Uso do Crédito 2015
Uso do Crédito 2015
Introdução
A pesquisa Modalidades do Crédito, conduzida pelo SPC Brasil e Meu Bolso Feliz, busca compreender de que maneira ocorre o processo de escolha entre as diversas modalidades de crédito existentes: o empréstimo pessoal e o consignado, o crediário, o financiamento e o cheque pré-datado, desconsiderando o cartão de crédito, que já foi tratado em estudos anteriores. Para isso, a pesquisa avaliou o comportamento relacionado ao parcelamento de compras, pedido de empréstimo de nome a terceiros e as compras por impulso, mapeando em detalhes sua representação na vida dos entrevistados.
Consumidor escolhe modalidade de crédito considerando a menor taxa de juros disponível
A pesquisa do SPC Brasil e Meu Bolso Feliz sobre Uso do Crédito mostra que a taxa de uso das diferentes modalidades de crédito é bem variada, com predominância do cartão de crédito: 53%. Na sequência, entre as modalidades mais utilizadas pelos consumidores, vêm o empréstimo (37%), o crediário (45%), o empréstimo consignado (28%), o financiamento (22%) e o cheque pré-datado (9%). Cinco em cada dez pessoas (54%) garantem que sempre escolhem a modalidade com a menor taxa de juros, especialmente entre os pertencentes à Classe A/B (67%, contra 49% na Classe C/D/E). 16% argumentam que nem sempre podem escolher, adquirindo a modalidade para a qual conseguem aprovação, independente da taxa de juros, aumentando para 21% na Classe C/D/E. E para 13%, a escolha é pela opção com menor valor das parcelas, sobretudo na Classe A/B (20%, contra 10% na Classe C/D/E).
Empréstimo pessoal & empréstimo consignado
Praticamente a metade da amostra (37%) já recorreu a algum tipo de empréstimo consignado ou pessoal e ainda está pagando as parcelas, sendo que a instituição mais procurada é o banco (20%), principalmente na Classe A/B (32%, contra 17% na Classe C/D/E) e entre as pessoas com maior escolaridade (40%). Logo depois vêm as financeiras
(10%, aumentando para 18% entre os homens). Neste caso, observa-se que a preferência é maior entre as pessoas com menor escolaridade: 10% para os que possuem ensino médio, contra 4% entre os que possuem superior completo/pós. Nas respostas também aparecem outras instituições (5%), família (4%, aumentando para 11% na Classe A/B) e amigos (2%). 28% dos respondentes já fizeram empréstimo consignado, modalidade ainda mais comum entre os homens (37%) e consumidores com renda própria (36%, contra 16% entre aqueles que não possuem renda). Apenas 4% dos entrevistados disseram já ter pedido a outra pessoa para fazer empréstimo consignado. Em todos os estratos analisados na pesquisa, o pagamento de dívidas (48%) é a principal razão para recorrer ao empréstimo consignado.
Crediário
A pesquisa indica que metade da amostra (50%) não tem o hábito de fazer compras no crediário, com percentuais maiores entre os homens (56%), pessoas da Classe A/B (59%, contra 47% na Classe C/D/E), maior escolaridade (61%) e com renda própria (56%, contra 39% entre os que não possuem renda). Considerando os que recorrem a esta modalidade, 25% o fazem menos de três vezes ao ano, enquanto 7% dizem fazer crediário pelo menos uma vez ao mês. 56% dos consumidores ouvidos garantem não ter nenhuma compra no crediário no momento, principalmente homens (62%), pessoas da Classe C/D/E (59%, contra 41% na Classe A/B), com baixa escolaridade (57%) e sem renda própria (69%, contra 45% entre os que possuem renda). Entre aqueles que possuem crediário atualmente (43%) mais da metade (55,8%) tem apenas um crediário. Uma em cada dez pessoas que fazem crediário (12%) costuma pedir a outras pessoas para fazê-lo, principalmente aqueles com ensino superior incompleto (29%) e com renda própria (19%, contra 3% entre os que não possuem renda). Os produtos mais adquiridos com o crediário são eletrodomésticos (mencionados por 44% dos que costumam comprar no crediário), eletroeletrônicos (37%), calçados (31%) e roupas (30%). Questionados sobre as principais vantagens desta modalidade, a maior parte dos consumidores cita o parcelamento das compras (37%, aumentando para 44%
entre os homens), além de poder parcelar mesmo sem ter cartão ou cheque (14%) e ter prazo para pagar (13%, aumentando para 20% na Classe A/B). Já entre aqueles que nunca fazem crediário, a principal razão apontada é a preferência por pagar as contas à vista (34%), com percentuais maiores entre as mulheres (41%, contra 29% entre os homens) e os que não possuem renda (57%, contra 25% entre os que possuem renda).
Financiamento
Dois em cada dez entrevistados (22%) possuem financiamento, atualmente, com percentuais maiores na Classe A/B (30%), entre aqueles com escolaridade superior incompleta (30%) e ensino superior/ pós-graduação (48%). Entre os que garantem possuir ao menos um financiamento, o mais citado é a compra de carro: 36%, aumentando na Classe A/B (54%, contra 29% na Classe C/D/E) e entre aqueles com nível superior incompleto (71%). Os consumidores também mencionam a compra de casa e/ou apartamento próprio (21%, aumentando para 40% na Classe A/B e para 46% entre aqueles com maior escolaridade), a compra de motocicleta (16%, aumentando para 29% entre as mulheres), a reforma da casa ou apartamento (16%, aumentando para 19% na Classe C/D/E, contra 6% na Classe A/B) e a compra de eletrônicos (12%, aumentando para 17% entre os que não possuem renda). Apenas 5% dos respondentes já pediram a outras pessoas para fazerem financiamento, com percentuais maiores na Classe A/B (10%, contra 4% na Classe C/D/E) e aqueles com ensino superior incompleto ou mais (12%).
Cheque pré-datado
O estudo revela que seis em cada dez pessoas (60%) possuem conta corrente, sendo que os percentuais aumentam entre os homens (72%), na Classe A/B (82%, contra 55% na Classe C/D/E), entre aqueles com maior escolaridade (96%) e renda própria (74%). A grande maioria dos entrevistados que possuem conta corrente garante ter apenas uma conta deste tipo (82%), sobretudo mulheres (89%), pessoas da Classe C/D/E (87%) e aqueles com ensino médio (86%).
Em média, os respondentes possuem 1,2 conta corrente. Nove entre dez correntistas ouvidos têm apenas conta individual. Observa-se um percentual expressivo de pessoas que mantêm contas individual e conjunta, na Classe A/B: 8%, contra 1% na Classe C/D/E e 3% no geral. Nos casos em que há conta conjunta, o mais comum é dividir com o cônjuge (83%), bem à frente dos pais (14%). Praticamente sete em cada dez entrevistados que têm conta corrente não possuem cheque (69%), sobretudo pessoas da Classe C/D/E (75%, contra 55% na Classe A/B), com baixa escolaridade (73%) e sem renda própria (80%). Considerando apenas os 30% da dos entrevistados com conta corrente que possuem cheque, pouco mais da metade não faz pagamentos com cheque pré-datado. Já entre os que pagam desta forma, 23% fazem ao menos 3 vezes ao ano. O SPC Brasil e Meu Bolso Feliz procuraram saber quais são as principais barreiras para o pagamento com o cheque pré-datado. A segurança aparece em primeiro lugar (47%), fazendo com que as pessoas prefiram o cartão de crédito, principalmente entre os homens (64%) e pessoas da Classe C/D/E (53%, contra 32% na Classe A/B). Outros 22% alegam preferir o cartão de crédito por acreditarem que é mais fácil controlar, enquanto 13% garantem pagar tudo à vista. Ao mesmo tempo, de forma geral, 53,3% dos entrevistados que possuem cheque e usam essa modalidade afirmam que é fácil fazer o controle do cheque pré-datado, enquanto 6,7% julgam ser difícil. A pesquisa também indica que somente 3% dos que admitem comprar com cheques, o fazem com cheques de terceiros, número que aumenta para 7% entre os respondentes da Classe A/B. Pouco mais da metade dos entrevistados que possuem cheque não tem nenhuma compra sendo paga no momento com cheque pré-datado (52%). Já entre aqueles que possuem conta a pagar, destaque para as mulheres (31,5%) e os pertencentes à Classe C/D/E (37,6%), que garantem ter três contas sendo pagas com cheque pré-datado. Finalmente, o estudo revela que os produtos mais comprados com o cheque prédatado são roupas (17,4%, aumentando para 25,9% na Classe C/D/E e 38,7% entre aqueles que não possuem renda), acessórios para carro/moto (13,2%, aumentando para 23% entre os homens), móveis (12,3%, aumentando para 20% entre os homens) e acessórios (10%, aumentando para 23,1% entre as mulheres).
Conclusão
A pesquisa do SPC Brasil e Meu Bolso Feliz sobre Uso do Crédito 2015 busca compreender como se dá o processo decisório dos consumidores, ao investigar o comportamento relacionado ao parcelamento de compras, o pedido de empréstimo de nome a terceiros e as compras por impulso, considerando todas as modalidades de crédito existentes, à exceção do cartão de crédito, já que este foi analisado detalhadamente em estudos anteriores. O ranking das modalidades mais utilizadas traz o empréstimo (37%), o crediário (45%), o empréstimo consignado (28%), o financiamento (22%) e o cheque pré-datado (9%).
O estudo revela que os respondentes priorizam as menores taxas de juros cobradas (54%), na hora de escolher a modalidade de crédito mais adequada às suas necessidades, sobretudo na Classe A/B (67%). Ao mesmo tempo, observa-se que alguns respondentes se valem de outros critérios, principalmente pelo fato de que nem sempre podem escolher, adquirindo a modalidade para a qual conseguem aprovação, independente da taxa de juros (16%, aumentando para 21% na Classe C/D/E). Considerando o empréstimo, a instituição mais procurada é o banco (20%), seguido pelas financeiras (10%). No caso esta última, é mais comum que pessoas com baixa escolaridade as procurem (10%, contra 4% entre os que possuem ensino superior).
Enquanto o empréstimo é utilizado, sobretudo, para o pagamento de dívidas (48%), o crediário serve principalmente para adquirir eletrodomésticos (44%), eletroeletrônicos (37%), calçados (31%) e roupas (30%). Os consumidores acreditam que a principal vantagem do crediário está no parcelamento das compras (37%). O estudo também mostra que os entrevistados da Classe C/D/E são mais propensos a utilizar o crediário, em relação aos das classes mais altas: 47% da Classe C/D/E nunca pagam desta forma, contra 59% na Classe A/B. Em contrapartida, a atual situação econômica do país parece sinalizar uma possível redução no consumo entre alguns consumidores: 59% dos respondentes da Classe C/D/E (contra 41% na Classe A/B) e 69% daqueles sem renda própria (contra 45% entre os que possuem renda) garantem não ter, no momento, nenhuma compra no crediário. Apenas uma em cada dez pessoas tem o hábito e pedir a outros para fazerem crediário (12%), sendo que os amigos são a primeira opção nesta hora (56%). Um percentual ainda menor é encontrado entre os que garantem pedir a outras pessoas para fazerem financiamento (5%), provavelmente devido aos altos valores envolvidos nesta modalidade. O financiamento mais comum entre os brasileiros, hoje, é para a compra de carro (36%), aumentando consideravelmente entre pessoas com ensino superior incompleto (71%). Vale destacar que dois em cada dez respondentes (22%) possuem financiamento, atualmente. Dentre os objetivos desta modalidade também estão a compra de casa / apartamento (21%), compra de motocicleta (16%) e reforma de casa / apartamento (16%). Finalmente, a modalidade de crédito menos utilizada pelos brasileiros é o cheque pré-datado (9%). Seis entre dez pessoas ouvidas na pesquisa possuem conta corrente, sendo que entre essas, 69% não possuem ou não emitem cheque pré-datado. A barreira para o uso desta forma de pagamento tem a ver com a segurança, o que faz com que 47% dos entrevistados prefiram o cartão de crédito, enquanto 22% dizem que o cartão é mais fácil de controlar. Ainda que pouco mais da metade da amostra não tenha, no momento, nenhuma conta sendo paga com o cheque pré-datado (52%), vale destacar que 37,6% dos consumidores da Classe C/D/E possuem três contas sendo pagas com esta modalidade.
Metodologia
Público alvo: Consumidores das 27 capitais brasileiras, homens e mulheres, com idade igual ou maior a 18 anos, de todas as classes econômicas (excluindo analfabetos). Os dados foram pós-ponderados para ficarem representativos do universo estudado.
Método de coleta: pesquisa realizada pela web.
Tamanho amostral da Pesquisa: 642 casos, gerando margem de erro no geral de 3,8 p.p para um intervalo de confiança a 95%.
Data de coleta dos dados: 23 a 31 de março de 2015.