Discurso de posse:    Boa noite para nossos queridos convidados. Cumprimento as autoridades aqui presentes e também  amigos, família, colegas servidores e alunos que muito me honram com sua presença. Agradeço a  presença de todos! Estou feliz!    Pensando em que discurso fazer hoje, na turbulência política que vivemos, escolhi fazer uma  comparação entre o país e os 26 anos que estou no IFSC. E divido exatamente ao meio esse tempo,  13 e 13 anos! Entrei na Escola Técnica Federal em 1990 por concurso público, que somente a  constituição de 88 tornou obrigatório. Em meio a primeira eleição direta para presidente, após a  ditadura! Democracia brotando novamente. Eleição controversa e manobras midiáticas de grandes  grupos (assumidas mais tarde com​  mea culpa​ ), o caçador de marajás! Na sequência, processo de  impedimento, caras pintadas nas ruas e renúncia de Collor, mas em contexto diverso do que  vivemos hoje. Após, tivemos um governo neo liberal que diminuiu a educação pública federal ao  seu pior patamar. Desmonte da estrutura da educação profissional com a edição do decreto 2208,  tão sórdido que não permitia o curso técnico integrado. Mais um: o que proibia construir novas  unidades. A escolha de diretores e reitores com lista tríplice, os mais votados na comunidade nem  sempre eram os reitores ou diretores gerais. Professora Aurina, ex­reitora, eleita duas vezes na  Bahia, não foi nomeada, somente na terceira vez, já em 2005, foi nomeada.    Resistimos. A ETFSC, mesmo tendo o melhor projeto técnico para transformação em Cefet, foi  uma das últimas a ser transformada, a ter essa nova configuração, e por quê? Porque tínhamos uma  comunidade e uma diretora combativas. A professora Soni (gestão participativa e democrática) que  não se dobrava nem se rendia ao Ministério! Resistimos ao descaso na carreira, lutamos e nos  tornamos resilientes. E sonhamos muito, e muito, fazíamos projetos ousados para poder sobreviver  à dureza da realidade que vivíamos. Laboratórios e salas de aula sucateados, gestores  desconsiderados e desrespeitados pelo MEC, como lembra o professorJuarez. Tempos de  aprendizado e união, porque acreditávamos que uma educação profissional libertadora plena era  possível, e o tempo mostrou que foi, e é!    Começamos a vivenciar isso a partir de 2003. A integração da EPT com o ensino médio foi possível  novamente. Em 2005, é derrubado o decreto que proibia a construção de novas unidades. Em 2006,  inauguramos os câmpus Chapecó, Joinville e Florianópolis­Continente. Este último simboliza a  transformação! A Proep, construída em terreno público, com financiamento público, cobrava  mensalidades, quando deveria oferecer 50% de gratuidade. Muitos políticos foram contra, diziam  que não tínhamos dinheiro nem para cortar a grama. O Cefet, sob a liderança da professora  Consuelo, assumiu esse e outros grandes desafios e a trajetória de avanço foi se consolidando,  interiorização e expansão!    Mas precisávamos de uma instituição mais forte e legalmente estabelecida! 2008 foi o ano do  plebiscito para transformação em instituto.  Fomos o único Cefet que fez consulta à comunidade.  Tivemos um grupo que defendeu a não transformação, pois diziam que a expansão iria sucatear a  instituição. Vencemos com 75% da comunidade apoiando e acreditando. E não temos nada  sucateado hoje! Mudanças fortes, inclusão, pesquisa aplicada e expansão pelo estado inteiro! Fomos  ousados, mas apoiados em uma política pública para educação profissional federal que nesses  últimos 13 anos passou de 140 para mais de 600 câmpus, de 70 mil alunos para mais de 770 mil. No  IFSC, passamos de três para 22 câmpus e de 3 mil para mais de 30 mil alunos, de 400 servidores  para 2,5 mil, de R$ 400 mil de assistência estudantil para R$ 9 milhões! Números da mudança!    Há quatro anos assumimos compromisso de continuar a implantação de mais de 20 câmpus!  Cumprimos o prometido, realizando 80 obras nos câmpus! Como Itajaí, que ficou parada por ordem 

judicial, com mandato de segurança impetrado pela empreiteira que descumpriu o contrato, Palhoça  ­ Bilíngue, Caçador, Urupema, Garopaba, Tubarão, São Carlos e Florianópolis ­ Continente, ainda  em finalização. Os ginásios de Araranguá (além de sua ampliação), Criciúma, Gaspar, São Miguel  do Oeste e Joinville, em obras ainda! Projetos e obras complexos. Investimos e trabalhamos muito.  Revitalizamos laboratórios, construímos os portais onde não tínhamos. Reformamos, ampliamos e  pintamos os câmpus, com muito trabalho das equipes e de nossos servidores. Contratamos mais de  mil servidores organizando internamente os nossos concursos públicos, com mais de 45 mil  inscritos.    Nosso compromisso em implantar e atualizar o marco regulatório do IFSC foi realizado de modo  participativo e democrático. Estamos organizados com processos, critérios, transparência e  igualdade. Capacitamos os servidores com programas de capacitação e pós­graduação. Cerfead para  apoiar essa atuação e a educação a distância. Queremos alcançar a meta de 20% das vagas para  formação de formadores. Implantamos de modo pioneiro, o Reconhecimento de Saberes e  Competências e ascensão à classe titular para os docentes. Gravamos o DVD da nossa orquestra e  apoiamos também a orquestra do Câmpus Jaraguá do Sul. Muito trabalho realizado, com apoio e  atuação do Conselho Superior, Colégio de Dirigentes, órgãos superiores do IFSC, atuantes e  participativos! E ainda com atuação destacada dos Colegiados de Ensino, Pesquisa e Extensão e de  Desenvolvimento de Pessoas. Gestão democrática forte e compromisso de todos! E uma equipe  comprometida com trabalho sério. Aqui agradeço Daniela, Elisa, Golberi, Noronha e demais  gestores! Leais e engajados numa gestão inovadora! Unidos para inovar!    Porque decidimos continuar? Para consolidar essa expansão e interiorização, com o foco na  permanência e êxito, na efetividade da nossa função, na inclusão, nos alunos, na implantação do  sistema acadêmico e na finalização do sistema administrativo, tão necessários para os novos  tempos, em que precisamos de agilidade, transparência e sustentabilidade. Encarar um novo  mandato, por quê? Porque acredito na educação pública, na inclusão e na democracia! E quando  vou nas formaturas, me emociono e vejo em nossos alunos a transformação concreta que sonhamos  e buscamos! Alunos e professores de São Miguel do Oeste são premiados como os cientistas de  grandes centros e participam de todas as possibilidades que a igualdade deve promover. Alunos do  interior em intercâmbios internacionais, quando se pensava nisso? Temos essa realidade e é isso que  nos move. O IFSC transforma vidas, mudou a minha concepção de vida, de igualdade, de justiça de  inclusão. Com certeza sou uma pessoa mais plena e realizada, minha carreira e meus sonhos são  possíveis aqui! Emoção quando aluno de Lages me disse: “o IFSC mudou a vida da minha família,  eu estudo aqui, minha filha e minha esposa”. Ano passado, um presidiário em Joinville, dentro do  presídio em uma formatura do Mulheres Mil, tocando em uma banda me disse, “estou estudando  para fazer vestibular no IFSC”. Ele passou em primeiro lugar para engenharia! Uma aluna do  programa Mulheres Mil, em Itajaí, falou assim, “vocês são nossos anjos”. Me emocionei e concluí  que elas são nossos anjos, pois nos mostram o verdadeiro sentido dessa instituição. Dessa forma,    coloco em prática ideais feministas e socialistas que minha mãe me passou. Ela hoje, tenho certeza,  seria a pessoa mais feliz em me ver aqui!    Tivemos razões para superarmos uma eleição difícil, cruel em alguns momentos, com uma greve  instigada por motivos eleitorais, e com promessas eleitoreiras. Fui desrespeitada em alguns  momentos e tentaram jogar todo nosso trabalho concreto no lixo, com mentiras, mas não  conseguiram. Aqui agradeço alunos, professores e técnicos que apoiaram e acreditaram. Os alunos  fizeram a diferença e disse diversas vezes: vocês são o fiel da balança, foram 1,4 mil votos de  diferença entre os alunos! Tenho orgulho de ser reeleita com os votos de vocês, pois mesmo a  passagem sendo mais rápida na instituição, conseguem analisar e criticar com muita propriedade e  desprendimento! Tive forças por vocês, porque tenho em cada um, a esperança que deve nos mover,    como educadores. E também por ter montado uma equipe comprometida, Andrei de Araranguá e 

Silvana, de Floripa, remanescentes da gestão anterior. Aline, da Reitoria, minha ex­aluna, Cabral,  ex­diretor de Ensino do Câmpus Florianópolis ­ Continente, Cláudia, colega de São José que atuou  comigo na Proppi, e Clodoaldo, do Câmpus Jaraguá do Sul, que se destacou como conselheiro do  Consup. Agradeço muito às duas equipes, a antiga e a nova! #tamojunto!   Acolher, inspirar! Unidos para avançar!    Enquanto o sindicato tomava partido na eleição, os alunos participaram ativamente do debate com  respeito! É necessário refletir sobre o processo eleitoral nas nossas instituições se queremos e  precisamos, que as eleições e a política no país melhorem e mudem. Aproveito para agradecer à  Comissão Eleitoral pelo trabalho realizado. Eleição simultânea e complexa de 19 diretores e do  reitor!      E, agora? Nesse momento crítico que vivemos, temos que estar alertas e ter posição! Esse governo  instalado de forma conspiratória, com o que temos de mais atrasado, mandou para o andar de baixo  mulheres, LGBTs, afrodescendentes, movimentos sociais, direitos humanos, a ciência e a cultura!  Nomearam um ministro da educação de um partido que é contra Prouni, cotas, Pronatec e demais  programas sociais e educacionais! Preocupante! Pior, já questionaram sobre indicação de cargos nos  institutos. Não existe nenhuma indicação aqui, somos todos eleitos, diretores e reitor legitimamente  eleitos. Escolhi para citar no discurso Condorcet como eu, matemático, que na Revolução Francesa    já dizia: "sob a mais livre das constituições, um povo ignorante é sempre escravo". Temos que ter  lado e deixar claro, como servidores públicos, a quem servimos!    As nossas instituições públicas são celeiros de ideias. Além de ensinar números, técnicas, fórmulas,  ciência e tecnologia, arte e cultura, temos obrigação de provocar o debate, a reflexão, a  controvérsia. Devemos nos posicionar sempre, com respeito ao outro lado. Temos lado e acredito  que a "educação é uma questão política. A verdadeira educação faz cidadãos indóceis e difíceis de  governar e a educação deve contribuir para liberdade de pensamento". Condorcet novamente! Por  isso estou aqui, para me comprometer mais uma vez com vocês servidores, alunos e comunidade,  para mais quatro anos. Minhas filhas, esse é o prazo para virem os netos e para ir morar na praia dos  Ingleses!    E dizer que vamos lutar e trabalhar com todas as forças, dedicação e inspiração pela nossa  instituição! "Conservemos por sabedoria o que conquistamos pelo entusiasmo”. Não vamos nos      render e nem retroceder: vai ter Mulheres Sim, Mil, vai ter Pronatec, Proeja, Certific. Vai ter     assistência estudantil! Vai ter ensino integrado, articulado com pesquisa e extensão e vai ter gestão     ética, eficiente e transparente! Vai ter Reitora Mulher! Vai ter negros, brancos, heteros,  homossexuais! Somos muitos, somos múltiplos, somos diversos e juntos somos mais fortes!  #acolhereinspirar! Vamos avançar!    "Apesar de você amanhã há de ser um novo dia    Você vai ter que ver  A manhã renascer  E esbanjar poesia  Como vai se explicar  Vendo o céu clarear  De repente, impunemente  Como vai abafar  Nosso coro a cantar na sua frente!” (Chico Buarque)    Obrigada, queridos! Amo vocês!