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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I PEDAGOGIA EDUCAÇÃO INFANTIL

RENATA DA SILVA MASSENA

ENTRELAÇAMENTOS ENTRE AS CONCEPÇÕES DO EDUCAR E DO CUIDAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

SALVADOR 2011

RENATA DA SILVA MASSENA

ENTRELAÇAMENTOS ENTRE AS CONCEPÇÕES DO EDUCAR E DO CUIDAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Monografia apresentada a Universidade do Estado da Bahia – UNEB Departamento de Educação, Campus I, como pré-requisito para a conclusão do curso de Pedagogia, Habilitação em Educação Infantil. Orientador (a): Prof.ª. Drª. Mª de Fátima Noleto.

SALVADOR 2011

RENATA DA SILVA MASSENA

ENTRELAÇAMENTOS ENTRE AS CONCEPÇÕES DO EDUCAR E DO CUIDAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Monografia submetida à aprovação do corpo docente da Universidade do Estado da Bahia – UNEB Departamento de Educação, Campus I, como prérequisito para a conclusão do curso de Pedagogia, Habilitação em Educação Infantil.

Aprovada em:___________________________ Banca Examinadora _______________________________________ Prof.ª.Drª. Mª de Fátima Noleto – Orientadora Universidade do Estado da Bahia _________________________________________ Prof.ª. Ms. Adelaide Badaró Universidade do Estado da Bahia _________________________________________ Prof.ª.Ms. Rilza Cerqueira Universidade do Estado da Bahia

Dedico este trabalho a Deus, pois é Dele toda sabedoria em mim depositada. A Renata da Silva Massena que com determinação realizou esta pesquisa. Aos meus amados pais José e Dádiva que de tudo fizeram para realização deste nosso sonho.

AGRADECIMENTOS Todo agradecimento a Deus pois, Dele é toda sabedoria depositada em mim. Agradeço aos meus pais José e Dádiva pelo amor e dedicação. Agradeço meus irmãos em especial ao meu irmão Romilson que sempre me ajudou e acreditou em mim. Agradeço a meus sobrinhos que nos meus momentos difíceis trouxeram o riso para aliviar minhas agonias. Agradeço as professoras e auxiliares do CMEI que se dipuseram a colaborar com a construção desta pesquisa. Agradeço a minha orientadora Fátima Noleto pelo compromisso e dedicação sempre presente e acreditando no meu potencial. Agradeço as minhas amigas Unebianas Aldeir sempre presente e dispostos a me acolher. Karen pelos momentos de alegria! A minha co-orientadora Gabriela, sua dedicação além de suporte na pesquisa foi um apoio afetivo. Obrigada amiga! A Lorena (mauca amo você); Laís (obrigada pelos telefonemas de apoio, amo-te!). A Dani Caldas que com sua doçura, ajudou-me. Valeu Dani! Agradeço a Adelaide, Isaura e Patricia minhas queridas professoras e hoje posso considerá-las amigas. Valeu por tudo! As minhas amigas de longas datas Nádma, Ceci, Vel, Lene, Claúdia, Lene 2, Tathy e Vanessa. Amo vocês. Agradeço a Dr.Márcia pela escuta sempre colaborando, dando coragem a seguir em frente.

Todas as vossas coisas sejam feitas com amor. 1 Cor.16:14.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1-Concepção de cuidar para professoras e auxiliares Tabela 2-Concepção de educar para professores e auxiliares Tabela 3-Distinção entre cuidar e educar para professoras e auxiliares Tabela 4-Para as professoras é possível educar na perspectiva do cuidado Tabela 5- Ações desenvolvidas pelas professoras para educar cuidando Tabela 6-Como a professora percebe o cuidado na proposta pedagógica Tabela 7-Como as professoras percebem o trabalho das auxiliares Tabela 8-Como as professoras explicam a rotina da creche Tabela 9- Quais atividades são de cuidar e educar Tabela 10-Como as auxiliares compreendem o cuidado na sua prática

LISTA DE SIGLAS

CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil) LDB (Lei de Diretrizes e Bases para a Educação)

RESUMO

O objetivo deste trabalho consiste em apresentar as concepções de educar e cuidar pontuando seus entrelaçamentos na educação infantil, assim como, uma discussão sobre práticas educativas envolvendo a rotina onde ações do educar e do cuidar se estabelecem. A pesquisa teve como base um estudo de caso realizado no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Vovô Zezinho. A proposta foi de analisar como as ações do educar e do cuidar são constituídas e executadas por professoras e auxiliares.Discutindo sobre as práticas educativas, e se elas estão entrelaçadas entre o educar e o cuidar tendo como foco dessa prática a criança contemplando seu desenvolvimento enquanto sujeito; possibilitando a criança ver a vida sobre outro prisma. Palavras chave: Educar- Cuidar- Práticas Educativas.

ABSTRACT

This purpose of this work is to present the conceptions of educating and taking care of to discuss their interlacements with childhood education, as well as to discuss the educational practices and the routine that are related to the actions of educating and taking care of. The present research uses as basis a case study that took place at Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Vovô Zezinho. The purpose of this work is to analyze how the educating and the taking care of are perceive by the teachers and the assistants that are responsible for developing these actions. Bringing educational practices that intersperse the educating and the taking care of, for the benefit of the children and their development as individuals. Offering children the possibility to see life through a different lens.

Key Words: Educating-Taking Care Of- Educational Practices.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................12

1 EDUCAR E CUIDAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL.............................................15 1.1 EDUCAÇÃO INFANTIL........................................................................................15 1.2 CONCEPÇÕES DE EDUCAR................................................................................19 1.3 CONCEPÇÕES DE CUIDAR.................................................................................22

2 PRÁTICAS EDUCATIVAS......................................................................................27 2.1 A ROTINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL...............................................................32

3 ELOS ENTRE O EDUCAR E CUIDAR..................................................................36 3.1 ANÁLISE DE DADOS.............................................................................................36

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................61

REFERÊNCIAS.............................................................................................................63

APÊNDICE A APÊNDICE B

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INTRODUÇÃO A criança durante seu processo de desenvolvimento necessita de cuidados e educação. Educar possibilitando o desenvolvimento da criança em vários aspectos, tais como, cognitivo, físico, emocional, entre outros. Oferecendo a criança ações entrelaçadas entre o cuidar e o educar. Pontuando práticas educativas significativas que colaborem para isto. Sobretudo, alicerçando os objetivos que queremos alcançar com as crianças dentro deste processo. O cuidar abrange questões de dedicação e observação da criança em desenvolvimento, tendo em vista, que a educação é um processo social e que deve perceber o sujeito como um todo. Concebendo o cuidar para além do cuidado com o corpo. Portanto, a visão outrora assistencialista de cuidar passa a ter o corpo também como “espaço” para educar. Desse modo, o educar e o cuidar, pode-se dizer que são ações entrelaçadas na educação infantil e para toda a vida. Este trabalho tem como objetivo compreender os entrelaçamentos entre as concepções de educar e de cuidar na educação infantil. Na sociedade há/é ainda um estigma falar sobre questões que envolvam o corpo. Por muito tempo separou-se mente e corpo gerando assim uma dicotomia, portanto falar de cuidar na educação infantil nos remete somente e meramente a cuidados higiênicos. Assim como o educar é compreendido como processo de esfera cognitiva. Nas instituições as funções são distintas a professora educa e as auxiliares cuidam. Promovendo uma distancia entre as ações e as pessoas. O interesse pelo tema surgiu em momentos distintos da trajetória acadêmica. Porém, o desejo cristalizou-se durante a participação em um projeto que ocorreu no ano de 2010, denominado “A creche e a educação cidadã”. A participação no projeto possibilitou entender e compreender as ações do educar e do cuidar ocorridas no cotidiano do CMEI. Durante a participação no projeto foi possível perceber a prática do cuidado envolvida em estigmas ora com uma visão maternal, ora com conduta assistencialista. Assim, as inquietações surgiram no sentido de discutir os entrelaçamentos do educar e do cuidar e como as práticas educativas subsidiam para que estes objetivos sejam alcançados no CMEI.

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A participação nas oficinas e na execução do projeto trouxe a tona indagações que giram em torno das ações do educar e do cuidar na instituição de educação infantil e como são executadas no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Vovô Zezinho através das práticas educativas. Em 2010, ao cursar a disciplina estágio supervisionado tendo como espaço de atuação o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Olga Benário, algumas reflexões, indagações e fatos ocorridos no período de participação do estágio possibilitou um contato, um maior envolvimento com a rotina do CMEI. Além de um desejo pessoal em estar imersa no espaço de educação infantil, pois este é o lugar da/para criança, e o adulto têm o compromisso de cuidar e educar no sentido de proporcionar a essa criança aquilo que lhe é de direito. Sendo assim, no processo de organização deste trabalho, surgiram questionamentos questionando o cuidar e o educar no CMEI. A) Quais concepções e os entrelaçamentos das ações de educar e cuidar? B) Os estigmas ainda existem no sentido de separação das ações? C) Cuidar é um direito da criança e confere ao adulto contribuir para isto? D) Como as práticas educativas podem contribuir para entrelaçar as ações de educar e cuidar? E) Qual o papel da rotina para que as práticas educativas tornem essas ações unidas?. Assim a pesquisa pretende alcançar pontos importantes de discussão com foco nos conceitos: educar, cuidar, práticas educativas e sobre o percurso da educação infantil. Esses questionamentos despertaram então um desejo em estudar sobre as concepções do educar e do cuidar e como essas concepções refletem nas práticas na instituição de educação infantil. Assim a pesquisa pretende alcançar pontos importantes de discussão com foco nos conceitos: educar, cuidar, práticas educativas e o percurso da educação infantil. O trabalho de pesquisa surgiu como um compromisso social, pois o tema é relevante e necessário para discutir as divergências e emergências que estão vistas e invisíveis no cotidiano do CMEI onde a proposta seja entrelaçar as ações do educar e do cuidar. Fundamenta-se este trabalho nos estudos de Kramer (2005; 2009) para tratar sobre o percurso da educação infantil assim como o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil RCNEI (1998); para tratar sobre as concepções de educar e cuidar

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utilizei Kramer (2005; 2006; 2009); Boff(1999) no item sobre as práticas educativas e rotina na educação infantil pesquisa se apoia em Freire (2007) e Barbosa (2009). A metodologia aplicada foi um estudo de caso que de acordo com Lüdke e André (1986, p.17) o estudo de caso “é o estudo de um caso, seja simples e específico ou complexo e abstrato”. Tal pesquisa envolveu professores e auxiliares do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Vovô Zezinho. Os instrumentos da pesquisa foram dois questionários, um específico para as professoras e outro para as auxiliares, possibilitando conhecer as interações adulto/criança nas ações de educar e cuidar. Organiza-se este trabalho em três itens. O primeiro item trata do educar e cuidar na educação infantil, dentro deste item um breve recorte sobre o percurso da educação infantil, apresentando as concepções de educar e cuidar. O segundo item aborda as práticas educativas: rotinas na educação infantil. O terceiro item trata sobre os elos do educar e do cuidar na educação infantil apresentando a pesquisa e os entrelaçamentos das ações de educar e cuidar. Diante disso, a realização do estudo sobre o tema é pertinente, pois através da análise dos dados adquiridos compreendo a educação infantil como estágio de vivência que educa e também cuida do outro. Visto que, o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Vovô Zezinho é o espaço reservado para o entrelaçamento das ações do educar e do cuidar contemplando a criança.

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1. CONCEPÇÕES DE EDUCAR E CUIDAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL Este item tem o propósito de apresentar e discutir sobre as concepções dos termos educar e cuidar, pois ora são distintos, ora estão juntos e ora se conflitam na educação infantil. Começamos com um breve recorte sobre o percurso da educação infantil, em seguida apresentamos as concepções dos termos educar e cuidar abrindo espaço para nas entrelinhas percebendo os entrelaçamentos. 1.1 EDUCAÇÃO INFANTIL A Educação Infantil tem em seu histórico uma política de atendimento voltada para a assistência e de grandes lutas para a valorização da infância enquanto etapa importante do desenvolvimento infantil. Este tópico trata de reunir importantes passagens da história da educação infantil até chegar ao que hoje a constitui. A fundação da educação infantil ocorre com o novo conceito dado a infância, um novo olhar sobre a criança e o seu desenvolvimento e, também pela inserção da mulher no mercado de trabalho. Durante o século XIX houve alguns movimentos esparsos, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, pela institucionalização da educação pré-escolar. O objetivo primordial não era atender a criança pré-escolar, mas guardá-la enquanto suas mães trabalhavam. (Mendes, 1999 p. 42, Kramer 2006, p.25). Segundo Mendes (1999) Com os avanços dos conhecimentos sobre a natureza no ritmo da aprendizagem infantil, foi possível visualizar uma nova função da pré-escola de preparar convenientemente as crianças de 0 a 6 anos para melhor desempenho no ensino de primeiro grau. (MENDES, 1999, p. 46)

De acordo com Kramer (2006) “surgem os jardins da infância por Froebel, nas favelas alemãs; por Montessori nas favelas italianas A pré-escola era encarada, por esses educadores, como uma forma de superar a miséria, a pobreza e a negligência familiar”. (KRAMER, 2006, p.25). É possível compreender que a educação das crianças não tinha um cunho educativo. Era uma preocupação em cuidar e promover a saúde. Ocorre então uma espécie de laboratório, incubadora do que seria a creche e a pré-escola instituída atualmente salvo as determinações que dão a creche uma função também de educar.

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Kramer (2006) dividiu os períodos históricos de atendimento a criança da seguinte maneira: Do período 1500 até 1874 praticamente não houve preocupação com as crianças. Já no período de 1874 a 1899 aponta que foi à época conhecida como dos médicos-higienistas iniciativas voltadas às crianças e se dirigiam contra a alarmante mortalidade infantil. A partir da década de 30 a mesma autora salienta sobre mudanças ocorridas na sociedade que atinge diretamente a educação e o cuidado de crianças brasileiras. (KRAMER, 2006).

Pode-se dizer que esse percurso se segue entre momentos de desconhecimento sobre atendimento, preocupação com a saúde e em seguida se inicia um período de concepção educativa. De acordo com Angotti (1995) As instituições pré-escolares nasceram no século XVIII em resposta à situação de pobreza, abandono e maus-tratos de crianças pequenas cujos pais trabalhavam em fabricas, fundições e minas criadas pela Revolução Industrial que se implantava na Europa Ocidental. Todavia, os objetivos e formas de tratar as crianças dos extratos sociais mais pobres das sociedades não eram consensuais. (ANGOTTI, 1995, p.15)

Desta forma inicia-se a concepção de pré-escola baseada no binômio cuidado e educação, já que as crianças pertencentes à classe média e dominante possuíam naquele período um atendimento que privilegiava desenvolvimento afetivo e cognitivo, enquanto os filhos da classe mais pobres tinha o cuidado como principal forma de atendimento. Barbosa (2006) aponta que a educação infantil tem uma proporção de maior atenção a partir de 1970 como afirma a autora que: [...] a educação de crianças de 0 a 6 anos adquiriu um novo estatuto no campo das políticas e das teorias educacionais. Finalmente, a histórica luta por creches e pré-escola, engrendadas por diferentes movimentos sociais, tomou grandes proporções, e os governos- principalmente aqueles que se instalaram pós-abertura política- realizaram investimentos para a ampliação do direito à educação das crianças dessa faixa etária. (BARBOSA, 2006, p.15).

Este é um período onde se tem consciência de que educar crianças deve ocorrer também fora do espaço familiar. Sendo assim, a luta por espaços que tivesse objetivo também educativo é solicitado por pessoas envolvidas na luta por uma educação infantil de qualidade. Nesse processo de institucionalização Barbosa aponta que: Na construção da modernidade, as práticas de educação e cuidado das crianças foram deslocadas de ações moldadas por grupos familiares,

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privados, singulares, heterogêneos e locais para sistemas modernos, homogêneos, públicos e globais. (BARBOSA, 2009, p.71).

O mais significativo dessa nova instituição é quando prevalece uma educação pautada em formar pessoas livres, cientes de sua participação na sociedade enquanto sujeito a ela pertencente que cria e recria a todo momento. A assistência torna a criança um ser dependente e a única possibilidade de reverter essa dinâmica é uma estrutura onde educar seja significativo. No Brasil o atendimento as crianças da educação infantil começa a ser expressa na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 208 inciso 4º, no qual assegura o atendimento de crianças até cinco anos na educação infantil em creches e pré-escolas. O documento define que: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar a criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à educação, ao lazer à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (CONSTITUIÇÃO, 1988)

O atendimento a criança ampliou-se com a presente Constituição Federal de 1988 permitindo assim que novos documentos surgissem para compor e nortear o trabalho para com crianças. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 5692/1971. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDB 9394/1996; o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, (RCNEI/1998). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 5692/1971 Art. 17- paragrafo segundo institui que “os sistemas de ensino velarão para que as crianças de idade inferior recebam convenientemente educação em escolas maternais, jardins de infância e instituições equivalentes”. No ano de 1996 A Lei de Diretrizes e Bases para Educação (LDB 9.394/ 96) modifica o panorama da educação infantil no seu artigo 29 quando considera: A educação infantil é a primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (LDB/9394/96).

Em 1998 surge o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) que esclarece:

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Conjunto de referências e orientações pedagógicas que visam contribuir com a implantação ou implementação de práticas educativas de qualidade que possam promover e ampliar as condições necessárias para o exercício da cidadania das crianças brasileiras. (RCNEI, 1998 p.13).

A maior mudança voltada para educação infantil solicita pautar-se na mudança de paradigma em torno da promoção de uma educação integrada e integradora entre criança-adulto-mundo-escola. Prevalecendo a manutenção de relações dialógicas e voltadas para uma sociedade que siga princípios de direitos do cidadão para que então possa enquanto cidadão exercer também seus deveres. O RCNEI/1998 esclarece: Nessa perspectiva, o uso deste Referencial só tem sentido se traduzir a vontade dos sujeitos envolvidos com a educação das crianças, sejam pais, professores, técnicos e funcionários de incorporá-lo no projeto educativo da instituição ao qual estão ligados”. (BRASIL, 1998, p. 14)

O Referencial Curricular para a Educação Infantil tem em seu texto uma proposta que possibilita aos envolvidos com a educação de crianças compreende-las como sujeito de direito e com vozes onde possam assim, juntos constituir um fazer educativo eficiente e prazeroso, e acima de tudo transformador. A Educação Infantil pode ser considerada uma etapa conquistada onde passou de ser uma utopia, um desejo e assenta-se na ideia de Angontti (2008) quando afirma que: Educação Infantil significa a convicção de que novos tempos podem ser pensados para a sociedade; desenvolvendo e realizando pessoas mais completas, seres mais íntegros que saibam exercer seus papéis enquanto ser pessoa, ser social, ser histórico, ser cultural, novos tempos em que o ser humano possa viver a plenitude de todas as etapas de sua vida, realizando-se e tendo a plenitude de todas as etapas de sua vida, realizando-se e tendo uma atividade intensa, uma vivência clara do que seja ser criança e viver a infância (ANGOTTI 2008 p. 26).

A tomada de consciência desses novos tempos configura uma educação infantil pautada em um profissional apto e disponível a este compromisso. A educação de crianças demanda um contexto estabelecido para elas e com mediadores integrados a informar, formar, estimular e interagir junto e cuidá-las. Angotti (2008) esclarece que: A definição de uma profissionalidade para os educadores infantis deverá considerar o fundamental da natureza da criança que é a ludicidade, entendida na sua perspectiva de liberdade, prazer e do brincar enquanto condição básica para promover o desenvolvimento infantil, promovendo uma articulação possível entre educar e cuidar. (ANGOTTI, 2008 p.19).

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A articulação pertinente a essa fase é um fazer docente pensando na criança como um ser em desenvolvimento e que necessita sim de cuidados específicos e que as especificidades desse cuidado não tomem como base o assistencialismo e sim, uma concepção de cuidar e educar integrados para um objetivo comum. Dessa forma o saber divulgado deve ser consciente e que fomente a criticidade das crianças e que desse modo, através da interação, conheça o mundo em que vivem e possam interferir sobre ele de forma a manter e acrescentar algo novo aos conhecimentos históricos. As crianças ganharam espaços, artifícios feitos para elas, a família deixa de ser a única referência de vida em sociedade. A institucionalização e a rotinização da infância- tão necessária- caracterizaram toda essa construção instrumental, feita ao longo do século XX, de um dever ser na educação das crianças pequenas, ou seja, da sua normalização. (BARBOSA, 2009, p.77). A educação infantil é neste momento um laboratório de promoção do diálogo, da interferência, da manutenção de expedientes para a manutenção desse espaço alcançado pela sociedade. A caracterização da Educação Infantil está na possibilidade de integração entre educar e cuidar, e essas são ações entrelaçadas por si só. Pois, ao mesmo tempo em que se educa para desenvolver, aprender e adquirir novos conhecimentos. Entender que educar é um movimento interno e de revelação externa que busca fomentar um indivíduo complacente consegue e com o mundo em que vive. Essa etapa da educação é um processo que deve priorizar o sujeito criança como ser em desenvolvimento e como cidadão de direitos com a perspectiva de cumprir deveres socialmente estabelecidos. 1.2 CONCEPÇÕES DE EDUCAR Kramer e Guimarães (2009), evidência que ”apesar de na história de atendimento à infância ter se formado uma polarização nas ações assistência ou educação”. Os documentos e leis que norteiam hoje a educação de crianças fomentam uma nova concepção de educar que pode ser traduzido por Kuhlmann Jr. (1999) apud Kramer (2009) onde ele destaca que:

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No movimento de integração entre educar e cuidar as instituições de educação infantil têm como função acolher a criança. Destacando a importância de que o ponto de partida desse movimento seja a criança e não um ensino fundamental preexistente. Não se trata de educá-la no sentido de prepará-la para a escola”. (KRAMER, 2009, p.84).

Seguindo o pensamento de Kuhlmann Jr. (1999) é possível contextualizar com a perspectiva proposta pelo Referencial Nacional Curricular para a Educação Infantil. O RCNEI define que: Educar significa, portanto propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural”. (BRASIL, 1998, p.23)

Educar visando o desenvolvimento completo da criança em todos os aspectos que a essa fase é pertinente, tais como, aspectos físicos, cognitivo, social, afetivo, biológico pensando em uma criança como ser atuante, inventivo, singular, plural com potencial próprio para atuação em um mundo multirreferencial. Desta forma a proposta do RCNEI, (1998, p. 17) consiste em “modificar essa concepção de educação assistencialista significa atentar para várias questões que vão muito além dos aspectos legais”. A compreensão sobre o termo educar solicita uma visão global e responsável propondo um educar que priorize desenvolvimento íntegro e integral, integrando vida e educação. Educar é possibilitar mediante reflexões e diálogo para possibilitar à criança interagir na construção pessoal e construção do seu conhecimento. Ampliando questões que possam sustentar sua forma crítica de ser. Freire (2008, p.22), aponta que somos “seres históricos e inacabados” desse modo educar é proporcionar ao outro a oportunidade de se reconstruir dentro da sociedade, é o processo de redescoberta interior para interferir sobre o mundo. Produzindo conhecimentos ainda não existentes e se preenchendo de forma crítica dos que já existem. Educar inexiste quando tentamos fazer dessa ação um elemento técnico e transmissivo, desse modo o entrelaçamento de saberes entre adulto e criança possibilita uma condição ética de estar no mundo.

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De acordo com Viana (2009, p.35) “aprendizagem não seria apenas inteligência e construção de conhecimento, mas, basicamente, identificação pessoal e a relação se dão através da interação entre pessoas”. Educar consiste em um desafio diário onde as relações humanas contribuem para que esse processo seja retroalimentador e, significativo para ambos envolvidos no processo. Preservando o processo interativo sujeito e ambiente, homem e mundo coexistindo e convivendo no mesmo espaço. Educar crianças é complexo, pois é necessário entender o contexto considerando principalemente os aspectos sociais, corporais, afetivoemocional, espiritual, cognitivo. Eles se entrelaçam e determinam a condição humana, mas o processo escolar prioriza torná-las somente aluno. Para Viana (2009, p. 90), educar é, em síntese, humanizar, favorecer a cooperação, a solidariedade e a originalidade presentes em um de nós. A autora defende a ideia de pensar em uma forma que as crianças aprendam através de uma aprendizagem do amor como meta para viver o coletivo. Reciprocidade e continuidade são critérios pertinentes para

educar

em

sentido

completo

favorecendo

pensamento,

sentimento,

desenvolvimento integral e preservando o ser criança. As ideias de Viana (2009) se aproximam dos estudos de Moraes quando propõe que: “É educar sem reprimir ou negar a experiência da comunhão, a experiência do coração, a experiência do espírito e a experiência do sagrado”. De acordo com Azevedo (1980), “Na civilização ocidental, a justiça foi não raro apresentada como o equilíbrio na tensão entre direitos e deveres estabelecidos em termos de lei”. O mesmo autor defende que: A verdadeira justiça que é função do homem só se realiza quando o ser humano que existe pode desfrutar de todos os direitos fundamentais que lhe assistem como pessoa e de todos os direitos sociais, enquanto indivíduo situado num contexto comunitário e social. ( AZEVEDO, 1980, p.16)

Esse contexto comunitário e social pode-se também ser traduzido em “escola” um espaço de constituição para educar e promover ações de consciência crítica, desta forma se a educação deriva desse processo de organização social é humanamente natural educar na perspectiva da convivência com o outro no sentido de promover uma educação como salienta Azevedo (1980, p. 18) “[...] educação para construir uma sociedade justa”.

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Desta forma, temos que implementas práticas educativas que faça compreender que o educar é o único processo que constitui o ser como um todo e participante de uma sociedade, tendo ele a missão de contribuir para o processo histórico da sociedade em que vive, transformando, modificando e atribuindo concepções criando novos paradigmas que possibilitem a participação crítica dos sujeitos sociais. Sendo assim Azevedo (1980) sugere: Uma educação centrada sobre a análise atenta e crítica dos conteúdos de conhecimento e dos sistemas de organização social, mas capaz de traduzir-se ao mesmo tempo, por seu arcabouço metodológico, em processo construtor de solidariedade, participação e justiça. (AZEVEDO 1980 p.18)

Nesse contexto educar colabora para uma sociedade além de justa, congruente e ao mesmo tempo comunicativa onde os sujeitos possam constituir diálogos para estruturar uma sociedade mais equilibrada. Estabelecendo elos entre quem educa e quem é educado e quem cuida e é cuidado. Pois, o modo de promover um desenvolvimento e aprendizagem de cada uma das crianças, e ao mesmo tempo, dos diferentes grupos aos quais elas pertence: escola, família, comunidade, bairro, cidade entre outros. 1.3 CONCEPÇÕES DE CUIDAR Cuidar é parte integrante de todo o processo educativo tendo em foco o desenvolvimento da criança como ser “lacunado” em busca de formação pessoal, social e cultural e também produtor de cultura. Partindo do pressuposto de que cuidar está pautado na necessidade do outro. Uma relação preexistente nas relações humanas e na educação tem papel fundante na perspectiva de que o cuidar não está restrito a necessidades higiênicas. Cuidar de acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil RCNEI (1998), [...] é, sobretudo dar atenção a ela como pessoa que está num continuo crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas necessidade. Isto inclui interessar-se sobre o que a criança sente, pensa, o que ela sabe sobre si e sobre o mundo, visando à ampliação deste conhecimento e de suas habilidades, que aos poucos a tornarão independente e mais autônoma. (BRASIL, 1998, p.25).

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Cuidar é uma ação que compete aos educadores, não só como processo educativo, mas também é constituinte das relações humanas. Na educação infantil o cuidado é uma forma de imprimirmos ações de respeito, afeto e de estar com o outro enfrentando o mesmo processo. O papel do cuidar na educação infantil é de natureza dessa fase a possibilidade de sensibilização para as necessidades do outro. Ainda de acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI/ 1998), O desenvolvimento integral depende tanto dos cuidados relacionais, que envolvem a dimensão afetiva e dos cuidados com os aspectos biológicos do corpo, com a qualidade da alimentação e dos cuidados com a saúde, quanto da forma como esses cuidados são oferecidos e das oportunidades de acesso a conhecimentos variados. (RCNEI, 1998, p.24)

Desse modo, cuidar é emergencial na educação infantil, no sentido de estar comprometida em uma relação sujeito-sujeito1 respeitando singularidades, e percebendo a necessidade de formação de vínculos para que a educação infantil não seja um preparo para a vida sim uma etapa da vida onde a criança tem o direito de desfrutar com prazer e nela encontrar-se autônoma. O Referencial possui como base uma preocupação com o cuidar na esfera educativa que vai além do cuidado com o corpo, nesse sentido salienta que: Contemplar o cuidado na esfera da instituição de educação infantil significa compreendê-lo como parte integrante a educação, embora possa exigir conhecimentos, habilidades e instrumentos que extrapolam a dimensão pedagógica. (BRASIL, 1998, p. 24).

Ampliando esse conceito e contextualizando com a perspectiva de cuidar é interessante entender essa criança como sujeito histórico que necessita que o ajudem a desenvolverse como ser humano, sendo assim cuidar valoriza, desenvolve capacidades em uma relação interacionista, afetiva e humana. O cuidar é apresentado no RCNEI (1998, p.25), “Para cuidar é preciso antes de tudo estar comprometido com o outro, com sua singularidade, ser solidário com suas

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, 2008

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necessidades, confiando em suas capacidades. Disso depende a construção de um vínculo”. Concomitantemente de acordo Boff (1999) Construímos o mundo a partir de laços afetivos. Esses laços tornam as pessoas e as situações preciosas, portadora de valor. Preocupamo-nos com elas. Tomamos tempo para dedicar-nos a elas. Sentimos responsabilidade pelo laço que cresceu entre nós e os outros (BOFF, 1999, p 99).

Dentro dessa perspectiva a criança sendo um ser social implica dizer que o seu desenvolvimento se estabelece com outros seres também humanos prevalecendo a mediação como suporte de interação. Essa dimensão fomenta a discussão que vincula o cuidar potencializando todas as dimensões de desenvolvimento, aprendizagem, emoção. Nesse sentido concordamos com o RCNEI/1998 O desenvolvimento integral depende tanto dos cuidados relacionais, que envolvem a dimensão afetiva e dos cuidados com os aspectos biológicos do corpo, como a qualidade da alimentação e dos cuidados com a saúde, quando da forma como esses cuidados são oferecidos e das oportunidades de acesso a conhecimentos variados (BRASIL, 1998, p.24).

Os profissionais envolvidos na questão do cuidar necessitam compreender as questões de apropriação do conhecimento, a questão nutricional como momento importante e significativo onde é possível desenvolver a socialização e o respeito, a categoria higiene deve ser abordado para além da rotina contribuindo para fortalecimento da autoestima e qualidade de vida. A preponderância com relação ao descanso como promoção da saúde e necessidade para que a criança compreenda o sono como fundamental. Cuidar dessa forma significa, sobretudo, uma maneira de sentir e viver. Para tanto, Boff (1999, p.33) esclarece “cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo, e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com outro”. Dessa forma o papel fundamental dos educadores e auxiliares se estabelece em uma proposta de corresponsabilidade no processo de desenvolvimento infantil entrelaçando vida e educação, educar e cuidar contribuindo para que além do pedagógico se estabeleça laços afetivos colocando o cuidado em tudo que projetar. De acordo com Boff (1999), O cuidado é, na verdade, o suporte real da criatividade, da liberdade e da inteligência. No cuidado se encontra o ethos fundamental do humano. Quer

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dizer, no cuidado identificamos os princípios, os valores e as atitudes que fazem da vida um bem-viver e das ações um reto agir. ( BOFF, 1999, p.12).

O cuidar é um terreno fértil para criar um tipo de educação que garanta a manutenção da sociedade no sentido de promoção da convivência coletiva em prol da estabilidade social. Cumprindo um papel social e cooperativo. O modo de o educador agir não pode estar dissociado do modo de estar satisfeito com suas ações, pois é nessa proposta que se fundamenta o desenvolvimento pleno e integral da criança. Voltando a tratar do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil que aponta: Na instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sócias variadas. (BRASIL, 1998, p. 30).

A educação das crianças é o processo inicial de apresentação dela ao mundo e o adulto tem a corresponsabilidade de atingir este objetivo, sendo assim cuidar é de amplo aspecto dentro da educação infantil. Concebendo o que Boff (1999, p.17) esclarece “precisamos de um novo paradigma de convivência que funde uma relação mais benfazeja para com a terra e inaugure um novo pacto social entre os povos no sentido de respeito e de preservação de tudo o que existe e vive”. É um processo de autoconhecimento desenvolvido com práticas que conduzam a autonomia, possibilitando ser e estar no mundo e preservando o que nele há para uso próprio e do outro. Na sociedade vigente é preciso recuperar traços humanos para que a educação infantil seja um aporte significativo para toda a vida. Nessa perspectiva, Boff (1999, p. 27) propõe “construir um novo ethos que permita uma nova convivência biótica, planetária e cósmica; que propicie um novo encantamento face à majestade do universo e à complexidade das relações que sustentam todos e cada um dos seres”. Pode-se observar na afirmação de Boff (1999), que a proposta de uma nova convivência é fazer com que as pessoas responsáveis pela educação de crianças compreendam o mundo como um espaço de uso coletivo e que as práticas pedagógicas seja um momento de execução de ações com atitudes éticas e voltadas para a relação de cuidar. Fazendo com que a criança sinta que pertence ao mundo que vive e tenha o desejo de

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estar nele cuidando modificando, apreendendo novo saberes, construindo e resguardando para outros. Sendo assim, cuidar demanda se conhecer e reconhecerem que os outros são diferentes, singulares e que cada um possui uma história de vida com objetivos, gostos, desejos, emoção, reações próprias de cada um. Na escola, espaço de mediação para construção do sujeito enquanto pessoa não há possibilidades de rompimento do entrelaçamento entre educar e cuidar, pois é a fragmentação do indivíduo, ou melhor, dos indivíduos. É um comprometimento pessoal, profissional e ético do professor com as crianças. Para o mesmo autor Cuidar é mais que um ato singular ou uma virtude ao lado de outras. É um modo de ser, isto é, a forma como a pessoa humana se estrutura e se realiza no mundo com os outros. Melhor ainda: é um modo de ser-no-mundo que funda as relações que se estabelecem com todas as coisas. (BOFF 1999, p.92)

O resgate necessário à educação é compreender que o amor é o elo que uni as pessoas no processo de desenvolvimento da criança, disseminando para todas as fases da vida. O cuidar nessa perspectiva ganha força e deixa de ser atividade de mera assistência, visto que é na educação infantil que conhecemos o mundo, o novo. No processo educativo é importante estabelecer essa relação de estar sempre conhecendo o novo e priorizando e resgatando construtos também velhos. Para Boff (1999) Cuidar inclui, pois duas significações básicas, intimamente ligadas entre si. A primeira, a atitude de desvelo, de solicitude e de atenção para com o outro. A segunda, de preocupação e de inquietação, porque a pessoa que tem cuidado se sente envolvida e afetivamente ligada ao outro.(BOFF, 1999, p. 92)

Nesse sentido compreendendo que cada ser humano tem vivências e experiências próprias. Assim as crianças podem adquirir o conhecimento historicamente existente e contribuindo para a manutenção do mesmo em uma relação de cuidar do que é seu e do outro. É uma forma de cuidar de forma sensível, sensibilidade esta, inerente aos humanos e que de certa forma o processo educativo oblitera. Boff (1999) define um modo de ser mundo onde ele esclarece que: Na forma de cuidado, permite ao ser humano viver a experiência fundamental do valor, daquilo que tem importância e definitivamente conta. Não do valor utilitarista, só para o seu uso, mas do valor intrínseco às coisas. A partir desse valor substantivo emerge a dimensão de alteridade, de respeito, de sacralidade, de reciprocidade e de complementariedade. (BOFF 1999, p.96)

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Nessa perspectiva temos a única forma saudável de estar no mundo, pois sugere uma relação cordial entre os pares e essa possibilidade só se estabelece através da educação infantil onde a criança é inserida no mundo e cabe aos educadores imbuir suas práticas educativas de elementos que fomente a indagação, a criticidade e o respeito com seu pares.

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2. A PRÁTICA EDUCATIVA NA EDUCAÇÃO INFANTIL As práticas educativas para a educação infantil devem ser constituídas de uma releitura, uma reflexão e uma dedicação para que as ações nelas implícitas ocorram de forma a suscitar a constituição da autonomia da criança. É um processo de construção integrada com as necessidades da criança enquanto pessoa que necessita da sensibilidade, da compreensão da escuta, da observação do professor. Sabendo que a posição do Educador é informar ao outro não no sentido genérico da palavra, mas sim de suscitar a possibilidade no outro de se descobrir. Neste item serão tratadas as práticas educativas como alicerce para um fazer educativo não centrado somente em conteúdo, mas em um fazer educativo voltado para o entrelaçamento do cuidar e do educar com uma proposta dialógica. De acordo com Libâneo (1994, p.16), “[...] prática educativa é um fenômeno social e universal, sendo uma atividade humana necessária à existência e funcionamento de todas as sociedades”. A prática educativa é um aspecto da ação do professor enquanto responsável por mediar o aprendizado do educando, levando em conta que esse processo se da de forma integrada onde todos são responsáveis socialmente com o outro. O mesmo autor salienta que: Cada sociedade precisa cuidar da formação dos seus indivíduos, auxiliar no desenvolvimento de suas capacidades físicas e espirituais, prepará-los para a participação ativa e transformadora nas varias instâncias da vida social. (LIBÂNEO, 1994, p.17).

Esse deve ser de fato o eixo central das propostas educativas nas escolas trazer o estudante para a condição de sujeito do seu aprendizado colocando ele a perceber que depende dele também a sua inserção social, validando o que aprendeu e contribuindo para com o conhecimento histórico já construído. Quanto a isso, Libâneo (1994) esclarece: A prática educativa não é apenas uma exigência da vida em sociedade, mas também o processo de prover os indivíduos dos conhecimentos e experiências culturais que os tornam aptos a atuar no meio social e a transformá-lo em função de necessidades econômicas, sociais e políticas da coletividade. (LIBÂNEO, 1994, p 17)

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Se a prática educativa é um meio de diversas possibilidades para que o indivíduo possa se estabelecer socialmente é o educador consciente dessa ação que tem em mãos a responsabilidade para com os educandos. O importante dentro da prática educativa é o educando se perceber como sujeito do seu conhecimento. O autor continua a argumentação ponderando que: Através da ação educativa o meio social exerce influências sobre os indivíduos e estes, ao assimilarem e recriarem essas influências, tornam-se capazes de estabelecer uma relação ativa e transformadora em relação ao meio social. Tais influências se manifestam através de conhecimentos, experiências, valores, crenças, modos de agir, técnicas e costumes acumulados por muitas gerações de indivíduos e grupos, transmitidos, assimilados e recriados pelas novas gerações. (LIBÂNEO, 1994, p.17).

Deste modo o que importa é que os sujeitos das relações estabelecidas no processo educativo tenham a priori um compromisso social, pois é na coletividade que o indivíduo se concerne como pessoa e traz em si uma marca intrinsecamente humana a necessidade de estar em grupo. Possibilitando a geração de conhecimentos significativos e que possam ser usufruídos socialmente em prol de todos. A educação vista como um “fenômeno social” (Libâneo, 1994, p.18), esclarece que ocorre em uma sociedade e nela contem pessoas que precisam articular em um sentido mais amplo buscando condições onde a integração seja o foco para uma prática educativa significativa. O intuito é uma prática educativa que favoreça a criança a possibilidade de cingimento entre ela e o meio que vive entrelaçando cuidado e educação em uma só ação. Na nossa sociedade o trabalho do educador vem imbuído de ideologias, exigências políticas e sociais, é uma espécie de manual para que todos pensem da mesma maneira em uso de um conteúdo programado e com finalidades digamos que ocultas. Libâneo aponta que: O campo especifico de atuação profissional e política do professor é a escola, à qual cabem as tarefas de assegurar aos alunos um sólido domínio de conhecimentos e habilidades, o desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, de pensamento independente, crítico e criativo.(LIBÂNEO, 1994, p.22)

As atividades pedagógicas estabelecida na escola para contemplar o currículo previamente estabelecido fomenta a imobilidade, onde os saberes ficam além de fragmentados, estáticos. Na educação infantil as práticas educativas conscientes têm um

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papel fundamental de aproximar a criança da realidade por ela vivida e tornando-a cada vez mais independente intelectualmente. Nesse caminhar, é fundamental: [...] vê-se que a responsabilidade social da escola e dos professores é muito grande, pois cabe-lhes escolher qual a concepção de vida e de sociedade deve ser trazida à consideração dos alunos e quais conteúdos e métodos lhes propiciam o domínio dos conhecimentos e a capacidade de raciocínio necessários à compreensão da realidade social e à atividade prática na profissão, na política, nos movimentos sociais.(LIBÂNEO, 1994, p.22).

A educação de crianças é uma ação que deve ser pautada a priori nas necessidades, interesses delas isso implica uma escuta sensível um olhar de pesquisador que tem como objetivo promover ações que configure e respeite o ser como sujeito pertencente à sociedade. Procedendo como o educador esteja disponível ao tempo da criança. Isso, segundo Libâneo (1994, p.16) é “o trabalho docente é parte integrante do processo educativo mais global pelo qual os membros da sociedade são preparados para a participação na vida social [...] não há sociedade sem prática educativa nem prática educativa sem sociedade” É na prática educativa desenvolvida para a educação infantil que se configuram possibilidades de comunicação educador-criança seja ela verbal ou não. Criando no ambiente educativo, situações onde possam juntos agir de forma ativa para o objetivo comum com foco no desenvolvimento da autonomia; autenticando a relação de amor que pertinente ao convívio entre as pessoas cristalizando o entrelaçamento entre educar e cuidar. Cabe nesse momento sair do modelo de aula insossa e previsível onde as crianças já sabem o que vai acontecer. As práticas educativas baseadas nas necessidades da criança têm em si um caráter de trazer equilíbrio entre professores e estudantes, pois para as crianças elas terão significação. De acordo com Freire (2007, p.47) “é fundamental, contudo, partirmos de que o homem ser de relações e não só de contatos, não apenas está no mundo, mas com o mundo”. Estar com mundo implica compreende-lo, interferir quando preciso, modificá-lo, acrescentando e preservando para que o outro herde. Mas, este acesso ao mundo só é possível mediante a educação que as escolas promovem para estas crianças. Sendo assim concordo com Freire (2007) quando esclarece:

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Herdando a experiência adquirida, criando e recriando, integrando-se às condições de seu contexto, respondendo a seus desafios, objetivando-se a si próprio, discernindo, transcrevendo, lança-se o homem num domínio que lhe é exclusivo- o da História e o da Cultura. (FREIRE, 2007, p.49).

Dessa maneira é preciso compreender que estamos no mundo como um elo que quando desconfigurado gera então uma sociedade fragmentada e estratificada onde um grupo prevalece sobre o outro, o papel central da educação é sustentar a tríade homem-mundosociedade em prol de uma dinâmica social que possam prover as necessidades de forma igualitária e integrada. Freire (2007, p. 98) aponta como fundamental “educação que colocasse em diálogo constante com o outro”. Essa é a real possibilidade de uma educação que priorize o indivíduo que tem voz e vez. Essa é uma maneira de construir uma educação voltada para preservação do mundo e das relações existente na escola que atualmente se percebe vazia e doente. O autor aponta que “[...] uma educação que fosse capaz de colaborar com ele na indispensável organização reflexiva de seu pensamento (Freire, 2007, p.114)”. Essa educação só se configura com práticas educativas condizentes com essa proposta de trazer o ser criança a reflexão dando-lhe desafios e organizando junto com elas estrutura de resoluções para que quando postas no mundo possa interagir articulando sua ideias e ideais.Fazendo com que corpo e mente sejam unos. Freire (2007, p.115) propõe uma educação baseada no “método crítico, dialogal e criticizador”. Para o autor só “o diálogo comunica”. Dessa forma na relação professor para com a criança dentro do processo educativo é importante conceber práticas educativas pautadas na busca por critérios que fomentem o diálogo. Nesta relação dual e em seguida plural. Segundo Freire (2007, p. 115) “dois pólos do diálogo se ligam assim, com amor, com esperança, com fé no outro, se fazem críticos na busca de algo. Instala-se, então, uma relação de simpatia usualmente utilizadas nas escolas não possibilita esta prática, pois parte de um pressuposto preconceituoso onde o currículo escolar é feito com o olhar do adulto em cumprir, diretrizes, calendários, projetos, entre outros critérios que organizam a rotina na educação infantil. Rotina esta que separa a educação do cuidado.

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De acordo com Forest & Weiss2 Cuidar e educar é impregnar ação pedagógica (prática educativa) de consciência estabelecendo uma visão integrada do desenvolvimento da criança com base em concepções que respeitem a diversidade, o momento e a realidade peculiares a infância(FOREST & WEISS, p.1).

Por isso importa que às práticas educativas sejam elaboradas para uma criança que necessita mais do que assistência. Ocorre que na educação infantil a dicotomia do educar e do cuidar confunde a forma de agir do educador. Ele preocupa-se somente com o educar e o cuidar é separado dessa prática ficam destinadas as auxiliares que padecem da falta de preparo para lidar com práticas conscientes que contemplem a ação de cuidar. Os mesmos autores salientam: A criança é um ser completo, tendo sua interação social e construção como ser humano permanentemente estabelecido em tempo integral. Cuidar e educar significa compreender que o espaço/tempo em que a criança vive exige seu esforço particular e a mediação dos adultos como forma de proporcionar ambientes que estimulem a curiosidade com consciência e responsabilidade. (FOREST&WEISS, p.2)

A junção dessas ações, cuidar e educar, na educação infantil solicita uma prática educativa que deve dar conta de promover a criança ser complexo e singular uma educação que demanda compreender as diferenças e as complexidades de cada um. Cabe ao educador com seu olhar observador articular junto às crianças metas que configurem uma educação justa. A prática educativa que comtemple cuidar e educar como ações entrelaçadas pedem um profissional disponível ao constante diálogo com as crianças e as auxiliares uma posição reflexiva diante do que se propôs enquanto educador. O trabalho direto com as crianças pequenas exige que o educador tenha uma competência polivalente. [...] este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla e profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática. (RCNEI, 1998, p.41).

A premissa básica para uma prática educativa considerável é o compromisso que o educador estabelece com as crianças, buscando promover o que realmente é significativo priorizando atividades que possam fortalecer o diálogo, a afetividade, as 2

FOREST. Nilda Aparecida;WEISS, Silvio Luiz. Cuidar e Educar: perspectivas para a prática pedagógica na educação infantil.

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brincadeiras, entre outros que faça da educação infantil um momento de sonhos e vivências consideráveis. Educar e cuidar o outro se configura nessa relação de diálogo para fortalecimento das relações humanas, base para uma conduta coletiva saudável e justa. O cuidado com os pares possibilita uma aproximação que resulta em fortalecimento das relações humanas. Quando nos referimos ao cuidado temos nessa expressão um compendio de significados, mas o que importa é saber que o outro é fundamental para nos proporcionar momentos de interação dentro do espaço educativo e que a prática educativa desenvolvida pelo educador é que nos impossibilita de sermos alienados a conteúdos prévios e um agir previsível enquadrado a uma rotina. 2.1 A ROTINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Alimentar, dar segurança, brincar, promover interação, mediar o convívio coletivo, estabelecer vínculos afetivos, escuta, compaixão, entre outros, são critérios integrantes da educação infantil, visto que são aspectos humanos. Por isso, esses critérios devem articular-se entre o educar e o cuidar, pois tais ações são a mola mestra da educação infantil. Não há como na educação infantil separar ações que por natureza são entrelaçadas. A rotina na educação infantil surge no sentido de organizar vida, espaço, objetivos e conteúdos desta etapa. De acordo com Barbosa (2009) Ao longo dos séculos XIX e XX, constituiu-se um processo de institucionalização das crianças pequenas e uma rotinização de sua educação, com base no projeto moderno de racionalização, higienização, psicologização, divisão do trabalho, controle e normatização. (BARBOSA, 2009, p.69).

Para Faria utilizando-se dos estudos de Barbosa (2009) A rotina se trata então [...] de instrumento de controle do tempo, do espaço, das atividades e dos materiais, regulamentando e padronizando os adultos e as crianças. Ocultando a diversidade, massifica e homogeiniza o coletivo infantil, impedindo a construção das diferenças, tornando-o repetitivo, isto é, rotina rotineira, disciplinadora, fragmentando o projetar do exercitar, portanto, educando para a submissão. (FARIA, 2009)

De acordo com Barbosa (2009, p.35) “a rotina é uma categoria pedagógica que os responsáveis pela educação infantil estruturam para, a partir dela, desenvolver o trabalho cotidiano nas instituições de educação infantil”.

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A rotina é o eixo central onde as ações de educar e cuidar de desenvolvem na educação infantil. Desse modo, uma rotina que contemple o entrelaçamento das ações fundamentais que configuram a educação infantil necessita de uma consciência crítica do educador em compreender a criança como ser único e a rotina pode-se dizer que se configura um ser humano que se fragmenta em razão do tempo da rotina. A organização da vida diária nas instituições é padronizada, quase uniforme, seguindo normalmente as grandes etapas da psicologia evolutiva, as macropolíticas curriculares e as reformas de ensino, as posições hegemônicas sobre a formação de professores e a elaboração de produtos tecnológicos de comunicação de massas que têm permeado as políticas educacionais atuais. (BARBOSA, 2009, p. 27).

A mesma autora aponta que: Na prática educativa de creches e pré-escolas, está sempre presente uma rotina de trabalho, que pode ter autorias diversas: em alguns casos, são normas ditadas pelo próprio sistema de ensino; outras vezes pelos técnicos ou burocratas dessas repartições; outras ainda, pelos diretores, supervisores ou professores e demais profissionais da instituição e, em certas escolas. (BARBOSA, 2009, p. 35).

As rotinas dentro das instituições é uma espécie de representação da vida adulta e reproduzido pelas instituições de educação infantil para organizar o cotidiano e assim cumprir metas pré-estabelecidas. As crianças quando chegam à escola já encontram uma rotina posta e cristalizada e os adultos seguem os critérios a risca; as determinações a serem seguidas muitas vezes são ocultas. As rotinas podem tornar-se uma tecnologia de alienação quando não consideram o ritmo, a participação, a relação com o mundo, a realização, a fruição, a liberdade, a consciência, a imaginação e as diversas formas de sociabilidade dos sujeitos nela envolvidos; quando se tornam apenas uma sucessão de eventos, de pesquisas ações, prescritas de maneira precisa, levando as pessoas a agir e a repetir gestos e atos em uma sequência de procedimentos que não lhes pertence nem está sob seu domínio. É o vivido sem sentido, alienado, pois está cristalizado em absolutos. (BARBOSA, 2009, p.39).

Essa ideia supõe uma aquietação e entende-se a rotina ausente de cores, sabores, alegria, e a adrenalina da imprevisibilidade, sobretudo, pelo fato de não articular espaços para reflexões é tudo muito organizado e programado como trem sobre trilhos com caminhos a seguir e possíveis paradas, visto que do ponto de vista do humano pode ocorrer o extraordinário. Baseado na mesma autora “Outra ideia relacionada à rotina é a sequência temporal. Rotineiras são as ações ou os pensamentos- mecânicos ou irrefletidos – realizados todos os

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dias da mesma maneira, um uso geral, um costume antigo ou uma maneira habitual ou repetitiva de trabalhar. (BARBOSA, 2009, p.41).

É fato que as instituições de educação infantil onde é premente as ações de cuidado e de educação mereça parâmetros, organização e um fazer reflexivo a rotina com esse conceito estabelece uma forma de compreender e saber viver de forma coletiva respeitando as necessidades individuais. Mas, a rotina tão impregnada de previsão impossibilita os sujeitos envolvidos na educação de crianças reproduzir o mundo adulto, a vida mercantil para as instituições. Sendo assim Barbosa (2009) quando esclarece e suscita reflexões através da concepção sobre rotina configura como: A tentativa de compreender os elementos constituintes das rotinas com maior profundidade tem como foco possibilitar aos educadores pensar quais são os conteúdos transmitidos por intermédio delas, quais as práticas decorrentes de sua execução que são assimilados por seus praticantes, quais os hábitos de estruturação mental e moral que estão sendo constituídos e que tipo de subjetividades estão sendo definidas( BARBOSA, 2009, p.116).

É uma tentativa de universalizar os sujeitos em detrimento de suas particularidades para o cumprimento de horários e de dar conta dos conteúdos supõe certa proibição ao novo, ao incerto, aos momentos de novas experiências em grupo, as rotinas de certa forma não prioriza momentos de encontro de culturas. Nessa perspectiva Barbosa (2009) Todos na instituição conhecem as rotinas e, com isso, controlam a vida de todos. Um educador não apenas sabe sobre qual o seu horário de ir ao pátio, como também o dos colegas e, muitas vezes, age no sentido de fiscalizá-los denunciados quando tudo não está funcionando de acordo com o combinado. (BARBOSA, 2009, p.183).

É uma categoria pedagógica com padrão e destino certo quando os educadores não articulam uma forma flexível de estabelecer objetivos comuns entre crianças e adultos. Cabe aqui um parênteses e indagar para uma rotina que possa recriar, costurar, descosturar, construir junto com crianças. Essa concepção de rotina pede um educador pronto para o novo, tendo domínio sobre si e contribuindo para que a rotina uma vez instituída possa ser modificada. A (re) invenção do cotidiano na escola infantil depende das possibilidades de os adultos responsabilizarem-se pelo seu próprio tempo, romperem com o tédio da repetição, diminuírem o estresse de fazer tudo igual, criando um

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tempo diverso e diversificado, um tempo, que dê espaço às crianças e aos próprios educadores, dando ouvidos a tudo o que eles têm de inovador, de criativo, permitindo usar o tempo com a clareza possível a respeito dos fatores que nos fazem realizar as coisas de um modo ou de outro. (BARBOSA, 2009, 204).

As crianças precisam estar imersas opinando, construindo os fazeres do cotidiano vivido na escola como algo que favoreça novas experiências dentro de um espaço já conhecido por elas, o educador pode problematizar situações onde a criança tenha consciência de que também é dono do seu tempo e com ele pode autorizar a inserção novas ações, novos e velhos saberes e principalmente dividir com os outros o uso do seu tempo. Pois a rotina que entrelaça o educar e o cuidar têm em si essa perspectiva de compreensão do uso do tempo e das rotinas (ações) vividas com propósito.

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3. ELOS ENTRE O EDUCAR E CUIDAR Este trabalho é um estudo de caso realizado Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Vovô Zezinho a instituição está situada a Rua Direta do Comércio, s/n Arenoso. No período de outubro a dezembro de 2010. De acordo com Lüdke e André (1986, p.17) o estudo de caso “é o estudo de um caso, seja simples e específico [...] ou complexo e abstrato”. Os sujeitos que participaram desta pesquisa foram 8 Pedagogas com especializações na área de educação infantil e 7 auxiliares. O instrumento utilizado para coleta de dados foram dois questionários com questões abertas para as professoras e as auxiliares. O publico atendido na instituição são crianças grupo 1 ao grupo 5 em turno integral com total de 150 alunos. 3.1 ANÁLISES DE DADOS Análise dos dados tem como base as respostas dos questionários aplicados procurando trazer as expressões dos sujeitos que participaram desse trabalho. Para obtenção dos resultados utilizou-se como metodologia o estudo de caso baseado na pesquisa qualitativa, pois de acordo Lüdke e André (1986) estudo caso consiste em “o caso é sempre bem delimitado, devendo ter seus contornos claramente definidos no desenrolar do estudo”. Foi utilizada também a análise de conteúdo baseada na concepção de Bardin onde ele define que: A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de analise das comunicações, visando obter, por procedimentos objetivos e sistemáticos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (qualitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens. (BARDIN, 2000, p. 44)

O procedimento de análise desses dados consistiu em primeiro categorizar as respostas por semelhança semântica para definir as subcategorias sistematizadas em tabelas para facilitar a análise de conteúdo das respostas extraídas dos questionários e o entrelaçamento entre as expressões das professoras e das auxiliares. Para a análise do conteúdo foram definidas 10 categorias: (1) concepção de cuidar para professoras e auxiliares; 2) concepção de educar para professores e auxiliares; 3) distinção entre cuidar e educar para professoras e auxiliares;

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4) para as professoras é possível educar na perspectiva do cuidado; 5) Ações desenvolvidas pelas professoras para educar cuidando; 6) como a professora percebe o cuidado na proposta pedagógica; 7) como as professoras percebem o trabalho das auxiliares; 8) como as professoras explicam a rotina da creche 9) quais atividades são de cuidar e educar; 10) como as auxiliares compreendem o cuidado na sua prática Cada categoria foi desmembrada em subcategorias com o propósito de explicitar com objetividade as percepções dos conteúdos apresentados pelos sujeitos que participaram da pesquisa. A organização de subcategoria foi realizada tomando como base a quantidades de vezes em que a resposta apareceu nas falas das professoras e auxiliares. Concepção de cuidar para as professora e as auxiliares Tabela nº 1: Concepção de cuidar para as professora e as auxiliares Professoras

%

Subcategorias

Auxiliares

%

Subcategorias

Atenção/afeto

62

Higiene/afeto/alimentação

45

Bem–estar/ educar/ proteção/autonomia

25

Atenção/educar

35

Alimentação/rotina/prover necessidades/escuta sensível

12

Mostrar o que é correto

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Observa-se na tabela nº1 que a concepção de cuidar significa para 62% das professoras atenção e afeto, configurando assim estas subcategorias como prioridade enquanto que para 35% das auxiliares a concepção de cuidar representa atenção e educar. Desta forma, elas expressam que: “Cuidar para mim é está atenta às necessidades das crianças em todos os sentidos”. (professora A). “Cuidar consiste em “amar, dar atenção e carinho, é ser responsável” (professora D). “Cuidar é dar atenção”. (auxiliar A). “É ter bastante atenção”. (auxiliar B) “Cuidar é ter bastante atenção com as crianças”.(auxiliar C) “Cuidar é o educar”. (auxiliar G)

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“Cuidar é dar carinho e educação”. (auxiliar F)

As professoras priorizam no cuidar como uma atenção voltada para o atendimento das necessidades básicas das crianças, revelando um sentido mais funcional do que educativo, porém com um sentimento de zelo. Já as auxiliares conceituam o cuidar como uma função pré-definida, sobretudo, porque conceituam de acordo com o que ela já tem internalizado sobre a sua função, pois dentro da sua função não há uma reflexão criteriosa. O cuidar no sentido de atenção se configura uma atenção para cumprir as funções de realização da rotina. Estar atenta está para além de cumprir rotina. Pautada em Angotti (2008) pode ser visto no primeiro item desta pesquisa onde ela esclarece que atenção é “aceitar e entender a criança em seu estado de ser e vir a ser”. De acordo com o primeiro item da pesquisa sobre as concepções de cuidar da criança o RCNEI/1998 salientar que é, sobretudo, dar atenção a ela como pessoa que está em contínuo crescimento. Em se tratando de atenção na educação infantil é fundamental, pois é a possibilidade de estarem disponíveis as necessidades das crianças. A atenção se configura como um estado de alerta pronto a perceber o que a criança precisa e onde interferir para que o seu desenvolvimento seja saudável e significativo. Dentro do mesmo levantamento dos dados surge o educar como conceito de cuidar para as auxiliares, desse modo é possível perceber o entrelaçamento das concepções, porém deixa vaga na sua expressão como esse educar ocorre de fato. Necessitando assim de uma justificativa que cristalize esse entrelaçamento. As concepções de cuidar para 25% das professoras entrevistadas significam bem estar, educar, proteger, autonomia, assim as mesmas afirmam que o cuidar: “Possibilitar que as crianças criem autonomia para cuidar de si, dos outros, do ambiente a partir de suas necessidades”. (professora B). “Não podemos separar o cuidar do educar, pois os dois estão ligados e não são estanques. E os dois estão juntos proporcionando a construção da identidade e autonomia da criança”. (professora E) “É proporcionar o melhor, garantir o bem-estar e chamar atenção quando é necessário. E proteger na situação de risco e perigo”. (professora D). “Está relacionado a procedimentos que visam o bem estar, zelo e pode ser também uma maneira de educar”. (professora H).

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Entendemos que a autonomia é um princípio básico para ser e estar no mundo se posicionando quando necessário para que os sujeitos possam articular sua conduta em busca de uma ação cooperativa. Dessa forma a professora que prioriza a autonomia está em consonância com o que sugere o RCNEI/1998 “[...] interessar-se sobre o que a criança pensa [...] aos poucos as tornarão mais independentes e mais autônomas”. Na educação infantil cuidar solicita uma prática educativa que possibilite a esta ação um embasamento teórico com métodos que proporcione a criança cuidados pautados em excelência, sobretudo, quando prioriza os princípios éticos de responsabilidade, respeito e valorização do sujeito para ser autônomo. Princípios políticos, onde todos tenham participação, e abertura ao diálogo e por fim princípios estéticos no que diz respeito à organização do espaço utilizado pelas crianças de acordo com interesse delas orientadas pelas professoras. Ainda conforme o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil orienta: “é preciso que o professor possa ajudar a criança a identificar suas necessidades e priorizá-las, assim como atendê-las de forma adequadas”. Ao analisar a subcategorias de rotina, promoção de necessidades e escuta sensível entre professores e auxiliares percebe-se que para 12% das professoras cuidar está baseado nestes itens enquanto para 45% das auxiliares na ação de cuidar é mais importante alimentação, higiene e afeto. Desta forma confronta-se que enquanto para as professoras cuidar: “Significa preocupar-se desde os horários de funcionamento da instituição, estrutura e organização dos espaços físicos, com os materiais, bem como com o outro, perpassando pela alimentação e cuidados com a saúde e bem estar das crianças”. (professora C) “Cuidar é “Prover necessidades”. (professora F)

As auxiliares expressam que o cuidar se constitui em: “Cuidar é dar banho e dar alimentação. (auxiliar A) “Noções de higiene, saúde. (auxiliar B) Cuidar é banho e comida (auxiliar G) Acolher bem, com amor e carinho. (auxiliar D) Cuidar é dar carinho e educação. (auxiliar F) Acolher bem, com amor e carinho. (auxiliar D)

41

Cuidar é dar carinho e educação. (auxiliar F).

A professora C estabelece uma relação de cuidado com o cumprimento da rotina da instituição. Neste sentido a criança não esta sendo priorizada enquanto sujeito central da educação infantil onde o cuidar está relacionado de acordo com Boff (1999) com os princípios, os valores e as atitudes que fazem da vida um bem-viver e das ações um reto agir. As expressões das auxiliares referente a higiene, alimentação e o afeto aproxima-se da ideia de rotina que a professora C apresenta na sua expressão. Sendo assim, percebe-se que as auxiliares têm um ritual de trabalho que engloba essas ações. O afeto se estabelece pela razão das auxiliares estarem em contato direto com as crianças em uma relação de cuidado ora maternal, ora assistencialista para cumprir a rotina. A professora F é objetiva e vaga quando afirma que cuidar é prover necessidade. Desse modo, pode-se dizer que quando educadores acrescentam, adicionam novas necessidades dentro do contexto educacional para que a criança se constitua como sujeito e saiba que cuidar é de fato uma ação inerente aos seres humanos. Fazer dessas necessidades significativas. A professora não esclarece que tipo de necessidade ela promove para o cuidado com as crianças. Ao analisarmos a rotina de um Centro Municipal de Educação Infantil que atende crianças em tempo integral podemos constatar as diversas situações cotidianas que influenciam, por meio das relações sociais e interpessoais, a formação do cidadão. Dentre elas, está o momento da alimentação, da higiene e do descanso. Nesse caso, no CMEI, essa rotina de alimentação, higiene e descanso é de responsabilidade das auxiliares. Talvez por isso elas entendam que cuidar é dar alimento e afeto. O afeto se configura pela proximidade que elas têm com as crianças em momentos onde a dependência é mais evidente. Fica evidente que são necessárias as práticas de higiene, alimentação fixe-se em uma proposta pedagógica e não educativa no sentido de entrelaçar as ações para atender a estes aspectos do cotidiano. Fazendo referência ao primeiro item foi utilizado o RCNEI/1998 onde aponta que a melhoria para a educação infantil consiste na promoção de discussões para subsidiar projetos singulares, ou seja, nessa perspectiva articular os

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cuidados básicos de higiene, alimentação e descanso com uma proposta entrelaçados a educação. Já para 19% das auxiliares cuidar significa mostrar as coisas certas, é tanto que se expressa: “Cuidar é mostrar as coisas certas”. (auxiliar E)

O conceito dado pela auxiliar sobre cuidar como “mostrar o que é certo” entra em uma instância do que é a verdade, o certo ou o errado. A concepção dada por ela infere que a criança não tem o direito de valorar, de intervir, de decidir conforme afirma Freire (2008). Cuidar é estar em consonância com atitudes de respeito, atenção, responsabilidade e a disponibilidade de escutar o outro mesmo que não haja palavras nessa comunicação. O cuidar se dá na instituição através da rotina, porém não se configura como um ato primitivo é uma possibilidade de estar envolvido nas necessidades do outro. Cuidar como meta de tirar da creche o estigmas de assistencialismo. E possível perceber após o levantamento de dados que as confusões conceituais que giram em torno do termo cuidar na percepção das professoras e auxiliares condiciona as ações de educar e cuidar como separados dentro da instituição. A professora educa e tentar cuidar e as auxiliares cuidam porque têm um envolvimento maior com as crianças e esse envolvimento é possível pelas ações primitivas dos termos, tais como, alimentar, dar banho e colocar para dormir. Nessa perspectiva é possível indagar que o cuidado esta para além da etapa da educação infantil é em sim um processo que perpassa todas as etapas da vida possibilitando o envolvimento com o outro. De acordo com Boff( 2008, p. 97) “o grande desafio para o ser humano é combinar trabalho com cuidado”. Concepções de educar para as professoras e as auxiliares Tabela nº2: Concepções de educar para as professoras e as auxiliares Professoras

%

Subcategorias Ampliar conceitos

Auxiliares

%

Subcategorias 50

Ensinar

86,5

43

Mediar

37,5

Integrar / escuta/ dar limites.

12,5

Corrigir erros

12,5

A tabela nº2, apresenta as subcategorias definidas pelos sujeitos com relação à concepção de educar. Em seguida temos as falas, expressões e respostas dadas por estes sujeitos onde será possível uma articulação para compreensão do termo a partir da percepção dos sujeitos citados. Constata-se na tabela nº2 para 50% das professoras educar significa ampliar conceitos. Já para 86,5% das auxiliares significa ensinar. Pode perceber através das expressões abaixo que educar: “É possibilitar que as crianças entrem em contato com conhecimentos historicamente construídos, oportunizando que elas ampliem os que já possuem. (professora A) “Proporcionar à criança desenvolvimento pleno”. (professora C) “Educar é estimular o raciocínio, é aprimorar o senso crítico, as faculdades intelectuais, físicas e morais”. (professora E). “Educar é ensinar a jogar o lixo no lugar certo, ensinar a pedir licença e pedir desculpas para as pessoas”. (auxiliar A) “Ensinar os direitos, deveres e obrigações”.(auxiliar B) “Ensinar as coisas boas e certas”. (auxiliar D) “Ensinar a verdade”. (auxiliar E) “Ensinar as coisas certas e quais são as erradas” (auxiliar F) “Ensinar as coisas certas da vida”. (auxiliar G)

Percebe-se nas expressões das professoras e auxiliares que a concepções para educar apresentam distinções, visto que, as professoras tem uma visão mais pedagógica devido a sua formação acadêmica e também pela oportunidade em estar em constante processo de formação e reflexão sobre a sua prática. As distinções expressadas por elas influenciam diretamente nas ações realizadas com as crianças. Desse modo, essa influência sobre a criança ocorre uma divisão dentro das ações estabelecidas na instituição de educação infantil, sobretudo, porque a criança necessita estar imerso em um universo que contemple a sua educação de forma integrada.

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Utilizando Freire (2008, p.54) onde ele aponta “afinal, minha presença (as crianças) no mundo não é a de quem a ele se adapta, mas a de que nele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da História”. Ampliar conceitos é ter a certeza e o respeito pelo conhecimento previamente adquirido por estas crianças atendidas na instituição. Desse modo, educar tem um caráter de identificação e conhecimento do professor para com as crianças. Ampliar é uma forma das professoras contribuírem para um educar baseado na perspectiva da criança respeitando seus interesses. Revisito o primeiro item apoiada no RCNEI/1998 onde deixa claro que o conhecimento é fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação. A interação entre os sujeitos e o conhecimento de ambos possibilita um diálogo que proporciona a criança a segurança e a importância de aprender, pois se sente coautor. É interessante pensar em educar com uma proposta dialógica. As expressões das professoras estão de acordo com (RCNEI/1998) quando indica que a elaboração de propostas educacionais, veícula necessariamente concepções sobre criança, educar, cuidar e aprendizagem, cujos fundamentos devem ser considerados de maneira explícita. Observa-se na tabela nº2 que 37,5% das professoras entende que educar é mediar. Já para 12,5% das auxiliares entende que educar significa corrigir erros. Os dados permiti um confronto entre as expressões para compreender o que é educar dentro das instituição dessa forma percebe-se uma diferença de concepções imbuídas de outras concepções. Pois, do mesmo modo que há diferença nas expressões ocorre uma hierarquização nas ações e condiciona a uma relação fragmentada para com a criança. “É orientar, mediar o conhecimento”. (professora F) “É um processo entre transformações”.(professora G)

indivíduos

onde



aprendizagens,

“É corrigir os erros e colocar em prática as coisas boas coisas que deve ter uma criança”. (auxiliar C)

Ao mesmo tempo em que afirma que educar é mediar temos a expressão da auxiliar que afirma que educar “é corrigir erros”, deste modo mesmo trabalhando no mesmo espaço tendo crianças como foco do processo educativo os sujeitos responsáveis pela educação

45

e cuidado delas tem concepções que ao mesmo tempo que beneficia, desautorizando a criança enquanto sujeito central dessa articulação. Em se tratando das expressões sobre mediação Guimaraes (2009, p.53) propõe a seguinte reflexão: “o desafio do educador e da educação é ampliar esses espaços de visão: do profissional em relação a si mesmo para, ao mesmo tempo, ver a criança em sua singularidade”. Ainda pautada em Guimarães percebe-se sobre a proposta que desafia o educador a autora afirma que: Trata-se de poder experimentar a transformação do que não está posto, mas ainda é desconhecido, ou seja, um encontro que não está definido a priore, mas começando pela possibilidade de uma realidade mútua, compartilhada. O encontro com o sujeito da experiência transcende o que se pensa conhecer dele. (GUIMARÃES 2009, p.53)

Essa concepção de educar tem uma abrangência em escutar, entender e estar com as crianças fazendo com que elas sejam sendo, vivam a infância na instituição de educação infantil como momentos únicos, importantes e válidos para se posicionar no mundo enquanto sujeito completo. Estabelecendo laços. Já 12,5% das professoras expressam que educar é integra o cuidado, escuta sensível. “Educar também é criar situações de cuidado integrando educar e cuidar” (professora A) “É proporcionar atividades desafiadoras para que promova o desenvolvimento da cognição, linguagem, corpo, afetividade, ou seja, o ser global”. (professora B). Educar é “acolher, respeitar os sentimentos das crianças, saber ouvir”. (professora G).

A expressão desta professora será analisada de forma isolada, pois ela servirá como objeto de discussão entre o que é certo ou errado, poder e não poder. “Mostrar o que é certo e errado, o que pode e não pode. É dar limites com motivo e explicação”. (professora D)

De acordo com Guimaraes (2009, p. 103) “a instrução concretiza-se nas hierarquias e na disciplina- um sabe e o outro não sabe; há algo correto a ser transmitido”. A professora dessa forma tem uma concepção de ponto de vista exclusivamente do adulto e não entende a criança como coadjuvante no processo educativo. De acordo com a expressão “dar limites”.

46

Educar pode se traduzir em mudar algo que emerge por mudança e a criança nessa perspectiva é o sujeito social que necessita de mudanças para se estabelecer enquanto sujeito também histórico, criador, articulador do seu conhecimento mediante a ação de um adulto capacitado e envolvido com o compromisso de educar para além da sala de aula. A resposta dada pelas auxiliares remete a uma forma de educar com concepção disciplinadora ao afirmar: “ensinar as coisas certas e quais são as erradas”. De acordo com essas expressões pode-se dizer que para as auxiliares educar prevalece à concepção de criança como “objeto”. Desse modo, assim Freire (2008, p. 22) ao se referir sobre o processo de ensinar afirma que: “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Desse modo as auxiliares necessitam ampliar o conceito de criança que precisa organizar a vida, mudar sua perspectiva interna mediante as relações sociais, educar para ela indica uma forma de recepção de modos de comportamento. O saber constituído e instituído. Para Freire (2008) aponta que é importante “saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as potencialidades para a sua própria produção ou a sua construção”. A concepção de educar que as auxiliares expressaram surge devido a limitações que ocorre até mesmo dentro dessa função, devido às distinções hierárquicas existentes no ambiente escolar. Tem razão Guimarães (2009, p.104) quando destaca que: “Os adultos transmitem técnicas: esperar, observar, aquietar o corpo e reproduzir modelos”. Concomitante a essa citação temos Corsino (2009, p. 146) quando diz que “O discurso autoritário, engessado e sem possibilidade de réplica, é interiorizado como dogma, destituindo o sujeito de autoria, o que leva a um agir tutelado por prescrições, sem efetivas transformações do sujeito.”. Dessa forma, educar na perspectiva das auxiliares ainda prevalece à educação bancária, talvez por falta de estudo aprofundada sobre as teorias que subsidiam o trabalho com crianças, desta forma não é possível realizar uma conclusão sobre as expressões delas de modo que traga ao discurso da queixa. As expressões colaboram para entender como a concepção em torno do educar engessa as ações que elas exercem.

47

Educar consiste em estar articulando saberes e vida onde o educador colabora para tornar o sujeito autônomo, articulador da sua própria história. Nessa perspectiva educar além de respeitar os conhecimentos prévios possibilita a criança ampliação dos mesmos. Distinção entre educar e cuidar para as professoras e auxiliares Tabela nº 3: Distinção entre educar e cuidar para professoras e auxiliares Professoras

Quantidade

%

Não

8

100

Auxiliares

Sim TOTAL

100

Quantidade

%

4

57,15

3

42,85

7

99,99

Um dos grandes desafios da educação infantil é entender a criança de forma global. Educar e cuidar não distintos. Percebe-se a necessidade de entrelaçar os termos e executá-los no sentido de promover práticas educativas que contribuam para um trabalho articulado entre professores e auxiliares. Não cabe aqui considerar o educar como significativo e tratar o cuidar como ação menor. Constata-se na tabela nº3 para 100% das professoras e 57,15% das auxiliares não há distinção entre educar e cuidar. Sendo assim as professoras expressam que: “Não são distintos na educação infantil eles estão integrados desde que ofereçamos situações em que os cuidados, as brincadeiras e os conhecimentos pedagógicos sejam significativos”.(professora A) “Se convive o dia inteiro com as mesmas crianças em um CMEI, é impossível ver uma criança se sujar e você não limpar, não comer e você não ajudar a comer”.(professora B) “Não. Não podemos considerar assim. Educar e cuidar estão interligados, pois, quem cuida também educa e vice-versa”. (professora C) “Não, são fatores que andam juntos, não devem ser separados”. “não, um depende do outro”.(professora D) “Não. Um depende do outro. (professora F) “Não, ambas estão sempre associadas”.(professora G ) “Sim, porém, são inter-relacionados. (professora H)

Logo educar e cuidar tem a mesma importância na educação infantil. Entrelaçados para comtemplar a criança o que lhe e de direito. A importância dessa complementariedade é traduzida no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) quando define que “Comtemplar o cuidado na esfera da instituição da educação infantil

48

significa compreendê-lo como parte integrante da educação”. E ainda aponta “educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados”. Já para 57,14% das auxiliares afirma que educar e cuidar não são distintos, pois expressaram: Revisitando o primeiro item desta pesquisa é possível abstrair elementos que entre em acordo com as expressões das entrevistadas, pois, estão em consonância com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil quando aponta a “indissociabilidade” das ações de educar e cuidar. Pode-se dizer a partir desta análise que as auxiliares necessitam de um estudo mais aprofundado sobre essas questões e volto para a introdução deste capítulo quando cito Barbosa (2006) que discutiu sobre rotinas na educação infantil sendo assim a perspectiva dessas auxiliares com relação ao cuidar é que ele é separado da ação de educar. Desse modo podemos dizer que cuidar faz parte da rotina da instituição e deve ser cumprida até o final do dia e que alimentar-se, banhar-se, dormir são ações impossíveis de educar e, elas assim estão dividindo as crianças e depositando nelas a ideia de que educar é responsabilidade do professor para desenvolver a intelectualidade. Somente para as auxiliares educar e cuidar são distintos. Configurando 42,85% das auxiliares. A distinção definida pelas auxiliares deve-se a ausência de um estudo apropriado para compreensão de educar. Dessa forma revisito o RCNEI/1996 quando esclarece que educar é propiciar situações de cuidado.

Para Professoras é possível educar na perspectiva do cuidado Tabela nº 04: Educar na perspectiva de cuidado para as professoras Subcategorias

Quantidade

%

Sim

8

100

8

100

Não

TOTAL

49

A educação infantil necessita de uma perspectiva diferente do que se configurava anteriormente, um atendimento as demandas sociais. Educar no sentido do cuidado pede especificidades da relação professores-criança que extrapola o fazer pedagógico. Essa dinâmica tem uma possibilidade de propostas pedagógicas que forme entrelaçamento entre educar e cuidar. A educação infantil é uma etapa onde a criança tem oportunidade, novas alternativas, novas relações interpessoais para que possa desenvolver suas potencialidades. Desse modo, o entrelaçamento das ações tem papel de unir sujeito e não fragmentá-lo em razão de demandas somente pedagógicas. Cabe aos professores, auxiliares e o corpo técnico da escola entender que o desenvolvimento dessas crianças depende inicialmente delas. Para 100% das professoras é possível educar na perspectiva do cuidado e expressaram que: Com certeza. A partir do momento que integramos o cuidar com educar observando as necessidades das crianças e são estas necessidades que vão nos mostrar como devemos cuidar delas e integrando aspectos afetivos, emocionais, cognitivos, corporais etc..(professora A) “Sim, pois para mim uma está vinculada a outra, principalmente na educação infantil e cuidar vai além de levar uma criança ao banheiro, devemos abrir nosso campo de visão”. (professora B) “Sim, pois, devemos propor atividades às crianças que permitem o seu desenvolver integral, observando aspectos físicos, mentais e sociais”. (professora C). “Sim, com certeza. Isso é uma questão de consciência e responsabilidade. Na medida em que educamos uma criança, temos o cuidado em oferecê-la aquilo que ela precisa. Respeito por um ser, um SER, em formação”.(professora D) Na educação infantil o “cuidar” é parte integrante da educação, embora possa exigir conhecimentos, habilidades e instrumentos que exploram a dimensão pedagógica. Cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda a integração de vários campos de conhecimento e a cooperação de profissionais de diferentes áreas. (professora E) “Claro, porque um não acontece sem o outro”.(professora F) “Sim, educar e cuidar caminham juntos”.(professora G) “Sim, acredito que em todas as ações o professor poderá educar cuidando, desde que haja compromisso, afetividade, diálogo, interação, escuta sensível”. (professora H).

50

Implica, portanto ao professor uma dinâmica de conhecimento e responsabilidade tendo em vista que a professora não é um mártir da educação infantil, assim como ela declarou necessita de profissionais de varias áreas, porém a professora como mediadora singular e especial nesse contexto educativo deve ter em mente que cuidar não esta acrescentando a ela mais uma tarefa e sim possibilitando uma educar suave, prazeroso e acima de tudo coerente com as necessidades das crianças. Estas respostas sugerem que as professoras compreendem que educar e cuidar tem em si uma natureza idêntica, pois a possibilidade na educação é transformar pessoas é modificar a vida delas para que possam extrair da vida o que ela tem de melhor. É oferecer e saber que estar no mundo não é separado da vida dentro da escola, os seres que lá estão carregam em si seus sentimentos e desejos. Assim a educação é uma possibilidade de disseminar o cuidado ao outro coerente. As professoras que assumem que é possível educar na perspectiva do cuidado têm si uma consciência de que as ações são entrelaçadas não no sentido menor de assistência, mas incorporando em sua prática ações pedagógicas que possam perceber a criança como um todo em desenvolvimento e articulando junto com as auxiliares uma possibilidade de educar cuidando. A professora da educação infantil deve compreender que as ações pertinentes a esta fase na vida das crianças é o momento de criar raízes no sentido de proporcionar às crianças a segurança, o conforto emocional, e o cuidado consigo vai refletir no cuidado com o outro e com o mundo. Apoiada em Tiriba (2005) quando ela aponta que “o cuidado exige particularismo porque as pessoas são singulares”. Esse é o ponto de reflexão para impulsionar a educação infantil como espaço de pessoas singulares e que ela precisa conhecer o mundo que é plural, somente na ação de cuidar é que percebemos as reais necessidades das crianças.

51

Logo, educar na perspectiva do cuidado é dar às pessoas a oportunidade de se conhecer e entrar em conexão com os outros criando assim uma rede de possibilidades. Quais ações do professor para educar cuidando Tabela nº 05: Ações das professoras para educar cuidando Subcategorias

%

Acolher

50

Integração educar e cuidar/ autonomia / rotina

25

Escuta sensível / educar

25

TOTAL

100

Verifica-se na tabela nº 5 que educar cuidando para 50% das professoras é acolher, sendo assim as mesmas afirmam que: As ações das professoras a priori solicitam o acolher a criança e através da observação, da escuta possibilitar que as ações sejam pautadas em integrar educar e cuidar em colaboração ao desenvolvimento da criança e a sua capacidade de se tornar autônoma. “Acolher, amar, ouvi-las com respeito e autonomia”. (professora G) “Mostrar a criança que ela tem a liberdade para se expressar de várias maneiras (professora D). “A construção de regras de convivência, atividades recreativas, orientação e participação das atividades de higiene e alimentação, rodas de conversa, atividades em grupo e individuais do aspecto cognitivo, etc.”. (professora H)

A prática educativa implementada de forma que as crianças percebam que também são “donas” da sua formação é o que de fato deve ser percebido nas ações de educar cuidando. É um trabalho que Freire (2008) aponta que necessita se estabelecer no diálogo com o outro. Para 25% das professoras a possibilidade de executar ações para educar cuidando se entrelaçam e ocorre quando integram educar e o cuidar. “O professor deve ter uma escuta sensível das necessidades, desejos das crianças e a partir daí observar de que forma irá caminhar o seu trabalho e este deve integrar o cuidar com o educar”. (professora A) “Ser uma educadora que visa à formação do ser integral”. (professora F)

52

Já 25% acreditam que a escuta sensível, seguir a rotina e educar é um viés que possibilita educar e cuidar. A rotina mais uma vez é citada como um elemento de estruturação das ações é nessa perspectiva que os “combinados” seja concebido em prol de uma coletividade e entrelaçamento. “A rotina seus exemplos, a organização dos espaços, criação de combinados”. (professora C) “O professor deve ter uma escuta sensível das necessidades, desejos das crianças” (professora A) “Nossa missão é educar, nosso foco é esse, isso deve ficar bem claro, mas, devemos estar atentas as necessidades das crianças, em todos os aspectos”. (professora B)

Através da análise das expressões é possível perceber o entrelaçamento do educar e do cuidar tão importante para a educação infantil. Mesmo quando analisamos as subcategorias por porcentagem é possível perceber que as subcategorias se entrelaçam, pois não há acolhimento sem integração e escuta sensível e essas subcategorias percorre a rotina da instituição através das ações executadas pelos sujeitos responsáveis pela execução das mesmas no sentido de promover o que também foi salientado nas falas e imprimidos na tabela a busca pela autonomia. Como o professor entende o cuidado na proposta pedagógica da instituição Tabela nº 06: O cuidado na proposta pedagógica Subcategorias

%

Integrado cuidar e educar

50

Busca

da

Autonomia/

funções

50

definidas/rotina/doação TOTAL

100

A base do cuidado humano é compreender como ajudar o outro a se desenvolver como ser humano3. Integrar o cuidar e o educar na proposta educativa da creche, é trazer para

3

FOREST, Nilda Aparecida;WEISS, Silvio Luiz Indrusiak. Cuidar e educar: perspectivas para a prática pedagógica na educação infantil.

53

a rotina um compromisso entre professor e aluno em um processo de retroalimentação do conhecimento. Para 50,0% das professoras, cuidar está integrado com educar na proposta pedagógica da creche. Pode-se traduzir esta proposta pedagógica em educativa, pois no sentido mais amplo engloba o educar e o cuidar. “O cuidado na proposta é fazer com que as crianças sejam autônomas. A partir das suas necessidades irão desenvolver-se integralmente”. (professora A) “O cuidar perpassa pela organização dos horários de funcionamento da creche compatível com a jornada de trabalho dos responsáveis pelas crianças, pela organização dos espaços, atenção aos materiais que são oferecidos pelo respeito às manifestações da criança.” (professora C) “Ter a criança como o foco principal do trabalho. Respeitá-la e amá-la como merece e precisa”. (professora D) “Cuidar e educar as crianças de maneira integral”.(professora G) “Deve ser propiciado pelo professor em diversas situações permeado todas as áreas do conhecimento” (professora H)

Já para 50% das professoras o cuidar na proposta pedagógica significa: busca de autonomia, funções definidas, rotina e doação, conforme as expressões “A creche tem sua rotina e o pedagógico tem o seu lugar, há uma equipe: professores, auxiliares, ajudantes, o professor estão todo momento dessa rotina presentes, mas temos as nossas funções bem definidas, mas todos se ajudam” (professora B) “Doar-se”. (professora F)

O cuidar na proposta pedagógica da instituição deve ser pautada nas necessidades das crianças. De acordo com o primeiro item desta pesquisa pautada no RCNEI(1998) onde inclui interessar-se sobre o que a criança sente, pensa o que ela sabe sobre si e sobre o mundo, em busca da autonomia. Como a professora compreende o trabalho das auxiliares Tabela nº07: O trabalho da auxiliar para as professora Subcategorias

%

Importante

75

Educam e cuidam/prestação de

25

serviços TOTAL

100

54

A importância do trabalho das auxiliares na educação infantil é importante do ponto de vista das professoras. Apesar de na instituição o trabalho das auxiliares se ater somente a cuidados com a higiene, a alimentação e a hora do descanso. Elas cuidam e a professora educa desse modo à importância dada é justamente porque sem o trabalho delas a professora não consegue dar conta da rotina sozinha. O trabalho das auxiliares para 75% dos professores é importante. “É um trabalho muito importante, pois elas trabalham junto com a professora ela ali apenas para cuidar da higiene, da alimentação da criança, mas também auxilia nas atividades pedagógicas, tendo uma escuta sensível”. (professora A) “Importantíssimo!!! Sem o trabalho das auxiliares fica muito difícil colocar em prática as atividades propostas pelo professor e o andamento dos trabalhos da creche de maneira em geral”. (professora C) “De extrema importância. É inviável trabalhar sozinha com crianças pequenas, principalmente, com os bebês. Precisamos do auxílio dessas profissionais que nos garantem um grande apoio” (professora D) “É um trabalho imprescindível de apoio, pois os alunos ainda são dependentes precisando de auxilio em suas necessidades e no cuidado, junto às professoras”. (professora E) “Imprescindível” (professora F) “É importante, pois crianças sempre precisam de cuidado, orientação”. (professores G)

Já para 25% afirmam que o trabalho das auxiliares está relacionado com o educar e o cuidar é uma prestação de serviço. “Trabalhei quase 15 anos em escolas particulares e em educação infantil as auxiliares ajudam a manter a sala limpa, acompanha a pró ao fazer atividades, dão banho, arrumam materiais sempre com a supervisão do professor. (professora B) “Assim como as professoras, elas educam e cuidam em suas atividades mesmo que não tenham consciência disso”.(professora H)

Na educação infantil é necessário um trabalho consciente e o que é visto nas instituições é que as auxiliares não têm qualificação para trabalhar com crianças. Elas se utilizam do conhecimento baseado na rotina do trabalho, visto que, muitas já estão na função a muito tempo.

55

O apoio dado por elas realmente se destaca como importante, pois o professor mesmo tendo um compromisso polivalente não há como articular seu fazer docente em uma sala de aula com um número significativo. Portanto, pode-se dizer que além de importante para a professora o trabalho delas deve ser importante para as crianças que é o sujeito também dessa relação. Este é além de tudo um problema de cunho hierárquico as auxiliares são bem posicionadas em fazer somente o trabalho que o professor se recusa a fazer, nesse caso o apoio que o professor da às auxiliares se estabelece somente no discurso. São funções distintas em busca de um só objetivo que é promover o desenvolvimento das crianças. Como as professoras explicam a rotina da creche Tabela nº8: Rotina da creche para as professoras Subcategorias

%

Integrados educar/cuidar

50

Necessária

25

Vivência

25

TOTAL

100

De acordo com Barbosa (2006) ”rotina é uma categoria pedagógica que os responsáveis pela educação infantil estruturam, a partir dela, desenvolver o trabalho cotidiano nas instituições de educação infantil”. Na tabela nº 8 mostra que para 50% das professoras a rotina da creche é integrada no educar e cuidar. “A rotina é muito importante isto deve envolver os cuidados, as brincadeiras e as situações pedagógicas. A rotina faz com que as crianças sintam-se seguras, pois elas sabem o que vai acontecer durante a sua permanência na creche”. (professora A) “Diante do ambiente (estrutura física inadequada) que temos, a rotina que é trabalhada na creche foi a que melhor se adaptaram as nossas necessidades.”. (professora E) “A chegada das crianças deve acontecer num clima alegre e acolhedor, principalmente, para os bebês que “sofrem” mais com a “separação” das mães ou responsável. Os momentos de refeição, lazer e descanso devem ser respeitados, assim como se devem acompanhar as atividades tendo atenção na higiene das crianças (banho troca de fralda, lavar as mãos e a boca, troca de roupa, pentear os cabelos). A saída é tranquila, a criança percebe que

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passou um dia sendo bem cuidada, voltará para casa, estará com a família e no dia seguinte, ficara bem novamente”. (professora D). “A rotina é organizada com atividades comuns aos grupos do 1 ao 5 do acolhimento a hora da saída. Buscamos a dimensão pedagógica para que a criança tenha autonomia e se desenvolva plenamente, ou seja, os aspectos físicos, emocionais e cognitivos”.(professora H)

Já para 25% a rotina é necessária afirmando que: “A rotina é muito importante, pois, facilita ajuda na organização, estrutura e no bom andamento das tarefas, atividades do trabalho”. (professora C) “Necessária” (professora G)

E para os outros 25% a rotina é caracterizada como vivência e uma rotina padronizada. “Já está instalada, temos uma forma de se trabalhar e as crianças internalizam essa rotina muito bem”. (professora B) “Rotina é vivência” (professora F)

Ao mesmo tempo em que considera a importância de uma rotina que contemple cuidados, brincadeiras e o pedagógico há uma concepção de rotina cristalizada, mecânica e previsível. Quando aponta que as crianças “sabem o que vai acontecer” voltando a Barbosa (2006) “a rotina cotidiana [...] está invadida pela conformação subjetiva, de acordo com discursos hegemônicos, e nela procuram-se banir a transgressão, o desejo e a alegria”. A professora respondeu com muita propriedade e muita segurança dando a rotina um papel fundamental dentro da instituição quando afirma que “as crianças internalizam muito bem”. Desse modo a criança aqui é vista como “objeto” da rotina e internalizar é o objetivo da instituição para que nada seja modificado. Desse modo, revisito Barbosa (2006, p.39) aponta que ”as rotinas podem tornar-se uma tecnologia de alienação”. O professor alienado na sua prática faz do seu cotidiano ações rotineiras. “É o vivido sem sentido” Barbosa (2006, p.39). No final da fala da professora D ela deixa claro que “no dia seguinte, (a criança) ficara bem novamente”. É um “dever ser” Barbosa (2006). A fala da professora configura uma rotina que o que importa é concluir o dia e ter dado conta do “recado”, ou seja, cumpriram-se mais um dia de ritual, de controle e ordem. Qualquer evento extraordinário configura um descompasso na rotina da instituição.

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Talvez por isso tenhamos professores alienados, doentes e estressados porque na medida que a situação sai do controle da rotina ele não sabe como mediar esta situação. E configura-se um caos. A fala da professora mostra que o espaço também condiciona a rotina o espaço também educa e possibilita a criança penetrar no mundo físico das coisas. Revisito Barbosa (2006, p.122) e concordo quando afirma que a organização do ambiente possibilita compreender a infância. Pode-se dizer que a vivência que a professora se refere é a mesma ideia de Barbosa (2006, p 203) quando diz que é preciso “ressignificar as ritualizações presentes na rotina”. A professora G foi sucinta quando diz que a rotina “é necessária”. A resposta da professora deixa espaço para reflexões em torno na real necessidade da rotina na educação infantil. Caso a professora entenda a rotina como necessário para que nada saia do controle é importante salientar que ser educador esta além de saber o que deve fazer. Como vimos no primeiro capitulo ocorreram muitas mudanças para o que constitui hoje a educação infantil. A declaração da professora H quando diz “a rotina é organizada com atividades comuns [...]” implica em uma concepção de rotina homogeneizada. É o que Barbosa (2006) entende como “eixo”, ou seja, a rotina segue como trem sobre trilhos seguindo um eixo estruturado e pensado pelo adulto para cumprir horários e metas pré-estabelecidas. São as invisibilidades que a rotina propõe, é preciso um saber reflexivo sobre as ações constitutivas do fazer pedagógico salientando que a educação é um processo dinâmico. Dentre as atividades que o professor desenvolve quais as que consideram que: cuida e que educar. Tabela nº 9: Atividades de cuidar e de educar Cuidar/subcategorias

%

Educar/subcategoria

Rotina: (higiene/alimentação)

75

Compromisso

escuta/organização do espaço Proteção/cuidar

e

educar

o

50

Rotina/ensino/orientação/d

50

pedagógico 25

integrado TOTAL

com

%

ar limites 100

100

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Constatam-se na tabela nº9 as atividades que as professoras desenvolvem na categoria cuidar 75% faz referência a rotina (higiene, alimentação) escuta e organização espacial. “A hora do café, almoço, ceia, sono, banho, soninho, troca de farda, escovação. Obs.: apesar de termos um olhar pedagógico em todos esses momentos”. (professora B) “Organização dos espaços, rotina bem organizada, criação de combinados, momentos de cuidados de hábitos saudáveis de higiene e alimentação” (professora C) “Na educação infantil o cuidar está ligado ao educar, pois são crianças de 1 a 5 anos que passam o dia inteiro na creche, aprendendo a formação de cidadãos autônomos que além de terem acesso a conteúdos e ao letramento, aprendem também sobre: saúde, alimentação, valores, cuidados com seu corpo, relacionamento interpessoal e outros temas necessários a formação de sua identidade”. (professora E) “Tudo” (professora F) “Quando arrumo e perfumo a criança antes de ir a um passeio. Quando começo a dar comida na boca da criança que esta se adaptando a rotina escolar. (professora H)

As atividades desenvolvidas pelas professoras priorizam muito o pedagógico de forma a dar conta de conteúdos e objetivos dos projetos da instituição, é possível perceber nas expressões que elas estão ali para educar e o cuidado mais uma vez surge impregnado de ações relacionadas à higiene e a alimentação. Essa conduta configura a educação infantil limitações e barreiras quanto ao fazer pedagógico que também priorize o cuidar de forma entrelaçadas aos conteúdos por elas estruturados. De acordo com o RCNEI (1998) sugere que as ações que fundamentam a educação infantil sejam feita de forma integrada visando à criança como um ser em potencial e de direitos. O cuidado precisa considerar, principalmente, as necessidades das crianças, que quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes sobre qualidade do que estão recebendo. Os procedimentos de cuidado também precisam seguir os princípios de promoção da saúde. Para se atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da vida é com o desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário atitudes e procedimentos estejam baseados em conhecimentos específicos sobre desenvolvimento biológico, emocional, e intelectual das crianças, levando em conta diferentes realidades socioculturais. (BRASIL, 1998, p.25)

Os papéis sociais dentro da instituição com clareza supõem distinção e alienação ao trabalho quando impossibilita a interação para o crescimento intelectual de todas as pessoas envolvidas com as crianças. O cuidar e o educar devem caminhar juntos e esta

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possibilidade só se estabelece a partir da tomada de consciência e da quebra de conceitos e preconceitos que giram em torno da ação de cuidar. Já para 25% das professoras, as atividades que correspondem o cuidar estão relacionadas com proteção é possível compreender através das expressões: “Coloco no colo, ouço o que ela tem a me dizer, consolo e intervenho em situações críticas”. (professora A) “Quando protejo numa situação de perigo. Quando pego no colo e faço carinho” (professora D)

Ao analisar como as professoras percebem o educar em suas atividades desenvolvidas na creche 50% das mesmas afirmam que o compromisso com o pedagógico é fundamental, assim apontam que: “Educo quando proponho situações em que as crianças pensem, reflitam, resolvam, errem, critiquem”(professora A) “Roda de estudo, roda de conversa, etapas do projeto, visitas fora do ambiente escolar, apresentações, ensaios, pesquisas entre outros”. (professora B) “Rotina bem organizada, criação de combinados, atividades, etapas dos projetos colocados em pratica na sala de aula, atividades que permitam as crianças demonstrarem compromisso com ambiente, com o outro, responsabilidade e respeito para com todos da instituição”. (professora C) “Na educação infantil o cuidar está ligado ao educar, pois são crianças de 1 a 5 anos que passam o dia inteiro na creche, aprendendo a formação de cidadãos autônomos que além de terem acesso a conteúdos e ao letramento, aprendem também sobre: saúde, alimentação, valores, cuidados com seu corpo, relacionamento interpessoal e outros temas necessários a formação de sua identidade”. (professora E)

Já para os outros 50% o educar corresponde à rotina, ensino, orientação e limites. Assim elas expressaram: “Quando dou limites mostrando o certo o errado, o que pode e o que não pode. Quando demonstro amor por eles, quando ensino que eles precisam ajudar os coleguinhas e não machucar os outros”. (professora D) “Tudo” (professoras F) “Quando construo com as crianças os combinados através da contação de histórias. Vale ressaltar que em todas as atividades eu posso e devo orientálas quanto a procedimentos, atitudes e conceitos relativos aquela ação, educando e cuidando simultaneamente”. (professora H)

A educação infantil cabe também proteger no sentido de entender o outro como alguém em processo de conhecimento de si, do mundo e do outro. Nessa perspectiva a proteção

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surge como um elo que ocorre através da interação conjunta das pessoas envolvias com as crianças dentro da instituição possibilitem que educar e cuidar sejam entrelaçados em todas as ações sejam as de higiene e alimentação ou as de objetivos pedagógicos. A educação infantil necessita de um professor de acordo com o primeiro capitulo com competência polivalente, comprometidos com a prática educacional respondendo a demandas relativas aos cuidados e aprendizagens infantis. Perguntado como as auxiliares compreendem o cuidado em sua prática. A auxiliar expressa na sua fala que: “É gostoso cuidar de crianças, é trabalhoso mais nunca se cansa porque é muito importante você gostar do que faz principalmente de criança” (Auxiliar C).

O depoimento das auxiliares é fundamental para conhecer o que ela entende do seu trabalho e de certa forma essa expressão que não é ouvida dentro da instituição, pois as pessoas precisam dar conta da rotina. Esse relato é uma fonte de reflexão no sentido de como essas mulheres compreendem e ao mesmo tempo não pode interferir com propriedade na educação e no cuidado das crianças. Todas foram unânimes quando solicitadas a refletir sobre o seu trabalho em projetar o vivido com as crianças colocando-as sempre em primeiro lugar na sua declaração. É possível ver emoção nas falas e sentimento para com as crianças. “Estas crianças precisam de muito carinho e afeto das cuidadoras”. (auxiliar B) “Gosta de crianças, tem paciência, saber lidar com imprevistos e se relacionar bem com outras pessoas”. (auxiliar C) “Cuido pensando que a minha ação possa ajudar no crescimento dessa criança, que o futuro dela seja de sucesso”. (auxiliar D)

As crianças para as auxiliares continuam sendo crianças dentro da instituição o que por muitas vezes nas falas das professoras notamos que a concepção delas para com as crianças é de alunos, pode uma vez ou outra ocorrer um momento de carinho, colo. Mas, o pedagógico precisa ser realimentado para compreender que cuidar e educar tem objetivos claros promover a criança uma experiência de viver cada momento de sua infância como fase importante que é. “Vários sentimentos”. (auxiliar E) “As crianças precisam muito de atenção e cuidado”. (auxiliar F) “Eles precisam de carinho e afeto”. (auxiliar G)

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As auxiliares compreendem que afeto é importante para formar vínculos e que dessa forma de estarem com as crianças elas podem proporcionar significados a vida delas. Em meio a um ritual estabelecido na rotina da instituição elas conseguem estabelecer e compreender que as crianças precisam muito mais do que o pedagógico consegue dar conta. Pode-se dizer que as instituições de educação infantil precisam estabelecer objetivo e atitudes que visem o pedagógico como algo intrínseco a vida da criança compreendendo que a educação deve promover ações que busquem na essência o ser humano afetuoso, único e com possibilidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Os resultados aqui apresentados não têm o proposito de trazer conclusões, prescrições ou determinações, para além das turmas do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Vovô Zezinho, espaço o objeto deste estudo. É a possibilidade de nos levar a reflexões e indagações. O cuidar e o educar estão imbuídos de conceitos que dão lugar às relações estabelecidas ao logo da história da Educação Infantil. É importante educar e cuidar, para possibilitar a Educação Infantil novos saberes. A construção de conhecimento é um compromisso de cuidar e educar as crianças que possam desenvolver e crescer com autonomia e respeito a si mesmo, ao outro e ao mundo que vive e usufruem. Estar com as professoras e auxiliares fomentou nessa pesquisa um olhar aguçado sobre como é o cotidiano da instituição e através das perguntas do questionário estabelecer um parâmetro sobre como se educa e cuida dessas crianças. Dessa forma encontramos categorias que se entrelaçam nas ações de educar e cuidar, tais como, atenção, escuta sensível, bem-estar, proteção, afeto, autonomia, ampliar conceitos, mediar, unir, acolher. Além das necessidades orgânicas que as crianças precisam é necessário que as pessoas envolvidas nesse contexto estabeleçam um envolvimento emotivo para que assim as coisas aconteçam de forma leve e gratificante. Muitas vezes a educação de crianças é visto como um fardo, um lamento, uma substituição familiar. Nesse caso, é possível que uma mudança de concepção as ações de educar e cuidar ocorra de forma altruísta. Cuidar e educar crianças ocorre em um processo de entrega e valorização do ser humano. Cuidar exige uma mudança interna de cada ser perante a vida e perante as crianças que dependem em determinado período da vida do suporte dos adultos. É um processo de união amorosa entre professor-mundo-criança. Educar e cuidar estão entrelaçados o que necessita a priori entre professores e crianças é a construção de vínculos, priorizarem nas práticas educativas atividades que integrem as ações priorizando a inserção das auxiliares na construção dessas atividades ouvindo-as para que a sua opinião também seja respeitada e que juntas elas possam dividir resultados positivos. O entrelaçamento das ações permite conduzir o outro na busca da sua autonomia de forma responsável e comprometida.

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A pesquisa aqui desenvolvida deixa espaço para complementos, ajustes, contribuições, pois na medida em que a pesquisa tenta explicitar algo determinante para o pesquisador não é a pesquisa por si mesma é uma tentativa de reflexão em conjunto com as pessoas que contribuíram para chegar até aqui deixando espaço para novas indagações. Sendo assim, a educação de maneira geral seja elas direcionadas as crianças ou não aconteça na escola ou em outros espaço educativos solicita respeito a historia de vida das pessoas, a natureza e ao contexto histórico. Desse modo, assim como o professor não deve priorizar somente o intelectual as auxiliares precisam saber que os trabalhos por elas desenvolvidos extrapolam as dimensões do corpo físico. Uma proposta educativa condizente só se estabelece quando estamos disponíveis a escutar o outro e junto com ele traçar elementos entrelaçados para que o trabalho na educação ocorra de forma coerente, respeitando os direitos individuais de todos envolvidos. Portanto, as práticas educativas devem entrelaçar ações que contemplem o educar e o cuidar visando tanto para o desenvolvimento da criança como para o exercício da docência de forma reflexiva e coerente com a proposta do que é ser Educador. Considero que os entrelaçamentos de cuidar e educar só ocorrera com práticas educativas que priorizem as ações de forma integrada. Desse modo, cabe à instituição promover grupos de estudos onde as auxiliares tenham um envolvimento maior com as proposta pedagógica da creche no sentido entender quais objetivos que queremos alcançar com as crianças, quais condicionantes utilizam para contemplar esses objetivos. Práticas educativas que visem a criança como sujeito central da proposta e não a rotina da creche. Nessa perspectiva só é possível mudança a partir do educador se colocando em uma posição democrática do seu fazer. Cabe ter bom senso, articulação e aberto ao outro, as diferenças concernentes a cada ser humano.

REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A

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QUESTIONÁRIO - PROFESSORAS 1-Para você o que é educar? 2-Para você o que significa cuidar? 3-Para você educar e cuidar são distintos ou não? Explique 4-Para você é possível educar na perspectiva do cuidado? Explique. 5-Quais as ações do professor para educar cuidando? 6-Como você entende o cuidado na proposta pedagógica da creche? 7-Como as professoras percebem o trabalho das auxiliares? 8-Como você explica a rotina da creche? 9-Dentre as atividades que você desenvolve quase você considera de educar e cuidar.

APÊNDICE B

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QUESTIONÁRIO - AUXILIARES 1-Para você o que é cuidar? 2-Para você o que é educar? 3-Para você educar e cuidar são distintos? 4-Na sua ação de cuidar o que é possível refletir durante o trabalho?

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