Jornal de Umbanda Sagrada - AGOSTO/2016

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Exu vai te pegar! A PALAVRA DO EDITOR Por ALEXANDRE CUMINO Contatos: [email protected]

Enquanto alguns “chutam a macumba” outros não chutam porque têm medo, e ambos tem o mesmo preconceito. Um tempo atrás ficou conhecido um vídeo em que policiais chutavam uma oferenda de Exu enquanto filmavam tudo. Para eles, naquele momento, parecia um ato de coragem “chutar a macumba”. E assim muitos “chutam a macumba” como um ato de valentia, para mostrar que não tem medo ou para mostrar que “o seu deus (minúsculo mesmo) é maior”, como se Deus estivesse preocupado com a valentia e a infantilidade de cada um. A ideia é que aquela “macumba” (oferenda) tem um dono e se você mexer nela ele vai te pegar. No filme “Besouro”* , o personagem Chico, que está revoltado com a vida e com a sua própria situação, se rebela e, a caminho da feira, chuta uma oferenda. A Mãe de Santo vendo aquilo ainda lhe adverte dizendo: “Chico: é de Exu!”. Na feira, Chico tem uma barraca de peixes e quem aparece ali para lhe provocar? EXU! Isso mesmo, ninguém menos que Exu! Apenas Chico e Besouro consegue ver Exu. A Mãe

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de Santo apenas sente a presença de Exu e saca o que está por vir. Então Exu vai, calmamente, na direção de Chico e lhe pergunta do peixe, joga o peixe pro ar, lhe provoca, e começa a discussão com Chico que destrói a própria barraca. Para os outros, que não estão vendo Exu, Chico está louco, falando sozinho e quebrando tudo. Para quem está assistindo ao filme parece mesmo é que Exu veio se vingar, porque Chico chutou sua oferenda. Será que é isso mesmo? Exu vem se vingar? Com certeza não! Exu não se vinga. No entanto, Exu representa a Vida. Exu é o mensageiro da Vida cobrando o desrespeito de uma pessoa pelo que é sagrado para o outro. Exu é mensageiro da vida que vem para dar uma lição aos arrogantes, soberbos, prepotentes, vaidosos, preconceituosos, intolerantes, valentões e outros que necessitam conhecer um novo caminho, talvez o caminho da dor, para um novo aprendizado de humildade, reverência, respeito e amor ao próximo. Exu é a vida trazendo uma nova lição ao “aprendiz” carente de novos ensinamentos.

*O filme “Besouro”, narra a história de um lendário capoeirista brasileiro. Durante as cenas, personagens e Orixás ocupam um mesmo espaço no qual aparece uma forma pela qual é possível um relacionamento entre ambos. Produzido de forma ímpar,

Redação: Av. Dr. Gentil de Moura, 380 Ipiranga - São Paulo - SP

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podemos dizer que Exu rouba a cena literalmente quando vemos a perfeição em que é retratada sua imagem, postura e atitude. Se você ainda não viu este filme nacional corra que está perdendo uma preciosidade de nossa cultura e universo religioso em particular.

Consultora Jurídica: Mirian Soares de Lima ( (11) 2796-9059 Jornalista Responsável: Wagner Veneziani Costa - MTB:35032

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Médium de Umbanda Por RUBENS SARACENI – Contato: [email protected]

O médium de Umbanda, ainda que muitos não o valorize, é o ponto chave do ritual de Umbanda no plano material. E, por sê-lo, deve merecer dos filhos de Fé já maduros (iniciados) toda atenção, carinho e respeito quando adentram no espaço interno das Tendas, pois é mais um filho da Umbanda que é “dado” à luz. E tal como quando a generosa mãe dá à luz mais um filho, onde tanto o pai quanto os irmãos se acercam do recém-nascido e o cobrem de bênçãos, amor, carinho e compreensão para com seus choros, o novo filho de Fé ainda é uma criança que veio à luz e precisa de amparo e todos os cuidados devido à sua ainda frágil constituição íntima e emocional. Do lado espiritual, todo o apoio lhe é dado, pois nós, os espíritos guias deles, sabemos que este é o período em que mais frágil se sente um ser que traz a mediunidade. Para um médium iniciante, este é um momento único em sua vida e também um período de transição, onde todos os seus valores religiosos anteriores de nada lhe valem, pois outros valores lhe estão sendo apresentados. Para todos os seres humanos este é um período extremamente delicado em suas vidas. E não são poucos os médiuns que se decepcionam com a falta de compreensão para com sua fragilidade diante do novo e do ainda desconhecido.

É comum uma pessoa dotada de forte mediunidade e de grandes medos ser vista como “fraca” de cabeça pelos já “tarimbados” médiuns. Mas estes não param para pensar um pouco no que realmente incomoda o novo irmão e, com isto, o Ritual de Umbanda Sagrada vê mais um dos seus recém-nascidos filhos perecer na maior angústia, e socorre-se a outros rituais que primam pela ignorância do mundo espiritual e sufocam nos seus fiéis seus mais elementares dons naturais. (...) Despertem para esta verdade, pais e mães de Santo! Olhem para todos os que chegam até vocês, não como seres perturbados, mas sim como irmãos em Oxalá que desejam dar “passagem” às forças da natureza que lhes chegam, mas encontram seus templos (mediunidade) ocupados por escolhos inculcados neles, através de séculos e séculos que estiveram afastados de seus ancestrais Orixás. Não inculquem mais escolhos dizendo a eles que tem Orixá brigando pela cabeça deles, ou que Exu está cobrando alguma coisa… Tratem os filhos que Olorum, o Incriado, lhes envia com o mesmo amor, carinho e cuidados que devotam a seus filhos encarnados. Cuidem deles; transmitam a eles amor aos Orixás, pois Orixá é o amor do Criador às Suas criaturas. Ensinem-lhes que, na Lei de Oxalá, ninguém é superior a ninguém,

pois na banda do “Um”, mais um todos são. Mostrem-lhes que Orixá é um santo, mas é mais do que isso: Orixá é a natureza divina se manifestando de forma humana, para os espíritos humanos. Ensinem aos médiuns que eles trazem consigo mesmo todo um templo já santificado e que nele se assentam os Orixás sagrados. E que através desse templo muitas vozes podem falar, e serem ouvidas pois

Umbanda provém de Embanda: sacerdote! E o médium é um sacerdote, um embanda, um Umbanda, ou mais um na banda do um, a Umbanda! Texto retirado do livro “O Código de Umbanda”, Editora Madras.

Este texto foi editado livremente por Alexandre Cumino para melhor se adequar ao formato do Jornal.

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Desabafo de um Médium Por GABRIEL HUFF MARQUES – Contato: https://www.facebook.com/gabriel.huff.5?fref=ts

caminho espiritual de lado: medo de estar se passando pela entidade, confusão em função da incorporação ser praticamente consciente, represálias, pressões e até mesmo inveja. Sim. Inveja! E de onde ela vem? Dos próprios elos dessa corrente mediúnica.

Escrevo este texto com o intuito de expressar as dificuldades que um médium iniciante passa no decorrer de seu caminho espiritual dentro da nossa Umbanda tão querida. Cresci na religião, desde pequeno. Sabe quando as criancinhas ficam dentro da corrente, num cantinho? Pois é, era eu!

Ao passo que um médium vai se “firmando” com determinada entidade, essa vai agindo de acordo com seu modo específico de “trabalhar”. Algumas entidades são mais quietas, reservadas, outras são mais agitadas, se movimentam mais, estalam dedos, puxam Pontos e etc.

A fase de início de um médium talvez seja a fase mais difícil no seu caminho dentro da espiritualidade. Tudo é novidade, o médium tende a ficar ansioso, com medo e receio. Passa um turbilhão de coisas na cabeça de um médium iniciante e ele ainda precisa manter a concentração, saber a hora certa de se entregar e manter o laço espiritual criado firme e forte. Nossa! Quanta coisa, né!? Se todos soubessem como é difícil passar por esse momento, não fariam cara feia para o médium depois que ocorre a desincorporação, não olhariam torto para ele. É um momento de descoberta, novidades, onde, aos poucos, ele vai se doando cada vez mais, deixando o guia tomar conta da matéria e mostrar sua personalidade, jeito de agir,

Infelizmente alguns médiuns não entendem que o modo particular de trabalho de seu Guia é o que o torna tão especial e bonito, e acabam por desejar, inconscientemente, que seu guia fosse como o do seu irmão. caminhar, tom de voz, etc. Um médium iniciante tem de lidar com tantas coisas em sua cabeça ao mesmo tempo, que, às vezes, é preciso ter uma maneira mais delicada, sutil ao dar um conselho, até mesmo repreender alguma atitude do médium ou da própria entidade. É preciso ter paciência com mé-

diuns novos, não importa se você tem que ter uma conversa, duas ou quantas vezes forem necessárias.

Já pensou passar por tudo isso sem estremecer? É praticamente impossível.

Se o erro não acontece por “maldade” do médium, é preciso ter paciência por parte dos irmãos e dirigentes da Casa.

Por último, vou encerrar dizendo que a Umbanda é muito mais do que se pode ver e sentir.

Muitas são as razões que fazem um médium iniciante deixar o seu

Texto livremente editado para o Jornal de Umbanda Sagrada

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Mediunidade na adolescência: vamos falar sobre isso? Por VERIDIANA MATAJI – Contato: [email protected]

No ano de 2003, com 14 anos, havia acabado de chegar dos Estados Unidos onde fui estudar, país onde estive por pouco menos de um ano morando com minha madrinha, que é também minha tia. Ao contrário do que se possa imaginar, não foi tão legal assim. O motivo que me enviou para longe de

casa, a saudade do Brasil, a solidão, estava tudo muito sofrido e por estas razões resolvi voltar para casa. Chegando ao Brasil, em uma condição emocional bastante fragilizada, minha avó, querendo ajudar, me levou a um Centro de Umbanda. Quando pequena era esse o lugar que mais gostava de ir com ela, era

nosso grande passeio. Adorava porque os Centros eram sempre muito longe de casa e as horas dentro do ônibus só faziam aumentar a emoção da aventura.

Não havia sido a primeira manifestação de capacidades mediúnicas; quando muito pequena, pude ver e ouvir espíritos, mas até aí, para mim era coisa de criança.

Minha avó se dizia católica apostólica romana, mas na prática não era bem assim: vire e mexe visitava alguns Terreiros e ela mesma era médium; precisando, lançava mão deste dom, embora nunca tenha se vinculado nem frequentado com constância nenhuma Casa.

O ocorrido me incomodou muito, em um momento de desequilíbrio emocional, em plena adolescência; aquilo parecia um castigo, não conseguia acreditar que eu, uma pessoa que se sentia totalmente desajustada socialmente, poderia realizar um trabalho em prol de uma causa de cura e caridade.

Mas daquela vez a coisa foi diferente. Apesar de me sentir feliz por estar naquele lugar, em dado momento da Gira comecei a me sentir mal, tudo escureceu e pedi a ela que me levasse embora porque não estava passando bem, mas não deu tempo e só me lembro do final do trabalho. A dirigente da Casa me dizia: “Muito bonita a sua entidade, venha semana que vem e traga sua roupa branca.” Minha avó chegou em Casa contando a todos o que havia acontecido e eu, muito envergonhada, tinha vontade de cavar um buraco na terra e me esconder.

O tempo foi passando e tudo ficou mais intenso, a sensibilidade, a incorporação, a pressão da família e dos sacerdotes umbandistas para que eu trabalhasse. Passei por muitas Casas buscando acolhimento e ajuda para este processo, mas nunca dava certo. Coisas estranhas aconteciam e junto a tudo isso tive de lidar com a opinião médica de alguns parentes e amigos que aconselhavam minha mãe a buscar um psiquiatra, dada a proporção que a coisa tomou.

A conclusão deste texto será publicada na próxima edição (nº 196 de Setembro de 2016).

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Semelhança entre doença xamânica e mediunidade na Umbanda Da REDAÇÃO DO BLOG UMBANDA EAD com JÚLIA PEREIRA - Contato: [email protected]

É comum escutarmos que algumas pessoas “vem pela dor” até a Umbanda, e isso tem um sentido real quando olhamos para o processo de desenvolvimento mediúnico destas pessoas. Pai Alexandre Cumino no livro Médium – Incorporação não é Possessão afirma que: “a busca pelo sentido da vida, a cura de dores físicas, morais, emocionais e espirituais são alguns dos estímulos que levam as pessoas à um terreiro”. E que: “a Umbanda mostra apenas que a solução ou a cura é algo que está dentro de você e que não adianta continuar procurando fora o que está no interior”. Mas, o que isso tem a ver com a doença xamânica? William Nuvem Branca relata no curso Xamanismo Tradicional (www.umbandaead.com.br) que no início do século XIX os estudiosos e etnólogos acreditavam que os xamãs estavam tendo uma crise epilética ou como é chamado na ciência da psicologia, uma histeria. Com o tempo foram se desenvolvendo estudos que diferenciavam o transtorno mental da crise evidenciada dentro da iniciação xamânica. Mircea Eliade, um dos maiores estudiosos sobre o xamanismo e filósofo das religiões fala disso destacando que “o xamã não é só um homem doente é muito mais que isso, ele é um homem que ficou doente e que se curou dessa doença por si mesmo”. Após esse processo ele assume a sua função dentro da comunidade: cuidar do bem estar geral do grupo.

Nesse processo o xamã passa pela crise que normalmente é desencadeada por um vazio existencial ou doença física, nesse momento ele tem o seu “chamado” a vocação, e ao longo do processo ele irá passar por várias etapas sendo algumas delas: a recusa pelo chamado, a descoberta de novos dons, a decisão de mudar, o treinamento com os anciãos, a superação das doenças e a volta para comunidade como uma nova pessoa, agora, dotada de conhecimento e sabedorias que podem promover o auxílio a outras pessoas. A pessoa que vai pela dor a um centro de Umbanda, também está em crise, e as doenças que a afligem muitas vezes são causadas pela mediunidade mal trabalhada. A mesma crise que “fez nascer” o ritual de Umbanda e que só encontrou tratamento quando Zélio de Moraes aceitou sua mediunidade e passou a desenvolve-la é aquela com a qual o xamã precisa saber lidar. Pai Alexandre Cumino aborda isso no livro supracitado, “vivendo com dores, desequilíbrios emocionais e “ataques”, Zélio foi levado ao médico, ao padre, à benzedeiras e a um centro espírita. O que ele tinha pode ser chamado de “doença xamânica”, ou simplesmente mediunidade mal trabalhada, claro, pois Zélio desconhecia sua própria mediunidade”.

Por isso, podemos dizer que a Umbanda muito tem a aprender com o que os conhecimentos xamânicos oferecem. Enxergar na tradição do outro os seus fundamentos é um intercâmbio cultural que só quem estuda e/ou se aprofunda mais na questão consegue conceber.

“A partir do momento que existe hora e lugar para extravasar essa mediunidade, o médium para de sofrer, não incorpora mais involuntariamente fora de hora, e com o entendimento do que é o dom mediúnico ele começa a entender e interagir com esse universo.” Alexandre Cumino

“O xamã para poder se curar precisou ter se ferido em algum momento, e ter também se auto curado para ter domínio sobre a doença e os tratamentos de cura da mesma, para só assim então poder ajudar as pessoas” William Nuvem Branca

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Reflexões sobre a mediunidade Por ALEXANDRE CUMINO Contatos: [email protected]

A mediunidade não é um peso e sim um dom. Mas quando não sabemos como trabalhar com ela, pode se tornar um fardo. Muitos se sentem reféns de dores e sentimentos que se manifestam em seu corpo sem explicação científica, biológica, psicológica ou racional. Em muitos momentos da vida, sentimos que há algo de errado em nós, nos sentimos deslocados do mundo, sentimos que falta um sentido ou uma razão para nossas vidas. Sentimos “coisas” que não conseguimos explicar e, às vezes, parece que estamos ficando loucos. Muitas vezes parece que temos distúrbios bipolares, tripolares, multipolares… Somos vistos como histéricos, desequilibrados ou esquisitos, apenas porque vemos, ouvimos ou sentimos o mundo espiritual. Como diria Pai Ronaldo Linares: “Não estamos loucos, apenas descobrimos que somos médiuns”. Durante muito tempo a Psicologia considerou os sintomas da mediunidade como se fossem os mesmos da histeria. Hoje sabemos que histeria não tem hora nem lugar para acontecer e muito menos pode dar um sentido para nossas vidas. Sendo assim, se a mediunidade fosse uma loucura, então seria uma loucura controlada. Somos loucos por Deus, somos místicos no sentido mais forte da palavra: aqueles que vivem uma experiência transcendental direta e visceral com o sagrado. Afinal: a sabedoria que reside no sagrado é loucura para este mundo material e a sabedoria deste mundo é loucura para o sagrado e divino. (I Cor: 1:17)

Por isso, não basta apenas cuidar do espírito. O médium precisa se autoconhecer, precisa aprender a trabalhar suas dores, seus traumas, vícios e dificuldades. O médium precisa aprender a aplicar sobre si mesmo e sobre sua vida os recursos da Umbanda. O mais importante é querer se tornar alguém melhor, uma pessoa mais bacana para si mesmo e para os próximos e os distantes também. 99,9% dos médiuns são semiconscientes e entram em crise por acreditar que estão “mistificando”. Por esta razão, entre outras, é muito importante que o médium de Umbanda estude, aprenda e conheça o que é este dom divino que se manifesta por seu intermédio.

Ao nos descobrirmos médiuns, passamos a ouvir muitos dogmas e tabus que nem sempre correspondem à verdade sobre nossa mediunidade. Como por exemplo: • • • • • •

De que todo médium tem um pesado karma para carregar. Que médium é um devedor da Lei maior. Que mediunidade é um caminho de sofrimento e dor. Que os Guias espirituais ajudam a todos menos a seu médium. Que médium está destinado a uma vida miserável, sem prosperidade. Que o médium assinou um contrato antes de encarnar e que agora deve cumprir seja lá o que for, que ele mesmo não sabe o que foi. • Que uma vez desenvolvida a mediunidade, a pessoa passa a estar amarrada com a Umbanda e não pode sair mais desta religião e etc… ENQUANTO, NA VERDADE… • • • • • • •

Mediunidade Mediunidade Mediunidade Mediunidade Mediunidade Mediunidade Mediunidade

é é é é é é é

oportunidade de viver a vida com mais qualidade, com mais sentido, com mais sentimento. oportunidade de contato com nossa família espiritual que nos ama e quer bem. oportunidade de vencer velhas dificuldades, superar apegos, curar dores e vícios. oportunidade de sair do caminho da dor e entrar no caminho do amor. oportunidade de nos libertarmos do peso do karma negativo desta e de outras encarnações. mais vida para nossas vidas. tudo isso e muito mais se for bem trabalhada, e pode ser um caos se mal trabalhada.

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Será que você é médium? Por MARCELO MORENO (Magia do Axé) Contato: [email protected]

Sim, todos somos. Mas o que é um médium?! É aquele que se torna o MEIO de comunicação entre planos. Bom, dessa forma todos nós somos, já que todo encarnado tem ligação direta com o Órum, plano astral, espiritualidade, céu, ou como chamar.

e isso estará ligado diretamente com a sua missão na Terra! Ou seja, não precisa ser o menino do sexto sentido! Por exemplo, eu. Não sou médium de incorporação, nem ouço vozes, sou um médium de sensibilidade.

Vão surgir as dúvidas, como: “ Irmão, não ouço vozes, não vejo gente morta (Todo o tempo Rss), não incorporo, ou não sou da religião africana. Como posso ser médium?!

As mensagens que posto para vocês desabam sobre minha cabeça como raios que eu até me assusto quando chegam, como um estalo na minha mente.

“ Essa é a beleza da espiritualidade, pois dentro da mediunidade existem N formas dela se manifestar

Meu tipo de mediunidade também é avessa à lugares muito cheios e escuros, pois tenho tendência

a absorver as energias de baixa vibração. Isso também me faz imã de pessoas com muitos problemas, o que não acho ruim, é sempre bom ajudar, mas se não tomado os cuidados, trago tudo para mim. “Nossa, irmão, como descubro a minha?” Simples, se conhecendo e cuidando da sua espiritualidade. E isso não é largar tudo e ir no terreiro mais próximo, mas buscar o superior da forma que mais lhe apetece a alma. Mediunidade, irmãos, não é só incorporar caboclos ou orixás,

mas servir de MEIO para um bem maior. :) Falei muito, Rss, e quero saber se querem que eu fale sobre os tipos de mediunidade! E comentem também como descobriu-se um médium, fico feliz quando participam! Ah, aliás, essa arte linda foi inspirada por nosso pai Ogum, que também foi o mentor desse tema para vocês (Ogunhê!). Na nossa lojinha tem toda a coleção de camisas e canecas que fizemos pro dia dele, Passa lá: www. magiadoaxe.com/ogum

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Me chamaram para entrar no Terreiro. E agora? Por JULIANA MOYA – Contato: [email protected]

Queridas leitoras e queridos leitores, Tenho recebido muitas mensagens de pessoas que estão começando o seu caminho na Umbanda, seja no Brasil ou em outros países, e têm dúvidas sobre algumas questões bastante relevantes. Geralmente as dúvidas que as pessoas colocam são idênticas, ou muito parecidas. Creio que são questões que a maior parte das pessoas que começam na Umbanda têm (eu inclusive!), e por isso, neste texto, resolvi uma delas (talvez a principal). Longe de mim saber a resposta ideal ou correta para esta ou outras questões da nossa religião. Minha intenção é apenas incentivar a reflexão e, quem sabe, ajudar-vos a encontrar uma resposta nos vossos corações. QUESTÃO: Fui convidado/a para integrar a corrente mediúnica de um Terreiro. E agora? Quando uma pessoa é convidada para integrar a corrente mediúnica de um Terreiro de Umbanda (passar a fazer parte do grupo de médiuns, ficando do lado de dentro da corrente), surgem imediatamente muitas dúvidas e anseios. Passar da assistência para o “lado de dentro” é um passo muito grande e têm muitas implicações. Por não saberem exatamente o que isto implica, muitas pessoas ficam

em pânico, confusas, amedrontadas, acham que têm a obrigação de aceitar este chamamento e que a vida delas vai mudar radicalmente. O primeiro conselho que eu posso dar é: tenha calma! Quando este convite é feito, ninguém, em circunstância nenhuma, é obrigado a aceitar. Algumas pessoas não se sentem preparadas ainda ou não se identificam com o Terreiro em questão.

Por isso a recusa é totalmente legítima e a vida delas não vai desmoronar (não mesmo!) por causa disso. Por isso, mesmo diante da surpresa, da animação e da excitação pela possibilidade de integrar a corrente mediúnica, é importante ter calma e pensar muito bem nos prós e contras de dar este passo, com calma, com tempo, com o coração. Agora, falando sobre o que implica passar para o lado de dentro,

algumas pessoas acham que implica somente passar a ir de roupa de branca e chegar um pouquinho mais cedo às sessões. Mas não é só isso, de todo! Mais do que tudo, passar para o lado de dentro significa assumir um compromisso, consigo próprio, com a casa, com a família espiritual daquela casa e com as suas próprias entidades. Significa estar interessado e disponível para as atividades de desenvolvimento mediúnico, de caridade, para as Giras e outras atividades daquele Terreiro. Significa, também, estar disponível para organizar, limpar e ajudar nas tarefas de preparação do ambiente para os trabalhos espirituais que são realizados. Aqui também impera a liberdade de cada um, e o seu desenvolvimento vai caminhar conforme o seu interesse e dedicação. Há quem chegue no dia da Gira, coloque a roupinha branca, participe dos rituais e logo a seguir vai embora. Há quem faça tudo isso e, para além, se preocupa em chegar mais cedo para limpar o chão e o Congá, arrumar as flores, organizar a assistência, fazer a sustentação energética durante a Gira, ler e estudar a religião de Umbanda, propor matérias interessantes para serem estudadas no Terreiro, etc. O certo e errado, melhor ou pior em tudo isso, caberá à consciência e coração de cada um dizer.

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Mediunidade Reciclada Por ADRIANO CAMARGO – Contato: [email protected]

Vemos um efeito interessante acontecendo hoje: a reciclagem religiosa! Isso mesmo. As religiões criam seus próprios lixos, que naturalmente são aproveitados por outros, e assim por diante, por pura e natural necessidade de evoluir constantemente. Criamos em nossas consciências o entendimento de que na Criação Divina tudo se aproveita, nada verdadeiramente é lixo, nada é totalmente descartado. Aquilo que para um é lixo resulta no alimento na mesa do outro. Falei tudo isso pra chegar num único ponto: cuidemos de nosso lixo! Mudemos nossos comportamentos para que sejamos bem aproveitados dentro de nossa realidade religiosa e sejamos vistos pela espiritualidade como bons instrumentos. Os recicladores estão a todo vapor. Esperam aqueles que se tornam verdadeiros lixos humanos, para que sejam reaproveitados em realidades afins com seus íntimos negativos. Se você cultiva sentimentos

negativos por seus irmãos de fé; se você é um daqueles que se preocupam demais com a vida de seus confrades, nunca pode ajudá-los, mas criticá-los é o máximo; se você vive dando sua opinião maldosa sobre a mediunidade alheia, mas não procura estudar, não se permite o aprendizado, a cultura religiosa, a doutrina, não se preocupe: você é candidato perfeito à reciclagem religiosa!

sos ou então serão reciclados, arrancados de dentro de seus invólucros, verdadeiros sacos de lixo, que escondem o verdadeiro lixo que são, e levados a outras realidade religiosas, outras formas de professar sua fé, mesmo que para isso tenham que desembolsar algum dinheiro.

Às vezes vemos um Terreiro passar por um verdadeiro êxodo. Saem vários médiuns e outros integrantes. Saem falando mal das Casas que os acolheram, muitas vezes os desenvolveram e os suportaram até que seus negativos aflorassem de vez.

Acabou a moleza. A espiritualidade que conduz nossa religião quer bons instrumentos a serviço do Pai Criador. Médiuns esclarecidos, conscientes de seus deveres e atribuições.

Criam intrigas e tentam levar consigo a maioria das pessoas, usando os mais baixos artifícios e fofocas. Os que ficam, normalmente continuam seu trabalho como sempre. Os que saem dessa forma, dificilmente encontrarão alguma satisfação em outro lugar. Ou farão a mesma coisa depois de algum tempo, ou se tornarão mercantilistas religio-

Vamos melhorar, estudar, incentivar nossos irmãos mais acanhados e os mais acomodados também.

Não sintam vergonha de sua religião por causa dos atos de um ou outro lixo humano que passou por aqui. Tenha certeza, o que não foi ou está sendo ou será muito em breve reciclado e remetido a sua realidade íntima. Sucesso e realização!

Texto livremente editado para o Jornal de Umbanda Sagrada

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