Novembro 2014 Versão em português
O clima econômico piorou na América Latina e no mundo
Indicador IFO/FGV de Clima Econômico da América Latina JULHO/2014
OUTUBRO/2014
84
80
O indicador Ifo/FGV de Clima Econômico da América Latina (ICE) - elaborado em parceria entre o Instituto alemão Ifo e a FGV tendo como fonte de dados a Ifo World Economic Survey (WES) – recuou 4,8% entre julho e outubro, ao passar de 84 para 80 pontos. Na mesma base de comparação, o Indicador da Situação Atual (ISA) caiu de 72 para 64 pontos e o Indicador de Expectativas (IE) manteve-se estável em 96 pontos. Todos os indicadores encontram-se na zona 1
desfavorável de clima econômico .
140
Situação Atual
Gráfico 1: Indicador de Clima Econômico do mundo e da América Latina (em pontos)
120 105
72
64
100 80 80 60
Expectativas
40 out/03 out/04 out/05 out/06 out/07 out/08 out/09 out/10 out/11 out/12 out/13 out/14
Indice de Clima Econômico América Latina
96
Indice de Clima Econômico Mundo
96 No plano mundial também houve piora do clima econômico. O ICE do Mundo, que havia melhorado entre abril e julho, caiu 14% em outubro ao passar de 130 pontos, em julho, para 112 pontos. Mesmo com a queda, o ICE manteve-se na zona favorável do ciclo. A piora do ICE mundial decorreu da queda do indicador nas principais economias: União Europeia (-13%), China (-13%) e Estados Unidos (-8,3%). A queda significativa do indicador sinaliza uma piora do cenário econômico mundial para os próximos seis meses. E o que explica a piora do ICE da América Latina? Considerando-se a estrutura de pesos da pesquisa, determinada pela participação da corrente de comércio (exportações mais importações) de cada país na região, as maiores contribuições para a queda do indicador vieram do México (com peso de 35,4% na composição do indicador), Chile (peso de 7,4%) e Colômbia (5,5%). O México registrou queda de 5% no ICE, que passou para a zona desfavorável. As perspectivas para os próximos 6 meses indicam uma piora no desempenho econômico. Já os ICE de Chile e Colômbia recuaram, respectivamente, 15,7% e 10,7%.
1
Indicadores abaixo de 100 são classificados como desfavoráveis e acima de 100, como favoráveis. Ver nota metodológica no final desse informe, assim como as tabelas com todos os indicadores.
Sondagem Econômica da América Latina Ifo/FGV Novembro de 2014
Gráfico 2: Indicador de Clima Econômico de países da América Latina
160
140
140
137 131
124 113
120
60
100
95
100 80
130
117
89 75
97
116 112 109
105
104
95
84 75
71
98
102
134 125
73
55 57
57 47
40 20 20 20 20 0 Argentina
Bolívia
Brasil
Chile
Colômbia Equador abr/14
jul/14
México
Paraguai
Peru
Uruguai Venezuela
out/14
A quarta principal economia da região em termos de participação no comércio — Argentina (7,3%) — continua na trajetória de piora dos indicadores. O ICE recuou 17,5% e o IE, 25%. O ISA manteve-se constante com 34 pontos. A Venezuela (peso de 6,2%) registra o valor mínimo de todos os indicadores: 20 pontos, desde julho de 2013. Na Colômbia — quinta em termos de participação na região latina — todos os indicadores caíram. Embora o ICE permaneça na zona favorável pelo nono trimestre consecutivo, o IE sinaliza piora do clima econômico nos próximos seis meses. O ICE do Brasil (peso de 22,7%) registrou uma pequena alta de 55 para 57 pontos puxado pela melhora das expectativas. Apesar disso, houve queda de 29% do ISA e todos os indicadores do país permanecem na zona de avaliação desfavorável, situação observada desde janeiro de 2014. Na comparação entre julho e outubro o IE melhorou em 5 dos 11 países analisados (Brasil, Chile, Equador, Paraguai e Peru), sendo desfavorável no Equador e no Brasil; ficou estável em dois (Bolívia e Venezuela); e piorou nos outros quatro. Se compararmos com outubro de 2013, o IE piora em 5 países, fica estável em dois e melhora em quatro (Chile, Peru, Uruguai e México). Chama atenção a melhora no Chile. Neste país, o IE aumenta em 62%, e no Peru, 36%. Em outubro de 2014, o IE é favorável somente no Chile, México, Paraguai e Peru. Logo uma melhora no desempenho econômico para os próximos meses é sinalizada para poucos países da região pela Sondagem. A avaliação da situação atual mostra igualmente que a região está longe de entrar numa fase de otimismo, pois apenas 5 países registraram ISA favorável — Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai e Uruguai — sendo que na Colômbia e no Uruguai o indicador recuou entre julho e outubro. Com esses resultados e os do IE, o clima econômico foi favorável em outubro na Bolívia, Colômbia, Paraguai e Peru. A sondagem de outubro trouxe uma enquete sobre os principais problemas que o país enfrenta em relação ao crescimento econômico. No Brasil foram considerados problemas importantes em ordem decrescente: falta de confiança na política do governo; falta de competitividade internacional; inflação; déficit público; e, falta de mão de obra qualificada. Nos 11 países que analisamos na América Latina, Colômbia e Paraguai se destacam por registrarem apenas um problema como relevante: competitividade internacional e mão de obra qualificada, respectivamente. Por fim, a projeção do PIB da América Latina pelos especialistas consultados pelo Ifo para os próximos 3 a 5 anos registrou piora em relação ao dado de outubro de 2013, passando de 3,2% para 2,9%. No mundo houve ligeira melhora, de 2,6% para 2,7%. O cenário mundial continua incerto, pois na União Europeia o aumento foi marginal de 1,6% para 1,7%, na China caiu de 6,8% para 6,4% e uma nítida melhora ocorreu apenas nos Estados Unidos onde a projeção passou de 2,2% para 2,6%.
2
Sondagem Econômica da América Latina Ifo/FGV Novembro de 2014
Gráfiico 3: Indicador de Clima Econômico de países/regiões selecionadas (em pontos) 160
120
148 147
142 142
140
121 119
125
132 121
129 118
112
104
100
145
90
100 89
85
80
125 119 102 88
78
89
85 64
60
78
70 73
71
58
55 57
40 20 0 União Européia
Estados Unidos
Japão
Alemanha
França
abr/14
Reino Unido
jul/14
China
Índia
Rússia
África do Sul
Brasil
out/14
RANKING DOS PAÍSES Posição Anterior
Posição Atual
País
1 4 2 3 5 6 8 7 9 10 11
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Colômbia Bolívia Paraguai Peru Uruguai México Equador Chile Brasil Argentina Venezuela
ICE Médio dos últimos 4 trimestres jul/14 130 121 126 124 102 98 95 98 78 72 20
out/14 131 125 125 124 102 100 91 91 68 64 20
3
Sondagem Econômica da América Latina Ifo/FGV Novembro de 2014
ANEXO ÍNDICE DA SITUAÇÃO ATUAL (EM PONTOS) ISA
abr/12 jul/12 out/12 jan/13 abr/13 jul/13 out/13 jan/14 abr/14
América Latina Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador México Paraguai Peru Uruguai Venezuela
112 100 100 112 152 166 146 106 42 154 156 68
98 60 100 90 130 106 140 104 84 140 148 52
102 72 140 98 154 122 120 100 60 136 120 52
98 78 116 92 172 118 100 100 122 154 144 20
102 60 114 94 164 112 140 114 158 152 110 20
90 88 114 66 140 106 120 100 154 140 130 20
80 74 116 84 140 110 126 66 134 128 112 20
88 74 148 84 132 140 140 82 140 138 114 20
82 44 180 68 108 146 120 78 130 128 136 20
jul/14
out/14
72 34 126 42 86 168 100 78 110 112 126 20
64 34 148 30 40 152 116 78 140 82 110 20
Média 10 anos 102 99 100 119 136 124 96 89 103 144 144 64
ÍNDICE DE EXPECTATIVAS (EM PONTOS) IEX América Latina Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador México Paraguai Peru Uruguai Venezuela
abr/12
jul/12
96 34 100 134 94 100 122 86 78 132 100 68
92 44 114 118 86 46 60 90 116 94 100 84
out/12 jan/13 abr/13 106 122 100 146 80 78 80 94 158 94 90 84
120 130 100 144 92 94 60 126 158 126 108 40
104 74 100 128 90 100 100 114 166 114 80 36
jul/13 86 56 100 84 36 138 80 112 136 82 80 20
out/13 jan/14 abr/14 96 80 100 106 68 116 74 112 122 110 78 20
102 80 100 94 76 136 74 124 140 126 86 20
98 106 100 74 82 128 80 118 130 140 82 20
jul/14
out/14
96 80 100 68 92 94 46 126 100 112 82 20
96 60 100 84 110 82 52 116 110 150 80 20
Média 10 anos 101 85 92 111 108 105 80 102 111 119 112 73
ÍNDICE DE CLIMA ECONÔMICO (EM PONTOS) ICE América Latina Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador México Paraguai Peru Uruguai Venezuela
abr/12 jul/12 out/12 jan/13 abr/13 jul/13 out/13 jan/14 abr/14 jul/14 104 67 100 123 123 133 134 96 60 143 128 68
95 52 107 104 108 76 100 97 100 117 124 68
104 97 120 122 117 100 100 97 109 115 105 68
109 104 108 118 132 106 80 113 140 140 126 30
103 67 107 111 127 106 120 114 162 133 95 28
88 72 107 75 88 122 100 106 145 111 105 20
88 77 108 95 104 113 100 89 128 119 95 20
95 77 124 89 104 138 107 103 140 132 100 20
90 75 140 71 95 137 100 98 130 134 109 20
84 57 113 55 89 131 73 102 105 112 104 20
out/14 80 47 124 57 75 117 84 97 125 116 95 20
Média 10 anos 102 92 96 115 122 115 88 95 107 131 133 68
4
Sondagem Econômica da América Latina Ifo/FGV Novembro de 2014
Nota Metodológica A Sondagem Econômica da América Latina serve ao monitoramento e antecipação de tendências econômicas, com base em informações prestadas trimestralmente por especialistas nas economias de seus respectivos países. A pesquisa é aplicada com a mesma metodologia - simultaneamente - em todos os países da região, método que permite a construção de um ágil e abrangente retrato da situação econômica de países e blocos econômicos. Em outubro de 2014, foram consultados 1108 especialistas econômicos
em 120 países, dos quais 142 da América Latina. A pesquisa gera informações tanto de natureza qualitativa quanto quantitativa. O Índice de Clima Econômico (ICE) é o indicadorsíntese, composto por dois quesitos de natureza qualitativa, o índice da Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE), que tratam, respectivamente, da situação econômica geral do país no momento e nos próximos seis meses. As respostas individuais são combinadas para cada país sem qualquer ponderação. Para se chegar ao valor médio de cada índice, atribui-se 9 pontos às respostas positivas (+), 5 às respostas indiferentes (=) e 1 às respostas negativas (-). O ICE é uma media aritmética dos dois índices que o compõem. O procedimento de agregação de dados para determinado grupo de países ou continente é feito de acordo com a participação relativa do comércio exterior (exportações + importações) de cada país em relação ao total da região. Segundo critérios específicos da pesquisa, a fase do ciclo econômico em que se encontra o país no momento é determinada por uma combinação entre ISA e IE. Quando os dois índices superam o limite médio de 5 pontos, a economia está na fase de expansão. Quando ambos estão abaixo de 5 pontos, há recessão. A fase de piora ocorre quando o ISA é superior e o IE inferior a 5 pontos. E a fase de recuperação com IE superior e ISA inferior a 5 pontos. Os indicadores nesse informe são apresentados considerando o valor 5 como 100. Assim, indicadores acima de 100 estão na zona favorável e abaixo de 100 na zona desfavorável.
5