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DERAL - Departamento de Economia Rural Fumo - Análise da Conjuntura Agropecuária Novembro de 2013

MUNDO Com base nos dados apresentados pela organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – FAO, a produção mundial de tabaco indicava um comportamento de estabilidade, na faixa de 6,6 milhões de toneladas. Porém, a partir do ano de 2007 registrou-se um expressivo crescimento e após algumas safras, novamente ultrapassou o volume dos 7 milhões de toneladas ou a equivalência de 10% de aumento nos últimos 4 anos. Na última publicação da FAO, o tabaco é cultivado em 128 países e ocupa uma área de 4,0 milhões de hectares, correspondendo a uma produção de 7,6 milhões de toneladas de tabaco em folha, o que resulta na produtividade de 1.900kg/ha, no ano de 2011. Nos últimos 4 ou 5 anos a Convenção Quadro vem exercendo um papel de destaque entre as nações que produzem o tabaco e os malefícios que o consumo causa aos seus dependentes. No entanto, o que se observa é a reação contrária em alguns países, como a China que cresceu 32% e a Índia, com a extraordinária taxa de 94% entre os anos de 2007 e 2011. Dos principais países que cultivam o tabaco, destacam-se a China que representa 42% da produção mundial, a Índia 13% e o Brasil também com a taxa de aproximadamente 13%. O Brasil apesar de ser o 2º ou 3º produtor, detém a liderança absoluta nas exportações mundiais a partir do ano de 1993 e já conquistou o mercado de mais de 100 países. Evidentemente, a posição que o Brasil assumiu deve-se a excelente qualidade do tabaco, a garantia de fornecimento e ainda pela vantagem dos custos de produção mais baixos, principalmente se comparado com os Estados Unidos que encontram dificuldade com a mão de obra e seus altos preços. (Tabela 1)

Responsável: Economista Methodio Groxko Contato: [email protected]; (41) 3313-4036

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TABELA 1 – PRODUÇÃO DE FUMO NOS PRINCIPAIS PAÍSES, EM TONELADAS- 2006-2011 Países

2006

China

2.746.193

Brasil

900.381

Índia

552.200

E.U.A

329.918

Argentina

2007

2008

2009

2010

2011

2.397.152

2.836.725

3.067.928

3.005.928

3.158.737

908.679

850.421

863.079

780.942

951.933

520.000

620.000

755.500

640.820

353.177

360.225

373.117

326.080

272.622

165.000

170.000

170.000

135.531

123.300

165.145

Indonésia

146.265

164.851

169.668

181.319

195.000

130.300

Malawi

121.600

118.000

160.238

208.155

215.000

174.928

Paquistão

112.592

103.240

107.765

104.996

119.323

102.834

Itália

110.000

100.000

100.000

119.119

97.200

82.175

Turquia

98.137

74.584

100.000

85.000

55.000

45.000

Zimbábue

44.451

79.000

79.000

96.367

109.737

115.570

Sub-Total

5.326.737

4.988.683

4.454.042

5.854.611

5.782.835

5.840.064

Outros

1.339.065

1.337.569

1.367.392

1.272.890

1.331.131

1.359.054

Total

6.666.802

6.326.252

6.821.434

7.127.501

7.113.966

7.199.118

520.000

FONTE: FAO, ITGA, AFUBRA, SEAB/DERAL

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DERAL - Departamento de Economia Rural CONVENÇÃO QUADRO O reconhecimento de que a expansão do tabagismo é um problema mundial fez com que os Estados Membros das Nações Unidas propusessem durante a 52ª Assembleia Mundial de Saúde a adoção de um tratado internacional de saúde pública. Este tratado foi denominado de Convenção Quadro para o Controle do Tabaco – CQCT e criado no mês de maio de 1999. Esta Convenção preconiza a redução do tabagismo e seus malefícios, visando especialmente os jovens e adolescentes que estão ingressando cada vez mais cedo no vício de fumar. A Convenção Quadro para o Controle do Tabaco foi adotada pela Assembleia Mundial de Saúde em 21 de maio de 2003 e entrou em vigor no dia 27 de fevereiro de 2005. Considerada como um marco histórico para a saúde pública mundial, a Convenção Quadro determina a adoção de medidas intersetoriais nas áreas de propaganda, publicidade, patrocínio, advertências sanitárias, tabagismo passivo, tratamento de fumantes, comércio ilegal, preços e impostos. Para que houvesse a ratificação e sua implementação, foi criada em 2003 a Comissão Nacional para a Implementação da Convenção Quadro – CONICQ composta por 16 ministros, sob a presidência do Ministro da Saúde e a Secretaria Executiva sob a responsabilidade do Instituto Nacional do Câncer - INCA . Na seqüência foi decisivo o documento do Poder Executivo composto por 6 Ministérios; Casa Civil, Saúde, Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Relações Exteriores e Fazenda, no sentido de garantir que a Convenção Quadro não proíbe o plantio de tabaco no Brasil e assegurar o apoio aos fumicultores através de Programa de Diversificação Produtiva das Áreas cultivadas com tabaco. O Senado realizou audiências públicas em Brasília, Santa Cruz do Sul/ RS, Irati / PR, Florianópolis/ SC, Camaquã/ RS e Cruz das Almas/ BA, com o objetivo de esclarecer a população em especial os produtores de tabaco, sobre os objetivos do tratado. No dia 27 de outubro de 2005, o Senado Federal aprovou a ratificação da CQCT através do Decreto Legislativo nº1012, mediante o compromisso do Governo Federal de

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DERAL - Departamento de Economia Rural implementar o Programa Nacional de Diversificação em Áreas cultivadas com tabaco. O Governo Brasileiro tornou-se o 100º país a ratificar a Convenção. Nos primeiros anos, havia a expectativa de recursos para promover as mudanças da atividade fumícola para outra menos nociva à saúde humana, porém até meados de 2011 os resultados com a diversificação nas propriedades foram inexpressivas. A partir deste período, os 3 Estados do Sul começaram a implantar o Programa de Diversificação, através da Chamada Pública e com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA. De qualquer forma, pequenas mudanças já podem ser observadas, como a proibição de fumar em ambientes públicos e fechados, a proibição de venda de cigarros aos menores, o recente aumento de impostos e, principalmente, a adesão de alguns produtores às novas atividades resultantes da Chamada Pública.

PANORAMA NACIONAL

A fumicultura brasileira é uma cultura das mais antigas, pois os relatos indicam a sua utilização pelos indígenas que habitavam o nosso País, antes do seu descobrimento. Porém a sua importância comercial teve início nos séculos XVI e XVII e consolidou-se por ocasião da primeira grande indústria que se instalou no Brasil em 1918. Atualmente, cerca de 130 países cultivam o tabaco e o Brasil vem ocupando a 2ª posição na produção de tabaco em folha e assumiu a liderança das exportações a partir do ano de 1993. Inicialmente, cultiva-se fumos para charutos no Nordeste e em Minas Gerais. Já em São Paulo e nos 3 estados do Sul os plantios se destinavam à produção de fumo em corda. No Sul, o Rio Grande do Sul foi o primeiro na industrialização, depois Santa Catarina e mais tarde o Paraná. Apesar de o tabaco estar presente desde os primórdios da civilização, a sua ampliação nos mercados internacionais se tornou mais significativa a partir dos anos 70. Responsável: Economista Methodio Groxko Contato: [email protected]; (41) 3313-4036

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DERAL - Departamento de Economia Rural Evidentemente, o Brasil conquistou a primeira posição no Ranking das exportações pelo gradativo aumento da produção e também aproveitou os espaços deixados pelos concorrentes, como os Estados Unidos e o Zimbábue que reduziram as suas áreas de plantio. A produção brasileira de tabaco concentra-se basicamente nos três estados do Sul, que representam em média de 95%, e o restante em Alagoas, Bahia, Paraíba, Ceará e São Paulo. Cabe destacar a expressiva liderança do Rio Grande do Sul, que representa ao longo da história da fumicultura brasileira cerca de 50%, Santa Catarina com 29% e Paraná com 18%. Dos três estados, o Paraná continua com o maior crescimento e passou nos últimos sete anos de 11% para 19% do volume produzido no Sul do País. (Tabelas 2 e 3 ) TABELA 2- FUMO, PRINCIPAIS ESTADOS – ÁREA, PRODUÇÃO E PRODUTIVIDADE – 2012/2013 ESTADOS

Área (ha)

Produção (t)

Produtividade (kg/ha)

Participação (%)

Rio Grande do Sul

204.000

431.000

2.113

50,0

Santa Catarina

117.000

245.000

2.094

29,0

Paraná

71.000

162.000

2.282

19,0

Alagoas

10.000

10.400

1.040

1,2

Bahia

4.000

3.800

950

0,6

Outros

1.000

1.200

1.200

0,2

Brasil

407.000

853.400

FONTE: IBGE, SEAB/DERAL

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2.097

100,0

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TABELA 3 – BRASIL – EVOLUÇÃO DA ÁREA, PRODUÇÃO E NÚMERO DE FAMÍLIAS Safra

Área(ha)

Produção(t)

Nº De Famílias

2001/02

345.000

670.000

163.130

2002/03

393.000

656.000

170.830

2003/04

462.000

921.000

190.270

2004/05

494.000

889.000

200.000

2005/06

498.000

900.000

193.000

2006/07

460.000

909.000

181.000

2007/08

433.000

851.000

182.650

2008/09

443.000

863.000

180.520

2009/10

450.000

788.000

185.160

2010/11

455.000

952.000

186.810

2011/12

406.000

807.000

165.170

2012/13

407.000

853.000

166.840

FONTE: IBGE, AFUBRA, SEAB/DERAL

PERFIL DO FUMICULTOR BRASILEIRO

A fumicultura brasileira é caracterizada pela sua exploração através de mini, pequenos e ainda por aqueles produtores que não possuem terra, que são arrendatários ou meeiros. Segundo a pesquisa realizada pela Associação dos Fumicultores do Brasil – AFUBRA nos três estados do Sul e também pelo Departamento de Economia Rural – Responsável: Economista Methodio Groxko Contato: [email protected]; (41) 3313-4036

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DERAL - Departamento de Economia Rural DERAL, confirmam que a média das propriedades que cultivam o fumo gira em torno de 17 há de terra. Portanto, sua característica é de pequenos agricultores e de agricultura familiar, com predominância de mão de obra da própria família ou complementada com a troca de dias entre os vizinhos. Como a área é reduzida, os produtores utilizam no máximo 2,5 há ou 15% para o plantio de tabaco e o restante da propriedade é dividida para outras atividades como milho, feijão, batata, pastagens e reserva legal. Outro aspecto relevante na fumicultura é a presença dos produtores que não possuem terra e representam uma significativa parcela de 25% das famílias na safra de 2012/13. Essa gama dos sem terra são expressivos nos três estados do Sul, devido a facilidade de se integrarem à indústria que lhes facilita o financiamento da lavoura, fornece assistência técnica personalizada e garante a compra de sua produção. ( Tabela 4 – e Figura 1) TABELA 4 – FUMICULTURA BRASILEIRA – DISTRIBUIÇÃO FUNDIÁRIA – 2012/13 Hectares

Famílias

%

Sem Terra

41.270

25,0

De 1 A 10

57.990

35,2

De 1 A 10

41.710

25,3

De 11 A 20

16.330

9,9

De 21 A 30

6.180

3,7

Mais De 50

1.690

1,0

Total

165.170

100,0

FONTE: AFUBRA, SEAB,DERAL

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DERAL - Departamento de Economia Rural FIGURA 01 – OCUPAÇÃO DA PROPRIEDADE FUMÍCOLA

Outras Culturas 14%

Milho 22%

Mata Reflorestada 12%

Milho Pastagens Mata Nativa Fumo

Pastagens 20%

Fumo 15%

Mata Reflorestada Outras Culturas

Mata Nativa 17%

FONTE: AFUBRA 2012, SEAB/DERAL

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE FUMO O Brasil continua na liderança dos países exportadores de fumo e conquistou essa posição a partir do ano de 1993. Tradicionalmente, a maior parte da produção brasileira de fumo se destina ao mercado internacional. Em

2012 as exportações alcançaram

638.000 toneladas de fumo em folha, superando em 17% o volume comercializado em 2011, porém ainda menor em 10% se comparado ao 2007 quando o país exportou 710.000 toneladas. O faturamento com as exportações de fumo resultou em US$ 3,26 bilhões, ou o equivalente a 12,8 % de aumento em relação a 2011 que foi de US$ 2,89 bilhões. O fumo brasileiro se destina aos mercados já tradicionais, com predominância para a União Européia 40%; Extremo Oriente 27%; América do Norte 12%; Leste Europeu 9%, África Responsável: Economista Methodio Groxko Contato: [email protected]; (41) 3313-4036

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DERAL - Departamento de Economia Rural 7% e América Latina 5%. Com a redução das exportações dos Estados Unidos e do Zimbáue, o Brasil aproveitou parte desses mercados, e também conquistou novos clientes principalmente nos países do Leste Europeu. Outro fator desta liderança é a estabilidade da produção brasileira, a integração dos produtores com as fumageiras a qualidade do tabaco, a regularidade da oferta e os preços competitivos com os demais países exportadores. ( Tabela 5 e Gráfico 2) TABELA 5 – EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE FUMO E PREÇO MÉDIO

ANOS

QUANTIDADE

Valor (1.000

PREÇO MÉDIO

(1000t)

US$)

(US$/kg

2002

472

1.067

2,26

2003

588

1.488

2,53

2004

610

1.702

2,79

2005

630

1.720

2,73

2006

581

2.200

3,79

2007

710

2.713

3,82

2008

692

2.683

3,88

2009

674

3.020

4,48

2010

506

2.730

5,40

2011

546

2.891

5,29

2012

638

3.257

5,11

FONTE: SECEX, AFUBRA, SINDITABACO, SEAB/DERAL

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FIGURA 02 – PRINCIPAIS IMPORTADORES DE FUMO BRASILEIRO

AMÉRICA LATINA; 5% LESTE EUROPEU; 9% AMÉRICA DO NORTE; 12% ÁFRICA; 7%

UNIÃO EUROPÉIA; 40%

UNIÃO EUROPÉIA ORIENTE MÉDIO ÁFRICA AMÉRICA DO NORTE LESTE EUROPEU AMÉRICA LATINA

ORIENTE MÉDIO; 27%

FONTE: AFUBRA, SEAB/DERAL

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PANORAMA ESTADUAL Dos três estados que cultivam o tabaco na Região Sul, o Paraná ocupa a 3ª colocação na produção nacional, sendo superado pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Esta atividade apresentou um forte desempenho entre os anos de 2002 e 2007 quando a área plantada passou de 35.000 há para 84.000 há. Com isso a participação paranaense na produção brasileira se elevou de 11% para 19%. A partir deste período houve uma desaceleração do crescimento e a área no Paraná se estabilizou na faixa dos 75.000 há, durante os últimos 6 anos. Evidentemente, que após a ratificação da Convenção Quadro, no ano de 2005, o Governo Federal juntamente com os Estados produtores estão buscando alternativas econômicas para reduzir a dependência da principal atividade que é a fumicultura. Em 2011, foi assinada uma Resolução Conjunta entre a Secretaria da Agricultura e da Saúde, constituindo um grupo de trabalho com o objetivo de construir um Plano de Diversificação nas propriedades fumícolas. Este plano está baseado nas premissas estabelecidas na Convenção Quadro que prevê apoio aos agricultores que queriam diversificar a sua propriedade. No mesmo ano, o Paraná foi privilegiado através da Chamada Pública do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA e a EMATER que foi a sua executora. Este projeto foi executado nos dez maiores municípios produtores de tabaco e envolveu 960 famílias. Inicialmente, os técnicos da EMATER fizeram o levantamento socioeconômico dessas famílias, suas aptidões e as vocações regionais das propriedades trabalhadas. Na sequência ou no 2º estágio, algumas dessas famílias orientadas pelos técnicos já começaram colocar em prática as novas ideias ou orientações recebidas pelos técnicos. A primeira etapa deste projeto já se encerrou no final do mês de junho/13, porém uma nova chamada já está em discussão e desta vez passando de um ano e meio para três anos e a sua execução também será colocada em prática pelos técnicos da Responsável: Economista Methodio Groxko Contato: [email protected]; (41) 3313-4036

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DERAL - Departamento de Economia Rural EMATER. Entretanto, é sabido que estas tentativas deverão ser persistentes, uma vez que a fumicultura já esta consolidada há pelo menos 40 anos em nosso estado e qualquer tentativa de mudança gera dificuldade inicial. Como toda a agricultura familiar está enfrentando grandes dificuldades com a mão de obra, a fumicultura convive com os mesmos problemas, razão pela qual se observa uma tendência de concentração nas famílias com maior número de pessoas. Com a utilização do coeficiente de 0,7 homem/hectare, a atividade gerou, somente no campo, 50.000 empregos nos 71.000 há cultivados na safra de 2012/13. No Paraná predomina o tipo Virginia e sua produção concentra-se nos Núcleos Regionais de Irati, Ponta Grossa, Curitiba, União da Vitória e Guarapuava. É também conhecido como fumo de estufa, cujo processo de secagem é realizado com o calor artificial, através de lenha ou luz elétrica. Já o tipo galpão, cuja colheita consiste no corte do pé e a secagem se processa naturalmente, em galpões e sem o uso de lenha que se emprega nas estufas. (TABELA 6 e FIGURA 03 e 04)

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TABELA 06 – PARANÁ – ÁREA E PRODUÇÃO NOS PRINCIPAIS NÚCLEOS

REGIONAIS – 2012/13 e

2013/14 Núcleos Regionais

Safra 2012/13

Safra 2013/14

Part. %

Δ % B/A

Área (ha) A

Produção (t)

Área (ha) B

Produção (t)

Irati

17.900

39.700

19.300

43.000

26,0

7,8

Ponta Grossa

15.700

36.000

16.000

38.400

23,3

5,0

Curitiba

12.400

29.600

13.300

31.000

18,8

,8

União da Vitória

7.200

14.900

7.500

15.000

9,0

4,2

Francisco. Beltrão

4.800

11.000

4.711

10.000

6,0

(1,9)

Guarapuava

4.800

11.000

5.100

11.000

6,7

6,3

Cascavel

3.300

7.200

3.300

7.000

4,0

0,0

Outros

4.900

10.600

4.789

9.600

6,0

2,3

Total Paraná

71.000

160.000

74.000

165.000

100,00

7,0

FONTE: SEAB/DERAL

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FIGURA 03 – PARANÁ – EVOLUÇÃO DE ÁREA PLANTADA DE FUMO (ha)

90.000 80.000 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000

20 01 /0 2 20 02 /0 3 20 03 /0 4 20 04 /0 5 20 05 /0 6 20 06 /0 7 20 07 /0 8 20 08 /0 9 20 09 /1 0 20 10 /1 1 20 11 /1 2 20 12 /1 3 20 13 /1 4

0

FONTE:SEAB/DERAL FIGURA 04 – PARANÁ – PARTICIPAÇÃO DA ÁREA POR NÚCLEO REGIONAL

Outros 7% Cascavel 4% Francisco Beltrão 6%

Irati 26%

Guarapuava 7%

FONTE:SEAB/DERAL

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Ponta Grossa Curitiba União da Vitória

União da Vitória 9% Curitiba 17%

Irati

Guarapuava Francisco Beltrão Ponta Grossa 24%

Cascavel Outros

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PREÇOS

Após alguns anos em que as utilidades ligadas à atividade fumícola não conseguiam firmar acordos, na presente safra de 2012/13, houve entendimento entre as partes e o valor de reajuste foi aprovado. Inicialmente, as entidades que representam os fumicultores apresentaram um pedido de reajuste de 8,25% e as fumageiras ofereceram entre 6 e 7 %, o que já seria bastante coerente. Finalmente, nos dias 14 e 15 de janeiro/2013 uma comissão de várias entidades visitou as empresas com a nova proposta de 7,5%. Depois de várias reuniões com as fumageiras, este valor foi aceito e desta vez foi assinado o protocolo de comercialização. Com o reajuste de 7,5% o novo preço da classe B 01 passou a ser comercializado a R$ 8,70 / kg ou R$ 130,50 a arrouba. Nesta safra de 2012/13, a comercialização transcorreu de certa forma satisfatória, a produção atendeu a expectativa dos produtores e a classificação do produto gerou poucas reclamações, o que por sua vez se traduziu em mais um secesso, com os preços fechando na média de R$ 7,20 / kg. Esta média superou em 22% o valor recebido pelo produtor durante a safra do ano passado. Com uma produtividade média de 2.200 kg / ha, o produtor paranaense de tabaco auferiu uma renda bruta de aproximadamente R$ 16.000,00 / ha, resultado altamente favorável se comparado ao feijão que na melhor das hipóteses não passaria de R$ 4.500,00 / ha ou ainda o milho que mesmo com a melhor performance na safra das águas dos últimos anos, a sua renda bruta é de apenas R$ 2.700,00 / ha. Portanto, a comparação da lavoura do tabaco com esses dois cereais, supera em larga escala e por este motivo os técnicos encontram tantas dificuldades na busca de substituição ou mesmo na diversificação das propriedades fumicultoras. O faturamento geral do setor em 2012 foi de R$ 22,814 bilhões, contra R$ 17,096

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DERAL - Departamento de Economia Rural bilhões do exercício anterior. ( TABELA 7 ) TABELA 7 – FUMO - DISTRIBUIÇÃO DA RENDA Especificação

R$ 2011

%

R$ 2012

%

Tributos/ Governo

9.578.771.330,00

56,0

10.480.254.930,00

45,9

Indústria

2.238.587.520,00

13,1

6.278.384.000,00

27,5

Produtor

4.249.329.000,00

24,9

4.673.296.000,00

20,5

Varejista

1.029.647.850,00

6,0

1.382.209.370,00

6,1

Total

17.096.335.700,00

100

22.814.144.300,00

100

FONTE: RECEITA FEDERAL, SECEX, AFUBRA, SEAB/DERAL

PROGNÓSTICO

As autoridades ligadas à saúde pública de vários países do mundo, estão tratando com muita ênfase as questões ligadas ao tabagismo, cujo foco principal é a Convenção Quadro que norteia e preconiza a redução dos malefícios causados aos seres humanos. Atualmente, 177 países já ratificaram a Convenção Quadro e além de várias reuniões internacional, alguns países já começam a colocar em prática os esforços na tentativa de diversificação. Neste sentido o Governo Brasileiro através do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA está promovendo as Chamadas Públicas nos três estados do Sul, cujo objetivo é mostrar e apoiar quaisquer alternativas que sejam economicamente viáveis na tentativa de reduzir o plantio de tabaco. No Paraná este Programa foi executado pelos técnicos da EMATER e envolveu 960 famílias nos 10 municípios maiores produtores. Este projeto consiste em treinamentos, assistência técnica e muita discussão, com base nos produtos que tem aptidão regional e também com aqueles produtores que de livre Responsável: Economista Methodio Groxko Contato: [email protected]; (41) 3313-4036

SEAB – Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento

DERAL - Departamento de Economia Rural vontade desejam assumir os novos desafios. Porém, é sabido que qualquer mudança de atividade já consolidada e lucrativa, exigirá um esforço conjunto dos Governos Federal, Estadual e Municipal. Esse esforço se traduz em recursos financeiros no primeiro momento e, na sequência a necessidade de alocar técnicos para promover a Assistência Técnica, a exemplo de como procedem as indústrias fumageiras quando iniciam o processo de integração. Com o trabalho já iniciando nas 960 famílias e a necessidade de ampliação para um universo mais amplo, já se observa a grande dificuldade na continuidade do mesmo. Nova atividade exige assistência técnica permanente, contratação de mais técnicos especializados e evidentemente disponibilizar mais recursos. Caso contrário, teme-se que a mudança seja muito lenta e a fumicultura continuará bastante participativa em nosso Estado. Pelo segundo ano consecutivo os produtores expressaram elevada grau de satisfação com a comercialização do tabaco. Desta forma, ao que tudo indica o último de campo realizado pelos técnicos do DERAL, a área de tabaco, no Paraná, para a safra de 2013/14 deverá ser de 74.000 ha e uma produção de 165.000 toneladas de tabaco em folha. Caso esta estimativa se confirme, o Paraná terá um aumento de 4% sobre a área plantada e 5% sobre a produção da safra passada. Saliente-se ainda que nas últimas safras observa-se uma concentração em áreas maiores, uma vez que o número de famílias vem apresentando pequenas reduções.

Responsável: Economista Methodio Groxko Contato: [email protected]; (41) 3313-4036