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PECUÁRIA LEITEIRA E AS PASTAGENS TROPICAIS

Qual utilizar? Para ter sucesso na exploração pecuária, é necessária uma adequada formação da pastagem, iniciando com a escolha do cultivar a ser plantado. Nessa importante decisão, devemos interagir as principais características da forragem com o meio. Mas quais são os cultivares mais indicados para a pecuária leiteira?

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Brasil é um dos países que apresentam maior potencial para formação e renovação de pastagens, pois possui boa topografia, condições edafoclimáticas variadas e excelente luminosidade, o que lhe confere condições favoráveis para cultivar a grande maioria das espécies forrageiras, permitindo o aumento do rebanho e da produção de leite de qualidade. Atualmente, apresenta cerca de 56 milhões de hectares de pastagens nativas e possui mais de 100 milhões de hectares de pastagens mal cultivadas e/ou mal manejadas (ZIMMER et al, 2000). Grande parte das pastagens são formadas e manejadas inadequadamente, pois são exploradas de maneira extractivista, causando rápida degradação das mesmas. A utilização irracional e predatória das pastagens pela exploração inadequada da pecuária pode causar grandes alterações no meio ambiente, dentre os mais observados o processo de erosão. Este é causado devido ao super pastejo, falta de controle de erosão (curvas de níveis, terraciamento e caixas de retenção), além de áreas com alto

grau de declividade sem cobertura vegetal, falta da mata ciliar, que contribuem também para o início do processo de assoreamento dos rios. Tendo em vista o atual cenário das pastagens, observamos também a situação da pecuária leiteira, com baixos índices, sendo estes, 500 litros por ha/ano, 1.000 litros por lactação, produção de 4,9 litros/vaca/dia, 20 meses de intervalo entre partos (IEP), 50% do rebanho de vacas em lactação e uma taxa de lotação de 0,5 UA/ha, índices que com poucas mudanças podem ser revertidos (FERNANDES, 2006). Considerando as vantagens climáticas e topográficas do nosso país, iremos dar ênfase nas nossas pastagens, que são a base da pecuária nacional.

FORMAÇÃO DA PASTAGEM

Para que possamos ter sucesso na exploração da pecuária, será necessário uma adequada formação da pastagem, iniciando com a escolha do cultivar a ser plantado. Nessa importante decisão, devemos interagir as principais características da forragem com o meio (o clima, solo e animal). As principais características relacionadas com o meio: adaptação a diferentes tipos solo; tolerância aos diferentes graus de encharcamento; resposta à fetilização; índice pluviométrico; pragas e doenças; potencial e distribuição de forragem; palatabilidade X categoria animal. O primeiro passo é interagir as forraMombaça geiras em função do solo e clima, porém Produção: 28 até 50 ton/ms/ha/ano diversificando as espécies forrageiras, Teor de proteína na matéria seca: 12 a 16% evitando a monocultura e buscando a Altura de entrada: 90cm resistência a possíveis Altura de saída: 30 a 40cm ataques de pragas. Quanto à fertilidade de solo, os cultivares mais escolhidos pelos produtores de leite são classificados para solos de alta fertilidade, porém nada impede que solos de baixa fertilidade possam ser explorados para essa atividade. Para solos férteis, destacamos os cultivares da espécie Panicum maximum, sendo eles os cultivares Mombaça e Tanzânia, forrageiras de alto potencial de produção, que segundo Fernandes, 2006, produzem até 50 ton de MS/ha/ ano e com excelente valor nutricional. Portanto, não são recomendados para solos com alto grau de declividade. A espécie Brachiaria brizantha, cultivares Marandu e MG-5, também classificadas para solos de boa fertilidade, Tanzânia atendem satisfatoriamenProdução: 25 até 50 ton/ms/ha/ano to o objetivo proposto, Teor de proteína na matéria seca: 12 a 16% com a vantagem de terem Altura entrada: 80cm um hábito de crescimento em forma de touAltura saída: 30cm ceira semi-ereta e decumbente, respectivaInforLeite «

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pastagens Brachiaria brizantha cv. Marandu (Braquiarão)

Produção: 10 a 25 ton/ms/ha/ano Teor de proteína na matéria seca: 9 a 12% Altura entrada: 40cm Altura saída: 10cm

Brachiaria brizantha cv. MG-5

Produção: 10 a 18 ton/ha/ms/ano Teor de proteína na matéria seca: 8,7 a 13,5% Altura entrada: 40 a 50 cm Altura saída: 15cm Obs: Florescimento tardio e rebrota vigorosa

Brachiaria brizantha cv. MG-5

Produção: 10 a 18ton/ms/ha/ano Teor de proteína na matéria seca: 9 a 11% Altura de entrada: 35 cm Altura de saída: 10cm

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mente, fechando o solo com facilidade e evitando o risco de erosões em áreas com declividade acima de 15%. Para solos de média a baixa fertilidade, recomendo as braquiarias MG-4 e Decumbens, com a diferença que o cultivar MG-4 é resistente à seca e tolerante ao ataque das cigarrinhas das pastagens, e a decumbens é susceptível. Para que as espécies acima citadas possam expressar o máximo do seu potencial em produção de massa, e suportar altas taxas de lotação, é necessário considerar a pastagem como as grandes culturas (milho, soja ou café), e para tanto, é importante que elas sejam monitoradas anualmente com análises de solo, adubações equilibradas e um bom manejo da forragem. Com o resultado da análise de solo em mãos, primeiramente é necessário fazer a calagem após a primeira gradagem, em seguida fazer outra gradagem para incorporar o calcário - caso o produtor esteja formando o pasto. Se já estiver com o pasto formado não necessita fazer a gradagem após a distribuição. O plantio deve ser realizado 60 dias após a calagem, para que de tempo do calcário solubilizar, e neste caso recomendamos apenas adubos fosfatados, evitando adubos nitrogenados e potássicos, que correm o risco de prejudicar a germinação das sementes. Quando 70% da área estiver coberta pela cultura (30 a 35 dias após essa germinação), proceder a adubação de cobertura, de acordo com a recomendação de um Engenheiro Agrônomo, com base na análise de solo.

MANEJO DE FORMAÇÃO Antes de iniciar o pastejo, é importante simular o bocado do animal com a mão, verificando se o sistema radicular não sai do solo. Evite esperar o florescimento, pois além da forragem perder o valor nutricional, perderá a digestibilidade, salvo se o pasto estiver com muitas falhas. O pastejo no momento ideal consolida o sistema radicular e estimula novas brotações, proporcionando o perfilhamento da forrageira, fechando melhor o solo e reduzindo o aparecimento de ervas daninhas. O primeiro pastejo deve ser feito preferêncialmente com animais mais jovens (6 a 7@), com uma taxa de lotação de 3 a 5 UA/ha, por um curto período, respeitando a altura de saída do cultivar.

TIPOS DE PASTEJO

Pastejo contínuo: os animais permanecem na pastagem por todas as estações, podendo ter carga fixa ou variável. Tem-se um reduzido investimento em instalações e cercas e apresenta uma seletividade maior durante o pastejo, porém com menor uniformidade. A alternância na carga animal é recomendada, devido à estacionalidade na produção de forragem durante o ano, adotando-se uma taxa de lotação no período chuvoso e uma menor no período seco. Quando se adota uma carga animal fixa, a lotação deve ser baseada no período seco, havendo sobra no período chuvoso. Grande parte desses sistemas apresenta baixa produtividade e rentabilidade inferior aos sistemas rotacionados. Pastejo rotativo: as áreas são divididas em 2 ou mais piquetes, proporcionando descansos periódicos às plantas forrageiras, com o período variando de acordo com o número de divisões e extensão do período de ocupação de cada piquete. Quando se utiliza apenas 2 piquetes, o pastejo é dito alternado. Caracteriza-se por maior investimento em instalações e cercas, menor seletividade do animal, manejo mais tecnificado e pastejo mais uniforme. Pastejo rotacionado intensivo: busca o aproveitamento máximo da forragem de melhor qualidade nutritiva, ajustando os períodos de pastejo à fisiologia de rebrota das plantas forrageiras, evitando-se assim a perda de qualidade pela maturação ou excesso de pisoteio. O acompanhamento da pastagem deve ser diário, com aplicação de fertilizantes, mineralização adequada dos animais e o controle constante das plantas invasoras.

sistema de manejo é alta, alcançando de 4 até 12 UA/ha. Para otimizar a produção de leite, recomenda-se fazer o rotacionado com uma distância máxima do ultimo piquete de aproximadamente 400 m, evitando que o animal gaste energia com locomoções de longa distância.

DIVISÃO DAS PASTAGENS

Gonçalves: Em condições normais, períodos de descanso variando entre 21 e 42 dias permitem um bom re-estabalecimento da maioria das espécies forrageiras tropicais O período de pastejo para pecuária de leite deve ser curto (um a três dias), deixandose, por ocasião da retirada dos animais, um estoque de forragem. Recomenda-se a divisão da pastagem em um mínimo de seis piquetes. A capacidade de suporte neste

A divisão da pastagem é uma prática muito influenciável na produção de leite, sendo importante tanto para o manejo da pastagem quanto para o rebanho. O número de divisões vai variar de acordo com o tipo de pastejo (contínuo, alternado ou rotativo), o cultivar utilizado, a fertilidade do solo e o índice pluviométrico. A distribuição e a forma das divisões devem ser compatíveis com as aguadas naturais da fazenda, sempre visando a economia de cercas. O número de piquetes a ser adotado em um sistema de pastejo rotacionado é definido pela seguinte fórmula: NÚMERO DE PIQUETES = Período de descanso + 1 / Período de ocupação

Sempre que possível, acrescentar mais algumas subdivisões, para se ter maior flexibilidade no manejo. Um grande número de divisões, além de onerar os custos com produção de cerca, bebedouros e cochos, não se traduzem em aumento significativo no periodo de descanso da pastagem. Em condições normais, períodos de descanso variando entre 21 e 42 dias permitem um bom re-estabalecimento da maioria das espécies forrageiras tropicais. Em geral, o periodo de pastejo não deve ultrapassar sete dias, pois quanto maior o período, maior o risco dos animais consumirem as novas brotações, podendo comprometer a persistência da pastagem. Quanto menor o tempo de permanência dos animais na pastagem, melhor será o aproveitamento da forragem disponível. O desempenho animal em pastagem está diretamente correlacionado com a disponibilidade e o valor nutritivo da forragem. Guilherme Montans Gonçalves Engenheiro Agrônomo Dpto. Técnico Matsuda Minas

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