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Projeto informatiza estudo de plantas - Unesp

maio2011  Jornal Unesp Ambiente Projeto informatiza estudo de plantas Ainda pouco difundida no país, a fenologia é uma área da ecologia que estud...
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maio2011



Jornal Unesp

Ambiente

Projeto informatiza estudo de plantas Ainda pouco difundida no país, a fenologia é uma área da ecologia que estuda os fenômenos cíclicos que costumam se repetir nos seres vivos, e sua relação com as condições ambientais. Um exemplo, no caso dos vegetais, é o desenvolvimento das folhas sob a influência de temperatura, luz, umidade relativa, entre outras variáveis climáticas. Por detectar as alterações na reação apresentada por animais ou plantas em relação ao clima, a fenologia tem sido importante indicador de mudanças que ocorrem no planeta. Especialista em fenologia vegetal, Leonor Patrícia Cerdeira Morellato, professora do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências (IB), Câmpus de Rio Claro, foi um dos quatro cientistas contemplados na quarta chamada pública de projetos da Microsoft Research-Fapesp de Pesquisas em Tecnologia da Informação (TI), lançada em julho de 2010, cujo resultado foi divulgado em março. Seu projeto “e-fenologia: aplicação de novas tecnologias para monitorar a fenologia e mudanças climáticas nos trópicos” prevê a criação de um sistema modelo de observação para entender os processos de transformação nos ciclos das plantas.

Fotos Divulgação

Fapesp e Microsoft apoiam iniciativa de monitoramento remoto da resposta dos vegetais ao clima

Mata típica do Cerrado e torre usada nas pesquisas: objetivo é produzir modelo de observação para entender mudanças no ciclo de plantas

Torre fenológica – O financiamento para dois anos de pesquisa, cujo valor ainda não foi divulgado, foi solicitado para a montagem de seis torres de monitoramento remoto de fenologia.

Painel do Clima

Patrícia desbrava área pouco estudada

Para Leonor Patrícia Cerdeira Morellato, embora a fenologia esteja inserida em diversas linhas de pesquisa, ela ainda não é propriamente uma linha de pesquisa no Brasil. “É uma área de estudo pouco divulgada”, ressalta. A docente coordena o único Laboratório de Fenologia nacional, na Unesp de Rio Claro. Em 2007, integrou o grupo de 30 cientistas brasileiros que participou do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), uma iniciativa da ONU (Organização das Nações Unidas) para fornecer informações científicas, técnicas e socioeconômicas importantes para o entendimento das mudanças climáticas. A docente atuou como autora contribuinte, com o estudo “Avaliação das mudanças observadas e respostas em sistemas naturais e manejados”, que compõe o capítulo 1 do Grupo de Trabalho II, intitulado “Impactos das mudanças climáticas, adaptação e vulnerabilidade”. O texto é parte do Quarto Relatório 2006/2007 do Painel.

Cada uma delas estará equipada com uma estação meteorológica completa e uma câmera fotográfica digital. As imagens capturadas em diferentes condições climáticas serão enviadas para um servidor por meio do Sistema Global de Comunicações Móveis (GSM, em inglês). A pesquisa tem a colaboração do docente Ricardo Torres, do Instituto de Computação da Unicamp. Ele será responsável pelo desenvolvimento de um software para a análise dos dados fenológicos das imagens e também por sua organização em banco de dados. O local escolhido para a instalação da torre fenológica modelo foi a Fazenda São José da Conquista, situada em Itirapina, região de Rio Claro. Trata-se de uma reserva de Cerrado de 260 hectares, conservada pelo Instituto Arruda Botelho. Nesta área, desde 2004, a professora já pesquisa o desenvolvimento foliar das espécies, porém de forma artesanal, ou seja, as observações são realizadas diretamente nas plantas pelos pesquisadores. A equipe coordenada pela docente deverá cruzar os dados fenológicos da observação direta de mudança foliar com as fotos da câmera digital e, posteriormente, com as informações ambientais obtidas pela estação meteorológica. Segundo Patrícia, esse estudo piloto será o parâmetro para validar as observações feitas remotamente, que servirão de base para o desenvolvi-

mento do sistema modelo de observação da fenologia. “Quero saber se o que a câmera vê corresponde ao que nós observamos”, enfatiza. O estudo do desenvolvimento das folhas no Cerrado tem suas razões. Segundo a docente, a fenologia é favorecida em regiões onde o clima é sazonal, como nesse bioma, que apresenta duas estações bem marcadas: inverno seco e verão chuvoso. Já a escolha do desenvolvimento das folhas, e não das flores ou frutos, por exemplo, ocorre pela importância dessa parte dos vegetais para entender o funcionamento das florestas. “A resposta da planta às condições ambientais se dá na folha, onde ocorre a fotossíntese, responsável pela produção de energia”, destaca Patrícia. O Instituto Microsoft Research-Fapesp de Pesquisas em TI prevê investimentos de R$ 5,3 milhões até dezembro de 2011 para o financiamento de estudos desenvolvidos em universidades e centros de pesquisas no Estado de São Paulo. Para Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, o objetivo é que as pesquisas desenvolvidas por meio da parceria criem, além de novas aplicações, impactos positivos em termos de conhecimento. Sobre a seleção de seu projeto pelo Instituto, a professora destaca “a sensibilidade da Fapesp em apoiar um estudo que está na fronteira do conhecimento”. Genira Chagas