Orientações para coleta de amostras de solo Os procedimentos aqui ...

Orientações para coleta de amostras de solo Os procedimentos aqui apresentados baseiam-se no capítulo de amostragem do solo (Cantarutti et al, 1999) ...
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Orientações para coleta de amostras de solo

Os procedimentos aqui apresentados baseiam-se no capítulo de amostragem do solo (Cantarutti et al, 1999) que consta na Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais (5ª aproximação). Maiores informações podem ser obtidas na publicação original.

1º Passo - Divisão da área em glebas ou talhões A área a ser amostrada deve ser dividida em glebas (áreas menores, mais homogêneas). Essa divisão deve considerar a inclinação do terreno, o tipo de cultura, a idade da cultura, as adubações feitas anteriormente, etc. Um exemplo é apresentado na figura a seguir.

Fonte: Cantarutti et al. (1999)

2º Passo - Amostragem das Glebas N° de amostras e escolha dos pontos de amostragem Devem ser coletadas entre 20 e 30 amostras por gleba (cada uma dessas amostras é chamada de amostra simples). Essas amostras são

colhidas aleatoriamente. Umas sugestão é caminhar em zig-zag, conforme apresentado na figura acima. Caso o ponto escolhido para a amostragem contenha alguma característica diferente do restante da área (exemplo: terra de formigueiro, área de descanso de animais, região próxima a cocheiras de animais, cupinzeiros, local onde foi armazenado calcário ou fertilizantes, etc.), deve-se caminhar um pouco mais e colher a amostra em outro local mais representativo. No caso de cultura perene, já implantada, deve-se colher as amostras abaixo da copa das plantas (na região onde são realizadas as adubações). Com alguma frequência pode-se também fazer amostras separadas para as entrelinhas (esse procedimento pode ser feito a cada dois ou três anos).

Coleta das amostras simples Primeiro, deve-se limpar a superfície do solo no local de coleta (retirar galhos, folhas, etc). Para a maioria das culturas as amostras são colhidas até 20 cm de profundidade. Cada amostra pode ser coletada com trado apropriado para análise de solo (encontrado em lojas de produtos agropecuários) ou podem ser utilizadas ferramentas mais simples como um enxadão ou pá de corte. Quando usar enxadão ou pá, o produtor pode fazer uma pequena cova de 20 cm de profundidade e retirar uma fatia de solo da lateral da cova. Essa fatia deve ter aproximadamente 4 cm de espessura. Após esse procedimento, elimina-se as laterais da fatia de solo, deixando-se somente a porção central (4 cm centrais). Então temos um amostra de 4 cm x 4 cm x 20 cm. Essa porção de solo é colocada em um balde de plástico. Em áreas de plantio direto, deve-se colher as amostras conforme o exemplo abaixo, separando-se a porção superior (0-5 cm) da porção inferior da cova. È importante também que seja amostrada a região do sulco de semeadura e suas laterais, conforme a ilustração.

Fonte: Cantarutti et al (1999) Para culturas perentes é interessante coletar também uma amostra na profunidade de 20-40 cm. De forma parecida ao exemplo anterior apresentado para o plantio direto. Nesse caso, retira-se primeiro uma amostra simples na profundidade de 0-20 cm e depois mais uma de 20-40 cm. Cada uma dessas amostras é colocada em um balde separado, já identificado.

3º Passo - Mistura das amostras simples (preparo da amostra composta)

Após a coleta das 20 a 30 amostras elas são misturadas com bastante cuidado, para formar uma mistura homogênea. Em seguida, uma porção de 250 mL (1/4 de um litro) é retirada da mistura. Essa porção retirada é a amostra composta. É importante lembrar que quando mais de uma profundidade for amostrada, teremos então mais de uma amostra composta. Se coletou-se a profundidade de 0-20 cm e de 20 a 40 cm, teremos duas amostras compostas por gleba (essas amostras devem ser misturadas separadamente). O mesmo é válido para a amostragem da entrelinha, quando realizada.

4° Passo- Secagem e identificação da amostra composta A amostra composta deve ser seca à sombra e em seguida colocada em saco plástico. Então, identifica-se cada embalagem com informações da propriedade, do produtor e da área coletada. Exemplo:

Amostra 1 Propriedade: Fazenda balde cheio Proprietário: Fulano de tal Local de Coleta: Área de pastagem (área de reforma)

Sua amostra está pronta para o envio para o laboratório. É importante informar que erros na amostragem não podem ser corrigidos no laboratório. Por isso é necessário seguir corretamente os procedimentos descritos e principalmente evitar contaminações durante a coleta, secagem, embalagem e transporte das amostras. É importante que todo o material e ferramentas utilizadas sejam cuidadosamente lavados antes da realização dos procedimentos descritos.

ORIENTAÇÕES PARA AMOSTRAGEM DE FOLHAS

Assim como na análise de solo, existem procedimentos já estabelecidos pela pesquisa para a amostragem de folhas de diferentes culturas. É necessário seguir criteriosamente esses procedimentos para que os resultados obtidos, após a análise em laboratório, possam ser interpretados corretamente.

Orientações Gerais A área para amostragem deve ser separada em glebas e as plantas devem ser amostradas aleatoriamente no talhão. Os procedimentos para divisão da área e coleta aleatória das amostras podem ser os mesmos já descritos no tópico anterior, com orientações para análise de solo. Na coleta das folhas deve-se tomar o cuidado de evitar plantas que não sejam representativas da área amostrada (exemplo: plantas diferentes da maioria, com ataque intenso pragas e/ou doenças). Deve-se evitar também fazer coleta de folhas após pulverizações recentes com fertilizantes foliares ou outros produtos que possam contaminá-las (exemplo: fungicidas contendo cobre consulte seu engenheiro agrônomo). Para cada espécie há um critério de amostragem. Nas tabelas a seguir são apresentados sinteticamente o número de folhas e demais critérios a serem adotados para amostragem de diferentes culturas anuais e perenes. Estas tabelas foram extraídas do capítulo de DIAGNOSE FOLIAR, escrito por Martinez et al (1999). Esse capítulo, onde podem ser encontrados maiores detalhes sobre esse tópico, foi publicado nas RECOMENDAÇÕES PARA O USO DE CORRETIVOS E FERTILIZANTES EM MINAS GERAIS - 5ª aproximação (Ribeiro et al 1999). Após a coleta, as amostras podem ser enviadas no mesmo dia ao laboratório (procedimento ideal). Se isso não for possível o agricultor poderá retirar a sujeira das folhas com água corrente e colocá-las para secar ao sol. É importante que as folhas não sejam excessivamente lavadas e que não sejam usados produtos de limpeza que possam contaminar as amostras. O transporte, após a secagem, deve ser feito em saco de papel, com as amostras identificadas. Maiores informações podem ser encontradas na publicação mencionada anteriormente, de onde foram extraídas algumas dessas informações.

Tabela 1- Critérios para amostragem de folhas de culturas anuais e perenes (Fonte: Martinez et al., 1999) Quadro 17.1. Parte da planta, época e quantidade de tecido necessário para análise química Cultura

Parte Amostrada

Época

Quantidade/talhão homogêneo

Abacate

Folhas de 4 meses de idade em ramos terminais sem laterais e sem frentes, à meia altura na planta

Verão

Abacaxi

Parte basal não clorofilada da folha mais longa (Folha D), com 45 de inserção

Florescimento

50 folhas

Abóbora

Pecíolos das folhas novas completamente expandidas. Limbo foliar das folhas novas completamente expandidas.

Início do florescimento

40 folhas

Acerola

Folhas do terço superior da copa e do terço mediano e basal dos ramos

Dezembro

50 folhas

Alface

Folhas recém-maduras

Formação da cabeça

40 folhas

Algodão

5 a folha a partir do ápice. Contar como 1 a a que estiver completamente aberta

Florescimento

30 folhas

Alho

Folha mais nova, completamente desenvolvida

Antes da formação da cabeça Durante a formação da cabeça Após a formação da cabeça

40 folhas

Amendoim

4 a folha da haste principal a partir da base

Início do florescimento

30 folhas

Arroz

Parte aérea Folhas recém-maduras

30 dias após a germinação. Maturidade

20 plantas 50 folhas

Azálea

Folhas recém-maduras

-

50 folhas

100 folhas de 20 plantas

a

Banana

10 cm centrais da 3 folha a partir do ápice, sem a nervura central e as metades periféricas

Emissão da inflorescência

25 folhas

Batata

Folha mais desenvolvida

Amontoa

30 folhas

Buganvília

Folhas recém-maduras

-

40 folhas Continua...

Quadro 17.1. Continuação Cultura

Parte Amostrada

Época

Quantidade/talhão homogêneo

Cacau

3 a folha a partir do ápice, do lançamento recém-amadurecido em plantas a meia sombra

Verão

Café

3 o e 4 o pares de folhas, a partir do ápice de ramos produtivos, em altura mediana na planta

Estádio de chumbinho

Cana-de-açúcar

Folha + 3, sendo a folha +1 a primeira com bainha visível. Coletar os 20 cm centrais sem a nervura

4 – 5 meses de idade

20 – 30 folhas

Caju

Folhas de posições diferentes na copa

Verão

40 folhas

Cebola

Folha mais alta

Meio do ciclo

40 folhas

Cenoura

Folhas com pecíolo

40 dias

40 folhas

a

a

18 folhas 100 folhas, 4/planta

Citrus

3 ou 4 folha de ramos com frutos

Fevereiro a final de março

Couve-flor

Folha recém-madura

Formação da cabeça

40 folhas

o

o

100 folhas, 4/planta

Cravo

4 e 5 pares de folhas a partir da base dos ramos 5 o e 6 o pares de folhas a partir do ápice nas brotações

Ramos sem botão Antes da emissão do botão

50 folhas 50 folhas

Crisântemo

Folha mais jovem totalmente expandida

-

40 folhas

Ervilha

Folha recém-madura

Pleno florescimento

40 folhas

Eucalipto

Folhas recém-maduras de ramos primários

Verão - outono

18 folhas

Espinafre

Folha recém-madura

Meio do ciclo

40 folhas

Feijão

Folhas do terço mediano

Florescimento

30 folhas

Figo

Folhas mais novas totalmente expandidas, ao sol em ramos sem frutos

Florescimento

40 folhas

Fumo

Folhas de posições diferentes na parte aérea

48 dias

30 folhas Continua...

Quadro 17.1. Continuação Cultura

Parte Amostrada

Época

Quantidade/talhão homogêneo

Gerânio

Folhas de diferentes posições na parte aérea

-

30 – 40 folhas

Girassol

Folhas do terço superior

Início do florescimento

30 folhas

Goiaba

Terceira a partir do ápice do broto terminal. Folhas 1 a 8 em ramos terminais

-

30 folhas

Gramíneas forrageiras

Folhas recém-maduras ou retiradas de todas as posições na parte aérea

Primavera - verão

30 folhas

Hortência

Folhas recém-maduras

-

30 folhas

Leguminosas forrageiras

Folhas retiradas de todas as posições na parte aérea

Florescimento

30 folhas

Lírio

Folhas recém-maduras

-

30 folhas

Maçã

Folhas maduras, com pecíolo, retiradas de ramos do ano em uma altura média na planta

Florescimento

Mamão

Folha F, com a primeira flor completamente expandida

Florescimento

18 folhas

Mamona

Limbo da 4 a folha a partir do ápice

Início do florescimento

30 folhas

Mandioca

Primeira folha recém-madura

3 a 4 meses de idade

30 folhas

Manga

Folhas coletadas em diferentes posições na copa

Antes da floração Plena floração e formação de frutos Maturação dos frutos

60 folhas

Maracujá Amarelo

Folhas em todas as posições

250 – 280 dias

60 folhas

Maracujá Roxo

Folhas em todas as posições

250 – 280 dias

60 folhas

Melão

Folhas completamente desenvolvidas

45 dias

40 folhas

Milho

Tomar o terço basal da folha + 4 sem a nervura central

60 dias após o plantio

30 folhas

100 folhas, 4/planta

Continua...

Quadro 17.1. Continuação Cultura

Parte Amostrada

Época

Quantidade/talhão homogêneo

Pepino

Folhas do caule

Início da frutificação

Pêra

Folhas da porção mediana dos ramos do ano

2 – 3 semanas após o florescimento

Pimentão

Folhas maduras

Florescimento

Pêssego

Folhas recém-maduras do crescimento do ano

Verão

Pinus

Acículas recém-maduras

Verão - outono

18 plantas

Pupunha

Folíolos centrais de folhas medianas

Verão - outono

30 folhas

Repolho

Folhas recém-maduras

Formação da cabeça

40 folhas

Rosa

Folhas recém-maduras com cinco folíolos na metade superior da planta

Cálice em início de abertura

20 folhas, 2/plantas

Seringueira

Viveiro – Folhas do 2 o verticilo não ramificadas Plantas adultas – Folhas recém-maduras do terço superior da copa

Verão - outono

24 folhas

Soja

3 a folha a partir do ápice na haste principal, com pecíolo

Florescimento

30 folhas

Sorgo

Folhas em posição mediana na planta

Emborrachamento

30 folhas

o

40 folhas 100 folhas, 4/planta 40 folhas 100 folhas, 25/planta

Tomate

Pecíolo da folha oposta ao 3 cacho Limbo foliar da folha oposta ao 3 o cacho

Florescimento do 3 o cacho

40 folhas

Trigo

Folhas 1 a 4 a partir do topo da planta

Início do florescimento

30 folhas

Violeta

Folha recém-madura

-

30 folhas

Uva

Folha da base do primeiro cacho

Final do florescimento

30 – 60 folhas

Considerações Finais

Com esses procedimentos e a análise em um bom laboratório, o engenheiro agrônomo tem condições de formular recomendações de correção de solo e adubação mais adequadas para sua propriedade. A amostragem adequada, tanto do solo quanto das folhas, é fundamental para que erros não sejam cometidos nas recomendações.

Referências

CANTARUTTI, R.B.; ALVAREZ V., V.H. & RIBEIRO, A.C. Amostragem do solo. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G. & ALVAREZ V., V.H., eds. Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais (5ª aproximação). Viçosa, MG, Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 1999. p.13-20. MARTINEZ, H.E.P.; CARVALHO, J.G.; SOUZA, R.B. Diagnose foliar. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds.). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5ª Aproximação. Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 1999. p.143-168. RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds.). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5ª Aproximação. Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 1999.