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GOIABA DE MESA (Psidium guajava L.) Clóvis de Toledo Piza Jr. Ryosuke Kavati 1 - INTRODUÇÃO A goiabeira é uma pequena árvore esgalhada, com altura de ...
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GOIABA DE MESA (Psidium guajava L.) Clóvis de Toledo Piza Jr. Ryosuke Kavati 1 - INTRODUÇÃO A goiabeira é uma pequena árvore esgalhada, com altura de três a oito metros, com folhas persistentes. Os ramos novos são tetragulares, ligeiramente alados, de coloração verde e finamente pubescentes. Os ramos são redondos, tortuosos, com a casca lisa, glabra, delgada, castanho arroxeado-clara, que se solta em lâminas. As folhas são opostas, grossas, coreáceas, de coloração verde-amarelada, ligeiramente lustrosas na fase superior e pubescentes na inferior. As nervuras são deprimidas na fase superior da folha e salientes na lâmina inferior. A inflorescência é do tipo dicásio, isto é, a gema florífera do ramo do ano desabrocha, trazendo um botão na extremidade do eixo. Este possui na sua base duas brácteas opostas, em cujas axilas surgem dois novos botões florais laterais. Como conseqüência, as flores da goiabeira podem-se apresentar isoladas ou em grupos de dois a três, na axila das folhas de ramos em crescimento. São brancas, pentâmeras, hemafroditas, com quatro ou cinco pétalas; possuem numerosos estames e um único pistilo central, sendo o cálice persistente. O ovário plurilocular é formado por cinco carpelos sincarpos. A fruta é uma baga globosa, de tamanho, forma, aroma, sabor, espessura e coloração da polpa muito variáveis. Apresenta os lobos calicinais persistentes. Internamente apresenta um mesocarpo de espessura variável, contendo quatro a cinco lóculos cheiros por uma massa de consistência mais fluida, onde estão as sementes. 2 - CLIMA E SOLOS A goiabeira adapta-se bem às diferentes condições climáticas, provavelmente em função da grande variabilidade apresentada pelos diferentes clones. Admite-se, porém, que a temperatura ideal para o seu desenvolvimento e frutificação esteja entre os limites de 23º C e 28º C. Há indicações de que ela não se desenvolve bem em regiões onde a temperatura média dos meses de verão for inferior a 16º C, mesmo que no inverno não ocorram geadas. Abaixo de 12º ela não vegeta bem, suportando, porém, geadas leves, com temperaturas não inferiores a 1º C. Temperaturas de 2º C são, em geral, letais para as plantas novas e muito danosas para as adultas que, no entanto, se recuperam com relativa facilidade. A 4º C pode ocorrer a morte de toda a parte aérea da planta, permanecendo vivos, apenas o tronco e os ramos mais grossos. A vida pós-colheita dos frutos depende, em elevado grau, de temperatura média da região em que foram produzidos, razão pela qual admite-se que, para a produção de frutos de mesa, a temperatura mais favorável, nas condições do Estado de São Paul, esteja em torno dos 19º C. Regiões com precipitação entre 1000 e 2000 mm anuais são consideradas favoráveis à cultura, desde que as chuvas sejam bem distribuídas ao longo do ano, mas os frutos produzidos em condições de elevada umidade são pobres em qualidade. Períodos secos durante a fase de crescimento ativo, por outro lado, geralmente resultam em queda de flores e frutos novos. A insolação desempenha importante papel na fisiologia da planta, influindo não só no florescimento mas também na produção, já que os ramos internos da copa não frutificam e, com muita facilidade, secam e morrem. A sensibilidade da goiabeira a certos defensivos parece, também depender desse fator. A goiabeirta apresenta uma grande capacidade de adaptação, mas os solos preferidos parecem ser os de textura leve, profundos e bem drenados, com teor médio de matéria orgânica, sendo observado que plantas cultivadas em terras altas e secas produzem frutos mais aromáticos, saborosos e de mais fácil conservação.

Solos pesados e de drenagem lenta devem ser evitados. Em solos rasos e úmidos a planta desenvolve-se mal, ficando raquítica. Tolera, porém curtos períodos de encharcamento. A goiabeira apresenta grande tolerância à reação do solo, mas o pH ótimo parece situar-se entre 5,0 e 6,5. Quanto à fertilidade, apesar de a planta sobreviver em solos pobres a produção econômica de frutos de mesa exige elevada disponibilidade dos nutrientes essenciais. 3 - VARIEDADES O mercado de frutas frescas remunera melhor a goiaba de polpa vermelha, mas para a produção comercial as variedades de polpa branca devem ser as preferidas por apresentarem uma vida pós-colheita bem mais longa, como também por exalarem um perfume discreto, o que as torna mais finas e delicadas. Em São Paulo, a variedade mais cultivada é a Kumagai, ao que parece originada de um cruzamento da goiaba Australiana com a IAC-4, cujas plantas, de vigor médio, apresentam ramos longos, esparramados, sendo bastante produtivas. Os frutos são grandes, com 300 a 400g, arrendondados a oblongos, firmes, com a casca lisa e resistente, de coloração verdeamarelada quando maduros, apresentando uma polpa firme, saborosa, levemente ácida, com a cavidade cheia e com poucas sementes. Outra variedade de polpa branca com alguma aceitação entre os produtores é a Ogawa Branca nº 1, cuja planta apresenta crescimento lateral vigoroso e folhas de forma oblongo. Ela é bastante produtiva, originando frutos grandes, com 300g ou mais, de formato ovalado e com casca ligeiramente áspera, de coloração amarela quando madura. A polpa, espessa e compacta, é muito doce e apresenta poucas sementes. Dentre as variedades de polpa vermelha destacam-se os híbridos Ogawa, predominando nos plantios comerciais o Ogawa nº 1, que é originado do cruzamento da goiaba comum com a variedade Ceará. A planta, de porte ereto, é muito vigorosa, apresentando um grande número de brotações com característico crescimento vertical, sendo altamente produtiva. Os frutos são grandes, com cerca de 300g, de formato arredondado, casca ligeiramente áspera e de coloração amarela na maturação. A polpa é espessa, de coloração vermelha, compacta, suculenta, muito doce, contendo poucas sementes. A variedade Ogawa n.º 2, obtida pelo cruzamento da Ogawa n.º1 com araçá (vermelha), é uma planta de pequeno porte, com crescimento lateral e grande produtividade. Os frutos são de casca lisa, arredondados e grandes, com 300 a 400g, polpa espessa, firme, muito doce e com poucas sementes. A variedade Ogawa n. 3 foi obtida pelo cruzamento da Ogawa n. 1 com a Ogawa n. 2, sendo uma planta de crescimento lateral, com ramos voltados para baixo, muito sensível à seca, produzindo grande quantidade de frutos de polpa vermelha, formato oblogo, tamanho grande mas pouco saborosos. Outras variedades que têm tido aceitação por parte de alguns produtores são a Pedro Sato, Vermelha Periforme de casca rugosa, Sassaoka e Shirayama. 4 - PROPAGAÇÃO A propagação comercial de frutas de mesa exige que o pomar seja formado com mudas propagadas vegetativamente. Os métodos mais empregados com essa finalidade são a enxertia e a estaquia herbácea. A enxertia é geralmente feita por "borbulhia" de escudo, a 10-15 cm acima do colo da planta, em cavalos com mais ou menos um ano de idade. A retirada da borbulha é feita com um vazador, o que assegura que o tamanho do escudo contendo a borbulha e o orifício feito na casca do cavalo tenham as mesmas dimensões.

Para um bom pegamento da enxertia, há necessidade de alguns cuidados. Em primeiro lugar, é preciso escolher cuidadosamente os ramos que fornecerão as borbulhas: estes deverão ter a mesma idade da porção do porta-enxerrto em que vai ser a enxertia, de modo a apresentarem a casca com a mesma espessura da casca do cavalo., o que em geral significam oito a dez meses de idade, quando a casca perde a sua coloração esverdeada. Outro cuidado é preparar os ramos que fornecerão as borbulhas, removendo as folhas de 10 a 14dias antes da sua retirada da planta. Na enxertia, é importante recobrir toda a gema com fita plástica, deixado apenas um pequeno orifício, suficiente para o futuro broto emerger. A "borbulhia’ dá bons resultados quando feita nos meses quentes e chuvosos do ano. No inverno e na primavera, a garfagem é mais interessante, sendo que o método mais empregado é o inglês simples. Além do longo período exigido para a formação da muda, a enxertia apresenta ainda a desvantagem de uma taxa de pegamento relativamente baixa. Por essas razões, a multiplicação por estaquia hebácea tem tido boa aceitação, feita em câmara de nebulização intermitente, utilizando como estaca a extremidade ainda verde dos ramos novos. Cada estaca deve ter dois nós, com pares de folhas reduzidos à metade, ficando o inferior mergulhado no substrato. Essas estacas permanecem na câmara úmida por um intervalo de 2 a 2,5 meses, para enraizamento, após o que são transferidas para sacos plásticos com 21cm X32cm (3 litros de volume, cheios com um substrato formado por uma mistura de terra de subsolo, esterco de curral curtido e areia, na proporção de 5:3:1. Ai as mudas vegetarão e, quando estiverem com aproximadamente 25cm de altura, ou seja, quatro a cindo meses mais tarde, terão condições de ir para o campo. Dessa forma, por esse processo, que apresenta uma taxa de enraizamento da ordem de 60%, o tempo total de formação da muda se reduz para seis a sete meses . 5 - CALAGEM Por ocasião do preparo do solo para a implantação do pomar, deve-se efetuar uma boa calagem, com calcário dolomítico, na quantidade necessária para elevar a saturação por base à valores próximo de 70%. 6 - ADUBAÇÃO a) de plantio: As covas devem ser adubadas pelo menos 30 dias antes do plantio e desde que ocorram chuvas durante o período, com a seguinte mistura: - Esterco de curral curtido 20 litros - Superfosfato simples ou temofosfato 200 gramas - Cloreto de potássio 150 gramas Após o pegamento das mudas, o que se reconhece pela emissão de nova brotação pela planta, deve-se fazer uma cobertura a cada 60 dias, com 20 gramas de nitrogênio por pé e por vez, aplicados durante a estação das chuvas. b) de formação: Durante a fase de formação do pomar, aconselha-se o emprego de 90 gramas de N, 90 gramas de P2O5 de 90 gramas de K2O por ano de idade da planta, divididos em três parcelas anuais, aplicados no período chuvoso. c) de produção: Iniciada a produção, iniciam-se também, as adubações químicas, que precisam ser criteriosamente planejadas e executadas, dada a elevada exigência dessa cultura. As doses empregadas variam de 400 a 1250 gramas de nitrogênio por pé, durante o ciclo, dependendo do estado vegetativo da planta, da sua idade, vigor e, principalmente, da ocorrência ou não de bacteriose no pomar. Para o ajuste da dose de nitrogênio, deve-se levar em conta a qualidade do fruto obtido, pois o seu excesso origina a produção de frutos grandes, chochos e frágeis, além de favorecer o

aparecimento de rachaduras na sua superfície. Por essa razão, em culturas submetidas ao sistema de poda total, o seu fracionamento deve ser feito em doses decrescentes ao longo do ciclo. As doses de P2 O5 empregadas, geralmente estão dentro dos limites de 500 a 200 gramas, dependendo do teor do elemento no solo e, no caso das doses mais elevadas, da importância que os produtores de origem japonesa dão à adubação fosfatada. Dado o lento caminhamento deste nutriente no solo, pode ser aplicado em apenas uma dose anual. O potássio é o elemento mais crítico na adubação da goiabeira, exigindo que o ajuste da quantidade fornecida, dentro dos limites de 1200 a 2000 gramas de K2 O por planta e por ciclo, seja feito em função da qualidade do fruto obtido, uma vez que esse nutriente torna-o mais firme e colorido. Pela mesma razão, o seu fracionamento deve ser feito em doses crescentes, em culturas submetidas ao regime de poda total. Uma relação aparentemente boa entre nutrientes parece ser 1:1,5:1,8, equivalente às doses de 1000 gramas de N, 1500 gramas de P2 O5 e 1800 gramas de K2,O por planta e por ciclo. As adubações orgânicas são consideradas essenciais para esta cultura, possivelmente pelo fato de a planta ainda não ter sofrido um processo de melhoramento que selecione as mais aptas a serem cultivadas em solos minerais, pobres em matéria orgânica. Por essa razão, é usual o fornecimento de 150 a 200 quilos de esterco de curral por planta e por ano, em covas, ou o que é melhor, esparramados sobre a superfície do solo, em uma faixa em torno da planta, na periferia da copa. Dependendo do teor de N na matéria orgânica empregada, deve-se fazer o ajuste de nitrogênio mineral a ser fornecido. A aplicação dos fertilizantes deve ser feita, preferivelmente, em cobertura, em uma faixa distante do tronco, mas na projeção da copa e sob a área de molhamento da irrigação, de forma a torná-los disponíveis para a maior quantidade possível de raízes. Atenção deverá ser dada também aos teores de cálcio e magnésio do solo, procurando-se manter a saturação em bases próximas a 70%, atráves de calagens periódicas com calcário dolomítico. O boro e zinco devem ser fornecidos regularmente à planta. O boro deve ser empregado na forma de bórax, em uma aplicação anual via solo, na dose de 10 gramas por planta. Essa adubação é complementada por pulverizações foliares a cada dois meses com ácido bórico a 0,1% e sulfato de zinco a 0,3%, os quais podem ser aplicados em mistura com uma calda pesticida. 7 - PLANTIO O espaçamento mais indicado depende da variedade cultivada, especialmente do seu hábito de crescimento. Assim, para variedades de porte ereto, como a Ogawa nº 1, pode-se empregar o espaçamento de 6mX6m, enquanto as variedades de crescimento lateral comportam-se melhor no espaçamento de 7m X 7m. Para as culturas parcialmente mecanizadas, devem-se preferir os espaçamentos de 6m X 7m x 8m, respectivamente. Os plantios conduzidos em espaldeira são, em geral, feitos no espaçamento de 6 metros entre as plantas, nas linhas, por 3 metros nas ruas. As covas para plantio deverão ter as dimensões de 50cm X 50cm X 50cm, sendo preparadas pelo menos 30 dias de antecedência, desde que no período ocorram chuvas. O plantio deverá ser feito com cuidado, deixando-se a fase superior do torão ligeiramente acima do nível normal do solo, tendo-se o cuidado de retirar o recipiente que o protege. A operação poderá ser feita ao longo de todo o ano, desde que se disponham de mudas bem desenvolvidas e seja possível a irrigação no período seco. 8 - TRATOS CULTURAIS

Para permitir os tratos culturais, como poda, desbaste, ensacamento e colheita dos frutos, sejam realizados com maior facilidade além de aumentar a insolação e a ventilação no interior da planta, a goiabeira deve ser conduzida de forma a originar uma copa baixa, em forma de taça aberta. Para isso, a muda deve ser podada a uma altura de 50cm do solo, fazendo-se o corte em uma porção do tronco que já se encontre amadurecida, de forma que da brotação resultante possam ser escolhidos os três ou quatro ramos que irão formar a futura copa. Para cada ramo escolhido, fixa-se no solo um bambu com uma inclinação de 35º a 50º;os bambus se cruzam no próximo tronco, e neles são amarrados as pernadas, à medida que estas se desenvolvem. Desses ramos, permite-se a saída apenas de brotações laterais que são usadas para preencher os vazios da copa, de modo a se obter uma superfície frutificante a mais densa possível. Nessa estrutura, distribuem-se as unidades de produção, em geral mantendo entre si a distância de 15 a 40cm. Na condução em espaldeira, são deixadas apenas duas pernadas por pé, no sentido das linhas, que são conduzidas sobre bambus fixados no solo com uma inclinação de 30 a 40 , de tal forma que a extremidade de seus ramos fiquem de 1,80 a 2 metros de altura. Sobre essas pernadas distribuem-se os ramos de espera da produção. 8.1 PODA Como a goiabeira produz em ramos do ano, em crescimento, a poda de frutificação consiste no encurtamento daqueles que já produziram, de modo a se manter a unidade de produção em atividade, pelo estímulo à nova brotação, que deverá ser frutífera. Para que isso aconteça, o ramo deverá ser podado no comprimento correto, pois ramos vigorosos, podados em esporão, resultarão apenas em crescimento vegetativo, enquanto a poda longa de ramos fracos tende a enfraquecer ainda mais a nova brotação. Só a experiência do fruticultor permite estabelecer o comprimento correto em que a poda deve ser feita, já que ela varia com o vigor da variedade e do ramo a ser podado, com a idade da planta, o clima da região e dos tratos culturais dispensados ao pomar. Do ponto de vista da planta como um todo, a poda pode ser contínua ou total. No primeiro caso, cada ramo é podado individualmente a cada repasse do pomar, de tal forma que uma mesma planta produz continuadamente ao longo de todo o ano. No segundo, todos os ramos são podados de uma só vez, fazendo com que toda a produção ocorra ao mesmo tempo. Essa poda , no entanto, deve ser feita em duas etapas. Na primeira, são deixados intactos alguns ramos terminais para assegurar a continuidade do fluxo de água no interior da planta. Após o início da brotação resultante da primeira poda, esses ramos são retirados. Nota-se que, qualquer que seja o tipo de poda adotado, ela só deverá ser feita após um intervalo de 30 dias da colheita dos frutos, para permitir o acúmulo de reservas no ramo, assegurando uma brotação vigorosa e produtiva. 8.2 IRRIGAÇÃO A quantidade e o tamanho dos frutos produzidos são altamente dependentes da disponibilidade de água para a planta, razão pela qual, no Estado de São Paulo, onde o inverno é seco e onde os veranicos são freqüentes e intensos, a irrigação é condição essencial para a produção de frutos de mesa. O método a ser empregado para irrigação dessa cultura deve ser o de aplicação subcopa, o menos localizada possível, de modo a tornar esse fator disponível para todas as raízes da planta ao mesmo tempo. Por isso, quando empregam a irrigação por microaspersão ou

gotejamento, os produtores têm complementado essa aplicação com mangueira, para que toda a superfície do solo seja igualmente molhada, especialmente nos períodos mais secos do ano. 8.3 DESBASTE E ENSACAMENTO DOS FRUTOS Para a obtenção de frutos grandes e de bom aspecto, há necessidade de se proceder o seu desbaste, eliminando-se a maior parte dos frutos que vingaram, de forma que os remanescentes atinjam tamanho comercial. O desbaste deve ser feito o mais precocemente possível, mas deve ser atrasado nas regiões onde ocorre a bacteriose, de forma que o raleamento seja feito tendo-se um mínimo de segurança de que os frutos deixados na planta não serão afetados pela doença. Isso significa que essa operação deve ser realizada quando os frutos tiverem de 2,5 a 3 cm de diâmetro. O número de frutos deixados, por ramo, depende da idade e do vigor da planta e do número dos ramos frutíferos que ela apresenta. Em plantas jovens, que apresentam um grande número de ramos frutíferos, costuma-se deixar dois frutos por ramo. Em culturas mais velhas, onde é menor o número de ramos frutíferos, são deixados em geral de três a quatro frutos por ramo. E todos os casos é fundamental que o número total de frutos deixados por pé fique entre 600 a 800. No desbaste, deve-se dar preferência aos frutos originados da gema florífera central do dicásio, eliminando-se os laterais. Nessa oportunidade, são retirados manualmente os restos do cálice existente na base da fruta, para melhorar o seu aspecto. Os frutos remanescentes são protegidos por sacos de papel-manteiga, com as dimensões usuais de 15cm X 12cm, que podem ser encontrados em cooperativas ou lojas especializadas. Porém, os produtores preferem fazer sacos, a partir de resmas de papel adquiridas do fabricante, pela melhor qualidade do produto empregado, que apresenta maior durabilidade e resistência. Os sacos são presos no pedúnculo do fruto ou, o que é melhor, no ramo que o sustenta, por meio de um fitilho vegetal ou arame fino. Essa operação tem diversos objetivos. Em primeiro lugar é um dos mais eficientes métodos de controle de duas principais pragas da cultura, as moscas-das-frutas e o gorgulho, apresentando ainda a vantagem da ausência de resíduos tóxicos. Em segundo, contribui, e muito, para um melhor aspecto do produto, por manter uma atmosfera controlada, com elevado teor de gases que favorecem a maturação e a coloração da fruta. 9 - PRAGAS Dentre as principais pragas que atacam a cultura em São Paulo, destacam-se as moscas-dasfrutas (Anastrepha sp), cujo dano é ocasionado pela larva do inseto, que se alimenta da polpa da fruta, provocando uma podridão generalizada. A larva desenvolvida mede 7 a 8mm de comprimento e é de coloração branca, levemente amarelada, esguia, cônica e afilada na extremidade cefálica. O controle é feito por meio do ensacamento dos frutos. O papel dos saquinhos, porém, não resiste até a colheita, bem como permite a oviposição através dele quando o fruto está bemdesenvolvido, exigindo, assim, controle químico próximo da maturação. Bastante prejudicial é também o gorgulho da goiabeira (Conotrachelus psidii),cujo adulto é um besouro pardo escuro, que mede 6mm de comprimento e apresenta o rostro cilíndrico e alongado. A larva é branca, com cápsula cefálica escura, ápoda, com o corpo enrugado transversalmente, medindo 10mm de comprimento. As fêmeas adultas procuram as goiabas ainda bem verdes, nas quais cavam pequenas depressões, onde botam apenas um ovo. O tecido, no local, morre, fica escurecido e não

acompanha o desenvolvimento do restante do fruto, tornando-se bem visível como uma cicatriz circular deprimida, com um ponto negro central. A larva penetra no fruto, ficando parte da polpa e as sementes destruídas e enegrecidas em face da podridão seca que se instala. O controle é predominantemente feito pelo ensacamento dos frutos. A catação e o "enterrio" dos frutos caídos são medidas auxiliares extremamente importantes no controle dessas duas pragas. Muito cohecido dos produtores pelos danos que ocasiona à planta e, não raras vezes também aos frutos, é o besouro-amarelo (Costalimaita ferruginea vulgata). O adulto é de forma elíptica bastante convexo, com 5 a 6mm de comprimento, de coloração geral amarelo-palha-brilhante, que ataca as gemas, brotos, folhas e frutas. Nas folhas, causa perfurações que resultam em um rendilhamento mais ou menos intenso, reduzindo com isso a área fotossintética da planta. Nos frutos próximos à maturação, rói a casca, ocasionando deformações grandes, mas relativamente superficiais. A praga aparece na primavera, com um pico de ataque nos meses de novembro e dezembro, fazendo com que não se justifique o controle químico, exceto em plantas novas, quando a superfície foliar é pequena e os danos podem representar prejuízo para o desenvolvimento da planta. Os frutos, por sua vez, são protegidos pelo ensacamento. Pelo menos três espécies de percevejos são consideradas pragas importantes da goiabeira: Theognis gonagra, T. stigma e T. fasciatus. Esses insetos atacam os ponteiros, botões florais e frutos em todos os estádios de desenvolvimento. Os botões, quando picados, em geral caem, e os frutos mais desenvolvidos ficam "empedrados" no local da picada. Recentemente, tem sido notada a ocorrência, em frutos novos, de lesões pretas, de formato circular, com mais ou menos 0,5cm de diâmetro e que se aprofundam pouco na polpa, originando um tecido petrificado que mais tarde se separa do tecido sadio. isso tem sido associado à presença de percevejos. Diversas cochonilhas atacam a goiabeira. Dentre as espécies com carapaça destacam-se a Ceroplastes floridensis e a C. janeirensis, que apresentam revestimento muito convexo, de coloração branca-suja, sob o qual são encontradas as fêmeas e, freqüentemente, numerosos ovos. Em pomares muito pulverizados, é frequente o aparecimento de uma cochonilha branca, possivelmente do gênero Pseudococcus, que apresenta o corpo de coloração rósea, revestido por uma "cerosidade" pulverulenta branca, que se localiza de preferência em locais abrigados, como no interior dos saquinhos. O controle das cochonilhas de carapaça é feito por meio de duas aplicações de 20 dias, de uma mistura de óleo emulsionável a 1%, na qual se adiciona um inseticida fosforado eficiente contra a praga, na metade da dose normalmente indicada pelo fabricante para essa finalidade. Em certas épocas do ano, especialmente no período de setembro a maio, pode haver um intenso ataque de psilídeos (Trizoida sp), cujos adultos são de coloração verde, com mais os menos 2mm de comprimento e cujas formas jovens sugam os bordos das folhas, causando a sua deformação e enrolamento, deixando-as de coloração amarela com áreas cloróticas. Observando-se o interior das partes enroladas, encontram-se colônias de psilídeos recobertas por secreção cerosa de aspecto floculoso. As goiabas podem ainda ser atacadas por trips (Selenothrips rubrocintus), quando ficam recobertas por uma crosta de coloração ferruginosa, formada pelo tecido morto em virtude das feridas provocadas pela praga. Dos frutos, os insetos passam para os ramos em crescimento, onde ocasionam severos danos. As diversas espécies de brocas dos ramos e dos troncos, famosas pelos danos que ocasionam nas goiabeiras, só são importantes em pomares malcuidados, não exigindo medidas especiais de controle desse tipo de cultura. Algumas lagartas podem eventualmente ocorrer em surtos dentro de pomares de goiabas, mas não representam problema sério, sendo facilmente controladas por meio de um inseticida fosforado eficiente contra esse tipo de inseto.

10 - DOENÇAS A principal doença que afeta a cultura é a ferrugem, causada pelo fungo Puccinia psidii, que ataca os tecidos novos de todos os órgãos em crescimento, como folhas, botões, frutos e ramos, onde causa manchas circulares, necróticas, de coloração vermelho-escuro e preta, de tamanho variável, podendo atingir até um centímetro de diâmetro. Sobre essas manchas surge uma massa pulverulenta de coloração amarelo-viva, daí o nome da doença. Posteriormente essa massa desaparece, restando apenas uma área necrótica seca, freqüentemente apresentando rachaduras. As manchas podem-se unir nas folhas e nos frutos, de onde resulta a perda de grande parte ou todo o limbo foliar, ocasionando a deformação dos frutos. Lesões nas flores e nos frutos novos resultam em necrose desses órgãos. Folhas e frutos afetados podem cair, razão pela qual a doença afeta diretamente a produção, além de comprometer a qualidade dos frutos remanescentes. A incidência da doença está condicionada à ocorrência de temperaturas moderadas e alto teor de umidade relativa do ar por ocasião do desenvolvimento vegetativo, floração e frutificação da planta. Nas nossas condições, isso ocorre principalmente de setembro a novembro. Entre as medidas de controle, encontram-se a poda e a desbrota, por assegurarem maior ventilação e insolação no interior da planta, não podendo dispensar, porém, o controle químico, tanto preventivo quanto curativo. A antronose, causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides, afeta folhas, ramos novos e frutos em qualquer estádio de desenvolvimento. Nos frutos,ocasiona o aparecimento de sintomas diferentes em função do estádio de desnvolvimento da fruta em que se deu a infecção. Se ela ocorrer precocemente, na fase inicial de seu desenvolvimento, determinará o aparecimento de manchas circulares, secas, elevadas e de pústulas cancrosas. Quando os frutos aumentam de tamanho, e como a área afetada não acompanha esse crescimento, a superfície da lesão se rompe. A infecção não penetra na polpa, mas inutiliza os frutos para o mercado de fruta fresca. Quando a infecção é severa, os frutos infectados tornam-se mumificados e pretos. A infecção em frutos maduros, especialmente após a colheita, inicia-se por pequenas lessões deprimidas, encharcadas, de coloração marrom-clara, que mais tarde se tornam afundadas, moles, usualmente recobertas por tufos de conídios cor-de-rosa sobre as áreas descoloridas. Os frutos, assim afetados, usualmente apodrecem. Quando a infecção se dá através do cálice, forma-se uma podridão mole a partir do áplice, de coloração marrom, que pode afetar até a metade da fruta. Nas folhas, o fungo produz manchas angulares, pardo-ferruginosas, de tamanho variável, usualmente de 1 a 10mm de diâmetro. Durante a estação chuvosa, o crestamento dos ramos é o sintoma mais comum, os quais ficam de coloração púrpura, tornando-se mais tarde pardoescuros, secos e quebradiços. Em algumas regiões do Estado, a bacteriose é uma das mais graves doenças pelos danos que acarreta. É causada por Erwinia psidii e se manifesta nas extremidades dos ramos novos, nas folhas mais velhas e nas flores e frutinhos, até uma certa fase de seu desenvolvimento, os quais ficam secos e, no caso das flores e frutos, enegrecidos, como que mumificados. A doença é grave em condições de calor e umidade elevados, sendo que o controle envolve uma série de medidas de ordem cultural, como: • os pomares já formados, mas com grande incidência da doença, devem ser submetidos ao sistema de poda total; • Os pomares conduzidos no sistema de poda contínua e que não estejam muito afetados pela doença devem ter seus ramos doentes eliminados assim que se percebam os primeiros sinais da moléstia.

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logo após a poda, deve ser feita uma aplicação de calda sulfocálcica a 4º Bé; as plantas devem ser pulverizadas a cada quinze dias com um fungicida cúprico, como oxicloreto de cobre. Essas pulverizações devem ser feitas desde o início da brotação até que os frutos atinjam o tamanho a partir do qual possam a ser sensíveis ao cobre (mais ou menos 3cm); a poda só deverá ser executada quando a planta se encontrar seca, livre de orvalho ou da umidade resultante da chuva ou irrigação; a fim de se evitar a formação excessiva de órgãos tenros, muito sujeitos ao ataque da bactéria, as adubações nitrogenadas devem ser limitadas ao mínimo.

11 - COLHEITA A época normal de produção da goiaba em São Paulo vai de janeiro a março, num período de mais ou menos 50dias, com pico em fevereiro. Através da poda e irrigação, os produtores de fruta de mesa colhem a goiaba o ano todo. Aproximadamente três meses após a poda a goiabeira floresce, estando os frutos em condições de serem colhidos após um novo período de três meses. No inverno, o intervalo entre a poda e a colheita estende-se por sete meses ou mais. Conhecendo esses intervalos, o produtor pode planejar os períodos de safra através da execução da poda nos membros oportunos. Recomenda-se o ponto de colheita pelo tamanho, consistência e coloração externa da fruta que, para um mesmo local, varia com a variedade com a época do ano. Como o desenvolvimento final do fruto é rápido, a colheita deve ser realizada três vezes por semana, pela manhã, desde que o fruto esteja seco, sem chuva ou orvalho. Para realizar essa operação, seguram-se os frutos firmemente e, com delicadeza, faz-se uma torção, desprendendo-os da planta. São então colocados em cestos de taquara, ainda envoltos pelo saquinho de papel e transportados para um galpão ventilado onde são selecionados, classificados e embalados manualmente, em uma só camada, em caixas de madeira ou papelão com 390mm X 230 X 80mm de dimensões internas e em torno de 3,5 quilos de peso líquido. 12 - RENDIMENTO A produtividade dessas varia bastante, mas como em geral são deixados 800 frutos por planta, isso representa uma colheita de 40 caixotes de papelão do tipo 16 ou 18 por ciclo, dando um descarte máximo de 10%. REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS AMARO, A.A. et alli. A cultura da goiabeira. São Paulo, IEA s.d.p 47p. BATTE, D. J. G. & PAGE, P. E. Tropical tree fruits for Australia. Brisbane, Queensland Departament of Primary Industries, 1984. p. 113-120. CULTURA da goiaba. São paulo, Cooperativa Agrícola de Cotia, 1982. 14p. (mimeografado). JUNQUEIRA, W. R; PRATES H. S. & FALAGUASTA, V. P. Goiaba: uma fruta tropical. In: Casa da Agricultura, Campinas, 2(5): 24-27, setembro-outubro, 1980. KOLLER, O. C. Cultura da goiaba Agropecuária, Porto Alegre, 1979. 42P. MARTINS, F. W; CAMPELL, C. W. & RUBERTÉ, R. M. Pereniel edible fruits of the tropics: an inventory.Washington, US Departament of Agriculture, 1987. 252p (Agriculture Handbook, 642).

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