Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil Documento PDF - DGS

Saúde Infantil e Juvenil Programa-tipo de Actuação 12 ORIENTAÇÕES TÉCNICAS Direcção-Geral da Saúde Direcção-Geral da Saúde Divisão de Saúde Materna...
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Saúde Infantil e Juvenil Programa-tipo de Actuação

12 ORIENTAÇÕES TÉCNICAS Direcção-Geral da Saúde

Direcção-Geral da Saúde Divisão de Saúde Materna, Infantil e dos Adolescentes

Saúde Infantil e Juvenil Programa-Tipo de Actuação

2.a Edição

Revoga a Circular Normativa n.o 9/DSI, de 06.10.92 Lisboa, 2005

PORTUGAL. Direcção-Geral da Saúde. Divisão de Saúde Materna, Infantil e dos Adolescentes Saúde Infantil e Juvenil: Programa Tipo de Actuação / Direcção-Geral da Saúde. – 2.a edição. – Lisboa: – Direcção-Geral da Saúde, 2002. – 48 p. – (Orientações Técnicas; 12). – Revoga a Circular Normativa n.o 9/DSI, de 06/10/92. – Inclui Bibliografia p. 47 ISBN 972-675-084-9 ISSN 0871-2786

Saúde Infantil / Adolescência / Planos e Programas de Saúde / Cuidados de Saúde

Coordenação: Leonor Sassetti - Divisão de Saúde Materna, Infantil e dos Adolescentes (DGS) e Hospital D. Estefânia Colaboraram nesta revisão: Artur Duarte, Bárbara Menezes (C. Saúde Loulé), Beatriz Calado (DSMIA), Bilhota Xavier (Hospital Santo André), Carolina Veloso (C. Saúde Carregal do Sal), Clara Flora (ARS Norte), Fernanda Coelho (IDT – CAT de Viseu), Helena Jardim (Hospital S. João), Isabel Brito (DGS e Hospital Garcia de Orta), Jaime Mendes (IPO de Lisboa), Jaime Salazar de Sousa, João Videira Amaral (Hospital D. Estefânia), Jorge Azevedo Coutinho, José A. Lopes da Costa, Levy Aires (C. Saúde Moita e SRS Setúbal), Luís Nunes (Hospital D. Estefânia), Manuel Salgado (Hospital Pediátrico – Centro Hospitalar de Coimbra), Maria do Céu Machado (Hospital Fernando Fonseca – Amadora), Mário Cordeiro (DGS), Paolo Casella (Hospital D. Estefânia), Teresa Sequeira Lopes (SRS Évora), Vasco Prazeres (DSMIA).

EDITOR Direcção-Geral da Saúde Alameda D. Afonso Henriques, 45 1049-005 LISBOA http://www.dgsaude.pt [email protected] CAPA E ARRANJO GRÁFICO Tvmdesigners IMPRESSÃO Gráfica Maiadouro TIRAGEM 10 000 exemplares DEPÓSITO LEGAL 185 336/02

I. Introdução

5

II. Objectivos dos Exames de Saúde

7

III. Periodicidade

9

IV. Conteúdos

V. Crianças com Necessidades Especiais

VI. Anexos REGRAS PARA O TRANSPORTE DE CRIANÇAS IDADES ÓPTIMAS PARA CIRURGIAS ESTÁDIOS DO DESENVOLVIMENTO PUBERTÁRIO TABELAS DE TENSÃO ARTERIAL TABELAS DE PERCENTIS

VII. Bibliografia

10

20

21 23 25 26 27 33

47

I. Introdução

A

saúde não depende exclusivamente da prestação de cuidados. A influência do ambiente – social, biofísico e ecológico – é determinante. No entanto, é indiscutível o impacto das acções de vigilância da saúde infantil e juvenil pertinentes e de qualidade. A manutenção e a promoção da saúde de todas as crianças é, pois, um imperativo para os profissionais e para os serviços. O Programa-tipo actualmente em vigor resultou da contribuição de muitos profissionais, com formação e experiências variadas, e foi publicado na Circular Normativa 9/DSI, de 06.10.1992, da então DGCSP. A melhoria dos padrões de qualidade, que implica a necessidade de harmonização dos conteúdos das acções de vigilância de saúde com os conhecimentos científicos mais recentes e com a nova morbilidade, torna necessária a revisão periódica do Programa-tipo de actuação em saúde infantil e juvenil. A presente edição contempla não só as alterações do Programa-tipo desde 2001 até à presente data, mas também a actualização das curvas de crescimento, já incluídas no Boletim de Saúde Infantil e Juvenil editado no início de 2005. O Programa-tipo de vigilância de saúde é um garante de cuidados de saúde adequados e eficazes, devendo, com a contribuição e o empenhamento de todos, ser sistematicamente aplicado nas acções de vigilância de saúde, onde quer que estas tenham lugar. O apoio às crianças com necessidades especiais, em situação de risco ou especialmente vulneráveis, a redução das desigualdades no acesso aos serviços de saúde e o reconhecimento dos pais como primeiros prestadores de cuidados são aspectos prioritários. O aumento do nível de conhecimentos e de motivação das famílias, a par da redução do analfabetismo e da melhoria das condições de vida, favorecem o desenvolvimento da função parental e tornam possível que os pais e a família a assumam, como direito e dever, competindo aos profissionais facilitá-la e promovê-la. Genericamente, o Programa-tipo obedece às seguintes linhas-mestras: ■

Calendarização das consultas para «idades-chave», correspondentes a acontecimentos importantes na vida do bebé, da criança ou do adoles-

5





6





cente, como sejam as etapas do desenvolvimento psicomotor, socialização, alimentação e escolaridade. Harmonização destas consultas com o esquema cronológico de vacinação, de modo a reduzir o número de deslocações ao Centro de Saúde. Valorização dos cuidados antecipatórios como factor de promoção da saúde e de prevenção da doença, nomeadamente facultando aos pais os conhecimentos necessários ao melhor desempenho da sua função parental. Detecção precoce e encaminhamento de situações passíveis de correcção e que possam afectar negativamente a saúde da criança. Apoio à responsabilização progressiva e auto-determinação em questões de saúde das crianças e jovens.

As carências e assimetrias de distribuição de profissionais em cuidados de saúde primários manifestam-se na diversidade de recursos humanos afectos ao desempenho destas actividades. O fundamental é que elas sejam realizadas por profissionais disponíveis, motivados e competentes. Importa desenvolver os meios que possibilitem a visitação domiciliária, essencialmente pelo enfermeiro, pois esse é um elemento fundamental da vigilância e da promoção de saúde, em particular nos dias seguintes à alta da maternidade, nas situações de doença prolongada ou crónica e nos casos de famílias ou situações identificadas como «de risco». O trabalho em equipa – não só no sector da saúde, mas alargado à comunidade e às estruturas que dão apoio à criança e ao adolescente (creche, jardim de infância, escola, ATL, colectividades desportivas ou associativas, serviços da Segurança Social, autarquias, etc.) – precisa de ser estimulado e assegurado, como forma de responder à complexidade dos actuais problemas e das necessidades em saúde que requerem, de modo crescente, actuações multiprofissionais e interdisciplinares. As crianças, entendidas, de acordo com a Convenção sobre os Direitos da Criança, como «todo o ser humano menor de 18 anos», constituem um grupo prioritário e justificam o maior empenhamento e disponibilidade por parte dos profissionais e especial atenção dos gestores dos serviços de saúde.

II. Objectivos dos Exames de Saúde

1. Avaliar o crescimento e desenvolvimento e registar, nos suportes próprios, nomeadamente no Boletim de Saúde Infantil e Juvenil, os dados antropométricos e outros do desenvolvimento físico, bem como parâmetros do desenvolvimento psicomotor, escolaridade e desenvolvimento psicossocial. 2. Estimular a opção por comportamentos saudáveis, entre os quais os relacionados com: ■





a nutrição, adequada às diferentes idades e às necessidades individuais, prevenindo práticas alimentares desequilibradas; a prática regular de exercício físico, a vida ao ar livre e em ambientes despoluídos e a gestão do stress; a prevenção de consumos nocivos e a adopção de medidas de segurança, reduzindo assim o risco de acidentes.

3. Promover: ■ ■

■ ■ ■ ■

o cumprimento do Programa Nacional de Vacinação a suplementação vitamínica e mineral, nas idades e situações indicadas a saúde oral a prevenção de acidentes e intoxicações a prevenção dos riscos decorrentes da exposição solar a prevenção das perturbações da esfera psicoafectiva

4. Detectar precocemente e encaminhar situações que possam afectar negativamente a vida ou a qualidade de vida da criança e do adolescente, como: malformações congénitas (doença luxante da anca, cardiopatias congénitas, testículo não descido), perturbações da visão, audição e linguagem, perturbações do desenvolvimento estaturoponderal e psicomotor, alterações neurológicas, alterações de comportamento e do foro psicoafectivo. 5. Prevenir, identificar e saber como abordar as doenças comuns nas várias idades, nomeadamente reforçando o papel dos pais e alertando

7

para os sinais e sintomas que justificam o recurso aos diversos serviços de saúde. 6. Sinalizar e proporcionar apoio continuado às crianças com doença crónica/deficiência e às suas famílias, bem como promover a eficaz articulação com os vários intervenientes nos cuidados a estas crianças. 7. Assegurar a realização do aconselhamento genético, sempre que tal esteja indicado.

8

8. Identificar, apoiar e orientar as crianças e famílias vítimas de violência ou negligência, qualquer que seja o seu tipo. 9. Promover a auto-estima do adolescente e a sua progressiva responsabilização pelas escolhas relativas à saúde. Prevenir situações disruptivas ou de risco acrescido. 10. Apoiar e estimular a função parental e promover o bem-estar familiar.

III. Periodicidade

PRIMEIRO ANO DE VIDA ■ 1ª semana de vida ■ 1 mês ■ 2 meses ■ 4 meses ■ 6 meses ■ 9 meses 1 - 3 ANOS ■ 12 meses ■ 15 meses ■ 18 meses ■ 2 anos ■ 3 anos 4 - 9 ANOS ■ 4 anos ■ 5-6 anos (exame global de saúde) ■ 8 anos 10-18 ANOS ■ 11-13 anos (exame global de saúde) ■ 15 anos ■ 18 anos EXAMES DE SAÚDE OPORTUNISTAS As idades referidas não são rígidas – se uma criança se deslocar ao Centro de Saúde, por outros motivos, pouco antes ou pouco depois da idade-chave, poderá ser feito o exame indicado para essa idade. Com este tipo de actuação – «exames de saúde oportunistas» – reduz-se o número de deslocações e alarga-se o número de crianças cuja saúde é vigiada com regularidade. De igual modo, a periodicidade recomendada deverá adequar-se a casos particulares, podendo ser introduzidas ou eliminadas algumas consultas.

9

IV. Conteúdos

1. As acções e os exames adiante mencionados devem pautar-se pelas circulares normativas, orientações técnicas e textos de apoio da DGS, que 10

incluem a metodologia de execução destas actividades, bem como as particularidades relativas a cada idade. 2. Em todas as consultas deve-se avaliar: ■

as preocupações dos pais ou do próprio, no que diz respeito à saúde



intercorrências desde a consulta anterior, frequência de outras consultas, medicação em curso



a frequência e adaptação ao infantário, ATL, escola



a prática de actividades desportivas ou culturais e ocupação de tempos livres



a dinâmica do crescimento e desenvolvimento, comentando as curvas de crescimento e os aspectos do desenvolvimento psicossocial



o cumprimento do calendário vacinal, de acordo com o Programa Nacional de Vacinação.

3. Para cada consulta são referidas as acções a efectuar para detecção precoce de situações rastreáveis, sem prejuízo da observação completa da criança/adolescente. O termo «desenvolvimento» refere-se, de um modo geral, ao desenvolvimento psicomotor e psicoafectivo, que será objecto de publicação específica posterior. 4. Relativamente aos cuidados antecipatórios, os temas sugeridos poderão ser abordados individualmente ou em grupo, em diferentes contextos, nomeadamente em actividades a desenvolver, por exemplo, na sala de espera – distribuição de material informativo (folhetos, vídeos) – e em sessões de informação/educação para a saúde dirigidas aos pais ou outros prestadores de cuidados. Algumas destas actividades poderão ser dinamizadas pela Saúde Escolar, envolvendo activamente os próprios, sobretudo a partir do 1.o ciclo.

5. A avaliação da dinâmica familiar e da rede de suporte sociofamiliar deve fazer parte das preocupações de toda a equipa de saúde, sempre que se contacta com a criança/família. No primeiro ano de vida há que prestar uma especial atenção ao estado emocional da mãe, encaminhando precocemente quaisquer alterações, que poderão interferir no desenvolvimento da criança. 6. Nas consultas dos adolescentes, há que facilitar a acessibilidade, permitindo, aos que o desejem, serem atendidos a sós. Mesmo sem desejo expresso, perante algumas situações é fundamental assegurar a privacidade e confidencialidade da consulta. 7. Sempre que se necessite de recorrer a outros serviços ou nível de cuidados, encaminhar a criança, em colaboração estreita com o serviço de referência.

11

PRIMEIRO ANO DE VIDA PARÂMETROS A AVALIAR 1ª CONS

1 MÊS

2 MESES 4 MESES

6 MESES 9 MESES

Peso Comprimento Perímetro cefálico Dentes

12

Coração Anca Visão Audição 4

Exame físico 2

Desenvolvimento Vacinação

1

1 Verificar a realização do diagnóstico precoce 2 Sorriso social 3 Reacção ao estranho 4 Confirmar presença de testículos nas bolsas

Notas:

3

PRIMEIRO ANO DE VIDA CUIDADOS ANTECIPATÓRIOS 1ª CONS

1 MÊS

2 MESES 4 MESES

6 MESES 9 MESES

Alimentação Vitamina D Dentição Higiene

13

Posição de deitar Hábitos de sono Hábitos intestinais e cólicas Desenvolvimento e temperamento Acidentes e segurança Temperatura normal e febre Sintomas/sinais de alerta 1 Sinais/sintomas comuns 2 Reacções às vacinas Outros

3

4, 5, 6

7

1 Sintomas ou sinais que justificam recorrer aos Serviços de Saúde 2 Conduta face a sinais e sintomas comuns (choro, obstrução nasal, tosse, diarreia, obstipação) 3 Vida na creche, ama ou outros atendimentos diurnos 4 Reacção ao estranho 5 Escolha de brinquedos 6 Cama e quarto próprios, rituais de adormecimento 7 Desenvolvimento da linguagem

Notas:

1 – 3 ANOS PARÂMETROS A AVALIAR 12 MESES

15 MESES

18 MESES

2 ANOS

4

4

Peso Estatura Perímetro cefálico Dentes

14

Coração Anca/marcha Visão Audição 2

Exame físico Desenvolvimento

1

Linguagem Vacinação 1 Imitação 2 Confirmar presença de testículos nas bolsas 3 Ansiedade de separação 4 Problemas ortopédicos 5 Jogo «faz de conta»

Notas:

3

5

3 ANOS

1 – 3 ANOS CUIDADOS ANTECIPATÓRIOS 12 MESES

Alimentação

15 MESES

18 MESES

2 ANOS

3 ANOS

1

Saúde oral 7

Desenvolvimento Temperamento e relacionamento

2

2

2, 4

4

9

5

5

8

10, 11

Acidentes e segurança Dentição, higiene oral Calçado Estilos de vida saudáveis 3 Controlo de esfíncteres Outros

6

1 Referir a anorexia fisiológica do 2º ano de vida 2 Afirmação da personalidade, birras, regras sociais 3 Brincar, passear, dormir 4 Independência, ansiedade de separação, terrores nocturnos 5 Brincar, desenhar, hábitos de televisão, ritual de adormecer 6 Desmame do biberão e do leite ao adormecer 7 Aprendizagem de regras e rotinas na vida diária 8 Desmame da chupeta 9 Negativismo, birras, ciúmes, rivalidade; relacionamento com outras crianças 10 Sexualidade (reconhecimento da diferença de sexos) 11 Medos, terrores nocturnos

Notas:

15

4 – 9 ANOS PARÂMETROS A AVALIAR 4 ANOS

5 – 6 ANOS 1

Peso Estatura Tensão arterial Dentes

16

Coração Postura Visão

2

Audição

3

Exame físico Linguagem Desenvolvimento Vacinação 1 EXAME GLOBAL DE SAÚDE antes da escolaridade obrigatória; preencher ficha de ligação para a Saúde Escolar 2 Rastreio das perturbações visuais 3 Audiograma, nos grupos de risco

Notas:

8 ANOS

4 – 9 ANOS CUIDADOS ANTECIPATÓRIOS 4 ANOS

5 – 6 ANOS

8 ANOS

Alimentação 8

Higiene oral Escola Desenvolvimento Relacionamento e socialização Acidentes e segurança

1

5

2, 3

3

4

4, 6 7

3

17 7

Actividades desportivas e culturais – tempo livre Hábitos de sono 1 Adaptação ao infantário 2 Desenvolvimento cognitivo, lateralidade 3 Estimular criatividade e hábitos de leitura, racionalizar hábitos de televisão/computador 4 Avaliar sintomas de instabilidade psicomotora 5 Preparação da entrada para a escola, adaptação ao meio escolar e prevenção do insucesso escolar, postura correcta 6 Competitividade, prazer em jogos de regras 7 Caminho para a escola, transporte escolar 8 Utilização do fio dentário

Notas:

10 – 18 ANOS PARÂMETROS A AVALIAR 11 – 13 ANOS 1

15 ANOS

18 ANOS

Peso Estatura Tensão arterial Dentes

18

Visão Postura Estádio pubertário Exame físico Desenvolvimento 2, 3, 4 Sinais/sintomas de alerta 5 Perfil lipídico 6 Vacinação

7

1 EXAME GLOBAL DE SAÚDE preencher ficha de ligação para a Saúde Escolar 2 Impulsividade, egocentrismo, flutuações de humor 3 Construção de identidade pessoal e social, autonomização progressiva 4 Capacidade de lidar com impulsos, medos, ansiedades e frustrações 5 Alimentação desequilibrada, perturbação da imagem corporal, comportamentos sexuais de risco, passagens ao acto, equivalentes suicidários 6 Em adolescentes com factores de risco, se não tiver sido avaliado antes 7 Pode iniciar-se aos 10 anos, de acordo com o PNV

Notas:

10 – 18 ANOS CUIDADOS ANTECIPATÓRIOS 11 – 13 ANOS

15 ANOS

18 ANOS

2

2

3

3

Puberdade Alimentação Prática desportiva Saúde oral Escola Família Amigos Tempos livres

1

Sexualidade Segurança e acidentes Consumos nocivos, riscos Cidadania 1 Racionalizar hábitos de TV/computador 2 Projectos de futuro, actividade laboral 3 Interesses culturais e sociais; associativismo

Notas:

19

V. Crianças com Necessidades Especiais

20

As crianças com necessidades especiais de saúde exigem atenção redobrada e estratégias de intervenção de acordo com essas necessidades ou com probabilidades de ocorrência de acontecimentos indesejáveis (crianças em situação de risco). Não é possível enumerar estas situações, nem estabelecer um programa único de actuação. Cabe à equipa de saúde identificar as necessidades especiais de cada criança e definir um programa individual de vigilância e promoção da saúde que facilite o desenvolvimento das capacidades e potencialidades. As crianças com deficiência ou em risco de atraso grave do desenvolvimento e as suas famílias deverão beneficiar de programas de intervenção precoce, de acordo com o Despacho Conjunto n.o 891/99, de 19.10.1999. As crianças com perturbações do desenvolvimento, deficiência ou doença crónica exigem também cuidados acrescidos, nomeadamente a continuidade de intervenção dos vários serviços, e que seja assumida a função de «charneira», de preferência pelo médico assistente. Para além do programa-tipo, poderá ser necessário ajustar a periodicidade e os conteúdos das consultas, bem como outras intervenções – nomeadamente visitação domiciliária – de acordo com as necessidades especiais de cada criança.

VI. Anexos

REGRAS PARA O TRANSPORTE DE CRIANÇAS DESDE A ALTA DA MATERNIDADE IDADES ÓPTIMAS PARA CIRURGIAS ESTÁDIOS DO DESENVOLVIMENTO PUBERTÁRIO TABELAS DE TENSÃO ARTERIAL TABELAS DE PERCENTIS

21

REGRAS PARA O TRANSPORTE DE CRIANÇAS DESDE A ALTA DA MATERNIDADE ■

A segurança no automóvel é fundamental e começa mesmo antes do bebé nascer. Assim, a mulher grávida deve usar sempre o cinto de segurança, tendo o cuidado de não deixar que o cinto atravesse o abdómen. Se for à frente, deve pôr o banco na posição mais recuada, para que a distância ao tablier seja a máxima possível. Não deve viajar à frente, se o carro possuir airbag no lugar do passageiro1.



Logo à saída da maternidade, o bebé deve viajar numa «cadeirinha» (sistema de retenção para crianças) voltada para trás2, presa com o cinto de segurança do automóvel, num lugar sem airbag frontal. Estas cadeirinhas estão geralmente aprovadas para serem utilizadas até aos 13 Kg.



No recém-nascido é necessário, em posição de semi-sentado, amparar a cabeça com redutores de apoio de cabeça, ou com uma fralda enrolada, que se coloca entre a cabeça do bebé e o encosto lateral da cadeirinha. Os bebés prematuros ou de baixo peso à nascença podem viajar em alcofas rígidas (etiqueta E), ocupando normalmente dois lugares no banco de trás. A cabeça do bebé deve ficar sempre virada para o interior do veículo.



As crianças com idade não superior a três anos, transportadas no banco traseiro, devem ser seguras por um sistema de retenção aprovado, adaptado ao seu tamanho e peso (V. Quadro).



As crianças com idade não superior a 12 anos de idade e de altura inferior a 150 cm devem utilizar prioritariamente os lugares equipados com um sistema de retenção aprovado (V. Quadro), adaptado ao seu tamanho e peso, salvo se o veículo não dispuser daquele sistema, caso em que deverão utilizar o cinto de segurança, se tiverem mais que três anos de idade.

1 2

Em muitas viaturas, o airbag frontal do passageiro pode ser desligado Em caso de uma travagem brusca, só se o bebé viajar de costas para o sentido da marcha, é que cabeça, pescoço e costas serão devidamente apoiados

23

DISPOSITIVOS DE RETENÇÃO 1 Grupos de aprovação definidos pelas normas europeias consoante o peso da criança

24

GRUPO

PESO

IDADE (APROX.)

POSIÇÃO DA CADEIRA

LUGAR

0

Até 10 kg

Até 1 ano

VT

BF* ou BT

0+

Até 13 kg

Até 18-24 meses

VT

BF* ou BT

I

9-18 kg

1-4 anos

VT ou VF

BF* ou BT

II

15-25 kg

3-6 anos

VF

BF* ou BT

III

22-36 kg

5 –12 anos

VF

BF* ou BT

VT - Voltado para trás; VF - Voltado para a frente; BF - Banco da Frente (*se não tiver airbag); BT – Banco de trás

1

Antes da compra, deve-se confirmar que o sistema de retenção se ajusta perfeitamente ao carro em que vai ser utilizado.

IDADES ÓPTIMAS PARA CIRURGIAS QUISTO DA CAUDA DA SOBRANCELHA

> 6 meses

HELIX VALGUS (ORELHAS EM ABANO)

> 5 anos

FREIOS DA LÍNGUA E INTERDENTAL

avaliar caso a caso

FENDA LABIAL

> 2 meses *

FENDA PALATINA

> 3 / 18 meses *

QUISTOS E FÍSTULAS BRANQUEAIS

qq. idade *

HÉRNIA UMBILICAL

> 4 anos

HÉRNIA INGUINAL / INGUINO-ESCROTAL

ao diagnóstico

HIDROCELO COMUNICANTE

> 2 anos

QUISTO DO CORDÃO (HIDROCELO DO CORDÃO)

> 2 anos

CRIPTORQUIDIA BILATERAL

ao diagnóstico

CRIPTORQUIDIA UNILATERAL

> 18 meses

TORSÃO TESTÍCULO

emergência

FIMOSE

> 3 a 4 anos

FIMOSE COM BALANITES OU ITU ***

avaliar caso a caso

PARAFIMOSE

urgência

HÍMEN IMPERFURADO

ao diagnóstico

HIPOSPÁDIAS Meato Punctiforme

ao diagnóstico

Cirurgia Correctiva

> 1 ano

SINDACTILIA

> 6 meses *

POLIDACTILIA

variável / localização

HEMO E LINFANGIOMA

ao diagnóstico **

* Ao critério do cirurgião ** Nem todos têm indicação cirúrgica *** Infecção do tracto urinário

25

ESTÁDIOS DO DESENVOLVIMENTO PUBERTÁRIO (TANNER) P

M

G

(PILOSIDADE PÚBICA)

(DESENVOLVIMENTO MAMÁRIO)

(ÓRGÃOS GENITAIS)

ESTÁDIOS

1

Pré-púbere: ausente Pré-púbere

Pré-púbere; Testículos = 2,5 ml

26

2

3

Alguns pêlos longos; Botão mamário

Aumento dos testículos;

Pigmentados

Pigmentação do escroto

Pêlos escuros,

Mama e aréola

Alongamento do

encaracolados,

maiores

pénis; testículos >>

Pêlos tipo adulto;

Aréola e mamilo

Alargamento pénis;

não atingem a face

destacam-se do

pregueamento da

interna das coxas

contorno da mama

pele do escroto

Distribuição tipo

Morfologia adulta;

Tipo adulto; volume

adulto

mama e aréola no

testicular: 15-25 ml

> quantidade 4

5

mesmo plano

TABELAS DE TENSÃO ARTERIAL O presente programa-tipo de vigilância em saúde infantil e juvenil prevê a determinação por rotina da tensão arterial (TA), a partir dos 4 anos de idade. A medição da TA nas crianças e adolescentes implica a utilização, por parte dos profissionais de saúde, da técnica e dos equipamentos adequados, aspectos que não cabem no âmbito deste documento. Os valores encontrados deverão ser interpretados segundo as tabelas de percentis, que se apresentam nas páginas seguintes, e onde se entra em linha de conta não só com a idade e o sexo da criança, mas também com o percentil da estatura, determinado previamente nas tabelas próprias. COMO PROCEDER? Em relação à TA sistólica ou diastólica: 1. Situar-se nas linhas da idade da criança/adolescente 2. Encontrar a coluna correspondente ao percentil da estatura, previamente determinado 3. Verificar os valores correspondentes aos percentis 90 e 95 da TA e compará-los com os valores obtidos na criança Definições: ■

Tensão Arterial NORMAL: TA sistólica e diastólica inferior ao percentil 90 para a idade e sexo.



Tensão Arterial NORMAL-ALTA: TA sistólica ou diastólica entre os percentis 90 e 95 para a idade e o sexo. Recomenda-se vigilância e avaliação de outros factores de risco.



HIPERTENSÃO ARTERIAL: TA sistólica ou diastólica superior ou igual ao percentil 95 para a idade e o sexo, em três ocasiões separadas. A criança deverá ser enviada a uma consulta da especialidade.

27

Percentil Tensão arterial * 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 5% 97 101 99 102 100 104 101 105 103 107 104 108 106 110 108 112 110 114 112 116 114 118 116 120 118 121 119 123 121 124 122 125 122 126

10% 98 102 99 103 100 104 102 106 103 107 105 109 107 110 109 112 110 114 112 116 114 118 116 120 118 122 120 124 121 125 122 126 123 126

Tensão arterial sistólica / percentil estatura mm Hg ** 25% 50% 75% 99 100 102 103 104 105 100 102 103 104 105 107 102 103 104 105 107 108 103 104 106 107 108 109 104 106 107 108 110 111 106 107 109 110 111 112 108 109 110 112 113 114 110 111 112 113 115 116 112 113 114 115 117 118 114 115 116 117 119 120 116 117 118 119 121 122 118 119 120 121 123 124 119 121 122 123 125 126 121 122 124 125 126 128 122 124 125 126 128 129 123 125 126 127 128 130 124 125 126 127 129 130

* Percentil de tensão arterial determinada por uma única leitura ** Percentil de estatura determinado nas curvas-padrão de crescimento

17

16

15

14

13

12

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

Idade (anos)

TABELA 1 Valores de Tensão Arterial SISTÓLICA por Percentis de Estatura RAPARIGAS 1 A 17 ANOS 90% 103 107 104 108 105 109 107 111 108 112 110 114 112 115 113 117 115 119 117 121 119 123 121 125 123 127 125 129 126 130 127 131 128 131

95% 104 107 105 109 106 110 108 111 109 113 111 114 112 116 114 118 116 120 118 122 120 124 122 126 124 128 126 130 127 131 128 132 128 132

Percentil Tensão arterial * 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 5% 53 57 57 61 61 65 63 67 65 69 67 71 69 73 70 74 71 75 73 77 74 78 75 79 76 80 77 81 78 82 79 83 79 83

10% 53 57 57 61 61 65 63 67 66 70 67 71 69 73 70 74 72 76 73 77 74 78 75 79 76 80 77 81 78 82 79 83 79 83

Tensão arterial diastólica / percentil estatura mm Hg ** 25% 50% 75% 53 54 55 57 58 59 58 58 59 62 62 63 61 62 63 65 66 67 64 65 65 68 69 69 66 67 68 70 71 72 68 69 69 72 73 73 69 70 71 73 74 75 71 71 72 75 75 76 72 73 74 76 77 78 73 74 75 77 78 79 75 75 76 79 79 80 76 76 77 80 80 81 77 78 78 81 82 82 78 79 79 82 83 83 79 79 80 83 83 84 79 80 81 83 84 85 79 80 81 83 84 85

* Percentil de tensão arterial determinada por uma única leitura ** Percentil de estatura determinado nas curvas-padrão de crescimento

17

16

15

14

13

12

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

Idade (anos)

TABELA 2 Valores de Tensão Arterial DIASTÓLICA por Percentis de Estatura RAPARIGAS 1 A 17 ANOS 90% 56 60 60 64 63 67 66 70 68 72 70 74 72 76 73 77 74 78 76 80 77 81 78 82 79 83 80 84 81 85 82 86 82 86

95% 56 60 61 65 64 68 67 71 69 73 71 75 72 76 74 78 75 79 76 80 77 81 78 78 80 84 81 85 82 86 82 86 82 86

Percentil Tensão arterial * 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 5% 94 98 98 101 100 104 102 106 104 108 105 109 106 110 107 111 109 113 110 114 112 116 115 119 117 121 120 124 123 127 125 129 128 132

10% 95 99 99 102 101 105 103 107 105 109 106 110 107 111 108 112 110 114 112 115 113 117 116 120 118 122 121 125 124 128 126 130 129 133

Tensão arterial sistólica / percentil estatura mm Hg ** 25% 50% 75% 97 98 100 101 102 104 100 102 104 104 106 108 103 105 107 107 109 111 105 107 109 109 111 113 106 108 110 110 112 114 108 110 111 112 114 115 109 111 113 113 115 116 110 112 114 114 116 118 112 113 115 116 117 119 113 115 117 117 119 121 115 117 119 119 121 123 117 119 121 121 123 125 120 122 124 124 126 128 123 125 126 127 128 130 125 127 129 129 131 133 128 130 132 132 134 136 131 133 134 135 136 138

* Percentil de tensão arterial determinada por uma única leitura ** Percentil de estatura determinado nas curvas-padrão de crescimento

17

16

15

14

13

12

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

Idade (anos)

TABELA 3 Valores de Tensão Arterial SISTÓLICA por Percentis de Estatura RAPAZES 1 A 17 ANOS 90% 102 106 105 109 108 112 110 114 112 115 113 117 114 118 115 119 117 121 118 122 120 124 123 126 125 129 128 132 131 134 133 137 136 140

95% 102 106 106 110 109 113 111 115 112 116 114 117 115 119 116 120 117 121 119 123 121 125 123 127 126 130 128 132 131 135 134 138 136 140

Percentil Tensão arterial * 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 90 95 5% 50 55 55 59 59 63 62 66 65 69 67 72 69 74 71 75 72 76 73 77 74 78 75 79 75 79 76 80 77 81 79 83 81 85

10% 51 55 55 59 59 63 62 67 65 70 68 72 70 74 71 76 73 77 74 78 74 79 75 79 76 80 76 81 77 82 79 83 81 85

Tensão arterial diastólica / percentil estatura mm Hg ** 25% 50% 75% 52 53 54 56 57 58 56 57 58 60 61 62 60 61 62 64 65 66 63 64 65 67 68 69 66 67 68 70 71 72 69 70 70 73 74 75 71 72 72 75 76 77 72 73 74 76 77 78 73 74 75 78 79 80 74 75 76 79 80 80 75 76 77 79 80 81 76 77 78 80 81 82 76 77 78 81 82 83 77 78 79 81 82 83 78 79 80 83 83 84 80 81 82 84 85 86 82 83 84 86 87 88

* Percentil de tensão arterial determinada por uma única leitura ** Percentil de estatura determinado nas curvas-padrão de crescimento

17

16

15

14

13

12

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

Idade (anos)

TABELA 4 Valores de Tensão Arterial DIASTÓLICA por Percentis de Estatura RAPAZES 1 A 17 ANOS 90% 54 59 59 63 63 67 66 70 69 73 71 76 73 78 75 79 76 80 77 81 78 82 78 83 79 83 80 84 81 85 82 87 85 89

95% 55 59 59 63 63 67 66 71 69 74 72 76 74 78 75 80 77 81 78 82 78 83 79 83 80 84 80 85 81 86 83 87 85 89

TABELAS DE PERCENTIS

33

RAPARIGAS

RAPARIGAS

RAPAZES

RAPAZES

RAPARIGAS

RAPAZES

RAPARIGAS

RAPARIGAS

RAPAZES

RAPAZES

RAPARIGAS

OBESIDADE > percentil 95 EXCESSO DE PESO > percentil 85 e < percentil 95

RAPAZES

OBESIDADE > percentil 95 EXCESSO DE PESO > percentil 85 e < percentil 95

VIII. Bibliografia

American Academy of Pediatrics. Selecting and using the most appropriate car safety seats for Growing Children: Guidelines for Counselling Parents. Pediatrics 2002; 109: 550-553. Centers for Disease Control and Prevention. 2000 CDC Growth Charts: United States. Disponível em: http://www.cdc.gov/growthcharts. Cordeiro M, Menezes H C. ABC da Segurança na Estrada. Ed. Pais & Filhos. Lisboa, 1999. PORTUGAL. Direcção-Geral dos Cuidados de Saúde Primários. Crescimento e maturação dos 0-18 anos (Orientações Técnicas). Lisboa: DGCSP, 1989. PORTUGAL. Direcção-Geral dos Cuidados de Saúde Primários. Saúde Infantil e Juvenil: Programa – tipo de actuação. Lisboa: DGCSP, 1992. PORTUGAL. Ministério da Administração Interna. Portaria n.º 849/94. DR: I série, 1994.09.22, p. 5680. Ravitch, Mark M. Pediatric Surgery. Chicago, Year Book Medical Publishers, 3rd ed., 1979. Tanner J M Growth at adolescence. Oxford, Blackwell, 2nd ed., 1962, p. 28-39. Update on the 1987 Task Force Report on High Blood Pressure in Children and Adolescents: A Working Group Report from the National High Blood Pressure Education Program. Pediatrics 1996; 98: 649-658. Vehicle Safety and Children. JAMA 2002; 287: 1212

47

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