54 Mogi Guaçu (5,5) 5,52 5,5 São José do Rio Preto (5,5) 5,48 5,46 5,44 5,42 Votorantim (5,4) 5,4 Rio Claro (5,4) 5,38 5,36 5,34 Araçatuba (5,3) 5,32 Jundiaí (5,3) 5,3 5,28 5,26 5,24 4

4,25

4,5

4,75

5

5,25

5,5

5,75

6

6,25

6,5

IDEB das escolas da rede municipal

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Por sua vez, os resultados mostram que existem alguns municípios em que é verificada ao menos uma razoável homogeneidade nos resultados das escolas da rede municipal. Indaiatuba e Santa Bárbara d’Oeste são bons exemplos. O desvio padrão calculado é de 0,34 para Indaiatuba e 0,4 para Santa Bárbara d’Oeste, e as diferenças de resultados entre a pior e a melhor escola em suas redes são inferiores a 13%. Além de apresentarem resultados significativamente superiores à média nacional no IDEB (5,6 e 5,8 respectivamente) os municípios garantem uma boa homogeneidade de resultados em sua rede.

Tabela 2: IDEB e Coeficiente de variação das redes municipais dos municípios do estado de São Paulo com pelo menos 15 escolas que obtiveram a maior pontuação no IDEB

Município Araçatuba Indaiatuba Jundiaí Marília Mogi Guaçu Rio Claro Santa Bárbara d’Oeste São José do Rio Preto São José dos Campos Votorantim

IDEB da rede municipal 5,3 5,6 5,3 5,6 5,5 5,4 5,8 5,5 5,6 5,4

Desvio padrão 0,529 0,342 0,779 0,518 0,444 0,643 0,402 0,602 0,517 0,552

Comparação entre a melhor (A) e pior (B) escola (% que A 3 foi melhor que B) 31,82% 11,76% 47,62% 29,17% 15,69% 33,33% 12,73% 28,00% 28,57% 24,49%

Um argumento que pode ser apresentado pelos gestores locais de educação é que a iniquidade apresentada dentro de sua rede de Educação é um reflexo da desigualdade socioeconômica existente no município, e que medidas para diminuir a iniquidade envolvem ações muito mais abrangentes do que sua área de atuação. Certamente alguns aspectos relacionados à equidade refletem problemas mais abrangentes encontrados nos municípios, mas não se pode restringir o problema da equidade à desigualdade. Ao analisar o coeficiente de variação dos IDEBs das escolas (desvio padrão dividido pela média municipal) e o coeficiente de desigualdade no município procura-se estabelecer

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Esses números, assim como na figura 3, não consideram as escolas que estão entre as 10% melhores ou 10% piores do município.

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se há uma relação entre diferenças de rendimento escolar dentro de uma rede municipal e a desigualdade socioeconômica encontrada no município. O coeficiente utilizado para medir a desigualdade no município é o coeficiente de Gini, que é parâmetro internacional usado para medir a desigualdade de distribuição de renda e varia entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo do zero menor é a desigualdade de renda.

Figura 4: Relação entre coeficiente de variação dos resultados municipais no IDEB e coeficiente de Gini municipal das capitais

coeficiente de variação

0,200 0,180 0,160 0,140 0,120 0,100 0,080 0,060 0,040 0,020 0,000 0,37

0,41

0,45

0,49

0,53

coeficiente de GINI

Observa-se que, ao contrário do que se poderia esperar, não há uma relação clara entre iniquidade na educação e desigualdade socioeconômica. Ao contrário, municípios que apresentam coeficiente de Gini bastante similar possuem coeficientes de variação de rendimento na educação bem diferentes. Mesmo sem aprofundar a discussão a respeito do impacto da diferença entre coeficientes, a dispersão dos pontos no gráfico mostra que não é possível estabelecer uma relação linear entre os dois coeficientes. O mesmo é observado na figura 5, que mostra a relação de coeficiente de Gini e a variação de resultado na Educação entre municípios do estado de São Paulo. Por exemplo, dois municípios que apresentam exatamente o mesmo coeficiente de Gini (0,39) apresentam variações dos resultados na educação muito diferentes (0,08 e 0,146). Ao mesmo tempo, existem casos nos quais há similaridade de resultado, como os

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municípios que possuem Gini igual a 0,47 e seu coeficiente de variação praticamente o mesmo (0,102 e 0,109).

Figura 5: Relação entre coeficiente de variação dos resultados municipais no IDEB e coeficiente de Gini municipal dos municípios com maior IDEB de São Paulo

coeficiente de variação

0,160 0,140 0,120 0,100 0,080 0,060 0,040 0,020 0,000 0,37

0,41

0,45

0,49

coeficiente de GINI

Assim, conclui-se que, apesar de não ser descartada a influência da distribuição de renda sobre as diferenças de resultado na educação, este não é o único fator que a determina, visto que não é possível estabelecer uma relação clara entre estes dois coeficientes.

4. Conclusões Os indicadores de IDEB das escolas das redes municipais e de seus municípios mostram que existe uma grande variabilidade nos resultados entre as escolas pertencentes a municípios com um desempenho no IDEB semelhante. Ao analisar separadamente alguns municípios, sejam capitais ou municípios do estado de São Paulo que se destacaram nas pontuações de IDEB, verificou-se que, salvo algumas exceções, existe uma grande diferença entre os resultados das escolas. Esta variabilidade aponta para um problema que permeia grande parte das redes de escolas municipais no Brasil: a qualidade da Educação oferecida em um município

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difere muito entre as diferentes escolas. Isto significa que há pouca equidade na oferta de Educação para alunos da rede municipal. Este problema é histórico. Castro afirma que “o sistema educacional brasileiro apresenta um déficit muito acentuado no que tange à garantia de condições mínimas de equidade, tanto do ponto de vista do acesso quanto da qualidade do ensino ofertado pelas escolas públicas.” (Castro, 1999, p. 35). Os resultados desse estudo servem para ilustrar a variação dos resultados atingidos por escolas dentro das redes municipais, mas não é possível afirmar qual seu grau de iniquidade, visto que não há, até o momento, uma definição quanto a um valor considerado ideal para o desvio padrão e para o coeficiente de variação de resultados na educação. Isto deve ser estabelecido pelos gestores públicos, em parceria com os estudiosos e pesquisadores da área da Educação. A diferença na equidade na educação não pode ser atribuída somente a fatores relacionados à desigualdade socioeconômica. Quando analisada a dispersão dos resultados em comparação com a desigualdade socioeconômica dos municípios, pode-se observar que tal desigualdade não justifica a iniquidade na educação, visto que municípios que apresentam mesmo coeficiente de Gini (mesmo grau de desigualdade) apresentaram diferentes graus de dispersão quanto à qualidade da educação ofertada. Os resultados indicam que existe uma falta de equidade nas redes municipais do país e que a equidade é um tema que deve ser levado à pauta nas discussões sobre Educação. As causas de tal iniquidade não foram objeto deste estudo, devido à ampla variabilidade das mesmas. No entanto, cabe a cada gestor público da Educação buscar identificar quais são estas causas em sua região e adotar as medidas adequadas para saná-las. Conforme afirmado por Soares e Andrade, “a equidade, por ser de mais difícil caracterização, não é usualmente considerada quando a sociedade avalia a escola, mas é crucial para os gestores públicos interessados em implementar políticas públicas educacionais inclusivas.” (Soares e Andrade, 2006, p 110). A garantia ao acesso e a uma educação de qualidade deve ser para todos, independente de qualquer aspecto que os diferencie. Tal equidade somente será alcançada quando patamares mínimos de Educação forem alcançados por todas as escolas públicas do país. O tratamento equitativo exige que seja dado tratamento especial para as escolas que apresentam mais dificuldade para atingir a qualidade esperada na Educação, visando equilibrar seus resultados em comparação com as demais.

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O direito à Educação está vinculado diretamente à garantia ao acesso de todos a uma Educação de qualidade, de forma equitativa. “Idealmente não basta que a escola seja boa; ela deve ser boa para todos os seus alunos, independente do nível econômico, cor da pele e gênero.” (Soares e Andrade, 2006, p. 110). O município deve oferecer condições para que todas as escolas obtenham resultados satisfatórios, garantindo a toda criança as mesmas oportunidades de acesso a uma Educação de qualidade. Assim, este estudo sugere que, ao analisar o resultado de um município no IDEB, o gestor deve também observar a dispersão dos resultados dentro da rede de escolas. A preocupação com a equidade é tão importante quanto o aumento do IDEB e deve ser também prioridade no momento de construção das políticas públicas.

5. Referências Bibliográficas CASTRO, Maria Helena Guimarães de. A Educação para o século XXI: o desafio da qualidade e da equidade / Maria Helena Guimarães de Castro. – Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 1999. INEP. Disponível em: http://www.inep.gov.br/pesquisa/thesaurus/thesaurus.asp?te1=31674&te2=38719&te3= 32169&te4=31107&te5=32184&te6=147182, acessado em 23 de Abril de 2010. SOARES, José Francisco e ANDRADE, Renato Júdice. Nível socioeconômico, qualidade e equidade das escolas de Belo Horizonte. In: Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.14, n.50, p. 107-126, jan./mar. 2006.

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Estudo realizado pela equipe de analistas de conteúdo técnico do movimento Todos Pela Educação em Abril de 2010.

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