O allemanismo no Sul do Brasil : seus perigos e meios de os

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:Barão do ~o :13~anco

Dr. Jooquim ílabuco Os dois modernos estadis~ tas brasileiros, que poderão, se o quizerem, iniciar a política de 'reacção contra o pessimo systema seguido até hoje da colonisação alleman do Sul do Brasil.

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~Redocção

d~o Jorl2al do [()Jl1nlercio Jo :Bio de ]ancirco A folha brasileira que '/Jwis serviços tem prestado na questão do periyoso allemanismo do Sul do Brasil e os poderá prestar aÚula maiores.

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o Allemanismo

no Sul do Brasil I

U m escri ptor nosso em livro consagrado ás nações latino-americanas, no que toca ao futuro d'essas nações, escreveu: « A verdade é que, nas condições actuaes da America do Sul, só ha dois meios de se construirem aqui nacionalidades prosperas, cultas e fortes; ou ùeixar que as ,-ctuacs, entregues a si mesmas, completem a sua evolução, e consigam remover as causas que ainda hoje entorpecem o seu progresso; ou, então, eliminal-as, eliminar litteralmente as populações existentes (lllisericordia l... ) como succede aos selvagens ùa Australia.» O auctor desarrazôa evidentemente: ou us povos do continente entregues a si mesmos, sem auxilto estranho, ou, ao contrario, a sua eliminação go'al. São dois pontos de vista em completa polaridade. Dois partidos extremos. Opina, como não podia deixar de ser, pelo primeiro, tanto mais quanto o segundo não poderia ser levado a effeito pelas resistencias que seriam oppostas a tão louco intento. Nota-se quão pouco tem meditado o auctor sobre a vida e os destinos de nossa patria.

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8 No que houver de dizer, me referirei sómente ao Brasil. Não conheço sufficientemente a vida das outra~, gentes ibero-americanas, e, ainda que a conhecesse a fundo, não me atreveria a fazer prognosticas sobre o seu porvir. Creio que, no que concerne ao nosso viver social e politico, á nossa existencia como nação, quatro ~;ão os caminhos q lie teremos a seguir: I ~), o actual systema, rotineiro e perigoso, que, além do atrazo e da apathia geral que prodúz, traz, fatalmente, o desequilibrio entre o norte e o sul do paiz com o desastrado regimen de cl/lon:isação que se tem seguido; 2?, o systema de infusão de ?IOVOS e altas idéas, nova intuição realistica do mundo e das nações, preparada por fm·te ínslnlcção mode¡'na., superior e technica; 3.°, o'systema de (ormação de camcter novo por um regimen especifico de educação adequada; 4.°, o systema de formação de caraeter novo por meio da colonisação integral do paiz, com a immigração espalhada por fadas as

zonas. O primeiro systema é anachronico e tem dado pessimos resultados e ha de acarretar, se proseguirm05 nelle, o desmembramcnto futuro do paiz. E' o systema que se póde chamar bmsileiro. O segundo é util e conveniente, quando encontra a base forte de um caracfer firme, capaz de grandes ernprehendimeJltos. E' o systema dos japonezes. Este admiravel povo, sem pedir immig¡'antes, sem se misturar com estrangeiros, povo de qualidades moraes superiores, senhor de uma alta cultura, entendeu de a modernizar no sentido europeu, adoptando os proventos materiaes da civilisação occidental. Fcl-o cum urna segurança, \1m atilamento sem egual. E' hoje urna das primeiras potencias do mundo. O Brasil não se acha absolutamente em eguaes condições.

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9 E' systema que só póde ser empregado de combinação com o terceiro. Este é muito seguro, mas extremamente difficil de obter. E' o systema educativo de Le Play e Edmundo Demolins. Seria preeiza a acção combinada de milhares de pes-sôas que, por todos os angulos desta terra, se propuzessem a modificar a nossa pessima ed~lcação, substituindo-a por O\ltra mui diversa, que aproveitasse sómente certas .qualidades bôas que nos herdaram nossos maiores. O quarto systema, que, aliás, cleve ser empregado de combinação com os dois anteriores, póde ser chamado o systema-no1'fe-americano. E' salutar, com a condição é.a inoculação de elementos ethnicos de primeira ordem, por todas as regiões do paiz, de forma que sejam assimi·lados á nossa gl:mle pelo uso de nossa lingua. E' o oprosto do regimen que temos seguido até agora, a datar de 1825, epocha em que se formaram os primeiros nucleos coloniaes alIcmães nas provincias do 'Sul.

Esse desgraçado modo de colonizar constitúe o mais serio problema que o Brasil terá de resolver em futuro muito proximo. Sobre este terrivel assumpto, o auctor, a que em principio me referi, guarda em seu livro o mais completo silencio. E' singular ... Discute um milhão de banalidades e deixa completamente de lado a mais seria de todas as questões que possamos debater. Não canso de repetir: tal systema póde ser optima, e o é, por certo, do ponto de vista ollp,mão ,. mas é pessimo, é perniciosissimo, do ponto de vista brasileiro. Para se formar idéa exacta da gravidade do assumpto, mi~tér é ter estudado diligentemente o povo germanico, conhecel-o bem no seu desenvolvimento historico,

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10 e, acima de tudo, no seu assombroso progresso contemporanco, nas industrias, na navegação, no commercia, na expansão colonial, direi melhor, na necessidade indeclinavel que sente de escoar para colonias suas o excesso de sua população, que augmenta, a olhos vistos, de fôrma assustadora. E' que de todas as gentes aryanas dotadas de altas qualidades em qualquer sentido-os allemães são aquella a quem coúbe na partilha da terra uma região mais pobre. Os hindús tiveram a India vasta e uberrima; os iranianos, a Persia extensa e de variadas zonas; os sla vos, o norte dos Balkans e a Russia immensa; os celtas, a França fertilissima; os hellenos, a Grecia encantadora e as ilhas mal avilhosas; os italiotas, a Italia risonJla, de clima dulcissimo. Os scandinavos e seus proximos parentes-c:> germanicos, os allemães, - as asperas terras do norte da Europa. Estão, por isso, estes ultimas, os mais prolificos e emprehendedores, condemnados á busca de melhores terras. Foi sempre o seu papel durante os dois mil e duzentos anl10S de sua existencia, depois que appareceram na histOJ ia. Occupam certamente hoje uma vasta região na Europa, zona que, na porção meridional, é regularmente [ertil e rica e cuja porção do norte está grandemenk modificada por maravilhosos esforços duma cultura acima de todo elogio. Mas, para gente de tal vitalidade, de tão intenso impeto de expansão, é pOllCO. Assim, de todos os povos aryanos - os germanicos, portadores de qualidades de primeira ordcm, são os peior aquinhoados n0 tocante á terra. E essa desproporção torna-se ainda mais chocante, se é comparada á de -:crtos povos que, com razão ou sem ella, os germanicos julgam sells inferiores.

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11 Não lhes soffre muito a paciencia que vastas regiões da Asia, da America e d' Africa, estejam noutras mãos que não as delles. O mais antigo surto da raça, atráz de terras, arrojou-a ás regiões do alto norte da Europa, e perde-se nas sombras impenetraveis do passado. O seu destino era, dahi por deante, procurar sempre o sul, em demanda de mansões mais largas e mais doces. O seu primeiro arranco nesse sentido já é quasi historico e foi quando occuparam a famosa planicie slIxom'co, onde ramos energicos da raça lançaram as bases cie seu viver particularista. Mas não bastava; novas incursões teriam de ser feitas Os cimbros e Üutões demandaram as terras que se lhes antolhavam maravilhosas do sul, regiões amansadas pelo colosso romano. Dahi por deante, durante quatro seculos, os germanicos foram lentamente se esco~ndo pelos membros extensos do imperio. Metteram-se por todas as provincias, como hoje se mettem pelo nosso Brasil meridional, fazendo protestos de paz. Desde então, os dias de Roma estavam contados. e os vencedores, os destruidores, os herdeiros do imperio só não eram conhecidos dos ceg0S optimistas, dos patrioteiros de vistas curtas, que não falham nunca entre os povos que vão morrer. O Inconsciente da historia prodúz sempre gente dessa, para o fim de mascarar e illudir a quéda das nações. Quanto mais se estas precipitam, mais esses nove\lciros cie bellos e rozeos augurios se acreditam no melhor dos mundos. Manda a justiça, porém, declarar que nem todos fôram cegos aos fortes symptomas da verdade.

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12 Os espiritos clarividentes tiveram desse enorme ~ksacerto da politica imperial perfeito conhecimento. E' o caso, entre olltros, de Ammiano Marcellino e Synésius, que escreveram antes da grande invasão do principio do V seculo. O primeiro, falando do tratado ajustado entre o imperador Valente e os godos, convtnio pelo qua: lhes concedia que passassem o Danubio c se estabelecessem na Thracia, escreveu: « Quando os mensageiros vieram ter com o imperador, os cortezãos applaudiram; enalteceram a felicidade do princi¡;¡e a quem a fortuna trazia recursos inesperados e de tão longinquas regiões. Um bom ajuste devia ter immcdiatamente lagar. O exercito romano ia ficar invencivel com a incorporação dc tantos estrangeiros; o tributo que as provincias devia em soldados, convertido em ouro, augmentaria indefinidamente os recursos do thezouro, o imperio ganharia segurança e riqueza O imperador firmou a convenção, estipul3.ndo .a admissão dos barba ros. Enviaram-se immediatamente numerosos funccionarios para ordenarem o transporte; te\'e-se muito cuidado para que um só destcs destndcloTes do irnpe1'io não ficasse da outra banda, ainda que estivesse atacado de molestia mortal. Dia e noite, em cumprimento da ordem imperial, essa plcbe truculenta, apinhada em barcas, taboas, troncos de arvores, foi transportada para cá do Danubio. A pressa era tamanha qU& varios morreram afogados. Tanta azáfama, tanto trabalho pam

introduzir

o flagello e a f'uina do mt/ndo romano! ... •

Ammiano Marcellino era daquelles que não se illudiam a respeito da inconveniencia de tratados, como esse que foi levado a effeito pelo infeliz imperador Valente. O principe, tendo ido, pOIlCO após, combater estes seus recentes alliados gados revoltados, foi vencido. Fugitivo, depois da batalha, tinha-se acolhido a \lma palhoça que havia em caminho, Alcançado pelos gados,

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13 lançaram elles fogo á choça, morrendo lá dentro queimado aquelle que lhes havia aberto as portas do imperio ... Que lição! Syne~ius via ainda mais claro nos factos do que Ammiano. (I Quando se imagina, escreveu eIle, o que póde emprehender, num momento de perigo para o Estado, UCla mocidade estrangeira, numerosa, formada por leis diversas das nossas, tendo outras idéas, outros costumes, é mistér hrlVe1' perdido toda, a ]Jrcvidencia para não tremer ... O rochedo rios estão livres; porque lá não existem zonas onde os t.'ufos sej;¡m senhores, onde s6 sefale a lingua allemã. Diversa é a situação do Brasil, no qual o processo de desaggregação v;¡e sendo dirigido habilmente, com alguma demora; mas infallivelmente seguro. Quando, pois, ha poucos dias, os jornaes falaram do dito de um diplomata russo que havia affirmado ter visto 110 e~tado-maior, em Herlim, um mappa do Bmsil em que -estão assig1wladas as regiões que a]11"esentam a possibilidade de ser incorp01'adas tÍ sovem11ia allemã, não avança·ram nada de novo ... Repetiram verdade conhecida por quem vem acompanhando esta questão de trinta annes para cá. Os amantes e colleccionadores de papeis velhos devem ter elllmão varias d ,Clunentns sobre o assumpto. Os mesmos tdegrammas recentissimos falaram tambem do discurso feito por um allemão de nome Arendt, ex-general do exercito, que esteve contractado em Buellas-Aires, e foi dispensado da sua commissão, por motivo moral, pelo general Roca, quando presidente des~a Republica. Nesse discurso, o referido Arendt chamou a atte!1ção de seus compatriotas para a facilidade de clIlo·,1iz07·em a Patagonia, conservando os colonos as suas t1"fldições, costumes e sentimellto nacional, contrariamente .ao que succede no Canadá, onùe, na segunda geração de descendencia allemã, se observa uma identificaçiio com 1) ambiente local e a perda de todos os caracteristicos de

vê a inconsciente

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22 origem. El Tiempq, de Buenos-Aires, de 12 de janfin> ultimo, commentando a affirmativa do diplomata rus~() sobre o Brasil e as declé rações de Arendt ácerca da l'a!!agonia, diz que merecem toda a fé, porquanto o principe de Bismarck, quando chefiou a chancdlaria allemã, .teve os olhos postos co lstantemente naquellas terras, e disso dãoteltemunho irnfrogavel as nutas f'1wiadas (lOgOl'UUO argentino, por Carlos Calvo, representante, en· tão, da Republica junto ao governo imperial. (JOI nal do Commercio, de Il e 13 de janeiro de 1906). O diplomata russo di~se o que vio; e Arendt repete ainda hoje o que se falal'a na Allemanha com insistencia, de 1884 ou annos proximamente anteriores até 1888 cannas subsequentes. Eis aqui alguns pa:)eis velhos, que provam a excitação existente na Allel:Janha naquelle tempo, e ct:ja noticia chegou até nós: « A Allemanha, douda por arranjar coloniás, annexou, diz um telegramma de Londres, os territorios d() slIdoéste da Patagonia,:olllando posse delles na devida fórma, devendo brevem'~nte ser expedidas as respectivas cOlllmunicações ás outras nações. Ora, se o diabo se metter .de permeio, bem póde isto dar u ma segunda ee ição das Carolinas. » (Gazeta de Noticia;, de 18 de setembro de 1886.), Era na phase aguda do fllror de "Bismarck atrÚz de ce,lonias. Tinha posto a mão nas Ilhas ('aroUnas, abandonadas depois de ulIJa bal ulheira diabolica dos hespanhóes~ renuncia, porém, só fei:a após laudo do Papa, quc decidiu a questão a favor dos antigos descobridores das referidas ilhas. Chegou-se a acreditar que tinham os allem;ies declarado a tomada de posse da Patagonia.

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23 Na mesma folha, na Gazeta de Noticiaf', de 12 de zembro de 1885, está para ler-se um artigo intitulado O --nr. de Bismarck e o Bmsil e é como segue: "Ha

dills transcre\'elllOS um artigo dIt Ga.;etn de Campi11m outro do .lfatill, ,le Paris, quo fazia grave!! cf)n~itll:rl1çõcs 8l1bre fi politica colollisa,io!'a do grande clll\J1cellcr allemiio. "Hoje r,edimos venia para trIUlscrevc.', do cOITespondente de Bedim para o Jornnl do CU1nmercio, li parte relativa a eilSC 118I1Ulllpto, de tão yital iuteresse pam Il(í!!. " Diz o conc~polldente : (f A associação colonial allemã Deutsche Colonialvel'Ûn, como conclusiio dOE; illqueritl18 e ('xp!01'IlÇÕCS por clin subvelleiollados na America, I esolvcu fundar lima S"ciedai/e de ColUIlÎSa\'Üo pal'(l It .America elo Sill, cujo fim seril< ,'ucaminhar a clJligração allcul:\ l'lira tcrnu, (Inde haja conùiçõ"8 Il llPrspectiyall, tanlo de prosperidade para o lavrallor, c,.mo ele prc8ervaf(Îu du c(fI'/Iderllaciollal allelll/Îu (Dentsclttmll). "Xuflla circular assignada pOI' varias pessoas, entre as q 'laCil a "Irlla o IIOllle tio lleputll(lo SpidhCl'g, lie euja!; explolHções c visitaR {Ul col"lIias allelll:ls no Brasil Jor/lal £lo Cmlll/lercio telll liado eonta por varias veze~, "t'l'Ill r, tem a As¡¡.oeiaçflOde defer.a dos i '\tel'eSSIJB allelllÎtl'.1\('lllpregadn todo8.

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27 os meios. Relações pel'SOReS, clldns, tenaz e enngicn lll'l'pa· ga::Jda, de tudo se IlIu~ou mão t', em llouco, fOl'nJII ¡.x(,t,lIelltes os resultados obtidotl. Jornaes em lingua allemã, ,clltlas I1l1emli.s., clubs muito pratÏ em duas zonas, a do norte e a, do sul, até ao curso do rio Uruguay, que o separa da; Argentina e de Santa -Catharina. Pouco depois os de~ta, crescidos tambem em numero, se unirão aos seus patdcios e parentes allemães do Rio-Grande. Para tanto, basta que a população gero. manica dos dois Estados attinja a uma cifra respeitavel. de 800.000, ou 1.000.000 de habitantes. Não é tudo. A separação não se fez já, com o auxilio e sob CI protectorado da Allemanha, por causa das perturbações que isto acarretaria deante da previdente dout1'ina dEi Mom"oe, freio unico que contém o imperio, conforme o!~ proprios allemães confessam, e mostrarei linhas abaixo. Não fôra isso, e o governo imperial teriajá feito o ·que praticou em Zanzibar.

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47 Existe, porém, outro motivo que tem obstado essa terrivel crise de separação, que terá de ser dada em nosso Brasil: é que os nossos teutos não desejam fazer parte do imperio, como colonia, como dependencia politica; aspira·n á formação de um novo Estado, um Estado soberaila, independente, como era o Transwaal, como são os Estados- U nidos e hão de ser o Canadá e a Australasia. Quando se sentirem fortes, pelo numero e pela riqueza, para nos afrontar, darão o signal de se constituirem politicamente á parte, O g.)verno brasileiro ha de sair a campo para contel-os; travar-se-á lucta; a Allemanha, então, intervirá com forças militares, porque não ha de consentir que deríco William Wile. O artigo é admiravel gurança de critica.

de lucidez,

de logica e de se-

Trata da influencia que os allemães procuram exercer em todo o Brasil. ' Refere-se á navegação, ás estradas de ferro, aocommercio bancaria, ao commercio importador e exportador, ás industrias fabris e até á propria lavoura de café, de cacáo, de algodão, etc. O SI' Frederico William Wile, no que se refere á colonização do Brasil meridional, chegou a conclusões que são identicas aquellas a que ell proprio tinha chegado de muitos annos a esta parte. Peço licença á illustre redacção do Jornal do Commercio, para inserir n'estas paginas alguns periodos do brilhante estutlo da Fortnightly, sómente dos que se referem á coloni7.ação ger!l}anica das regiões meridionaes de nossa patria. N'uma coisa, porém, se engana o sr. Frederico W. Wile-, e é quando parece suppôr ter sido alguma coisa

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58 de no\-o o protesto do sr. Barbosa Lima, no Congresso Brasileiro, contra a desnaâonali-zação crescente do Brasil

meridional. Bem antes d'esse illustre politiC'o, por cerca de: trinta annos seguidos tenho deixado igual protesto em quasi todos os meus escriptos.

E aqui vae uma rllpida

indicação

de

alguns

dd-

les: I. o N o lO vol. da Historia da Litteratura Brasileira, no artigo consagrado a Hippolyto da Costa;

2,° No mesmo volume. no artigo que trata conde de São Leopoldo;

do Vis-

3.° No 2° volumE, no estudo que se rclere ao Barão de Paranapiacaba ; .izde recursos illimitl\veis, rivali¡r.nnd •., em va·· rieilnile e calculada I'Îqll~ZIl.com 1\ grnnd\'l riqueza Daturlll dOli E!ltado!l-lJllidoR e habit,ado porulll povo latino infcrior que não ,~ apto, q lier pela nar,uJ:eza Ilner pela educação, para dl'IIHnvol·· ver o \COllomko neR!lE~ -'l'ena de Pl'omisllão ESRe allllejar por um petlllço ùe t.erritorio ahaixll do Equa 'flor Occillent.al tem, poi!!, lULRemais real do que as a~piraçõe!1 @cntiment.aes ile IIIIl Imperll1lor alllbicioso ou ILparolllgem ja .. cohina dos Pan-Gerlllanos. Nasceu da neeeSllidarle prf}puIRorB. e teru de !ler satisfei w, segundo aO(liniâo dos seul! al)()lItolos. ILlUlnH'S que Il AlIomanha tenha de ficar na ralllltlillla do:l)lái¡r.e~1 rivae~. contente COlDo lUlUl/:lorioRo pal'lsadoe indifferellte pelo n

sen

f!lt Il l'O.

~eria um inRuJt.o ao varonil gerllJ:tuisnJ'O da época tl•• 1111.perador Guilherme alimentar ILillllsã.~ de que o Reu pov,) 80nha ~1I1 resignar-se II.semelhante altel'llatl\"a,

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61 A germanizaçiio do Brasil não é projecto do seculo vigeBilliO. Está em andl\meuto lilt llIai¡;¡ de oitenta I\UUOS,.,,1II!lora ~~ se t'.'llha. realizaùo aggl'eMivulneute durante Il. IIlr,illllt década, coincÍllindo isso como uascÏIlleuto e cresciment,o do exagerad() Illovimellto cxpall!;iolliRta clluhecitlo por Puu-GerJlluniRllIo. Actuallllente aR RuaR 1.800 ou 2.000 milhas qlladrllda¡;¡ de 8upm'ficie eMt.ão deusalllent.e cheias de cidaeles e villas pl'ollperail, em qlle o olememt,n allelllllo, t\ullndo nilO exclusivo, é acabrun hadoraultlll to predominaute. COlli estaR lHI¡;¡e¡;¡ formOIl-Rtl em 1897 a Companhia de C%nisarão II"nseati('a de l1a7/llJllrgo, COIllO~uccess()J'a. da 1\11tiga Sociedade C%lli¡;adorn tie Hamburgo. Tem ella UIII capilal nomiual de £ 65.000, 3.500 Illclllbl'ml e 11m orgãn official. Embnrll. não seja >obre aRJlcctn algllllJ uma empreza govelnlulIcntal, recebeu o l'econhecimellto uflicial em 1898 por meio de mna pa-

tente o.Dicinl. Além di¡;¡so, ORque a sustentam .ãn rccrutadoH ua¡;¡ fileiras d'ls Cllpitlllistas, armadores e expnrtadorcp, clljm; intel'esst'lI os allialll iURcparn\'elllwllte a todos OR clUIlI'tmelldilllcnt.os ult.ramarillol'< da 4.1I"lI1aulll1. A COll1pallhin mantem uum Cllsa matriz em IIlIlI1hul'go c Iilines de propaganda. por todo o Imperio. ASRigllalon o ~eu III1RcÏmento ohteDllo do Governo do Estado de Hauta (:alùllrinl\ u lila conccssão tel'l'itorial de 1;075.0UO gCi-rllS, qlW, acc.el\ClHlladas ao que lhe legou a sUIt.nlltccessors. coulltitutl ulIIa POS8Cll¡;âo actual de cêrca de \.600.000 geiras. E~se cnorllle tenitorio é conhecido pelo nOllle de • Colonia Hun¡;¡Il" COlltunelll, porém, manter Te8istencia fil'we a plldilioll.

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.Se companhia8 ou E8tad08 e8trangeiros quizerem conce8sões .do governo do Rio de Janeil'O, obtel-a8-hão. Não são, porém, .possi veis no Bra8il triumphos reile8-·e cumpre LOrn at: i8to bem «3rnphatico-por meio de tentntiva8 isolnda8 pOl' parte de «'nliividuo!' Oll peqnena8 corporaçõo8, ma8 s6mente Ile o. capital «'l.lIemão, 8ustentario pela opinião publica e pelo governo ((.,dlemão, 8e voltar parR o Bra8il. «Ninguem espora que o governo allemãojá. 1'0881\ impôr-8e «pela força no Brasil. E' dev6l' do governo proteger e fomentar 008 intereilBl'8 existentes; mas umu. ve? e8tahelecid08 08 inte«re88es precizalllos ter certeza que o governo hupllrilll intervirá «mn 1WSSOfallor cOm mais vigor possive!.)) Talvez a. confiS8ão mlli8 signifiMtiva da.s Mpimçõcs allemães no Hl'lI.sil jálllaiR feita por entida.le responsllvel seja um a.rtigo publicado em 1903 pelo Grenzboten de Leipzig, reviilta !!emanal influente, cujo ca.racter semi-olJicia.1 se firmou com o facto Ile ba.vel' sido elhl escolhida como o vehieulo para trllzer a) conhecimento do publico o celebre manifesto religioso do impemdor Guilhenne, Depoi •• de mostl'll.r que a A!Iia e8tava !le tOl'llllndo cada vez mai!l rUS!Ia e a Africa IIIai8 ingleza, perguuLou o Gren.rbotcn 8B 08 Allemães deixariam trancar-lhos o restante continente di8poni vel (a. America do Sul) e nccrescentou: «Sobretndo, 08 emprehendimentos a.lIemães na America «do SnI (levem evitllr nm deSperdicio de forças concentrando a «Rita 6/lergia nos tres Bstados mais meridiollaes do Brasil. No «sul do Brasil, segUlld.) a opillião do~ competentes, existem 11.8 1(/lIe1hores condições para o de8en vol vimellto da colonisação e aOS Allcmãetl qne alli !Ie teem estabelecillo, teem comervlldo (latravés dl> cinco gerllçÕf\S ~ Rna ideuti(lade allemã. O estaba«lacimellto de Consulados AlIemãe8 ImplH'îaeR em Curityba, «Desterro, Porto Alegre e Rio Grande prova que já começamos «a p¡'ep(lrar esslIs áreas fligantellcas. Do mesmo modo que o «velho e8cl'iptor Vou 11er l(p,ydt prohibio ontr'ora a emigração (lallemã pam (,)Bmsil, de\'ell108 agora VOla.r lei8 cOll8t,ituilldo «crime pa88ivel de punição pam Allemães o emigrarem para «outros paizes que lliio o Brasil. «Logo que houvermos trazido o Sul do Brasil para dentro «da n08sa esphera de interes!le, poderemos garantir a08 colonos (lde"envolvilllellto absohltament.e trllnquillo, Ia.uto mai!l quanto (lOcapi talllllemito lilt de natu l'al rnllll te, em taes ci rcumst,1II1ciIl8, Glier induzido a intere8sar-8e largamente 1'01' essa8 secções. «Devemos, todavia, glmrtlar-nos de transplantar 08 buroacrats8 nllemães para o B\'lli>il,

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66 "Conl'edamos ao pail! tanto Govelono a1ttotwmo g/tanto p088i,'elo j)eixenwl·o ser governado por ftlllcIJionarios criad"lI e educados lá, e Q1'ganizemos 11m exercito colonial em que todo "indifliduo faça o selt tempo de serviço militar SMn voltar li A lieo/lI(I¡,ha. ])evemos tamhem ao Brasil I\S preferencias da tarifa "da nnçãll mais favorecida. "Então, dentro de IIlguDs snnoEl, vet'emos surf/ir do O1ttr(} "lado do Atlantico um vigoroSf) hnperio Colonilll Allemã