Fáceis de entender - DEF

PCN de 5ª a 8ª série Parâmetros Curriculares Nacionais Fáceis de entender ■ ■ ■ Educar o corpo é formar o cidadão Jogos coletivos ensinam divertin...
7 downloads 44 Views 200KB Size

PCN

de 5ª a 8ª série

Parâmetros Curriculares Nacionais

Fáceis de entender ■ ■ ■

Educar o corpo é formar o cidadão Jogos coletivos ensinam divertindo A interdisciplinaridade entra em campo Educação Física

O conhecimento do próprio corpo e de seus limites ajuda na formação do aluno

Foi-se o tempo em que a Educação Física era vista como uma disciplina formadora de atletas olímpicos e futuros campeões. Essa visão, nascida de um decreto governamental de 1971, pretendia descobrir talentos nas escolas para representar a pátria no exterior. Mas o modelo entrou em crise nos anos 80, pois o Brasil não se tornou uma potência olímpica. Hoje a Educação Física é mais do que moldar a estrutura física do aluno. Ela deve contribuir para a atividade intelectual e para a formação do cidadão.

Três eixos temáticos Os PCN elaboraram três eixos temáticos para ser desenvolvidos ao longo do Ensino Fundamental. Veja quais são e o que se pretende com eles.

Espaço de descobertas

A

ulas de Educação Física não se resumem a atividades que movimentam o corpo. Foi o que descobriram

os alunos do Colégio São Domingos, de São Paulo. Os professores da disciplina montaram um programa que

■ Conhecimentos sobre o corpo – Esse bloco dá ao aluno informações sobre o próprio corpo, sua estrutura física e interação com o meio social em que vive. Estudam-se noções básicas da anatomia, da fisiologia, dos aspectos biomecânicos e bioquímicos do corpo humano; ■ Esportes, jogos, lutas e variações de ginásticas – Nesse eixo, o professor transmite informações históricas sobre as origens e características de cada uma dessas práticas e a importância de valorizá-las. ■ Atividades rítmicas e expressivas – São as manifestações que combinam expressões e sons, como danças, mímica e brincadeiras cantadas. Por meio delas, o aluno caracteriza diferentes movimentos expressivos, sua intensidade e duração. Gustavo Lourenção

Viva a diferença!

inclui não somente práticas esportivas, mas aulas teóricas e pesquisa. Uma das atividades promovidas pelo professor Walter Correia foi um debate sobre a chamada Leonardo Carneiro

“corpolatria”, ou o culto exagerado ao corpo. Os alunos pesquisaram material em revistas e jornais para debater na escola. Correia mostrou que o excesso de músculos não é sinônimo de saúde. Em outro trabalho, coordenado pelo professor Francisco Caparroz, a turma entrou em contato com jogadores

O culto ao corpo perfeito pode gerar perigosas deformações e nem sempre é sinônimo de saúde

A Educação Física mudou de objetivo: não procura futuros campeões, mas quer bons cidadãos

de futebol e jornalistas esportivos. O objetivo era ampliar a visão de futebol além das quatro linhas do campo. “Os alunos pensavam que todo jogador fosse rico, quando, na verdade, a maioria ganha salário mínimo”, diz Caparroz. Aulas como essas deram aos estudantes uma nova dimensão da disciplina. “Para eles, Educação Física era apenas um espaço para descontração e recreação”, diz Correia. Agora não pensam mais assim.

Os temas transversais estão bem presentes nas aulas de Educação Física. Eles devem ser explorados para estimular a reflexão e, dessa maneira, contribuir para a construção de uma visão crítica em relação à prática e aos valores inseridos na disciplina e no meio social. Ética Respeito, justiça e solidariedade fazem parte das práticas físicas. O respeito deve ser exercido na interação com adversários. A solidariedade é vivenciada quando se trabalha em equipe. A presença de um juiz, as regras e os acordos firmados entre os participantes são formas de aprender a valorizar o sentido de justiça. Saúde Estresse, má alimentação e sedentarismo são subprodutos da crescente urbanização. Daí a necessidade de vincular a Educação Física ao cultivo da saúde e do bem-estar das pessoas, superando, em muitos casos, a falta de infra-estrutura pública voltada para esporte e lazer. Meio Ambiente O contato da escola com áreas próximas, como parques e praças, abre oportunidade para a Educação Física abordar o tema do meio ambiente.

Alexandre Belém

Como incluir os temas transversais

Como integrar alunos portadores de deficiência?

Capoeira: esporte e arte em uma só modalidade

Orientação Sexual Idéias como a de que futebol é esporte para homem e ginástica rítmica é “coisa de menina” ainda se manifestam na sociedade e no cotidiano escolar. Combater preconceitos como esses é uma das missões da Orientação Sexual. Pluralidade Cultural Adotar uma postura não preconceituosa e não discriminatória é a chave para atingir os objetivos da pluralidade cultural em Educação Física. Para isso, é preciso valorizar danças, esportes, lutas e jogos que compõem o patrimônio cultural brasileiro, originários das diversas origens étnicas, sociais e regionais. Trabalho e Consumo O adolescente é alvo da publicidade de produtos esportivos. O professor pode ajudar seu aluno a analisar criticamente a necessidade de possuir determinado produto e, assim, criar a noção de consumo consciente.

O

s Jogos Olímpicos de Sydney, em setembro de 2000, vão dominar o noticiário. A mídia está voltada para a Austrália, palco das maiores Olimpíadas da História. Os alunos com certeza acompanharam atentamente os eventos esportivos e a participação brasileira nas diversas modalidades. Existem muitas maneiras para

aproveitar o interesse despertado. Em 1996, por ocasião das Olimpíadas de Atlanta (EUA), os alunos do Colégio Augusto Laranja, de São Paulo, estudaram o evento ao longo do ano. De cada três aulas de Educação Física, uma foi dedicada aos Jogos. Da 5ª à 8ª série, as classes pesquisaram os esportes menos conhecidos, a história das Olimpíadas e a desempenho do

Brasil. Fizeram trabalhos escritos com histórico das modalidades, seus fundamentos, regras e recordes. “É importante que os alunos também reconheçam o esforço de quem não conquista medalhas”, explica o professor Aloysio Costa. “Disputar não significa exclusivamente ganhar”, destaca.

Pedro Martinelli

Olimpíadas na sala de aula

O judoca brasileiro Aurélio Miguel, ouro em Seul em 1988: Olimpíadas voltam a ser tema

Por receio, desconhecimento, ou mesmo preconceito, a maioria dos portadores de necessidades especiais tende a ser excluída das aulas de Educação Física. Isso é um erro. A atividade física pode trazer muitos benefícios a essas crianças, principalmente no desenvolvimento da capacidade perceptiva, afetiva, de integração e inserção social. No entanto, é fundamental que alguns cuidados sejam tomados. Em primeiro lugar, devese analisar o tipo de necessidade especial de cada estudante, pois existem diferentes graus de limitação. Quando não houver professores preparados para atuar com esse tipo de aluno, é impressindível orientação médica e, em alguns casos, a supervisão de um especialista em fisioterapia ou psicólogo, pois as restrições de movimentos podem implicar riscos.

? PCN 5ª a 8ª série -

41

? 42

- PCN 5ª a 8ª série

Use a mídia ao seu favor

Os alunos devem saber como e quando serão avaliados. Essa é a primeira dica para o professor na hora de atribuir notas à turma. É necessário que fique claro desde o início como será feita a avaliação, para que os estudantes possam ampliar o processo de ensino e de aprendizagem. Veja as recomendações dos PCN quanto aos instrumentos de avaliação: ■ fichas de acompanhamento do desenvolvimento individual; ■ relatório de atividades em grupo com critérios definidos sobre participação e contribuição no desenvolvimento da atividade; ■ relatório de apreciação de alguma atividade, como evento esportivo ou espetáculo de dança; ■ ficha de avaliação do professor em relação à capacidade do grupo de aplicar regras; ■ fichas de observação e auto-avaliação sobre a participação em um evento escolar ou da comunidade.

Eventos esportivos cobertos pela imprensa merecem atenção especial do professor de todas as séries. É comum os alunos discutirem dentro da sala de aula determinados acontecimentos com base no que ficaram sabendo pelos meios de comunicação. Utilizando a mídia como fonte, o educador pode desenvolver nos jovens a visão crítica sobre alguns fatos. Bons exemplos são a violência das torcidas organizadas no futebol (fato que não se restringe ao Brasil) ou a intenção de nossos dirigentes esportivos de fazer do país a sede dos Jogos Olímpicos ou, pelo menos, dos Jogos Panamericanos. O trabalho se apoiará em gravações de programas de televisão ou montagem de murais com recortes de reportagens. Depois disso, abre-se espaço para o debate do tema proposto, interpretando o discurso da mídia e analisando problemas e possíveis soluções. Numa discussão sobre jogadores de futebol, é possível, por exemplo, levantar questões como os altos salários pagos para poucos atletas e a exploração de muitos, a estrutura dos grandes clubes e dos pequenos, a lei do passe e os casos de doping. Na parte final da atividade, os estudantes podem apresentar trabalhos em vídeo ou em formato de jornal, para que aprendam a lidar com as informações por meio da palavra escrita e da imagem.

Verifique se os alunos realizam as atividades de maneira cooperativa, adotando atitudes de respeito, dignidade e solidariedade; se reconhecem suas características físicas e motoras e as de seus colegas, sem discriminar particularidades físicas, pessoais, sexuais ou sociais.

Entrando na linha

C

léber Alves, Daniela dos Santos e Luciene Marques tinham o mesmo problema: os três jovens eram obesos. Sentiam vergonha de encarar Fotos Dario de Freitas

Um esporte como o futebol traz inúmeras possibilidades de trabalho com a classe. Você pode aprofundar o desenvolvimento técnico, tático e estratégico por meio do treinamento sistematizado. Como decorrência disso, o futebol permite a organização de torneios e a participação de equipes em campeonatos, festivais ou eventos de confraternização. O estudo da história do futebol no Brasil dá lugar a reflexões sobre a condição do negro, a evolução do esporte-espetáculo, as relações trabalhistas, o ufanismo, o comportamento fanático de alguns torcedores (inclusive alunos), a violência das torcidas organizadas, o aparecimento do futebol feminino e outros temas de interesse dos jovens.

Regras claras na hora da avaliação

Dica

Pluralidade Língua Cultural Portuguesa

Geografia Meio Ambiente Ciências Naturais Saúde

Orientação Sexual Ética

Arte Educação Física História Matemática Língua Trabalho e Consumo Estrangeira

O que fazer quando os alunos só querem saber de futebol?

colegas, de tentar iniciar um namoro e de freqüentar as aulas de Educação Física da Escola Estadual Coronel João Batista Leme, em Rio Claro, no interior de São Paulo. A história desses alunos começou a mudar em 1995, quando conheceram a psicóloga Sílvia Anaruma, professora da Universidade

“Passava os dias num estado permanente de mau humor”, lembra-se Cléber Alves

Daniela dos Santos fazia dietas, sentia tonturas e não se concentrava nas aulas

Estadual Paulista (Unesp). Foi ela quem introduziu na escola um programa para adolescentes obesos. Com técnicas de dinâmica de grupo, a psicóloga fez com que os jovens enfrentassem o problema com mais

naturalidade. Os hábitos alimentares não foram esquecidos, e eles aprenderam a manter uma dieta equilibrada. Depois de passar por esse programa, Cléber, Daniela e Luciene perderam peso, compreenderam a importância de praticar esporte e ter hábitos de vida saudáveis.