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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE BIBLIOTECONOMIA DIRETÓRIO ACADÊMICO DE BIBLIOTECONOMIA XIV Encontro Regional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência da Informação e Gestão da informação Os novos campos da profissão da informação na contemporaneidade 16 a 22 de janeiro de 2011

OS DESAFIOS DO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO FRENTE AS NOVAS TECNOLOGIAS E EXIGÊNCIAS DO MERCADO DE TRABALHO1

Denizete Mesquita Franceli Mariano Francisca das Chagas Viana RESUMO Com o advento das tecnologias e a crescente demanda informacional, as instituições públicas e privadas passaram a exigir ainda mais dos profissionais responsáveis pela captação, organização, armazenamento e disseminação das informações. Diante do exposto, buscou-se verificar quais as principais habilidades que os profissionais das áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação (BCI) devem apresentar para estarem inseridos no mercado de trabalho. Para a execução da pesquisa utilizou-se a metodologia qualitativa com análise literária de autores que versam sobre esta temática, bem como aplicação de 20 questionários com perguntas semi-abertas para profissionais que atuam nos setores públicos (universidades e tribunais) e privados ( faculdades e bibliotecas especializadas). A escolha dos profissionais ocorreu de forma aleatória, o período da coleta de dados ocorreu entre os meses de agosto e outubro de 2010. De posse da literatura selecionada e dos dados coletados através dos questionários, pode-se verificar que as principais habilidades exigidas são: domínio do uso das ferramentas tecnológicas, domínio de pelo menos uma língua estrangeira e noções de gerenciamento de serviços e pessoas. Assim, pode-se dizer que o atual mercado de trabalho exige dos profissionais de Biblioteconomia e Ciência da Informação não só o domínio do processamento técnico já conhecido, mas também habilidades sobre o gerenciamento de todo o processo, desde a aquisição à disseminação das informações. Palavras-chave: Mercado de trabalho – Bibliotecário. Tecnologias da informação. Gestão da informação.

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Trabalho cientifico de comunicação Oral apresentado ao GT 2 - Mercado de trabalho e organização social e política do profissional da informação. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí – FAPEPI, Graduada – [email protected] Universidade Estadual do Piauí – UESPI, Graduada – [email protected] Universidade Estadual do Piauí – UESPI, Graduada – [email protected]

1 INTRODUÇÃO

A pesquisa surgiu a partir de questionamentos feitos a cerca das exigências do mercado de trabalho aos profissionais bibliotecários e dos perfis apresentados por estes. Outro fato que concorreu para estas indagações, diz respeito às formações apresentadas pelas escolas de biblioteconomia, que na grande maioria não preparam o profissional da informação para lidar com as ferramentas tecnológicas e com o gerenciamento dos serviços, produtos e processos decorrentes do fazer bibliotecário. Inicialmente procurou-se abordar de forma geral, as conceituações e evoluções históricas do profissional bibliotecário visando compreender o tema estudado, para posteriormente adentrar aos perfis, competências e habilidades que estes apresentam. Em seguida procurou-se coletar informações a cerca do uso das tecnologias da informação nas atividades biblioteconômicas e das exigências do mercado de trabalho. Para melhor compreender o objeto de estudo, foi realizada uma pesquisa com profissionais de diversas instituições (públicas e privadas) de várias regiões do Brasil, por entender que desta forma poder-se-ia chegar a uma visão global acerca do tema pesquisado. Não se pretende aqui esgotar o tema, mas servir como embasamento para estudos posteriores, sejam eles de forma geral ou direcionada à profissionais de determinada região ou setor. Para a construção do trabalho, partiu-se da pesquisa bibliográfica para em seguida executar a pesquisa de campo. Utilizando como instrumentos de coleta de dados, questionário semi-aberto, objetivou-se identificar dados relativos a formação e as concepções do profissional a cerca dos desafios que estes enfrentam em relação as demandas do mercado de trabalho.

2 CONCEITUAÇÕES E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO

Inicialmente recorremos a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do ano de 2002 para descrevermos as categorias de profissionais da informação, mas atendo-nos ao Bibliotecário como motivo maior de nosso estudo. Segundo Neves (1998 apud DUTRA; CARVALHO, 2006, p. 183):

A expressão “Profissional da Informação” surge na literatura a partir do final da década de 80 e início da década de 90, para atender a uma necessidade das unidades de informação, que trabalhavam principalmente com a realidade das novas tecnologias.

No entanto, é conveniente lembrar que a adoção de novos paradigmas pode ser considerada a partir da evolução dos computadores e inserção destes nas organizações como forma de agilizar os processos diários. A adoção de Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC’s), o aumento na geração e fluxo de informações nas organizações exigiram novas propostas de trabalho e novos profissionais capazes de lidar com o ciclo informacional e propor soluções para organização do caos informacional. Mas é fato que a internet veio modificar significativamente esse modelo. A autora também cita como marco histórico da temática em questão a criação em 1992 do grupo de estudo Special Interest Group/ Modern Information Profissional (SIG/MIP), pela Federação Internacional de Informação e Documentação (FID). O grupo objetivou estudar as necessidades do mercado de trabalho emergente e suas implicações na formação do profissional da informação. Neves (1998 apud DUTRA; CARVALHO 2006, p. 183) Várias conceituações surgiram ao longo dos anos em volta da expressão Profissional da Informação (PI), questionamentos a cerca dos grupos de profissões nele inseridos, sendo conveniente para esse estudo lembrar que dentro desse espaço estão inseridos os profissionais que têm seu trabalho atrelado a informação. Portanto permanecem nesse contexto os arquivistas, documentalistas, jornalistas, museólogos, analistas da informação ou pesquisadores de informação em rede, bibliotecários entre outros. Segundo a CBO (CLASSIFICAÇÃO..., 2010) a ocupação de bibliotecário encontra codificado em 2612 -05. As denominações dadas aos profissionais que encontram-se sob esta codificação são: “Biblioteconomista, Bibliógrafo, Cientista de informação, Consultor de informação, Especialista de informação, Gerente de informação, Gestor de informação”. Outra conceituação interessante revela um profissional capaz de atender às necessidades de determinados grupos de usuários (bibliotecas especializadas, escolares, universitárias etc), sabendo que essa deve ser contextualizada, pois a informação só tem valor se for útil. Afirmamos que não cabe ao bibliotecário moderno apenas captar, processar e disseminar a informação, é preciso disponibilizá-la com inteligência. Para Silva e Arruda (1998, p.6):

[...] profissional da informação, considera-se aqueles bibliotecários que apresentam por opção uma mudança de postura através da consciência da importância para a comunidade, uma vez que sua missão e papel continuarão os mesmos, ou seja, desenvolver a comunidade através da informação certa e a um custo baixo e, sobretudo, de forma rápida, segura e eficaz.

2.1 Perfil, competências e habilidades do profissional bibliotecário

As mudanças que vem ocorrendo no mundo do trabalho, nas organizações na qual fazem parte as unidades de informação têm forçado uma mudança de atitude e/ou adaptação de praticamente todas as categorias de profissionais, dentre elas a dos bibliotecários. Isso porque a globalização que veio acompanhada da adoção de novas tecnologias, internet, novos modelos de gestão, vem moldando os profissionais que pretendem permanecer competitivos no mercado de trabalho. Consideramos que há uma espécie de transição entre o que denominou-se de “sociedade da informação” e “sociedade do conhecimento”, isso porque há sociedades que encontram-se em um ou outro modelo e outras que ainda patinam no primeiro modelo. Sabemos porém que as sociedades que estão em estado mais avançado de gestão e uso da informação e do conhecimento são as que melhor tem se desenvolvido no mundo globalizado. Palavras de ordem como gestão da informação, inteligência competitiva, trabalhadores do conhecimento e gestão do conhecimento são essenciais para esse desenvolvimento. Nesse contexto não há como conceber um PI (bibliotecário) atrelado apenas aos modelos tradicionais das técnicas de captura, tratamento e disseminação de informações. Ao processamento técnico tradicional devem ser incorporados uma gestão e posicionamento de agente intermediário do conhecimento, como cita Rezende (2002, p. 76):

O mercado exige hoje especialistas em trabalhar a informação de maneira criativa, dentro das empresas, esses são considerados os novos agentes do conhecimento. Dentre esses profissionais do conhecimento cujo perfis de atuação dependem do uso e interpretação da informação encontram-se os bibliotecários ou agentes intermediários.

E continua com a descrição dessa categoria de agentes como:

Especialistas em intermediar o acesso à informação, cujo processo se inicia com a identificação e interpretação das demandas de informação do negócio, seguida da identificação das fontes de informação, da seleção e pesquisa propriamente dita, da organização que torna as informações acessíveis e por fim, da divulgação para os agentes do conhecimento existente na empresa.

Sabemos que na atualidade o principal ativo das organizações é o capital intelectual e portanto, na função de gerente o bibliotecário deve manter fortalecido os seus ativos de competência individual e o dos que consigo trabalham. Esses ativos são considerados no trabalho de Rezende (2002, p. 78) e enumerados como “o conhecimento, a expertise, a perícia, as habilidades, capacidade criativa e de liderança”. Segundo a autora o perfil do bibliotecário/agente intermediário da informação desenha-se nos seguintes aspectos:

Na escolha do perfil de quem serão os agentes do conhecimento não se discute mais saber ou não inglês e espanhol, isso é obrigatório. Assim como dominar novas tecnologias como internet, intranets [...]. Hoje não basta ler três jornais por dia, passar horas navegando em sites noticiosos, ou ler montanhas de livros, se o conteúdo aprendido não for empreendido na geração de alguns tipo de valor. È a supremacia da qualidade perante a quantidade.

São novos paradigmas que se opõem ao trabalho manual mecanizado e ao perfil de bibliotecário visto apenas como sistematizador de acervos, conhecedor de técnicas infalíveis de organização e recuperação de informação. O perfil é o de um profissional recheado de habilidades e postura ética e proativa, líder, mantenedor de boas relações interpessoais, gerenciador de conflitos, bom comunicador e com visão de futuro. O PI em questão é aquele apto a transpor as barreiras físicas da biblioteca tradicional, para inserir-se e buscar informação de qualidade nas bibliotecas virtuais e digitais, nas comunidades virtuais etc. Portanto os profissionais da informação (PI) contemporâneos não têm mais seu espaço de atuação profissional garantido, simplesmente por serem bibliotecários [...], mas por reunirem também conjuntos de habilidades e competências que lhes possibilite gerenciar a informação enquanto recurso. (DUTRA; CARVALHO 2006, p.178-179)

Nosso posicionamento é também o de um profissional com visão holística, capaz de trabalhar com equipes inter e multidisciplinares, especialistas em diversos assuntos, mas ao mesmo tempo expert em trabalhar a informação contextualizada aos que dela necessitem. Não se adquire todas essas habilidades e esses perfis somente com a formação adquirida nas escolas formais, é preciso a eles a consciência de que nenhum profissional é completo, mas as possibilidades de melhorias profissionais devem ser buscadas cotidianamente através da formação continuada, (pós-graduação, participação em cursos, eventos, leituras diversas, efetivando publicações etc).

A adaptação do bibliotecário emergente ao mercado de trabalho é uma discussão que encontra reforço em diversos estudos, sendo enumeradas várias competências e habilidades. Não nos furtamos nesse estudo a fugir dessas regras e adotamos as seguintes conceituações:

A competência significa o somatório de conhecimentos adquiridos no decorrer da vida, capazes de moldar-se às diversas situações do cotidiano, para que seja possível reagirmos de modo diferenciado em cada situação, permitindo-nos uma solução adequada para cada situação, de modo a possibilitar-nos realizar atividades. (DUTRA; CARVALHO 2006, p. 185)

Farias et al (2005, p. 26) descrevem as habilidades profissionais como “Pensamento crítico, criatividade, solução de problemas, tomada de decisão e ultimamente a inteligência emocional, como estratégias utilizadas no modelo que prima pela cultura do conhecimento”. Na relação de competências relacionadas as autoras citam a “disposição para mudanças, liderança, organização e planejamento, conhecimento de idiomas, capacidade empreendedora, raciocínio lógico”. Berto; Plonski (1999 apud FERREIRA 2003, p. 46) enumeram um ranking de habilidades demandadas pelo mercado como: [...] O domínio na utilização de equipamentos eletrônicos e de softwares específicos, excelência na comunicação oral e escrita, conhecimentos de bases de dados, capacidade para trabalhar em grupo, conhecimento do ambiente de negócios da informação, embasamento teórico e prático sobre o funcionamento das organizações virtuais de informação [...].

3 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E O FAZER BIBLIOTECÁRIO

Com o crescimento da literatura científica e explosão bibliográfica após a segunda Guerra Mundial e a formação da comunidade mundial - globalização, surge a sociedade da informação, voltada para o uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC), e que segundo More (1999 apud ALMEIDA; BERNIZ, 2004, p.17), é “uma sociedade na qual a informação é utilizada intensamente como elemento de vida econômica, social, cultural e política”. Sendo sua principal característica a capacidade de produção de informações em quantidade e diversidade. Vale acrescentar que o paradigma da sociedade da informação resultou de um processo social de desenvolvimento científico e tecnológico revolucionário, cujas forças

impulsoras geram implicações técnicas, sociais, políticas e econômicas que são cumulativas e irreversíveis. (TARGINO, 1998). O surgimento desse paradigma, o da tecnologia da informação, deu vida ao termo profissional da informação, identificado aqui como bibliotecário, anteriormente, as atividades executadas por este profissional se restringiam aos limites físicos de uma biblioteca com suportes no formato tradicional (livro), ele agora enquanto profissional da informação faz uso da tecnologia da informação, transpondo barreiras físicas, tornando-se um profissional polivalente que de acordo com Souto (2006, p. 8) combina “características das áreas de informática, comunicação social, administração, economia, lingüística, biblioteconomia, documentação e ciência da informação”. Com base no exposto, para se manter no mercado emergente os PI devem desenvolver continuamente suas atividades típicas: captação, tratamento, organização, armazenamento e disseminação das informações, como também priorizar a formação contínua, ter domínio e fazer aplicação das TIC nas unidades de informação, ser gestor de base de dados e bibliotecas virtuais, aprender a lidar mais com processos que com técnicas, etc. Pois conforme Ferreira (2003, p.47), ele “é o agente que acompanha, intermedia e apóia outras pessoas na busca da informação, não importando em que suporte ou meio ela esteja”.

3.1 O profissional da informação e o mercado de trabalho A (CBO) apresenta o bibliotecário “como profissional da informação e aponta suas atividades como sendo a disponibilização de informações em qualquer suporte, objetivando facilitar o acesso à informação e à geração do conhecimento”. (DUTRA; CARVALHO, 2006, p.181). Frente às novas exigências do mercado de trabalho, que se transforma marcadamente em face do crescente fluxo informacional e das novas TIC’s, a informação passa a ser percebida como recurso estratégico, onde há uma demanda por profissionais munidos de novas habilidades e competências. Sendo assim, é atribuído ao PI novos requisitos para a sua inserção, permanência e expansão no mercado de trabalho, em virtude das constantes atualizações em relação as técnicas e procedimentos para o gerenciamento das informações. Além das mudanças de perfil, esse profissional deve adaptar-se aos novos modelos organizacionais e de gestão de trabalho. Takahashi (2000 apud DUTRA; CARVALHO, 2006, p.182) ressalta “que houve modificação estrutural no mercado de

trabalho bem como do perfil do emprego, novas especializações profissionais surgiram, outras foram substituídas ou mesmo eliminadas”. Dutra; Carvalho (2006, p.184) de forma sintática definem mercado emergente para o PI “como o contexto dinâmico em que surgem novos espaços de trabalho marcados pelo uso intensivo das TIC na geração, armazenamento, recuperação e difusão da informação em que demandam a inclusão de novas habilidades e competências ao perfil tradicional”. Em meio às habilidades exigidas pelo mercado de trabalho, para o atual PI, Souto (2006, p.7) destaca:

a) ser inovador, criativo, líder e saber comunicar-se; b) conhecer e integrar novos recursos para a recuperação da informação; c) gerenciar estoque de informação para uso futuro – Gestão da informação; d) identificar e potencializar os recursos informacionais – Criação, Análise e Uso, através de 6 processos diferenciados e integrados: identificação, aquisição, organização e armazenamento, desenvolvimento, distribuição, uso da informação; e) fomentar informação comentada e comunicada; f) utilizar tecnologias com foco nas organizações, no valor da rede (sobrevivência da organização) através de bibliotecas virtuais nos ramos de redes e processos; g) utilizar e implementar redes, consórcios, parcerias, terceirização da informação organizacional.[

De acordo com Rodrigues e Sousa (1997 apud DUTRA; CARVALHO, 2006) deve-se encarar esse novo mercado e as inovações tecnológicas como uma oportunidade para o PI e para a Biblioteconomia alcançar novos patamares. Em vista que a procura e o espaço deste profissional interdisciplinar está cada vez maior, oferecendo-lhe um leque de opções. Em decorrência de seu papel intermediário entre os provedores da informação, os usuários e as TIC, o PI não pode ficar alheio a sua atual realidade, fazendo-se necessário a busca de uma formação que lhe dê condições de contribuir da melhor forma possível para o desenvolvimento da sociedade da qual faz parte. Mas é importante ressaltar que nenhum PI tem condições de reunir o conjunto de habilidades, conhecimentos e competências exigidas pelo atual mercado de trabalho, no entanto a busca pela requalificação e aprimoramento tem que ser uma constante na vida desse trabalhador. (SOUTO, 2006).

4 METODOLOGIA DA PESQUISA

Para o desenvolvimento do tema proposto neste estudo, será utilizado levantamento bibliográfico e aplicação de instrumentos de coleta de dados à pessoas que possuem experiência com a temática em estudo, assim a pesquisa mais adequada ao objeto de estudo é a pesquisa exploratória, pois segundo Gil (1991) este tipo de pesquisa visa

proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto estudado, possibilitando a este formular problemas mais precisos e até criar hipóteses que possam gerara novas pesquisas posteriormente. De acordo com Lakatos e Marconi (1991) o método hipotético-dedutivo, é o que melhor se adéqua ao tipo de pesquisa a ser realizada, pois serão utilizadas as técnicas de questionário e da análise de conteúdo.

4.1 Amostra, coleta e análise dos dados

A população pesquisada foi de profissionais bibliotecários que atuam nos setores público e privado de vários ramos e cidades do Brasil, para tal foram enviados questionários via e-mails. Destes, vinte (20) retornaram o questionário respondido. De posse dos dados coletados, estes foram organizados e analisados Para a coleta das informações, elaborou-se um questionário, com um texto explicativo sobre o tema abordado e o objetivo da pesquisa e em seguida com as perguntas direcionadas ao profissional. O questionário foi dividido em duas partes, a primeira composta de cinco questões fechadas referente aos dados profissionais e a segunda parte composta por duas questões aberta que tinha como objetivo coletar as opiniões destes profissionais em relação ao tema proposto. De posse dos dados, estes foram analisados e comentados de acordo com a sequência de perguntas a seguir. Inicialmente procurou-se verificar qual é o nível de formação destes profissionais. De acordo com análise das respostas, verificou-se a grande maioria possui pós graduação, o que comprova as informações obtidas na literatura sobre o tema Dutra (2006); Miranda; Solino (2006). Das respostas obtidas dos vinte pesquisados, tem-se que o seguinte: Três possuem apenas a graduação; Nove são especialistas; Cinco possuem mestrado; Dois possuem doutorado e; Um possui pós-doutorado. O segundo questionamento foi direcionado ao tempo de graduação que estes profissionais possuem. Neste quesito, procurou-se não só o tempo de formado, mas também fazer um comparativo em relação ao questionamento anterior. Vale ressaltar que as respostas

obtidas neste item foram de grande relevância, pois observou-se que o tempo de formado não significa necessariamente que estes profissionais possuem melhores níveis de qualificação. A maioria dos profissionais que possuem pós – graduação em nível de mestrado tem menos tempo de formado que aqueles que possuem apenas especialização. Cabe aqui uma pergunta que dá respaldo para uma investigação posterior. Porque os bibliotecários especialistas com mais tempo de formação não deram continuidade ao seu processo de formação continuada? Para melhor compreensão, as respostas serão citadas conforme questionário enviado aos pesquisados. Dos vinte respondentes, três possuem até dois anos de formado; quatro possuem entre dois e cinco anos; sete entre cinco e 10 anos de formados e seis declararam que já ultrapassam mais de uma década que concluíram a graduação. Analisando as respostas obtidas na terceira pergunta (qual a área de atuação), os pesquisados revelaram que a grande maioria trabalham no setor público, seguido dos que trabalham na iniciativa privada, nenhum dos respondentes declarou trabalhar n terceiro setor (Organizações Não Governamentais – ONG). É importante salientar que de acordo com as respostas obtidas nas questões anteriores e as constatações obtidas neste item, pôde-se verificar que a maioria dos profissionais que atuam em instituições públicas possui níveis de pós – graduação mais elevada. Do total de vinte pesquisados, 65% declararam fazer parte do setor público e 35% do setor privado. O quarto questionamento feito direcionado a área de atuação dos profissionais. Dentre as sete opções de respostas, as bibliotecas universitárias foram as mais citadas (sete profissionais), seguida das bibliotecas especializadas (seis), bibliotecas públicas (três), bibliotecas escolares (dois) e outros (docência) foram citados cada uma por dois profissionais. O fato de a biblioteca universitária ter sido a mais citada deve-se ao fato de que surge a cada dia novas faculdades e universidades, exigindo assim a presença de um profissional bibliotecário para gerir todo o fluxo informacional necessário ao desenvolvimento das atividades acadêmicas. Também porque a Lei de obrigatoriedade desse profissional em bibliotecas escolares ainda é recente (Nº 12.244 de 24 de maio de 2010) e muitas instituições ainda vão demorar para adaptarem-se a esse novo modelo. Em relação aos que exercem docência, um (01) possui pós-graduação em nível de pós-doutorado e outro possui especialização. Na quinta pergunta, buscou-se identificar quais destes profissionais exerciam função de gestão/administração do setor que trabalha. Como resposta obteve-se que 65% não exercem a função de gestão, apenas 35% declararam desempenhar tal função. Apesar de parecer pouco expressiva, esta porcentagem tem crescido de forma significativa, pois para que

estes possam executar todas as tarefas que lhes são atribuídas é necessário o conhecimento das áreas de gestão de processos e serviços, tendo em vista que a demanda informacional cresce de forma exponencial. De acordo com análise dos cinco primeiros quesitos, pode-se dizer que os profissionais da informação reconhecem a necessidade da qualificação profissional para poder atender às exigências do atual mercado de trabalho. As perguntas elaboradas no sexto e sétimo quesito objetivaram coletar as concepções que estes profissionais apresentam em relação as principais mudanças ocorridas no campo de atuação do profissional na última década e quais os perfis, habilidades e competências que estes profissionais devem apresentar para atender as exigências do atual mercado de trabalho. Em relação “as principais mudanças ocorridas nas atividades e campo de atuação do profissional bibliotecário na última década”, foram elencadas uma série de mudanças. De acordo com as respostas obtidas, mesmo aqueles profissionais que estão formados há menos de 10 anos possuem um conhecimento acentuado em relação às transformações ocorridas no fazer bibliotecário, especialmente em se tratando dos suportes informacionais e dos processos que envolvem o fazer bibliotecário. Visando proporcionar maior veracidade aos dados, serão citadas algumas respostas apresentadas pelos pesquisados. Vale ressaltar que para preservar a identidades dos mesmos, serão criados nomes fictícios, como veremos a seguir: Antonio:

Surgimento da sociedade da informação que por sua vez passou a fazer uso das novas tecnologias da informação e comunicação; O crescimento da literatura cientifica e a explosão bibliográfica após a Segunda Guerra Mundial que fez com que esse profissional se ajustasse a novos paradigmas.

Beatriz:

Uma das principais mudanças ocorridas no nosso campo de trabalho foi o crescimento da responsabilidade, não que antes não existisse, mas na atualidade estamos mais atuantes e tendo uma maior participação no que trata à gestão e tomada de decisões no ambiente de trabalho.

Ana: O profissional bibliotecário está cada dia mais atuando em outros serviços informacionais, não se limitando apenas as bibliotecas, plataformas de editoras, portais d informação, digitalização de documentos, gerenciamento de informações de empresas.

Carlos:

As principais mudanças ocorridas em se tratando da profissão do bibliotecário, especialmente na última década, refere-se aos suportes em que as informações são apresentadas. Outro fator que merece destaque é que os bibliotecários estão atuando em áreas que antes não atuavam, especialmente envolvendo a direção do setor que trabalha, pois é cada vez mais comum se ver bibliotecários que comandam não só o setor de aquisição de livros e materiais para executar as atividades técnicas, mas gerenciando todos os recursos da unidade de informação, inclusive os recursos humanos, que considero o mais difícil, pois no decorrer da graduação não são ofertadas disciplinas que ensinam o futuro profissional da informação a lidar com a gestão, seja ela de recursos humanos ou materiais.

As respostas citadas pelos pesquisados confirmam o que os estudiosos sobre o tema defendem Dutra (2006); Faria et al (2005); Ferreira (2003); Silva; Arruda (1998), especialmente em relação as mudanças de mentalidade destes profissionais em se tratando do fazer bibliotecário e das tendências do mercado globalizado. A sétima e última pergunta direcionada aos profissionais bibliotecários teve a seguinte indagação: “quais os perfis, habilidades e competências que os profissionais da informação devem apresentar para atender as exigências do atual mercado de trabalho”. Dentre as respostas obtidas, foi unânime o domínio das novas tecnologias da informação e do conhecimento sobre gestão e administração de informações e pessoas. Vale destacar que esta pergunta apresentou várias respostas que merecem ser citadas, pois são de grande importância não só para a pesquisa do tema proposto como também a realização de pesquisas posteriores, dentre as respostas serão destacadas as seguintes: Ana:

Quanto ao domínio com as novas tecnologias, os novos suportes informacionais, temos que está cada vez mais ligado ao mundo virtual, atualizar-se, e ter a competência de saber filtrar a informação desejada, no meio do excesso informacional que nos encontramos hoje.

Bernardo: O “novo Bibliotecário” necessita está sempre atualizado, deixando para trás a ideia de querer apenas armazenar seu acervo, onde deve procurar desenvolver atividades que levem a sua comunidade de usuários à busca de seus serviços disponíveis ou levar a biblioteca até a mesma.

Lucas:

Conhecimento de, no mínimo, dois idiomas estrangeiros; domínio da tecnologia da informação e comunicação, mobilização e saberes e fazeres informacionais, como por exemplo, relacionar os conhecimentos da Biblioteconomia com a Ciência da

Informação, Linguística, Comunicação, etc.

Análise

de

Sistemas,

Inteligência

Competitiva,

De posse dos dados coletados, verificou-se que em parte os profissionais pesquisados tem buscado qualificar-se para poder atender as exigências do mercado globalizado independente de possuir ou não estabilidade no cargo e/ou função que exercem. Outro fator que merece destaque é a importância que estes dão para o domínio das novas tecnologias, especialmente em relação aos formatos e suportes que as informações estão disponibilizadas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos com a pesquisa revelaram que dentre os profissionais pesquisados, a grande maioria possui uma pós-graduação e que estes mesmo estando inseridos no mercado de trabalho, buscam constantemente atualizar-se, pois segundo relatos as exigências em relação as competências que estes devem apresentar aumentam constantemente. Desta forma, pôde-se perceber que mesmo aqueles que trabalham em instituições públicas e que já possuem estabilidade, precisam está atentos às atualizações relacionadas as técnicas e procedimentos do fazer bibliotecário. Outro dado relevante é o fato de que quase metade dos pesquisados declararam exercer funções de gestão, dentre estes uma porcentagem considerável já esta no mercado de trabalho há mais de 05 anos e possuem no mínimo a especialização. As respostas revelam que todos reconhecem a necessidade da formação continuada, especialmente porque os bibliotecários estão passando a atuar em outros segmentos que os não da biblioteca tradicional. Foram citados vários ramos em que o profissional da informação pode atuar, dentre eles as plataformas de editoras, portais de informação, gerenciamento de informações em empresas, digitalização de documentos, etc. Em relação ao perfil, competências e habilidades que estes profissionais devem apresentar diante das exigências do mercado de trabalho, pôde-se constatar que o domínio das novas tecnologias e suportes informacionais, foram bastante citados, bem como as habilidades para o gerenciamento não só das informações como também de recursos humanos e de processos que são imprescindíveis para a otimização dos serviços.

O atual profissional da informação para está inserido no mercado de trabalho deve apresentar conhecimento de língua estrangeira, ser criativo, possuir capacidade de liderança, inteligência competitiva, etc. Os resultados alcançados corroboram com o embasamento teórico utilizado durante a realização do trabalho de que, os profissionais que querem permanecer ou adentrar ao mercado competitivo de trabalho na atualidade necessitam reconhecer a presença de novos postos de trabalho, de investirem em formação continuada reconhecendo que diante de novos paradigmas, novos perfis devem ser apresentados.

THE CHALLENGES AHEAD OF PROFESSIONAL INFORMATION TECHNOLOGY AND THE NEW REQUIREMENTS OF THE LABOR MARKET ABSTRACT With the advent of informational technologies and growing demand, the public and private institutions have demanded even more from the professionals responsible for the capture, organization, storage and dissemination of information. Given the above, we sought to determine what are the main skills that professionals in the fields of Library and Information Science (BCI) shall submit to be entered into the labor market. For implementation of the research used qualitative methodology to analyze literary authors that deal with this issue as well as application of 20 questionnaires with semi-open to professionals working in the public sector (universities and courts) and private (colleges and specialized libraries). The choice of professionals occurred randomly, the period of data collection occurred between August and October 2010. Possession of the selected literature and data collected through questionnaires, one can see that the main skills required are: field of use of technological tools, mastery of at least one foreign language and concepts of managing services and people. Thus, one can say that the current job market requires professionals of Library and Information Science not only the area of technical processing already known, but also skills on managing the entire process, from acquisition to dissemination of information. Keywords: Labor market - Librarian. Information technology. Information management.

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