Gramado – RS De 30 de setembro a 2 de outubro de 2014
GABRIELLA: CONSTRUÇÃO DE UMA TIPOGRAFIA PARA CRIANÇAS EM PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO Affonso Wallace Soares Lopes Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Paraíba
[email protected] GABRIELLA: CONSTRUCTION OF A TYPOGRAPHY FOR CHILDREN IN PROCESS OF LITERACY Resumo: Este trabalho tem como objetos de estudo, a legibilidade, a leitura, aspectos da tipografia infantil e a observação de projetos tipográficos voltados para este público, tanto estrangeiros, quanto projetos do Brasil. O objetivo desta pesquisa foi o desenvolvimento de uma fonte tipográfica para crianças em processo de alfabetização. A partir dos temas estudados, de um levantamento da caligrafia das crianças e de um questionário realizado em escolas públicas no município de Cabedelo, na Paraíba, foi possível fazer uma análise e construir a tipografia Gabriella, onde foram utilizadas as metodologias de Leonardo Buggy (2007) e Fábio Lopes (2009), afim de otimizar o processo de leitura das crianças. Palavras-chave: Leitura, Legibilidade, Tipografia infantil Abstract: This work has as objects of study, legibility, reading, typography aspects of child and infant observation fonts, whose goal was the development of a typeface for children in the literacy process. From the research, of a review Calligraphy of children and a questionnaire conducted in public schools in the city of Cabedelo, it was possible to make an analysis and build a children's typography, where methodologies Leonardo Buggy (2007) were used and Fábio Lopes (2009), which resulted in the construction of typography Gabriella. Keywords: Reading, legibility, Infant typography 1. INTRODUÇÃO O presente artigo tem o objetivo de apresentar a construção de uma tipografia infantil através de pesquisas e estudos sobre leitura, legibilidade e tipografia infantil. O desenvolvimento da tipografia se deu a partir da pesquisa de autores sobre os temas, a aplicação de um questionário em escolas públicas da cidade de Cabedelo, na Paraíba e da coleta da escrita de crianças. Feito isto, foi necessário aplicar as metodologias de Buggy (2007) e Lopes (2009) para para construir a tipografia Gabriella. Devido ao fato de existir uma grande defasagem de aprendizado em leitura no Brasil, da importância de aprender a ler e de muitas crianças chegarem no 2º ciclo do
ensino fundamental sem saber ler e escrever, buscou-se desenvolver uma fonte tipográfica que minimiza-se estes problemas. Segundo o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, as crianças precisam aprender a ler e escrever até os oito anos de idade. Porém, durante a entrevista e aplicação dos questionários com educadores, eles delataram que algumas crianças possuíam dez anos de idade, ainda no 2º ano do ensino fundamental. Também pelo fato de existir poucos estudos sobre estes assuntos, principalmente no país, é que chegamos a seguinte pergunta: Como desenvolver uma tipografia para crianças em processo de alfabetização a partir dos princípios de legibilidade e de aspectos tipográficos infantis no Brasil? A partir disto, foi analisado as respostas dos educadores e observou-se a necessidade de coletar a caligrafia de crianças em processo de letramento para construir uma tipografia mais próxima da realidade local. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 LEITURA Para Martins (2006), a leitura é um processo de compreensão de expressões formais e simbólicas que se dão através do conhecimento de várias linguagens. Neste caso, a compreensão de leitura se dá ao ato de absorver o que é observado, é o processo de interpretação do conteúdo exposto ao leitor e da interação que ele realiza para com o texto em seu convívio social. Este processo é fundamental para o convívio das crianças em sociedade e é por isto que é na escola que elas começam a aprender a ler. Cagliari (1999) diz que a leitura é uma das atividades mais importantes a ser apreendida na escola e que esta atividade está ligada as demais atividades escolares. Entretanto, Barbosa (1991), aponta que a leitura é uma atividade pessoal e secreta e que só pode ser compreendida pelo leitor diante de um texto. É um processo ideovisual, do qual depende da visão e do cérebro, onde o leitor recebe as informações através dos olhos e da estrutura cognitiva. 2.2 TIPOGRAFIA INFANTIL 2.2.1 Leiturabilidade Apesar do foco da pesquisa ser em legibilidade, foi importante estudar e entender sobre leiturabilidade, pois, segundo Rumjanek (2009), estes dois conceitos são pouco exatos e podem variar de autor para autor, pois se tratando de processo de leitura, ambos tem uma relação interdependente. Geralmente a leiturabilidade é associada a compreensão de texto e ao conforto de textos corridos, enquanto que a legibilidade está relacionada ao reconhecimento de caracteres (RUMJANEK, 2009). Portanto o foco desta pesquisa foi os estudos de legibilidade, uma vez que as crianças em processo inicial de leitura, tendem a decifrar letra-por -letra, o que difere de leitores fluentes, que possuem maior repertório visual e tendem a decodificar o formato do contorno das palavras, por isto os estudos de legibilidade parecem serem mais adequados ao grupo de leitores em questão. 2.2.2 Legibilidade Segundo Lund (1999), legibilidade é um termo que vem sendo utilizado para mensurar (sob uma variedade de condições): a velocidade de leitura de um texto continuo (combinados com vários tipos de testes de compreensão), e a visibilidade ou percepção
de letras ou palavras (seja agrupados ou isolados, em qualquer sentido de tomada de decisões ou a uma distância variável, sob iluminação variável, ou pelo tempo de exposição).
entreletra entreletra entreletra
O que é entrelinha?
Entrelinha é espaço de uma linha de base a outra.
Figuras 01 e 02 - imagens representativas de espacejamentos entreletras e entrelinhas (Adaptado de LOURENÇO, 2011).
Para Strunck (1999) a legibilidade está relacionada a fácil identificação de caracteres pelo leitor e estes dependem do espaço a sua volta, do espaço entre as letras, conhecido como entreletras (figura 01) e do espaço entre uma linha de base a outra, que
espaço entre palavras espaço entre palavras espaço entre palavras Figura 03 - imagem representativa do espacejamento entrepalvras (Adaptado de LOURENÇO, 2011). é a entrelinha (figura 02). Sassoon e Williams (2000) afirmam que é necessário considerar o espacejamento das palavras (entrepalavras, figura 03) e justificar um texto somente se for extremamente necessário, levando-se em consideração as diferentes necessidades desses leitores. A legibilidade neste caso, é associada a contraforma das letras, ao tipo de iluminação, ao ambiente em que se lê, ao reconhecimento de um caractere isolado ou agrupamento de caracteres que tenha um bom espacejamento de entreletras, entrelinhas e entrepalavras. Também é relacionada velocidade de leitura, fatores ambientais, aspectos culturais e da fluência em leitura. 2.2.3 Caracteres Infantis De acordo com Walker (2005), são utilizados para descrever as letras projetadas de acordo com as necessidades das crianças. Estes caracteres são relacionados as ca-
Figura 04 - diferenciação do ‘a’ e ‘g’ adulto para o infantil (Adaptado de LOURENÇO, 2011). racterísticas caligráficas, ora são redesenhadas para distinguir uma letra parecida com outra, ora para se basear na letra cursiva. Walker notou que algumas crianças preferem o uso do “a infantil” que é o que elas escrevem ao “a adulto” (figura 04), que é o que elas lêem. 2.2.4 Uso de serifas Há uma grande discussão entre as tipografias com serifa e as sem serifa, onde pesquisadores questionam qual caractere é mais legível. Por isto é importante destacar alguns autores e analisar suas opiniões a respeito dos caracteres para compreender a importância serifa. Alguns autores como por exemplo, Heitlinger (2007), afirmam que as tipografias serifadas possuem maior contraste e consequentemente são mais legíveis que as sem serifas. Coghill (1980, apud Lourenço, 2011), como visto acima em pesquisas de legibilidade envolvendo crianças, é a favor do uso de serifas, devido a grande diferenciação entre letras (por meio de formas mais complexas) do que as tipografias sem serifa. Porém, Sassoon e Williams (2000) avaliaram a percepção de crianças em relação a diferentes estilos tipográficos e espacejamentos em 1993 e a partir desta pesquisa, desenvolveram uma fonte tipográfica específica para leitores iniciantes, chamada Sassoon Primary. 2.2.5 Ascendentes e Descentes
abcdef
ascendente altura de x descendente
Figura 05 - Exemplo de ascendentes e descendentes (Adaptado de LOURENÇO, 2011). As ascendentes são hastes que se estendem acima da altura x caixa baixa, e a as descendentes são hastes que ultrapassam a linha de base para baixo. (figura 05). Walker (2005) aponta que tipografias com ascendentes e descendentes muito curtos não ajudam no processo de leitura das crianças.
2.2.6 Tipografia Caligráfica Nesta pesquisa, foi observado que a maioria dos estudiosos em tipografia infantil, apontam como ideal as tipografias caligráficas ou que remetam a forma escrita, pois estas apresentam serem mais fáceis de ler para as crianças em processo de alfabetização. Sassoon e Williams (2000), demonstram que as crianças possuem necessidades para iniciar a leitura e que essas necessidades se assemelham com a forma escrita caligráfica. Os arcos da família tipográfica Sassoon, possuem “saídas” para uma possível ligação entre as letras. Estas “saídas”, denominadas Exit Strokes (figura 06), possibilitam um melhor es-
Figuras 06, 07 e 08 - respectivamente da esquerda para direita: A representação de “exit strokes”; Formas que remetem a escrita cursiva da tipografia; e Forma do ‘a’ que permite a escrita sem tirar o lápis do papel (Adaptados de SASSOON e WILLIAMS, 2000). paçamento entre as letras e simulam um agrupamento entre os caracteres que remetem aos movimentos da escrita cursiva (figura 07). As letras também possuem continuidade onde existe um único grande ponto de partida (figura 08), onde a caneta ou lápis parte deste ponto e que permite terminar de “desenhar” sem tirar do papel. 2.2.7 Fontes tipográficas voltadas para leitores iniciantes As tipografias a seguir, serviram de referência em alguns aspectos, tais como a utilização de longas ascendentes e descendentes, a proximidade com a escrita caligráfica, a utilização de caracteres infantis e a diferenciação de determinados caracteres que geralmente são confundidos pelas crianças com pouca fluência em leitura e quando estes caracteres não possuem uma boa diferença entre eles, como por exemplo o b, o p, o q e o d. Entretanto, estas tipografias também serviram para notar que elas não aten-
Figura 08 - Tipografia Sassoon Primary Infant (SASSOON e WILLIAMS, 2000).
Figura 09 - Tipografia Fabula (FONTE: tipografos.net).
Figura 10 - Tipografia Fabula (FONTE: tipografos.net). dem por completo as necessidades infantis de crianças brasileiras. Dentre elas estão, a Sassoon Primary Infant, a Fabula, e a Alphabetica (figuras 08, 09 e 10), pois as duas primeiras fontes foram desenvolvidas para uma outra realidade e a última, foi pensada para atender mais para leitores não fluentes adultos, do que crianças, especificamente. 3. METODOLOGIA 3.1 Questionário aplicado em escolas públicas Para entender melhor a realidade local, foi necessário desenvolver um questionário sobre os temas da pesquisa para compreender quais as dificuldades e necessidades infantis para o ato de ler. Sendo assim, foi elaborado 11 questões dos quais 9 professores do 1º e 2º do ensino fundamental responderam. Abaixo, seguem as questões já com a análise das respostas dos educadores. 1. Qual a média de idade de seus alunos? ▪ A maioria respondeu uma média de 7 anos de idade. 2. Que tipo de leitura seus alunos realizam dentro de sala de aula? ▪ As respostas foram variadas, tais como leitura visual, oral, e estilos de gêneros textuais, como contos, poesias, fábulas, etc. No entanto, é valido considerar que no aprendizado infantil, as crianças tendem a fazer leitura do que se vê em imagens ou do que se vê em seu cotidiano, o que facilita a leitura de textos e consequentemente na escrita, segundo as educadoras. 3. Existe alguma atividade relacionada à leitura fora de sala de aula? Se sim, qual?
▪ Nesta questão, também obtivemos diversas respostas, tais como leitura em grupo, realização de rodas de leitura, teatro com fantoches, leitura a partir de sua realidade e contexto social, como por exemplo a análise de objetos a sua volta, entre outros tipos. 4. Quais os tipos de livros eles utilizam em sala de aula? Didáticos e/ou paradidáticos? Como funciona a escolha dos livros para as crianças? Vocês possuem liberdade de escolha, tanto das editoras, quanto dos livros? ▪ Todas responderam que utilizam os dois tipos de livros, didáticos e paradidáticos. Entretanto, quando se fala em escolha de livros, algumas responderam não possuir liberdade na escolha dos livros, entretanto, das professoras que responderam que possuem liberdade de escolha, uma delas apontou não chegar o livro esperado. 5. Existe algum material preparado por você para a leitura com as crianças. Se sim, qual e por quê a necessidade de preparar este material? ▪ Quase todas responderam utilizar fichas de leitura. Entretanto, uma professora do 2º ano do ensino fundamental, chamou a atenção e respondeu utilizar cartilhas para o aprendizado em leitura e escrita das crianças. Outra professora do 1º respondeu que utiliza métodos onde os próprios alunos constrói seus materiais de leitura com o auxílio do professor. 6. Em sua opinião, a letra utilizada no quadro causa algum tipo de influência na leitura realizada pelas crianças? Ex.: Você percebe que as crianças tendem a retratar o tipo de letra que você escreve no quadro, tais como: letra em caixa alta, em manuscrito ou esse tipo de situação não causa nenhuma interferência na maneira delas escreverem e consequentemente no ato da leitura realizada por elas? ▪ Aqui também tivemos respostas variadas. Algumas professoras se demonstraram confusas. Elas relatavam que as crianças tendem a retratar o mesmo tipo de letra utilizado no quadro, entretanto, a maioria respondeu que a letra escrita no quadro não causa nenhuma influência na escrita da criança. 7. Existe algum tipo de dificuldade que você pode relatar em relação à leitura das crianças? Qual ou quais? ▪ Os resultados dessa questão também foram muito diferentes, mas alguns dados interessantes foram relatados, tais como a troca de letras, o reconhecimento de determinadas letras e a dificuldade de entender que as letras possuem 4 formas básicas de se escrever. 8. Existe alguma mudança no processo de leitura quando a criança passa do Primeiro para o Segundo Ano do Ensino Fundamental? Se sim, Qual ou quais? ▪ Dentre as repostas, algumas professoras relataram sobre as dificuldades de alguns alunos que chegam no 2º ano sem aprender palavras simples e ou junção de sílabas já outras, relataram sobre a evolução dessa passagem, tais como o aumento da fluência e compreensão em leitura.
9. Os seus alunos utilizam mais letra cursiva, letra caixa baixa ou caixa alta? Como funciona este processo? Muda de acordo com o ano? Ou, até de como essas letras vem apresentadas nos livros para as crianças? ▪ A maioria respondeu que utilizam a letra cursiva, entretanto algumas professoras responderam utilizar também a caixa alta bastão, principalmente no 1º ano do ensino fundamental ou no 2º ano, dependendo da atividade. 10. Existe algum tipo de letra que você acha que facilita a leitura e consequentemente o entendimento dos textos apresentados às crianças? As crianças demonstram algum tipo de facilidade com determinado tipo de letra? ▪ Em relação a leitura, a maioria respondeu caixa alta bastão. Porém, é válido ressaltar que uma respondeu não achar nenhum tipo de letra ideal que facilite a leitura. 11. Você teria alguma sugestão para as editoras, em relação à tipografia utilizada que poderia facilitar a leitura das crianças? Se sim, qual(ais)? ▪ A maioria respondeu que os livros deveriam utilizar mais letra cursiva e não utilizar letras serifadas (letra de imprensa, como algumas relataram). 3.2 Metodologias de Buggy e Fábio Lopes Para o desenvolvimento da tipografia Gabriella, foram utilizadas as metodologias de Leonardo Buggy (2007) e Fábio Lopes (2009). O primeiro, traz um método de ensino
Definição do projeto tipográfico
Busca de Referências
Tipografia sem serifa, legível voltada p/ crianças do 2º ano do ensino fundamental.
Caligrafia de crianças; Sassoon Primary; Fabula; Alphabética.
Definição das proporções da tipografia
Processo de desenho dos caracteres (Árvore de arquétipos)
Testes de espacejamento e kerning
Altura de x ou caixa baixa; ascendentes; descendentes; e altura de versal ou caixa alta;
Desenho dos primeiros caracteres: n, o, H, O; Seguido de: h, p, v; Números: 0, 1, 3 ou 0, 1, 8; Depois desenha-se o restante dos caracteres acentuações e símbolos, a partir da árvore de arquétipos.
Tipografia sem serifa, legível voltada p/ crianças do 2º ano do ensino fundamental.
Figura 11 - Desenho esquemático da metodologia de Buggy (FONTE: Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada). de desenho de caracteres tipográficos, o segundo, traz um método de construção a partir de referências caligráficas. Por isto, este projeto uniu estas duas metodologias para a construção da tipografia sem serifa e que remetesse ao estilo caligráfico. A seguir, será demonstrada a adaptação da metodologia de Buggy (figura 11). Já Fabio Lopes (2009), propõe dois tipos de classificação para construção: fontes construídas a partir de referências concretas, com o intuito de reproduzir fielmente uma experiência caligráfica e as fontes desenvolvidas a partir de uma referência conceitual que apresentam características a um conceito mais amplo da caligrafia. O de-
REFERÊNCIA CONCRETA
RECONSTRUÇÃO LITERAL
Modelos apresentando alto nível de semelhança formal e referências caligráficas concretas.
+
RECONSTRUÇÃO INSPIRADA
Modelos apresentando relativa semelhança formal a referências caligráficas concretas
REFERÊNCIA CONCEITUAL
APOIADA EM GABARITOS FORMAIS
Modelos conceituais de caligrafia apoiados em esboços e gabaritos formais concretos
MODELOS HIPOTÉTICOS
Modelos conceituais de caligrafia produzidos diretamente no ambiente da simulação.
–
Figura 12 - Diagrama ‘A natureza das referências utilizadas no desenvolvimento das fontes digitais de simulação caligráfica’ (Adaptado de LOPES, 2009). senvolvimento da tipografia pode ser de cunho inspirado ou literal a caligrafia. Quando reconstruídas ou seja, de forma literal, buscam traduzir fielmente a referência utilizada. Na construção inspirada o objetivo é apenas se aproximar da caligrafia e/ou adaptar as
Figuras 13 e 14 - Observação da escrita de crianças (FONTE: Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada). características para o novo projeto (figura 12). Sendo assim, este projeto tem a caligrafia apenas como referência conceitual, pois a fonte em questão, visa apenas remeter a escrita caligráfica para facilitar a compreensão dos caracteres pelas crianças (figuras 13 e 14). 4. TIPOGRAFIA GABRIELLA A fonte em questão, foi desenvolvida através de uma adaptação das metodologias de Buggy (2007) e Fábio Lopes (2009), como já citado acima, aliada as pesquisas realizadas em escolas municipais de Cabedelo e levando em consideração os temas que foram pesquisados.
Referência
Resultado
Referência
Resultado
Figuras 15 e 16 - Processo de construção da tipografia Gabriella, a partir da escrita caligráfica coletada (FONTE: Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada).
Segundo Lopes (2009) trata-se de uma referência inspirada, pois a construção da tipografia, buscou utilizar alguns elementos da escrita das crianças. Também foram utilizados alguns movimentos e formas da escrita infantil coletada, principalmente na construção das letras em caixa baixa (minúscula) (figura 15 e 16).
Figura 17 - Tipografia Gabriella Regular (FONTE: Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada). A tipografia Gabriella, buscou atender os requisitos básicos da tipografia infantil, como uso de grandes ascendentes e descendentes, a utilização dos caracteres infantis, recursos que facilitem a diferenciação de determinados caracteres, entre outros aspectos que serão demonstrados na tipografia completa (figura 17). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A leitura é fundamental para o ser humano aprender conviver em sociedade, é um dos primeiros aprendizados realizados quando somos crianças e que se estende por toda a vida. Tal ato é tão importante que expande a mente humana e contribui para a evolução da humanidade. Por isto, este projeto tem como prioridade contribuir com o aprendizado em leitura. Embora existam diversos projetos tipográficos voltados para leitores iniciantes e/ ou crianças em processo de alfabetização, a maioria não consideram os mesmos fatores culturais e essências para a realidade brasileira, tendo em vista que grande parte dessas tipografias, foram desenvolvidas no exterior. Apesar de existirem tipografias voltadas para este público no Brasil, foram descobertos pontos que não atendem por completo ou que não evidenciados para o reconhecimento dos caracteres quando a leitura é realizada pelas crianças. Então, este projeto buscou encontrar soluções mais adequadas a realidade local, pois a maioria das pesquisas são realizadas na Inglaterra, porém, elas são de suma importância e embasaram grande parte do projeto, tendo em vista que os primeiros estudos de legibilidade e tipografia infantil foram realizados na Europa. Entretanto, pesquisadores brasileiros contribuíram para o enriquecimento desta área, trazendo materiais e desenvolvendo um direcionamento voltado para o país. Também pelo fato de existirem poucas tipografias infantis brasileiras, buscou-se desenvolver uma fonte para melhorar, motivar e aumentar a construção de fontes no Brasil. Também, é interessante apontar que as caligrafias coletadas de crianças, muitas vezes mesclavam entre caixa alta sem serifa e caixa baixa cursiva, enquanto que as professoras, em sua maioria, apontaram que elas possuíam maior facilidade em escrever com letra bastão (caixa alta sem
serifa) e que a leitura é realizada melhor, com letra cursiva. Por isto seria importante aprofundar a pesquisa realizando testes com a tipografia desenvolvida neste projeto, porém, isto é algo a ser pensado mais a frente, pois nesta pesquisa, não foi possível realizar testes de leitura e legibilidade com a tipografia Gabriella, uma vez que estes testes são bem mais complexos devido a diferença de fluência em leitura do adulto para leitores iniciantes, e isto requer maior tempo de pesquisa, o que cabe em uma dissertação de mestrado ou tese de doutorado. REFERÊNCIAS BRINGHURST, Robert. Elementos do estilo tipográfico. Versão 3.2. São Paulo: Cosac Naify, 2005. BUGGY, Leonardo Araújo da Costa. O Mecotipo: método de ensino de desenho coletivo de caracteres tipográficos. Recife: Buggy, 2007. CAGLIARI, Luiz Carlos. Diante das letras: a escrita na alfabetização. Campinas : Mercado das Letras, 1999 FOUCAMBERT, Jean. A Leitura em questão. Trad. Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. GUSMÃO, Gustavo. Alphabetica: família tipográfica para leitores iniciantes. Monografia apresentada ao curso de Design da UFPE. Recife, 2004. LEFFA, Vilson J. Aspectos da leitura, uma perspectiva psicolinguística. Porto Alegre: SAGRA - D.C. LUZZATTO Editores, 1996. LOPES, Fábio. O Processo de Construção das Fontes Digitais de Simulação Caligráfica. Dissertação de Mestrado em Design da ESDI - Escola Superior de Desenho Industrial, UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2009. LOURENÇO, Daniel Alvares. Tipografia para livro de literatura infantil: Desenvolvimento de um guia com recomendações tipográficas para designers. Dissertação de Mestrado em Design da UFPR - Universidade Federal do Paraná, 2011. LOURENÇO, Daniel; FONTOURA, Antônio Martiniano. Fatores culturais relacionados com pesquisas sobre a leitura feita pelas crianças. 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, 2009. LUND, Ole. Knowledge construction in typography: the case of legibility research and the legibility of sans serif typefaces. These submitted for the degree of Doctor of Philosophy Department of Typography & Graphic Communication. University of Reading, 1999. LUPTON, Ellen. Pensar com tipos: guia para designers, escritores, editores e estudantes. São Paulo: Cosac Naify, 2006. ROCHA, Cláudio. Projeto tipográfico, Análise e produção de fontes digitais. 2ed. São Paulo: Edições Rosari, 2003.
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