UM BRASIL DIVERSO: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
E aí, pessoal! Tudo bem? Para início de conversa e, ao mesmo tempo, conclusão desse módulo, tenho uma pergunta para vocês:
QUAL É A LÍNGUA PORTUGUESA QUE VOCÊ FALA?
A resposta automática pode ser: português do Brasil, oras! Pois bem, queridos, como conversamos e estudamos ao longo deste módulo, quando falamos de língua não falamos de apenas uma única forma da língua existir no mundo. Um bom exemplo que possivelmente quase todos vocês já viveram é o de aprender uma outra língua, como o inglês. Quando se estuda o inglês, em determinada escola e com determinado professor ou professora, se aprende um tipo de inglês, podendo ser um inglês americano, inglês, australiano, enfim, de alguma vertente. No entanto, além de ter como referência alguma nacionalidade, ao adentrar nesse estudo ou se observar os falantes daquele lugar de onde se está aprendendo o idioma, se perceberá que de pessoa para pessoa mudará a forma de falar, escrever e viver aquela língua. Por que isso acontece? Porque a língua é viva e são as pessoas que falam aquela língua que fazem ela ser de determinada forma. Confuso? Acompanhe o desenho abaixo com o mapa do Brasil.
E nessa sociedade brasileira composta por pessoas do norte ao sul do país elas vivem de modos diferentes, têm culturas diferentes e falam de modos diferentes, pois a língua é heterogênea.
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A língua é isso: inacabada. Não há como colocá-la em um quadrado e ordenar que todos falem da mesma forma, pois ela é uma ação social, na qual as pessoas interagem e emitem o que desejam de acordo com o contexto no qual estão imersos, ou seja, alguém do norte do país tem uma história (sua história pessoal e história do seu lugar de origem) que não será a mesma de alguém do sul do país, ou mesmo do centro-oeste. A variação decorre do fato da língua ser viva e circular em todos os cantos onde há falantes dela, por fazer parte da identidade de cada um e isso não se dará apenas em uma forma, mas em todos os níveis da língua
Por isso, para algumas pessoas palavras como essas abaixo podem ter vários nomes e, dependendo do lugar em que você estiver, as pessoas daquela localidade podem não entender rapidamente o que você deseja falar. Pão francês Cacetinho
Pão de sal Batata-baroa
Batata salsa Mandioquinha Bergamota Tangerina Mexerica
Misto-quente Torrada
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Esses são poucos exemplos. Vocês conhecem outros?
Contudo, as variações não ficam apenas nos níveis da língua; elas são resultantes de fatores sociais também, como:
Não existe uma única forma de falar uma língua, de falar o português brasileiro, por isso não podemos julgar alguém que não fale como nós ou que não escreva como nós. É preciso cuidar o preconceito linguístico! Se julgarmos o modo de alguém se expressar e dissermos a essa pessoa que ela está falando ou escrevendo errado, estaremos ignorando toda a sua história e caindo no julgamento de que há um certo e um errado na língua, quando não há. O que há são situações em que devemos modalizar a língua de acordo com o interlocutor que temos e com o contexto ao qual estamos inserindo. É nesse âmbito que a gramática entra! A gramática tradicional, aquele conjunto de regras que muitas vezes são ensinadas como verdade absoluta, serve para orientar a escrita de forma padrão, servindo como orientação na hora de escrever textos formais, como a redação. Nós não falamos como a gramática e não precisamos falar como a gramática ordena. Língua é identidade, é cultura; ela vive porque nós vivemos e a utilizamos para vivermos em sociedade e interagir com o outro. Referências: BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
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