Credibilidade e Função de Reação do Banco Central do Brasil

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ECONOMIA E FINANÇAS - EPGE BERNARD GONIN DE CAMPOS Credibilidade e Função de Reação do Banco Central d...
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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ECONOMIA E FINANÇAS - EPGE

BERNARD GONIN DE CAMPOS

Credibilidade e Função de Reação do Banco Central do Brasil

Rio de Janeiro

2015

I

BERNARD GONIN DE CAMPOS

Credibilidade e Função de Reação do Banco Central do Brasil

Dissertação para obtenção do grau de mestre apresentada à Escola Brasileira de Economia e Finanças

Instituição: Fundação Getúlio Vargas

Área de concentração: Política Monetária

Orientador: Marcio Magalhães Janot

Rio de Janeiro

2015

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III

IV

RESUMO Recentemente as expectativas de inflação de mais longo prazo passaram a ficar desancoradas da meta. A fim de testar a perda de credibilidade no compromisso do Banco Central do Brasil de trazer a inflação para o centro da meta, inicialmente, recriamos indicadores de credibilidade para essa instituição e encontramos que esses índices estão em patamares relativamente baixos em termos históricos. Em seguida, calculamos a função de reação do Banco Central utilizando uma Regra de Taylor em janelas moveis de cinco anos no período 2005-2014 como uma tentativa de justificar essa queda da credibilidade nos últimos anos. Os resultados apontaram uma mudança mais acentuada na função de reação do Banco Central do Brasil a partir de 2013, em que a variável hiato do produto ganhou maior importância e o desvio da inflação em relação à meta perdeu significância. Essa mudança pode ter sido um dos principais geradores para a queda recente de credibilidade. Palavras-chave: Credibilidade, Regra de Taylor e expectativas de inflação.

V

ABSTRACT Recently the longer-term inflation expectations began to distance itself from the goal. In order to test whether there was loss of credibility in the commitment of the Central Bank of Brazil to bring inflation to the target center, at first, we recreate credibility indicators for the institution and found that these indices are at relatively low levels comparing to the historical standards. Secondly, we calculated the BCB's reaction function using a Taylor rule in five years rolling windows as we attempt to justify this drop of credibility in recent years. The main conclusion was the change of Central Bank of Brazil reaction in 2013, in which the variable output gap gained greater importance and the deviation of inflation from the target has lost significance. This change may have been one of the main generators for this confidence fall. Keywords: Credibility, Taylor rule and inflation expectations

VI

Lista de Ilustrações Gráfico 1 – Expectativas de Inflação ....................................................................... 7 Gráfico 2 - Índices de Credibilidade Sicsú (2002)................................................. 11 Gráfico 3 - Índices de Credibilidade Mendonça .................................................... 13 Gráfico 4 - IPCA e Juros Reais ............................................................................... 14 Gráfico 5 - Regra de Taylor e a Taxa de Juros Americana .................................. 16 Gráfico 6 - Fed Fund x Regra de Taylor (1965 a 1996) ......................................... 20 Gráfico 7 - Gráfico função reação x taxa Selic ..................................................... 28 Gráfico 8 - Desvio da taxa Selic em relação à Regra de Taylor ........................... 29 Gráfico 9 - Coeficiente da Regra de Taylor com janelas móveis ........................ 31

Tabela 1 - Decomposição da Inflação ...................................................................... 6 Tabela 2 - Como um Banco Central conquista credibilidade? .............................. 9 Tabela 3 - Gradualismo na Política Monetária ...................................................... 18 Tabela 4 - Resultados da Função Reação do Banco Central .............................. 25 Tabela 5 - Principais resultados da função de reação do BCB ........................... 26

Equação 1 - Curva de Phillips .................................................................................. 5 Equação 2 - Índice de Credibilidade Cecchetti e Krause ..................................... 10 Equação 3 - Índice de credibilidade Sicsú ............................................................ 11 Equação 4 - Índice de credibilidade Mendonça .................................................... 12 Equação 5 - Regra de Taylor Original .................................................................... 17 Equação 6 - Regra de Taylor com termo de suavização ...................................... 19 Equação 7 - Regra de Taylor modificada .............................................................. 22 Equação 8 - Regra de Taylor utilizada no trabalho .............................................. 24 Equação 9 - Paridade da taxa de juros .................................................................. 33

VII

Sumário 1. Introdução ............................................................................................................. 1 2. Expectativas de inflação no Brasil ........................................................................ 5 3. Credibilidade ......................................................................................................... 8 4. A Regra de Taylor ............................................................................................... 16 5. Função de reação do Banco Central do Brasil ................................................... 22 5.1.

Metodologia e base de dados ...................................................................... 22

5.2

Resultados ................................................................................................... 25

5.2.1

Regra de Taylor 2005 - 2014 ................................................................. 25

5.2.2

Regra de Taylor com janelas móveis..................................................... 31

6

Conclusão ........................................................................................................... 34

7

Referências Bibliográficas .................................................................................. 35

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Anexo - Teste de Raiz Unitária ........................................................................... 38

VIII

1. Introdução Desde 1999, o Brasil passou a utilizar o regime monetário de metas para inflação. Nesse regime, o Banco Central do Brasil (BCB) cria um “compromisso” com os agentes econômicos de adequar o nível de preços a uma meta de inflação previamente estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A principal ferramenta utilizada pelo BCB para manter a inflação dentro da meta é a fixação de uma taxa básica de juros para a economia, a taxa Selic. Um ponto relevante desse sistema monetário é a preocupação do BCB de controlar as expectativas de inflação e não a inflação em si. Uma vez controlada as expectativas, estas afetarão diretamente os índices inflacionários, tornando assim mais fácil o controle da inflação. A partir de 2011, começamos a observar que as expectativas de inflação mais longas estavam se distanciando do centro da meta fixada. Uma justificativa para esse fato é que os agentes econômicos podem ter começado a notar que o BCB conseguia conviver com uma inflação em 12 meses persistentemente acima do centro da meta. Segundo Barro e Gordon (1983), o não cumprimento de acordos previamente firmados com a sociedade, que neste caso seria o de trazer a taxa de inflação para o centro da meta, pode ocasionar perda de credibilidade para a instituição governamental, contribuindo cada vez mais com a persistência da inflação. Estudos recentes demonstram que a credibilidade de um banco central é muito importante, principalmente para influenciar as expectativas racionais dos agentes econômicos. Blinder (1999) construiu uma pesquisa com questionários sobre a credibilidade dos bancos centrais, que foram respondidos por banqueiros centrais e acadêmicos. Ambos os grupos consideram que a credibilidade é muito importante, pois é mais fácil para manter a inflação baixa, além de tornar períodos desinflacionários menos custosos. De acordo com os participantes da amostra, a credibilidade pode ser obtida através do cumprimento dos objetivos estabelecidos pelo banco central, do grau de independência do próprio e do histórico de combate à inflação.

1

Apesar da credibilidade dos bancos centrais ser um tema bastante discutido, na prática é complicado mensurar essa variável. Seguindo a literatura que tenta medir esse indicador no Brasil, recriamos os índices de Sicsú (2002) e Mendonça (2004) para medir a credibilidade recente do BCB. Diferentemente dos trabalhos citados, criamos através da base divulgada pelo Focus, três novos indicadores de expectativas de inflação: 24 meses à frente, 36 meses à frente e 48 meses à frente. Com isso, utilizamos a expectativa de inflação 12 meses à frente e mais esses três diferentes indicadores para construir os índices de credibilidade, que foram unânimes em apontar que a credibilidade do BCB estava em 2014 no menor nível desde 2005 (início do cálculo). Uma das possíveis explicações pode ser a perda de confiança por parte dos agentes econômicos que o BCB traga a inflação para o centro da meta. Moreira, Souza e Ellery (2013) chegaram à conclusão que o BCB vem se mostrando mais leniente no controle da inflação em relação aos últimos mandatos. Vale ressaltar que, em 2011, o BCB iniciou um ciclo de afrouxamento monetário de 525 pontos base (bps) que durou até agosto de 2012, mesmo com a inflação constantemente acima do centro da meta. Contrapondo o que foi dito acima, Modenesi (2011) destacou no seu trabalho que a formação da taxa de juros no país era baseada em uma postura excessivamente conservadora por parte do BCB. Sua principal conclusão expõe que mantido o conservadorismo na condução da política monetária (PM), a taxa de juros dificilmente seria reduzida de forma satisfatória pelo BCB. As simulações realizadas por ele indicam que seria necessária uma deflação crônica e de grande magnitude para que a Selic caísse significativamente. Os dois textos citados acima chegaram a conclusões completamente opostas. Este trabalho visa analisar se houve alguma mudança na função de reação do BCB nos últimos anos, assim que, analisar se essa possível mudança possa estar afetando as expectativas de inflação e a credibilidade da autoridade monetária. Para isso, estimamos a função de reação do BCB utilizando uma Regra de Taylor com janelas móveis de cinco anos. Essa regra é uma ferramenta importante utilizada na PM de diversos países. Ela foi citada pela primeira vez em 1993 pelo próprio John Taylor e consiste em uma simples equação que utiliza a taxa de juros real de longo prazo, o hiato do produto e a diferença entre a inflação vigente e a meta de inflação

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estabelecida. O objetivo de usar essa regra seria estimar qual a taxa de juros “ótima” da economia. A equação utilizada nesse trabalho difere da original, pois utilizamos a expectativa de inflação (IPCA acumulado doze meses à frente, divulgada pelo Boletim Focus) ao invés da inflação passada. Além disso, acrescentamos um termo de suavização na regra original, proposto por Clarida, Galí e Gertler (1999), e uma variável para representar a variação cambial. Diferentemente dos artigos nacionais que abordam esse tema, utilizamos o IBC-BR para o cálculo do hiato do produto. Essa variável é uma proxy mensal do PIB e será nossa medida de atividade econômica. O IBC-BR é divulgado pelo próprio BCB, assim acreditamos que ele deva utilizar essa variável para a tomada de decisão. Vale ressaltar que a variação (logarítmica) de 12 meses dessa variável começa em 2005, por isso, estimamos a Regra de Taylor de 2005 à 2014, representando um número de 119 observações mensais. Outra diferença consiste na forma funcional adotada nesse trabalho, onde usaremos o EGARCH(1,1), introduzido por Nelson (1991), dado que o resultado do teste ARCH-LM para o modelo de mínimos quadrados ordinários apresentou rejeição da hipótese nula de ausência de heterocedasticidade condicional nesse período. Os resultados da regressão utilizando as janelas móveis de cinco anos sugerem que o coeficiente que mede o desvio da expectativa de inflação em relação à meta vem se reduzindo sistematicamente desde 2010. Em 2011 e 2012, ele apresentava valores menores que 1 em diversos períodos, ou seja, a equação passou a ser considerada desestabilizadora em relação à inflação. De dezembro de 2012 até setembro de 2014, esse parâmetro não foi mais significativo. Em todos os textos analisados nesse trabalho, essa variável foi considerada importante para escolha de política monetária pelo BCB. Esse resultado mostra uma mudança relevante na função de reação do BCB. Além disso, também notamos uma alteração relevante no hiato do produto. A partir de 2013, essa variável se tornou significativa e o seu coeficiente aumentou de valor.

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Essa mudança de reação por parte do BCB deve ter influenciado diretamente as expectativas de inflação, principalmente as longas, com isso, afetando a credibilidade da instituição como mostra os indicadores calculados nesse texto. No próximo capítulo, é apresentada uma descrição do comportamento das expectativas de inflação no Brasil, no terceiro capítulo calculamos os indicadores de credibilidade para o BCB, no quarto capítulo é apresentada uma breve revisão da literatura sobre a Regra de Taylor, no quinto capítulo é calculada a função de reação do BCB e no sexto capítulo o trabalho é concluído.

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2. Expectativas de inflação no Brasil As expectativas de inflação são um importante canal de transmissão da política monetária afetando diretamente os índices de preços. Por isso, os Bancos Centrais possuem uma clara preocupação com esse indicador. Analisando a Curva de Phillips tradicional (Equação 1) podemos observar esse ponto. Nota-se que uma queda nas expectativas de inflação afetam πt sem a necessidade de um aumento no desemprego. Por outro lado, uma maior perspectiva inflacionária afeta diretamente a inflação corrente. Como essa variável influencia a inflação corrente, ela é considerada de extrema importância para os Bancos Centrais. Equação 1 - Curva de Phillips

πt = πet - β(ut - ut*) + γZt + εt Onde: πt - taxa de inflação; πet - expectativa de inflação: ut - ut* - gap entre a taxa de desemprego atual menos a natural e Zt - variável ou vetor que captura o choque de oferta.

Nos Relatórios Trimestrais de Inflação (RTI) divulgados pelo BCB, a inflação é decomposta em seis categorias: •

Inflação preços livres;



Inflação administrados;



Choque de oferta;



Inércia;



Expectativa e



Repasse cambial.

Como podemos notar na Tabela 1, a partir de 2010, o canal de transmissão via expectativas vem contribuindo positivamente e cada vez mais com a inflação. Em 2010, 3,6% do IPCA foi explicado pela piora das expectativas, já em 2014 11% desse índice foi ilustrado por esse componente. A maior contribuição desse item ao longo dos anos mostra que os agentes econômicos estão cada vez mais pessimistas 5

com a inflação no Brasil e que a piora das expectativas de inflação estão contaminando os dados correntes. Tabela 1 - Decomposição da Inflação

Fonte: Relatório trimestral de inflação - Banco Central do Brasil (2015)

O Boletim Focus divulgado pelo BCB anuncia semanalmente as expectativas de inflação para o IPCA 12 meses à frente e para o fechamento do ano até quatro anos à frente. Seguindo a metodologia de Minella et al. (2002), calculamos a média ponderada das expectativas do IPCA para construir três indicadores mensais para as expectativas de inflação: 24, 36 e 48 meses à frente. IPCA 24 meses à frente: πe24 = (

(Ejπt+1) + (

(Ejπt+2)

IPCA 36 meses à frente: πe36 = (

(Ejπt+2) + (

(Ejπt+3)

IPCA 48 meses à frente: πe48 = (

(Ejπt+3) + (

(Ejπt+4)

Em que: Ejπt+1 = Expectativa do mês j para o IPCA do ano t+1 Ejπt+2 = Expectativa do mês j para o IPCA do ano t+2 Ejπt+3 = Expectativa do mês j para o IPCA do ano t+3 Ejπt+4 = Expectativa do mês j para o IPCA do ano t+4

O Gráfico 1 abaixo mostra claramente uma piora nas expectativas de inflação a partir de 2012 para todos os horizontes de previsão analisados. As expectativas do IPCA mais longas saíram de 4,5% para perto de 5,5%. Antes desse período, as 6

expectativas de 36 e 48 meses seguintes estavam sempre ancoradas ou abaixo da meta de inflação.

Gráfico 1 – Expectativas de Inflação Fonte: Autor

Esse episódio sinaliza que os agentes econômicos acreditam que o BCB não conseguirá trazer o IPCA para o centro da meta de inflação até mesmo na janela de 48 meses à frente. Esse resultado sugere que possivelmente houve uma perda da credibilidade da instituição em relação no controle da inflação. No próximo capítulo, iremos avaliar se, de fato, houve uma perda de credibilidade reconstruindo dois índices para tentar medi-la no Brasil.

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3. Credibilidade Em 1999, o Brasil implementou o regime de metas de inflação com o principal objetivo de manter o IPCA dentro de uma meta estipulada pelo CMN. De acordo com os estudos feitos por Kydland e Prescott (1977) e Barro e Gordon (1983), a adoção de uma regra simples e clara na condução de política monetária, como o regime de metas de inflação, gera um maior ganho social que a utilização de medidas discricionárias. Através de modelos de expectativas racionais, ambos os autores acharam que a utilização de medidas discricionárias, ou seja, escolher sempre a melhor opção dada à situação geram resultados inferiores a de uma regra de política monetária. Esse fato se torna verdade, desde que, seja fácil da população perceber e conseguir identificar qual é a regra estabelecida. Caso, a instituição financeira aplique uma política discricionária, fica mais difícil para a sociedade perceber o problema da inconsistência temporal: o condutor de política monetária pode começar a descumprir o acordo de combater a inflação com objetivo de obter um aumento de produto ou diminuição do desemprego. Blinder (1999) foi mais direto em relação ao tema credibilidade dos Bancos Centrais ao fazer uma pesquisa com três diferentes perguntas sobre o assunto para banqueiros centrais e acadêmicos. As questões foram: 1) “Quanto é importante à credibilidade para um Banco Central?”; 2) “Por que a credibilidade é importante?” e 3) “Como um Banco Central conquista credibilidade?”.

Os resultados da pesquisa mostram que ambos os grupos consideram a credibilidade muito importante, pois segundo os entrevistados é mais fácil manter a inflação baixa e tornar períodos desinflacionários menos custosos quando os bancos centrais possuem uma elevada credibilidade. Segundo Blinder (1999), essa variável afetaria os dados reais através do canal de transmissão das expectativas de inflação.

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Para responder a questão três, os participantes da amostra pontuaram a contribuição para a construção da credibilidade de cada alternativa descrita na Tabela 2. A escala se distribui da seguinte maneira: 1 - Sem importância; 2 - Um pouco importante; 3 - Importante; 4 - Bem importante e 5 - Muito importante. Tabela 2 - Como um Banco Central conquista credibilidade?

Fonte: Blinder (1999)

Os resultados mostram que os dois grupos escolheram a terceira alternativa (história de honestidade) como a variável mais importante na conquista da credibilidade, o que representa, segundo o autor do texto, que o Banco Central "tem história de fazer o que ele diz que vai fazer". Em outras palavras, a principal maneira de se conquistar a credibilidade é honrar o contrato social estipulado com os agentes econômicos. Esse resultado vai de acordo com os trabalhos de Kydland e Prescott (1977) e Barro e Gordon (1983) Seguindo o raciocínio dos trabalhos apresentados anteriormente e pela definição de credibilidade dada por Cukierman e Meltzer (1986), uma maneira de medir essa variável seria criar um indicador que relacionasse as expectativas de inflação com a meta de inflação.

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Adotando esse entendimento, Svensson (1993) propôs um simples exercício para medir a credibilidade de alguns bancos centrais. Ele subtraiu a meta de inflação da taxa de juros de títulos nominais, com intuito de achar a taxa de juros real apropriada para o regime de metas de inflação. Após esse passo, Svensson propôs a comparação dessa taxa com a taxa real observada. Se a taxa de mercado estiver fora da banda de máximo e mínimo em relação às taxas consistentes com o regime, é possível rejeitar a credibilidade do banco central. Os resultados foram inconclusivos. Para Canadá e Nova Zelândia, a credibilidade foi rejeitada somente nos primeiros anos do Regime de Metas de Inflação, o que evidência que os agentes econômicos foram ganhando confiança no novo regime aos poucos. Já a credibilidade do Banco Central da Suécia foi rejeitada. Cecchetti e Krause (2002) propuseram utilizar um novo índice para medir a credibilidade dos bancos centrais. O indicador é 1 se a expectativa de inflação for igual ou menor que a meta de inflação e zero se a expectativa de inflação for 20% maior que a meta. Dentro do intervalo de 20% o índice cai linearmente Equação 2 - Índice de Credibilidade Cecchetti e Krause

Fonte: Cecchetti e Krause (2002)

A literatura que propõe medir a credibilidade do BCB também é bastante vasta. Sicsú (2002) define a credibilidade como o quanto o mercado acredita que a meta possa ser alcançada. Segundo esse raciocínio, foi criado um indicador de credibilidade em função do desvio da expectativa de inflação [E(π)] 12 meses à frente em relação à meta de inflação (π*) estabelecida pelo CMN. Esse indicador varia de ]- ∞,100], quando se aproxima de 100 quer dizer que o mercado acredita que a meta vai ser encontrada.

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Equação 3 - Índice de credibilidade Sicsú

Fonte: Sicsú (2002)

Replicamos esse índice para o período de janeiro de 2005 até dezembro de 2014 utilizando a expectativa de IPCA 12, 24, 36 e 48 meses à frente. A tendência dos indicadores foi bem parecida em todos os índices de credibilidade, mostrando claramente uma perda de credibilidade no período recente, como pode ser observado no Gráfico 2. Além disso, podemos observar que os indicadores que utilizam expectativas de inflação mais longas apresentavam um ótimo desempenho até o ano de 2011.

Gráfico 2 - Índices de Credibilidade Sicsú (2002) Fonte: Autor

Vale ressaltar que o indicador de credibilidade de 12 meses está em patamares negativos, ou seja, os agentes econômicos não acreditam que a inflação irá ficar dentro da banda superior da meta nos próximos doze meses. Outro ponto 11

relevante a ser destacado em relação aos níveis dos indicadores consiste no fato que os agentes econômicos são mais “otimistas” no longo prazo. Quanto mais extensas as expectativas, maior costuma ser o valor do índice, assim, a expectativa de inflação está mais ancorada a meta. Recriamos também o indicador de credibilidade desenvolvido por Mendonça (2004). Diferentemente do anterior, esse indicador é normalizado entre zero e um. O índice de credibilidade possui valor igual a 1 quando a inflação esperada E(π) é igual à meta central e decresce de forma linear à medida que a expectativa de inflação se desvia da meta anunciada. Assim, o indicador apresenta valor entre zero e 1 se a inflação esperada estiver dentro dos limites máximo e mínimo (π*Max e π*Min) estabelecidos para cada ano e assume valor zero quando a inflação esperada ultrapassa um desses limites. Equação 4 - Índice de credibilidade Mendonça

Fonte: Mendonça (2004)

Os resultados foram bem parecidos com o primeiro indicador. Podemos notar no Gráfico 3 a seguir que todos os índices estão no menor patamar desde 2005, e a partir de 2011 houve uma deterioração, principalmente, nos que utilizam expectativas de inflação mais longas.

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Gráfico 3 - Índices de Credibilidade Mendonça Fonte: Autor

Os índices mais longos - 24, 36 e 48 meses - chegaram a ficar abaixo de 0,8 entre 2007 e 2008. Como existia uma expectativa de redução da meta de inflação pelo CMN de 4,5% para 4% durante esse período, os agentes econômicos se anteciparam e ajustaram às expectativas mais longas na tentativa de ancora-las a nova meta. Entretanto, essa mudança não ocorreu, com isso, os agentes revisaram novamente as expectativas para o patamar anterior de 4,5%. Diferentemente dessa época, a piora recente dos indicadores de credibilidade deve-se à deterioração do cenário de inflação. Os agentes estão mais pessimistas e tem dúvidas que o BCB consiga trazer esse indicador para a meta. Uma elevada credibilidade operacional do regime de metas de inflação é consequência da demonstração de competência do banco central na condução da política monetária em busca da meta anunciada. Nesse caso, os indicadores estão apontando para um baixo nível de credibilidade do BCB. Alguns fatores específicos possivelmente podem estar contribuindo para isso, são eles: •

Inflação consistentemente acima da meta nos últimos anos;

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Política monetária mais frouxa que o ideal ou



Política fiscal mais expansionista.

A situação fiscal brasileira vem piorando de forma consistente, desde 2011, quando começaram a ser distribuídas diversas desonerações tributárias que atingiram fortemente a receita do Governo Federal. Por outro lado, os gastos continuaram a crescer fortemente, principalmente devido a aumentos de gastos previdenciários e sociais. Esse descompasso de despesas e receitas minou o superávit primário ao longo dos anos. Em 2011, essa variável em relação o PIB era de 3,1%, fechando o ano de 2014 com um déficit de 0,6%. Essa política fiscal mais frouxa nos últimos anos seguida por uma política creditícia bastante expansionista praticada pelos bancos públicos foram um dos fatores que contribuíram para piora do cenário inflacionário brasileiro durante esse período. Analisando

o

Gráfico

4,

conseguimos

notar

que

o

IPCA

ficou

consistentemente acima da meta de inflação após janeiro de 2011, sendo agosto de 2010 a última vez que o IPCA ficou abaixo da meta de 4,5%. Outra maneira de olhar é comparar as médias pré e pós nesse período, e mais uma vez observamos que a inflação pós 2011 foi mais alta que de janeiro de 2005 a dezembro de 2010.

Gráfico 4 - IPCA e Juros Reais Fonte: Autor

Além disso, nesse período mais recente houve o represamento de diversos preços administrados como energia elétrica, ônibus urbanos e gasolina. Como

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estamos considerando que os agentes utilizam expectativas racionais, os indivíduos postergaram esses aumentos adicionais nas expectativas de inflação à frente. Outro ponto que abordamos anteriormente que pode estar contribuindo para uma maior desancoragem das expectativas de inflação é o nível da taxa de juros básica da economia (Selic). No Gráfico 4 à direita, vimos que a partir de agosto de 2011, o BCB começou um ciclo de corte de juros, levando a Selic de 12,50% para 7,25% em outubro de 2012. Com isso a taxa de juros real alcançou o menor patamar histórico no Brasil. Mesmo com a piora da inflação corrente e das expectativas de inflação, o BCB somente começou a subir a taxa Selic em abril de 2013. Essa percepção dos agentes econômicos de um banco central mais leniente em relação à inflação pode ter minado a credibilidade da instituição. Nos próximos capítulos, rodaremos uma Regra de Taylor com períodos móveis, com o objetivo de identificar mudanças da função de reação do BCB.

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4. A Regra de Taylor No ano de 1993, John Taylor, subsecretário do Tesouro, afirmou que, aderindo a uma simples regra, o banco central poderia escolher a taxa de juros levando em consideração apenas duas variáveis: inflação e hiato do produto. Com essa regra, o FED (Banco Central dos EUA) poderia assim conduzir de forma eficaz a política monetária. Taylor sustentava que essa regra poderia manter a inflação baixa e estável, sem as flutuações que tinham marcado a economia americana durante a década de 1970. Taylor foi mais longe ao afirmar que a política feita desde 1987 pelo FOMC se guiava nessa regra, uma vez que a taxa de juros encontrada pelo modelo se move de uma maneira similar à taxa aplicada pelo Banco Central dos EUA. Esse fato pode ser observado no Gráfico 5, assim como alguns desequilíbrios econômicos ao longo da história americana quando a política monetária foi menos conservadora do que a sugerida pela regra.

Gráfico 5 - Regra de Taylor e a Taxa de Juros Americana Fonte: Judd e Rudebusch (1998)

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A Regra de Taylor original consiste em fixar a taxa básica de juros nominal à uma taxa de inflação, à uma taxa de juros de longo prazo (taxa que consiste com o pleno emprego), e à média ponderada de dois desvios (a média móvel de quatro trimestres da inflação menos uma meta de inflação; e o desvio em porcentagem do PIB real em relação a uma estimativa do seu nível potencial, ou seja, o hiato do produto). Equação 5 - Regra de Taylor Original

it = πt + r* + 0.5(πt – π*) + 0.5(yt) i = Taxa básica de juros (nominal) r* = Taxa de juros reais de longo prazo, π = taxa de inflação acumulada durante quatro períodos π*= Meta de inflação y = Hiato do produto (100 × (PIB real - PIB potencial) ÷ PIB potencial)

Taylor não estimou essa equação econometricamente. Ele admitia que os pesos que o Fed dava aos desvios da inflação e ao produto eram iguais, 0,5. De tal modo, se a inflação passar um ponto percentual acima do seu alvo, o Banco Central dos EUA iria definir a Federal funds rate 50 pontos base acima do seu valor de equilíbrio. Além disso, Taylor assumiu que a taxa de juros real de equilíbrio e a meta de inflação eram iguais (2%). Quando a produção aumenta, permanecendo acima do seu nível potencial, a Regra de Taylor estipula que o Fed deveria elevar a taxa de juros atual, já que isto seria um sinal que a inflação nos próximos períodos poderia aumentar. De uma maneira semelhante, a regra também prescreve no caso de ocorrer uma inflação maior que a meta, que o banco central também devesse aumentar a taxa de juros. Taylor (1993) advertia que as taxas de juros deveriam subir mais do que o aumento da inflação, em consequência ao fato de que as taxas de juros nominais deveriam ser aumentadas para antecipar a inflação e não para seguir “um a um” os aumentos dos níveis de preço. Esse aumento mais que proporcional da taxa básica de juros em resposta ao aumento da inflação é conhecido como Princípio de Taylor. A Regra de Taylor teria alguns problemas em relação a sua aplicabilidade no mundo real. O primeiro ponto é que não seria sensato o banco central aumentar a 17

taxa de juros bruscamente em um período curto de tempo, já que essa decisão pode provocar perda de credibilidade à instituição. Estudos demonstram que uma grande parte dos bancos centrais mundiais prefere o gradualismo, como citado em Blinder (2003). A Tabela 3 abaixo comprova isso. Em 79%, 88% e 89% das vezes o FED, o Banco da Inglaterra e o Riksbank preferiram alterar a taxa de juros em apenas 25 pontos básicos ou menos, respectivamente.

Tabela 3 - Gradualismo na Política Monetária

Um primeiro ponto relevante para o gradualismo é a incerteza, pois o mundo está em constantes mudanças. Caso o banco central realize uma decisão abrupta e depois de certo tempo perceba que tomou a decisão errada, ele será forçado a inverter sua política monetária para tentar concertar o erro cometido inicialmente. Esse fato trará malefícios à economia, pois o banco central “traíra” as expectativas dos agentes econômicos, afetando sua credibilidade. Em tal caso, a aversão dos bancos centrais a políticas de reversões é provavelmente um fator importante que contribui para a política monetária mais gradualista. Outra razão plausível para o uso de políticas menos agressivas são choques correlacionados as variáveis e progressivas atualizações das previsões e das informações, o que impediria que o banco central seguisse a mesma estratégia na mesma direção ao longo de uma série de reuniões. Uma correção da Regra de Taylor para esse problema de gradualismo seria colocar um termo de suavização. O modelo se apresentaria da seguinte forma:

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Equação 6 - Regra de Taylor com termo de suavização

it = α1it-1+ (1-α1)(α2 + α3(πt- π*) + α4yt ) α2 = πt + r*

A variável α1 representa o grau de suavização da taxa de juros, quando α1 = 0, a equação se restringe a equação original da Regra de Taylor. Outro problema muito criticado por diversos pesquisadores é a utilização das taxa de juros reais de longo prazo e do hiato do produto, que são duas variáveis difíceis de serem estimadas. Alguns bancos centrais possuem um intervalo de um possível valor para r*, entretanto não existe nenhum consenso de qual seria o valor efetivo dessa variável. Outra crítica da regra inicialmente proposta por Taylor é a utilização da inflação passada e não das expectativas de inflação. Taylor (2000) cita a importância das expectativas de inflação para a tomada de decisão pelo banco central, principalmente devido a existência de defasagens na PM. Na década de 70, como exemplificado no Gráfico 6 a seguir, a taxa de juros estipulada pelo Banco Central Americano estava sistematicamente abaixo da taxa sugerida pela equação da Regra de Taylor. Essa política monetária mais “frouxa” do que o modelo indicava criou alguns desequilíbrios econômicos. A atividade econômica estava crescendo acima do PIB potencial e isso estava gerando uma forte pressão inflacionária. Quando Paul Volcker assumiu em 1979 a inflação estava acima de 15% e o PIB tinha crescido acima de 6% aa nos últimos dois anos. Após o segundo choque do petróleo, o Fed deu um choque de juros para tentar ancorar o nível de preços, subindo a taxa de 15% para 20%, passando assim a utilizar uma política mais restritiva em relação à inflação. Clarida, Galí e Gertler (1999) estimaram os parâmetros dessa regressão para o período pré-Volcker e para os anos seguintes. O resultado encontrado infere que na época de Volcker-Greenspan (até 1999), o Banco Central se tornou menos leniente em relação à inflação.

19

Gráfico 6 - Fed Fund x Regra de Taylor (1965 a 1996) Fonte: Clarida, Galí e Gertler (1999)

Clarida, Gali, e Gertler (2000) concluíram que os coeficientes dos parâmetros da Regra de Taylor antes do período Volcker-Greenspan permitiam grandes instabilidades econômicas, visto que o Fed não respondia subindo a taxa de juros quando havia surpresas negativas na inflação. Em efeito, a taxa real de juros era reduzida constantemente. Devido a esse fato, eles concluíram que essa PM aplicada antes de 1979 foi uma das causas da instabilidade vivida na década de 70. Em relação à crise de 2007, Kahn (2010) e Taylor (2007) calcularam qual seria a taxa de juros “ótima” da economia americana desde os anos 90 através de uma Regra de Taylor. Eles chegaram à conclusão que, entre 2001 e 2006, uma política monetária mais expansionista do que a regra sugeria ajudou a criar um boom na demanda por ativos imobiliários gerando um aumento sem igual nos preços dos imóveis. O primeiro texto destacado concluiu que a crise de 2007 seria bem menos intensa se o Fed tivesse usado a taxa de juros indicada pelo modelo. Uma 20

vez que uma PM mais restritiva influenciaria negativamente no grau de alavancagem e na proporção preço/aluguel, ou seja, ambos seriam bem inferiores. No próximo capítulo é calculada a função de reação do BCB utilizando a Regra de Taylor abordada nesse texto com algumas modificações.

21

5. Função de reação do Banco Central do Brasil 5.1.

Metodologia e base de dados

Neste capítulo, iremos estimar se houve alguma alteração da função de reação do Banco Central do Brasil utilizando uma Regra de Taylor modificada. Ao contrário da formulação original apresentada nesse texto, que utiliza a inflação passada

(expectativas

adaptativas),

utilizamos

a

expectativa

de

inflação

(expectativas racionais), ou seja, os agentes econômicos utilizam todas as informações disponíveis para formar suas expectativas. Essa variável é medida pela expectativa do IPCA doze meses à frente divulgada pelo Boletim Focus. De forma adicional, acrescentamos o termo de suavização proposto por Clarida, Galí e Gertler (1999) descrito no capítulo anterior. Além dessas mudanças na regra original, adicionamos uma variável para incorporar uma possível resposta da autoridade monetária à variação cambial. Inicialmente, estimamos a regra de Taylor para o período amostral completo (2005-2014). Depois rodamos regressões móveis com uma janela de cinco anos, com o propósito de analisar a mudança dos coeficientes dos parâmetros ao longo do tempo. Em todas as equações foram utilizados dados mensais. Escolhemos iniciar a amostra em 2005, pois é o ano de início da série da variação de 12 meses (logarítmica) do IBC-BR. Esse indicador será usado como a medida de atividade econômica. Como ele é divulgado pelo próprio Banco Central, acreditamos que o mesmo deva utilizar essa variável para tomada de decisão. Após as mudanças exemplificadas posteriormente, a equação ficou com o seguinte formato: Equação 7 - Regra de Taylor modificada

it = α1it-1 + (1 - α1)*(α2 + α3(E(πt)- π*) + α4*(yt-1) + α5*Câmbio) + εt E(πt) = Inflação esperada para os 12 meses a frente π* = Meta de Inflação yt-1 = Hiato do produto it-1 = Taxa de juros do período anterior Câmbio = Taxa de cambio (Variação 12 meses)

22

Todos os dados utilizados na Equação 7 foram extraídos foram do Sistema Gerenciador de Séries Temporais no site BCB. Para calcular o hiato do produto, subtraímos a taxa de variação (12 meses) do IBC-BR pela taxa de variação (12 meses) do IBC-BR potencial, que corresponde ao nível máximo sustentável de crescimento que pode ser mantido sem que seja constatado aumento nos níveis de preços. Para calcular esse termo, utilizamos o filtro Hodrick-Prescott (HP). Antes de rodar a regressão, testaremos algumas hipóteses. Primeiramente, usamos o teste Dickey-Fuller de raiz unitária para avaliar se as variáveis Selic, expectativa de inflação, hiato do produto e taxa de câmbio seguem um processo estocástico estacionário. No primeiro teste, a hipótese nula (H0) é a hipótese de que a variável possui raiz unitária, isto é, é não estacionária. As consequências da existência de raízes unitárias nas séries temporais podem causar problemas na regressão, tornando as previsões cada vez mais imprecisas e os coeficientes estimados menos “verdadeiros”. As variáveis Selic e hiato do produto e expectativa de inflação rejeitaram a hipótese nula a níveis de significância de até 5%, sendo assim consideradas variáveis estacionárias. Já a Taxa de câmbio não rejeitou a hipótese nula, sendo assim considerada não estacionária. Adicionalmente, para confirmar os resultados anteriores, foi realizado outro teste de raiz unitária, o KPSS, onde a hipótese H0 é de estacionariedade. Os resultados foram parecidos com o primeiro teste. A variável Taxa de Câmbio é considerada uma variável não estacionária. Para corrigir esse problema, consideramos a taxa de variação em 12 meses da taxa de câmbio. Após esta transformação, a variável não possuía mais tendência estocástica através do teste Dick-Fuller ao nível de 5% de significância. Após os testes aplicados nas variáveis utilizadas, rodamos a regressão através do método de estimação por mínimos quadrados ordinários. Executamos alguns testes econométricos a fim de testar a robustez dos resultados. Aplicamos o teste Breusch-Godfrey de correlação serial dos resíduos (LM) e o modelo aceitou a hipótese nula de inexistência de correlação serial. O segundo teste aplicado foi o teste de Multiplicador de Lagrange para heterocedasticidade condicional autorregressiva nos resíduos (ARCH-LM), já que, 23

para modelar séries temporais geralmente precisa-se levar em conta à possibilidade de que a volatilidade das séries de retornos das taxas de juros seja afetada assimetricamente por retornos negativos e positivos. O resultado do teste mostra que rejeitamos a hipótese nula de ausência de heterocedasticidade condicional. Devido a esse resultado, a forma funcional adotada neste trabalho será o EGARCH(1,1), introduzido por Nelson (1991). Escolhemos esse modelo, pois apesar do modelo GARCH capturar com sucesso os retornos com caudas grossas e o agrupamento de volatilidade, ele não é adequado para capturar o efeito de assimetria, pelo fato da variância condicional ser função somente da magnitude das defasagens dos resíduos e não do sinal. Sendo assim o modelo apresentado nas próximas sessões será o seguinte: Equação 8 - Regra de Taylor utilizada no trabalho

E(πt) = Inflação esperada para os 12 meses á frente π* = Meta de Inflação yt-1 = Hiato do produto it-1 = Taxa de juros do período anterior Câmbio = Taxa de câmbio (Variação 12 meses)

24

5.2 Resultados 5.2.1 Regra de Taylor 2005 - 2014 A Tabela 4 a seguir apresenta os resultados, estimando a função de reação apresentada na Equação 8 para o período 2005 a 2014. Tabela 4 - Resultados da Função Reação do Banco Central

Fonte: Autor

Os parâmetros α1, α2, α3, α4, α6, α7 e α9 são significativos ao nível de 1%. Nem o parâmetro (α5), que representa a variação cambial, e nem α8, que representa o coeficiente que mede assimetria na volatilidade, são considerados significativos. A taxa de câmbio não aparenta ser uma variável observada para a escolha da política monetária nesse período destacado do Regime de Metas de Inflação. Mendonça (2007), através da função de resposta a impulso, concluiu que a taxa de câmbio é uma variável bastante importante para decisão de PM. No entanto, o período analisado pelo autor (1999-2004) é diferente deste trabalho e engloba duas crises cambiais. Em 2001, o Banco Central elevou a taxa Selic para conter os efeitos da desvalorização cambial na inflação devido à crise na Argentina e também aos ataques terroristas no EUA. Em 2002, em razão do elevado risco político que o país passava, houve também uma forte desvalorização cambial, que obrigou o BCB a elevar os juros. Esses dois exemplos mostram que nesse período utilizado por Mendonça (2007), a instituição monetária brasileira utilizou a taxa Selic de forma clara para neutralizar as pressões inflacionárias originadas pela desvalorização do Real, diferentemente do período analisado nesse trabalho. Para completar essa analise, Minella et al.(2003) notaram que o câmbio também foi significativo ao nível de 10% e seu coeficiente foi positivo. Vale frisar que o período analisado por esses

25

autores foi de 2000 à 2002, período dentro do espaço de tempo analisado por Mendonça (2007). Apesar de Mishkin (2000) destacar a importância em considerar o câmbio para tomada de decisão de política monetária em países emergentes que utilizam o regime de meta de inflação, existem alguns artigos aplicados ao caso brasileiro que chegam em resultados diferentes, como Goldfajn e Werlang (2000) e Muinhos (2004). Essas referências inferem que o pass-through da desvalorização da taxa de câmbio para a inflação é considerado pequeno. Muinhos (2004) analisa a hipótese de utilizar a taxa de câmbio como instrumento monetário. O autor através de modelos econométricos da Regra de Taylor concluiu que se cria menos volatilidade nos dados reais ao optar por um sistema de flutuação de câmbio livre e utilizar somente a taxa de juros para combater a inflação. Outra colocação relevante consiste no fato que a interferência sistemática na taxa de câmbio pode ferir a credibilidade do regime de metas de inflação. Isso ocorreria porque a opinião pública poderia notar que a proteção da taxa de câmbio seria mais importante do que a garantia da estabilidade dos preços. A Erro! Fonte de referência não encontrada. abaixo exibe um resumo de alguns dos principais trabalhos que abordam a função de reação do Banco Central. Foram selecionados estudos que utilizam a Regra de Taylor de forma mais parecida com a abordada nesse texto e com periodicidade mensal. Tabela 5 - Principais resultados da função de reação do BCB

Fonte: Autor

26

Diferentemente do parâmetro da taxa de câmbio, compreendemos que o componente autorregressivo é bastante elevado, 0,96. Esse parâmetro representa o grau da inércia da taxa de juros. Modenesi (2011) também achou uma inércia elevada, 0,92. Referências anteriores como Figueiredo e Ferreira (2002), Minella et al. (2002) e Mendonça (2007) acharam um coeficiente menor para esse parâmetro, 0,76; 0,72 e 0,859 respectivamente. Analisando os textos citados acima e outros que abrangem esse tema, notamos que nenhum utilizou o IBC-BR para calcular o hiato de produto. Na regressão de Taylor calculada por nós, esse parâmetro foi considerado significativo ao nível de 1%. Minella et al. (2002) e Minella et al. (2003) incluíram o dado mensal de produção industrial divulgado pelo IBGE e obtiveram como resultado um coeficiente não significativo com sinal negativo. Modenesi (2011), que também utilizou o dado mensal da produção industrial, obteve um resultado diferente dos textos supracitados, com o coeficiente do hiato do produto sendo significante ao nível de 10%. O mesmo autor também destacou a baixa magnitude do coeficiente de atividade econômica, sugerindo que o BCB é pouco sensível ao lado real da economia. Nesse trabalho, encontramos um coeficiente de magnitude bem superior em comparação com os textos destacados, 3,76. Esse resultado pode ser um indício que o BCB começou a conceber mais importância à atividade. Todas as referências citadas anteriormente, como representado na Erro! Fonte de referência não encontrada., encontraram um coeficiente positivo e significante para o desvio da inflação em relação à meta. Modenesi (2011) foi o único texto citado cujo coeficiente ficou abaixo de 1.1 Quando esse termo é menor que 1 a equação é dita desestabilizadora em relação à inflação. Segundo Clarida, Galí e Gertler (2000), uma elevação da inflação implicaria uma redução da taxa de juros real, indo contra o Principio de Taylor. Minella et al. (2003), que utilizaram uma equação parecida com a usada nesse texto e também usaram as expectativas do boletim Focus encontraram um coeficiente igual a 2,71, menor do que encontrado no nosso modelo, 3,58.

1

Para calcular o coeficiente do desvio da inflação em relação à meta no trabalho do Modenesi (2011) é preciso somar o coeficiente do desvio do IPCA livre e o coeficiente do desvio do IPCA administrado em relação à meta (0,573 + 0,386 = 0,923).

27

Diferentemente da literatura citada, foi utilizado neste trabalho o modelo EGARCH(1,1). O termo

foi significante e positivo, indicando uma persistência

acentuada dos choques sobre a volatilidade. O coeficiente do parâmetro І

І é

significativo sugerindo um efeito assimétrico. Finalmente, em todos os artigos citados a constante foi positiva. Nas equações em que esse parâmetro está dentro do termo de suavização o coeficiente da constante é bem elevado. Nesses casos, a constante representa a taxa de juros nominal de equilíbrio. Encontramos um valor de 8,36% para essa variável. Vale ressaltar que o BCB cortou a Selic para 7,25% em 2012 mesmo com a expectativa de inflação acima da meta. O Gráfico 7 destaca que a partir do final de 2011, a taxa Selic praticada ficou abaixo da taxa de juros nominal de equilíbrio segundo a regra de Taylor estimada neste trabalho. E este pode ter sido uns dos principais fatores para os desequilíbrios recentes da economia brasileira: crescimento baixo, inflação alta e desemprego baixo.

Gráfico 7 - Gráfico função reação x taxa Selic Fonte: Autor

Analisando a função de reação do BCB e a Regra de Taylor, é relevante destacar dois períodos especificamente:

28



Período entre 2008 e início de 2011 - no qual o BCB foi mais conservador do que o modelo sugeria, praticando uma taxa de juros mais alta do que a taxa de equilíbrio.



Período entre final de 2011 a 2014 - no qual o BCB optou por uma política monetária menos conservadora que o indicado.

Esses dois períodos podem ser visualizados claramente no Gráfico 8 a seguir, onde mostramos a evolução no tempo do desvio da Selic em relação à taxa de juros de equilíbrio implicada pela Regra de Taylor.

Gráfico 8 - Desvio da taxa Selic em relação à Regra de Taylor Fonte: Autor

A crise originada em 2007 afetou bruscamente o crescimento brasileiro em 2009. O IBC-BR crescia acima de 6% em 2008 e em 2009 chegou a apontar um crescimento negativo de 2%. Além disso, a expectativa do IPCA 12 meses a frente ficou abaixo da meta de inflação. Mesmo assim, o BCB só reduziu a Selic para 8,75%, enquanto a regra de Taylor sugeria 7%. No período de 2011 a 2013, a economia brasileira cresceu em um ritmo bastante lento se comparar com a média dos últimos anos. Entretanto, a inflação apresentou resultados bastante ruins, sistematicamente acima da meta de inflação. Mesmo com essa piora dos níveis de preços correntes e das expectativas de 12 meses à frente, em agosto de 2011 o BCB iniciou um ciclo de cortes de juros, 29

levando a taxa de juros básica da economia para 7,25%. Como apresentado no Gráfico 8, no início de 2013 chegamos a ter um desvio perto de 400 bps em relação ao nível de taxa de juros que o modelo sugeria. Vale destacar que o desvio vem diminuindo sistematicamente nos últimos meses, já que em abril de 2013 o BCB reiniciou um aperto na política monetária que ainda está em curso. Analisando essas informações, tudo indica que o BCB mudou sua função de reação entre esses períodos destacados. Na próxima seção, rodamos essa mesma Regra de Taylor com janelas móveis de cinco anos para tentar entender se o BCB mudou sua estratégia de combate à inflação e em quais parâmetros podemos notar essa possível alteração.

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5.2.2 Regra de Taylor com janelas móveis Nesta subseção, estimaremos a Equação 8 através de janelas móveis de cinco anos no período de janeiro de 2005 à dezembro de 2014. Os resultados estão apresentados no Gráfico 9 abaixo.

Gráfico 9 - Coeficiente da Regra de Taylor com janelas móveis Fonte: Autor

Dos quatro parâmetros destacados no Gráfico 9, a variável desvio da expectativa do IPCA em relação à meta é a que mais chama a atenção. Esse parâmetro é o mais relevante para ser analisado em um Regime de Metas de Inflação, onde o BCB tem um compromisso de manter o IPCA dentro de uma meta pré-estabelecida. Podemos observar que desde 2010 o coeficiente dessa variável vem se reduzindo sistematicamente. Em meados de 2011, ele é menor que 1 em diversos períodos, ou seja, a equação é considerada desestabilizadora em relação à inflação, pois aumentos sistemáticos da inflação fazem com que a taxa de juros real diminua. A partir de 2012, esse parâmetro começa a apresentar pontos em que o pvalor fica acima de 10%, o que não ocorria antes desse período específico. De 31

dezembro de 2012 até setembro de 2014, o coeficiente do desvio da expectativa de inflação em relação à meta não é mais considerado significativo. Em nenhum texto analisado na Erro! Fonte de referência não encontrada., essa variável foi considerada não relevante para a escolha de política monetária pelo BCB. Esse resultado expõe uma mudança relevante na função de reação do BCB no período recente. Outra variável de extrema importância é o hiato do produto. Até meados de 2011, essa variável era significativa e positiva, após esse período ela teve diversos pontos em que foi considerada não significativa, dificultando bastante à análise. Além disso, em diversos períodos entre 2011 e 2013 o coeficiente foi negativo e significativo, ou seja, a equação é dita desestabilizadora em relação ao produto. Com isso, segundo Clarida, Galí e Gertler (2000) a política monetária passa a ser pró-cíclica: um maior crescimento do PIB é acompanhado de uma queda da taxa de juros. Uma possível justificativa para esse resultado pouco intuitivo advém do fato que o IBC-BR mede a atividade nos meses que já ocorreram e durante esse período os dados correntes de atividade e as expectativas de crescimento econômico estavam se deteriorando rapidamente. O BCB pode ter percebido essa piora na atividade e arriscou antecipar esse movimento. Logo depois, em março de 2013, essa variável se tornou significativa e positiva. Vale ressaltar que nos últimos meses de 2014 o coeficiente do hiato do produto subiu fortemente para o nível de 10. Isso mostra que recentemente o BCB está dando um peso bem maior a essa variável. Analisando os últimos coeficientes destacados, percebemos que a constante está de acordo com os resultados descritos na Tabela 4, uma vez que foi significativa durante todo esse período. O coeficiente dessa variável tinha tendência declinante até início de 2013, onde atingiu a mínima em um valor próximo a 6%. Também notamos que o coeficiente da constante começa a ficar superior a partir de 2013 até alcançar 11,3% na última medição realizada. Analisando o coeficiente da variação da taxa de câmbio, encontramos que este foi significante no período de junho de 2010 à março de 2014, diferindo do resultado encontrado na Tabela 4. Nesse período, encontramos o coeficiente negativo, ou seja, o resultado é diferente do esperado. Esse resultado insinua que o Banco Central não age para tentar combater os efeitos de uma depreciação cambial 32

na inflação, na verdade ele reduz a taxa de juros nestes momentos. Podemos tentar explicar esse fato não intuitivo através de um modelo de paridade da taxa de juros (Equação 9): Equação 9 - Paridade da taxa de juros

it ≈ it* +

it = Taxa juros Nacional it*= Taxa de juros americana = Taxa esperada de depreciação da moeda doméstica.

Como estamos utilizando a variação cambial acumulada de 12 meses na equação, a depreciação passada permite uma queda da taxa de juros pela paridade da taxa de juros. Já que com a desvalorização cambial, reduziram-se as expectativas de depreciações adicionais, exigindo uma taxa de juros interna menor para manter a atratividade dos títulos domésticos. Vale destacar também, que o valor reduzido do coeficiente da taxa de câmbio pode estar sinalizando um pequeno pass-through da depreciação da taxa de câmbio sobre a inflação. Das variáveis explicativas a taxa de câmbio foi à única que foi significativa em todo o período que o BCB iniciou uma política monetária acomodatícia (meados de 2011 até final de 2012). As outras variáveis - hiato do produto e desvio da expectativa de inflação em relação à meta - não justificavam esse corte de juros. Como podemos averiguar no Gráfico 7, o modelo perdeu o fit com a Selic nesse período. Através da regressão utilizando o método das janelas móveis podemos concluir que essas variáveis não foram consideradas significativas durante esse período ou seus coeficientes possuíam sinais diferentes do consenso econômico. Isso representa que nesse período o BCB estava utilizando e concedendo maior relevância a outras variáveis para a decisão do nível da taxa Selic. Dito isso, houve uma mudança na função de reação que estimulou o BCB a cortar a taxa Selic para 7,25%.

33

6 Conclusão Esse trabalho constatou que os indicadores que medem a credibilidade do BCB estão em patamares relativamente baixos em termos históricos, principalmente os indicadores que utilizam as expectativas de inflação de longo prazo. Com a intenção de avaliar qual seria o motivo para isso ter ocorrido, estimamos a função de reação do BCB através de uma Regra de Taylor. Foram acrescentadas algumas mudanças na Regra de Taylor original. Utilizamos a expectativa de inflação em vez da inflação corrente. De forma adicional, acrescentamos um termo de suavização e uma variável para representar a variação cambial. Diferentemente dos trabalhos que abordam esse tema para o caso brasileiro, usamos o IBC-BR como medição da atividade econômica e empregamos o EGARCH(1,1) na forma funcional adotada nesse trabalho. Outra diferença consiste na utilização do método de regressões com janelas móveis. Esse artifício permite analisar se ocorreu alguma mudança relevante em algum parâmetro da equação, bem como, identificar em que período essa alteração ocorreu. Nota-se que o coeficiente da variável desvio da expectativa do IPCA em relação à meta diminuiu sistematicamente desde 2010. A partir de 2012, esse parâmetro começa a apresentar momentos de não significância, o que não ocorria antes desse período específico. Em nenhum texto citado nesse trabalho essa variável foi considerada não relevante para a escolha de política monetária pelo BCB. Contrapondo o resultado dessa variável, o hiato do produto começou a ganhar bastante relevância a partir de 2013. Esses resultados sugerem que o BCB passou a dar maior importância ao nível da atividade econômica do que à inflação no período recente, o que expõe uma mudança relevante na função de reação do BCB. Essa mudança pode ter sido um dos principais geradores da queda dos indicadores de credibilidade conforme identificamos nesse trabalho.

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8 Anexo - Teste de Raiz Unitária

Variáveis Selic Taxa de Câmbio

E(πt) Hiato

Variáveis Selic Taxa de Câmbio

E(πt) Hiato

Variáveis Variação Cambial

DICKEY FULLER UNIT ROOT TEST Valor encontrado Valor Crítico 1% Valor Crítico 5% -4,1365 -4,0107 -3,4354 -2,2399 -4,0107 -3,4354 -3,4833 -4,0104 -3,4352 -5,4780 -4,0376 -3,4483

Valor Crítico 10% -3,1417 -3,1417 -3,1416 -31493

KPSS Valor encontrado Valor Crítico 1% 0,1172 0,2160 0,1733 0,2160 0,2680 0,7390 0,0376 0,7390

Valor Crítico 5% 0,1460 01460 0,4630 0,4630

Valor Crítico 10% 0,1190 0,1190 0,3470 0,3470

DICKEY FULLER UNIT ROOT TEST Valor Crítico 5% Valor encontrado Valor Crítico 1% -3,838 -4,023 -3,441

Valor Crítico 10% -3,145

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