CONTRA
A HERESIA ESPÍRITA 8
I
FREI BOAVENTURA, O. F. M.
A REENCARNAÇÃO
I
EXPOSIÇÁO E CRÍTICÀ
& 1955
EDTTORA VOZES LTMITADA
Rro DE JANETRO
-
PETRóFOLIS, & J. -SÃO PAUr.,O
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TNTRODUçÃO.
A palavra Reencarnação, composta do prelixo re (designativo de repetiçáo) e do verbo encarndr (tomar corpo), significa etimologicamente: tornar a tomar corpo. Designa a açáo do ser espiritual (espírito ou alma) que já animou um corpo no passado, foi posteriormente dele libertado e agora
a informar ou vivrficar um corpo novo. O mesmo termo é empregado também para indicar a doutrina Jitosófica daqueles que pensam que a alma humana torna
(ser espiritual) passa por mais de uma existência corpórea ou terrestre e tendo à frente ainda longa série de sempÍe novas encarnações, para progredir sem cessar. Liluitas vezes esta mesma doutrina é designada também pelo termo grego ntetcmpsicose (transmigraçáo das almas) ou ainda, e mais exatamente, pela expressáo de Platáo: ntetensomatose.' mudança de corpo; pois não é o corpo que mrrda de alma, mas a alma que muda de corpo. Palingenésia (nova existência) é outro termo grego muito em voga. Em s'entido bastante amplo podemos, pois, considerar como sinônimas as seguintes palavras ou expressóes: Reencarnação, Metempsicose, Metensomatose, Palingenésia, PluraIidade das existências, Vidas sucessivas, Progresso contínuo, Mudança de corpo e Transmigração da alma.
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Reencarnacionismo
no Brasil.
O órgão oficial
da
Federaçáo Espirita Brasileira, Reformador, no fascículo de Setembro de 1953, p. 199, forneoeu a seguinte notícia: "Graças à FEB (Federação Espírita Brasileira), ao seü trabalho dé propagan rla, 99,99% dos espíritas brasileiros aceitam a Doutrina de Kardec, incluída a realidade dos ensinamentos reencarnacionistas". Com eÍeito, temos conhecimento apenas de um único grupo
espírita do Brasil "Jesus no Himalaia", de Niterói que - ou não admite a Íeencarnação. Todos os mais, chamem-se não espíritas ou espiritualistas, kardecistas ou rustenistas, ubaldistas ou ecléticos, redentoristas ou umbandistas, quimbandistas ou batuqueiros, teosofistas ou ocultistas; procla3
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mem ou náo seguir a Allan Kardec, a J. B. Roustaing, a Pietro
Ubaldi, ao "mestre" Yokaanam, ao "Astral Superior", aos dirigentes das várias denominações umbandistas ou aos pÍo-
fetas da Teosofia: todos eles, aqui no Brasil, fizeram da teoria da pluralidade das existências o ponto de partida de sua Íilosofia, o fundamento de suas construçóes intelectuais, a pedra angular de todo o seu edifício doutrinário e religioso. A Reencarnação é para eles o "princípio básico da FilosoÍia Espírita"', a "base filosófica da doutrina"'. Sem ela, "desmorona todo o ,ediIício espírita"". Entre eles sáo fÍequentes as declaraÇões categóricas com este teor: "A importância
da Reencarnação e capital. Sem esta doutrina, o Espiritismo perderia toda a sua base filosófica. .. Sem a Reencarnaçáo estaríamos diante do màis completo vazio"{. a) Quanto aos kardecistas, náo há nenhuma necessidade de provar que eles sáo reencarnacionistas. Ainda teremos inúmeras ocasiries para verificá-lo. Toda a filosoÍia de Allan Kardec gira em torno desta idéia. Ele mesmo a teve como "uma das mais importantes leis reveladas pelo Espiritismo"', a lal ponto que, mais de uma vez, muito embora deteste profundamente a palavra, declara que a reencarnação é "dogma"u. Quando morreu, os espíritas gravaram no seu monumento, no cemitério de Pêre Lachaise, em Paris, as seguintes palavras: Naitre, mourir, renaitre encore et progresser toujours: telle est Ia loi. E' uma síntese feliz de todo o pensamento kardecista: "Nascer, morrer, Íenascer ainda e progredir sempÍe: esta é a lei". Também Lêão Denis, que foi uma espécie de sucessor de Allan Kardec, viu na reencar-
"o ponto essencial do moderno espiritualismo"". b) Os mestres do incipiente Espiritismo.de Umbanda,
naçáo
que ültimamente vêm fazendo intensa propaganda entÍe nós, a filosofia reencarnacionista de Allan Kardec. Foi esta, por exemplo, a quarta conclusáo unânime aprovada pelo primeiro congÍesso do Espiritismo de Umbanda, realizado no Rio de Janeiro em Outubro de 1941: "Sua
endossaram globalmente
l) CaÍlos Imbassahy e Mário Cavalcâtrti de Melo, A Reencarnaçdo e suas Provas, Curitiba, 1953, p. 68. 2) Ibidem, p.33. 3) Ibidem, p.24. 4) Carlos Imbassahy, en Mundo Espirita, Curitiba, 2l-5-1953, p. l. 5) A. Kardec, A Gênese, ed. de 1949, p.29. No coÍÍer do presente ensâio citaremos sempre as obrâs de Allan Kardec segundo as edições leitâs pela Federação Espirita Brasileira (Rio de Janeiro). ô) Cf. O Livro dos Espiritos,2l.a ed., p. ll7 e l34i O Evangellú segundo o Espiritismo,39.â ed., p.264. 7) Leão Denis, CrlsÍionismo e Espirítismo,5.à ed., p.235.
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(sic
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)
".
-- t) U.-r.t Zespo, O 9) tbidem, P. 5l '
que
éa
Umband'o,
Rio' 1949' p'
47'
l0)PietroUbaldi,ÁCrondeSíntese',ediçá^o^da.LAKE'SãoPaulo 28e, etc'
t..r"á"à)',"ip.-5J;-et,
224, 244,.248, 2E5
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e pÍovar do
,,Espiritismo
rganizado pelo ..Astral Su_ a Redentor clo Rio de Ja_
idade
Eclética
ser a reencaÍnaçáo
Espiri_
:: ff;t#Í'j["i:
cre João Batista,eJ.il "mestre Yokaanam,,; dó CircLrlo E st t e iilffi. o ou Comunhão clo Pensamento", que em sua Eclitora O petisamento e continua estampando os livros mais extjticos qLrepublicou anclanr por' este mLtndo em fora, em busca de gente créàula e su_ persticiosa; da Teosotia que, enrborã iundada contra-o Espiritismo, an_da,. aqui no Bràsil, Ae Urãçàs dados com os necromantes; da "Fraternidade Rosacruz,,, que u.rir-ã enslna expressamente em seus catectsmos... Não.-sáo, pois, poucos os que, neste Brasil católico, pro_ curam difundir as idéias reencarnacionistas. E, necessário que, neste babel de intensa propagancia, urna voz se faça ouvir, católica e_.se.rena, para submeier a filosofia da reentarnação à luz da lrlgica, da história, cla ciência e, sobietudo, da màn_
sagem cristã.
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I I. EXPOSIçÃO DA DOUTRINA DA
REENCARNAçÁO' unanimidade
Mostraremos mais adiante que náo existe existências' A entre os fautores áa teoria da piuralidade das havenescolas' várias em filosoÍia reencuinucionista se divide numerosas' e notáveis bastante divergências do entre elas Oiverq11cl1s^',11lre A exposiçáo minucioia de todas aquelaspara um complicado lévar nos de atém os reencarnaJ;;i;i;;,
prática labirinto, seria desnecessária para a iinalidade
desta
reenBasia-nos conhecer âs linhas gerais da escola
tt;;hr;;. do Brasil: carnacionista *À ptopugada nos meioõ católicos vtmos' como Pois' kardecista' a do Espiritis-mô de "gg,gg% oot' ..pitittt brasileiros aceitam a Doutrina reencarnacto-
Kaidec, incluida a reatidade dos ensinamentos que' senistas". 0 mesmo vale do Espiritismo de Umbanda e de cheÍes destacados mais seui de gundo as o..ràiãçott Íeencarnafilosofia sttas obras oÍiciais, endossa plenamente a parece lutic-t^11 cionista da Kardec' E' a razào poÍ que nos reencaÍnaçao asslm a com conexas i«léias principais u, a*po, todos foi .on..6iJà por Kardec e sua escola' Mas como como
critica os reencarna.iorirtur concordam no essencial, a
faremos valerá substancialmente para todos -'-