Quesito Especial FGTS – Março de 2017 A liberação de recursos de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) tem por objetivo estimular a economia, seja pela via direta do consumo ou indiretamente, ao acelerar o processo de desalavancagem das famílias. A expectativa do governo é que o total de recursos liberados até o final de junho chegue a cerca de R$43,1 bilhões, sendo R$3,26 bilhões no primeiro mês. Para melhorar o entendimento de como essas medidas podem impactar a economia brasileira, a FGV/IBRE incluiu três quesitos especiais no questionário de março da Sondagem de Expectativas do Consumidor: (i) (ii)

(iii)

Você ficou sabendo da possibilidade de serem sacados os recursos contas inativas do FGTS a partir do mês de março? Alguém de sua família tem/terá direito a realizar esse saque de recursos do FGTS de contas inativas? No caso de resposta afirmativa à pergunta: Qual será o destino desses recursos?

Foram consultados 2042 brasileiros entre os dias 02 e 22 de março. A pesquisa mostra que 93,1%1 dos respondentes nas sete principais capitais do país tinham conhecimento sobre a possibilidade de saque dos recursos de contas inativas. O desconhecimento parece estar associado à baixa escolaridade e/ou menor nível de renda. Do total de entrevistados, 28,8% possuem alguém na família com recursos a serem resgatados. O destino prioritário para os recursos será a quitação de dívidas, apontado por 41,2% dos entrevistados com recursos a receber. A segunda destinação mais citada foi a poupança financeira (24%); a seguir, outras finalidades não especificadas (10,6%). Gastos com consumo representam 9,6% do total, sendo 5,5% direcionados para compras de bens e 4,1% para o lazer. O pagamento de impostos ficou entre as opções menos escolhidas (2,7%); 11,9% não sabiam como utilizarão os recursos. Um exercício2 com dados da Sondagem do Consumidor mostra que a probabilidade de alocação dos recursos em poupança financeira aumenta em 15% para os consumidores que avaliam a situação financeira atual da família como boa. Analogamente, quando os 1

A amostra da Sondagem de Expectativas do Consumidor foi definida a partir da POF-IBGE(2002/2003), que ao fornecer informações quantitativas sobre a renda e o consumo das famílias (despesas) nas capitais brasileiras permite a estratificação por faixas de renda e capitais, proporcionalizada pela participação do consumo das famílias em cada estrato. Para o exercício em questão levamos em consideração apenas o peso das faixas de renda considerando uma homogeneidade entre as capitais. 2

O método utilizado foi o Probit ao nível de significância de 5%.

consumidores avaliam a situação financeira familiar como normal ou ruim a probabilidade de alocação de recursos para quitação de dívidas aumenta em 20%. Além da relevância da situação financeira individual, a destinação dos recursos está relacionada a outros fatores, dentre os quais se destaca o nível de renda familiar. Entre os consumidores com renda familiar até R$2.100, 60% destinarão os recursos para pagamento de dívidas enquanto apenas 3,0% planejam usar estes recursos para consumo de bens ou em lazer. Entre os consumidores com renda familiar mensal superior a R$9.600 mensais, a opção mais citada foi a poupança (43,6%), seguida pela quitação de dívidas (24,5%), Nessa faixa de renda, 9,2% planejam usar o recurso com consumo de bens e serviços (4,3% para consumo e 4,9% para lazer). O maior ímpeto para compra de bens duráveis (8,5% dos entrevistados) ocorreu na faixa de renda familiar entre R$ 2.100 e R$ 4.800 mensais. Destino dos Recursos de Contas Inativas do FGTS por Faixa de Renda Quitar dívidas Comprar Poupança em atraso bens

Renda

Lazer

Pagamento de Outras Não sabe impostos finalidades

Até R$ 2.100

60,0%

10,0%

2,0%

1,0%

3,0%

14,0%

10,0%

Entre R$ 2.100 e R$ 4.800

47,9%

14,1%

8,5%

4,2%

2,8%

10,6%

12,0%

Entre R$ 4.800 e R$ 9.600

33,8%

27,2%

7,3%

6,0%

3,3%

9,3%

13,2%

Acima de R$ 9.600

24,5%

43,6%

4,3%

4,9%

1,8%

8,6%

12,3%

Total

41,2%

24,0%

5,5%

4,1%

2,7%

10,6%

11,9%

Fonte: IBRE/FGV

De acordo com informações disponibilizadas pela Caixa Econômica Federal, 55% das pessoas com direito a sacar recursos de contas inativas do FGTS receberão um valor de até R$500,00, constituindo um total de R$3 bilhões, apenas 7% do total. No extremo oposto, 2,2% do total de beneficiários receberão R$10.000,00 ou mais, correspondendo a de R$15,5 bilhões de reais, ou cerca de 36% do total. Distribuição dos Recursos de Contas Inativas do FGTS por Faixa Etária

Faixas etárias

Saldo de Recursos (em bilhões)

Quantidade de trabalhadores (em milhões)

Ticket Médio (R$)

Até 44 anos Entre 45 e 60 anos Acima de 60 anos Total

R$ 33.5 R$ 8.9 R$ 0.7 43.1

24.1 5.0 0.8 30.05

R$ 1,391 R$ 1,783 R$ 847 R$ 1,434

Fonte: CAIXA/FGTS Elaboração: IBRE/FGV

A associação das informações fornecidas pela CAIXA/FGTS com as faixas etárias pesquisadas pela Sondagem do Consumidor mostra que a faixa de brasileiros até os 44 anos detém o maior percentual de recursos a serem sacados (R$33,5 bilhões). Pelo resultado da Sondagem, 40,3% desses consumidores utilizarão os recursos para quitar dívidas, 33% para poupar e apenas 4,7% para consumo de bens. Cerca de 7,5% ainda não sabem como utilizarão os recursos. Na faixa entre 45 e 60 anos o montante de recursos é de R$ 8,9 bilhões, para serem sacados por 5 milhões de pessoas. Apesar da mudança de faixa etária, o perfil de respostas não se diferencia das demais faixas, exceto pelo fato de haver uma maior frequência de citações a outras finalidades (12,6%). Na faixa acima de 60 anos, com menor número de beneficiários, talvez em função de muitos já estarem aposentados, a proporção de beneficiários citando compras de bens sobe em relação às faixas anteriores (9%). Os dados desta consulta especial sugerem que, dos recursos do FGTS, cerca de R$ 17,7 bilhões devem contribuir para a solvência das famílias, R$ 13,1 bilhões devem ser poupados, R$ 3,9 bilhões se destinarão a outras finalidades, R$ 2,1 bilhões para o consumo de bens R$ 1,6 bilhão será destinado ao lazer, mas apenas R$ 1,2 bilhão deverá retornar aos cofres públicos como pagamento de impostos. Cerca de R$ 3,6 bilhões de recursos ainda não possuem destino definido. De qualquer forma, este cenário pode ser considerado como positivo para a retomada do crescimento da economia brasileira: ao contribuir para quitação de dívidas e ao maior equilíbrio do orçamento doméstico no primeiro momento, abre-se o caminho para o aumento do consumo a seguir. Destino dos Recursos de Contas Inativas do FGTS por Faixa Etária Idade

Quitar dívidas Comprar Poupança em atraso bens

Lazer

Pagamento de Outras Não sabe impostos finalidades

Até 44 anos

40,3%

33,0%

4,7%

3,6%

2,8%

8,1%

7,5%

Entre 45 e 60 anos

43,7%

20,9%

5,4%

4,4%

2,3%

12,6%

10,7%

Acima de 60 anos

37,6%

21,3%

9,0%

3,5%

3,3%

8,1%

17,2%

Fonte: IBRE/FGV

SONDAGEM DO CONSUMIDOR Publicação mensal da FGV/IBRE – Instituto Brasileiro de Economia Diretor do IBRE: Luiz Guilherme Schymura de Oliveira Superintendência de Estatísticas Públicas: Aloisio Campelo Jr. Coordenadora da Sondagem: Viviane Seda Bittencourt Equipe Técnica: Pedro Medeiros Teixeira, Ana Flávia de Paula e Rafaela Rizzo (estagiária) Atendimento à imprensa: Insight e-mail: [email protected] | (21) 2509-5399 Central de Atendimento do IBRE: (21) 3799-6799 / e-mail: [email protected] / portalibre.fgv.br