JORNALISTAS SEM JORNAL: a “blogosfera progressista” no Brasil 1 JOURNALISTS WITHOUT NEWSPAPER: the “progressive blogosphere” in Brazil Eleonora de Magalhães e Afonso de Albuquerque 2 Resumo: O artigo se propõe a analisar o fenômeno da blogosfera progressista, que se desenvolveu no Brasil nos últimos anos tendo em vista a combinação de três fatores fundamentais: 1) novas tecnologias da comunicação (a internet); 2) uma cultura profissional que percebe as organizações jornalísticas como um obstáculo ao pleno desenvolvimento do jornalismo; 3) o fortalecimento do jornalismo partidário, especialmente na América Latina - relacionado à “virada à esquerda” que levou ao poder agentes que, historicamente, ocuparam papel marginal no cenário político. Palavras-Chave: Jornalismo politico; Blogosfera; Partidarismo Abstract: This article explores the so-called “progressive blogosphere”, which has been developed in Brazil in recent years as a result of the combination of three factors: 1) new communication technologies (internet), 2) a journalistic culture that perceives news organizations as an obstacle to the full development of journalism; 3) strengthening of partisan journalism, especially in Latin America - related to the "left turn" that led to power agents that historically occupied marginal role in the political arena. Keywords: Political journalism; Blogosphere; Partisanship

A Globo leva despudoradamente 70% das verbas publicitárias do governo federal, que paga para apanhar. Mas basta esse mesmo governo anunciar em algum blog progressista para ser chamado às falas pela velha mídia, que posa de vestal, e o veículo ser tachado de chapa branca. Conceição Lemes, blog Viomundo (31/03/2013)

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Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Comunicação e Política do XXIII Encontro Anual da Compós, na Universidade Federal do Pará, Belém, de 27 a 30 de maio de 2014. 2 Doutoranda em Comunicação pela UFF, [email protected]; doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ, Professor do PPGCOM/UFF, [email protected].

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Há duas maneiras principais pelas quais se pode interpretar o enunciado reproduzido acima. A primeira relaciona a distribuição das verbas publicitárias do governo entre os meios de comunicação a uma questão mais abrangente, relativa à democratização da mídia. É o enfoque da economia política da comunicação. A outra aponta para o predomínio de uma perspectiva político-partidária acerca da mídia, opondo a “velha mídia” conservadora aos “blogs progressistas”. Deste ponto de vista, contemplar com mais recursos os adversários que os aliados não é apenas equivocado do ponto de vista ético, mas também do estratégico. É “pagar para apanhar”. É esta perspectiva que este texto pretende explorar. Ele busca dar conta da emergência da “blogosfera de esquerda” (também chamada “blogosfera progressista”) como um agente político no Brasil contemporâneo e identificar algumas de suas características particulares, tendo em vista mudanças mais amplas verificadas no plano do jornalismo, especificamente no que se refere às suas relações com a política. O papel desempenhado pelos blogs como elemento de tensionamento e renovação do jornalismo tradicional tem sido objeto de atenção frequente por parte de pesquisadores no Brasil e no exterior. A primeira geração desses estudos contemplava a questão principalmente do potencial de renovação dos blogs, em função das características tecnológicas do meio – geralmente em torno da hipótese de que a internet possibilitaria a “liberação do polo do emissor” relativamente aos meios de comunicação massiva e considerava o fenômeno de uma perspectiva fundamentalmente individualista, isto é, os blogs eram entendidos como mídia pessoal (BLOOD, 2000; ESCOBAR, 2007; QUADROS, ROSA & VIEIRA, 2005; RECUERO, 2003; SILVA, 2003). Progressivamente o foco dos estudos se modificou de modo a dar conta de outras questões. Uma que mereceu atenção considerável diz respeito ao modo como jornalistas (e blogueiros) reivindicam autoridade interpretativa para as suas atividades, em um contexto no qual a fronteira entre elas se tornou crescentemente nebulosa (BAILEY, MARQUES, 2012; BENETTI, 2008; CARLSON, 2007; CHRISTOFOLETTI, 2007; KARLSSON, 2011; LOWREY, PARROTT & MEADE, 2011; PRIMO, 2008; 2011; SINGER, 2005). Um terceiro conjunto de pesquisas tem se detido especificamente sobre a relação que se estabelece entre os blogs políticos e o jornalismo tradicional (ALDÉ, ESCOBAR & CHAGAS, 2007; BORGES, 2011; CHIMENTO, 2008; 2010; DAVIS, 2009; GUAZINA, 2013; SINGER, 2005; SOUZA & PENTEADO, 2013; REESE, RUTIGLIANO, HYUN & JEONG, 2007).

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Este texto apresenta importantes pontos de contato com as duas últimas linhas de investigação. Diferentemente delas, contudo, ele centra o seu foco no fenômeno da “blogosfera progressista” tendo em vista a sua dimensão de “ecossistema midiático”, em vez de considerar os blogs ou blogueiros políticos em si mesmos. O artigo se propõe a entender o desenvolvimento da “blogosfera progressista” tendo em vista um conjunto de circunstâncias específicas ocorridas no Brasil. Dois aspectos em particular merecem destaque em nossa análise. O primeiro deles diz respeito às mudanças políticas que tiveram lugar no país, a partir da eleição do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Luis Inácio Lula da Silva como presidente do país em 2002, que rompeu os padrões de relativa proximidade que se estabeleciam até então entre a grande mídia e os governos federais. O segundo se refere à premissa de que o verdadeiro jornalismo só poderia ser realizado fora das organizações jornalísticas tradicionais, em face das restrições que seus compromissos políticos e econômicos apresentam à autonomia do trabalho dos jornalistas, cujas origens remetem à imprensa alternativa das décadas de 1960/70 (KUCINSKI, 1991).

A Imprensa Alternativa, ou a Verdadeira Independência Jornalística A existência de uma “blogosfera progressista” seria, evidentemente, impossível se não fosse a existência de um conjunto de dispositivos tecnológicos – “os blogs”, “a internet”, “computadores ligados em rede” ou seja qual for o modo como queiramos chamá-los – capaz de permitir a veiculação de mensagens para um vasto público a um custo bastante reduzido. No Brasil, os fundamentos por detrás da “blogosfera progressista” podem ser remetidos a um passado mais remoto, para o ideal de um “jornalismo sem jornal” (pelo menos na sua dimensão corrente de organização capitalista, voltada para a obtenção de lucro) que encontrou o seu caráter exemplar na experiência da imprensa alternativa que teve lugar no Brasil durante o regime militar que vigorou entre 1964 e 1985. Embora paradoxal à primeira vista, o “jornalismo sem jornal” não tem nada de novo no Brasil. De fato, ao longo de praticamente todo o século XIX esse foi o modelo predominante de jornalismo praticado no país, embora no caso isso se devesse antes à incipiência de recursos físicos e organizacionais do que uma opção consciente. Em sua enorme maioria, os veículos jornalísticos do período consistiam de panfletos políticos com pequenas tiragens, produção irregular e vida curta (LUSTOSA, 2000). De fato, a institucionalização do jornalismo brasileiro foi um processo lento, que se desenrolou ao longo

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do século passado e cuja forma moderna remete às reformas jornalísticas da década de 1950, dentre as quais a do Diário Carioca se tornou a mais conhecida. É bem difundida, no meio acadêmico brasileiro, a concepção de que a principal contribuição dessas reformas foi a introdução de uma nova cultura jornalística estruturada em torno do ethos da objetividade jornalística. Contudo, essa percepção parece bastante limitada e, no limite, equivocada para dar conta da questão. De fato, há poucas evidências de que os jornalistas brasileiros tenham, a partir de então, guiado suas práticas profissionais pelo código da objetividade. A verdadeira contribuição dessas reformas está em outra parte: a construção de um conjunto de dispositivos de controle centralizador da produção da notícia – com destaque para o papel desempenhado pelo copidesque e pelos manuais de redação – e uma cultura jornalística associada a eles (ALBUQUERQUE & GAGLIARDI, 2011; BIROLLI, 2007) A cultura autoritária do jornalismo brasileiro antecede a implantação do regime militar, mas ela deu à questão novos toques de dramaticidade. A atuação independente dos jornalistas se viu drasticamente restrita, embora isso tenha se dado de maneiras diferentes: alguns jornais, como a Folha da Tarde, aderiram entusiasticamente ao regime (KUSCHNIR, 2004), outros estiveram submetidos à censura prévia (AQUINO, 1999) e um terceiro grupo operou dentro de um sistema de autocensura, que implicou em certa dose de aquiescência com a censura, ainda que motivada por uma sensação de medo difusa (SMITH, 2000). Segundo Kucinksi (1998), estes últimos deixaram o legado mais perverso para o jornalismo, uma vez que a autocensura se tornou uma prática difundida nas redações. De fato, acreditamos que o regime militar teve um papel no aprofundamento dessas relações, mas o sistema só pôde funcionar na medida em que o sistema centralizado e autoritário implantado pelas reformas modernizantes da segunda metade do século passado assim o permitiram. A imprensa alternativa ofereceu um caminho para o exercício do jornalismo – entendido de forma bastante ampla – fora das amarras que se apresentavam na imprensa tradicional. Contudo, ela não é a única experiência de “jornalismo sem jornal” que preparou os caminhos para o advento da “blogosfera progressista”. Igualmente relevante é o papel que os sindicatos de jornalistas desempenharam nesse processo. O assassinato de Vlado Herzog nas dependências do DOI-CODI ofereceu um ponto de virada a esse respeito. Em face da timidez demonstrada pela imprensa tradicional na cobertura do assunto (PEROSA, 2001), o jornal Unidade, do sindicato dos jornalistas de São Paulo, desempenhou um papel ativo na cobertura do fenômeno. Ao longo das décadas de 1970 e 1980 as relações entre os sindicatos

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de jornalistas e empresas pioraram significativamente, tanto por razões econômicas quanto políticas. Muitos deles viam o processo de redemocratização como uma oportunidade para o exercício de um jornalismo mais ativo e engajado, e percebiam a lógica empresarial das organizações jornalísticas e seus compromissos com as classes dominantes como um empecilho à realização da verdadeira vocação emancipadora do jornalismo. Esses conflitos levaram a uma greve dos jornalistas em 1979 e estabeleceram as bases de um afastamento político persistente entre os “patrões” e a base “emancipadora” constituída por jornalistas de esquerda, dos quais muitos eram alinhados com o PT (ROXO, 2013).

O Jornalismo Político e a “Virada à Esquerda” A análise do contexto que tornou possível a existência da “blogosfera progressista” não seria completa se não considerássemos um conjunto de fenômenos recentes que favoreceram o incremento de uma lógica político-partidária no jornalismo. O primeiro ponto a se destacar é que essa tendência não é exclusiva do jornalismo brasileiro. Nos Estados Unidos, por exemplo, o modelo de jornalismo informativo ancorado na ideia de objetividade entrou em franco declínio a partir da década de 1980, como resultado de inúmeros fatores, dentre os quais o “fim do consenso da guerra fria” (HALLIN & MANCINI, 2004). No decorrer deste século, a tendência de polarização política do jornalismo americano se aprofundou consideravelmente, o que resultou no aumento de veículos dirigidos a nichos políticos específicos (STROUD, 2011). O processo de partidarização explícita da cobertura jornalística adquiriu novos tons de dramaticidade nos países cujos governos “viraram à esquerda”, como o Brasil. Não se trata, aqui, de discutir se as políticas do PT, partido que controla a presidência há três mandatos consecutivos, podem ser efetivamente qualificadas como de esquerda, mas de uma percepção comum de mudança de rumo político em diversos países da América Latina – Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Uruguai, Venezuela, entre outros – que a literatura consagrou sob o rótulo left turn. Dois aspectos podem ser destacados a esse respeito. Por um lado, a noção de “virada à esquerda” contempla processos que são muito diferentes entre si. Para os críticos vinculados a uma perspectiva liberal/conservadora, esses países se distinguem claramente em dois grupos: de um lado países cujas políticas de esquerda estão mais próximas de uma tradição socialdemocrata, como o Chile, o Uruguai e o Brasil; e outros, cujo socialismo de cunho populista apresentaria fortes componentes autoritários e institucionais (CASTAÑEDA,

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2006). Embora essa perspectiva tenha se tornado objeto de diversas críticas (cf. CAMERON, 2009; LUPIEN, 2013), tanto no que concerne à nitidez da distinção estabelecida, quanto às suas premissas ideológicas, ela serve ao menos para nos atentar sobre a necessidade de entender o processo em termos mais complexos do que o de um processo homogêneo supostamente seguido pelo conjunto dos países da região. Por outro lado, a “virada à esquerda” dos países latino-americanos deve ser compreendida à luz de uma mudança mais ampla no equilíbrio global, caracterizada pelo relativo declínio dos países ocidentais e o advento de novos agentes, como por exemplo os BRICS – aliança internacional composta por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (ALDEN & VIEIRA, 2005; DAUVERGNE & FARIAS, 2012) Do ponto de vista da relação entre mídia e política, a “virada à esquerda” tem duas consequências principais. No plano interno, ela perturbou a “natural” relação de proximidade entre jornalismo e governo. Como regra geral, a bibliografia existente no campo da comunicação política – principalmente aquela de origem anglo-americana – tende a supor uma tendência “oficialista” implícita no trabalho jornalístico, resultante do seu método de produção de notícia, que dá especial valor a fontes ocupando um lugar de autoridade. Contudo, a “virada à esquerda” no Brasil, em 2002, levou ao poder um conjunto de agentes que, historicamente, ocuparam um papel marginal no cenário político, e cuja relação com a mídia tradicional foi atravessada por desconfianças recíprocas. As tensões latentes explodiram após o escândalo do Mensalão, que estourou em 2005 e se tornou uma pauta permanente da imprensa desde então. Para desencanto de muitos jornalistas e lideranças da mídia tradicional (PORTO, 2011), tal cobertura negativa não teve um impacto decisivo nas eleições: o presidente Lula se reelegeu com alguma facilidade, ainda que no segundo turno, e teve sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff, eleita presidente do país em 2010. A percepção, por parte desses setores da imprensa, de que sua influência junto à opinião pública estava em declínio – ou pelo menos havia se tornado incapaz de impactar no resultado das eleições – e de que os partidos políticos de oposição se encontravam fragilizados levou a que alguns setores da imprensa reivindicassem o exercício de um papel ativo na oposição ao governo petista, como ilustrado pela seguinte declaração da presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Maria Judith Brito:

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A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo 3

A essa percepção de declínio político no âmbito nacional, somam-se preocupações resultantes dos conflitos entre imprensa e governo nos países vizinhos, envolvendo acusações recíprocas de comportamento antidemocrático, cancelamento de licenças de transmissão televisiva e leis de regulamentação dos meios de comunicação (CAÑIZALES & LUGOOCANDO, 2008, MAUERSBERGER, 2012). Tais mudanças serviram de base a uma série de acusações, por parte de setores da mídia tradicional, de que o governo e, ainda mais, os militantes do PT – ou, como se tornou corrente dizer, o “lulopetismo” – estaria engajado em práticas sistemáticas de ameaça à liberdade de imprensa. São essas circunstâncias que ofereceram um ambiente bastante fértil para o surgimento e expansão da “blogosfera progressista”.

A Blogosfera Progressista Nesta parte, buscaremos lançar luz sobre a “blogosfera progressista” como objeto de estudo, pivilegiando três aspectos: 1) quem são os agentes que compõem esse campo midiático; 2) como se articulam; 3) que concepções compartilham sobre jornalismo. A “blogsfera de esquerda” deve ser entendida enquanto articulação em rede de diferentes agentes, que incluem jornalistas-blogueiros, geralmente no papel de protagonistas, compartilhando espaço com outros agentes, tais como blogueiros não-jornalistas e setores da mídia tradicional – como a Rede Record e a revista Carta Capital – com conexões no ciberespaço. Essas relações abarcam, ainda, setores da mídia que ocupam um lugar intermediário ou ambíguo entre a mídia tradicional e os “blogs progressitas" – como o jornal digital Brasil 247. Vale mencionar que os principais agentes da blogosfera tornaram-se conhecidos também como “blogueiros sujos”. Cunhada pelo candidato do PSDB à presidência José Serra, a expressão se tornou pública em agosto de 2010, quando este acusou o governo federal de financiar “blogs sujos” durante um discurso ao 8º Congresso Brasileiro

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http://oglobo.globo.com/politica/entidades-de-imprensa-fecomercio-estudam-ir-ao-stf-contra-plano-dedireitos-humanos-3037045#ixzz2HndMBDbY

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de Jornais. Desde então, caiu no gosto dos “progressistas” e passou a denominar o espaço na blogosfera daqueles que se opõem à grande mídia e se identificam à esquerda no espectro politico brasileiro. Para esta análise, estabelecemos categorias visando a melhor compreender os agentes integrantes da “blogosfera de esquerda”. Assim, estes serão subdivididos em três grupos: a) “blogueiros jornalistas”; b) “blogueiros ativistas políticos”; e c) “mídia”, compreendida como a faceta online de jornais, revista e emissoras de TV. É importante esclarecer que tais categorias não são excludentes, havendo inclusive certo contínuo entre elas promovido por meio da articulação entre esses agentes. Nesse sentido, cabe ainda ressaltar que o subgrupo “blogueiros jornalistas” é definido menos em relação à formação universitária em comunicação/jornalismo e mais quanto à experiência do blogueiro como jornalista e a um status conquistado por ele em virtude da atividade profissional na imprensa tradicional (e que, portanto, precede a sua entrada na blogosfera).

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- blogs de jornalistas Os “blogueiros progressistas” com maior visibilidade são, majoritariamente, jornalistas. Entre os mais populares (TAB. 1) ou expoentes estão os blogs de Luís Nassif (hospedado na página jornalggn.com.br), Paulo Henrique Amorim (Conversa Afiada) e Luiz Carlos Azenha (Viomundo, feito com a contribuição da também jornalista Conceição Lemes). Esse subgrupo da blogsfera se distingue dos demais por ser composto por “jornalistas profissionais” – o que engloba o título de bacharel em jornalismo (diploma), mas principalmente a prática profissional forjada em anos de redação (o que configura “experiência”).

Dentre os blogueiros de maior destaque, estão jornalistas egressos da grande mídia (TAB. 2). E o curriculo com passagens pelos principais jornais, revistas e emissoras de TV do país costuma ser evidenciado pelo blogueiro, seja em seu perfil no blog, seja quando para reafirmar seu lugar de “autoridade” (no sentido trabalhado por ZELIZER, 1992). São, portanto, jornalistas que carregam certo capital social para a blogosfera e se valem dele para demarcar um território de centralidade em meio às relações estabelecidas com os demais agentes. Caracterizam-se, portanto, como intérpretes influentes dos acontecimentos, como espécie de “núcleo duro” da “blogosfera de esquerda”. Mas nem todo blogueiro será um jornalista. Alguns querem contar as experiências pessoais, outros querem dar opiniões. Nesse amplo universo, existem alguns

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especializados, como o blogue da NaMaria, que é uma especialista em Diário Oficial e levanta tudo com uma competência que nunca vi um jornalista fazer. Cada área terá um especialista (NASSIF, 2010).

- blogueiros ativistas políticos Também importantes para a concepção da “blogosfera de esquerda”, dela fazem parte profissionais sem experiência de destaque na imprensa anterior à existência do blog. Considerando as palavras de Nassif de que antes de 2006 a blogosfera não era mais que “quatro ou cinclo blogueiros” (NASSIF, 2009, p. 25), encontraremos entre os fundadores desse movimento diferentes perfis. Alguns, começaram sua atuação na blogsfera de forma “tradicional”, usando os blogs como versões modernas dos “diários pessoais” (cf. Garden, 2012; Primo 2008), como a historiadora Conceição Oliveira, atualmente colaboradora do Viomundo e responsável pelo blog Maria Frô, desde 2005 na blogosfera. Outros, porém, já nascem com a proposta de fazerem crítica e serem alternativa à cobertura política feita pela “imprensa golpista” (“opositora do governo do PT”), como o blog Por um novo Brasil, da enfemeira Jussara Seixas, criado em 2005. Na categoria “ativistas políticos”, ainda podemos encontrar blogs protagonizados por jornalistas reconhecidos não pelo diploma em Comunicação, mas pela atividade política que exercem. É o caso do Tijolaço, blog de bastante visibilidade dentre os da “blogosfera de esquerda”, criado por Brizola Neto (PDT) em 2009 e suspenso quando este ascendeu ao cargo de Ministro do Trabalho do govern Dilma; hoje a cargo do jornalista Fernando Brito. Nesse exemplo particular, é o passado político da família Brizola, e não o currículo de um jornalista, utilizado como credencial para o blog. Outro exemplo é o de Altamiro Borges (Blog do Miro), jornalista, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, página que “institucionalmente” reúne os “blogueiros progressistas”, e militante do PCdoB filiado no fim dos anos 70 (eleito membro do Comitê Central do partido desde 1997). No universo da “blogosfera progressista” habitam, ainda, blogs e sites de movimentos sociais (a exemplo do Movimento Mães de Maio) e partidos políticos, como o blog PT na Câmara, da liderança do PT; e Vermelho, do PCdoB. Este último ocupa o posto de maior site “.org brasileiro” e tem jornalistas como principais responsáveis.

- mídia

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Também consideramos como vinculados à “blogosfera progressista” meios de comunicação relacionados ao formato “tradicional” de imprensa, ou seja, jornais, revistas e emissora de TV. Alguns existem apenas online, outros, por suas vez, foram criados a partir de sua versão fora do universo virtual. Entre esses, há meios de comunicação tradicionais, já bastante familiares à audiência, mas que tendem a se popularizar na rede através do estabelecimento de vínculos com a blogosfera. Um bom exemplo é a Rede Record, que nos últimos anos tem se configurado como a principal concorrente da Rede Globo, ameaçando a supremacia da emissora carioca em matéria de audiência. Uma das estratégias adotadas, além da cobertura jornalística politicamente divergente da feita pela concorrência, foi estabelecer laços formais com a “blogosfera de esquerda”. Assim, blogueiros expoentes como Paulo Henrique Amorim, Luiz Carlos Azenha e Rodrigo Vianna, paralelamente à atuação “independente” à frente dos próprios blogs, compõem o elenco de profissionais contratados da emissora paulista. O blog Socialista Morena, da jornalista Cynara Menezes, é outra face da mesma moeda no que diz das relações de troca de capital simbólico na blogosfera: tem endereço vinculado à página de Carta Capital4, cujo status ou fluxo de leitores já conquistado pela revista contribui para gerar visibilidade ao blog. Um aspecto interessante a ser ressaltado sobre a “blogosfera progressista” é que ela é capaz de subordinar a “mídia tradicional” a seu espaço. Isso ocorre no dia-a-dia dos blogueiros, que se apropriam de conteúdo politico produzido pela mídia, incorporando-o à rede e promovendo novas interpretações (que, em geral, subvertem o sentido originalmente pretendido pelos grandes meios de comunicação brasileiros, rivalizando com eles).

- articulação É possível verificar a atuação desses múltiplos agentes, por meio de laços que conectam um blog ao outro, dando contornos mais definidos à “rede progressita”. Esses laços de solidariedade (MAUSS, 2003) com outros blogueiros não apenas contribuem para a construção da chamada “blogosfera progressista”, mas atuam na demarcação de seu território. Uma característica dos blogs habilmente empregada em favor do reforço da “autoridade jornalística” dos blogueiros é o uso de links e citações mencionando postagens 4

Desde 2002, quando explicitou sua opção pelo então candidato Luis Inácio Lula da Silva (PT) à presidëncia, mantém-se declaradamente a favor das candidaturas petistas à presidência.

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presentes nos blogs uns dos outros. Isso contribui para validar a notícia, bem como a perspectiva adotada e defendida como certa ou “a verdadeira” pelos blogueiros, promovendo coletivamente a autoridade interpretativa da blogosfera. A presença de links conectando diferentes blogs funciona, ainda, como vínculos permanentes que, ao se sobreporem e somarem-se uns aos outros, agregam paulatinamente novos blogs, construindo a estrutura desse espaço de convivência e produção de sentido que é a “blogosfera de esquerda”. Mas se a construção de uma rede de compartilhamento se acentua através dos links, não se concretiza apenas por meios deles: os blogueiros progressistas costumam citarem-se entre si, mencionar uns aos outros, formando-se como grupo coeso, apesar de heterogêneo. Nessa teia de links e referências inter-blogs, é possível identificar “nós” centrais e outros periféricos, e isso impacta no grau hierárquico ou de importância que cada agente atinge na blogosfera. Quanto mais central, com mais agentes orbitando a seu redor, maior tende a ser o destaque do blogueiro e sua capacidade de difundir conteúdo relevante em longo prazo para a respectiva rede, bem como disseminar interpretações, apropriando-se para isso, inclusive, dos produtos da grande mídia. O conjunto de “nós” compõe, portanto, o núcleo duro da rede. Outros blogs, apesar de produzirem conteúdo próprio (vale lembrar que uma das características intrínsecas aos blogs, que chegou a promovê-los como “diários virtuais”, é o lado autoral da página), se caracterizam menos pelo quê publicam e mais por serem disseminadores de discussões de interesse da rede, cujo conteúdo provém, em geral, de algum outro blogueiro-progressista. É importante ressaltar o caráter dinâmico da rede. A popularidade de cada agente é construída coletivamente, cotidianamente. E pode sofrer variações. Como houve com o blog Cafezinho, que até 2013 participava de forma modesta da blogosfera, mas se tornou central no debate em torno do caso que ficou conhecido como “Globogate”, ao dar início às denúncias sobre sonegação fiscal envolvendo a Rede Globo.

- valores compartilhados A articulação da blogosfera se dá em torno de algo que aparece como dado entre os “blogueiros progressistas”: a partidarização dos principais veículos de comunicação brasileiros, colocando-se em oposição ao governo do PT a fim de preencher o que se considera uma lacuna deixada pelo enfraquecimento dos partidos de direita. Uma expressão

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recorrente utilizada pelos “blogueiros de esquerda” para se referirem à grande mídia, em especial à Rede Globo, à revista Veja e aos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, é a sigla PIG (Partido da Imprensa Golpista). É interessante encarar a “blogosfera de esquerda” como parte de uma ecologia da mídia contemporânea no Brasil. Ao se inserir como alternativa de jornalismo, não compete específicamente com a mídia tradicional, mas dialoga e se constrói a partir dela. Apresenta, portanto, uma perspectiva que aponta para a politização da mídia. Algo que deve ser encaradao menos como desvio de jornalismo (o que ocorre quando ainda se está preso à dimensão do jonalismo informativo), mas como uma tendência de um processo de transformações que abarca a imprensa do Brasil e de outros países, como os Estados Unidos. O estudo de Stroud, loc. cit., relaciona a partidarização de meios de comunicação norte-americanos à competição por fatias de mercado, com o desenvolvimento de uma imprensa mais à direita ou à esquerda no espectro político motivada pela disputa de audiência. No caso brasileiro, a formação da “blogosfera progressista” não pode ser explicada apenas pelo componente mercadológico – apesar deste ocupar lugar de destaque para o entendimento do fenômeno. Aos avanços proporcionados pela comunicação em rede somamse: a) transformações políticas ocorridas com a eleição do candidato do Partido dos Trabalhadores em 2002, momento em que a esquerda passa a ser o referencial de Estado, de poder e, portanto, a ocupar o lugar de principal financiador dos órgãos de imprensa por meio da verba oficial gasta em publicidade; b) um movimento de crise da objetividade, principalmente entre os jorvens (MARCHI, 2012) que obriga jornais e jornalistas a repensarem seu posicionamento na sociedade de modo a garantir a sobrevivência de sua autoridade enquanto intérpretes do cotidiano, paralelamente ao imaginário de “imprensa livre e alternativa” compartilhado por esses profissionais, que tem suas origens ainda na década de 70 (KUCINSKI, 1991; SILVA, 2007). De modo geral, todos os blogueiros reivindicam formas de financiamento da blogosfera e responsabilizam o Estado (ou a administração do PT) como seu fomentador, devendo este “adotar políticas que incentivem a diversidade e a pluralidade, conforme previsto na Constituição”5. Porém, é possível identificar três vertentes de posicionamento adotadas pelos “blogueiros progressistas” em matéria de financiamento: 1) blogs que não aceitam verbas do governo federal (apesar de reivindicarem o incentivo para os demais), de 5

http://www.viomundo.com.br/opiniao-do-blog/o-leitor-que-me-fez-mudar-de-ideia.html

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empresas ou estatais. Caso do Viomundo, que desde 2013 passou a ser mantido por financiamento coletivo (crowdfounding) e do Maria Frô, que pede ajuda dos internautas para manter a página; 2) blogs custeados por publicidade pública ou de empresas privadas, como o Conversa Afiada; 3) blogs ou portais mantidos por entidade política, caso do Vermelho.org. E um dos principais valores aglutinadores da blogosfera é a articulação de seus componentes enquanto oposição ou alternativa à grande mídia. Entre os catalisadores que precipitaram a entrada de jornalistas de renome para esse o movimento de crítica à imprensa tradicional, estavam demissões, motivadas por crises nas empresas jornalísticas ou divergências desses pofissionais com a linha editorial adotada pelo órgão noticioso em que trabalhavam, acentuadas à época das eleições presidenciais de 2006, em que o candidato do PT concorria à reeleição com amplas chances de vitória. Como explica Azenha: Aurélio [Marco Aurélio Mello, ex-diretor de economia do Jornal Nacional em SP] ficou bolado quando, durante a campanha eleitoral de 2006, recebeu a recomendação do chefe do Rio: deveria tirar o pé de reportagens econômicas feitas em São Paulo. Explico: como a economia estava bombando, qualquer reportagem econômica feita em São Paulo poderia ter repercussões positivas para o “governo atual” (Lula era candidato à reeleição). Por conta disso e de outras situações, que pretende um dia relatar em livro, Aurélio não só não assinou o famoso abaixo-assinado de apoio a Ali Kamel, urdido depois da famosa capa da revista CartaCapital, entre o primeiro e o segundo turnos, como convenceu colegas a retirarem a assinatura. Demitido com requintes de crueldade, começou a contar suas memórias no Doladodelá [link para o blog], blog no qual frequentemente fala de seu desgosto com a podridão midiático-política que nos cerca. Contrariamente ao que se diz por aí, Aurélio é parte de um grupo de, por baixo, dez profissionais que se revoltaram abertamente contra aquele estado de coisas. Sinal de que Ali Kamel talvez mereça um prêmio por incentivar o empreendedorismo blogosférico 6.

Nesse momento, a existência de um suporte amplamente acessível (tanto a emissores quanto a receptores) para a veiculação das notícias, na forma dos blogs, possibilitado pelos avanços na comunicação em rede, aliado ao ideal construído durante o regime militar de “imprensa alternativa” propiciaram não apenas a migração de jornalistas de renome para a blgosfera, como o sentimento de que ali era o lócus para a consolidação do projeto de “jornalismo político independente”. No fim das contas, o que está em disputa é qual visão prevalecerá acerca de “como o jornalismo deve ser”, uma vez que é contestada a objetividade do jornalismo da “grande 6

http://www.viomundo.com.br/humor/a-virada-de-pagina-do-doladodela.html

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mídia” e sua legitimidade como defensora do interesse público. E se a imprensa brasileira tradicionalmente defende o dever moral de ser oposição ao governo, algo entendido como dever democrático, em virtude de um “esvaziamento” da oposição ao governo do Partido dos Trabalhodes, a blogosfera progressista reivindica não apenas o papel de “críticos à esquerda” da administração petista, como também de oposição, não ao governo, mas da própria mídia tradicional.

Conclusão Entender a “blogosfera progressista” é lançar luz sobre as transformações que envolvem o fazer jornalismo na contemporaneidade. O movimento de expansão dos “blogs de esquerda” aponta para a adaptação aos dias atuais de um ideal de “jornalismo independente”, construído algumas décadas atrás, bem como uma nova postura no que diz do jornalismo e sua relação com a política. Sintoma e ao mesmo tempo resultado de uma crise de crebilidade envolvendo os meios noticiosos tradicionais, a “blogosfera progressista” surge num cenário de reaproximação do jornalismo com a política e os partidos políticos de forma explícita – tando à direita quanto à esquerda. A atuação em rede dos “blogs progressistas” introduz novas nuances na cobertura política e é capaz de subordinar a mídia tradicional a seu ambiente de convivência. E isso cocorre seja quando da reapropriação, pela blogosfera, de conteúdo produzida pela “mídia oposicionista” ou mesmo quando ela incorpora agentes já tradicionais da imprensa. O advento das inovações tecnológicas, aliado às mudanças politicas ocorridas em pouco mais de uma década no Brasil, proporciou ambiente fértil para a proliferação desses “jornalistas sem jornal”, ou seja, desvinculados de uma empresa de comunicação e das hierarquia que permeiam o trabalho nas redações. E, apesar do fenômeno se configurar como “jornalismo autoral”, através dos blogs, ele só possui relevância política à medida que seus agentes atuam de forma articulada, fortalecendo-se e ganhando visibilidade através da construção desse espaço na rede que é “blogosfera de esquerda”.

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