A Startup Enxuta - Creativante

A Startup Enxuta: outro conceito na moda! A aplicação do pensamento enxuto (*) ao processo de inovação! É assim que o hoje famoso empreendedor Eric Ri...
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A Startup Enxuta: outro conceito na moda! A aplicação do pensamento enxuto (*) ao processo de inovação! É assim que o hoje famoso empreendedor Eric Ries descreve em seu livro “A Startup Enxuta” (publicado em português em 2012, cujo original em inglês, “The Lean Startup”, foi publicado em 2011) como ele concebe o conceito de uma startup enxuta. De um fracasso empresarial pessoal, passando pelo acúmulo de várias experiências de falhas de outros negócios, ao encontro de alternativas para se obter sucesso, Eric Reis decidiu se concentrar num movimento em rede vinculado ao conceito que havia criado, e traçou para si mesmo uma missão: melhorar a taxa de sucesso de novos produtos inovadores no mundo inteiro! Foi assim que ele chegou ao livro que estamos resenhando! O método da startup enxuta se baseia em 05 (cinco) princípios, os quais permeiam todas as três partes do livro, a saber: 1. Empreendedores estão por toda parte. Segundo o método não é necessário trabalhar numa garagem para estar numa startup. O conceito de empreendedorismo inclui qualquer pessoa que trabalha dentro da definição de Reis de startup: uma instituição humana projetada para criar novos produtos e serviços sob condições de extrema incerteza. Isso significa que os empreendedores estão por toda parte, e a abordagem da startup enxuta pode funcionar em empresas de qualquer tamanho, mesmo numa de grande porte, em qualquer setor ou atividade (eis aqui uma primeira inquietação desta newsletter que comentaremos logo à frente); 2. Empreender é administrar. Uma startup é uma instituição, não um produto, assim, requer um novo tipo de gestão, especificamente construída para seu contexto de extrema incerteza. De fato, como Reis discute depois, ele acredita que “empreendedor deveria ser considerado um cargo em todas as empresas modernas que dependem da inovação para seu crescimento futuro (esta newsletter também comenta sobre isto mais à frente);

3. Aprendizado validado. Startups existem não apenas para fabricar coisas, ganhar dinheiro ou mesmo atender clientes. Elas existem para aprender a desenvolver um negócio sustentável. Essa aprendizagem pode ser validada cientificamente por meio de experimentos frequentes que permitem aos empreendedores testar cada elemento de sua visão (comentário à frente); 4. Construir-medir-aprender. A atividade fundamental de uma startup é transformar ideias em produtos, medir como os clientes reagem e, então, aprender se é o caso de pivotar ou perseverar. Todos os processos de startup bem-sucedidos devem ser voltados a acelerar esse ciclo de feedback (comentário à frente); 5. Contabilidade para inovação. A fim de melhorar os resultados do empreendedorismo e poder atribuir responsabilidades aos inovadores, precisamos focar também em assuntos menos interessantes: como medir o progresso, definir marcos e como priorizar o trabalho. Isso requer um novo tipo de contabilidade desenvolvida para startups e para pessoas responsáveis por ela (comentário à frente). As três partes que constituem o livro são: Visão, Direção e Aceleração. Na “Visão” Reis defende a ideia de uma nova disciplina de administração empresarial. Na “Direção”, o autor analisa o método da startup enxuta em detalhes, mostrando uma volta completa do ciclo básico do feedback construir-medir-aprender. Finalmente, na parte “Aceleração”, ele investiga técnicas que permitem às startups enxutas acelerar através do ciclo de feedback construir-medir-aprender tão rápido quanto possível, mesmo durante sua expansão. Este é um livro muito interessante e que emerge num contexto de grande motivação do que denominamos o “empreendedorismo internacional”, que surge na esteira dos sucessos de negócios (tais como Google, YouTube, Facebook, dentre outros) da era da Internet depois do estouro da bolha das empresas dot.com em 2001. Ele surge coincidentemente num ambiente de renovação dos métodos de desenvolvimento de software, tais como o das metodologias ágeis (comentado nesta newsletter em 29/09/2008 e 07/10/2008). Apesar do seu apelo sedutor, principalmente para os mais jovens (marcadamente aqueles entusiasmados em repetir as trajetórias de sucesso de talentos da indústria de TICs como Larry Page, Sergey Brin e Mark Zuckerberg, entre outros), o livro se presta muito mais às startups envolvidas com o desenvolvimento de produtos e serviços da indústria de TICs em particular. Para que se observe esta particularidade, basta que se atente ao conceito em que o método de startup enxuta se baseia, que é o de desenvolver um produto mínimo viável, uma tradução do termo MVP- Mininum Viable Product, fundamento da minimização do tempo total do ciclo do feedback construir-medir-aprender, defendido nos princípios do livro. Quando se pensa em software ou sistema de informação até que é possível imaginar esta possibilidade de um MVP (ou seja, uma versão beta). Mas o que dizer de uma droga que está sendo desenvolvida na indústria farmacêutica? Ou uma aeronave

imaginada para explorar o aeroespaço, ou um equipamento para biossegurança? Fica difícil imaginar um “produto minimamente viável”! Ou ele é viável ou não: full stop! Temos também algumas inquietações quanto à possibilidade do uso do método da startup enxuta em empresas já estabelecidas, marcadamente as de médio e grande porte. Afinal, um dos recursos importantes das empresas são a cultura corporativa (discutida nas newsletters de 23/10/2011, 30/10/2012, e 06/11/2011), e esta não muda tão facilmente quanto sugerido no livro (**). Finalmente, não cremos que seja necessária (como defende o livro) uma “nova contabilidade” para startups. Este era um argumento muito popular na era pré “estouro da bolha” das empresas dot.com. Afinal, como defende o Prof. Hal Varian (hoje Chief Economist Officer do Google), a “tecnologia muda, mas leis da economia não!”. Tampouco a sua contabilidade! Adicionalmente, tampouco consideramos importante um “cargo” de empreendedor nas empresas. Quando a cultura da inovação está no DNA, o empreendedorismo brota! Apesar destes breves comentários, consideramos que, no geral, este seja um bom livro recomendável aos nossos startupers do Brasil, mas ressaltamos que ele também deve ser observado dentro dos seus limites e possibilidades. Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre o método da startup enxuta, fique a vontade para nos contatar!

(*) Que tem como origem o método da manufatura enxuta, processo que nasceu no Japão com o Sistema de Produção Toyota! (**) O método da startup enxuta converge muito bem para metodologias como a do Business Model Generation- BMG, hoje muito popularizada através do empreendedor Alex Osterwalder, e para a do Customer Development, de Steve Blank. Se o leitor estiver interessado em trabalhar com inovações em empresas existentes, marcadamente de médio e grande portes, sugerimos o método desenvolvido pela Creativante, intitulado “Arquitetura-Governança-Crescimento”, tratado aqui por diversas vezes e principalmente na newsletter de 21/11/2009, método que se insere nos modelos de Business Model Innovation- BMI!