Associação dos Servidores Federais da Área Ambiental no Estado do Rio de Janeiro – Asibama/RJ Praça XV de Novembro, 42, 3º andar 20.010-010, Rio de Janeiro, RJ
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CARTA DA ASIBAMA/RJ AO VIII CONGRESSO DA ASCEMA NACIONAL Os servidores do IBAMA e ICMBio lotados no Estado do Rio de Janeiro, após ampla discussão realizada em assembleia geral extraordinária de 2.8.2017, vêm a público manifestar indignação e preocupação com os rumos tomados pelo movimento trabalhista e a representação nacional dos servidores da área ambiental federal. Vivemos um contexto político extremamente desfavorável. Após o golpe parlamentar ocorrido no início de 2016 foi instaurado um governo ilegítimo que vem sistematicamente atacando os direitos dos trabalhadores e da população em geral. Mesmo sob denúncias gravíssimas de corrupção e favorecimento de setores produtivos, o Congresso Nacional e o Executivo Federal, sob a chancela do Judiciário, estão promovendo reformas que alteram profundamente os direitos dos trabalhadores e afetam as políticas públicas voltadas para os setores socais mais vulneráveis. Reformas como a trabalhista, a previdenciária e a lei da terceirização promoverão ainda mais precarização das relações de trabalho, enquanto propostas como a PEC dos Teto dos Gastos e a Reforma Política, continuam mantendo os privilégios de controle econômico pela classe política e empresarial do país, concentrando cada vez mais as decisões e aprofundando a crise do sistema representativo. Nesse contexto, a luta dos trabalhadores se torna imprescindível. No entanto, experimentamos uma crise de legitimidade também das entidades de representação dos trabalhadores, principalmente sindicatos e centrais sindicais. Após a realização da greve geral de 28 de abril, com ampla adesão dos trabalhadores, as centrais sindicais promoveram um recuo na luta e apostaram nas negociações de gabinete. Postergou-se por quase um mês a organização de uma marcha a Brasília, que mais uma vez contou com forte adesão dos trabalhadores. As bases clamavam por uma nova greve geral que se mostrou urgente após as denúncias de corrupção contra Michel Temer. No entanto, a maioria das centrais sindicais, contrariando suas bases e burocratizando a luta, deram mais um passo atrás, adiando a convocação de uma nova greve geral. Após pressão dos trabalhadores pela definição de uma nova data, as centrais cederam, porém não se empenharam na organização necessária e desmobilizaram setores estratégicos, o que gerou uma greve esvaziada. Essa baixa mobilização foi utilizada politicamente pelos parlamentares como exemplo de arrefecimento da luta dos trabalhadores, reforçando a falsa legitimidade do congresso para aprovação da Reforma Trabalhista. Esses exemplos demonstram a problemática de uma representação sindical afastada de suas bases e imersas na burocracia das diretorias e dos gabinetes. Nos voltando para nossa casa, a gravidade dos fatos levantados pela Ascema Nacional referentes ao processo eleitoral de delegados pela Asibama-DF, reflete não só o desprezo pelas normas regimentais do estatuto da Ascema Nacional, como representa por si próprio um ato contundente de divisão na base dos servidores, pelas previsíveis consequências resultantes e pela desigualdade de oportunidades de participação e representação nos fóruns da categoria. Se somos marcados pela descentralização das unidades e pela riqueza de experiências que advém desta descentralização, a estratégia utilizada pela Asibama-DF promove uma visão míope da diversidade de opiniões e torna o movimento capenga, esvaziado, inócuo, que pretende resolver os problemas do sistema sentando nos gabinetes do mesmo sistema que oprime e esmaga os direitos dos trabalhadores.
A organização de associações sob pilares eticamente questionáveis, se utilizando das arcaicas práticas do sindicalismo falido, somente contribui para o esvaziamento da luta, para o descrédito das instituições representativas e para o afastamento da massa dos servidores que não sentem seus pleitos atendidos. Justamente no momento em que se faz mais importante a união de forças e a diversificação de estratégias para os enfrentamentos necessários. Estamos perdendo oportunidade de promover uma organização dos trabalhadores que possa apontar na construção de um projeto político das classes populares, na tomada dos poderes de decisão sobre nossas vidas e não apenas em massa eleitoreira, que aposta num sistema falido de representação que se auto-favorece sistematicamente. Urge, portanto, a construção de algo novo. Um movimento que preze pela ética, pela radicalização da democracia nos processos decisórios, pela transparência, pelo enfrentamento inteligente, pela ampliação da representatividade. Precisamos nos afastar definitivamente dos golpes que tanto criticamos, mas que insistimos em reproduzir em nossas próprias instituições. Fujamos da demagogia, da burocracia sindical, do encastelamento e da terceirização da luta numa estrutura vertical e surda. Apelamos, portanto, ao bom senso coletivo e a minuciosa análise do escrutínio das assembleias que atenderam à convocatória da Ascema Nacional, para o retorno célere aos trabalhos neste VIII Congresso, ensejando que questões de maior relevância possam ser tratadas. Não podemos deixar que as distâncias que nos separam sejam mais fortes que os laços que nos unem. Até a vitória!
Rio de Janeiro, 15.8.2017.
Diretoria Executiva ASIBAMA/RJ