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PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO FEVEREIRO DE 2015 Perfil do homem desempregado N os 30 anos de realização da PED...
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PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO FEVEREIRO DE 2015

Perfil do homem desempregado

N

os 30 anos de realização da PED/RMSP, a economia brasileira e, em particular, a da Região Metropolitana de São Paulo passaram por transformações que afetaram profundamente a estrutura produtiva e o mercado de trabalho da região. Nesse período, a economia enfrentou momentos de elevada instabilidade interna e externa e fortes impactos do processo de abertura para o mercado externo, das políticas econômicas de estabilização e das reformas que as acompanharam, culminando com a retomada do crescimento, do nível de ocupação, redução do desemprego e aumento dos rendimentos. As melhorias das condições de vida vieram acompanhadas de importantes avanços sociais e nas políticas públicas, em especial de saúde e educação, que certamente tiveram influência no processo de transição demográfica em curso e na ampliação do nível de escolaridade da população. Como resultado desses processos, o mercado de trabalho da RMSP tornou-se mais adulto, escolarizado e com ampliação da presença feminina. No âmbito do mercado de trabalho, um dos fenômenos mais importantes desse período foi o crescimento mais intenso da força de trabalho feminina em relação à masculina. Enquanto a taxa de participação dos homens – medida pela proporção dos homens com dez anos e mais ocupados ou desempregados – reduziu-se de 77,1%, em 1985, para 70,6%, em 2013 –, a das mulheres aumentou de 44,7% para 55,1%, no mesmo período. Esse incremento para as mulheres deu-se pela elevação nas proporções tanto sobre o

Perfil dO hOMEM desempregadO

total da ocupação como em relação ao total de desempregados, com movimentos contrários da participação dos homens.1 Esses movimentos tendenciais, no entanto, não mostram as oscilações nas taxas de desemprego diante de determinadas conjunturas e políticas econômicas, além de atingirem de forma diferenciada segmentos populacionais no mercado de trabalho em virtude de características pessoais e familiares. O presente estudo tem como objetivo destacar as características pessoais dos homens desempregados nos 30 anos de realização da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de São Paulo. Com relação à faixa etária, verifica-se forte redução da proporção de desempregados entre as crianças e adolescentes de 10 a 15 anos (Gráfico1), bem como da sua taxa de participação, movimento reforçado pela crescente valorização das famílias pelo aumento da escolarização, das politicas de combate ao trabalho infantil e da legislação e fiscalização que proíbe o trabalho para pessoas de até 15 anos, exceto na situação de aprendiz.

A permanência da elevada proporção dos jovens desempregados de 16 a 24 anos durante todo o período da pesquisa reflete as tradicionais dificuldades dessa parcela da população de se inserir no mercado de trabalho, cada vez mais exigente em termos de escolarização e capacitação profissional, mas não revela importantes diferenciais dessa inserção decorrentes da situação socioeconômica das famílias a que esses jovens pertencem.2 Complementarmente, observa-se acentuado aumento da proporção dos adultos de 25 a 39 anos e de 40 a 49 anos no total dos desempregados e, em menor medida, das parcelas das faixas etárias superiores, reflexos do envelhecimento da população e das maiores responsabilidades nos orçamentos familiares que ainda pesam sobre essas pessoas. O Gráfico 2, em alguma medida, complementa essa argumentação, uma vez que mostra a elevada proporção dos filhos no contingente dos homens desempregados e a relativamente elevada participação dos chefes de domicílio, nos três biênios considerados.

Gráfico 1 Distribuição dos homens desempregados, por faixa etária Região Metropolitana de São Paulo – 1985-2013

Gráfico 2 Distribuição dos homens desempregados, por posição no domicílio Região Metropolitana de São Paulo – 1985-2013

1985-1986

Em %

40,9 40,4

1999-2000

2012-2013

43,5

59,1

29,9 22,4

31,7

11,6

6,5

16 a 24 anos

25 a 39 anos

54,2

34,1

29,7

4,1

11,1

6,9 6,4 (1)

10 a 15 anos

2012-2013

41,0

13,7 4,6

1999-2000

46,6

24,7

6,7

1985-1986

Em %

40 a 49 anos

50 a 59 anos

2,5 2,1

60 anos e mais

(1) Chefe

1,1 Cônjuge

11,3

9,9

(1) Filha

Demais membros

Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão. Convênio Seade–Dieese e MTE/FAT. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED. (1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão. Convênio Seade–Dieese e MTE/FAT. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED. (1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria.

1. Ver, “Perfil da mulher desempregada: o que mudou, o que permaneceu”, boletim da série 30 anos da PED/RMSP. Fundação Seade www.seade.gov.br.

2. Estudo anterior dessa série conclui que “...evidencia-se a maior vulnerabilidade dos jovens de baixa renda em relação àqueles de família de rendimentos mais elevado”. Ver, “Jovens, escolaridade e mercado de trabalho na Região Metropolitana de São Paulo”, boletim da série 30 anos da PED/ RMSP. Fundação Seade www.seade.gov.br.

2

Perfil dO hOMEM desempregadO

Talvez mais do que qualquer outro indicador, aquele que mostra a proporção dos homens desempregados segundo nível de escolaridade seja o que mais expressa as transformações por que vem passando o mercado de trabalho regional. A forte redução da participação, no total de desempregados, dos analfabetos ou com o ensino fundamental incompleto expressa a elevação do nível de escolaridade da população, no período em análise (Gráfico 3) e a redução da taxa de atividade desse segmento, fatores determinantes para que fosse o único que apresentase taxas de desemprego ao final do período inferior ao do início da pesquisa (ver Tabela 2, do Anexo estatístico). Em sentido contrário, os aumentos das proporções dos desempregados nos níveis mais altos de escolaridade, além de refletir a elevação geral do nível de escolaridade da população, também decorrem da manutenção em elevado patamar da sua presença na força de trabalho da região, não obstante apresentem menores taxas de desemprego em relação àqueles de menor nível de instrução (ver Tabela 2, do Anexo estatístico), o que reforça a percepção da importância da escolaridade para a inserção no mercado de trabalho.

Com relação ao atributo raça/cor dos homens desempregados, o Gráfico 4 ajuda a mostrar a sobrerrepresentação dos homens negros em relação ao total dos desempregados, uma vez que ela é sistematicamente superior à sua participação na PIA e na PEA da região, muito embora tenha diminuído o diferencial entre as taxas de desemprego de negros e não negros: a taxa de desemprego dos negros era cerca de 60% superior à dos não negros, em 1985/1986, reduziu-se para 50%, em 1999/2000 e para 30%, no biênio 2012/2013 (ver Tabela 2, do Anexo estatístico). As informações sobre as mudanças no perfil dos homens desempregados da RMSP nas três últimas décadas, não só chama a atenção para a importância do crescimento econômico no sentido de constituir uma sociedade mais inclusiva e com oportunidades de trabalho para uma população cada vez mais adulta e escolarizada, mas também para a necessidade de políticas públicas voltadas a garantir condições mínimas para uma inserção digna no mundo do trabalho, em especial as relacionadas às melhorias na educação e capacitação profissional.

Gráfico 3 Distribuição dos homens desempregados, por nível de escolaridade Região Metropolitana de São Paulo – 1985-2013

Gráfico 4 Distribuição dos homens desempregados, por raça/cor Região Metropolitana de São Paulo – 1985-2013

Em %

1985-1986

1999-2000

2012-2013

1985-1986

Em %

62,6

76,6

52,2

37,4

40,7 20,2

Analfabeto e ensino fundamental incompleto

26,8

40,4

1999-2000

59,6

2012-2013

59,4

40,6

31,2

14,6

Ensino fundamental completo e médio incompleto

17,6 7,1 Ensino médio completo e superior incompleto

1,7

3,3

7,8

Superior completo

Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão. Convênio Seade–Dieese e MTE/FAT. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

Negra

Não negra

Fonte: Secretaria de Planejamento e Gestão. Convênio Seade–Dieese e MTE/FAT. Pesquisa de Emprego e Desemprego – PED.

3

Perfil dO hOMEM desempregadO

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