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SALVADOR SÁBADO 15/7/2017
Editor-coordenador
SALVADOR REGIÃO METROPOLITANA
Luiz Lasserre
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VALORIZAÇÃO Profissão de baiana de acarajé é oficialmente reconhecida www.atarde.com.br
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DISCIPLINA POSITIVA Técnica enfatiza as qualidades dos filhos, em detrimento da educação tradicional
Método que defende criação sob nova ótica terá 1º curso na capital Fotos: Margarida Neide / Ag. A TARDE
ROSELI SERVILHA*
Logo que a filha Isabela nasceu, a dentista Fernanda de Santana, 33, leu um artigo sobre o método de educação disciplina positiva. A técnica que defende a criação dos filhos com base na empatia, amor, respeito, não ultrapassando os limites, terá o primeiro workshop em Salvador no próximo mês (leia mais informações abaixo). A disciplina ou educação positiva enfatiza as qualidades da criança e do adolescente, em detrimento da educação tradicional, que tem como foco suas fraquezas. A base parte dos cinco componentes do bem-estar: emoção positiva, engajamento, relacionamentos positivos, realização e sentido. Orientadora educacional e coach de pais, Jéssica Costa defende que não dá para educar os filhos com base na educação tradicional, onde o autoritarismo predomina. E que o ensino com base na educação positiva traz uma filosofia que diferencia elogio e encorajamento, reforçando o que há de bom. “Nãopregamosaeducação combaseemcastigo,porrada e chantagem. Em vez disso, reforçar o que a criança tem de bom faz com que ela cresça aprendendo a lidar com pontos positivos e negativos que temos”, pontuou. Ao perceber que o comportamento de Isabela diante do tom mais alto, ameaças e castigos não surtiam efeito, Fernanda passou a adotar a educação positiva, ela conta que, junto com o esposo, já não tinha paciência e, em consequência disso, atitudes de uma educação mais tradicional foram ocasionadas.
Isabela, filha da dentista Fernanda, é criada pelo método, como será com Beatriz
dar muito carinho”, disse. Diante de um mau comportamento, Fernanda olha nos olhos da pequena e o diálogo passa a ser explicativo e compreensível. “Deixo claro que aquilo não foi legal e que não deve ser repetido. Às vezes ela chora quando falo, eu a acolho com um abraço. Ela olha para mim e promete que não vai se repetir. Na maioria das vezes, não faz mesmo”.
À moda antiga
O amor que Fernanda sente pela filha Isabela é o mesmo
que a técnica de enfermagem Rosana Galo, 29, sente pelo filho Lucas, 3. Mas, por divergência de opiniões, ela acredita na educação à moda antiga e não abre mão quando tem que ser mais firme com o filho. Rosana conta que, devido ao comportamento violento do garoto na escola, foi preciso pedir demissão no trabalho para se dedicar a sua educação. “Percebi seu comportamento mudar. Ele estava agitado, batendo nos colegas da escola. Acredito que este é resultado dos dias al-
*SOB A SUPERVISÃO DO EDITOR-COORDENADOR LUIZ LASSERRE
Inscrições estão abertas e são feitas pela internet
Motivação
“Além de não surtir efeito, nos fazia mal e a deixava chorosa, triste e mais irritada. Vi que precisava mudar, ter mais paciência. Ela é apenas uma criança de 3 anos, que está numa fase de birras e que cabe a mim essa mudança de comportamento, entender esse processo e
ternados em que ele ficava com pessoas diferentes. Então precisei acompanhar”. Nas primeiras reclamações de mau comportamento, houve o diálogo entre os pais e Lucas. Na segunda vez, o garoto ficou de castigo. “Ao fazer a mesma coisa pela terceira vez, já não conversei, foi preciso que eu fosse mais rígida e lhe dei umas palmadas”, revelou. A mãe de Lucas diz que não há como educar sem “umas palmadas” quando for preciso. Ela conta que foi educada assim e, com base
no que aprendeu, tornou-se uma pessoa de bem. “Muitas das minhas escolhas de vida foram consequência da educação que minha mãe me ensinou, além do diálogo disciplinar, umas palmadas, quando preciso, não fazem mal a ninguém”, afirmou. Para a psicóloga Niliane Brito, com gritos e agressão na relação com os pais, a criança pode apresentar violência, repassando para os colegas o que aprendeu. “A relação com os pais é de extrema importância, pois nossas relações interpessoais atuais serão reflexo dessas relações na infância com nossos pais. As palmadas, o tapa, vão ensinar a criança a ter medo do que é mais forte e ela aprende que é assim que os conflitos são resolvidos”, explica. Ainda de acordo com a psicóloga, a educação com base na compreensão e no amor não significa não impor limites. “É importante dialogar e tratar com respeito. Eles precisam ouvir um “não”, é de extrema importância para seu desenvolvimento emocional. Ajudando, assim, a serem adultos resilientes”, acrescentou.
Rosana Galo opta pela educação tradicional para Lucas
Com o objetivo de apresentar essa nova perspectiva no processo da educação infantil, o Instituto Somos Pais, empresa que faz consultoria a pais na criação dos filhos, realiza o 1º Workshop Educação Positiva em Salvador. As inscrições estão abertas e podem ser feitas por meio do endereço eletrônico: bit.ly/WorkshopEducacaoPositiva. Os ingressos custam R$ 80, individual, e R$ 150, o par. O evento será realizado em
parceria com a revista Guia da Mamãe e o grupo Formom’s, no dia 19 de agosto, das 8h às 13h, no Espaço Canguru, localizado na Barra. Na ocasião, serão abordados, dentre outros temas, o equilíbrio dos tipos de parentalidade (autoritário, negligente, permissivo e democrático), respeito, limites, punições, comportamentos, habilidades e rótulos, com a participação da orientadora educacional e coach de pais Jéssica Costa.
CHIKUNGUNYA
A dor nas articulações do corpo ainda incomoda a dona de casa Daniela Bastos, que mora em Alto de Coutos. Essa região, juntamente com os bairros de Coutos e São João do Cabrito, também no subúrbio ferroviário, apresenta um surto de chikungunya. A situação, que é confirmada pela SMS, apresenta 27 casos confirmados da doença. Daniela, um mês após ter contraído chikungunya, ainda sente dificuldades para cuidar do filho e desenvolver as tarefas diárias. Ela faz parte dos 171 casos suspeitos da doença pela Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Do total, 44 moradores do bairro estão com suspeita de contrair a febre. “A maioria dos meus vizinhos pegou a doença. Ainda houve gente que sofreu de dengue e zika”, contou a moradora da rua Caixa D’Água. A principal queixa dos
moradores é sobre a água acumulada em entulhos nos terrenos baldios. “Há pessoas que abandonam as casas e deixam uma montanha de lixo no cômodos”, denuncia o técnico de computador José Isaías de Jesus. Ele, que teve chikungunya há dois meses, também comentou sobre os vizinhos que não vedam o tanque de água. “Não adianta a gente fazer a coisa certa, se outras pessoas preservam o foco de mosquito”, contou.
Lixo
A rua Setúbal, no bairro de Coutos, registra o maior número de pessoas infectadas pelo mosquito Aedes aegypti. A SMS afirma que há 22 moradores diagnosticados. “Aqui, há vários focos do mosquito espalhados pela rua”, disse o auxiliar administrativo Ueverton Ferreira, que se referiu a um córrego próximo e ao acúmulo de lixo na vizinhança. “Nesta rua há um morador que acumula entulho
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Ame o seu filho pelo que ele é, não pelo que ele faz
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É preciso perceber por que razão uma criança se comporta de maneira errada
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Os pais devem conhecer os comportamentos e as necessidades próprias de cada idade da criança
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Os pais devem se conhecer para educar os filhos
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Comunique-se de forma positiva e clara com o seu filho, para que ele expresse os sentimentos
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É fundamental envolver-se e participar integralmente da vida da criança, sem ser intrusivo
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Reforce, elogie, recompense, mostre orgulho e valorize o comportamento deles
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Regras e limites são fundamentais na educação de todas as crianças
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Evite estabelecer uma regra quando não tem certeza de que será consistente em relação a ela
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O uso da punição pode trazer danos psicológicos e consequências negativas ao desenvolvimento da criança
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Se houver consideração e amor, o ambiente e os laços familiares serão reforçados
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Eduque para a autonomia. Primeiro dê raízes e, depois, asas FONTE Instituto Somos Pais
José Isaías de Jesus mantém reservatório de água fechado para evitar foco
Subúrbio ferroviário tem surto da doença FRANCISCO ARTUR*
DOZE PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA UMA EDUCAÇÃO POSITIVA
Joá Souza / Ag. A TARDE
“Não adianta fazer o certo, se outras pessoas preservam o foco” JOSÉ ISAÍAS, téc. de computador
em casa. Ele não mora no bairro, mas vem aqui somente para depositar lixo no imóvel”, afirmou. Problema recorrente em bairros da capital baiana, a presença de pessoas que acumulam lixo contribui para a formação de foco do mosquito. A diretora da vigilância
em saúde da SMS, Geruza Moraes, orienta que os moradores podem informar essa situação à secretaria, por meio do telefone: 3202-1000. “A partir da denúncia da existência de entulho em imóveis privados, a SMS vai montar uma operação para limpar o terreno”, garantiu
Geruza. Para os casos que envolvem acumuladores, a SMS ressalta a parceria com a pasta municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza. A transmissão da doença é feita por meio da picada do mosquito Aedes aegypti e Aedes albopictus infectados. Além disso, é possível transmitir a doença através da mãe para o feto ou recém-nascido, o que pode provocar infecção neonatal grave. A doença pode persistir por até dez dias, após o início dos sintomas, que são parecidos aos da dengue: febre de início agudo, dores articulares e musculares, cefaleia, náusea e fadiga. A manifestação principal que difere essa enfermidade das outras são as fortes dores nas articulações, que, muitas vezes, podem ser acompanhadas de inchaço. *SOB A SUPERVISÃO DO EDITOR-COORDENADOR LUIZ LASSERRE