ISBN 978-85-8015-039-1 Cadernos PDE
2008
VOLUME I
Versão On-line
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO IVANICE CARVALHO DIAS PIMENTA
A
UTILIZAÇÃO
DAS
TENOLOGIAS
NA
ESCOLA:
PERCEPÇÃO
DOS
PROFESSORES EM RELAÇÃO ÀS TICS COMO FERRAMENTA DE APOIO À PRÁTICA PEDAGÓGICA
Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE/SEED na área de Gestão Escolar encaminhado pela Universidade do Norte do Paraná Orientadora: Profª Drª Mara Peixoto Pessoa
Cornélio Procópio 2009
A
UTILIZAÇÃO
DAS
TECNOLOGIAS
NA
ESCOLA:
PERCEPÇÃO
DOS
PROFESSORES EM RELAÇÃO ÀS TICS COMO FERRAMENTA DE APOIO A PRÁTICA PEDAGÓGICA
¹ Ivanice Carvalho Dias Pimenta ²Profª Drª Mara Peixoto Pessoa
RESUMO
Este artigo aborda a utilização de recursos tecnológicos na educação, bem como sua contribuição na aprendizagem de conteúdos, refletindo também sobre as preocupações quanto às transformações pelas quais o cotidiano vem passando e, em específico, o cotidiano dos professores, visto que a escola hoje é palco de transformações inovadoras, sejam de caráter pedagógico ou de utilização de novas tecnologias no ensino-aprendizagem. Este trabalho discute a contribuição das tecnologias, buscando as inovações que elas podem suscitar na educação escolar. Contudo, é importante que essas ferramentas tecnológicas estejam aliadas a um procedimento continuado de formação docente, potencializando o pensamento sobre as práticas pedagógicas. Para verificar o problema da utilização de tecnologias na escola, foi aplicado um questionário investigativo com os professores do Colégio Estadual Professor “Sílvio Tavares”, do Município de Cambará no Paraná. Como resultado, obteve-se uma mudança na ação pedagógica dos educadores, os quais, por meio de um processo de ação-reflexão-ação, puderam (re)significar seus próprios valores e adquirir subsídios para criar situações diversificadas de aulas para seus alunos. Dessa forma, os professores consideraram a tecnologia na educação uma ferramenta para enriquecer suas aulas. Palavras-Chave: TICs. Prática pedagógica. Tecnologia na escola
Professora Pedagoga da Rede Pública do Estado do Paraná , participante do Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE), na área de Gestão Escolar, na Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP. e-mail:
[email protected]. ²Professora da UENP- Campus de Cornélio Procópio.
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USE OF TECHNOLOGY IN SCHOOLS: PERCEPTIONS OF TEACHERS IN RELATION TO ICT AS A TOOL OF SUPPORT TO EDUCATIONAL PRACTICE
¹ Ivanice Carvalho Dias Pimenta ² Prof. Dr. Mara Peixoto Pessoa
ABSTRACT
This article discusses the use of technological resources in education and its contribution to learning content, also reflecting the concerns regarding the transformations that come through our daily job, and specifically the daily lives of teachers since the school today hosts innovative transformations, whether educational or use of new technologies in teaching and learning. In other words, this paper discusses the contribution of technology, seeking innovations that they can raise in school education. However, it is important that these technological tools are combined with a continued teacher training procedure, enhancing the thinking about teaching practices. To check the problem of the use of technology in schools, a investigative questionnaire was administered to teachers of the State College Professor "Sílvio Tavares”, in the city of Cambará, in Paraná. As a result, we obtained a change in the pedagogical action of educators who, through a process of action-reflection-action, might (re)valuing their own values and acquire grants to create many situations of lessons for their students. Thus, the teachers found the technology in education a tool to enrich their classes. Keywords: ITC. Pedagogical practice. Technology in school.
Educator teacher from public service of the State of Paraná, panrticipant of Education Development Program (EDP), in the area of School Administration, in Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP. e-mail:
[email protected]. ² Professor from UENP- Cornélio Procópio Campus.
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INTRODUÇÃO
O tema referente ao uso das tecnologias educacionais é relevante e merece ser considerado por todos aqueles que movimentam o currículo, independente do lugar que esses atores ocupam. Ele não pode e não deve ser desvinculado do pensamento pedagógico quando se detém na consideração das práticas educacionais. A acelerada renovação dos meios tecnológicos nas mais diversas áreas influencia, consideravelmente, as mudanças que ocorrem na sociedade. O acesso às tecnologias de informação e comunicação amplia as transformações sociais e desencadeia uma série de mudanças na forma como se constrói o conhecimento. A escola, bem como os outros lugares onde se fomenta o currículo, não pode desconsiderar esse movimento, ou seja, a chegada de novas tecnologias e mídias é uma realidade com a qual os profissionais de todas as áreas se deparam, apontando-lhe novos desafios, sendo a escola uma das organizações sociais que mais vem sendo questionada sobre como fazer o uso dos recursos tecnológicos na sua proposta de educar. Inserido neste contexto, o educador precisa assumir uma postura de predisposição à mudança, de compreensão do modo de ser, agir, pensar e se comunicar das novas gerações, como também saber o quê, como, o porquê e quando usar as diferentes mídias nos processos de ensino e aprendizagem. Sabe-se que a sociedade organiza-se e reorganiza-se, adequandose sempre à sua natural evolução. Assim, na sociedade do século XXI, a tecnologia passa a assumir um papel fundamental, principalmente no que se refere à velocidade em que ela responde às necessidades de comunicação, transporte e descobertas científicas. Portanto, o papel do professor, nesse contexto, é dar um sentido ao uso da tecnologia, produzir conhecimento com base em um labirinto de possibilidades. Desta forma, a Educação, por se caracterizar como uma instituição formal responsável pela produção do conhecimento, tem o compromisso de formar cidadãos mais humanos, que possam fazer uso dos recursos tecnológicos a favor do bem comum e um dos grandes desafios que se apresentam para os educadores é o de escolher, entre tantos disponíveis, aqueles que melhor se ajustem aos seus propósitos educacionais.
Conhecer e saber usar os recursos tecnológicos na educação faz-se urgente. Ter claro quais os recursos tecnológicos e como utilizá-los de forma que se garanta ou se propicie a aprendizagem é o ponto mais forte que deverá nortear as ações de apoio ao uso de tecnologias na escola. Laboratórios do Paraná Digital – PRD, Laboratórios PROINFO e TV Pendrive são recursos que já estão presentes nas escolas e devem ser compreendidos de forma a possibilitar novos movimentos no espaço escolar, como suporte à prática docente. Entretanto, só o treinamento para o uso destas tecnologias não basta, sendo necessário que os professores desenvolvam suas habilidades no seu uso. Tais recursos prometem melhorar o processo de ensino, porque oferecem auxílio pedagógico e material atualizado, tanto para o educador quanto para os alunos. Ou seja, facilita a aprendizagem, mas exige dos docentes uma fundamentação teórica e metodologia de trabalho. Desta maneira, este trabalho resultou de estudos e reflexões, que tiveram por base a seguinte questão: quais estratégias têm sido utilizadas com relação aos recursos tecnológicos disponíveis? A metodologia utilizada foi o método histórico, pesquisa de campo e pesquisa-ação, na tentativa de solucionar a problemática diagnosticada. A pesquisa teve como objetivo utilizar os recursos tecnológicos como potencializadores do processo ensino-aprendizagem, indicando práticas pedagógicas alternativas que contribuíssem para a melhoria do trabalho docente.
1 CONTEXTUALIZANDO AS TECNOLOGIAS
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996) propõe uma prática educacional adequada à realidade do mundo, ao mercado de trabalho e à integração do conhecimento. Desta forma, a utilização efetiva das tecnologias da informação e comunicação na escola é uma condição essencial para inserção mais completa do cidadão nesta sociedade de base tecnológica. A utilização das tecnologias, no mundo atual, está fortemente inserida nessas exigências. Além disso, nunca houve tanta informação e conhecimento disponíveis num espaço de tempo tão curto. Consta no Plano Nacional de Educação (Lei n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001) em suas metas e objetivos, assegurar às escolas públicas, de nível fundamental e médio, o acesso universal à televisão educativa e a outras redes de programação educativo-cultural, com o fornecimento do equipamento correspondente, promovendo sua integração no projeto pedagógico da escola, além de constar também como meta equipar, em dez anos, todas as escolas de nível médio e todas as escolas de ensino fundamental com mais de 100 alunos, com computadores e conexões de internet que possibilitem a instalação de uma Rede Nacional de Informática na Educação e desenvolver programas educativos apropriados, especialmente a produção de softwares educativos de qualidade. Atendendo à lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001 (que aprovou o Plano nacional de educação), o Presidente da República, através do Decreto nº 6.300, de 12 de dezembro de 2007, dispõe em seu art. 1º sobre o Programa Nacional de Tecnologia Educacional - Proinfo, executado no âmbito do Ministério da Educação, o qual promoverá o uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas redes públicas de Educação básica. Por sua vez, o Plano Estadual de Educação tem como meta investir, anualmente, na compra de equipamentos, garantindo que no final do decênio, todas as escolas de Ensino Fundamental disponham de: laboratórios de informática com número de conjuntos compostos de micro-computadores conectados à internet e impressoras, na proporção de, no mínimo, um conjunto para cada 80 alunos
matriculados; e TVs de 29 polegadas e aparelhos de DVD, na proporção de, um conjunto para cada 160 alunos matriculados. Hoje, a escola conta com o Laboratório de Informática PROINFO e Paraná Digital e as salas de aulas são equipadas com TV Multimídias. Não se pode mais dizer que a escola não dispõe de recursos para atender à atualidade. Assim as pessoas envolvidas neste processo devem rever sua postura diante dessas novas tecnologias reconhecendo suas potencialidades, para que ocorra de fato uma melhora significativa no processo ensino-aprendizagem. As novas tecnologias vêm modificando significativamente as relações do homem com o mundo, visto que em cada segmento social encontramos a presença de instrumentos tecnológicos. A escola não pode ficar excluída desta realidade, devendo apropriar-se dos avanços tecnológicos e incorporá-los à pratica educativa. Para Schaff (1990) o homem universal, ou aquele que está munido de uma instrução completa e em condições de mudar de profissão e, portanto, também de posição no interior da organização social do trabalho, representou até hoje uma idéia utópica. Hoje ele se tornou uma realidade e, em certo sentido, uma necessidade. A realização desta idéia poderá ser alcançada graças à educação permanente e às técnicas de informação sempre mais eficientes. A dinâmica do mundo moderno impõe, em todas as áreas, profissionais questionadores e dinâmicos, que ultrapassem os limites da simples execução. A capacidade de pensar e decidir são essenciais para a assimilação de mudanças e para o confronto com desafios que surgem todos os dias. Segundo Lévy (1996, p. 54) "as pessoas não apenas são levadas a mudar várias vezes de profissão em sua vida, como também, no interior da mesma profissão, os conhecimentos têm um ciclo de renovação cada vez mais curto”. Inclusive, como ele mesmo afirma, "a própria noção de profissão torna-se cada vez mais problemática" (LÉVY, 1999, p. 173). Uma pessoa já não mais se prepara para o exercício de uma profissão que o acompanhará em sua vida. Mesmo que não mude de atividade no decorrer de sua existência, necessita acompanhar as mudanças de sua própria profissão. Os conhecimentos e habilidades empregados em um campo profissional já não são estáveis; em intervalos de tempo cada vez mais curtos, transformam-se ou, até mesmo, tornam-se obsoletos. Além de novas formas de trabalho, as
crescentes demandas resultantes dos avanços que a ciência introduz nas áreas técnicas e tecnológicas, nos sistemas de comunicação, de transporte, e mesmo nas formas de relação, organização, lazer, etc., requerem o acesso a novas informações, o desenvolvimento de novas habilidades para a adaptação e a assimilação destas mudanças. A formação do professor é o ponto chave para a modernização.
1.1 TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO
Hoje em dia, quando a expressão “Tecnologia na Educação” é empregada, dificilmente se pensa em giz e quadro negro, ou mesmo livros e revistas, e muito menos em entidades abstratas, como currículos e programas. Normalmente, quando se usa a expressão, a atenção concentra-se no computador, que se tornou o ponto de convergência de todas as tecnologias mais recentes. E especialmente depois do enorme sucesso comercial da Internet, computadores raramente são vistos como máquinas isoladas, sendo sempre imaginados em rede. A fala humana, a escrita e, conseqüentemente, aulas, livros e revistas, currículos e programas, são tecnologias, e muitos educadores vêm usando tecnologia na educação há muito tempo. É apenas a sua familiaridade com essas tecnologias que as torna transparentes a eles. A expressão “Tecnologia na Educação” deixa aberta a possibilidade de que tecnologias que tenham sido inventadas para finalidades totalmente alheias à educação, como é o caso do computador, possam, eventualmente, ficar tão ligadas a ela que se torna difícil imaginar como a educação era possível sem elas. A fala humana (conceitual), a escrita, e, mais recentemente, o livro impresso, também foram inventados, provavelmente, com propósitos menos nobres do que a educação em vista. Hoje, porém, a educação é quase inconcebível sem essas tecnologias. A utilização das mídias na educação é uma grande inovação, desde que seus recursos sirvam para desenvolver uma melhor compreensão e construção de conhecimento; caso contrário, refletirá apenas seu uso como facilitador de tarefas e não irá contribuir para o processo de transformação da realidade, para a formação do homem social e a renovação da prática pedagógica e docente.
Com relação, especificamente, à informática educativa, ela pode ser entendida como o uso da informática na educação, ou seja, é uma área que tem como objeto de estudo o uso do computador no desenvolvimento das capacidades humanas, visando a participação e a reflexão individual e social, por meio das práticas escolares (COX, 2003). O computador é um tipo de Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC). Ele é a parte física e visível, mas portador e divulgador de mensagens. Para que os recursos do computador possam ser usados nas ações educacionais, o primeiro passo é desmitificá-lo, o que é possível mediante formação e reflexão crítica, dando a oportunidade ao indivíduo de conhecer, compreender, e ter a possibilidade de escolha sobre as formas de uso a serviço do processo ensinoaprendizagem. Hoje se vive um momento de reflexão sobre as novas tecnologias, que tem levado a conclusões otimistas ou pessimistas sobre o seu uso. Tanto num quanto noutro caso, o que não se pode desconhecer é que as tecnologias são produto e produtoras de alterações sociais, que se refletem sobre as formas de pensar e fazer educação, pois “ou a tecnologia está a serviço do homem, libertandoo, ou está a serviço de alguns para escravizar outros, ou ainda, estaremos todos condenados a servi-la” (RODRIGUES, 1999, p. 108). Como diz Freire (2000, p. 94), “mudar é difícil, mas é possível”. Para isso, a educação é pensada além do condicionamento e da acomodação, não ficando presa ao determinismo. O objeto deve ser apreendido em sua razão de ser, para que se possa construir conhecimento a partir dele. A utilização da tecnologia deve estar baseada, portanto, numa perspectiva crítica, para que ocorra a construção de novos conhecimentos e uma intervenção ética e política no mundo. Para entender a evolução dessas novas tecnologias, recorre-se a Pierre Lèvy, que afirma que a educação pressupõe uma participação ativa, movimento, troca intensa, que podem ser potencializados pelas TICs. Nesse sentido, a aprendizagem através de trocas virtuais e/ou presenciais com sujeitos de diferentes
culturas,
idiomas,
realidades
sociais,
conduzem
a
resultados
diferenciados numa ação pedagógica que preze pelas interações e intercâmbios entre linguagens, espaços, tempos e conhecimentos pluralizados, promovendo a
orientação de processos individualizados, bem como de aprendizagem cooperativa. (LÈVY, 2000). Com a presença das novas tecnologias nas mais diversas esferas da sociedade contemporânea é imprescindível orientar os docentes para uso das novas tecnologias de comunicação e de informação, como tecnologias interativas em projetos políticos pedagógicos, tanto no seu desenvolvimento contínuo, quanto na sua prática em sala de aula. Essa urgência se deve, não apenas, no sentido de preparar as pessoas para usufruí-las, mas especialmente, para prepará-los como leitores críticos e escritores conscientes das mídias que servem de suporte a essas tecnologias. Não basta ao cidadão, hoje, só aprender a ler e escrever textos na linguagem verbal. É necessário que ele aprenda a ler outros meios como o rádio, a TV, os programas de multimídia, os programa de computador, as páginas da World Wide Web (WWW). Ao usar essas novas tecnologias, é fundamental que ele não se deixe usar por elas. É primordial que os professores se ajustem deste modo, às diferentes tecnologias de informação e de comunicação, aprendendo a escrever e a ler as diversas linguagens, e as suas representações que são usadas nas mais diversas áreas tecnológicas.
1.2 AS TICs E A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO DOCENTE
A chegada das tecnologias de informação e comunicação (TIC) na escola evidencia desafios e problemas relacionados ao espaço e ao tempo que o uso das tecnologias novas e convencionais provoca nas práticas que ocorrem no cotidiano da escola. Para entendê-los e superá-los é fundamental reconhecer as potencialidades das tecnologias disponíveis e a realidade em que a escola se encontra inserida, identificando as características do trabalho pedagógico que nela se realizam, de seu corpo docente e discente, de sua comunidade interna e externa. Esse
reconhecimento
favorece
a
incorporação
de
diferentes
tecnologias (computador, Internet, TV, vídeo, entre outras) existentes na escola à prática pedagógica e a outras atividades escolares nas situações em que possam trazer contribuições significativas. As tecnologias são utilizadas de acordo com os propósitos educacionais e as estratégias mais adequadas para propiciar ao aluno a
aprendizagem, não se tratando da informatização do ensino, que reduz as tecnologias a meros instrumentos para instruir o aluno. No processo de incorporação das tecnologias na escola, aprende-se a lidar com a diversidade, a abrangência e a rapidez de acesso às informações, bem como com novas possibilidades de comunicação e interação, o que propicia novas formas de aprender, ensinar e produzir conhecimento, que se sabe incompleto, provisório e complexo. Assim nos dias atuais faz-se necessário iniciar uma nova caminhada na escola, no sentido de conhecer novas formas de aprender, ensinar, produzir, comunicar e reconstruir o conhecimento, exigindo-se dos educadores uma nova visão de sua prática pedagógica. Lévy tem o seguinte entendimento: Como manter as práticas pedagógicas atualizadas com esses novos processos de transação de conhecimento? Não se trata aqui de usar as tecnologias a qualquer custo, mas sim de acompanhar consciente e deliberadamente uma mudança de civilização que questiona profundamente as formas institucionais, as mentalidades e a cultura dos sistemas educacionais tradicionais e sobretudo os papéis de professor e de aluno. .(1992, p. 172)
Assim, na escola, a prática pedagógica com a utilização das diversas tecnologias precisa realizar-se de maneira crítica, para compreender, propor e desenvolver as estratégias de construção do conhecimento, e democrática, para que esteja a serviço de uma educação preocupada com a mudança na sociedade, pretendendo a democratização dos saberes e das mídias. Portanto, o objetivo principal da prática pedagógica deve ser a ampliação do saber dos educandos, utilizando-se de todos os meios tecnológicos de informação e comunicação. Neste sentido, integrar as tecnologias como apoio ao ensino aprendizagem é um grande desafio para a educação, especialmente na rede pública de ensino para dar igualdade de condições aos educandos. São necessárias novas competências e atitudes para que o processo ensino-aprendizagem seja significativo.
1.3 A INTERNET COMO FONTE DE PESQUISA
No início do século XXI, tem-se a internet como uma fonte quase ilimitada de informações e de recursos de aprendizagem. A vinda dos laboratórios de informática para as escolas proporcionou a efetiva entrada da Internet no ambiente da sala de aula. Através dela, alunos têm acesso a um mundo infinito de informações que, dependendo da condução da aula, podem ser assimiladas, discutidas, ignoradas, criticadas, acrescentadas, transformadas, associadas e vinculadas a outros conhecimentos adquiridos na sala de aula. Além disso, a democracia e as facilidades presentes na internet ainda permitem que os alunos divulguem suas idéias e concepções “na rede”, deixando “suas marcas”, no ciberespaço. Lévy fala desta dinâmica interativa presente na internet: [...] Na Web, tudo se encontra no mesmo plano. E, no entanto tudo é diferenciado. Não há hierarquia absoluta, mas cada site é um agente de seleção, de bifurcação ou de hierarquização parcial. Longe de ser uma massa amorfa, a Web articula uma multiplicidade aberta de pontos de vista, mas essa articulação é feita transversalmente, em rizoma, sem o ponto de vista de Deus, sem uma unificação sobrejacente [...] Sem fechamento dinâmico ou estrutural, a Web também não está congelada no tempo. Ela incha, se move e se transforma permanentemente. A World Wide Web é um fluxo. Suas inúmeras fontes, suas turbulências, sua irresistível ascensão oferecem uma surpreendente imagem da inundação de informação contemporânea. Cada reserva de memória, cada grupo, cada indivíduo, cada objeto pode tornar-se emissor e contribuir para a enchente. [...](1999, p. 160)
Conforme afirma Moran (1997), a internet pode ser uma fonte de divulgação, institucional ou dos alunos, pode ser uma fonte de pesquisa, podendo ser feita individualmente ou em grupo, dentro ou fora da escola, pode ser uma atividade obrigatória ou livre, pode ser uma atividade de apoio ao ensino, possibilitando textos, imagens, sons, programas específicos, além de também poder ser uma inesgotável fonte de comunicação, com pessoas conhecidas e desconhecidas, que estejam próximas ou distantes. Projetos utilizando a internet na sala de aula mostram que com este recurso há um aumento da motivação dos alunos pelos estudos e pela pesquisa, além de um maior interesse nos trabalhos em grupo. Há mais sensibilidade para uso das novas tecnologias de comunicação e para o aprendizado do inglês, linguagem universal na “era digital”. Além disso, os alunos desenvolvem contatos pessoais e amizades por meio da rede (MORAN, 1997). Entretanto, é importante observar que a entrada deste recurso na escola não
pode ser considerada como a solução para todos os problemas de aprendizagem. Outros fatores internos e externos à escola, como formação de professores, materialidade, organização dos tempos escolares, apoio técnico administrativo, infraestrutura, políticas públicas de emprego, saúde e habitação também contribuirão a efetiva melhora dos problemas de ensino-aprendizagem. Ainda, Moran explica que Professores e alunos se relacionam com a Internet como se relacionam com todas as outras tecnologias. Se são curiosos, descobrem inúmeras novidades nela como em outras mídias. Se são acomodados, só falam dos problemas da lentidão, das dificuldades de conexão, do lixo inútil, de que nada muda.(1997, p.12)
Dentre as principais vantagens da tecnologia está a ampliação das fontes de consulta, pois a Internet nos oferece diversos meios de acesso a materiais educacionais. Considerando que até bem pouco tempo atrás os professores e os livros eram as fontes próximas para obtenção das informações necessárias para os estudos escolares ou profissionais, sem dúvida, a Internet traz grandes benefícios. Na Internet, milhares de informações estão disponíveis, mas o que dá sentido a uma informação acessada é a clareza de por que e para que se busca ela. Pesquisar na Internet permite exercitar a capacidade de uso de diferentes tipos de material escrito, mas contextualizar, analisar e classificar essas informações é o que garante o acesso ao conhecimento. Para isso, é necessária a mediação do professor. Sobre o surgimento da Internet, pode-se dizer que a idéia de colocar computadores em comunicação por rede nasceu em 1969, nos Estados Unidos, e integrava laboratórios de pesquisa do Departamento de Defesa norte-americano. Restrita ao ambiente acadêmico e científico, somente em 1987 a Internet teve seu uso comercial liberado nos EUA e a partir de 1992 ela começa a ser utilizada em maior escala em todo o mundo. A Web (World Wide Web ou WWW) é o lado multimídia da rede, que suporta textos, fotos, animações, vídeo e sons. Enciclopédias, dicionários, livros, websites, bancos de imagens, animações, vídeos. São tantas as informações disponíveis na Internet, em variados formatos e fontes, que não é difícil se perder entre as múltiplas janelas abertas do navegador, em uma espécie de labirinto digital. Os novos modos de acessar e ler textos em enorme quantidade e codificados em diferentes linguagens tornam-se um
grande desafio. De que forma chegar a algum lugar nesse labirinto? Quais estratégias devem ser estabelecidas para ser unidade nesse universo de conexões? Quando e de que forma se apropriar de conhecimento nesse mar de informações? Uma das vantagens em se desenvolver uma pesquisa no computador é a economia de tempo. Por intermédio de uma enciclopédia eletrônica ou da Internet, é possível obter, em poucos segundos, a mesma informação contida em qualquer outro meio. Entretanto, “pesquisar” não é “copiar”. Definitivamente, um texto transcrito da Internet para um editor de texto, anexado a uma capa de trabalho, jamais pode ser considerado uma pesquisa escolar. Isso é freqüentemente praticado, mas faz perder todo o sentido metodológico da aprendizagem. Toda pesquisa requer uma sistemática, em especial para jovens que ainda estão em processo de organização lógica. Por isso, torna-se imprescindível que o professor forneça um roteiro de pesquisa, apresentado em tópicos ou perguntas. É recomendável, também, incluir sugestões de sites, aos quais o aluno poderá acrescentar outros. A pesquisa escolar pode ser individual ou coletiva (por meio de trabalho cooperativo), e pode ser interdisciplinar, se reunir mais de uma disciplina. No computador, os alunos podem gravar os endereços dos sites, os artigos e as imagens que escolherem, bem como podem editar anotações no processador de texto. O(s) professor(es) atua(m) como orientador(es), ajudando os pesquisadores a estabelecer critérios de busca, definir prazos (para o planejamento e a execução das pesquisas), selecionar e classificar as informações, organizar os resultados (elaboração de síntese), e elaborar uma apresentação dos resultados. Sugestão: propor aos alunos uma situação-problema, no lugar de uma simples apresentação de tema. Por exemplo, ao invés de lançar o tema “água”, pode-se formular uma pergunta ou problema: por que a água é importante para o nosso metabolismo? Isso incentiva a atitude de pesquisa, pois o aluno deverá selecionar as informações de modo a responder a questão, ao invés de simplesmente copiar o material da Internet.
2. A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DO COLÉGIO ESTADUAL PROF. SÍLVIO TAVARES EM RELAÇÃO ÀS TICs
As tecnologias exercem uma grande influência e fascínio em nossa sociedade, gera desafios, pois é complexa, incerta e veloz em suas transformações. Seu uso no processo educativo demanda formação e atualização constante dos professores, através do exercício da reflexão coletiva. Sua condição é a de facilitar/mediar a comunicação, a reflexão, a colaboração e a dinâmica entre os sujeitos, incentivando a postura pesquisadora, através da troca de idéias e posições. O uso das tecnologias enriquece o processo de ensino-aprendizagem desde que utilizados de forma adequada, de modo contextualizado, para que tenha incidência sobre a aprendizagem dos alunos. A utilização de recursos digitais no espaço escolar é recente e gera desafios aos professores. De acordo com Nevado (2006) o papel do professor no contexto educacional é proporcionar, mediar e intermediar o crescimento cognitivo e afetivo de seus educandos, explorando através de experiências em sala de aula situações que os façam interagir, trocar informações, indagar, debater e raciocinar sobre os conteúdos que fazem parte do currículo. Dessa forma, o conhecimento é gerado numa relação dialógica entre alunos e professores. No entanto, percebe-se que esta utilização ainda não é uma prática presente no dia a dia das escolas. Vê-se, então, a necessidade de procurar entender melhor o atual contexto da escola, para melhor entender os motivos que levam os professores a utilizarem ou não tais recursos. Assim, como primeiro passo da implementação, foi proposta uma pesquisa para verificar a utilização de recursos tecnológicos. Essa pesquisa foi realizada junto a 24 professores do Colégio Estadual Prof. Sílvio Tavares, do município de Cambará, Paraná, que responderam um questionário com o objetivo de conhecer a opinião dos mesmos a respeito da utilização do computador como ferramenta pedagógica, bem como a utilização de outras mídias, levantando, dessa maneira, suas principais características em relação ao uso das tecnologias.
Os dados coletados revelaram que todos os professores que responderam o questionário possuem computador em casa, a maioria com acesso à internet, e que acreditam que ter mais informações e cursos é de grande relevância. Quando perguntado se consideram que o uso dos recursos tecnológicos disponíveis em nosso colégio pode contribuir para melhorar a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, surgiram as seguintes considerações: Professor A: “Sim, desde que saibamos utilizá-lo. Temos muita dificuldade em utilizá-los porque sua utilização demanda tempo para preparo e pesquisa de material, estou encontrando dificuldade em administrar meu tempo.” Professor B: “Sim, com certeza. O aluno deve ter acesso a internet e saber usá-la, como meio de pesquisa, enriquecendo seu conhecimento terá como conseqüência melhorar cada vez mais a qualidade de ensino.” Professor C: “Sim. A utilização de diferentes recursos no processo ensino aprendizagem favorece a motivação e participação dos alunos, desperta o interesse e beneficia a interação.” Professor D: “Sim. Para fixação de conteúdos ou para pesquisa.” Professor E: “Sim , pois o professor tem disponibilidade de preparar melhor suas aulas com o auxílio das tecnologias, melhorando cada vez mais o processo ensino aprendizagem para que seus objetivos sejam atingidos.” Professor F: “Diversifica a aula e melhora a fixação do conteúdo pelo aluno, pois trabalha e mostra de forma diferente.” Professor G: “Sim, mas, infelizmente, nós professores, temos dificuldades em utilizar esses recursos.” Professor H: “Na minha opinião os recursos disponíveis em nosso colégio contribuem bastante na qualidade de ensino. Quando tenho alguma dúvida em certos assuntos, recorro a pesquisar na internet e a livros na biblioteca do colégio.” Professor I: “Sim, o uso dos recursos disponíveis contribui e muito para o ensino tais como: Planejamentos das aulas, renovar metodologias pedagógicas de ensino, qualificar o nível de aprendizagem, desenvolver o raciocínio lógico e estimular o raciocínio independente.”
Professor J: “Usando atividades da TV pendrive para motivar o aluno em sua aprendizagem, assim como filmes, livros e palestras.” Professor L: “Certamente, tais recursos são fonte e pesquisa, conhecimento ao professor e alternativa metodológica à aprendizagem do aluno. É preciso no entanto, vencer as barreiras do desconhecimento a resistência ao novo, e acreditar que esses recursos são novos aliados na prática atual.” Professor M: “Sim desde que o uso seja bem planejado – o simples uso pelo uso, não leva a nada o professor deve sempre passar vídeos ou apresentações, fazer uma retrospectiva e discussão sobre o que foi visto.” Esta pesquisa realizada com professores determinou que para o uso efetivo das tecnologias nas escolas é necessário aperfeiçoamento técnico e pedagógico dos professores bem como seu empenho, pois a questão determinante não é a tecnologia em si mesma, mas a forma de encarar essa mesma tecnologia, usando-a, sobretudo como estratégia cognitiva de aprendizagem. As
desvantagens
citadas
nesta
pesquisa,
especialmente
relacionadas à falta de tempo e de treinamento, podem demonstrar, de certa forma, que há resistência por parte de professores em enfrentar as mudanças ocasionadas pela tecnologia. Em muitas situações, observa-se que o empecilho "falta de tempo" funciona como uma defesa dos professores frente ao impacto ocasionado pela tecnologia e à necessidade de uma adaptação a um novo padrão que vem se estabelecendo na área da educação. Ainda em relação à falta de tempo, Chaves faz a seguinte colocação: Administrar o tempo não é uma questão de ficar contando os minutos dedicados a cada atividade: é uma questão de saber definir prioridades. Provavelmente (numa sociedade complexa como a nossa), NUNCA vamos ter tempo para fazer tudo o que precisamos e desejamos fazer. Saber administrar o tempo é ter clareza cristalina sobre o que, para nós, é mais prioritário, dentre as várias coisas que precisamos e desejamos fazer - e tomar providências para que essas coisas mais prioritárias sejam feitas, sabendo que as outras provavelmente nunca vão ser feitas (mas tudo bem: elas não são prioritárias). A literatura tem apontado dificuldades enfrentadas para se adaptar às mudanças tecnológicas impostas pela crescente informatização de nossa sociedade. (1992, p. 1)
No segundo momento do trabalho foi disponibilizado aos professores o Caderno Temático/Tecnologias na Educação para estudo e consulta, no qual se acompanhou o trabalho de 05 (cinco) professores nas seguintes disciplinas:
Matemática, Biologia, Língua Portuguesa, Filosofia e Ciências. Quanto aos demais, procurou-se sempre auxiliá-los na busca e organização de materiais. Os encaminhamentos necessários para o desenvolvimento das atividades foram preparados na hora-atividade dos professores, fazendo pesquisas, salvando documentos, imagens, sons e vídeos nos pen-drives nos formatos adequados e compatíveis com a TV. Para a aplicação das atividades, foram utilizados o Laboratório de Informática e a TV Pendrive. Foi trabalhado o filme “Ao Mestre com Carinho”, no qual o objetivo foi mostrar aos alunos a importância do professor, bem como o comportamento negativo dos alunos em situações do cotidiano, sendo trabalhadas questões relacionadas ao racismo/Lei n. 10.639/03, pois no filme o professor é negro e os alunos o chamavam de “tição”, o que mostra a discriminação e o preconceito na perspectiva do reconhecimento das diferenças para, a partir daí, construir identidades e efetivar uma igualdade, tanto de condições, como de direitos e deveres. Respeito foi outro ponto trabalhado, onde os alunos puderam perceber que a falta de respeito de um para com o outro gera violência. A partir do momento em que eles começam a se tratar melhor, chamando os colegas pelo próprio nome, sem apelido, as coisas começam a melhorar, tendo um clima mais agradável entre eles. Resultados alcançados: Em todas as questões trabalhadas obteve-se um resultado positivo, até mesmo com relação àqueles alunos mais desinteressados percebeu-se uma melhora. Foi até de certa forma surpreendente, pois, como primeira experiência, não sabia até que ponto poderia despertar o interesse pelo filme. Fui levado pela emoção que o filme carrega, na minha visão como professor, e consegui passar essa emoção para os alunos. O aluno passa a ter uma visão mais humana do professor e admite a sua falta de respeito e interesse para com a Escola e os Professores. A apresentação do filme “Meu pé Esquerdo” foi uma oportunidade para se refletir sobre os problemas enfrentados por todos aqueles que têm uma deficiência física e outros tipos de implicações, e que suportam condições de adversidades para transpor as barreiras da indiferença e assegurar, socialmente, sua dignidade humana e o direito de ser considerado “capaz”. Essa leitura de mundo
possibilita entender que as vitórias obtidas ao longo da vida são resultados de força de vontade e superação dos limites. Percebe-se que a situação dos dois filmes remete à capacidade de resistir a situações difíceis, sem perder seu equilíbrio inicial, ajustando-se positivamente e resistindo às pressões do cotidiano escolar, mantendo o foco no objetivo a ser atingido. É interessante tecer um breve comentário sobre resiliência, que é a capacidade concreta de retornar ao estado natural de excelência, superando uma situação critica. Segundo o dicionário Houaiss, é a capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças. O ser humano resiliente desenvolve a capacidade de recuperar-se e moldar-se novamente a cada obstáculo e a cada desafio. Quanto mais resiliente for o indivíduo, maior será o desenvolvimento pessoal, tornando-o uma pessoa mais motivada e com capacidade de contornar situações que apresentem maior grau de tensão. Um indivíduo submetido a situações de estresse que tem a capacidade de superá-las sem lesões mais severas é um resiliente (GRAPEIA, 2007, p. 2).
Já as aulas no Laboratório de Informática também foram muito positivas, pois os alunos fizeram pesquisas para aprofundar os conteúdos que o professor estava trabalhando. Essas aulas foram devidamente planejadas, atingindo assim o objetivo a que foi proposto. As aulas utilizando a TV Pendrive vêm ocorrendo com mais freqüência. Para a realização dessas aulas o professor conta sempre com o suporte da proponente deste artigo, bem como da equipe da escola. Os alunos do Ensino Médio da disciplina de Biologia confeccionaram seu próprio material, utilizando CD-Room para a apresentação dos trabalhos. Através das atividades desenvolvidas foi possível uma tomada de consciência da importância de incorporar as TICs à prática pedagógica e ao contexto da sala de aula. Desta forma, compreende-se que a presença das tecnologias na sala de aula não pode acontecer de forma separada do contexto da aula em si. O planejamento didático deve ser pensado em coerência com os meios a serem utilizados, para que assim eles possibilitem a mediação entre o conteúdo e o saber do aluno. É necessário ficar alerta, porque a presença isolada e desarticulada das novas tecnologias na escola não é sinal de qualidade de ensino.
Desta forma, o profissional docente necessita estar consciente de que sua formação deve ser permanente e integrada no seu dia a dia, deve reconhecer a necessidade de continuidade da construção do saber no processo de atuação profissional e assumir seu papel como agente que reflete sobre as ações que realiza cotidianamente.
CONCLUSÃO As atividades desenvolvidas durante a participação no PDE/2008 (Programa de Desenvolvimento Educacional) contribuíram significativamente para ampliação dos meus conhecimentos sobre os pressupostos teórico-práticos da educação no Brasil, sua evolução, intencionalidades e rupturas, bem como para a compreensão de suas influências no processo de formação do professor e, conseqüentemente, na prática pedagógica na escola. Uma das atividades que teve grande relevância para o desenvolvimento dos meus trabalhos foi o GTR (Grupo de Trabalho em Rede), que tem como objetivo possibilitar novas alternativas de formação continuada, viabilizando um espaço de estudo e pesquisa que articule as especifidades da realidade escolar, estabelecendo relações teórico-práticas nas diversas áreas do conhecimento, visando o enriquecimento didático-pedagógico, através de leituras, reflexões, trocas de experiências, sendo possível socializar o Plano de Trabalho do professor PDE com os demais professores da Rede. Através dos professores participantes e de suas contribuições pude retomar algumas questões tanto relacionadas ao Projeto de Implementação, bem com a Produção Didático Pedagógica, os quais foram enriquecidas no decorrer dos trabalhos. Considerando os dados levantados neste estudo, pode-se concluir que a percepção dos professores sobre a utilização das novas tecnologias no ensino é positiva. Isso pode ser evidenciado pelo desejo apresentado pelos professores em aprender a utilizar as novas tecnologias, pelo aumento crescente de sua utilização e também pelas relações que são estabelecidas entre a tecnologia e a construção de conhecimentos, possibilitando novas aprendizagens. A partir do conhecimento dos recursos mais utilizados pelos professores e de suas percepções quanto a vantagens e desvantagens, pode-se compreender melhor este processo de
transformação, obtendo subsídios que permitem proporcionar condições mais adequadas e novas perspectivas para as escolas lidarem com o desafio decorrente do avanço da tecnologia. Daí a importância da formação continuada em serviço implantado nos últimos anos pela Secretaria de Estado do Paraná, com o objetivo de instituir uma dinâmica permanente de reflexão, discussão e construção do conhecimento, sustentada em premissas que colocam em relevo a escola como lugar de crescimento permanente e o professor como um profissional reflexivo, que constrói o conhecimento na interação com os outros, por meio do estudo da prática de seu trabalho e da teoria que a fundamenta, evidenciando, assim, a necessária superação da dicotomia teoria e prática na formação continuada dos professores da educação básica. Portanto, considera-se um desafio investigar as próprias práticas educacionais, a fim de enriquecê-las a partir do planejamento da ação concreta, utilizando os recursos tecnológicos como potencializadores do processo de ensinoaprendizagem, através dos recursos existente na escola, propondo, dessa maneira novos saberes para professores que estarão investigando e refletindo sua ação docente, buscando, assim, estratégias de ensino para que o educando se aproprie de maneira significativa do conhecimento elaborado.
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