ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL

ANÁLISE DA CONJUNTURA AGROPECUÁRIA SAFRA 2007/08

TRITICALE Elaboração: Eng Agrº Otmar Hubner Data: abril de 2008 Desde épocas remotas da nossa civilização o homem tem domesticado animais e utilizado plantas, sendo que o trigo é a mais antiga de que se tem registro sendo e, atualmente, é a mais importante no âmbito mundial, por causa do seu valor alimentício. A sua produção expandiu-se por todas as regiões do globo, apesar de apresentar algumas dificuldades de cultivo, pois exige solos férteis e não tolera temperaturas baixas durante parte do seu ciclo vegetativo. Além disso, o trigo é suscetível a doenças, principalmente fúngicas. O centeio é um cereal que não tem o mesmo potencial produtivo do trigo, nem as mesmas características para panificação, mas apresenta aspectos favoráveis, já que se adapta melhor em solos arenosos e mais pobres e em regiões de temperaturas menores que as suportadas pelo trigo, ou seja, em condições nas quais o trigo nada ou pouco produziria. Há mais de um século, cientistas de diversas regiões do mundo vinham tentando obter cruzamentos destes dois cereais, com a finalidade de produzir um híbrido que unisse as suas vantagens. Por motivo de incompatibilidade genética não se obtinha sucesso pois, o híbrido, ou era estéril, ou produzia descendentes iguais ao trigo ou ao centeio. No final do século XIX foi obtido, na Alemanha, através da engenharia genética, o primeiro triticale verdadeiro, cujos descendentes eram férteis e com fenótipo uniforme.

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Para conseguir um triticale com características agronômicas satisfatórias foram necessários anos de melhoramento, sendo que a Suécia foi um dos primeiros países a entrar na produção. O aperfeiçoamento e expansão mundial do triticale somente ocorreram depois que, a partir de 1964, o Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMITY), no México, passou a pesquisar o mesmo, desenvolvendo a maioria das linhagens que foram distribuídas para os campos do mundo. Atualmente, é cultivado em muitos países e sua produção mostra tendência de aumento; em 1995 foram colhidas 7.400 toneladas e em 2005 13.663 toneladas, segundo informação da FAO. TRITICALE - PRINCIPAIS PAÍSES - EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO - 2001 - 2005 - (mil t) PAÍSES POLÔNIA ALEMANHA FRANÇA CHINA BIELORUSSIA AUSTRÁLIA HUNGRIA REPÚBLICA CHECA BRASIL SUÉCIA OUTROS

2001 2.698 3.395 1.122 644 427 860 394 192 222 175 845

2002 3.048 3.068 1.491 980 798 327 359 200 179 169 885

2003 2.812 2.480 1.282 1.060 890 826 279 162 234 205 947

2004 3.723 3.290 1.824 750 1.216 615 622 305 222 270 1.165

2005 3.748 2.741 1.783 1.250 1.100 624 566 283 277 278 1.013

TOTAL MUNDIAL

10.974

11.504

11.177

14.002

13.663

Fonte: FAO; IBGE

O triticale é mais rústico do que o trigo, apresentando: bom potencial produtivo; melhor adaptação a solos ácidos e com saturação de alumínio; maior resistência a algumas doenças, tais como: oídio, ferrugem da folha e do colmo; alto teor de proteínas; melhor balanço de aminoácidos essenciais. No Brasil, o cultivo do triticale desenvolveu-se apenas a partir de 1984, após a Portaria n° 420/84 do Conselho Monetário Nacional, que o equiparou ao trigo quanto à política de comercialização, industrialização, preço e financiamento da produção, sendo comercializado por 90% do preço do trigo, para o mesmo peso hectolítrico. Por causa da demanda pouco expressiva a sua expansão não fosse maior. Atualmente os principais estados produtores de triticale são o Paraná, que produziu 52% do total brasileiro em 2007, e São Paulo que participou com 34%. O Rio Grande do Sul e Santa Catarina produziram 6,4% e 5,5%, respectivamente.

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TRITICALE - BRASIL - ESTADOS - Evolução de Área semeada e Produção - 03/04 - 07/08 02/03 03/04 04/05 05/06 REGIÃO PARANÁ

06/07

Área

Prod.

Área

Prod.

Área

Prod.

Área

Prod.

Área

(ha)

(t)

(ha)

(t)

(ha)

(t)

(ha)

(t)

(ha)

Prod. (t)

60.050

147.351

74.887

154.144

89.006

175.670

54.259

99.857

40.047

100.664

RIO GRANDE SUL

9.752

18.282

8.250

14.068

9.843

14.890

9.170

5.404

7.872

12.285

SANTA CATARINA

10.205

24.009

9.741

23.156

9.663

17.936

6.152

14.058

5.350

10.643

SÃO PAULO

17.430

44.190

17.618

43.984

25.100

71.800

24.900

71.200

24.900

65.495

BRASIL

97.437

233.832

110.496

235.352

133.612

280.296

99.088

207.098

89.054

192.656

Fonte: IBGE; SEAB/DERAL 06/07: dados preliminares

No Paraná, o triticale foi recomendado pela pesquisa oficial a partir de abril de 1985, quando foram semeadas algumas lavouras demonstrativas, sem maior importância econômica. O plantio extensivo ocorreu depois de 1986, com crescimento considerável nos anos seguintes e, após a privatização da comercialização do trigo nacional, em 20 de novembro de 1990, estabilizou-se em torno de 30.000 hectares até 1994 e, depois, a área aumentou de forma expressiva. Em 2007 foram semeados 50.730 hectares e produzidas 110.330 toneladas. Triticale - Paraná - Área Semeada - 1986 - 2007

06 20

04 20

02 20

00 20

98 19

96 19

94 19

92 19

90 19

88 19

19

86

100.000 90.000 80.000 70.000 60.000 ha 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 0

Fonte : SEAB/DERAL

Durante o período de compra estatal, o Governo Federal, através do Banco do Brasil, comercializava o triticale misturado ao trigo, no entanto, após a privatização ocorreu redução em sua demanda para consumo industrial. Atualmente, o triticale é demandado para ração animal, em substituição ao milho e algumas indústrias continuam adquirindo o triticale que pode ser utilizado em farinhas específicas para a confecção de biscoitos, alguns tipos de pães, massas e alimentos dietéticos. Os órgãos de pesquisa continuam procurando melhorar o triticale para atender às exigências de mercado. Entretanto, a sua produção mostra tendência de expansão, já que, mesmo com menor preço o seu cultivo é compensador, relativamente ao trigo, graças ao menor custo de produção, 3

sendo que, além do uso na alimentação humana, geralmente misturado ao trigo, há a demanda para ração, que deverá variar conforme as oscilações do preço do milho. Outra provável finalidade, será o seu cultivo para forragem animal e para silagem.

TENDÊNCIA PARA O PARANÁ EM 2007/08 Segundo as estimativas feitas pelos técnicos de campo deste DERAL, os produtores paranaenses devem semear 40.047 hectares em 2008, nos quais espera-se colher de 96.000 a 105.000 toneladas de triticale caso as condições climáticas sejam favoráveis. A variação da área é inexpressiva em relação aos 39.950 hectares cultivados em 2007, contudo a produção estimada está 9,5% acima das 91.967 toneladas colhidas na safra anterior. TRITICALE - PARANÁ - REGIÕES - Evolução de Área semeada e Produção - 03/04 - 07/08 03/04 04/05 05/06 06/07 07/08 REGIÃO NORTE

Área

Prod.

Área

Prod.

Área

Prod.

Área

Prod.

Área

(ha)

(t)

(ha)

(t)

(ha)

(t)

(ha)

(t)

(ha)

Prod. (t)

19.598

38.126

21.776

41.509

13.205

22.847

13.497

32.372

14.537

35.480

NOROESTE

3.388

6.039

3.686

6.101

696

981

0

0

400

760

OESTE

18.801

37.676

20.527

46.602

13.025

24.554

6.905

15.934

5.650

13.320

CENTRO OESTE

10.890

20.324

14.522

26.371

11.000

17.145

4.663

9.028

2.000

4.800

SUDOESTE

4.860

11.131

4.410

7.483

2.525

4.397

2.770

7.005

2.800

6.720

SUL

17.350

40.848

24.085

48.604

13.788

29.933

12.115

27.598

14.660

39.584

TOTAL

74.887

154.144

89.006

176.670

54.239

99.857

39.950

91.937

40.047

100.664

Fonte: IBGE; SEAB/DERAL 06/07: dados preliminares 07/08: estimativa DERAL (abril de 2008)

Diante da conjuntura econômica mundial atual, em que os produtos alimentícios tendem a passar por um período de estoques apertados, pode ser um bom ano para o triticale ser valorizado a preços melhores do que os recebidos em anos anteriores.

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