o ensino de ciências nos anos iniciais do ensino fundamental - SINECT

O ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA REFLEXÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO DO BRASIL Geovani da Silva Bayerl – ba...
1 downloads 41 Views 279KB Size

O ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA REFLEXÃO HISTÓRICA DAS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO DO BRASIL

Geovani da Silva Bayerl – [email protected] Centro Universitário Norte do Espírito Santo/ Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Educação e Ciências Humanas, São Mateus – ES.

Resumo: O propósito deste trabalho é apresentar, historicamente e politicamente, a trajetória do ensino de Ciências no Brasil desde a colonização até os dias atuais, destacando o ensino de Ciências nas séries iniciais e as propostas metodológicas inovadoras, que superam o paradigma do ensino tradicional. O objetivo é fazer uma reflexão histórica das políticas do ensino de Ciências no Brasil para compreendermos a dificuldade atual no que se refere à realidade da educação científica. A metodologia empregada foi a pesquisa bibliográfica, utilizando-se de livros e periódicos científicos nacionais e da área de Educação em Ciências, precisamente ao ensino de Ciências nos anos iniciais. Buscou-se também subsídios em documentos legais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) e autores consagrados ligados a área de política e história da educação. As pesquisas recentes mostram que a inserção de práticas experimentais e investigativas é o caminho mais promissor para promover condições e oportunidades para o desenvolvimento da Alfabetização Científica entre os estudantes. Ensinar Ciências por Investigação pressupõe inovação. Em vez de aulas tradicionais onde o professor é o detentor do conhecimento, prioriza a participação do aluno como ser pensante e ativo no processo de construção do conhecimento, tendo o docente como mediador do processo.

Palavras-chave: Ensino de ciências, Ciências por investigação, Alfabetização científica.

1.

INTRODUÇÃO

A educação no Brasil vive um período de mudanças e inovações. Se analisarmos a história da educação brasileira, percebemos que, durante muito tempo, o ensino ficou a mercê de ações de exploração, alienação e dominação. Diante disso, podemos compreender o motivo do atraso educacional, os resultados dos indicadores nacionais e internacionais, a forma como é tratada a educação no nosso país e a desmotivação dos estudantes. Por outro lado, percebemos que nos últimos anos, diante das dificuldades, muitas ações pedagógicas e políticas têm sido realizadas para mudar essa realidade na educação brasileira. O processo de ensino e aprendizagem experimentou modificações significativas durante a história do Brasil, precisamente a partir do final do século XX. De um ensino tradicional, centrado no professor e baseado em livro-texto e questionário para uma ascensão em tendências metodológicas inovadoras e dinâmicas, onde o estudante investiga, experimenta e conclui baseado na sua percepção, na discussão coletiva e na realidade sociocultural. O ensino de ciências por investigação tem sido uma mola propulsora no desenvolvimento da educação científica na atualidade. Para Furman (2009), no centro do modelo de ensino tradicional e no modelo por descobrimento espontâneo existe um terceiro modelo didático. Esse modelo, conhecido como ensino por investigação, baseia-se na integração de ambas as dimensões da ciência: a de produto e a de processo e na implementação do método investigativo na sala de aula. É preciso romper com esse atraso na educação científica no Brasil e aderir definitivamente a tão falada “alfabetização científica”. O grande desafio é tornar o ensino de Ciências prazeroso, instigante, mais interativo, dialógico e baseado em atividades capazes de persuadir os alunos a admitirem as explicações científicas para além dos discursos autoritários, prescritivos e dogmáticos (RAMOS & ROSA, 2008) 2.

BREVE HISTÓRICO DO ENSINO DE CIÊNCIAS NO BRASIL

O Ensino de Ciências tem sido desvalorizado no Brasil desde a colonização. De acordo com Claudino Piletti e Nelson Piletti (2010), a Companhia de Jesus, fundada por Inácio Loyola, em 1534, traçou objetivos pontuais na educação para deter o avanço protestante: alem das aulas de ler e escrever, foram oferecidos os cursos de Letras, Filosofia e Ciências nos níveis secundários e superior Observa-se que neste período, houve uma tentativa de ensinar Ciências nos colégios jesuítas, mas a grande ênfase da educação brasileira era o ensino de primeiras letras e catequização dos indígenas e filhos de colonos pela Companhia de Jesus e, posteriormente, pelos colégios jesuítas. Após a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal, em 1759, o ensino de ciências foi praticamente extinto do sistema educacional brasileiro. Conforme Piletti e Piletti (op. cit.), o sistema educacional, ao iniciar-se o século XIX, estava reduzido a pouco mais que nada, em parte como consequência do desmantelamento do sistema jesuítico, sem que nada de similar fosse organizado em seu lugar. Com a vinda da família Real para o Brasil em 1808, o sistema educacional brasileiro sofreu mudanças, porém, o ensino de ciências continuou esquecido. De acordo com Piletti e Piletti (op. cit.) foram criados poucos cursos como, por exemplo: No Rio de Janeiro, Academia de Marinha (1808), Academia Real Militar (1810), cursos de Anatomia e Cirurgia (1808), laboratório de Química (1812), curso de Agricultura (1814), Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios (1816); Na Bahia, curso de Cirurgia (1808), cadeira de Economia (1812), curso de Química (1817), curso de Desenho Técnico (1817).

Esperava-se pela sociedade que fosse construída uma lei, onde houvesse uma regulamentação não só da educação brasileira, mas, em outras áreas sociais como, na saúde, na assistência social, no direito do trabalhador, etc. Foi então elaborada e aprovada a primeira Constituição do Brasil em 24 de março de 1824. Neste documento, pouco dispõe sobre a educação brasileira, possuindo, somente, dois parágrafos acerca do assunto. Como nos mostra Vieira (2008), Ao tratar da “inviolabilidade dos direitos civis e políticos dos cidadãos brasileiros”, menciona-se que “A instrução primária é gratuita a todos os Cidadãos” (Art. 179, § 33). A segunda referência diz respeito aos “Colégios e universidades, onde serão ensinados os elementos das ciências, belas letras e artes” (Art. 179, § 33).

Embora a Constituição fizesse referência a várias modalidades de ensino, somente o primário gratuito teve início imediato e, não foi contemplado no currículo o ensino de ciências. Nesta situação, a educação brasileira prossegue até o período republicano. Ana Maria Freire (1993) apud Vieira e Farias (2009), descreve a educação brasileira no início da República, da seguinte forma: Liquidado o Império, a educação, como um todo, permanecia mais a nível de discurso do que sua efetivação e sistematização [...]. Estava estabelecida a respublica, mas o povo, a grande população brasileira, continuava fora das decisões políticas e do acesso aos bens culturais.

Só em 1890, com a Reforma Benjamin Constant, ainda na República Velha, foi incluído no sistema educacional brasileiro, nas duas últimas séries do Ensino Secundário, o Ensino de Ciências. De acordo Ribeiro (2000) apud Vieira e Farias (2009), a inserção das matérias científicas às tradicionais tornou o ensino enciclopédico e extremamente tradicional. A primeira constituição república de 1891, traz em seu texto, como dever do Congresso Nacional incentivar o desenvolvimento das letras, artes e ciências, além de criar instituições de ensino superior e secundário nos Estados e prover à instrução primária e secundária no Distrito Federal (Vieira, 2008). Porém, com a Reforma Epitácio Pessoa em 1901, foi retirado o ensino de ciências do currículo escolar. Segundo Vieira e Farias (op. cit, 2009), “uma das orientações dessa reforma consistiu na exclusão de disciplinas como Biologia, Sociologia e Moral tendo em vista a inclusão da Lógica”. Com intuito de reinventar a educação para adaptar os indivíduos à sociedade de seu tempo, em 1924, foi criada a Associação Brasileira de Educação (ABE). O destaque da atuação da ABE, como nos mostra Veiga (2007), “foi fundamentar a nova educação em parâmetros científicos. Ou seja, preconizavam a adoção de métodos pedagógicos fundados na psicologia (testes vocacionais e de aptidão) e na biologia (preceitos higienistas)”. Dessa forma, o ensino de ciências se manteve vivo na educação brasileira, de forma fragmentada e empobrecida, restrito à área da saúde pessoal e tendo como intuito consertar as deformidades e os problemas da população brasileira (FLORES, 2011). Durante todo período do governo de Getúlio Vargas, a partir de 1930, o ensino de ciências foi mantido nas escolas normais, primárias e secundárias sobre os preceitos do higienismo, mas passou por modificações na nomenclatura. A partir de 1950, com as modificações ocorridas no Brasil e no mundo após a Segunda Guerra Mundial, algumas mudanças foram feitas na educação. Com os avanços tecnológicos e científicos, a Ciência se tornou imprescindível ao desenvolvimento da sociedade e passaram a integrar mais eficientemente sistema educacional brasileiro. Um aspecto marcante desse período foi a maneira mecanicista de analisar as interferências da ciência e da tecnologia sobre a sociedade, que deixava de considerar os interesses e hábitos de diferentes atores

sociais em suas múltiplas relações, constituindo uma debilidade importante do pensamento dessa época (VACCAREZZA, 1999). Em síntese, No Brasil, a priori o ensino de Ciências foi introduzido no currículo do Ensino Básico como condição da formação do cidadão e para atender às necessidades do desenvolvimento tecnológico do país (MELO, 2000). Com as mudanças políticas ocorridas nesse período e a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1961 (Lei 4.024, de 21 de dezembro de 1961) ocorreram grandes mudanças no papel da escola e a ciência ganhou mais espaço no ensino brasileiro. A LDB de 1961 “ampliou bastante a participação das ciências no currículo escolar, que passaram a figurar desde o 1º ano do curso ginasial”. (Krasilchik, 2000). Com o golpe militar, em 1964, a escola passou a atuar com a finalidade de formar trabalhador, visando à formação de mão-de-obra barata para promover o desenvolvimento do país. Segundo Krasilchik (2000), com “a imposição da ditadura militar, o papel da escola modificou-se, deixando de enfatizar a cidadania para buscar a formação do trabalhador, considerado agora peça importante para o desenvolvimento econômico do país”. As propostas educativas para o ensino de ciências sofreram grande influência de projetos de renovação curricular desenvolvidos nos Estados Unidos e na Inglaterra. Esses projetos foram liderados por renomados cientistas que estiveram preocupados com a formação dos jovens que ingressavam nas universidades, ou seja, dos futuros cientistas. Naquela época considerava-se urgente oferecer-lhes um ensino de ciências mais atualizado e mais eficiente (KRASILCHIK, 1998). Percebe-se que ao longo da história da educação brasileira, o Ensino de Ciências sofreu varias modificações e adaptações para atender o contexto político e social do período. A Lei nº. 4024, de Diretrizes e Bases da Educação, de 21 de dezembro de 1961, ampliou bastante a participação das Ciências no currículo escolar [...] No curso colegial, houve também substancial aumento da carga horária de Física, Química e Biologia. Reforçou-se a crença de que essas disciplinas exerceriam a “função“ de desenvolver o espírito crítico através do exercício do “método científico” (KONDER, 1998, p. 4).

Somente a partir de 1971, através da Lei Nº 5.692, o ensino de Ciências passou a ter caráter obrigatório nas oito séries do primeiro grau. No que se refere à qualidade e a metodologia desse ensino, os PCNs mostram que: [...] o cenário escolar era dominado pelo ensino tradicional, ainda que esforços de renovação estivessem em processo. Aos professores cabia a transmissão de conhecimentos acumulados pela humanidade, por meio de aulas expositivas, e aos alunos, a absorção das informações. O conhecimento científico era tomado como neutro e não se punha em questão a verdade científica. A qualidade do curso era definida pela quantidade de conteúdos trabalhados. O principal recurso de estudo e avaliação era o questionário, a qual os alunos deveriam responder detendo-se nas idéias apresentadas em aula ou no livro-texto escolhido pelo professor (BRASIL, 1997, p. 19).

Após a aprovação e a aplicação das leis 4024/61 e 5692/71, percebeu-se que as propostas para o ensino de Ciências caminhava-se pela necessidade de o currículo condizer ao avanço do conhecimento científico e às demandas geradas por influência da Escola Nova1. Ocorreram 1

A concepção “Escola Nova” está relacionada ao conjunto de idéias e realizações voltadas para a renovação da mentalidade dos educadores e das práticas pedagógicas. Ele teve como uma de suas metas, eliminar o ensino tradicional que mantinha fins puramente individualistas, pois buscava princípios de ação, solidariedade e cooperação social (RIBEIRO, 2004, p.172 )

mudanças significativas nas questões pedagógicas, dos aspectos puramente lógicos para aspectos psicológicos, valorizando a participação ativa do aluno no processo de aprendizagem. Os objetivos predominantemente informativos deram lugar a objetivos também formativos. As atividades práticas passaram a representar importante elemento para a compreensão ativa de conceitos. (BRASIL, 1997) Para Apple (1982 apud Teixeira 2003 p. 178), a ciência que é ensinada nas escolas, ainda sustenta uma imagem idealizada e distante da realidade do trabalho dos cientistas, omitindo antagonismos, conflitos e lutas que são travadas por grupos responsáveis pelo progresso científico. A conseqüência disso é a construção de uma visão ingênua de uma ciência altruísta, desinteressada e produzida por indivíduos igualmente portadores destas qualidades. Mediante a obrigatoriedade do ensino de ciências nos primeiros anos do Ensino Fundamental, deslumbrava-se a necessidade de estruturar e renovar o ensino, principalmente, referente aos aspectos metodológicos, já que se notava a necessidade de romper com o paradigma do ensino tradicional, que era baseado em recursos de estudo de livro-texto e resolução de questionários. De acordo com Attico Chassot (2003), nos anos de 1980 e até o começo dos anos de 1990, víamos um ensino centrado quase exclusivamente na necessidade de fazer com que os estudantes adquirissem conhecimentos científicos. Não se escondia o quanto a transmissão de conteúdos era o que importava. Um dos índices de eficiência de um professor era a quantidade de páginas repassadas aos estudantes. Era preciso que os alunos se tornassem familiarizados com as teorias, com os conceitos e com os processos científicos. Diante deste quadro, poucas mudanças ocorreram no ensino de ciências nas séries iniciais. Um dos principais fatores que impulsiona esse problema até hoje, está na formação do professor. De acordo com Ducatti-Silva (2005), a formação dos professores constitui um fator de grande relevância no quadro de problemas percebidos no ensino de Ciências. Sabe-se que o professor termina o curso de Magistério e a licenciatura em Pedagogia, geralmente sem a formação adequada para ensinar Ciências Naturais. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, prioriza-se o letramento2. Geralmente nesse nível de ensino, o professor que atua, é considerado polivalente, responsável também pelo ensino de outras disciplinas. Com isso, dentro do currículo, há pouco tempo para ensinar Ciências, resumindo em duas ou três aulas de uma hora. Verifica-se que, além do quesito “formação do professor”, outra situação que dificulta o ensino de ciências está na questão do tempo destinado ao ensino de ciências. No que se refere a insuficiência e a fragmentação na formação de educadores para atuarem no ensino de ciências, Gentili e Silva (1999 apud Nascimento, Fernandes & Mendonça, 2010 ) afirmam: A influência neoliberal levou algumas instituições formadoras a direcionarem a formação continuada de docentes para o atendimento às demandas de determinados setores da indústria e do comércio, como, por exemplo, os setores editoriais e de informática educacional, tendo em vista tornar os profissionais da educação e os estudantes, clientes das escolas, em vorazes consumidores de subsídios didáticos. Segundo esta visão, a orientação da formação não recaía sobre as necessidades de docentes e estudantes, mas sobre os interesses desses setores. Os professores deveriam passar por treinamentos, dominar técnicas didáticas e participar de maneira alienada de um processo que procurava fazer da escola o principal meio de 2

“O letramento [...] focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição da escrita. [...] tem por objetivo investigar não somente quem é alfabetizado, mas também quem não é alfabetizado, e, nesse sentido, desliga-se de verificar o individual e centraliza-se no social mais amplo (TFOUNI, 1988, apud MORTATTI, 2004, p. 89)”.

transmissão da visão neoliberal e um mercado para os produtos da indústria cultural e da informática (GENTILI & SILVA, 1999 apud NASCIMENTO, FERNANDES & MENDONÇA, 2010, p. 14).

Com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação em 1996 (lei Nº 9394/96), institui-se a exigência de formação em nível superior para atuação docente em toda a Educação Básica, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Espera-se uma formação mais completa do professor nos anos iniciais do Ensino fundamental, já que o desafio do educador é despertar a curiosidade e capacidade intelectual dos estudantes nessa faixa etária para aprender Ciências. Entretanto, ainda hoje o ensino de ciências apresenta resultados insuficientes, levandonos a considerar que um dos problemas está ligado ao modelo de formação dos professores, que oscila entre a especificidade disciplinar e a generalidade. De acordo com Nascimento, Fernandes e Mendonça (2010) a partir aprovação e implementação da Lei 9394/96, as propostas de formação de professores de ciências passaram a considerar com maior ênfase a importância da reflexão sobre as práticas concretas desenvolvidas nas escolas e sobre as articulações existentes entre a educação e o contexto sócio-político-econômico. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, visto como um referencial de qualidade para a educação na Educação Básica no Brasil, apresenta a nova proposta do ensino de ciências a partir da LDB (Lei 9394/96), expondo em seu texto: O objetivo fundamental do ensino de Ciências passou a ser o de dar condições para o aluno identificar problemas a partir de observações sobre um fato, levantar hipóteses, testá-las, refutá-las e abandoná-las quando fosse o caso, trabalhando de forma a tirar conclusões sozinho . O aluno deveria ser capaz de “redescobrir ”o já conhecido pela ciência, apropriando-se da sua forma de trabalho, compreendida então como “o método científico”: uma seqüência rígida de etapas préestabelecidas. É com essa perspectiva que se buscava, naquela ocasião, a democratização do conhecimento científico, reconhecendo-se a importância da vivência científica não apenas para eventuais futuros cientistas, mas também para o cidadão comum (BRASIL, 1997, p.19).

Atualmente, o ensino de ciências ainda reflete muitas idéias inerentes ao desenvolvimento científico das décadas de 1950, 1960 e 1970, certa esperança depositada na ciência para a solução dos problemas da humanidade e, paradoxalmente, problemas sociais e ambientais provocados pela atividade científica e tecnológica (KRASILCHIK, 1998) Ensinar ciências no cenário atual requer que os professores compreendam as origens das inovações científicas e tecnológicas; lutem contra as desigualdades impostas pelo capital e pelo exercício do poder; e abram novos horizontes aos estudantes no sentido de se desenvolverem humana e integralmente. A eficácia do trabalho do professor de ciências está diretamente relacionada à capacidade de articular práticas educativas às práticas sociais, ou seja, o trabalho desenvolvido nas escolas com o processo de democratização e reconstrução da sociedade (SAVIANI, 1997). 3.

DESAFIOS ATUAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS - ANOS INICIAIS DO

ENSINO FUNDAMENTAL No mundo contemporâneo, vivenciamos uma sociedade onde são intensas as relações com a Ciência e a Tecnologia. O conhecimento consolida-se com uns dos elementos primordiais na nossa sociedade. Neste contexto, a educação tem experimentado inúmeras mudanças nos diferentes níveis e áreas, nas práticas pedagógicas, que procuram romper com os paradigmas tradicionais (RODRIGUES, 2004).

Nos anos iniciais do Ensino Fundamental o enfoque tem sido mais nos problemas da alfabetização e da matemática elementar. Por outro lado, a chamada alfabetização científica, pouco tem sido estudada e comentada. Pesquisas voltadas para a necessidade das novas tecnologias no ensino de ciências nos anos iniciais do Ensino Fundamental quase não são encontradas na bibliografia atual (RAMOS & ROSA, 2008) De acordo com MARCO (apud CACHAPUZ, 2005), existem três razões para compreender a importância da Educação Científica nas aulas de Ciências, na sociedade atual: •Alfabetização científica prática, que permita utilizar os conhecimentos na vida diária com o fim de melhorar as condições de vida, o conhecimento de nós mesmos, etc. •Alfabetização científica cívica, para que todas as pessoas possam intervir socialmente, com critério científico, em decisões políticas. •Alfabetização científica cultural, relacionada como os níveis da natureza da ciência, com o significado da ciência e da tecnologia e a sua incidência na configuração social.

Em complementação as razões quanto à necessidade e a importância de ensinar ciências desde os primeiros anos do Ensino Fundamental, os PCNs mostram que, ao se considerar ser o Ensino Fundamental o nível de escolarização obrigatório no Brasil, não se pode pensar no ensino de ciências como um ensino propedêutico, voltado para uma aprendizagem efetiva em momento futuro. A criança não é cidadã do futuro, mas já é cidadã hoje, e, nesse sentido, conhecer ciências é ampliar suas possibilidades presente na participação social e viabilizar sua capacidade plena de participação social no futuro (BRASIL, 1997). Contudo, o que vemos nas escolas de Ensino fundamental, nos anos iniciais, é um ensino de ciências muito tradicional, com práticas pedagógicas ultrapassadas que não desperta a curiosidade e nem motiva o interesse dos estudantes. Consequentemente, os indicadores nacionais e internacionais revelam resultados insatisfatórios que geram preocupações, reflexões e análise. Segundo Araripe (2003), vivemos num momento histórico que leva a educação brasileira a desempenhar baixíssimos resultados frente às outras nações. Em especial, o ensino de Ciências passa ainda por situação bem pior, quando revela que o ensino leva o país a última posição no PISA (O Programa Internacional de Avaliação de Estudante). Os fatores intrínsecos e extrínsecos que dificultam a “popularização” da ciência são muitos e notáveis nas escolas. Inicia-se historicamente pelo atraso em incluir ensino de ciências no currículo escolar, perpassando pelas intenções políticas quanto a objetividade da educação científica, a falta de estrutura física, formação inicial e continuada dos professores, a organização curricular, entre outras. No que se refere à discussão desses fatores, Werthein (2005), afirma que a melhor maneira de democratizar a Ciência é introduzí-Ia ao currículo, começando a trabalhar com crianças os aspectos científicos. Hoje no ensino fundamental não se aprende ciência. É preciso ir, ensinando princípios da física, da química, mostrando a eletricidade, fazendo experiências com pilhas e lâmpadas. São aspectos fáceis de trabalhar, que introduzem o interesse nas crianças. Você introduz o ensino e capacitam os professores. Foi assim que outros países fizeram (WERTHEIN, 2005, p.1).

Neste contexto, é necessário um investimento nas propostas metodológicas na intenção de melhorar o ensino de ciências. Desde meados dos anos 90, a partir da aplicação da LDB (Lei 9394/96), vários pesquisador vem propondo tendências metodológicas, que vem contribuindo para motivar e aguçar a curiosidade dos estudantes para aprender ciências. Verifica-se uma renovação no currículo do curso de Pedagogia nas universidades, englobando novas idéias para propor a alfabetização científica. Essas tendências partem do princípio que

as crianças, se motivadas, aprendem ciências na mais tenra idade, desde que propõem métodos inovadores e dinâmicos, contrários a um ensino tradicional que é baseado na maior parte do tempo em livro-texto e questionário. Neste âmbito, a necessidade de uma melhor educação científica nos anos iniciais encontra uma sólida base na teoria de Piaget, que acredita que o sujeito não é apenas ativo, mas interativo, uma vez que constrói o conhecimento não só por meio de suas ações, mas também a partir das interações que estabelece com o meio de sua volta. A grande contribuição de Jean Piaget foi mostrar que a criança não é um adulto que apenas sabe menos que os mais velhos; a criança possui uma lógica própria, diferente da lógica formal do adolescente ou do adulto. Carvalho (1998), afirma que através dos estudos de Piaget, a criança constrói de maneira espontânea, conceito sobre o mundo que o cercam e que esses conceitos, em muitos casos, chegam naturalmente a um estágio pré-científico com certa coerência interna (CARVALHO, 1998, p.14). A partir desse fato, Macedo (2005) destaca um aspecto que vem perdendo espaço cada vez maior no sistema escolarizado, principalmente na etapa inicial, referente a cultura lúdica, enfatizando que essa representa a fonte de interesse das crianças, o que contribui para o desenvolvimento. A falta de atividades lúdicas é destacada pelo autor como elemento que favorece a manifestação de atitudes nas crianças de modo inadequado ou circunstancial (zombarias e violências entre colegas na sala de aula, brincadeiras nos intervalos ou na volta de carro para casa)(BAYERL, 2011, p.15). Dentre as várias possibilidades de ensinar ciências nos anos iniciais do Ensino Fundamental, as atividades experimentais e investigativas têm sido discutidas e aplicadas na sala de aula como uma metodologia inovadora que estimula a aprendizagem dos estudantes. Sobre a concepção de ensino por investigação, Azevedo demonstra que: A atividade investigativa é a busca pela solução de um problema dito de “ensino” ou de “aprendizagem”, com a intenção de levar os sujeitos envolvidos à aprendizagem por meio da construção do conhecimento. O problema, a necessidade e o motivo são elementos essenciais que identificam a atividade investigativa e que garante a instauração do processo investigativo (AZEVEDO, 2008, p. 31)

A atividade investigativa, seja de ensino ou de aprendizagem, compreende, de maneira geral: a delimitação do eixo temático, a contextualização, a delimitação e conhecimento da situação em estudo (sensibilização para o tema); o problema (de ensino ou de aprendizagem); a compreensão do problema; o levantamento de hipóteses e o planejamento das ações; a realização das ações ou das estratégias de investigação; análise de resultados à luz dos objetivos previamente definidos ou à luz das hipóteses e do conhecimento construídos pela comunidade científica; as conclusões ou sínteses com possíveis formulações de novos problemas; reflexões orais e escritas sobre o movimento desenvolvido (GIL-PÉREZ et al, 1999). Diante deste contexto, observa-se que o ensino por investigação vai além da realização de uma atividade experimental realizada em um laboratório ou na própria sala de aula. Há que se considerar também que o processo de aprendizagem dos conhecimentos científicos é bastante complexo e envolve múltiplas dimensões, exigindo que o trabalho investigativo dos alunos assuma, então, variadas formas que possibilitem o desencadeamento de distintas ações cognitivas (ZANON & FREITAS, 2007). O Ensino de Ciências por Investigação nos anos iniciais do Ensino Fundamental iniciouse no Brasil através do projeto “ABC na Educação Científica – Mão na Massa”. Zanon e Freitas (2007) descrevem sobre o desenvolvimento do projeto: Historicamente, o desenvolvimento desse projeto foi iniciado com o pesquisador Leon Lederman – prêmio Nobel de Física – em Chicago, na década de 90, chamado Hands-on. Foi ampliado a outros países, como o que ocorreu na França em 1995 com a colaboração de George Charpak – também laureado com ao Prêmio Nobel de

Física – e com o apoio da Academia Francesa de Ciências. Os módulos Insights do programa norte-americano foram traduzidos para o francês com adaptação de infraestrutura de materiais e formação de professores. Na França, com o nome La Main à la Pâte, o programa governamental envolve crianças de 5 a 12 anos de idade. No Brasil, denominado ABC na Educação Científica – Mão na Massa, o projeto foi iniciado em maio de 2001, a partir de um acordo entre as academias de ciências da França e do Brasil envolvendo escolas municipais e estaduais do Rio de Janeiro e do estado de São Paulo (a grande São Paulo e São Carlos, interior). As adesões dos professores foram espontâneas e voluntárias. Esse projeto tem como objetivo favorecer e estimular a articulação entre a realização da experimentação e o desenvolvimento da expressão oral e escrita na construção do conceito científico. Nas atividades experimentais investigativas, o professor suscita o interesse dos alunos a partir de uma situação problematizadora em que a tentativa de resposta dessa questão leva à elaboração de suas hipóteses (concepções prévias). A realização do experimento, a análise dos resultados obtidos e a pesquisa documental confirmam ou não as hipóteses. Além disso, estimula-se a interação entre os colegas e com o professor de modo que eles discutam tentativas de explicar um determinado conceito ou fenômeno científico. Nessa perspectiva, pretende-se que o aluno articule a expressão oral e a escrita com base nas atividades investigativas e faça uso desta última na compreensão de conceitos científicos. Ao se trabalhar na perspectiva de um conhecimento que se constrói, a necessidade da pesquisa e do registro faz com que a utilização da escrita e da leitura seja uma constante, qualquer que seja a área do conhecimento que se está trabalhando. Escrever e ler passam a ter significado, pois são instrumentos essenciais de comunicação e registro das concepções, da questão de pesquisa, do observado, do manipulado, do constatado, do texto coletivo negociado. Sob a ótica do desenvolvimento da linguagem, o método do projeto ABC na Educação Científica – Mão na Massa considera que a Ciência apresenta uma linguagem própria e uma forma particular de ver o mundo, construída e validada socialmente. O aluno é estimulado o tempo todo a falar sobre determinado fenômeno, procurando explicá-lo para os colegas, e o professor, discutindo e considerando diferentes pontos de vista. Com isso, a criança tem a oportunidade de familiarizar-se com o uso de uma linguagem que carrega consigo características da cultura científica (Driver e colaboradores, 1999), ao mesmo tempo em que a ortografia da língua materna é discutida e exercitada. (ZANON & FREITAS, 2007, p. 3-4)

Em síntese, ensinar ciências por investigação pressupõe inovação. Em vez de aulas tradicionais onde o professor é o detentor do conhecimento, prioriza a participação do aluno como ser pensante e ativo no processo de construção do conhecimento, tendo o professor como mediador do processo. 4.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ensino de ciências nas séries iniciais no Brasil, desde a última década do século XX até a atualidade sofreu mudanças significativas. Ao longo da historia, percebemos que durante muito tempo o ensino de ciências foi praticamente extinto do currículo escolar. Os resultados dessa educação precária, mais precisamente a que envolve o ensino de ciências, acabam por prejudicar seriamente o desenvolvimento do país, aumentando cada vez mais o abismo que nos separa dos países desenvolvidos (RAMOS & ROSA, 2008). O avanço significativo na Educação científica no nosso país ocorreu nas décadas de 50 e 60, em função do panorama político e desenvolvimentista que o Brasil vivenciou. A educação estava a serviço do desenvolvimento industrial e tecnológico. Não cogitava a formação de cidadãos críticos e autônomos e sim “aprender” e se “capacitar” para atender um mercado em ascensão. Pensar numa educação científica promissora e eficaz exige uma visão muito mais ampla do que a educação mercadológica. É preciso avançar para um pensamento mais humanitário e

filosófico. Em concordância a essa idéia, os PCNs mostram que numa sociedade em que se convive com a supervalorização do conhecimento científico e com a crescente intervenção da tecnologia no dia-a-dia, não é possível pensar na formação de um cidadão crítico à margem do saber científico. É preciso romper definitivamente com as metodologias tradicionais que distancia o estudante da ciência. Que paradoxo é esse? Vivemos na era da informação e da tecnologia e não utilizamos os recursos tecnológicos que possuímos. Ensinamos ciências, falamos dos fenômenos naturais apenas dentro da sala de aula. Em muitas situações, prevalece a educação bancária, baseada apenas no livro-texto e em questionário. Nesta situação, no ponto de vista dos estudantes, a Ciência continua cansativa, abstrata e praticamente impossível de ser compreendida. Nos últimos anos, percebemos mudanças metodológicas de extrema importância para avançar com o ensino de ciências no nosso país. A partir de tendências inovadoras e dinâmicas como o ensino por investigação, o ensino de ciências vem gradativamente melhorando. Nesta perspectiva, é possível inserir a educação científica de forma dinâmica e prazerosa. Carvalho, uma das principais pesquisadoras em ensino de ciências nas séries iniciais mostra que o ensino investigativo e experimental é uma alternativa motivadora para a criança “fazer” ciências: “Esta abordagem metodológica enfatiza a iniciativa do aluno porque cria oportunidade para que ele defenda suas idéias com segurança e aprenda a respeitar as idéias dos colegas. Dá-lhes também a chance de desenvolver variados tipos de ações – manipulações, observações, reflexões, discussões e escrita”(Carvalho et al, 1998, p.20).

5.

REFERENCIAS:

ARARIPE, F. Ensino deficiente de ciência leva Brasil à última posição em pesquisa com 32 países. Disponível em: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=11291. Acesso em: 02/08/2014. AZEVEDO, M. N. Pesquisa-ação e atividades investigativas na aprendizagem da docência em ciências. 2008. 235f. Dissertação (Mestrado Educação em Ensino de Ciências) – Programa de Pós-Graduação em Educação, USP. São Paulo: 2008. BAYERL, G. S. O ensino de ciências físicas nas séries iniciais: o experimento como fator estimulante na aprendizagem. 2011. 60f. Monografia (Especialização em Ensino na Educação Básica) – Programa de Pós-Graduação em Ensino na Educação Básica, Ceunes/UFES. São Mateus, 2011. Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: ciências naturais /Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 136p. Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 126p. CACHAPUZ, A.; GIL-PEREZ, D.; CARVALHO, A. M.; PRAIA, J,; VILCHES. (Org.). A necessária renovação do ensino de ciências. São Paulo: Cortez, 2005. CARVALHO, Anna Maria Pessoa de (org). Ciências no Ensino Fundamental: O Conhecimento Físico. São Paulo: Scipione, 1998. CHASSOT, A. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 39, p. 225-249, set. 2010. Driver, R; Asoko, H.; Leach, J.; Mortimer, E. e Scott, P. (1999). Construindo conhecimento científico na sala de aula. Rev. Química Nova Escola, 31-40.

Ducatti-Silva, K.C. A formação no curso de Pedagogia para o ensino de ciências nas séries iniciais. 2005. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Marília, SP. FURMAN, M. O ensino de Ciências no Ensino Fundamental: colocando as pedras fundamentais do pensamento científico. São Paulo: Instituto Sangaril, 2009. GENTILI, P. A. A. e SILVA, T. T. (orgs.). Neoliberalismo, qualidade total e educação: visões críticas. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. GIL PEREZ, Daniel et al. Tiene sentido seguir distinguiendo entre aprendizaje de conceptos, resolución de problemas de lápiz y papel y realización de práticas de laboratorio? In: Enseñanza de lãs ciencias: Revista de investigación y experiencias didácticas. Barcelona: Instituto de Ciencias de la Educación. Universidad de Valencia. 1999. 17 (2). 311-320. KRASILCHIK, M. Prática de ensino de biologia. São Paulo: Harbra, 1998. KRASILCHIK, M. Reformas e Realidade: o caso do ensino das ciências. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v.14(1), p. 85-93, 2000. KONDER. O Ensino de Ciências no Brasil: um breve resgate histórico In: CHASSOT, A. e Oliveira, J. R. (org). Ciência, ética e cultura na educação. São Leopoldo: Ed. UNISINOS, 1998, p. 25. LEITE, A. F. Elaboração de material multimídia didático-pedagógico: sua implicação no interesse dos alunos por microalgas. 2001. 51p. Monografia (Especialização em ensino na educação básica)- Programa de Pós-Graduação em Ensino na Educação Básica, Ceunes/UFES, São Mateus, 2011. MELO, M. do R. de. Ensino de Ciências: uma participação ativa e cotidiana, 2000. Disponível em:. Acesso em: 30 de julho de 2014. NASCIMENTO, F.; FERNANDES, H. L.; MENDONÇA, V. M. O ensino de ciências no Brasil: história, formação de professores e desafios atuais. Revista HISTEDBR on-line, Campinas, n. 39, p. 225-249, set. 2010. PILETTI, N. E PILETTI, C. História da Educação. São Paulo: Ática, 2010. RAMOS, Luciana Bandeira da costa; ROSA, Paulo Ricardo da Silva. O ensino de ciências: fatores intrínsecos e extrínsecos que limitam a realização de atividades experimentais pelo professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Investigação em Ensino de Ciências, São Paulo, v. 13, n. 3, p. 299-331, 2008 RIBEIRO, E. A. Democratização pragmatismo e escola nova no Brasil. Revista de Iniciação Científica da FFC, Rio de Janeiro, n. 22, jan/abr, p. 89-100, 2003. RODRIGUES, C. A. F.; MENDES SOBRINHO, José Augusto de Carvalho . O Ensino de Física na Escola Média: Tendências Contemporâneas. In: III Encontro de Pesquisa em Educação da UFPI, 2004, Teresina. Atas do III Encontro de Pesquisa em Educação da UFPI. Teresina: EDUFPI, 2004. v. único. p. 1-12. SAVIANI, D. Pedagogia histórico - crítica: primeiras aproximações. São Paulo: Autores Associados, 1997. TEIXEIRA, Paulo Marcelo M. A educação científica sob a perspectiva da pedagogia histórico-social e do movimento CTS no ensino de ciências. Revista Ciência & Educação, v. 9, n. 2, p. 177-190, 2003. VACCAREZZA, L. S. Ciencia, tecnología y sociedad: el estado de la cuestión em América Latina. Revista Iberoamericana de Educación. n.18, 21-33, 1999. VEIGA, C. G. História da Educação. São Paulo: Ática, 2007. VIEIRA, S. L. Desejos de Reforma: Legislação Educacional no Brasil Império e República. Brasília: Líber Livro, 2008. VIEIRA, S. L. e FARIAS, I. M. S. Política Educacional no Brasil: introdução histórica. Brasília: Líber Livro, 2009.

WERTHEIN, J. O ensino de ciências e a qualidade da educação. Ciência Hoje. Disponível em Acesso em: 02 de Agosto de 2014. ZANON, D. A. V.; FREITAS, D. A aula de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental: ações que favorecem a sua aprendizagem. Ciências & Cognição, Rio de Janeiro, v. 10, p. 93-103, 2007.

TEACHING SCIENCE IN THE EARLY YEARS OF BASIC EDUCATION: A REFLECTION OF THE POLICIES OF HISTORICAL EDUCATION OF BRAZIL

Abstract: The purpose of this work is, historically and politically, the trajectory of Science education in Brazil since colonization to the present day, highlighting the teaching of science in the early grades and innovative methodological proposals that outperform the traditional paradigm of teaching . The goal is to make a historical reflection of the policies of Science education in Brazil to understand the current difficulties with regard to the reality of science education. The methodology used was the literature research, using books and national and international scientific journals in the area of Science Education, precisely the teaching of science in the early years. Also sought to subsidies on legal documents such as the National Curricular Parameters (BRAZIL, 1997) and established authors linked the area of politics and history of education. Recent research shows that insertion of experimental and investigative practices is the most promising path to improving conditions and opportunities for the development of scientific literacy among students. Teaching Science by Research requires innovation. Instead of traditional classes where the teacher is the possessor of knowledge, prioritizes student participation as a thinking and active in the process of knowledge construction, with the teacher as facilitator of the process. KEYWORDS: Teaching Science, Science by research, scientific literacy.