Universidade de São Paulo - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária: Programa Aprender com Cultura e Extensão Projeto: “Desenvolvimento econômico, social e ambiental da agricultura familiar pelo conhecimento agroecológico.”
Crotalárias Belquior Benoni da Silva1 Flávio Bertin Gandara Mendes2 Paulo Yoshio Kageyama3 Características: O nome se refere ao som de chocalho das vagens secas, semelhante ao da cascavel (Crotalus sp.). São conhecidas cerca de 550 espécies, muitas são herbáceas, anuais ou perenes, havendo espécies arbustivas. As flores geralmente são amarelas, às vezes estriadas com vermelho, dispostas em rácemos vistosos. Representantes deste grande gênero estão bem distribuídos nas regiões tropicais e cerca de 400 espécies ocorrem na África. No Brasil, ocorrem naturalmente em beira de estradas. [02] Espécies mais utilizadas: Crotalaria juncea L. Espécie originária da Índia, com ampla adaptação às regiões tropicais. As plantas são arbustivas, de crescimento ereto e determinado, produzem fibras e celulose de alta qualidade, próprias para a indústria de papel e outros fins. Recomendada para adubação verde, em cultivo isolado, intercaladas a perenes, na reforma de canavial ou em rotação com culturas graníferas, é uma das espécies leguminosas de mais rápido crescimento inicial, atingindo, em estação normal de crescimento, 3,0 a 3,5 m de altura. É considerada má hospedeira de nematóides formadores de galhas e cistos. Crotalaria spectabilis Roth Espécie de ampla adaptação ecológica, recomendada para adubação verde. Sugere-se seu emprego como planta-armadilha em solos infestados por nematóides formadores de galhas. Suas plantas são arbustivas, de crescimento ereto e determinado, relativamente precoces, e, quando maduras, têm de 1,0 a 1,5 m de altura, porém, de desenvolvimento inicial lento. Crotalaria paulina Schrank Plantas arbustivas, eretas, de crescimento determinado, desenvolvimento inicial lento, ciclo tardio acima de 240 dias, recomendada para adubação verde, podendo atingir normalmente 3,0 a 3,5 m de altura, em semeaduras no início do ano agrícola. Essa espécie tem sido utilizada também como quebra-ventos, principalmente para proteção de cafezais. [01] Clima e Solo: As crotalárias são plantas rústicas que crescem bem em solos secos, arenosos, cascalhentos e mesmo em áreas arenosas de região costeira. [02]
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Graduando do curso de Engenharia Florestal – Universidade de São Paulo Professor Mestre, Departamento de Ciências Biológicas – Universidade de São Paulo Professor Doutor, Departamento de Ciências Florestais – Universidade de São Paulo
Época de Plantio: De outubro a março, admitindo-se semeaduras até abril em regiões com temperaturas mais elevadas, para produção de sementes, quando as plantas ficam mais baixas, pela elevada sensibilidade da espécie ao fotoperíodo, o que facilita a colheita de sementes. [01] Propagação: Através de sementes. Espaçamento: Em plantio convencional, para adubação verde e produção de sementes: 25 a 50 cm entre linhas. Distribuir 25 a 40 sementes por metro linear de sulco. Para semeaduras tardias, recomendam-se os menores espaçamentos. Para a produção de fibras: 60 cm entre as linhas. Distribuir 30 a 40 sementes por metro linear de sulco. [01] Técnicas de plantio: Em linha ou a lanço [03] Necessidade Hídrica: Precipitação pluviométrica ideal: 800 mm/ano [03] Principais pragas/doenças: Em cultivos para produção de adubo verde e biofertilizantes, a incidência de insetos não atinge nível de dano econômico; entretanto, a lagarta-das-vagens (Utetheisa omatrix) e o percevejo (Thianta perditor), quando presentes, podem prejudicar a produção de sementes. A incidência da murcha, causada pelo fungo Ceratocystis fimbriata, é limitante à produção de C. juncea e C. spectabilis, exigindo o uso de cultivares resistentes, IAC-1 e IAC-KR 1, ou evitando-se o cultivo consecutivo na mesma área. [01] Colheita: Para adubação verde: Pode-se efetuar o corte das plantas, seguido ou não de incorporação da fitomassa produzida, no florescimento e no início do surgimento das primeiras vagens, normalmente aos 120 dias após a semeadura para C. juncea e C. spectabilis e, aos 180 dias, para C. paulina. Para produção de sementes: As plantas de C. juncea e de C. spectabilis atingem a maturação em 180 dias e as de C. paulina em 240 dias, com seca dos rácemos e vagens, ficando as sementes livres dentro delas. Cortar manualmente os rácemos, seguindo-se a trilhagem e abanação para separar as sementes. Em semeaduras tardias, em março e abril, as plantas atingem de 1,0 m a 1,5 m de altura quando da maturação, em agosto e setembro, sendo então facilitada a colheita mecanizada de sementes [01] Produtividade: Em plantio convencional: 10 a 15 t/ha de matéria seca e 500 a 1.000 kg/ha de sementes para C. juncea; 4 a 6 t/ha de matéria seca e 600 a 800 kg/ha de sementes para C.spectabilis; 7 a 10 t/ha de matéria seca e 500 a 800 kg/ha de sementes para C. paulina. [01] Consórcio: Consorciação: café, citrus, cana de açúcar, maracujá ou rotação de cultura anual. [03] Usos: O principal uso das crotalárias é na adubação verde e cobertura do solo por serem plantas pouco exigentes e com grande potencial de fixação biológica de nitrogênio. [02 ; 03] C. juncea é a espécie de crescimento mais rápido e tem sido muito usada como adubo verde em rotação com diversas culturas e no enriquecimento
do solo. A incorporação das plantas ao solo pode ser feita após 8 a 10 semanas. O aporte de N ao sistema solo/planta é estimado entre 100 e 300 kg N/ha/ano. [03] Muitas espécies de crotalária são melíferas, atraindo abelhas e mangangás. O plantio junto com maracujá potencializa a polinização dessa cultura, aumentando a produção. Pode ser utilizada para a produção de fibras. [02 ; 03] C. juncea produz fibra tão boa quanto a da juta, sendo usada na confecção de cordas, sacos, tapetes e cestas. [03] As espécies C. spectabilis e C. juncea têm sido recomendadas para o tratamento de diversas doenças de pele (sarna, impetigo, psoríase). A ingestão de C. sagittalis, C. sericea e numerosas outras espécies de crotalária pode causar intoxicação em animais. A doença é conhecida como crotalismo, causada por alcalóides existentes nas folhas que danificam o fígado dos animais. [02] São eficientes no controle de nematóide, devido ao antagonismo existente entre as plantas e o nematóide. [02 ; 03] Prestam-se à produção de celulose para a fabricação de papel.[02 ; 03] Como o teor de cinza é muito baixo, a fibra da crotalária é usada na fabricação de lenços de papel de alta qualidade e papéis de cigarro. [02] Possui raízes profundas, ajudando a descompactar o solo. Ciclo de produção: 120 a 150 dias dependendo da espécie e da utilização (semente ou biomassa). [03] Longevidade: Anual Grupo sucessional: Planta pioneira, não tolerante a sombra. Altura da planta: C. spectabilis até 1,0 m e C. juncea até 2,5 m. As espécies C. paulina e C. juncea, são de porte mais alto e ciclo vegetativo mais longo que a Spectabilis. Formas de crescimentos: C. spectabilis rasteiro com estolões, C. juncea em forma de cipó e ereta. [03] Dispersão: Autocórica balística. Polinização: Abelhas, mamangavas. Regeneração: Se regenera naturalmente, principalmente por suas sementes possuirem dormência, o que facilita sua permanência por longos períodos no solo. Potencial invasor: Caso não seja feita a colheita das sementes, pode se tornar invasora. Referencias Bibliográficas: [01] BRAGA, N. R. at al. Instruções agrícolas para o estado de São Paulo – Boletim Nº200. 6ª edição. Instituto Agronômico de Campinas. 1995. p. 77-78
[02] Neves, M. C. P. Crotalária. Embrapa Agrobiologia. http://www.cnpab.embrapa.br (acessado em 12/08/2009) http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/leguminosas/crotalaria.html
Em
[03] Vilela, H. Série Leguminosas Tropicais Gênero Crotalaria. Em http://www.agronomia.com.br (acessado em 12/08/2009) http://www.agronomia.com.br/conteudo/artigos/artigos_leguminosas_tropicais_crotala ria.htm