CARACTERIZAÇÃO DA REGENERAÇÃO NATURAL DA MATA CILIAR DO CÓRREGO ALEGRE, MUNICÍPIO DE INHUMAS, ESTADO DE GOÍAS1 SILVA, Elimeiri R.2; ANTUNES, Erides C.3 RESUMO O presente estudo foi realizado na mata ciliar do córrego Alegre, em área localizada no Sítio Marabá, município de Inhumas/GO. Seu objetivo foi caracterizar aspectos do ambiente local, como a vegetação ciliar em regeneração, os tipos de solo ocorrentes, visando avaliar o grau da degradação local, fornecendo subsídios para sua recuperação. A área passou por intensas intervenções, advindas da ocupação para implantação de atividades agropecuárias. No levantamento de campo, foram aplicadas 10 amostras, distribuídas em dois transectos. Os dados coletados demonstraram que maior a maior parte da área encontra-se em processo de regeneração natural da vegetação, excetuando alguns locais com grande presença de gramíneas exóticas, que necessitarão de interferência humana visando otimizar o processo de recuperação ambiental. Palavras-chave: mata ciliar; recuperação de áreas degradadas; regeneração natural; sucessão secundária. CHARACTERIZATION OF THE NATURAL REGENERATION OF THE BUSH CILIAR OF THE GLAD STREAM, CITY OF INHUMAS, GOÍAS STATE The present study was carried through in the ciliar bush of the Glad stream, in area located in the Marabá Small farm, city of Inhumas/GO. Its objective was to characterize aspects of the local environment, as the ciliar vegetation in regeneration, the ocorrentes types de solo, aiming at to evaluate the degree of the local degradation, supplying subsidies its recovery. The area passed for intense interventions, happened of the occupation for implantation of farming activities. In the field survey, 10 samples, distributed in two transectos had been applied. The collected data had demonstrated that bigger most of the area meets in process of natural regeneration of the vegetation, excepting some grassy places with great presence of exotic, that will need interference human being having aimed at to optimize the process of ambient recovery. Word-key: ciliar bush; recovery of degraded areas; natural regeneration; secondary succession. Goiânia, 2005/2 _________________________
1
Artigo elaborado como requisito parcial à obtenção de graduação no curso de Engenharia Ambiental na Universidade Católica de Goiás – UCG. Graduanda de Engenharia Ambiental pela Universidade Católica de Goiás,
[email protected]. 3 Eng. Florestal, Doutorando CIAMB/UFG, prof. na UCG, orientador deste artigo,
[email protected] 2
01 INTRODUÇÃO O processo de ocupação acelerado e desordenado do solo e os modelos de exploração dos recursos naturais, particularmente as florestas, fazem parte da história do homem. Contudo, esse comportamento parece estar se modificando. As conseqüências dessa prática já figuram entre uma das maiores preocupações da sociedade, principalmente por causa das ameaças aos recursos hídricos. Na área rural são inúmeras as ameaças aos ecossistemas locais, tais como: desmatamentos, queimadas e incêndios sem controle; falta de manejo e conservação dos solos na agropecuária; fragmentação das glebas e a expansão urbana, dentre outras. Estas podem ser causas fundamentais para a deterioração das matas ciliares, aliadas à carência de informação e de recursos financeiros para reverter os processos de degradação. As matas ciliares são sistemas vegetais essenciais ao equilíbrio ambiental, sendo de extrema importância para o armazenamento de água no subsolo e alimentação do lençol freático. As agressões a estes ambientes causam a diminuição do volume de água e afetam sua qualidade. Assim como todo ambiente natural, a mata ciliar está sujeita a sérios impactos ambientais de origem natural e antrópica. Diante da importância deste ecossistema e sua intensa utilização, resolveu-se adotar a mata ciliar como fonte de estudo para elaboração deste trabalho. Por ser um elemento essencial na manutenção e qualidade de vida humana, esse ecossistema vem sendo cada vez estudado, e segundo Felfili et al. (2000), observa-se pouca disponibilidade de informações técnica sobre como proceder à recuperação destes ambientes, apesar da existência de projetos em vários locais. Tendo por base estas perspectivas, o trabalho teve por objetivo identificar as espécies vegetais adaptadas à mata ciliar e ao solo, e indicar a composição florística e a técnica de recuperação mais conveniente à recomposição do ambiente. A importância desse trabalho se apóia na recomposição da biodiversidade da mata, assim como na melhoria do seu potencial hídrico. Sendo assim, esta pesquisa servirá como base de informações para projetos de recomposição de matas ciliares, principalmente para os proprietários da região.
02 REVISÃO DA LITERATURA Os adensamentos de vegetação nativa, principalmente das formações florestal e savânica apresentam destacada importância para a qualidade e quantidade da água natural nos leitos d’água, pois estas demandam uma grande quantidade de água para seu estabelecimento e desenvolvimento, necessitando de mecanismos que favoreçam a infiltração da água nas florestas. Os mecanismos são: copas das árvores que amortecem a velocidade dos pingos da chuva, favorecendo o armazenamento de matéria orgânica e água no solo, associado às condições de sistemas radiculares, porosidade e química do solo, gerando eficiente fixação de carbono e favorecimento à regeneração natural (MARTINS e DIAS, 2001). Para Ribeiro (1998) e Felfili et al. (2000), mata ciliar é a formação florestal que acompanha as margens dos rios de médio e grande porte, onde a copa das árvores de ambas as margens não se tocam, permitindo a entrada e influência da luz sobre a vegetação mais próxima ao rio. Ribeiro et al. (2001), definem mata de galeria como sendo a vegetação florestal que acompanha riachos de pequeno porte e córregos formando corredores fechados (galerias) sobre os cursos d’água. Felfilli et al. (2000), define a mata de galeria como sendo as formações florestais às margens de linhas de drenagem, em fundo de vales ou cabeceiras de drenagem onde os cursos d’água ainda não escavaram um canal definitivo. Eitem (1990), define mata de galeria como a floresta que depende da aproximação do lençol freático a superfícies ao longo dos fundos de vales, de maneira que uma boa quantidade de água está disponível a todas as raízes das árvores o ano todo, suficiente para suprir todas as folhas. As matas ciliares constituem microambientes diferenciado, que ajudam no desenvolvimento de uma vegetação florística diferente, nestes são encontrados: solos encharcados; menor variação da temperatura ao longo do dia; umidade do ar e do solo; solos mais estratificados e heterogêneos em termos de estrutura, textura e fertilidade; zona saturada mais próxima da superfície. A serrapilheira e o sistema radicular retêm sedimentos e substâncias que poderiam provocar o assoreamento, eutrofização e poluição dos cursos d’água (MARTINS e DIAS, 2001). Para Amabis et al. (1979), a harmonia das relações entre os seres vivos e ambientes físico é resultado do processo evolutivo na adaptação dos organismos ao ambiente, que retiram do ambiente quantidade considerável de elementos, mas
acabam por devolvê-los permitindo a constante renovação da vida, estabelecida de maneira que as populações regulem umas as outras. O autor Ribeiro et al. (2001), complementam que as matas ciliares possuem com largura proporcional a do leito do rio; ocorrem em terrenos acidentados; com transição evidente para outras fisionomias florestais; apresentam diferentes graus de caducifólia, na estação seca; as alturas das árvores variam de 20 a 25 m, fornecendo uma cobertura arbórea variável de 50% a 90%, na estação chuvosa e na seca pode ser inferior a 50% em alguns trechos. E Muller (2000), acrescenta que esta formação ocorre mesmo em regiões de pluviosidade baixa e irregular nas quais as condições de clima e solo não permitem o desenvolvimento de árvores nas áreas mais distantes dos corpos d’água. Para Ribeiro et al. (2001), as mata de galeria são encontradas em fundos de vales ou cabeceiras de drenagem, quase sempre circundadas por vegetação não florestal numa transição brusca com as demais formações. Apresentam pouca caducifólia durante a estação seca, altura média das árvores variando de 20 a 30 metros, superposição da cobertura arbórea de 70% a 95%, alta umidade relativa em seu interior. Os dois subtipos de mata de galeria: a inundável e não inundável, dependem das condições ambientais, como composição florística, topografia, variação anual da profundidade do lençol freático, com conseqüências na drenagem do solo, apresentando espécies típicas a cada condição. Felfilli et al. (2000) e Ribeiro et al. (2001), acreditam que as características das matas de galeria se destacam por sua riqueza de espécies vegetais, diversidade genética e proteção dos recursos hídricos, solos, fauna silvestre e aquática. Nas matas de galeria a diversidade e riqueza das espécies herbáceas são inferiores quando comparadas com outras fitofisionomias do bioma, sendo este um indicativo de conservação das matas, pois em matas degradadas há espécies invasoras, como gramíneas que recobrem o solo dificultando a fase inicial da sucessão (FELFILLI et al., 2000). Para Eitem (1990), mesmo quando a composição química do solo é pobre em nutrientes, a mata de galeria mantém o chão sombreado, mais úmido durante a estação seca com maior quantidade de húmus acumulando neste solo, tornando-o mais fértil. E retratando a importância da mata, o autor afirma que estas atuam como barreira física, regulando os processos de troca de nutrientes entre os sistemas
terrestre e aquático, reduzindo a contaminação dos cursos d’água por sedimentos, defensivos e resíduos conduzidos pelo escoamento superficial. A mata de galeria pode ser de dois tipos dependendo da composição florística, da topografia e da variação da altura do lençol ao longo do ano (RIBEIRO, et al., 2001): - Mata de galeria não-Inundável: apresenta vegetação florestal, onde o lençol freático não está próximo ou sobre a superfície do terreno na maior parte dos trechos o ano todo, mesmo na estação chuvosa; longos trechos com topografia acidentada; solos bem drenados e uma linha de drenagem definida. Possui papel importante na fitossociologia de espécies das famílias Apocynaceae (Aspidosperma spp), Leguminosae, Lauraceae (Nectandra spp, Ocotea spp) e Rubiaceae e para espécies das famílias de Leguminosae (Apuleia leiocarpa, Copaifera langsdorffii, Hymenaea courbaril, Ormosia spp.), Myrtaceae (Gomidesia lindeniana, Myrcia spp.) e Rubiaceae (Alibertia spp. e Guettarda riburnoides). - Mata de galeria Inundável: apresentando uma vegetação florestal, com lençol freático próximo ou sobre a superfície do terreno em maior parte dos trechos durante o ano todo, mesmo na seca; longos trechos com topografia plana; drenagem definida e linha de drenagem pouco definida e sujeita a modificações. Algumas espécies indiferentes aos níveis de inundação do solo podem ser encontradas nos dois tipos de mata e apresentase de grande importância fitossociológica.
De acordo com os estudos de Braga et al. (2002), sucessão ecológica é o desenvolvimento de um ecossistema de forma gradual e ordenada pelas quais passam as comunidades desde sua fase inicial até sua estabilidade e equilíbrio entre seus componentes. O processo de sucessão primária ocorre em um lugar onde não havia cobertura vegetal. O processo de sucessão secundária ocorre em local onde havia vida vegetal anteriormente, e envolve alterações na composição das espécies, viabilizando maior diversidade, neste, as cadeias alimentar tornam-se mais longas e complexas, os nichos mais estreitos, a biomassa cresce ao longo dela tornando máxima e constante no estágio clímax, e ocorre mais rápido que na primária, por permanecerem no local alguns organismos ou sementes da povoação anterior. A sucessão vegetal permite a retomada da dinâmica sucessional formando uma paisagem harmônica e estável, propagando o recobrimento do solo (CAMPELLO et al, 1997). A tendência da sucessão é avançar expandindo e ocupando espaços vazios, atraindo animais dispersores de sementes, que utilizam a
vegetação como ponto de pouso, de refúgio, de descanso e de alimentação, e com isso garantindo a eficiência da regeneração natural no processo de sucessão, favorecendo a biodiversidade no local. A Lei Federal N° 4.771, de 15 de setembro de 1965 - Código Florestal, em seu artigo 2° e o Art. 5° do Decreto-Lei Estadual N° 12.596, de 14 de março de 1995, consideram áreas de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural presentes ao longo dos rios e ao redor de nascentes, e estão relacionadas com a largura do curso d'água, e definem um raio mínimo de 50 m de largura para as nascentes, ainda que intermitentes, e os chamados olhos-d'água, seja qual for a sua situação topográfica. As matas de galeria, segundo Felfili et al. (2000) constituem um ambiente complexo, por ser responsável pela: manutenção da água; diversidade de espécies da fauna e da flora; proteção das margens dos corpos d'água; regularização da vazão; fornecimento de abrigo e alimentos à fauna, e que, apesar da sua grande importância,
a
degradação
ocorreu
em
ritmo
acelerado, necessitando de
reabilitação. As matas de galeria inundáveis ou não quando degradadas são invadidas por gramíneas que recobrem o solo dificultando o estabelecimento de plântulas na fase inicial da sucessão. Estas criam condições para o restabelecimento do solo, por meio de sombreamento favorecendo a umidade para o desenvolvimento inicial. Para o autor mesmo sujeitas às perturbações naturais e pressões antrópicas, estas possuem alta capacidade de recuperação e de equilíbrio, pois têm nutrição garantida pela serrapilheira, sendo assim, importante nos processos de recuperação a utilização de espécies nativas que produzem folhedos para recobrir o solo e reproduzir as condições naturais. A umidade, a fertilidade do solo e a luz são fatores determinantes na distribuição espacial das espécies (FELFILLI et al., 2000).
03 METODOLOGIA
A área em estudo tem aproximadamente 18.000 m2, localizando-se em uma propriedade rural no km 22 da Rodovia GO-222, Município de Inhumas/GO. Na área ocorrem pequenas nascentes que passam a formar um curso d'água, denominado Córrego Alegre, afluente do córrego Serra Abaixo. A nascente principal do Córrego Alegre localiza-se na coordenada UTM 21, 0647010/8187241, a 704 m de altitude, O estudo foi realizado em duas etapas distintas. Na primeira etapa buscou-se na literatura a informação técnica de regiões que possuem características similares da área em questão e na segunda etapa procurou-se identificar por meio de levantamento de campo o solo, a vegetação e as condições atuais da mata de ciliar, com posterior análise dos dados. No levantamento de campo foram demarcadas 10 amostras (10,0m x 10,0m), distribuídas em dois transectos, um em cada margem do curso d’água, com sentido do leito para a margem (Figura 01). Foram levantados os seguintes dados: diâmetro a altura do solo (DAS), altura total (AT) de todos os espécimes vivos, incluindo árvores, arbustos e herbáceas, assim como as condições de regeneração natural. Procurou-se identificar todas as espécies nativas e invasoras existentes e os tipos de solo ocorrentes. Foram utilizados os equipamentos: GPS Garmin @trex Vista, câmara digital, paquímetro e trena de 30 m.
05 04 03 Á re a d a n a s c e n te c o m re g e n e ra ç ã o n a tu ra l
02 01 06 07 08 09 10
Figura 01.
04 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O presente trabalho identificou as características e problemas ambientais da área de estudo, com levantamento da vegetação existente, constatando grande potencial na regeneração natural das espécies na maior parte da mata ciliar, Figuras 02 e 03. Algumas pequenas áreas dominadas por espécies invasoras, como braquiarão (Brachiaria decumbens) e capins colonião e napiê (Panicum spp), Figura 04, porém, pastoreadas com a utilização de bovinos em curtas temporadas.
Figura 02. Área amostra na margem esquerda do leito d’água, mostrando regeneração natural associada a capim braquiária pastoreado.
Figura 03. Margem esquerda do leito d’água, mostrando sub-bosque bastante pisoteado, mas caracterizando o início do domínio das plantas nativas e ruderais sobre o braquiária.
No local ocorrem dois tipos de solos, a terra firme (final de seqüência de Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico profundo), e solo hidromórfico (Gley). Foram
levantados
783
indivíduos
de
41
espécies
vegetais,
correspondentes a 26 famílias diferentes, com altura média de 2,19 metros, conforme Quadro 01. Considerando todos os portes observados, foi estimada a ocorrência de 3.915 indivíduos.hectare-1.
Quadro 01. Identificação, quantificação e condição ambiental dos espécimes encontrados. N. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
Nome Vulgar Amescla Angico branco Angico jacaré Angico monjolo Angico vermelho Aroeira Assapeixe Ata da mata Palmeira bacuri Cabritero Caferana Canelinha Congonha Embaúba Favela ou folha de bolo Fedegoso Feijão cru Fumeiro bravo Goiaba Gonçalerio Imbira vermelha ingá de metro ingá seco ipê do cerrado Jaborandi Jacaranda bico de pato Limão Louro bravo Malva Marinheiro Miroró Mutamba Mutamba de jacú Pimenta longa Pimenta de macaco Quaresmeira do mato Roseta Taboca Tamboril Tangerina Virola
Nome científico Protium heptaphyllum p Albizia hasslerii p Piptadenia gonoacantha p Acacia polyphylla p Anadenanthera peregrina p Myracrodruon urundeuva Vernonia aurea p Annona sp Scheelea phalerata p Rhamnidium elaeocarpus p Ixora gardneriana p Nectandra sp Coussarea hydrangeaefolia p Cecropia sp Platycyamus regnellii p Acassia sp Platymiscium floribundum p Em identificação Psidium guajava p Astronium fraxinifolium p Cardiopetalum sp Inga sp Inga sp Tabebuia ochracea p Piper sp Machaerium aculeatum p Citrus sp Cordia sp N.I. Guarea guidonia p Bauhinia sp Guazuma ulmifolia p Casearia rupestre p Piper sp Xylopia aromatica p Miconea sp Em identificação Bambusa sp Enterolobium contortisiliquum p Citrus sp Virola sebifera Total
LEGENDA: 1 = pioneira 2 = secundária 5 = arborea 6 = arbustiva ni = Número de espécimes total
Família BURSERACEAE MIMOSACEAE MIMOSACEAE MIMOSACEAE MIMOSACEAE ANACARDIACEAE COMPOSTACEAE ANNONACEAE ARECACEAE RHAMNACEAE RUBIACEAE LAURACEAE RUBIACEAE CECROPIACEAE LEGUMINOSAE MIMOSACEAE FABACEAE COMPOSTACEAE MYRTACEAE ANACARDIACEAE ANNONACEAE MIMOSACEAE MIMOSACEAE BIGNONIACEAE PIPERACEAE FABACEAE RUTACEAE BORAGINACEAE MELASTOMATACEAE MELIACEAE CAESALPINACEA STERCULIACEAE FLOUCORTIACEAE PIPERACEAE ANNONACEAE MELASTOMATACEAE ROSACEAE GRAMINAE MIMOSACEAE RUTACEAE MYRISTICACEAE
3 = climáx 7 = herbácea ca = Condição ambiental
ni 5 2 131 7 35 7 16 7 4 21 38 4 4 3 2 1 29 96 113 2 4 22 17 1 6 7 8 16 10 4 25 30 24 29 8 26 1 4 7 2 5 783
ca 3,5 2,5 1,5 1,5 2,5 3,5 4,7 1, 5 3, 5 4, 5 1, 6 2, 5 2, 6 1, 5 2, 5 4, 7 3, 5 1, 6 4, 5 3, 5 1, 5 1, 5 1, 5 3, 5 1, 6 2, 5 8,5 2, 5 4, 7 2, 5 1, 5 1, 5 1, 5 1, 6 2, 5 1, 6 4, 7 1, 7 2, 5 8, 5 1, 5
4 = ruderal 8 = introduzida
Figura 04. Detalhe da margem direita, mostrando pequena área, inserida nas amostragens, com dominância de capim braquiária pisoteado por bovinos.
Espécies
Espécimes
70,0 60,5%
60,0 50,0 40,0
41,5%
30,0 20,0
24,4%
10,0
6,1% 14,6%
0,0
ne Pio
20,7%
11,4%
ira
d cun Se
a ári
C
áx lim
1,3%
14,6%
4,9%
d Ru
l e ra
d uzi od r t In
a
Figura 05. Comparação da ocorrência de espécimes e espécies por condição biológica.
A Figura 05 mostra que 60,5% dos indivíduos encontrados pertencem ao grupo ecológico das espécies pioneiras (41,5% das espécies totais), formando com as espécies secundárias e climásses, uma seqüência bem próxima dos percentuais recomendáveis, conforme a literatura, para projetos de recomposiçãoambiental. Considerando que esta área era ocupada por pastagem, ainda existem 20,7% dos indivíduos pertencente ao grupo das espécies ruderais e 1,3% dos indivíduos vegetais são frutíferas introduzidas, conforme relação de espécies no Quadro 01. Na margem direita foram identificados nos primeiros dez metros, ocorrência solo hidromórfico, com presença de capim braquiarão do brejo e napie, notando-se início de dominância de gramíneas exóticas sobre as espécies nativas,
presença de samambaia-açú (Dicksonia sp) e início de presença de lianas. Ainda na segunda amostra foi possível observar a ocorrência de solo hidromórfico e início de transição para terra firme, presença de banana do mato (Heliconia sp), samambaia, várias espécies de lianas e leguminosas rasteiras. Na regeneração natural do local, verifica-se a presença de quaresmeira do mato (Miconea sp), embaúba (Cecropia sp) e gameleira branca (Ficus sp). A terceira unidade de amostra apresentou na terra firme, dominância por capim braquiarão, com regeneração de angico vermelho (Anadenanthera peregrina), jacarandá bico de pato (Machaerium aculeatum), quaresmeira do mato (Miconea sp), angico branco (Albizia hasslerii), assapeixe (Vernonia aurea) e pimenta de macaco (Xylopia aromatica). Observou-se que nos locais com domínio do capim braquiarão praticamente não existe regeneração natural e na transição do transecto II para o III, assim como, nas Quarta e quinta unidades de amostra, presença de taboa (Typha angustifolia) sobre solos hidromórficos. Na margem esquerda foram identificadas na primeira unidade de amostra, área de terra firme com pequena presença de gramíneas exóticas e intensa regeneração natural devido a favorecido rarefeito sombreamento de duas grandes palmeiras bacuri (Scheelea phalerata) sendo atacado por gameleira branca (Ficus sp); na segunda unidade de amostra, observou-se área de terra firme com intensa regeneração natural e área dominada por assapeixe (Vernonia aurea); na terceira unidade de amostra, área com grande quantidade de regeneração natural, menor presença de gramíneas exóticas e plantas ruderais, devido ao sombreamento de uma árvore tamboril (Enterolobium contortisiliquum) e uma palmeira bacuri (Scheelea phalerata); na quarta amostra, observou-se uma área com a mesma situação anterior, porém com presença de ipê do cerrado (Tabebuia ochracea); e na quinta unidade de amostra, área com parte de terra firme e terreno hidromórfico com presença de capim-colonião e intensa regeneração natural na área de terra firme.
05 CONCLUSÕES
O levantamento da composição vegetal no entorno da nascente, após isolamento da área, associado à fertilidade dos solos locais e o banco de sementes do horizonte “A”, está permitindo a ocorrência de destacada regeneração natural, viabilizando todos os estágios de sucessão secundária, com alta biodiversidade e elevada ocorrência de espécimes e espécies por hectare. Conclui-se que há necessidade de ampliar em alguns pontos a área de isolamento da faixa de proteção no entorno da nascente, garantindo o mínimo, 50 m de raio a partir do ponto de surgência e auxiliar a regeneração natural em forma de simples manejo, com roçagens das gramíneas invasoras temporariamente, até a cobertura vegetal da área com espécies nativas. Há também necessidade de realização de plantios de espécies secundárias e climásses em forma de enriquecimento vegetal, principalmente nos locais onde ocorre domínio de poucas espécies. Esta
área
ainda
necessita
de
novos
estudos,
acompanhamento de longo prazo da regeneração natural.
principalmente
o
06 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (conferir bibliografia) AMABIS, J. M. et al. Biologia – Genética, Evolução e Ecologia, São Paulo-SP, vol.3 - 2° edição. Ed. Moderna, 1979. BRAGA, Benedito et al. Introdução à Engenharia Ambiental, São Paulo-SP. Editora Prentice Hall, 2002, 1º reimpressão. BRASIL. Lei Federal N.° 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal. Constituição Federal - Coletânea de Legislação de Direito Ambiental . CAMPELLO, M. C. et al, Seleção de Espécies para Recuperação de Áreas Degradadas por Meio da Formação de Ilhas de Vegetação, 1997. FELFILLI J.M. et al. Recuperação de Matas de galerias, Planaltina: Embrapa Cerrados,2000. GOIÁS. Decreto Lei N.°12.596, de 14 de março de 1995. Institui a Política Florestal do Estado de Goiás e dá outras providências. Disponível em .Acesso: 07 de outubro de 2005. MARTINS, S.V.; DIAS, H.C.T. Importância das Florestas para a Qualidade e Quantidade da Água. Revista Ação Ambiental,Viçosa-MG. Editora UFV, ano IV, n.20, 2001. MUELLER, C.C. Gestão de Matas Ciliares. In: LOPES I.V et al. Gestão Ambiental no Brasil: Experiência e Sucesso, Rio de Janeiro-RJ. Editora FGV, 2000. RIBEIRO, J.F. Cerrado: Matas de Galeria, Planaltina-DF. Editora EMBRAPA-CPAC, 1998. RIBEIRO, J.F. et al. Cerrado: Caracterização e Recuperação de Matas de Galerias, Planaltina-DF. Editora EMBRAPA CERRADOS, 2001. PINTO, M.Novais. CERRADO: Caracterização, ocupação e perspectivas. In: EITEN George. Vegetação, Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1990.