FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE MATO GROSSO (FAMATO) FUNDO DE APOIO À BOVINOCULTURA DE CORTE (FABOV)
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA AGROINDUSTRIAL DA BOVINOCULTURA DE CORTE DO ESTADO DE MATO GROSSO
Cuiabá, outubro de 2007.
“Não está na natureza das coisas que um único homem realize um descobrimento súbito e inesperado; o conhecimento avança passo a passo e cada homem depende do trabalho dos seus pares e de seus predecessores".
Sir Ernest Rutherford
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
EQUIPE
Coordenação Luiz Carlos Meister (Coordenador-Geral - FAMATO) Altair Dias de Moura (Coordenador-Técnico - UFV)
Equipe Técnica Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo (UFMT) Alberto Martins Rezende (UFV) José Manuel Carvalho Marta (UFMT) Marília Fernandes Maciel Gomes (UFV) Sandra Cristina de Moura Bonjour (UFMT) Viviani Silva Lirio (UFV)
Consultores ad hoc Alexander Estermann Amado de Oliveira Filho Luciano de Souza Vacari
Equipe Técnica Complementar Anamaria Gaudencio Martins (IMEA/FAMATO) Ângelo Antônio Ferreira (UFV) Beatriz de Assis Junqueira Nívea Maria Loures de Oliveira
Estagiários Aline Beatriz Mucellini Daniel Ávila Andrade de Azevedo Daniel Carneiro de Abreu Ellenise Elsa Emídio Bicalho Pedro Del Bianco Benedeti Rebecca Impelizieri Moura da Silveira
ii
SUMÁRIO
Página LISTA DE TABELAS ..............................................................................
xi
LISTA DE FIGURAS ...............................................................................
xvii
IDENTIFICAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES EXECUTORAS ....................
1
IDENTIFICAÇÃO DA EQUIPE DE TRABALHO .................................
5
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO ..............................................................
8
1.1. O problema e sua importância ............................................................
10
1.2. Organização do trabalho .....................................................................
15
CAPÍTULO II – SETOR EXTERNO .......................................................
17
2.1. Alterações recentes na demanda de carne bovina ..............................
19
2.2. Mercados preponderantes para o Brasil e Mato Grosso .....................
22
2.3. Padrão (cortes etc.) .............................................................................
25
2.4. Barreiras tarifárias e não-tarifárias .....................................................
27
2.5. Cotas ...................................................................................................
34
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
iv
Página 2.6. Subsídios ............................................................................................
35
2.7. Ação nacional .....................................................................................
40
CAPÍTULO III – REFERENCIAL CONCEITUAL .................................
44
3.1. Definição e delimitação da cadeia a ser estudada ..............................
49
CAPÍTULO IV – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................
51
4.1. Dados e procedimentos empíricos ......................................................
54
4.1.1. Variáveis escolhidas e tratamento dos dados ...........................
57
CAPÍTULO V – CARACTERIZAÇÃO DA BOVINOCULTURA DE CORTE NO ESTADO DE MATO GROSSO ..........................................
61
5.1. Introdução ...........................................................................................
61
5.2. Macrozoneamento fundiário de Mato Grosso ....................................
63
5.3. Características históricas da pecuária de Mato Grosso ......................
66
5.4. O sistema madeira-arroz-pecuária de corte ........................................
68
5.5. Regiões de planejamento e a pecuária ................................................
70
5.5.1. Região Alta Floresta .................................................................
73
5.5.2. Região Matupá .........................................................................
79
5.5.3. Região Sinop ............................................................................
82
5.5.4. Região Juína .............................................................................
83
5.5.5. Região Lucas do Rio Verde .....................................................
87
5.5.6. Região Cuiabá ..........................................................................
93
5.5.7. Região Cáceres .........................................................................
97
5.5.8. Região Rondonópolis ...............................................................
102
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
v
Página 5.5.9. Região Barra do Garças ...........................................................
104
5.5.10. Região São Félix do Araguaia ................................................
108
5.5.11. Região Barra do Bugres .........................................................
109
5.5.12. Região Pontes e Lacerda ........................................................
112
CAPÍTULO VI – AMBIENTE INSTITUCIONAL ..................................
116
6.1. Modificações recentes da estrutura regulatória ..................................
117
6.2. O mercado informal ............................................................................
126
6.3. Sistemas diferenciados de produção de bovinos de corte ..................
127
6.4. Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (FABOV) .......................
130
6.5. Pró-couro ............................................................................................
133
6.6. Sisbov .................................................................................................
134
6.7. Prommepe ...........................................................................................
135
6.8. Programa de Integração Lavoura-Pecuária (FCO) .............................
137
6.9. Prodeic ................................................................................................
139
6.10. Prodei e Fundei .................................................................................
140
6.11. Tributação e condições macroeconômicas .......................................
141
6.12. Legislação sanitária ..........................................................................
147
6.13. Crédito ..............................................................................................
158
6.14. Pesquisa, desenvolvimento e formação de pessoas ..........................
166
6.15. Sistemas de informações e dados estatísticos ...................................
169
CAPÍTULO VII – SEGMENTO DE INSUMOS ......................................
170
7.1. Mão-de-obra .......................................................................................
172
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
vi
Página 7.2. Nutrição, sanidade animal e genética .................................................
175
7.3. Combustível e energia ........................................................................
184
7.4. Pastagem e cercas ...............................................................................
186
7.5. Análise dos direcionadores de competitividade – insumos – “antes da porteira” .........................................................................................
188
7.5.1. Tecnologia ................................................................................
188
7.5.2. Gestão interna ...........................................................................
191
7.5.3. Estrutura de mercado ................................................................
197
7.5.4. Relações de mercado ................................................................
201
7.5.5. Ambiente institucional .............................................................
207
CAPÍTULO VIII – SEGMENTO DE PRODUÇÃO ................................
212
8.1. Caracterização dos sistemas produtivos .............................................
212
8.1.1. Fases de produção da bovinocultura de corte ..........................
214
8.2. Tecnologia ..........................................................................................
218
8.2.1. Adoção de pastagens cultivadas ou formadas ..........................
218
8.2.2. Alimentos suplementares, semiconfinamento e confinamento
220
8.2.3. Controle sanitário .....................................................................
221
8.2.4. Práticas de castração ................................................................
223
8.2.5. Manejo reprodutivo ..................................................................
224
8.2.6. Índices de produtividade ..........................................................
228
8.3. Insumos ..............................................................................................
230
8.4. Relações de mercado ..........................................................................
231
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
vii
Página 8.4.1. Relação entre pecuaristas e frigoríficos ...................................
232
8.4.2. Evolução da cotação da arroba e formação de preços ..............
238
8.4.3. Rastreabilidade .........................................................................
250
8.4.4. Relações com fornecedores e grau de inadimplência ..............
254
8.5. Estrutura de mercado ..........................................................................
255
8.5.1. Evolução do efetivo bovino, distribuição espacial do rebanho no Estado de Mato Grosso, grau de desconcentração e tamanho médio das propriedades ............................................
256
8.5.2. Disponibilidade e qualidade das vias de escoamento da produção ..................................................................................
263
8.5.3. Especificidades da caracterização fundiária mato-grossense ...
271
8.5.4. Organização dos produtores .....................................................
277
8.6. Gestão .................................................................................................
278
8.6.1. Disponibilidade e qualidade da mão-de-obra ...........................
278
8.6.2. Controle dos custos de produção e capacidade de investimento ..............................................................................................
280
8.6.3. Gestão da rastreabilidade e certificação ...................................
282
8.6.4. Controle zootécnico e de pastagens .........................................
283
8.7. Ambiente institucional .......................................................................
284
8.7.1. Política e fiscalização tributária e trabalhista ...........................
285
8.7.2. Política e fiscalização ambiental ..............................................
290
8.7.3. Política e fiscalização sanitária ................................................
291
8.7.4. Atuação e representatividade das instituições ..........................
292
8.7.5. Legislação oficial e regulamentação fundiária .........................
293
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
viii
Página CAPÍTULO IX – SEGMENTO DE ABATE E PROCESSAMENTO .....
295
9.1. Introdução ...........................................................................................
295
9.2. Caracterização do setor no Brasil e em Mato Grosso ........................
296
9.3. Evolução dos confinamentos em Mato Grosso ..................................
306
9.4. Tecnologia ..........................................................................................
309
9.5. Insumos ..............................................................................................
311
9.6. Relações de mercado ..........................................................................
312
9.7. Estrutura de mercado ..........................................................................
314
9.8. Gestão .................................................................................................
316
9.9. Ambiente institucional .......................................................................
318
9.10. Entidades representativas .................................................................
323
CAPÍTULO X – O SEGMENTO DE DISTRIBUIÇÃO DE CARNE BOVINA ...................................................................................................
324
10.1. Introdução .........................................................................................
324
10.2. Caracterização dos segmentos de distribuição da carne bovina no Mato Grosso ....................................................................................
327
10.2.1. Tecnologia ...........................................................................
328
10.2.2. Insumos ...............................................................................
331
10.2.3. Relações de mercado ...........................................................
335
10.2.4. Características da demanda .................................................
339
10.2.5. Estrutura de mercado ...........................................................
342
10.2.6. Gestão ..................................................................................
343
10.2.7. Ambiente institucional ........................................................
352
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
ix
Página 10.3. Consumo ...........................................................................................
353
10.3.1. Local de aquisição da carne .................................................
359
10.3.2. Caracterização do consumo .................................................
360
10.3.3. Elasticidade-renda ...............................................................
363
10.3.4. Projeções de consumo .........................................................
364
CAPÍTULO XI – SÍNTESE DOS DIRECIONADORES .........................
367
11.1. Análise da competitividade do segmento de insumos da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso .................................
368
11.2. Análise da competitividade do segmento de produção da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso .................................
373
11.3. Análise da competitividade do segmento de abate e processamento da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso .....................
388
11.4. Análise da competitividade do segmento de distribuição da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso .................................
393
CAPÍTULO XII – AÇÕES PROPOSTAS PARA A MELHORIA DA COMPETITIVIDADE DA CADEIA DE BOVINO-CULTURA DE CORTE DO ESTADO DE MATO GROSSO ................
399
12.1. Propostas de âmbito geral passíveis de atuação direta dos agentes da cadeia produtiva ..........................................................................
400
12.2. Propostas de âmbito geral ligadas a decisões de escopo político e macroeconômico .............................................................................
407
12.3. Propostas para o segmento de insumos ............................................
409
12.4. Propostas para o segmento de produção ...........................................
412
12.4.1. Tecnologia ...........................................................................
412
12.4.2. Relações de mercado ...........................................................
416
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
x
Página 12.4.3. Gestão ..................................................................................
416
12.4.4. Ambiente institucional ........................................................
419
12.5. Propostas para o segmento de abate e processamento .....................
419
12.6. Propostas para o segmento de distribuição .......................................
423
CAPÍTULO XIII – RESUMO E CONCLUSÕES ....................................
428
REFERÊNCIAS CONSULTADAS...........................................................
433
ANEXOS ...................................................................................................
451
ANEXO A – ROTEIRO DE ENTREVISTAS ..........................................
452
ANEXO B – QUESTIONÁRIO PARA PECUARISTAS ........................
483
ANEXO C – INSTRUÇÃO NORMATIVA .............................................
504
ANEXO D – LISTA DE ENTREVISTADOS ..........................................
508
ANEXO E – MAPAS ................................................................................
512
ANEXO F – DADOS ADICIONAIS ........................................................
516
LISTA DE TABELAS
Página 1.1
Produção, rebanho e abate de bovinos no Brasil – 1996 a 2007 ..
11
1.2
Distribuição da produção e abate por região do Brasil – 2007 (projeção) .....................................................................................
12
2.1
Exportações brasileiras de carne bovina – 1995 a 2006 ...............
18
2.2
Consumo mundial de carne bovina (milhões toneladas em equivalente-carcaça) – 2001 a 2006 ............................................
20
Consumo mundial per capita de carne bovina (kg/habitante/ano) – 2002 a 2007 .................................................
21
2.4
Principais importadores de carne brasileira – 2005 a 2006 ..........
23
2.5
Produtos cárneos exportados por Mato Grosso em 2006 .............
25
2.6
Exigências dos principais países importadores ............................
29
2.7
Valores médios de CSE e PSE do período 1995-2004, países selecionados .................................................................................
39
5.1
Projetos fundiários – INCRA-MT – 1970 a 1992 ........................
64
5.2
Colônias agrícolas estaduais de Mato Grosso – 1940 a 1960 ......
66
2.3
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
xii
Página 5.3
Região Alta Floresta: rebanho bovino e propriedades – 2006 .....
76
5.4
Região Alta Floresta: distribuição fundiária – 1995 (em %) .......
77
5.5
Alta Floresta: ocupação fundiária – 1998 ....................................
78
5.6
Matupá: rebanho bovino e propriedades – 2006 ..........................
79
5.7
Sinop: rebanho bovino e propriedades – 2006 .............................
82
5.8
Juína: distribuição fundiária – 1998 .............................................
85
5.9
Juína: número de propriedades, rebanho bovino, vacas ordenhadas – 2006 .....................................................................................
87
5.10
Lucas do Rio Verde: rebanho bovino e propriedades – 2006 ......
89
5.11
Cuiabá: rebanho bovino e propriedades – 2006 ...........................
96
5.12
Cáceres: rebanho bovino e propriedades – 2006 ..........................
99
5.13
Rondonópolis: rebanho bovino e propriedades – 2006 ................
105
5.14
Barra do Garças: rebanho bovino e propriedades – 2006 ............
106
5.15
São Félix do Araguaia: rebanho bovino e propriedades – 2006 ..
110
5.16
Barra do Bugres: rebanho bovino e propriedades – 2006 ............
110
5.17
Pontes e Lacerda: rebanho bovino e propriedades – 2006 ...........
113
6.1
Resumo de atributos de diferentes subsistemas de produção e carne bovina em Mato Grosso do Sul ..........................................
128
6.2
Áreas de fronteira de Mato Grosso ..............................................
131
6.3
Sumário de decretos e leis estaduais que envolvem segmentos do sistema produtivo de bovinos de corte ....................................
143
Alíquotas do ITR segundo o grau de utilização e o tamanho do imóvel rural ..................................................................................
146
Preços da coordenadoria de controle de doenças dos animais .....
154
6.4 6.5
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
xiii
Página 6.6
Preços da coordenadoria de inspeção de produtos e subprodutos de origem animal .....................................................
157
Principais exigências dos mercados externos na compra da carne bovina brasileira in natura ..................................................
158
6.8
FCO empresarial: resumo das condições de financiamento .........
159
6.9
Distribuição percentual do orçamento do FCO para 2007 ...........
160
6.10
Recursos previstos para o FCO em 2007, em R$ milhões ...........
161
6.11
Recursos previstos para o FCO, por estado, em 2007 (em R$ mil) ...............................................................................................
162
6.12
Quadro resumo de linhas de crédito do BNDES ..........................
164
6.13
Programação e aplicação de recursos do crédito rural no Brasil, safras 2003/2004 a 2007/2008, em milhões de reais ....................
165
Estatísticas de produção de fosfato bicálcico (mil toneladas) – 2002 a 2007 ..................................................................................
177
Estratégias para a suplementação e controle da pressão de pastejo em épocas de seca ............................................................
178
Taxas geométricas médias (TGC) de crescimento da razão entre o preço do fator e o preço recebido pela arroba do boi gordo em Mato Grosso – fev./2003-jun./2007 .............................................
180
Quantidades de embriões coletados, transferidos e congelados no Brasil – 2003 a 2005 ................................................................
182
Evolução do rebanho com registro definitivo no Brasil – 1939 a 2006 ..............................................................................................
183
Quantidades de embriões coletados, transferidos e congelados – Escritório Técnico Regional de Cuiabá – 2005 ............................
184
7.7
Importações de defensivos agrícolas no Brasil – 2001 a 2005 ....
187
7.8
Participação percentual do segmento de produção animal no merca-do veterinário brasileiro ....................................................
198
6.7
7.1 7.2 7.3
7.4 7.5 7.6
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
xiv
Página 7.9
Razão de preços de gado magro por arroba de boi gordo – Cáceres-MT e Rondonópolis-MT ................................................
207
Índices médios de produtividade da bovinocultura de corte de Mato Grosso – 2007 .....................................................................
229
Distribuição percentual dos 10 principais municípios matogrossenses hierarquizados em termos de efetivo bovino – 2006 a 2007 ..............................................................................................
260
Relação dos 15 principais municípios mato-grossenses, ranqueados em termos de número de propriedades produtoras de gado – 2006 ..................................................................................
261
Evolução da média de animais por propriedade em regiões selecionadas – 2002 a 2005 ..........................................................
262
8.5
Distâncias entre o município-sede e Cuiabá, em km ...................
266
8.6
Distância entre Cuiabá e os principais portos de escoamento da produção mato-grossense, em km ................................................
266
Evolução do abate nacional de bovinos por região brasileira – 1997 a 2007 ..................................................................................
298
Volume e abates de bovinos (n.o de cabeças) por estado brasileiro – 2000 e 2007 ...............................................................
299
Relação de frigoríficos e capacidade de abate diário para o Estado de Mato Grosso, em julho e setembro de 2007, através de levantamentos do MAPA e Centro-Boi, respectivamente .......
303
Localização das plantas exportadoras de carne bovina no Estado de Mato Grosso e suas capacidades de abate por dia ...................
304
Projeção da ampliação total da capacidade de abate de bovinos no Estado de Mato Grosso, através da ampliação da capacidade instalada dos frigoríficos e construção de novas unidades industriais .....................................................................................
305
Participação nas vendas na seção de perecíveis, em São Paulo – 2003 ..............................................................................................
326
8.1 8.2
8.3
8.4
9.1 9.2 9.3
9.4 9.5
10.1
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
xv
Página 10.2
Consumo per capita de carne bovina, frango e suínos no Brasil (kg/pessoa/ano) .............................................................................
355
10.3
Atributos considerados pelos consumidores na escolha da carne
357
10.4
Ranking dos atributos que definem a qualidade da carne bovina
360
10.5
Aquisição domiciliar per capita anual em quilogramas de carnes no Brasil com base nos dados da POF de 2002/03 ......................
361
Aquisição alimentar domiciliar per capita anual, em quilograma, com base nos dados da POF 2002/03 ....................................
362
Coeficientes de elasticidade-renda do consumo físico de carne bovina – 2002 a 2003 ...................................................................
364
Projeções de consumo de carne bovina no Brasil, considerandose três cenários de crescimento da economia (mil toneladas equivalente-carcaça) .....................................................................
366
Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de insumos da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso – 2007 ..................................
369
Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região do Pantanal – Mato Grosso – 2007 .................
375
Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Sudoeste – Mato Grosso – 2007 .....................
376
Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Centro-Sul – Mato Grosso – 2007 ..................
377
Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Leste – Mato Grosso – 2007 ...........................
378
Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Norte – Mato Grosso – 2007 ..........................
379
10.6 10.7 10.8
11.1
11.2
11.3
11.4
11.5
11.6
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
xvi
Página 11.7
Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de abate e processamento da bovinocultura de Mato Grosso – 2007 .........................................
389
Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de distribuição da bovinocultura de Mato Grosso – 2007 .........................................................
395
1D
Lista de entrevistados ..................................................................
504
1F
Quadro mundial de suprimento de carne bovina– posição (abril/2007) (mil toneladas equivalente-carcaça) .....................
517
Quadro brasileiro de suprimento de carne bovina– posição (janeiro/2007) (mil toneladas equivalente-carcaça) ..................
517
3F
Preços médios de mercado – posição (13 ago. 2007) ...............
518
4F
Produção nacional de rações (composição: em mil toneladas por espécie) .........................................................................
518
Exportações do complexo carnes - Carne bovina (NCM 0201.00.00 a 0202.30.00) quantidades (mil toneladas) ..............
519
Exportações do complexo carnes - Carne bovina (NCM 0201.00.00 a 0202.30.00) – valores (US$/tonelada) ...................
519
Estratificação das propriedades de bovinocultura de corte em 2006 (nº cabeças) .........................................................................
520
11.8
2F
5F 6F 7F
LISTA DE FIGURAS
Página 1.1
Evolução da produção brasileira de carne bovina em mil toneladas de equivalente-carcaça – 1996 a 2007 .........................
11
Esquema representativo da proposta de melhoria do funcionamento e competitividade de uma cadeia produtiva ......................
14
Regionalização dos municípios habilitados para exportação no Estado de Mato Grosso segundo UE ............................................
31
Regionalização dos municípios habilitados para exportação no Brasil segundo OIE ......................................................................
32
2.3
Subsídios brasileiros da agricultura ..............................................
36
2.4
Estimativas de apoio ao produtor (PSE) e ao consumidor (CSE) de carne bovina, 1995-2004, países selecionados ........................
38
Apresentação esquemática da cadeia produtiva da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso ..............................................
50
Divisão regional utilizada na pesquisa (levantamento primário e análise dos dados), Mato Grosso – Brasil ....................................
56
Divisão regional utilizada pelo INDEA-MT, Mato Grosso – Brasil ............................................................................................
72
1.2 2.1 2.2
3.1 4.1 5.1
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
xviii
Página 6.1
Esquema simplificado do sistema agroindustrial da bovinocultura de corte .....................................................................................
118
Sistemas de produção, industrialização e comercialização de carne bovina no Brasil ..................................................................
119
6.3
Fluxograma organizacional do Sistema CNA Brasil ...................
123
6.4
Fluxograma organizacional do Sistema CNA Brasil ...................
123
6.5
Áreas habilitada (em laranja) e não habilitada (verde) à exportação de carne in natura a países membros da União Européia ......
132
Evolução nominal dos recursos programados para crédito rural oficial no Brasil, para as safras de 2003/2004 a 2007/2008 .........
166
6.7
Exemplo do estande do açougue modelo .....................................
168
7.1
Frações do custo operacional total (COT) da bovinocultura de corte de Mato Grosso, média de janeiro-maio/2007 ....................
171
Relação entre o índice do valor da arroba do boi gordo a prazo em Mato Grosso (IAB) e o índice de preços pagos para mão-deobra no Brasil (IPP MO) ..............................................................
173
Índice da razão entre o preço do fator e o preço recebido pela arroba do boi gordo em Mato Grosso – fev./2003-jun./2007 (ago. 2003= 100) ..........................................................................
181
Razão entre o índice do valor recebido pela arroba do boi gordo em Mato Grosso e o índice de preços pagos com combustíveis no Brasil – jan./1996-fev./2007 (fev./1999=1) .............................
185
Razão de preços de gado magro por arroba de boi gordo – Cáceres-MT – fev./2003-fev./2007 ..............................................
206
Razão de preços de gado magro por arroba de boi gordo – Rondonópolis-MT – fev./2003-fev./2007 ....................................
206
Apresentação esquemática do funcionamento da balança do projeto PESEBEM .............................................................................
233
6.2
6.6
7.2
7.3
7.4
7.5 7.6 8.1
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
xix
Página 8.2
Evolução dos preços da arroba de boi gordo, entre os anos de 1994 e 2007 ..................................................................................
239
Evolução dos preços médios da arroba de boi gordo, entre os anos de 1994 e 2007 .....................................................................
241
Variação dos preços da arroba de boi gordo, entre os anos de 1994 e 2007 (até o mês de agosto) ...............................................
242
Variação dos preços médios da arroba de boi gordo, entre os anos de 1994 e 2007 .....................................................................
243
Evolução das cotações de Boi Gordo e Vaca Gorda para o ano de 2005, média do Estado de Mato Grosso, em R$/@ .................
247
Evolução das cotações de Boi Gordo e Vaca Gorda para o ano de 2006, média do Estado de Mato Grosso, em R$/@ .................
247
Evolução das cotações de Boi Gordo e Vaca Gorda, em R$/@, por praça de comercialização, Mato Grosso, média das cotações entre julho e agosto de 2007 .........................................................
249
Evolução do efetivo bovino do Estado de Mato Grosso, em número de cabeças – 1990 a 2006 ................................................
257
Evolução do efetivo bovino dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, em milhares de cabeças – 1990 a 2005 ..
258
8.11
Infra-estrutura rodoviária no Estado de Mato Grosso – 2005 ......
264
8.12
Infra-estrutura rodoviária em atendimento para obras de manutenção e emergência no Estado de Mato Grosso ..........................
268
8.13
Distribuição espacial das reservas indígenas em Mato Grosso ....
273
8.14
Distribuição espacial das unidades de conservação em Mato Grosso – 2003 ...............................................................................
276
Evolução mensal dos abates bovinos para o Estado de Mato Grosso para os anos de 2003 a 2007 ............................................
300
Evolução de abate acumulado de fêmeas e machos de janeiro a agosto, nos anos de 2003 a 2007 ..................................................
301
8.3 8.4 8.5 8.6 8.7 8.8
8.9 8.10
9.1 9.2
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
xx
Página 10.1
Canais de distribuição institucional da indústria da alimentação, em volume ....................................................................................
325
Canais de distribuição institucional de carne bovina no Estado de Mato Grosso ............................................................................
345
10.3
Consumo per capita de carnes – Brasil – 1994 a 2006 ................
356
10.4
Índices de variação de preços da arroba do boi gordo e traseiro com osso e arroba do boi gordo e picanha ...................................
358
Direcionadores de competitividade do segmento de insumos da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso – 2007 ..........
371
Direcionadores de competitividade do segmento de produção da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, por regiões – 2007 ..............................................................................................
380
Direcionadores de competitividade do segmento de abate e processamento da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso – 2007 ...............................................................................
390
1E
Corredores de exportação .............................................................
513
2E
Estradeiro internacional ................................................................
514
3E
Corredor logístico.........................................................................
515
10.2
11.1 11.2
11.3
IDENTIFICAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES EXECUTORAS
Na construção do Diagnóstico sobre a Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso, optou-se pelo desenvolvimento de pesquisa multiinstitucional e multidisciplinar, que pôde ser efetivada graças ao consórcio realizado entre a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com o apoio de consultores ad hoc da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO), contratante e coordenadora geral do trabalho, sendo a instituição financiadora da pesquisa o Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (FABOV). O estabelecimento deste consórcio permitiu a agregação de competências na formação de uma equipe ampla para a realização do estudo. É relevante destacar que foram preservadas, dentro do possível, as aptidões de vantagens dos participantes em cada uma das suas áreas preferenciais de atuação. A fim de ampliar o conhecimento sobre as principais referências das universidades parceiras e da FAMATO, segue-se breve histórico de suas atividades. A Universidade Federal de Viçosa1 originou-se da Escola Superior de Agricultura e Veterinária (ESAV), em 28 de agosto de 1926. Em 1927, foram iniciadas as atividades didáticas, com a instalação dos Cursos Fundamental e 1
Esse texto de referência, na íntegra, bem como diversas informações adicionais, pode ser encontrado no site da UFV (www.ufv.br).
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
2
Médio e, no ano seguinte, do Curso Superior de Agricultura. Em 1932, foi a vez do Curso Superior de Veterinária. Visando ao desenvolvimento da Escola, em 1948, o Governo do Estado transformou-a em Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG), que era composta da Escola Superior de Agricultura, da Escola Superior de Veterinária, da Escola Superior de Ciências Domésticas, da Escola de Especialização (Pós-Graduação), do Serviço de Experimentação e Pesquisa e do Serviço de Extensão. Graças à sua sólida base e a seu bem estruturado desenvolvimento, a Universidade adquiriu renome em todo o País, o que motivou o Governo Federal a federalizá-la, em 15 de julho de 1969, com o nome de Universidade Federal de Viçosa. A Universidade Federal de Viçosa vem acumulando, desde sua fundação, larga experiência e tradição em ensino, pesquisa e extensão, que formam a base de sua filosofia de trabalho. Desde seus primórdios, a UFV tem se preocupado em promover a integração vertical do ensino. Neste sentido, trabalha de maneira efetiva, mantendo, atualmente, além dos cursos de graduação e pós-graduação, o Colégio Universitário (Ensino Médio Geral), a Central de Ensino e Desenvolvimento Agrário no campus de Florestal – MG (Ensino Médio Técnico e Médio Geral), a Escola Estadual Effie Rolfs (Ensino Fundamental e Médio Geral), o Laboratório de Desenvolvimento Humano (4 a 6 anos) e, ainda, a Creche, que atende a crianças de 3 meses a 6 anos. Atualmente, conta com extensões efetivas em Rio Paranaíba e Florestal, além de outros núcleos de aperfeiçoamento. Por tradição, a área de Ciências Agrárias é a mais desenvolvida na UFV, sendo conhecida e respeitada no Brasil e no Exterior. Apesar dessa ênfase na agropecuária, a Instituição vem assumindo caráter eclético, expandindo-se noutras áreas do conhecimento, tais como Ciências Biológicas e da Saúde, Ciências Exatas e Tecnológicas e Ciências Humanas, Letras e Artes. Trata-se de uma postura coerente com o conceito da moderna universidade, tendo em vista que a interação das diversas áreas otimiza os resultados.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
3
Integrando o Centro de Ciências Agrárias da UFV, o Departamento de Economia Rural oferece 54 disciplinas, em nível de mestrado e doutorado, e outras 62, em nível de graduação, que atendem a diferentes cursos do setor. É responsável pelos cursos de Bacharelado em Gestão de Cooperativas e de Gestão do Agronegócio. Além destes, integram-se cursos variados de extensão e o MBA em Gestão do Agronegócio. A Fundação Arthur Bernardes (FUNARBE), na qualidade de gestora de projetos da UFV, dispõe de excelente estrutura para o exercício de suas ações de suporte. Trata-se de atividades exercidas por professores da UFV, contratadas por órgãos públicos, empresas privadas, associações de classe e organismos internacionais, entre outros clientes e parceiros. O apoio ao gerenciamento dos projetos é possibilitado pela manutenção de uma equipe administrativa que se encarrega das atividades de compras de materiais permanentes e de consumo, planejamento de viagens, contratação de serviços de terceiros e execução financeira dos contratos, entre outras tarefas auxiliares. A Universidade Federal de Mato Grosso2, criada em 1970, é a única universidade pública federal no estado. Com seus quatro campi (Cuiabá – sede, Rondonópolis, Sinop, Pontal do Araguaia – Barra do Garças), seus 58 cursos de graduação (77 turmas) mais 23 turmas especiais em sete municípios distintos daqueles dos campi, possui cerca de 13 mil alunos matriculados na graduação. Oferece ainda cursos à distância (especialização e graduação pela Universidade Aberta), 17 cursos de mestrado e 1 de doutorado (agricultura tropical), somando cerca de 920 estudantes de pós-graduação stricto sensu. A UFMT está, portanto, presente em todos os municípios do estado, numa visão de futuro de Tornar-se referência nacional e internacional como instituição multicampi de qualidade acadêmica, consolidando-se como marco de referência para o desenvolvimento sustentável da região central da América do Sul, na confluência da Amazônia, do cerrado e do pantanal (UFMT, 2006:46).
O Departamento de Economia oferece o curso de graduação em Ciências Econômicas com cerca de 400 alunos em seus dois turnos. É responsável pela oferta do curso de especialização à distância (MBA Executivo em Gestão e 2
Informações adicionais sobre a UFMT podem ser obtidas no site da universidade (www.ufmt.br).
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
4
Negócios do Desenvolvimento Regional Sustentável, em Convênio com o Banco do Brasil) a 17 cidades pólos nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil, além do Mestrado Acadêmico em Agronegócios e Desenvolvimento Regional, na área de concentração em economia. A Fundação de Apoio e Desenvolvimento da UFMT – Fundação Uniselva – tem sido gestora dos projetos da UFMT, similarmente à Funarbe para a UFV. Os convênios, contratos e outros serviços de cooperação facilitam a interação dos servidores da UFMT com a sociedade em geral. A Fundação auxilia nos controles de custos e execução dos projetos, dando transparência às ações dos servidores envolvidos. Também oferece apoio aos programas de pós-graduação da UFMT. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO) é uma entidade privada sem fins lucrativos que representa os produtores rurais do Estado de Mato Grosso. Sua missão é desenvolver estudos, coordenar projetos, buscar e apontar soluções para garantir a sustentabilidade do setor nos aspectos econômico, ambiental e social. A fim de cumprir seu papel, divide suas ações entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-MT), os 80 Sindicatos Rurais no Estado e o Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (IMEA). Essas três entidades juntas formam o Sistema FAMATO que atua em diversas frentes para defender a classe produtora e fortalecer o sistema sindical. Sua trajetória lhe garantiu, nesses 40 anos de existência, respeito e credibilidade junto à sociedade e ao poder público.
IDENTIFICAÇÃO DA EQUIPE DE TRABALHO
Coordenação Luiz Carlos Meister (Coordenador Geral) Consultor em pecuária de corte e indústria de produtos de origem animal (FAMATO) Médico Veterinário Dr. Altair Dias de Moura (Coordenador Técnico) Professor Adjunto do Departamento de Economia Rural (DER/UFV). Engº Agrônomo, Ph.D. em Gestão do Agronegócio (Lincoln University – Nova Zelândia)
Equipe Técnica Dr. Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo Professor do Departamento de Economia (UFMT) Bacharel em Ciências Econômicas e Engenharia Civil, Doutor em Economia Aplicada (UFV).
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Alberto Martins Rezende Professor Titular do Departamento de Economia Rural (DER/UFV) Engº Agrônomo, Mestre em Economia Rural (UFV) Dr. José Manuel Carvalho Marta Professor do Departamento de Economia (UFMT) Bacharel em Ciências Econômicas, Doutor em Planejamento de Sistemas Energéticos (UNICAMP). Dra. Marília Fernandes Maciel Gomes Professora Associada do Departamento de Economia Rural (DER/UFV) Bacharela em Matemática, Doutora em Economia Rural (UFV) Dra. Sandra Cristina de Moura Bonjour Professora do Departamento de Economia (UFMT) Bacharela em Zootecnia, Doutora em Economia Aplicada (UFV). Dra. Viviani Silva Lírio Professora Adjunta do Departamento de Economia Rural (DER/UFV) Bacharela em Ciências Econômicas, Doutora em Economia Rural (UFV)
Consultores ad hoc Alexander Estermann Estermann Consultoria Médico Veterinário, Especialista em Gestão do Agronegócio (Lincoln University/Nova Zelândia) Amado de Oliveira Filho Consultor Bacharel em Ciências Econômicas, especialista em Mercados de Commodities Agropecuárias e Direito Ambiental.
6
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Luciano de Souza Vacari Chefe de operações de mercados futuros do Frigorífico Quatro Marcos Ltda. Gestor de Agronegócios
Equipe Técnica Complementar Anamaria Gaudencio Martins (IMEA/FAMATO) Economista do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola – IMEA da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso – FAMATO Bacharela em Ciências Econômicas (UFV) Ângelo Antônio Ferreira (UFV) Zootecnista, Departamento de Economia Rural – UFV Bacharel em Zootecnia e Ciências Econômicas, Mestrado em Economia Rural Beatriz de Assis Junqueira Técnica do Ministério da Agricultura (MAPA) Bacharela em Zootecnia, Mestra em Economia Aplicada (UFV) Nívea Maria Loures de Oliveira Bacharela em Gestão do Agronegócio (UFV)
Estagiários Aline Beatriz Mucellini Daniel Ávila Andrade de Azevedo Daniel Carneiro de Abreu Ellenise Elsa Emídio Bicalho Pedro Del Bianco Benedeti Rebecca Impelizieri Moura da Silveira
7
CAPÍTULO I INTRODUÇÃO
A economia mundial vem sofrendo intensas transformações desde meados da década de 1980, dentre as quais se destacam os processos de globalização financeira e econômica, a consolidação de blocos de comércio e as buscas para a formação de novos “megamercados”. Esses processos foram induzidos por fortes pressões políticas e comerciais, e, no caso dos países em desenvolvimento,
como
o
Brasil,
tais
pressões
foram
relacionadas,
principalmente, à crise da dívida externa. As obrigações referentes às amortizações e juros têm feito com que os países em desenvolvimento busquem, freqüentemente, superávits em seus balanços de conta-corrente com freqüente opção pela contração da demanda interna. Desse processo de globalização econômica resultou um novo padrão de competição, caracterizado, entre outros aspectos, pela maior adaptação da produção às necessidades da demanda, em substituição à oferta generalizada de produtos padronizados. Esse novo modelo concorrencial surgiu em decorrência das medidas tomadas em busca de maior integração entre as economias, calcadas em um modelo de maior liberalização comercial. O principal objetivo dessas
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
9
medidas foi reduzir o nível de proteção dos setores produtivos nacionais para favorecer o intercâmbio comercial entre países, estimulando a concorrência e a transferência de tecnologia. Essa competição passou, gradualmente, a ser mais abrangente, com novos competidores, novos conceitos em produtos e processos e acessibilidade a novas tecnologias. Dentro deste contexto, os fatores condicionantes da competitividade no mercado externo passaram a ter crescente importância, principalmente para os países em desenvolvimento. Devido a essa orientação política, surgiram alguns problemas, como por exemplo, os relacionados ao crescimento econômico, em conseqüência da crescente dependência de fatores externos. Com isso, os países passaram, então, a buscar melhor alocação dos recursos disponíveis, na tentativa de retomar este crescimento. A competitividade, porém, tem gerado muitas controvérsias. Na verdade, existem duas correntes principais em relação a esse fator. A primeira trata a competitividade como uma variável ex-post, ou seja, uma medida de desempenho que é expressa, fundamentalmente, pelo indicador de participação no mercado de uma firma ou indústria em certo período no tempo. A segunda corrente trata a competitividade como um fenômeno ex-ante, ou seja, o produtor é que a define ao escolher as técnicas de produção que utiliza, dadas as restrições tecnológica, gerencial, financeira e comercial. Deve-se considerar, ainda, que fatores externos à empresa e à indústria influenciam na capacidade competitiva destas. Dois exemplos importantes são: a existência de uma infra-estrutura adequada para o funcionamento dos sistemas produtivos, que melhora a competitividade dos produtos da economia como um todo, e a interferência governamental, que causa distorções na competitividade a partir de políticas setoriais como concessão de subsídios, entre outras. De forma mais estruturada, esses fatores externos podem ser classificados em ambiente macroeconômico3, infra-estrutura econômica4 e infra-
3
Envolvendo: taxa de inflação, taxa de juros, taxa de câmbio, estrutura tributária, política salarial, entre outros. 4 Engloba, entre outros, transporte de carga, armazenagem, sistema portuário, energia e comunicações.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
10
estrutura técnico-científica e educacional5, sendo o desenvolvimento conjunto destes fatores fundamental para o desenvolvimento da competitividade das empresas e da nação. Assim, a competitividade deve ser compreendida como uma variável de caráter sistêmico, ou seja, resultante da combinação de múltiplos fatores e não da ação de fatores isolados. Essa visão abrangente e integrada é que norteia, portanto, a proposta de análise da competitividade da cadeia produtiva agroindustrial da pecuária de corte no Estado de Mato Grosso.
1.1. O problema e sua importância A pecuária nacional apresenta diversos sistemas de produção e grande variação dos níveis de produtividade como conseqüência da diversidade regional. Essas variações ocorrem, principalmente, em razão da fertilidade dos solos, do clima e, em especial, do tipo de tecnologia empregada. Entre os anos de 1996 e 2007, a produção brasileira passou de um quantum correspondente a 6.045 mil toneladas de equivalente-carcaça para 9.200 mil, o que representa crescimento de aproximadamente 52% (Figura 1.1). Comparativamente, a produção nacional apresenta crescimento maior que o aumento do consumo doméstico; assim, o Brasil dispõe de um excedente que está sendo absorvido pelas exportações (BRASIL, 2006). Em termos numéricos, o Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo, estimado em aproximadamente 207,2 milhões de cabeças para o ano de 2007, e um abate da ordem de 45 milhões anuais (Tabela 1.1).
5
Caracterizado pelos seguintes fatores: ensino básico e superior, institutos e centros de pesquisa, laboratórios, instituições de normalização e certificação de qualidade, ensino técnico especializado, etc.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
11
* Valor preliminar; ** Estimativa.
Fonte: Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC) (2007). Figura 1.1 – Evolução da produção brasileira de carne bovina em mil toneladas de equivalente-carcaça – 1996 a 2007.
Tabela 1.1 – Produção, rebanho e abate de bovinos no Brasil – 1996 a 2007
Ano
Produção1
Variação acumulada (%)
Rebanho2
Variação acumulada (%)
Abate2
Variação acumulada (%)
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006* 2007**
6.045 5.820 6.040 6.270 6.650 6.900 7.300 7.700 8.350 8.750 8.950 9.200
3,87 -0,08 3,59 9,10 12,39 17,20 21,49 27,60 30,91 32,46 34,29
153,1 156,1 157,8 159,2 164,3 170,6 179,2 189,1 197,8 202,7 204,7 207,2
1,92 2,98 3,83 6,82 10,26 14,56 19,04 22,60 24,47 25,21 26,11
31,0 29,1 30,2 31,3 32,5 33,8 35,5 37,6 41,4 43,1 44,4 45,0
-6,53 -2,65 0,96 4,62 8,28 12,68 17,55 25,12 28,07 30,18 31,11
Fonte: Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC) (2007). Obs.: * Valor preliminar; ** Estimativa; 1 em mil toneladas em equivalente-carcaça; 2 milhões.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
12
Quanto ao padrão espacial, a produção de bovinos de corte está distribuída em todo o território nacional; porém, concentra-se nas regiões CentroOeste e Sudeste, com, respectivamente, 32,16% e 25,65% da produção. No caso do abate, a distribuição possui padrão bastante similar, com 31,79% no CentroOeste e 26,30% no Sudeste, conforme mostrado na Tabela 1.2.
Tabela 1.2 – Distribuição da produção e abate por região do Brasil – 2007 (projeção)
Região Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Total
Produção*
(%)
Abate**
(%)
1.201.162 1.036.584 2.084.502 1.190.314 2.613.571 8.126.134
14,78 12,76 25,65 14,65 32,16
6.419.439 5.702.943 11.535.650 6.261.413 13.942.685 43.862.130
14,64 13,00 26,30 14,28 31,79
Fonte: Anualpec (2007). * Toneladas de equivalente-carcaça, ** cabeças.
Deve-se salientar que as regiões Sul e Sudeste alcançaram os limites de expansão de área e apresentam possibilidades de abertura de fronteiras muito limitadas. Desse modo, a aumento do rebanho ocorre através da substituição de outras atividades pela bovinocultura de corte ou intensificação do sistema produtivo, ao contrário das regiões Centro-Oeste e Norte, que têm se destacado pelo crescimento do rebanho em termos territoriais. Em âmbito estadual, o Estado de Mato Grosso concorre em igualdade com o Estado de Mato Grosso do Sul, sendo estes os maiores produtores de carne bovina no país. Destaca-se que a proposta de realização da referida pesquisa teve suas origens na percepção de que o estado, embora ocupe destacada posição no
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
13
ranking nacional de produção de carne bovina, possui entraves importantes à manutenção e ampliação de sua competitividade. Em virtude da posição no cenário produtivo e da exportação da carne bovina, um retrato do quadro atual do desempenho desta cadeia produtiva contribui significativamente em vários aspectos. Em primeira instância, como não há diagnósticos sistêmicos específicos para o Mato Grosso, na área de bovinocultura de corte, objetiva-se estabelecer um ponto inicial, a partir do qual ações futuras poderão ser definidas e avaliadas. Em adição, uma diagnose específica para o estado é capaz de indicar as condições locais favoráveis e desfavoráveis ao desenvolvimento da cadeia produtiva analisada, propiciando a construção de ações para minimização dos problemas encontrados e exploração do potencial de cada segmento. Assim, a motivação para a realização da pesquisa decorreu de cinco fatores essenciais: •
A ocorrência de mudanças estruturais significativas no setor, sobretudo em âmbito internacional.
•
A grande heterogeneidade e o restrito conhecimento do perfil da atividade no estado.
•
A vocação exportadora do estado, que lhe confere exigências de produto e processos mais consistentes e sustentáveis.
•
A identificação de espaços para aumento significativo da competitividade.
•
A crescente pressão pela consideração dos fatores ambientais e legais. O diagnóstico sistêmico, metodologia escolhida para nortear a pesquisa,
é uma ferramenta básica para que programas de desenvolvimento setoriais ganhem enfoque consistente e de sustentabilidade ao longo do tempo. Sem diagnósticos periódicos de avaliação do setor, todos os processos de investimento ficam sem parâmetros de referência, dificultando o convencimento dos agentes envolvidos (governo, produtores, processadores, exportadores, etc.) em relação à seriedade e importância desses projetos de desenvolvimento setoriais. A perspectiva é, portanto, a da manutenção dos processos de monitoramento, mesmo após a realização da pesquisa e hierarquização das propostas de ação,
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
14
como forma de assegurar o comprometimento e o bom andamento das medidas selecionadas (Figura 1.2).
Fonte: Silva (2000b). Figura 1.2 – Esquema representativo da proposta de melhoria do funcionamento e competitividade de uma cadeia produtiva.
Nesse contexto, os objetivos da pesquisa podem ser classificados em três grandes grupos: a) Caracterização da estrutura e do funcionamento da cadeia produtiva agroindustrial da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, em âmbito global e regionalizado. b) Identificação e avaliação dos principais direcionadores que condicionam o funcionamento e a competitividade da cadeia produtiva analisada. c) Proposição de políticas públicas e estratégias empresariais para a melhoria do funcionamento e competitividade de cada um dos elos da cadeia, de forma a permitir ganhos sistêmicos que beneficiem a todos os agentes envolvidos e, por decorrência, a economia estadual.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
15
Espera-se, com a realização da pesquisa, que haja maior envolvimento e mobilização de todos os participantes da cadeia, a fim de que as propostas indicadas possam, de fato, encontrar espaço de aplicação. De forma sistematizada, pode-se, portanto, indicar como resultados esperados: •
Maior conhecimento efetivo sobre a cadeia produtiva agroindustrial da bovinocultura de corte em Mato Grosso.
•
Mobilização coletiva dos agentes envolvidos na cadeia.
•
Minimização de atritos entre segmentos com melhoria da coordenação.
•
Aumento dos fluxos de informação entre os elos.
•
Ganhos em rentabilidade.
•
Ampliação da visão de futuro.
•
Aumento da competitividade setorial e da cadeia produtiva como um todo.
1.2. Organização do trabalho Este documento é composto por 13 seções. Em seguida a esta introdução, segue-se um capítulo que descreve o mercado internacional da carne bovina, que congrega informações importantes sobre os padrões de comercialização externa e as principais restrições encontradas à carne brasileira (e mato-grossense) no mercado internacional. Os capítulos III, IV e V constituem-se o cerne metodológico da pesquisa. O terceiro discute os fundamentos teóricos; o quarto explicita, detalhadamente, os passos realizados na pesquisa; o quinto, por sua vez, dedica-se à caracterização
do
estado,
um
esforço
fundamental,
considerando
a
heterogeneidade das condições de produção em Mato Grosso. Em seqüência, o Capítulo VI trata do ambiente institucional que permeia e no qual se insere a cadeia produtiva. Os Capítulos VII a X trazem os resultados da pesquisa para cada um dos elos analisados: setor de insumos, produção primária, abate e processamento, e distribuição. Nesses capítulos, são discutidas as informações coletadas a campo, a partir do levantamento primário.
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16
O décimo primeiro capítulo, por sua vez, sumariza as informações de forma organizada (tabelas e gráficos com os direcionadores e subfatores utilizados na análise), e o Capítulo XII descreve as principais propostas de ação, coletivas e por segmento. Por fim, são apresentadas as conclusões da pesquisa (Capítulo XIII) e as referências bibliográficas. Nos Anexos, são disponibilizados os roteiros de entrevista (Anexo A), questionário aplicado junto ao pecuarista (criador) (Anexo B), a lista com os nomes dos agentes entrevistados (Anexo D) e bases de dados mais importantes (Anexo F).
CAPÍTULO II SETOR EXTERNO
A cadeia agroindustrial da pecuária de corte, principalmente nos últimos 10 anos, tem se destacado na economia e no comércio internacional. O crescimento das exportações (Tabela 2.1) tem contribuído para gerar crescentes superávits da balança comercial brasileira, embora cerca de 80% da produção de carne bovina seja destinada para o consumo interno (SABADIN, 2006). Ainda no que se refere ao mercado externo, notam-se algumas mudanças estruturais importantes6, principalmente quanto ao aumento de exigências por parte dos consumidores, o que não só ampliou a complexidade no setor produtivo, como também apontou novas oportunidades. Assim, mecanismos foram criados para assegurar essas novas exigências, como o Serviço Brasileiro de Identificação e Certificação da Origem da Carne Bovina e Bubalina (SISBOV).
6
A mudança estrutural refere-se a diversas relações tecnológicas ou de comportamento. Segundo Andrade (1996), as alterações estruturais estão relacionadas com a observação do comportamento do consumo, investimento e uso de insumos intermediários; sob a ótica da demanda final.
Tipo de carne
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
225
209
204
234
292
245
172
204
235
286
375
276
44
52
70
109
170
210
460
529
819
1110
1235
1225
Total com osso (1.000 t eq.-carcaça)
269
261
274
343
462
455
632
733
1054
1386
1610
1501
Industrializada sem osso (milhões US$)
287
233
224
279
304
218
145
160
182
294
430
691
In natura sem osso (milhões US$)
158
159
196
277
366
405
674
704
1118
1730
2033
1802
Total sem osso (milhões US$)
445
392
420
556
670
623
819
864
1300
2024
2463
2493
Industrializada com osso (1.000 t eq.-carcaça) In natura com osso (1.000 t eq.-carcaça)
Fonte: MDIC, adaptado por ABIEC (2007).
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Tabela 2.1 – Exportações brasileiras de carne bovina – 1995 a 2006
18
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19
Além da expansão das vendas externas, nota-se que ao longo desses 10 anos ocorreu significativa inversão no volume de exportação de carne industrializada para carne in natura. Em 1995, as exportações brasileiras de carne industrializada foram de 225 mil toneladas (84%) e as de carne in natura correspondiam a 44 mil toneladas (16%). Dez anos depois, em 2006, as vendas de carne industrializada passaram a 276 mil toneladas (18%) e as de carne in natura representaram 1.125 mil toneladas (81%). Neste período, a taxa geométrica de crescimento em valor nas exportações de carne in natura e carne industrializada foi de 47% e 35%, respectivamente. Essa mudança pode ser explicada, em grande parte, pela adequação do rebanho às normas sanitárias internacionais, pela abertura de novos mercados e pelos problemas sanitários enfrentados decorrentes dos rebanhos de outros países exportadores. O agravamento da doença da vaca louca7 na União Européia, em 2001, contribuiu para essa inversão, ou seja, o embargo das exportações européias de carne bovina levou países compradores da União Européia, como Egito, Filipinas e Irã, a comprar carne brasileira. Outro fato que influenciou esta inversão refere-se ao padrão dos frigoríficos nacionais, que de uma forma geral, ainda apresentam baixo nível de desenvolvimento tecnológico de produtos industrializados (SABADIN, 2006). Por este motivo, Miranda e Motta (2001) afirmaram que se deve investir em uma linha de produção que se adapte melhor ao mercado internacional para que possa aumentar o percentual de carne industrializada.
2.1. Alterações recentes na demanda de carne bovina Analisando a demanda mundial, verifica-se que ocorreu importante crescimento do consumo, conforme ilustram os dados da Tabela 2.2.
7
A Encefalopatia espongiforme bovina, vulgarmente conhecida como doença das vacas loucas ou BSE (do acrônimo inglês Bovine Spongiform Encephalopathy) é uma doença neurodegenerativa que afeta o gado doméstico bovino.
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20
Tabela 2.2 – Consumo mundial de carne bovina (milhões toneladas em equivalente-carcaça8) – 2001 a 2006
Países
2001
2002
2003
2004
2005
2006
12,35 7,66 5,43 6,19 2,34 2,51 2,40 1,40 1,42 0,97 0,65 5,38 48,70
12,74 8,19 5,82 6,44 2,41 2,36 2,45 1,39 1,32 0,99 0,70 5,47 50,28
12,34 8,31 6,27 6,27 2,31 2,43 2,38 1,52 1,37 1,06 0,79 3,96 49,01
12,67 8,22 6,70 6,40 2,37 2,51 2,31 1,63 1,18 1,05 0,75 3,95 49,74
12,75 8,19 7,11 6,60 2,42 2,29 2,20 1,61 1,22 1,05 0,75 3,94 50,13
13,23 8,20 7,55 6,80 2,50 2,28 2,19 1,62 1,23 1,06 0,75 4,03 51,44
EUA União Européia China Brasil México Argentina Rússia Índia Japão Canadá Austrália Outros Total
Fonte: USDA (2007).
Dentre as modificações ocorridas, destaca-se o crescimento expressivo na China, que pode vir a ser um potencial mercado consumidor da carne bovina brasileira. No Japão ocorreu um pequeno decréscimo no consumo devido às exigências sanitárias. Todavia, os frigoríficos brasileiros podem se adaptar às exigências para atender a esse potencial consumidor. Em relação ao consumo per capita, nota-se que há grande dispersão no consumo (Tabela 2.3). Analisando o ano de 2006, os principais destaques ficam com a Índia, que teve um consumo de 1,5 kg/habitante/ano; China, de 5,6 kg/habitante/ano; Argentina, de 65,2 kg/habitante/ano; e Rússia, com um consumo intermediário de 15,7 kg/habitante/ano.
8
Equivalente-carcaça é medida-padrão e, segundo Secex (2007), a conversão equivalente-carcaça é feita da seguinte forma: carne industrializada é multiplicada por 2,5; carne in natura com osso deve ser multiplicada por 1; e carne in natura sem osso deve ser multiplicada por 1,3.
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21
Tabela 2.3 – Consumo mundial per capita de carne bovina (kg/habitante/ano) – 2002 a 2007
Países Argentina Austrália Brasil Bulgária Canadá China UE Egito Hong Kong Índia Japão Coréia do Sul México Nova Zelândia Filipinas Romênia Rússia África do Sul Taiwan Turquia Ucrânia EUA Uruguai
2002
2003
2004
2005
2006(p)
2007(e)
61,6 35,6 35,8 9,8 31,1 4,5 18,0 8,4 12,6 1,3 10,4 12,7 23,0 31,5 4,1 7,1 16,7 14,3 4,2 9,5 11,2 44,3 49,4
62,6 39,8 34,5 9,9 33,1 4,9 18,0 7,5 13,8 1,4 10,7 12,6 22,1 37,5 4,1 6,7 16,2 13,9 4,6 9,4 8,6 42,5 37,0
64,2 37,5 34,8 10,1 32,5 5,2 18,2 8,2 13,9 1,5 9,0 9,6 22,4 31,5 4,5 8,9 15,7 15,0 3,7 9,2 10,8 43,2 39,7
61,8 36,6 36,4 13,7 33,7 5,4 17,8 9,0 15,4 1,5 9,4 9,0 22,6 31,2 4,0 10,6 17,1 15,8 4,2 9,0 11,2 42,8 35,4
65,2 36,5 36,9 12,5 32,2 5,6 18,0 8,7 15,3 1,5 9,3 8,6 23,1 29,4 4,0 10,8 15,7 15,5 4,5 8,8 11,9 42,9 39,3
63,3 36,9 37,8 11,9 31,7 5,9 18,0 8,6 15,3 1,5 9,9 9,5 23,1 31,6 4,0 10,9 15,6 15,6 4,5 8,7 11,5 43,2 40,6
Fonte: USDA (2007). p = preliminar; e = estimativa.
Segundo Moraes (2007), em 2006, o Brasil exportou carne bovina para 160 países, e pode conquistar um mercado ainda maior. No entanto, para que isso se torne realidade, é preciso conhecer as peculiaridades de alguns países, como costumes, renda e hábitos alimentares. O autor cita, como exemplo, o engano de se pensar que a Índia não come carne bovina por motivo religioso, pois o grande problema do mercado indiano em relação à carne bovina não é a religião e, sim, a baixa renda.
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22
De fato, assim como para outros grupos alimentares, o preço e a renda são fatores prioritários no consumo de carne bovina nos países; entretanto, nos países desenvolvidos, outros fatores, como qualidade e sanidade, têm influenciado de forma crescente o consumo. Isso pode ser verificado analisandose o consumo do Japão, que decresceu com os problemas sanitários mundiais em 2004 (incidência de vaca louca na Europa).
2.2. Mercados preponderantes para o Brasil e Mato Grosso Em se tratando dos principais países importadores da carne brasileira, os três maiores são a Rússia, o Egito e o Reino Unido (Tabela 2.4). Outro mercado que merece destaque é Hong Kong, o maior comprador em volume de miúdos do Brasil. Segundo Baptista (2007), os chineses e os japoneses apreciam degustar no happy hour petiscos à base de miúdos de boi. Para a indústria frigorífica, a exportação de miúdos, juntamente com o couro, tripas, cartilagens e outros subprodutos, é fundamental para assegurar a rentabilidade do negócio. Baptista (2007) ainda afirma que a África (países da parte oriental como Gabão e Costa do Marfim) consome rins, coração e rabo, enquanto os consumidores peruanos têm preferência pelo coração. No Brasil, os consumidores não têm o hábito de consumir miúdos regularmente, sendo estes mais utilizados para a preparação de pet food (comida para cães, gatos e outros animais domésticos). Em termos de volume, as exportações de carne brasileira cresceram em 2006, em relação a 2005. A Holanda teve participação importante no ano de 2006, devido a contatos feitos com uma cooperativa de carne daquele país que mostraram favoráveis à importação de carne bovina principalmente da raça holandesa (TRENTIN, 2007). Assim, empresários no Estado de Santa Catarina se reuniram e viabilizaram este comércio. Ainda segundo esse autor, o preço pago pelo filé mignon na Holanda chega a ser quatro vezes maior que no Brasil.
Ano/importadores
In natura
Industrializada
Volume
Valor
Volume
Valor
2006 Rússia Egito Reino Unido EUA Hong Kong Holanda Itália
318.323 198.146 62.406 393 27.598 45.749 48.845
743.187 364.185 189.577 668 61.122 253.554 232.553
1.815 3.115 51.244 92.976 916 15.563 8.805
2.897 7.650 139.678 273.310 1.151 46.060 36.220
2005 Rússia Egito Reino Unido Chile Venezuela Hong Kong Itália EUA
294.653 146.444 65.936 66.596 9.142 22.204 46.893 149
555.272 252.714 181.661 139.981 19.277 43.738 152.685 292
1.328 2.621 52.510 810 57.620 1.089 8.201 51.613
2.314 5.392 130.399 848 46.956 1.243 31.319 205.682
Miúdo Volume
Total Valor
Volume
Valor
10.139 6.039 97 893 40.923 1.311 1.197
18.937 5.180 224 2.787 50.683 4.605 2.650
330.277 207.300 113.747 94.262 69.437 62.623 58.847
765.021 377.015 329.479 276.765 112.956 304.219 271.423
7.704 3.473 89 54 0 31.971 94 81
9.588 3.738 220 41 0 30.287 122 110
303.685 152.538 118.535 67.460 66.762 55.264 55.188 51.843
567.174 261.844 312.280 140.870 66.233 75.268 184.126 206.084
Fonte: MDIC, adaptado por ABIEC (2007). Os volumes são toneladas em equivalente-carcaça e os valores em mil dólares.
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Tabela 2.4 – Principais importadores de carne brasileira – 2005 a 2006
23
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24
No que se refere aos canais de comercialização mais comumente utilizados, cerca de 95% das vendas da carne no exterior são realizadas por traders (atravessadores) e o pagamento é à vista, ou seja, o recebimento é feito quando a mercadoria chega ao destino. Cabe ressaltar que não existem contratos de garantia de preços futuros ou de fornecimento. A maior parte do volume exportado pelas empresas (80%) é de carne in natura resfriada ou congelada. A carne industrializada tem como principais destinos os EUA e o Reino Unido, mercados responsáveis pela compra de 90% do volume de carne industrializada brasileira. Os miúdos são destinados para a Ásia. Os outros mercados compram carne in natura do dianteiro ou traseiro do animal. Os frigoríficos trabalham com cortes específicos para alguns países ou mercados (SABADIN, 2006). Devido às barreiras sanitárias, os EUA não adquirem carne bovina brasileira in natura, mas, segundo Secex (2007), confirmados pela Abiec (2007), em 2006 os EUA compraram um pequeno volume de carne in natura brasileira, correspondendo a 0,09% do total de carne in natura exportado. Assim, nota-se que a maior parte da carne exportada para os EUA é industrializada com maior valor agregado. Em Mato Grosso, segundo Secex (2007), a empresa que mais se destacou no setor de carne em 2006 foi o Grupo JBS Friboi, que comercializou 241.882.767 US$ FOB, representando 5,58% do total exportado pelo estado. Em Mato Grosso, o FRIBOI tem unidades em Araputanga, Barra do Garças, Pedra Preta e Cáceres, que comercializam carne in natura, extrato de carne, carne cozida e congelada, estômago congelado, miúdos e tendão desidratado, dentre outros subprodutos. A carne cozida congelada tem como principais mercados Europa, Japão e EUA. O tendão desidratado é todo comercializado para o Japão e o estômago congelado vai para a UE. Hong Kong, Paraguai, Uruguai e Emirados Árabes são também compradores de miúdos. Quanto ao couro, as empresas Durlicouros e BMZ couros representaram, em 2006, 0,75% e 0,55%, respectivamente, do valor exportado pelo estado. Os principais produtos são peles whet blue e tiras de couro. Segundo a Courobusiness (2007), a Durlicouros e a BMZ couros estão entre as 32 maiores
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25
empresas exportadoras de couros e peles do Brasil, sendo as mais representativas em Mato Grosso. Os principais importadores do couro do estado são Itália, China e Hong Kong. Embora Mato Grosso participe da exportação mundial de couro, o processo de acabamento do couro no estado, o qual agrega maior valor, ainda é muito incipiente.
2.3. Padrão (cortes etc.) Com relação aos cortes, observa-se que a participação da carne desossada congelada representou 68,9% das exportações da cadeia produtiva de bovinos de corte em Mato Grosso no ano de 2006. A carne desossada resfriada ou in natura representou 17%, contra 14,1% de todos os outros produtos. Assim, verifica-se que o produto carne é o mais representativo na exportação da cadeia de bovino de Mato Grosso (Tabela 2.5).
Tabela 2.5 – Produtos cárneos exportados por Mato Grosso em 2006
Produtos Carnes desossadas de bovino congeladas Carnes desossadas de bovino frescas ou refrigeradas Preparações alimentícias e conservas de bovinos Outros couros bovinos, inclusive búfalos, n/div. úmidos preparados Outras miudezas comestíveis de bovino congeladas Outros couros/peles, int. bovinos, preparadas etc. Outros couros/peles, bovinos, inclusive búfalos, úmidos Rabos de bovino congelados Fígados de bovino congelados Línguas de bovino congeladas Tripas de bovinos frescas, refrigeradas, congeladas, salgadas Outras peças não-desossadas de bovino congeladas Outros produtos de animais impróprios para alimentação Outros couros/peles int. bovinos preparados Farinhas, pós e "pellets" de carne impróprias para alimentação Couros/peles int. bovinos preparadas s 10.000 ha Total
Imóvel
Área
35,94 54,16 4,86 4,64 0,40 100,00
2,48 14,18 11,70 41,32 30,32 100,00
Fonte: SEPLAN-MT (1998).
Ainda do ponto de vista fundiário, pode-se observar na Tabela 5.5, uma região com 35,94% dos imóveis rurais com até 50 hectares, o que constitui 2,48% da área. Os imóveis entre 50 e 500 hectares, considerados pequenos na região, são a maioria absoluta das propriedades. Eles representam 54,16% dos imóveis e 14,18% das áreas, incorporadas ao sistema produtivo daquele território. O estrato seguinte, entre 500 e 2.000 hectares, representa 4,86% dos imóveis e 41,32% da área. Semelhantemente ao anterior é a participação do número de imóveis entre 2.000 hectares e 10.000 unidades de medida. Por exemplo, 30,32% do território de Alta Floresta contam com 0,40% dos imóveis e têm acima de 10.000. Considerando-se o uso atual da terra e a criação de gado leiteiro, participação de vacas ordenhadas exposto na Tabela 5.3 é possível verificar, em alguns municípios, grande número de fêmeas. Esse elemento de análise tem dois motivos: a implantação de atividade pecuária, com gado sem origem racial; a dimensão da área, com aproveitamento de 20%; e a grande quantidade de pequenas propriedades, que indica a existência de gado de leite, prioritariamente, considerando a existência de laticínios em grande parte dos municípios da região.
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79
5.5.2. Região Matupá Composta pelos municípios de Terra Nova do Norte, Guarantã do Norte, Matupá, Peixoto de Azevedo e Novo Mundo, esta região conta com rebanho de 1.337.841 cabeças de bovinos, cuja grande maioria destina-se ao abate (Tabela 5.6).
Tabela 5.6 – Matupá: rebanho bovino e propriedades – 2006
Municípios Terra Nova do Norte Guarantã do Norte Matupá Peixoto de Azevedo Novo Mundo Total
Propriedades
Com bovinos
Rebanho
Cab. méd.
1.818 2.115 1.312 2.167 1.782 9.194
1.818 1.826 1.134 1.928 1.396 8.102
270.320 272.351 196.056 274.347 324.767 1.337.841
147,94 128,71 148,04 124,21 179,28 144,01
Fonte: INDEA-MT (2007).
Estes municípios, em sua maioria, são originários de processos de colonização, nos quais o Estado de Mato Grosso esteve envolvido após os anos de 1970. A rigor, esta região, como outras, recebeu intensa migração, como alternativa aos conflitos de terra decorrentes de diversos problemas em outras regiões, como demarcação de terras indígenas, alagamento de áreas, minifundiarismo. Terra Nova do Norte teve origem com a migração de colonos gaúchos, antigos moradores das regiões gaúchas de Nonoai, Planalto, Tenente Portela, Miraguaí e Guarita, expulsos das terras indígenas kaingang, em 1978. A solução encontrada foi transferi-los para Mato Grosso. A preparação da infra-estrutura, transporte do Rio Grande do Sul até Cuiabá e da capital até a região e assentamento dos colonos foram coordenados pela Cooperativa Agrária de
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80
Canarana. Para tanto, foram destinados 435 mil hectares de terras. A Coopercana, Cooperativa Canarana, abriu 1.062 lotes em nove agrovilas. A única via de acesso para as famílias residentes naquelas agrovilas era a BR-163, que se encontrava na época em fase de abertura e implantação. O núcleo central dos assentamentos foi chamado "Terra Nova", considerando a região amazônica. Nos anos de 1980 descobriu-se ouro na nova terra. Os garimpos ocuparam a mão-de-obra, desorganizaram a economia local, desmontando as frágeis estruturas colonizadoras ainda em fase embrionária. A malária ceifou vidas de forma brutal. Em 1981, a agrovila Esteio ficou reduzida a 16 famílias, e a três a de Xanxerê. Com o refluxo dos garimpos, a pecuária leiteira e a de corte passaram a ter importância naqueles núcleos populacionais. Terra Nova do Norte foi criada em 1986, com território desmembrado do município de Colider, tendo como referência a BR-163, como eixo logístico para escoamento da produção, principalmente com Matupá, onde está instalado o frigorífico destinado ao abate. A mesma referência pode ser feita para o município de Peixoto Azevedo, que se originou a partir de 1980 quando teve início o Projeto de Assentamento de Colonos Peixoto de Azevedo (PAC). Tratava-se de assentamento de agricultores desapropriados de terras no Rio Grande do Sul, no local da barragem do rio Jacuí. O Incra e a Cooperativa Tritícola de Erexim (COTREL) se uniram para trasladar os colonos do Rio Grande do Sul para Mato Grosso. Ao mesmo tempo o Incra de Mato Grosso se preparava para socorrer famílias brasileiras migradas para o Paraguai, “os brasiguaios”, que haviam perdido arrendamento de terras e não tinham para onde ir. Em 1981, formou-se o PAC Braço Sul, para assentar os migrantes brasiguaios e sem-terras do Vale do Jacuí. O Incra procedeu ao registro das terras dos gaúchos e dos brasiguaios, resolvendo assim o problema fundiário. Guarantã do Norte origina-se do povoado Cotrel (Cooperativa Tritícola de Erexim), que entendia que o processo de colonização era necessário, em razão do minifundiarismo comum no sul, em decorrência dos parcelamentos de heranças, principalmente de seus colonos. A Lei de 1981 criou o distrito já com o
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nome de Guarantã40, porém, em maio de 1986, foi criado o município de Guarantã do Norte. Adotou-se o termo "do Norte" para diferenciar a cidade mato-grossense de outra, denominada Guarantã, no Estado de São Paulo. As origens do município de Peixoto de Azevedo se incrustam no tempo da abertura da rodovia Cuiabá-Santarém, na década de 1970. Nessa época, foram expulsos desta região os índios Panará, outrora chamados Krên-aka-rorê, que viviam na área desde tempos imemoriais. Em 1979, o ouro aflorou no solo peixotense. A lide garimpeira transtornou a vida da comunidade. Tal era a desorganização social, que foi necessária a intervenção de uma colonizadora para ajudar na regularização fundiária no INCRA. Foi elaborada uma planta da futura cidade, salvando-a das tortuosas vielas garimpeiras. O município foi criado em 1986. O começo da povoação deu-se a partir de uma “corrutela” garimpeira. A procura de ouro a partir de 1979 propiciou grande fluxo de famílias de diferentes regiões brasileiras para essa área. A cidade surgiu a partir da abertura da rodovia Cuiabá-Santarém, onde se instalava a Fazenda Cachimbo, do Grupo Ometto, na confluência da BR-080, que foi desdobrada em diferentes etapas. Matupá41 foi uma dessas etapas. O objetivo era criar uma cidade que sintonizasse as condições ambientais, integrando-se ao quadro natural da floresta e do rio, e que ao mesmo tempo mantivesse as tradições urbanas. Na paisagem regional, em sua maciça cobertura vegetal original da Amazônia, assentavam-se, portanto, novos núcleos urbanos de apoio e vias de penetração, a partir de vetores constituídos pelas rodovias e infra-estrutura de beneficiamento da matéria-prima, como serrarias, frigorífico, laticínios, beneficiamento de arroz. O município foi criado em 1988. O nome Novo Mundo, de certa forma, provém da Mineradora Ouro Novo, que operava garimpos na região. Por algum tempo, a povoação ficou conhecida por Vila Ouro Novo. O núcleo urbano e a zona rural de Novo Mundo foram colonizadas, em parte, por famílias brasileiras retornadas do Paraguai, “os 40
O nome Guarantã vem da árvore típica da região, com o nome científico de Esenbeckia leiocarpa, da família das rutáceas. 41 Massa compacta de capim aquático encontrado à beira dos rios e lagos e em terra flutuante, desgarrada da margem ribeirinha pela ação de enchentes e rolam água abaixo.
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brasiguaios”. A denominação Novo Mundo surgiu após uma reunião entre os pioneiros do lugar. Para eles, esse nome designava um novo Eldorado, um mundo novo, ainda a ser conquistado. O município foi criado em 1995. 5.5.3. Região Sinop É formada pelos municípios de Sinop, Claudia, Vera, Marcelândia, Itaúba, Santa Carmem, União do Sul, Feliz Natal, Nova Santa Helena. Essa região contava com 661.148 cabeças em 2006, o que corresponde aproximadamente a 2,5% do total do rebanho estadual (Tabela 5.7).
Tabela 5.7 – Sinop: rebanho bovino e propriedades – 2006
Municípios
Sinop Cláudia Vera Marcelândia Itaúba Santa Carmem União do Sul Feliz Natal Nova Santa Helena Total
Propriedades
Com bovinos
Rebanho
Cabeças médias
1.005 308 215 799 190 120 103 136 607 3.483
769 246 180 615 165 118 95 122 371 2.681
62.364 43.873 18.387 190.381 125.552 32.634 40.218 14.453 133.286 661.148
62,05 142,44 85,50 237,66 660,80 271,95 390,47 106,21 219,58 189,68
Vacas ordenhadas/ rebanho 5,33 1,82 1,36 0,96 0,89 0,90 1,98 1,72
Fonte: INDEA-MT (2007).
A região como um todo soma 3.483 propriedades, das quais 77% desenvolvem a pecuária bovina. A produção leiteira do rebanho é relativamente baixa, considerando que o maior é o de Sinop, cuja relação vacas ordenhadas/rebanho total é de 5,33%.
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A colonização da região foi iniciada graças à construção da BR-163 e a determinação de construir uma cidade a 500 km da capital, ao longo da Estrada. Região de transição entre a Amazônia e o Cerrado, a principal atividade é a madeira, entendendo-se tal produção como uma primeira etapa de um processo de industrialização que já tem desenvolvido outros elementos como frigorífico e laticínios, atendendo à oferta de pecuária de corte e leite do rebanho. O processo de ocupação aconteceu pela iniciativa privada, sob a supervisão do INCRA, sendo o nome da cidade o mesmo da colonizadora – Sociedade Imobiliária do Noroeste do Paraná (SINOP). Essa colonização possibilitou que glebas fossem comercializadas e pequenos lotes disponibilizados para a população migrante, principalmente do Paraná. Dessa maneira, as atividades afeitas aos migrantes – produção de café – tentaram ser reproduzidas nos primeiros anos, não sendo possível viabilizá-las. A colonizadora tentou, em virtude da disponibilidade de programas incentivados pelo Governo Federal, anos mais tarde, implantar uma usina de álcool de mandioca, sem sucesso. Muitos migrantes perderam suas terras, ocorrendo assim alguma reconcentração de áreas. Outros erradicaram o café e partiram para atividades que exigiam pouca mão-de-obra, como a bovinocultura. Dessa maneira, a pecuária bovina na região passou a fortalecer a produção de pecuária de corte. 5.5.4. Região Juína Esta região está constituída pelos municípios de Juína, Castanheira, Aripuanã, Brasnorte, Juruena, Cotriguaçu e Colniza. Contava com um rebanho, em 2006, de 2.187.381 cabeças, representando aproximadamente 12,3% do rebanho bovino estadual. O município de Juína é o maior da região como um todo, considerando seu rebanho, com 24,43% do plantel regional. É necessário destacar que a formação desta região se desenvolveu a partir dos projetos da colonização de terras públicas, implantados pelo Instituto de Terras de Mato Grosso (INTERMAT) e pela Companhia de Desenvolvimento de Mato Grosso (CODEMAT), desde os anos de 1970, quando grandes glebas
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foram vendidas pelo Governo do Estado e outras anteriormente comercializadas, foram abertas em processo de pecuarização ou de colonização. Nessa perspectiva, na década de 1970, iniciou-se um processo de colonização a partir das glebas vendidas, que deram origem a Juruena e Cotriguaçu em processo licitatório que comercializou mais de dois milhões de hectares de terra. Essas glebas, junto com outras de menor porte, na mesma região, permitiram ao Estado a construção de prédios destinados ao Centro Político Administrativo (CPA) e para atender a outras necessidades governamentais de custeio. Castanheira e Juína foram colonizadas pela CODEMAT. O projeto original contava com 411 mil hectares de terras nas bacias do Alto Aripuanã e do Juína Mirim, ao longo de 100 km da estrada AR-1 (Aripuanã 1)42. A implantação de Juína teve início a partir de 1978, inclusive com a criação do núcleo urbano pioneiro, onde foram instaladas diversas serrarias e olarias, tendo início a venda de lotes e a abertura das matas. Castanheira teve sua colonização iniciada nos anos de 1980, quando o “sucesso” do projeto Juína era noticiado. A venda de glebas em Brasnorte teve início em 1974, com a divisão de grande área originalmente pertencente às casas Anglo Brasileiras – o “Mappin” –, de São Paulo, e duas outras: a fazenda Cravari e outra, dividida em lotes urbanos e rurais, iniciando-se o núcleo pioneiro de Brasnorte. Nesse município, atualmente, podem-se encontrar projetos com tecnologia Voisin na região (com piquetes de dois hectares e módulos de pastoreio) como resposta a alguns problemas ambientais de ocupação como o crescimento de “tabocas” em meio ao capim formado. Neste município e em Juruena, a colonização comercializou lotes com dimensões superiores a 1.000 ha, permitindo estabelecer propriedades de grandes dimensões.
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O projeto desta estrada ligaria a BR-163 a BR-364, como acesso da Amazônia meridional matogrossense, desde Alta Floresta até Vilhena, em Rondônia. Entretanto, atualmente está implantada como MT-208, desde Alta Floresta até o rio Juruena. Após, na continuação, de Juruena à Colniza, está implantada a MT-170 (sentido Norte-Sul) e depois de Aripuanã a MT-208 e a MT-416 e novamente a MT-206 até a Mineração São Francisco, na divisa com Rondônia.
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Como nos outros processos de ocupação, também por intervenção do estado, ao longo dos anos de 1980, mas principalmente nos anos de 1990 se desenvolveu com maior vigor a colonização da região noroeste, onde estão os municípios de Aripuanã e Colniza. A rigor, Aripuanã é um município criado ainda nos anos de 1950, todavia, como fronteira agropecuária, apenas recentemente passou a ser colonizado, tendo ficado isolado até então. Com a reestruturação do sistema viário na região e o desmembramento dos municípios de Colniza, Rondolândia e Cotriguaçu, do antigo município de Aripuanã, após ano 2000, a bovinocultura passou a ser importante componente de abertura e fixação da propriedade privada, como de resto em outras regiões de fronteira em formação. A região, tratada no estudo sobre a situação fundiária de Mato Grosso, mostra que apenas 2,52% das áreas representam aproximadamente 45% das propriedades. A grande propriedade, que corresponde a 11,36% das unidades fundiárias, detém aproximadamente 80% das terras, indicando que a pecuária está implantada em grandes extensões (Tabela 5.8).
Tabela 5.8 – Juína: distribuição fundiária – 1998
Minifúndio Pequena Média Grande Não classificado Total Fonte: SEPLAN-MT (1998).
Imóvel
Área
44,98 32,19 10,43 11,36 1,03 100,00
2,52 6,56 10,05 79,65 1,23 100,00
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O outro componente importante nesse processo de diversificação da fronteira agropecuária de Mato Grosso foi a implantação de assentamentos na região, cuja jurisdição para tal é do Estado, através do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat). Nesse aspecto, esses assentamentos ocorreram a partir dos anos de 1980, especialmente após a implantação da MT-170, ligando aquela região a BR-364 (Campo Novo dos Parecis) e a Tangará da Serra, pela MT- 338, que permite o transporte da produção até os mercados e o exterior pelas rodovias de escoamento de Mato Grosso. Em todos os municípios, a abertura de unidade de produção pecuária bovina atende à seqüência da abertura tradicional: desmatamento, com queimada; preparo do solo – calcariamento e adubação –, plantio de lavouras ou formação de pastos. O município de Juína conta com a criação de animais como uma das atividades incluída no rol da produção rural, na qual a agricultura é bastante diversificada e com criações diversas, inclusive a pecuária de leite. A perspectiva de pecuarização parece ser uma alternativa promissora, do ponto de vista regional, com o asfaltamento da MT-170, alcançando Juína, ligando aquela cidade ao mercado nacional, viabilizando a construção de frigorífico. Na Tabela 5.9 é mostrado o número de propriedades por município. Considerando-se aquelas que contam com criação de bovinos e rebanho vacinado pelo Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (INDEA-MT), é interessante construir a média de rebanho por propriedade. Na mesma tabela pode-se observar a existência de pequeno rebanho leiteiro, cujo produto, em geral, destina-se ao consumo regional.
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Tabela 5.9 – Juína: número de propriedades, rebanho bovino, vacas ordenhadas – 2006
Municípios
Juína Castanheira Aripuana Brasnorte Juruena Cotriguacu Colniza Total
Propriedades Com bovinos
2.397 1.208 1.452 1.210 962 2.080 2.862 12.171
2.021 1.085 1.250 1.039 786 1.507 2.550 10.238
Rebanho
Cabeça média
534.463 363.173 430.864 320.483 153.971 187.381 197.046 2.187.381
222,51 300,15 296,09 263,72 160,01 89,70 68,41 179,22
Vacas ordenhadas/ rebanho 1,13 1,52 1,27 0,33 0,55 0,97 1,08
Fonte: INDEA (2007).
Segundo o INDEA-MT, das 12.171 propriedades existentes na região, 10.238 contavam com bovinos, ou seja, 84,11%. Desses, mais de 98% foram vacinados. Ao considerar as características regionais dos municípios de Castanheira, Aripuanã, Brasnorte e Juína, o rebanho bovino é criado em grandes propriedades, principalmente a de gado de corte. Nessa perspectiva, o padrão médio de ocupação com bovinocultura está em propriedades superiores a 500 hectares. Portanto, com criações em áreas maiores que 100 hectares dada a legislação ambiental. 5.5.5. Região Lucas do Rio Verde É constituída pelos municípios de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Tapurah, Sorriso, São José do Rio Claro, Juara, Porto dos Gaúchos, Novo Horizonte do Norte, Nova Maringá, Tabaporã, Nova Ubiratã e Santa Rita Trivelato. Essa região conta com um rebanho de 1.836.700 cabeças distribuídas nas 6.742 propriedades que tiveram seu gado vacinado. O total de propriedades na
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região é de 8.891; portanto, a participação da bovinocultura é de 76% no total de propriedades. Esse rebanho representa no conjunto do estado aproximadamente 6,9%. A razão da baixa participação da bovinocultura no conjunto das propriedades, ao contrário de outras regiões do estado, é a grande utilização da terra destinada à agricultura moderna, sendo o município o maior produtor de soja do estado, havendo complementação com milho. Até a década de 1970, a maioria dos municípios que compõem essa região não existia. A sede deles era Chapada dos Guimarães, Diamantinho, considerados os maiores do mundo em extensão, e Porto dos Gaúchos. São, portanto, resultado da colonização ocorrida no estado desde aquele período. Três sub-regiões podem ser, portanto, identificadas nesse conjunto de municípios, em geral, em razão da infra-estrutura viária e, naturalmente, da situação fundiária decorrente de sua colonização, mas certamente devido ao processo histórico, no qual se têm desmembramentos, incorporações e outros processos. Dessa maneira, uma sub-região configurada por Nova Mutum, Lucas do Rio Verde e Sorriso está implantada ao longo da BR-163. A sub-região de Tapurah, Juara, Porto dos Gaúchos, Novo Horizonte do Norte articula-se à mesma estrada pela MT-338 – durante muito tempo conhecida como estrada da Baiana –, articulada entre Nova Mutum e Lucas do Rio Verde. Outra sub-região, definida pelos municípios de São José do Rio Claro, Nova Maringá, está ligada a BR-364, pela MT-010. Estes municípios eram distrito de Diamantino. Na sub-região 1, Lucas do Rio Verde e Sorriso foram desmembrados de Chapada dos Guimarães. Nova Mutum, por sua vez, separou-se de Diamantino. A segunda sub-região era originalmente o município de Porto dos Gaúchos, sendo a terceira desmembrada de Diamantino. A região é configurada por uma vegetação básica, a mata de transição. E um divisor de águas entre as bacias do Prata e Amazônica, com grandes áreas de planalto e predominância de solos pobres. Entretanto, as grandes extensões planas permitem a mecanização, destinadas à agricultura e pecuária extensiva.
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A estrutura fundiária é decorrente de um processo de colonização ocorrido ao longo dos anos de 1980 e 1990, quando diversas glebas foram implantadas, na maior parte das vezes devidas à iniciativa privada, sob supervisão do INCRA. Como em toda a região do planalto, além da serra de Nobres, o município de Nova Mutum, antigo território de Diamantino, teve originalmente as terras cobertas por seringais, nativos na região. Com a decadência dessa atividade, ao longo do século XX, a região manteve-se em relativa estagnação. Todavia, a literatura registra que desde o século XVIII têm havido movimentos em direção ao rio Arinos em busca de articulação com o Pará. A região de Lucas do Rio Verde conta com rebanho bovino de 1.836.700 cabeças, representando 7% do total criado (Tabela 5.10). Esse total está sendo produzido em 6.742 propriedades, que representam 75% das propriedades da região, em virtude da forte participação da agricultura moderna.
Tabela 5.10 – Lucas do Rio Verde: rebanho bovino e propriedades – 2006
Municípios
Propriedades
Nova Mutum Lucas do Rio Verde Tapurah Sorriso São José do Rio Claro Juara Porto dos Gaúchos Novo Horizonte do Norte Nova Maringá Tabapora Nova Ubiratã Santa Rita do Trivelato Total
Fonte: INDEA-MT (2007).
950 368 677 1.037 633 2.048 521 710 405 790 645 107 8.891
Com bovinos 542 248 677 581 525 1.698 390 629 227 681 486 58 6.742
Rebanho
Cabeças médias
114.637 16.864 105.740 64.164 85.617 888.915 140.032 88.517 80.097 180.396 47.305 24.416 1.836.700
120,67 45,83 155,37 60,43 134,96 430,20 268,76 124,48 197,68 228,35 69,18 228,19 205,12
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No atual município de Nova Mutum, as facilidades oferecidas pelo estado atraíram um grupo de empresários ligados à empresa Sobloco de São Paulo, que adquiriram aproximadamente 169 mil hectares, no município de Diamantino, visando constituir uma Agropecuária, a Mutum S/A. Esse projeto teve aprovação na SUDAM, cujo objetivo era a produção pecuária em área de 120 mil hectares, sendo 54 mil de pastagens e 60 mil para reservas florestais, restando 56 mil para futuras ampliações. O processo consistia em cria, recria e engorda de bovinos, implantado definitivamente, em 1981, em dois grandes núcleos: Arinos e Mutum. Uma vez que a área era muito grande, surgiu a idéia de se gerar oportunidade para novos pioneiros, sendo desenvolvidos experimentos com arroz, milho e soja em 1974. A empresa destacou então 100 mil hectares para a colonização, implantando as duas primeiras etapas (hoje constituídas pelas comunidades de Santo Antônio, São Carlos e Nova Esperança). A necessidade de colonizar fez com que houvesse a comercialização de terras em várias regiões do Estado. Na mesma época da colonização de Mutum, estavam sendo colonizadas para pequenos e médios agricultores outras regiões, como São Manuel, Pacoval, Trivelato, Lucas do Rio Verde, Tapurah, Ranchão etc. Eram lotes vendidos conforme a disponibilidade financeira dos compradores, em geral entre 150 e 400 hectares. Elaborou-se o projeto que criou a Colonização de Nova Mutum, em 1977, definindo o espaço urbano e a infraestrutura básica para que o essencial pudesse funcionar. Foram reservados 551 hectares para essa área urbana. Quem adquirisse um lote rural recebia de bonificação dois terrenos urbanos. Instalou-se a “primeira pica-pau (serraria) na região, serrando madeira para as construções que surgiam no povoado e fazendas” (site da Prefeitura de Nova Mutum). Em 1978, o colonizador do município adquiriu as terras para implantar o Projeto de Colonização Mutum. Esse projeto foi dividido em duas etapas: uma, parcelada, foi comercializada em lotes onde se desenvolveu a cultura da soja, a outra se manteve com a atividade agropecuária, denominada Fazenda Mutum. No
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meio delas, foi destinada uma terceira, para a futura cidade de Mutum. Como em outras regiões, havia grande expectativa, surgindo assim crises entre a população e a firma colonizadora. Como Nova Mutum, Lucas do Rio Verde era originalmente um seringal. Quando da construção da BR-163, serviu como acampamento na década de 1970, do 9.º BEC (Batalhão de Engenharia e Construção), por ocasião da abertura da rodovia Cuiabá-Santarém – o acampamento Lucas. Por volta de 1976, a Coordenaria Regional do Incra, em Mato Grosso, iniciou a discriminação judicial da Gleba Lucas do Rio Verde, abrangendo um perímetro de mais de 210 mil hectares. Em 1980, a área foi declarada prioritária para fins de reforma agrária, através de Decreto Federal, servindo de assentamento para famílias de agricultores vindos de Ronda Alta, no Estado do Rio Grande do Sul. Para a fundação de Santa Rita do Trivelato, em 1999, a proposta legislativa apresentava como justificativa para a emancipação o texto que garantia sua sobrevivência socioeconômica, cuja preocupação iniciara-se ainda nos anos de 1970: "... dispondo dos requisitos exigidos e de um potencial socioeconômico-financeiro capaz de garantir e assegurar a sobrevivência e a expansão de seu crescimento e desenvolvimento, com base em atividade pecuária de leite e de corte moderna; num comércio pleno, numa indústria de semitransformação, com aproveitamento calcado no extrativismo vegetal, além de outras potencialidades capazes de gerar riquezas e impostos". São José do Rio Claro sofreu em 1953, a primeira tentativa de colonização, com a formação de fazendas. No ano seguinte, alguns lotes foram adquiridos ao Estado, ocasião em que se instalou a Gleba Massapé. Pouco depois, esta passou a se denominar São José do Rio Claro. Quatro anos mais tarde (1958), iniciou-se o desmatamento da região, surgindo as primeiras construções locais. Em 1966, os proprietários da Gleba delinearam e lotearam a área urbana. Com a comercialização desses lotes, houve sensível aumento populacional. A partir de 1972 foi implantado o Programa de Incentivo à Produção de Borracha Natural (PROBOR), com grande aceitação pelos agricultores locais. Formaram-se vastos seringais, acrescidos às árvores nativas e
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deram à cidade o título de “Capital da Borracha”. Em 1976, constituiu-se em Distrito de Diamantino e, três anos depois, foi criado o município. Contudo, não implicando em sua instalação, que continuou sob jurisdição políticoadministrativa da Prefeitura Municipal de Diamantino, até 1981. A fundação de Juara, o município de maior produção individual do estado, deu-se em 1971, quando os lotes comercializados pela Sociedade Imobiliária da Bacia Amazônica (SIBAL), adquiridos como gleba de 35.900 hectares, com fins de colonização, passaram a ser comercializados. Assim um grupo de pessoas partiu das margens do Ribeirão Caracol, chegando ao córrego Água Boa, ponto inicial da colonização, chamando a localidade de Gleba Taquaral que, mais tarde, denominou-se Juara. A referência de colonização de onde se estabeleceu a primeira vila da colônia era a cidade de Porto dos Gaúchos, fundada em 1963, por migrantes de Santa Rosa-RS, daí seu nome. Ainda em 1971 começaram a chegar as primeiras famílias ao Taquaral e, em 1973, o primeiro marco da futura sede foi colocado. Nessa época, já havia chegado à região cerca de 38 famílias que plantavam arroz, milho e feijão naquele terreno bastante cansado, cujo padrão de renda era muito baixo. As difíceis condições de escoamento da produção não permitiam aos agricultores transportar a produção. Assim, a empresa colonizadora finalmente comprou toda a safra colhida, transportando-a na entressafra, quando as condições de escoamento permitiam. O armazenamento da primeira produção da região foi em barracão de madeira de 300 metros quadrados Era uma forma de minimizar os problemas enfrentados com o escoamento do produto colhido na lavoura. Nesse tempo, em período de chuvas, as viagens eram feitas pelo rio Arinos, sendo os produtos comestíveis e farmacêuticos vindos de Cuiabá. No período da seca, a viagem era feita por um caminho diferente do atual. O antigo traçado desviava do atual município de Tapurah e passava pela célebre “Baiana”43, na estrada da mata. Essa via, atual MT-338, encurtaria, mais tarde, a distância entre Juara e Cuiabá. Em 1978, foram repartidos os lotes das antigas Glebas. Assim sendo, 85 43
O nome Baiana refere-se a uma senhora que habitava a região e deu nome a estrada. Certo dia foi atacada pelos índios do povo Kayabí, desesperados com a invasão de suas terras. Mas a baiana superou a crise e os índios fizeram as pazes.
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famílias foram instaladas em Mundo Novo, 118 em Águas Claras e 200 adquiriram lotes pequenos, não superiores a 12l hectares, em Jacu. Em razão da facilidade de acesso à Juara, foram abertos 130 lotes em Catuaí, atualmente distrito do município. 5.5.6. Região Cuiabá A região de Cuiabá está constituída pelo município da capital do estado e Santo Antonio do Leverger, Rosário Oeste, Nobres, Acorizal, Várzea Grande, Nossa Senhora do Livramento, Jangada, Poconé, Chapada dos Guimarães, Barão de Melgaço, Campo Verde, Nova Brasilândia, Planalto da Serra. Os municípios configurados nesta região representam aproximadamente 8,1% do rebanho estadual, considerando os dados de vacinação do INDEA-MT, que atingiu 98,0%. Os municípios com maior rebanho são aqueles do Pantanal, principalmente Santo Antonio do Leverger e Poconé. Há, entretanto, alguns municípios cujo rebanho leiteiro é representativo, em face do rebanho total, por exemplo: Campo Verde, com 3,49%; Nobres, com 3,00%; Nova Brasilândia, com 2,19%; e Chapada dos Guimarães, com 2,08%. Esse território origina-se da “antiga capitania de Cuyabá”, núcleo pioneiro da fundação do Estado de Mato Grosso, no século XVIII. Essa fundação origina-se de dois fatores importantes à época: o aprisionamento do gentio nativo para trabalho escravo, e o ouro, como elemento de demonstração da riqueza mercantil do sistema então vigente. Todavia, é o abastecimento das atividades básicas que é responsável pela fixação da população da capitania, província e estado. Daí o destino de Cuiabá de ser entreposto comercial de gêneros para a população de Mato Grosso. A decadência da atividade básica na economia mercantil, a produção de ouro, ainda em meados dos anos de 1950 do século XVIII, fizeram com que a população e a coroa buscassem alternativas para a manutenção do território, diante da colônia da Espanha, limítrofe de Mato Grosso – Vice reino do Peru e Vice reino do Prata. Nesse mister, ampliou-se a produção pecuária, considerando
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aspectos geográficos relativos a continuidade do Pantanal e o Chaco Boliviano e Paraguaio. Dessa maneira, foi a pecuária de corte, com suas funções abastecedoras de proteína animal, através de carne e miúdos, mas principalmente como fornecedora de matéria-prima para equipamentos de transporte, essencialmente baseada no couro e destinada à produção de alforjes, bruacas, silos, selas, cabeçada, cabrestos, baixeiros, canastras ou jacas, cangalhas, quem manteve a atividade produtiva e estatal da região distante. Há ainda a considerar que na região também se desenvolvia uma produção de animais de transporte e manejo de gado também característico nas áreas de pastagem. Essa função comercial e estratégica, mantida desde a colonização por Cuiabá e alguns municípios da região, considerando-se o norte da bacia do Prata e do Pantanal, eram também fortes demandantes de artefatos de material de transporte, levando-se em conta as características das regiões cruzadas a cavalo ou por barcos, dependendo do material específico, ou seja, o que não permitisse a ação do sol, da chuva e dos inúmeros rios a serem transpostos em lombo de animais de carga, barcaças ou pirogas ou mesmo conduzidos pela força dos trabalhadores escravos ou libertos. Cronistas da época informam que muitas vezes na região do Pantanal houve abates para a pura extração de couro destinada ao processo de curtimento, abandonando-se a carne aos animais ao tempo para as aves de rapina. A região de Cuiabá está caracterizada por três sub-regiões distintas: a montante do rio Cuiabá apresenta solo pobre – com muita pedra e seixo rolado – e irregular distribuição fundiária, decorrente de sesmarias e projetos de colonização inconclusos, não permitindo a sustentabilidade de bovinocultura extensiva. Entretanto, a propriedade com atividade pecuária, em geral, é pequena, havendo maiores com baixa profissionalização, considerando que muitas propriedades pertencentes a pessoas diversas atividades profissionais, como ganhos excedentes. Essa sub-região pode ser caracterizada pelos municípios de Cuiabá, Rosário Oeste, Nobres, Acorizal, Várzea Grande, Jangada, ou seja, às margens do rio Cuiabá no sentido norte, a partir da capital.
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Diferente é a sub-região do Pantanal, onde estão os municípios de Santo Antonio do Leverger, Nossa Senhora do Livramento, Barão de Melgaço e Poconé, também na calha do Cuiabá, apresentam condições mais favoráveis de vegetação natural e adaptação ambiental dos bovinos, mas principalmente onde se origina historicamente a bovinocultura de corte mato-grossense como pecuária extensiva. Os municípios de Planalto da Serra, Nova Brasilândia (1979) e Chapada dos Guimarães têm como características a ocupação produtiva recente, sendo os dois primeiros criados como municípios na década de 1990, com propriedades médias e grandes, havendo, portanto grandes extensões de terra e pecuária extensiva em algumas regiões de melhor solo. Planalto da Serra apresenta terrenos ondulados e pouco favoráveis à implantação de agricultura mecanizada, sendo assim passou a ter uso do solo destinado à pecuária e a colonização feita com famílias de colonos que se dispuseram a trabalhar em fazendas e puderam comprar lotes, cujo ponto de referência era o rio Manso. Iniciada a venda de lotes, ocorreram muitas críticas, em razão da falta de infra-instrutura. O Capão Grande e depois Vinagre, como o chamaram inicialmente, manteve-se estagnada durante anos. A partir de 1970, com incentivos do governo federal, houve o crescimento, em 1990, que propiciou a emancipação. O núcleo que originou Nova Brasilândia teve início nas fazendas de gado instaladas na região desde o século passado, principalmente São Manoel e Rancharia. A comercialização do gado era feita no Estado de Goiás. Na década de 1960, as fazendas abasteciam os garimpos de diamantes de Paranatinga. Na Fazenda Rancharia formou-se uma povoação que absorveu seu nome. Em 1964, foi criado o Distrito de Paz de Rancharia, jurisdicionada à Chapada dos Guimarães. Entre 1970 e 1971, na região do Vale do Fica-Faca, a três quilômetros do Rio Fica-Faca, foi criado um povoado com o nome de Brasilândia, em homenagem a Fazenda Brasil. Em 1976, foi criado o distrito, absorvendo Rancharia. O município foi criado em 1979, com nome de Nova Brasilândia. O município de Campo Verde foi desmembrado de Cuiabá em 1988, principalmente em virtude do desenvolvimento de atividades de parceleiros em
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projeto de criação de pequenos animais da Sadia, bem como do plantio de soja. Assim, desenvolveram-se no município duas atividades básicas: a agricultura mecanizada, com soja, milho e algodão, e a produção familiar, com produção de pequenos animais – suínos e aves –, e a produção leiteira. Como rotação de culturas e áreas não apropriadas à mecanização, ocorre a bovinocultura de corte. Entre 2001 e 2005 a taxa média de participação da pecuária de leite no total da pecuária foi 3,49%, tendo iniciado com 2,9% em 1990 e alcançando, em 1995, 5,3%, permitindo à pecuária de corte transformar-se em atividade produtiva juntamente com outras produções agrícolas e aves. Em 2006, contava-se um rebanho próximo a 2,1 milhões de cabeças na região (Tabela 5.11).
Tabela 5.11 – Cuiabá: rebanho bovino e propriedades – 2006
Municípios Cuiabá Santo Antônio do Leverger Rosário Oeste Nobres Acorizal Várzea Grande Nossa Senhora do Livramento Jangada Poconé Chapada dos Guimarães Barão de Melgaço Campo Verde Nova Brasilândia Planalto da Serra Total
Fonte: INDEA-MT (2007).
Propriedades 1.971 1.497 1.223 695 484 669 1.145 571 1.570 1.194 641 813 625 269 13.367
Com bovinos 1.227 1.432 1.138 519 469 551 1.096 524 1.409 1.067 588 691 543 262 11.516
Rebanho
Cabeça média
114.932 411.175 215.194 105.082 43.194 26.314 128.671 61.325 386.092 160.848 150.251 79.001 142.460 86.074 2.110.613
57,19 271,08 174,71 148,52 89,14 38,65 109,13 106,25 244,38 133,34 233,77 94,89 226,07 318,84 156,13
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Chapada dos Guimarães conta com pequeno rebanho, considerando os diversos projetos de colonização e os cuidados ambientais necessários, caracterizados pelo Parque Nacional de Chapada, constituindo assim pequenas propriedades e grande quantidade de chácaras de lazer. Também é necessário acrescentar que há frigoríficos em Várzea Grande e Cuiabá atendendo a oferta dessa produção que estimulam a criação animal. 5.5.7. Região Cáceres A região de Cáceres apresenta características bastante complexas, sendo uma das mais importantes na produção pecuária do Estado de Mato Grosso, em virtude principalmente da profissionalização da atividade, caracterizada na existência de cadeias produtivas – de corte, de leite e couro –, cujos elos estão constituídos naquele território. Essa importância regional ocorre pelo simbolismo do seu rebanho na economia, representado no rebanho estadual por 2,5 milhões de cabeças ou 9,4% do rebanho estadual, além da concentração de frigoríficos, curtumes e laticínios dos quais dispõe, o que lhe revela uma posição estratégica na atividade pecuária. Também se devem destacar outros aspectos da logística regional. A região, devido a sua formação, conta com eixo rodoviário principal, a BR-174 e a BR-070, articulando o interior da região à Cáceres, principal centro urbano e Cuiabá, capital do Estado. Além de grande quantidade de estradas estaduais e vicinais que permitem um escoamento das matérias-primas e da produção para o consumo. A característica da história recente na região está articulada à fundação de Brasília e à abertura de estradas no Centro-Oeste, a partir da década de 1960. Nessa perspectiva, o negócio de colonização em Mato Grosso tornou-se promissor e atingiu a região. Apoiados por incentivos federais e pela facilidade de obtenção de grandes áreas próprias para a colonização, grande número de empresas imobiliárias, principalmente do Sul e Sudeste do país, e com experiência em outros empreendimentos semelhantes, lançou-se ao novo negócio
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da colonização. Essa atuação empresarial foi decisiva para a mudança do contexto econômico e social em diversas regiões de Mato Grosso. As características físicas da região podem ser consideradas inadequadas à mecanização agrícola. Portanto, com restrições à produção dos produtos destinados à exportação como soja, algodão, entre outros. Dessa maneira, a pecuária passou a ser utilizada como alternativa de produção. Reforçada assim a tendência de ocupação com a pecuária, estimulando-se a atividade de criação de bovinos destinados ao abate, a produção de leite e geração de bezerros. Há, entretanto, áreas nos municípios que compõem a região, cuja grande maioria foi desmembrada do antigo município de Cáceres, evolução dos processos de assentamentos e colonização privados, além do simples parcelamento da terra, reconcentração de terras e grandes áreas abertas. O rebanho regional, em 2006, contava com 2.484.596 cabeças, representando aproximadamente 9,37% do rebanho estadual, distribuído em 9.487 propriedades fortemente concentradas no município de Cáceres, com 37,5% do total, especialmente nas áreas de Pantanal, onde existem propriedades de grande extensão. A relação rebanho regional e numero de propriedades permite estimar um rebanho médio de 221,55 cabeças por propriedade. Na Tabela 5.12 são mostrados detalhes dessas afirmações. A cidade de Cáceres foi fundada em 1778, como ponto de controle e fiscalização da coroa portuguesa dos produtos entre a então capital Vila Bela, Cuiabá e Goiás, bem como sobre o rio Paraguai e o Pantanal. É nesse município onde se localiza a o maior rebanho da região e um dos maiores do estado, em razão de suas características físicas – grande extensão de Pantanal e a Morraria. Em ambos os ambientes, desenvolve-se a pecuária como atividade principal. Na antiga região da grande Cáceres foi desenvolvido um processo assim constituído: primeiro, liberar grandes glebas destinadas à colonização, pela iniciativa privada e os projetos no âmbito da Colônia Agrícola Rio Branco. Depois, a instalação de distritos na Grande Cáceres e, a seguir, a criação dos municípios. Algumas localidades, todavia, tinham um processo histórico autônomo e mereceram esse tratamento.
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Tabela 5.12 – Cáceres: rebanho bovino e propriedades – 2006
Municípios Cáceres Porto Esperidião Mirassol D'Oeste S.J. Quatro Marcos Araputanga Reserva do Cabacal Indiavai Rio Branco Salto do Céu Gloria D'Oeste Lambari D'Oeste Curvelândia Total
Propriedades
Com bovinos
3.006 1.423 1.639 1.260 863 306 190 287 484 438 476 747 11.119
3.006 1.080 1.140 1.185 698 227 173 287 484 394 393 420 9.487
Rebanho 933.425 495.861 140.453 173.718 196.180 29.980 59.202 53.674 125.763 87.002 139.965 49.373 2.484.596
Cabeça média 304,98 346,33 85,29 137,87 227,21 97,97 311,59 187,02 259,74 198,63 292,67 66,10 221,55
Fonte: INDEA-MT (2007).
As origens históricas de Porto Esperidião ligam o município à atividade pecuária. Quando se deu a ocupação da região, a localidade era chamada Porto Salitre, no qual a Missão Rondon instalou um posto telegráfico às margens do rio Jauru. Essa denominação referia-se à região de salinas, onde estava o ancoradouro. Tratava-se de um barreiro, onde os animais lambiam em busca de sal, conhecido desde as primeiras expedições que entraram na região, ainda no século XVIII. Mirassol d’Oeste, por sua vez, foi criada como município em 1976, cuja colonização iniciara-se na década de 1950, com lotes vendidos na região de Mirassol e São José do Rio Preto, no Estado de São Paulo. A origem de Glória d’Oeste relaciona-se ao parcelamento de áreas destinadas a assentamentos nos quais ocorre a chamada agricultura familiar. A pecuária leiteira, ali implantada, teve estímulo inicial de um pequeno laticínio que adquiria a produção. Essa pecuária representa 4,21% do rebanho do município, com média aproximada de 1.300 litros por cabeça/ano, marco acima
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da média de outras participações municipais no estado, mostrando a importância do setor no município. Essa importância com relação à pecuária também pode ser verificada em Curvelândia, cuja primitiva denominação do lugar era Curva do Boi. Sobre essa denominação conta-se a história que "(...) vinha uma comitiva de bois da região de Rio Branco, (...) quando na curva surgiu um ônibus, atropelando nove bois, a partir deste fato, o ponto passou a ser conhecido como Curva do Boi". Em Rio Branco e Salto do Céu, houve a atuação inicial de um programa conhecido como Colônias Agrícolas Estaduais e depois transferido à Codemat – Cia. de Desenvolvimento de Mato Grosso. Rio Branco originou-se da extração da poaia, não havendo memória escrita daquele período. Entretanto, a partir de 1940, com a instalação das Colônias Agrícolas Estaduais, diversas regiões do estado passaram a realizar assentamentos. Em 1953, instala-se a Colônia Rio Branco, implantada diretamente pela ação do governo do Estado numa área de 200 mil hectares, em maio de 1953. Essa Colônia abriu 9.320 lotes, originando Rio Branco, Santo do Céu e Reserva do Cabaçal. Tal processo de colonização foi desenvolvido pela Comissão de Planejamento da Produção, que buscava assentar colonos que tiveram problemas em Dourados e Jaciara. Assim, Rio Branco deu nome à cidade. O Distrito de Paz de Rio Branco foi criado em 1978, jurisdicionado ao município de Cáceres. Em 1979 foi criado o município. Salto do Céu, como se viu, tem a mesma origem do municipal – a Colônia Rio Branco –, e do desdobramento dos assentamentos da Colônia Rio Branco, a partir de 1960. Dessa forma, houve prosseguimento da demanda por áreas em glebas aptas para produção de cereais e, nesse mister, penetrou em terrenos acima do Rio Branco, entrando em região de mata intocada. O município foi criado em dezembro de 1979. Com o início da colonização, em 1962, São José dos Quatro Marcos foi colonizado pela Imobiliária Mirassol, quando extensas áreas de terra foram comercializadas. Tais áreas, “abertas no facão e na foice”, permitiram a abertura da mata, sendo realizado o desmatamento, ainda com machado, onde forram se
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implantando fazendas destinadas à pecuária. O povoado teve início em 1966, sendo criado o município em 1979. O município de Araputanga e Indiavaí teve origem entre 1953 e 1955, quando um agrimensor, acompanhando o padrão da época, foi destacado para medir as terras entre os rios Jauru e Cabaçal. Realizada a medição, separou para si áreas de terras no Vale das Pitas, do Bugre, da Água Suja e no Córrego Grande. Posteriormente, nos anos de 1957-58, foram vendidas a um grupo de imigrantes coreanos e japoneses na região do atual área urbana de Araputanga, a fim de implantar uma colonização modelo. Denominaram o lugar de Ituinópolis. Porém, aquele projeto não teve continuidade. Uma das famílias remanescentes iniciou um processo de colonização em 1963, fundando um patrimônio chamado Paixão, cuja denominação perdurou anos. Foi esse o segundo núcleo populacional que veio a ser a atual Araputanga44, criada em 1973, devido a grande quantidade de mogno existente na região. O município de Indiavaí foi criado em 1986 e teve seu território desmembrado de Araputanga. A origem municipal da região pode ser identificada em 1961, quando as áreas compreendidas entre o rio Jauru e o ribeirão Água Suja foram comercializadas em grandes extensões. À época, na região, algumas famílias alemãs cultivavam café, onde ocorreu a abertura do núcleo de colonização em fevereiro de 1962. A primeira denominação do povoado, Água Suja, era uma referência ao curso d’água que cortava o local, devido a coloração barrenta da água. Este nome permaneceu até 1966, aproximadamente, sendo substituída por Patrimônio Nova Esperança, que perdurou até meados de 1970. A origem em 1967 da Reserva do Cabaçal foi a busca de terra por 150 diaristas que trabalhavam nas propriedades da região e verificaram a existência de terras devolutas, que foram apossadas para o trabalho como proprietários. Como colonos posseiros, mantiveram-se à espera da legalização dos terrenos pelo governo estadual. A área destinava-se a uma reserva do governo, que
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Araputanga, ou mogno: madeira de cor vermelha, bastante apreciada para fabricação de móveis, em processo de extinção.
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pretendia fundar um povoado. Face à sua localização, às margens do Rio Cabaçal, denominaram-na Reserva do Cabaçal. Lambari d’Oeste originou-se da Gleba Cerejeira da qual foram vendidas áreas destinadas ao assentamento de famílias, semelhante a outras grandes áreas da região. A Colonizadora Rio Branco comercializou terras durante muitos anos no Vilarejo do Lambari, depois transformado em município. 5.5.8. Região Rondonópolis A região de Rondonópolis está constituída pelos municípios de Rondonópolis, Pedra Preta, Jaciara, Jucimeira, D.Aquino, Paranatinga, Primavera do Leste, Alto Garças, Alto Taquari, Itiquira, Poxoreu, Guiratinga, Tesouro, Alto Araguaia, São José do Povo, São Pedro da Cipa, Santo Antonio do Leste. A área onde se encontram os municípios da região pode ser considerada tradicional, dado o trajeto da rodovia que liga Cuiabá a Vila Boa, antiga capital Goiana, desde o século XVIII, onde se iniciou a criação extensiva da pecuária de Mato Grosso. A instalação desses municípios, todavia, pode ser reconhecida a partir do final da década de 1930: Alto Araguaia e Poxoreu. Do ponto de vista do relevo, as regiões são caracterizadas de planalto, com áreas de meseta, nas quais foram implantadas agricultura de soja, milho e algodão. E aquelas onde ocorre a pecuária, cujos terrenos são em formato de serras e próprios para a pecuária de corte e leite. A região, considerando o escoamento da produção, pode ter estabelecidas sub-regiões, em razão da logística e dos eixos viários como a BR163, BR-364, BR-070, que permite o escoamento de matérias-primas e produção final. Há, ainda, estradas estaduais e vicinais que permitem adequada logística, favorecendo a comercialização da pecuária de corte e leite dos produtores com os quatro frigoríficos, oito laticínios regionais e os demais no estado. Dessa
maneira,
Rondonópolis
caracteriza-se
como
o
grande
entroncamento regional estrategicamente instalado sobre o rio Vermelho, que divide o território. Na direção noroeste de Rondonópolis, encontram-se
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Jucimeira, Jaciara, São Pedro da Cipa, Dom Aquino e até mesmo Poxoreu, municípios cuja característica principal é a pecuária de leite, produção de bezerros e outros produtos da pecuária, além da produção agrícola de cana-deaçúcar destinada à produção de açúcar e álcool em Jaciara e São Pedro da Cipa, eventualmente articulada à pecuária e nas regiões de planalto, soja, milho e algodão. Rondonópolis teve sua colonização iniciada no princípio do século XX, quando a Missão Rondon estabeleceu um acampamento às margens do rio Vermelho, em frente aos assentamentos de trabalhadores das fazendas próximas. Nos anos de 1950, a região desenvolveu o plantio de algodão, com tecnologia tradicional, isto é, com plantio e colheita manual. Mais tarde, inseriuse o plantio de arroz e feijão, principalmente no Vale do Jurigue, onde as terras são de boa qualidade. Nos anos de 1980, o plantio de soja estabelece-se como alternativa à pecuária e a agricultura tradicional. Toda a região de Jaciara é originária da venda de pequenas parcelas comercializadas pela empresa Colonizadora Industrial Pastoril Agrícola (CIPA), cujo início ocorreu nos anos de 1950, em que existia o Fundão ou Cabeceira do Olho de Boi, denominações dadas pelos moradores da região do rio Brilhante, nas cercanias desde o final do século XIX. Em 1950, a empresa imobiliária iniciou a implantação de um projeto de colonização, sendo criados em 1953, o distrito, subordinado à Cuiabá, havendo áreas retiradas de Poxoreu. Com a construção da BR-364, em 1958, o distrito foi elevado a município. Em 1962, foi criada a Usina Jaciara, com recursos do governo do Estado, definindo a região como produtora sucroalcooleira. Da mesma maneira, a origem da migração e da população assentada, em algumas regiões do município, permitiu o desenvolvimento da atividade da pecuária leiteira. Jucimeira é um dos principais municípios com rebanho leiteiro, em virtude da cooperativa e de laticínio ali instalado, pois recebem matéria-prima dos municípios próximos. Seu rebanho tem uma participação aproximada de 5,5% do estado, e sua pecuária de leite está entre 2001 e 2005, ou seja, uma
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participação média de 4,81% do rebanho total. Esse município é grande produtor de cana-de-açúcar, mas o relevo de planalto não permite a mecanização. Por volta de 1920, aventureiros procedentes de Poxoreu abriram garimpos em Pombas e Cel. Ponce, iniciando uma povoação no território, atual município de Dom Aquino. A primeira denominação da localidade foi Mutum45. Outros imigrantes foram chegando, formando-se pequeno povoado, que recebeu o nome de Mutum. Em 1952, criou-se o Patrimônio da Colônia Agrícola de Mutum, ainda no município de Poxoreu, atraindo grande contingente populacional originário de Minas Gerais, trazendo consigo a tradição do trabalho na pecuária leiteira. Desde então a pecuária leiteira sempre esteve presente na economia local. Em 1958, Mutum foi criado como município, mas, em 1965, passou a ser chamado Dom Aquino. As atividades econômicas deste município eram: extrativismo do palmito, água mineral, produção de cana-de-açúcar, soja, algodão, milho, arroz, banana, coco-da-bahia; pecuária leiteira, indústria alimentícia e outras atividades em menor escala. Em 2006, na região contavam-se 2,4 milhões de cabeças em cerca de 11.466 propriedades, ou seja, em média 213,67 cabeças por propriedade (Tabela 5.13). 5.5.9. Região Barra do Garças Formada pelos municípios: Água Boa, Araguaiana, Araguainha, Barra do Garça, Campinápolis, Canarana, Cocalinho, Gaúcha do Norte, General Carneiro, Nova Nazaré, Nova Xavantina, Novo São Joaquim, Pontal do Araguaia, Querência, Ribeirão Cascalheira, Ribeirãozinho, Torixoreu. A região apresenta o maior rebanho bovino do Estado de Mato Grosso, com participação aproximada de 13,7% ou cerca de 3,6 milhões de cabeças (Tabela 5.14).
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Pássaros galiformes da família dos cracídeos - os mutuns
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Tabela 5.13 – Rondonópolis: rebanho bovino e propriedades – 2006
Municípios
Propriedades
Rondonópolis (1953) Pedra Preta (1976) Jaciara (1958) Juscimeira (1979) Dom Aquino (1965) Paranatinga (1979) Primavera do Leste (1986) Alto Garças (1953) Alto Taquari (1986) Itiquira (1953) Poxoreu (1939) Guiratinga (1943) Tesouro (1953) Alto Araguaia (1938) São José do Povo (1989) São Pedro da Cipa (1991) Santo Antonio do Leste (1991) Total
2.156 840 368 973 740 1.281 460 171 161 369 1.460 655 240 705 657 119 111 11.466
Fonte: INDEA-MT (2007).
Com bovinos 1.930 747 309 890 459 1.047 202 171 118 369 1.367 655 240 631 635 99 106 9.975
Rebanho 289.216 253.919 67.861 136.279 99.494 473.658 52.685 57.636 25.577 215.765 291.535 134.741 80.978 159.073 61.109 14.377 48.833 2.462.736
Cabeça média 133,75 302,28 183,04 136,02 134,24 369,76 114,53 337,05 158,86 584,73 198,35 204,67 332,85 222,24 91,53 120,70 437,79 213,67
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Tabela 5.14 – Barra do Garças: rebanho bovino e propriedades – 2006
Municípios
Propriedades
Com bovinos
Água Boa Araguaiana Araguainha Barra do Garças Campinápolis Canarana Cocalinho Gaúcha do Norte General Carneiro Nova Nazaré Nova Xavantina Novo São Joaquim Pontal do Araguaia Ponte Branca Querência Ribeirão Cascalheira Ribeirãozinho Torixoreu Total
1.059 281 77 866 774 586 329 439 348 239 979 707 413 120 678 987 117 393 9.392
1.059 271 77 743 632 586 329 439 348 239 979 707 358 120 678 900 117 380 8.962
Rebanho 420.341 253.798 27.708 421.623 240.615 321.945 349.910 180.981 105.538 75.039 260.056 224.173 112.940 24.533 193.743 264.616 27.305 126.813 3.631.677
Cabeça média 395,17 903,20 359,84 485,87 310,87 548,74 1063,56 406,89 303,27 313,24 263,80 317,03 273,46 204,44 284,14 265,69 233,38 322,68 385,52
Fonte: INDEA-MT (2007).
A atividade pecuária principal é a de corte. Alguns municípios apresentam índices importantes de produção leiteira, como Torixoreu, Ponte Branca e Ribeirãozinho, cuja participação na relação vacas ordenhadas/rebanho está acima de 2%. Isso se deve, em parte, aos aspectos físicos e fundiários dos municípios. Essa região, originalmente fez parte da Colônia Agrícola Estadual Couto Magalhães, criada em 1940, com área de 28.491 ha. Por alguns anos desenvolveu-se a atividade garimpeira. Porém, com a redução da renda dos garimpeiros, como alternativa implantou-se um laticínio em Ponte Branca, polarizando a produção leiteira. A região como um todo é resultado de dois fatores que influenciaram a colonização regional: a “Marcha para o Oeste”, institucionalizada a partir dos anos de 1940 com a instalação de alguns núcleos de ocupação, onde se
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instalaram serrarias, empresas de beneficiamento de arroz etc. Esses empreendimentos depois foram se tornando viáveis pela Fundação Brasil Central, nos anos de 1950, que implantou estradas, construiu pontes ao longo do Araguaia e demais infra-estruturas regionais. O outro fator é a migração garimpeira, principalmente na região do Alto Araguaia, limitado ao norte pelo rio Garças, em cuja barra está a cidade de Barra do Garças. Com a colonização, ao longo dos anos de 1970, foram instalados novos núcleos e reativados antigos, no vale do rio Araguaia e ao longo da BR-158. No primeiro caso, encontram-se municípios como Araguaiana, Cocalinho, às margens do rio Araguaia. Em razão da rodovia, surgiram os municípios de Água Boa, Nova Nazaré, Canarana e Ribeirão Cascalheira. Alguns desses municípios têm sido desmembrados dos mais antigos e se constituído de maneira autônoma, como Campinápolis, Gaúcha do Norte e Querência. Há ainda, aqueles que estão nas proximidades do núcleo polarizador, como General Carneiro e Novo São Joaquim. Os municípios ao longo da BR-158 foram colonizados de acordo com os moldes de ocupação do cerrado pelo sistema madeira-arroz-pecuária/agricultura moderna. Desse modo, no final dos anos de 1970 e 1980, a região era uma intensa área de colonização com sede em Barra do Garças. Considerando os conhecimentos disponíveis à época, os agricultores vindos do sul iniciaram um processo de derrubada do Cerrado e plantio de arroz. Entendiam-se como produtores de arroz e assim se estabeleceram por mais de cinco anos. Naturalmente, o impacto pelo uso da gramínea por longo período, como naquela oportunidade, apresentou resultados óbvios: necessidade de rotação com leguminosa. Uma vez que os agricultores estavam descapitalizados e endividados, as áreas foram leiloadas. Dessa maneira duas novas atividades surgiram para os novos produtores: uma parte passou a produzir soja, nas áreas que assim permitiram, ou seja, onde havia terrenos planos e passíveis de mecanização, e outra parte desenvolveu a pecuária de corte, em terras “amansadas pelo arroz”.
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Assim, essa região, como um todo, como outras do estado, tem as características gerais de um sistema produtivo no qual ocorre o desmatamento, sucedido pelo calcariamento e depois pelo plantio do arroz, gerando-se nas regiões de planalto em meseta o plantio de agricultura mecanizada e nos terrenos mais dobrados de pecuária de engorda. É necessário considerar que a região conta com quatro frigoríficos, cuja capacidade de abate auxilia a estimular a produção regional. 5.5.10. Região São Félix do Araguaia Contando com 13 municípios, a região de São Félix do Araguaia está localizada nas divisas com Tocantins e Pará. Esta é composta pelos municípios de São José do Xingu, São Cruz do Xingu, Vila Rica, Porto Alegre do Norte, Santa Terezinha, Canabrava do Norte, Alto Boavista, Luciara, São Felix do Araguaia, Bom Jesus do Araguaia, Serra Nova Dourada e Novo Santo Antônio. Essa região tem como referência geográfica o rio Araguaia, limite leste da região, às margens do qual está instalado o principal pólo que é São Félix do Araguaia e as cabeceiras do rio Xingu, onde estão os municípios que usam a toponímia do rio, especialmente São José do Xingu e Santa Cruz do Xingu. A região sul desse território marcou presença no programa federal da “Marcha para o Oeste”, na década de 1940. Aquela marcha permitiu a abertura do Cerrado regional e a ocupação de alguns núcleos de povoamento que se criaram para atender às agropecuárias, que passaram a se instalar a partir do final dos anos de 1950, normalmente financiadas pela SUDAM. O processo de abertura da fronteira, com a formação de pastagens para o gado bovino, foi semelhante ao de ocupação nas demais regiões de Cerrado ou de mata de transição. Esse processo caracterizava-se pelo manejo da mata, para extração madeireira, com a posterior implantação de agropecuária de arroz e a seqüente pecuária de corte. Essa evidência pode ser reconhecida pelo primeiro nome da localidade de Porto Alegre do Norte – Cedrolândia –, devido à grande quantidade de cedro ali encontrada, derrubado para a formação de pasto.
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109
É curioso observar como a referência à evolução produtiva do município reforça a idéia de ocupação na seqüência de um processo econômico, cuja pecuária parece ser uma etapa constante. Essa evidência está na lei de criação de um dos municípios da região, quando afirma: ... a região do Rio Xingu é considerada, sem a menor dúvida, uma das mais promissoras de nosso Estado, com uma riqueza ímpar em extrativismo vegetal, agricultura e criação de gado de corte.
A região assim caracterizada contava, em 2006, com aproximadamente 10% do rebanho estadual e pode ser considerada uma área de abertura de fronteira agropecuária, na transição do Cerrado para a Amazônia, com predominância de pecuária de corte, levando-se em conta as condições de fluxo comercial para outros produtos em razão da infra-estrutura viária, cujo eixo principal implantado é a BR-158, BR-080 e BR-242. Outras estradas estaduais e vicinais encontram-se na região, todavia, todas sem pavimentação. Em 2006, eram cerca de 2,5 milhões de cabeças em 11.839 propriedades, ou seja, em média 216,93 cabeças por propriedade (Tabela 5.15). 5.5.11. Região Barra do Bugres A região de Barra do Bugres é constituída pelos municípios de Diamantino, Barra do Bugres, Nova Olímpia, Denise, Tangará da Serra, Campo Novo dos Parecis, Areanápolis, Nortelândia, Alto Paraguai, Nova Marilândia, Porto Estrela, Santo Afonso. A região, tradicional bacia leiteira, conta com 1,18 milhões de cabeças de gado destinados ao abate e à pecuária de leite (Tabela 5.16).
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110
Tabela 5.15 – São Félix do Araguaia: rebanho bovino e propriedades – 2006
Municípios São Félix do Araguaia Luciara Porto Alegre do Norte Vila Rica Santa Terezinha São José do Xingu Confresa Canabrava Alto Boa Vista Serra Nova Dourada Bom Jesus do Araguaia Novo Santo Antônio Santa Cruz do Xingu Total
Propriedades
Com bovinos
Rebanho
Cabeça média
664 265 737 1.753 629 503 4.970 852 590 259 663 305 276 12.466
613 252 656 1.753 618 434 4.970 730 489 246 578 251 249 11.839
222.162 40.763 109.425 616.575 165.946 358.196 409.655 223.768 101.541 51.874 139.264 19.427 109.586 2.568.182
329,25 153,82 148,37 351,73 263,57 712,12 79,39 262,64 167,11 196,49 201,81 60,63 397,05 216,93
Fonte: INDEA-MT (2007).
Tabela 5.16 – Barra do Bugres: rebanho bovino e propriedades – 2006
Municípios
Propriedades
Diamantino Barra do Bugres Nova Olímpia Denise Tangara da Serra Campo Novo do Parecis Arenápolis Nortelândia Alto Paraguai Nova Marilândia Porto Estrela Santo Afonso Total
Fonte: INDEA-MT (2007).
877 817 325 355 1.285 355 422 538 594 344 664 319 6.895
Com bovinos 702 651 301 316 1.275 144 258 444 551 241 527 239 5.649
Rebanho 93.199 214.788 67.890 68.217 275.421 35.615 36.231 47.988 74.633 91.692 104.783 76.641 1.187.098
Cabeça média 103,53 261,86 206,63 192,16 211,67 100,32 85,86 89,20 120,33 266,55 156,70 240,25 170,53
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111
A região tem características apropriadas para a atividade, considerando o rebanho municipal, assim: Barra do Bugres, Tangará da Serra, Porto Estrela, Denise, Nova Olímpia e Nova Marilândia apresentam rebanho destinado à produção leiteira e gado para abate. Os municípios de Diamantino, parte de Tangará e Campo Novo dos Parecis desenvolvem agricultura moderna e pequena produção de pecuária de corte. Areanápolis, Nortelândia, Alto Paraguai, Santo Afonso são municípios que tiveram uma atividade garimpeira importante, mas atualmente desenvolvem pecuária leiteira. Barra do Bugres originou-se do fluxo migratório, advindo com a extração da essência florestal destinada a farmacopéia, conhecida como poaia46, iniciado a partir do final do século XIX, quando, em 1878, ergueu-se um rancho às margens do rio dos Bugres, dando início à exploração da espécie até a extinção. O lugar inicialmente era conhecido por Barra do Rio dos Bugres, sendo inserido nos mapas cartográficos da Missão Rondon. Em 1910, o estado desapropriou aproximadamente dois mil hectares de terra pertencente a Manoel de Campos Borges, para constituir o patrimônio da povoação. Em 1926, passou pela Barra do Rio dos Bugres a Coluna Prestes, rumo à Bolívia. Em 1927, foi feita a reserva de uma área de terras consideradas devolutas para patrimônio da povoação. O Decreto de 1938 determinou que a localidade de Barra do Rio dos Bugres passasse a denominar-se Barra do Bugres. O município, com o nome de Barra do Bugres, foi criado a 31 de dezembro de 1943. A retomada do crescimento deu-se em virtude da exploração madeireira e da abertura à pecuária, principalmente leiteira, nos anos de 1970. Na década de 1980 foram implantadas Usinas de Álcool, dando nova dinâmica ao município. Entretanto, alguns anos depois ocorreram os desmembramentos de Tangará da Serra, Denise e Nova Olímpia, restando uma Usina de açúcar e álcool no município. Areanápolis é o núcleo urbano no qual se transformou o garimpo do Ribeirão Areias, tão antigo quanto o histórico município regional de Diamantino, ambos na bacia do Alto Rio Paraguai, remonta, ambos, ao século XVIII. A 46
A ipecacuanha, ipeca ou poaia é uma espécie florestal (Psychotria ipecacuanha), era à época produzida em áreas naturais em solos drenados de boa qualidade sob a cobertura de plantas arbóreas como o mogno.
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cidade iniciou-se a partir de 1936, quando garimpeiros devassaram a área da margem direita do Rio Santana, abaixo da confluência com o ribeirão Areias à cata do diamante. Por volta de 1940, batearam as primeiras gemas às margens do Areias, atraindo novos garimpeiros. Em 1953, foi criado o município. A denominação foi alterada para Arenápolis sem tirar o sentido da origem referência ao rio Areias. Do rebanho aproximado de 36 mil cabeças, 10% referem-se à pecuária leiteira. 5.5.12. Região Pontes e Lacerda Constituída pelos municípios de Jauru, Figueirópolis, Pontes e Lacerda, Vila Bela da Santíssima Trindade, Comodoro, Rondolândia, Sapezal, Campos de Julio, Nova Lacerda, Conquista do Oeste, Vale de São Domingos. Atendida para escoamento da produção pela BR-174. Essa região conta com rebanho de 2,6 milhões de cabeças, cuja média por propriedade é de 264,49. O maior rebanho está no Vale do Rio Guaporé, em Vila Bela da Santíssima Trindade, com 35% do rebanho (Tabela 5.17). Os terrenos daquela região são dobrados e, portanto, com boa aptidão para a atividade de criação e engorda. A maior parte desses rebanhos está em áreas com grandes extensões, cujo uso produtivo se encontra em terrenos como aqueles caracterizados para a pecuária, dobrados, e quando em meseta se destinam ao plantio da soja, cana de açúcar e milho. Naturalmente, nos municípios onde ocorreram assentamentos planejados com venda de terras de glebas e colonização com pequena propriedade destinada à agricultura familiar, como Jauru, Figueirópolis, Conquista do Oeste, a maior parte da produção é destinada à pecuária leiteira. Em outros, na Chapada dos Parecis, essa realidade é diferente.
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Tabela 5.17 – Pontes e Lacerda: rebanho bovino e propriedades – 2006
Municípios Jauru Figueirópolis Pontes e Lacerda Vila Bela da Santíssima Trindade Comodoro Rondolândia Sapezal Campos de Julio Nova Lacerda Conquista do Oeste Vale São Domingos Total
Propriedades Com bovinos 1.152 729 2.135 1.819 1.758 465 215 101 826 322 619 10.141
1.152 525 1.713 1.564 1.125 437 82 64 486 290 575 8.013
Rebanho
Cabeça média
174.461 124.301 620.426 872.346 279.076 268.206 38.601 16.757 148.376 54.557 86.430 2.683.537
151,43 170,51 290,31 479,54 158,46 576,79 179,54 165,91 179,51 169,43 139,63 264,49
Fonte: INDEA-MT (2007).
O nome Jauru é referência ao rio do mesmo nome, que banha o território do município e deságua no rio Paraguai. O nome está inscrito na história da América como marco limite entre os reinos de Portugal e Espanha, assim definido pelo Tratado de Madrid em 1750. A colonização recente do território teve início nos primeiros anos da década de 1950, quando a Companhia de Terras Sul Brasil adquiriu área de 250 mil hectares, no município de Cáceres, entre os rios Guaporé e Jauru destinados à colonização. A área, dividida em quatro outras, permitiu em uma delas formar a área sede do município, nomeada de Gleba Paulista, posteriormente alterada para Cidade de Deus. Por fim, lhe deram a denominação de Jauru. O relevo do município pode ser caracterizado pela depressão do rio Paraguai, na calha do rio Jauru, com 30% de sua área com topografia acidentada, sendo o restante ondulado ou plano. Por todo o município verifica-se a presença indígena na antiguidade, o que pode ser confirmado pela existência de cacos de cerâmica indígena e machados de pedra.
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114
No período colonial, o rio Jauru apresentava intensa movimentação, em razão de se prestar como via de transporte entre a antiga capital – Villa Bella da Santíssima Trindade – e o rio Paraguai. Entretanto, podia ser considerada uma região somente de passagem, levando-se em conta o relativo isolamento e pequeno povoamento. A partir de 1946, a região passou a ser povoada. Em virtude da colonização e do favorecimento legal, foram vendidas áreas grandes a baixo preço. Compravam-se terras apenas pelo mapa, desconhecendo totalmente a realidade. Dois fatores marcaram o crescimento do Jauru: a instalação de serrarias para o aproveitamento da madeira regional e a chegada, no ano de 1964, vinda da Espanha, da imagem de Nossa senhora do Pilar, padroeira do local, que dava uma opção religiosa ao turismo. O conflito da terra também deu origem à Nova Lacerda, pois com a invasão de áreas na região, a propriedade da terra estabeleceu-se para famílias instaladas em áreas rurais, mas não tituladas de forma regular. Essa comunidade instalou-se em um povoado. Com o tempo, os então posseiros tiveram seus documentos de propriedade concedidos pelo Estado, sendo fundada Nova Lacerda, transformada em município em 1995, com território desmembrado dos municípios de Comodoro e Vila Bela da Santíssima Trindade. Como outros municípios da região, Figueirópolis d’Oeste surge do “promissor negócio, que foi a colonização em Mato Grosso” apoiado por incentivos federais e pela facilidade de obtenção de grandes áreas para a colonização para o qual grande número de empresas, principalmente do sul do país, participaram. Em 1978, foi criado o distrito de Figueirópolis, transformado em município em 1986, desmembrando-se de Jauru. Os municípios de Pontes e Lacerda tiveram como primeiros habitantes os índios nambikwára. Algumas tribos ainda vivem na região, na reserva Sararé. A primeira carta geográfica dos rios da região foi elaborada ainda no século XVIII, quando era capital Villa Bela. O município sempre acompanhou o movimento dos garimpeiros em Vila Bela da Santíssima Trindade, do qual foi desmembrado, para constituir município autônomo em 1979. Na região também esteve a Comissão de Linhas Telegráficas Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas,
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115
denominada Comissão Rondon. O município está no vale do Rio Guaporé e, ao longo da BR-364, cuja principal atividade é a pecuária com um dos maiores rebanhos bovinos de corte do estado, estimulado pela presença dos frigoríficos na região. Em geral, a estrutura fundiária nos municípios obedece à regionalização. Há pequenas unidades com agricultura familiar em parte da região, cuja ocupação se deu em virtude da venda de lotes destinados ao uso para pequena lavoura de café, e, mais tarde, para produção de algodão cultivado de maneira artesanal, sendo substituído pela pecuária leiteira, que predomina atualmente. Na região, podem-se ainda identificar pelo menos quatro frigoríficos, oito laticínios e duas cooperativas.
CAPÍTULO VI AMBIENTE INSTITUCIONAL
O ambiente institucional refere-se às regras formais (leis, portarias, decretos, resoluções e outras), arranjos culturais, costumes e tradições que, de certa forma, moldam ou restringem as decisões dos agentes ao longo da cadeia agroindustrial da bovinocultura de corte. Algumas vezes esses arranjos institucionais geram custos ou mesmo surgem no sentido de reduzi-los, como custos fiscais, custos para atendimento das normas de defesa sanitária, ou custos de transações. Dessa forma, devem-se estudar as modificações recentes da estrutura regulatória, os aparatos legais e institucionais relacionados aos programas de apoio à produção, aos fundos especiais de fomento, à produção orgânica, à rastreabilidade, às certificações de qualidade entre outros aspectos. Da mesma maneira, a análise da legislação tributária, ambiental e sanitária e as relações de crédito, pesquisa e desenvolvimento devem ser abordadas, na tentativa de analisar aspectos que impactam a produção, o processamento e a distribuição da carne. Espera-se obter, nesta seção, indicações que apóiem a avaliação dos subfatores
do
direcionador
de
competitividade
associado
aos
aspectos
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
117
institucionais na análise cadeia produtiva agroindustrial da bovinocultura de corte de Mato Grosso. O estudo de Silva e Batalha (1999) apontou para a pecuária brasileira apenas três subfatores, a saber: tributação, política sanitária e linhas de crédito. Seguem-se,
portanto, seções
que objetivam esclarecer
possíveis
subfatores, com relação à estrutura regulatória, os programas de incentivo a diferentes sistemas de produção, tributação, legislação inspeção e fiscalização sanitária, legislação ambiental, e crédito.
6.1. Modificações recentes da estrutura regulatória A organização do complexo agroindustrial da bovinocultura de corte é normalmente vista como um conjunto de cadeias que envolvem, de modo mais geral, a carne como produto principal, o couro e outros como subprodutos. Devese lembrar que na análise do complexo ou, de modo mais abrangente, do sistema agroindustrial, consideram-se as idéias da verticalidade, da orientação por demanda, da coordenação dentro dos canais, da competição entre os canais e a alavancagem, como expressam Silva e Batalha (1999). Na Figura 6.1, apresentada por Neves et al. (2001), é ilustrada a complexidade do sistema da pecuária de corte.
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118
Fluxo de Produtos, Serviços e Comunicações
Impacto das Variáveis Macroambientais (incontroláveis) Político-legal, Econômico/ Natural, Sócio/ Cultural e Tecnológico
Outras Redes – Subprodutos, Resíduos, Reciclagem, Retorno de Produtos
Empresa VET1
Grupo de Produtores A
Frigorífico A
Empresas de Serviços de Alimentação
Grupo de Produtores B
Frigorífico B
Varejista A
Grandes Produtores
Frigorífico C
Rede de Franquias de Carne A
Empresa VET1
Empresa Inseminação
Outros Fornecedores
C O N S U M I D O R E S
Outras Redes – Subprodutos, Resíduos, Reciclagem, Retorno de Produtos
Empresas Facilitadoras (não estão no eixo central, pois não têm direito de propriedade). Ex.: operadores logísticos, transportadoras, armazenadores, bancos, seguradoras,certificadoras.
Fluxo de Pagamentos, Pedidos e Informações
Fonte: Neves et al. (2001). Figura 6.1 – Esquema simplificado do sistema agroindustrial da bovinocultura de corte. Como se pode observar na Figura 6.1, o sistema envolve empresas de insumos modernos como produtos veterinários, sêmen e materiais de inseminação, fornecedores de produtos para alimentação/nutrição animal, cuja atividade básica é transacionar com grupos de produtores (pequenos e grandes). Esses, por sua vez, se relacionam com os frigoríficos e abatedouros. Ao fazer uma classificação dos produtos manufaturados, a carne é apresentada como produto principal. O couro é considerado subproduto e, junto a outros que recebem o mesmo rótulo, terão uma destinação multidirecional que, em algumas
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
119
situações, retorna ao segmento de insumos, como exemplo, podem-se citar as farinhas residuais utilizadas em suplementação alimentar animal. No caso da carne, segue para os segmentos de distribuição, atacado e varejo e, finalmente, tem-se o consumo final. Em Mato Grosso, o esquema também é semelhante. O couro constitui-se, assim, o objeto de análise de outra cadeia produtiva. A coordenação no agronegócio da carne, conforme Zylbersztajn e Machado Filho (2000) e IPARDES/UFSCAR/IBPQ (2002) e Figura 6.2, apresenta um misto de coordenação contratual de um subsistema de baixa qualidade, no qual a carne é uma commodity, as relações comerciais estabelecemse por contato pessoal entre o açougue e o consumidor, sem garantias de origem ou qualidade, sendo o preço o principal direcionador dos negócios, e açougues e feiras os principais locais de venda.
Sistema A Mercado Externo
Frigorífico
Boutiques de
Moderno
Carne
Consumidor mais exigente
Supermercados
Pecuária Tecnificada Frigorífico
Pequeno
Tradicional
Comércio Açougues
Pecuária Não Tecnificada
Consumidor menos exigente
Clandestino Frig. Municipal Feiras Livres
Sistema B
Fonte: IPARDES/UFSCAR/IBQP (2002). Figura 6.2 – Sistemas de produção, industrialização e comercialização de carne bovina no Brasil.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
120
Em outro subsistema, considerado de alta qualidade, com maior grau de informação em poder do consumidor, as transações dos frigoríficos ocorrem com o distribuidor (varejista/atacadista). A comercialização é realizada com o produto carne muitas vezes desossado e empacotado, havendo pressões por atributos de qualidade como cor, textura, maciez e segurança do produto, e os preços estariam refletindo estes atributos. Os atacadistas apresentam-se como alternativa de comércio, mas com grande expansão de redes supermercadistas. A transação entre o abatedouro/frigorífico e o atacadista/varejista no subsistema de menor qualidade dar-se-ia sem troca de opiniões com o consumidor final, vendas de carcaças inteiras e com intermediários compradores. No subsistema de maior qualidade, existirá contato direto com o varejista e, assim, com possibilidade de fluxo de informações entre o frigorífico e o consumidor final, negociando carne desossada e empacotada e com pressões por qualidade. Entre os pecuaristas e o frigorífico, no subsistema de baixa qualidade, o rebanho é o principal ativo. Há pouca informação, e normalmente assimétrica, entre os agentes. Existem poucos incentivos para melhorar a qualidade e a produtividade. Para o subsistema de alta qualidade, o rebanho é um fator de produção com genética e outros valores incorporados. Existem mais informações, menores margens de comércio (e, portanto, maior agressividade nos processos de negociação), mais incentivos para qualidade e ainda um mercado informal competidor. Nem sempre os frigoríficos remuneram adequadamente todos os atributos que o produtor julga ter incorporado ao animal abatido. A relação entre os produtores e a indústria de insumos também se diferencia nestes dois subsistemas. No subsistema de menor qualidade, não se observam serviços atrelados à negociação. Há uma visão estreita da pesquisa e desenvolvimento de produtos e insumos, sem orientação de custo/benefício para a tecnologia negociada. As vendas nesse subsistema são, em geral, de comerciantes não especializados e sem investimentos em inseminação artificial, genética e embriões. No subsistema de maior qualidade, surgem melhores níveis de serviços, compromisso com os resultados econômicos do produtor e maior
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
121
preocupação com canais de distribuição e logística. As empresas de produtos veterinários disponibilizam especialistas e serviços associados aos produtos, em alguns casos, com contratos de médio e longo prazos de acompanhamento no uso dos produtos. No rol de agentes facilitadores, podem ser mencionados os arranjos políticos, associações de classes e categorias, representações em comissões entre outras. Podem ser relacionados os principais grupos organizados que atuam apoiando os diferentes elos do sistema: comissões e câmaras temáticas; federações, sindicatos e associações; e instituições sanitárias, controle e capacitação. Entre
as
comissões
e
câmaras
temáticas
destacam-se
algumas
internacionais, outras nacionais e ainda estaduais: •
Coordenação Geral de Apoio às Câmaras Setoriais e Temáticas (CGAC), órgão subordinado à Secretaria Executiva do MAPA.
•
Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina do Conselho do Agronegócio do Conselho Nacional de Política Agrícola.
•
Conselho de Desenvolvimento Agrícola do Estado de Mato Grosso (CDAMT).
•
Câmara de Política Agrícola e Crédito Rural (CPACR/CDA-MT).
•
Comissão de Defesa Sanitária Vegetal de Mato Grosso (CDSV-MT).
•
Comissão Estadual de Sementes e Mudas de Mato Grosso (CESM-MT).
•
Comissão Técnica da Pecuária de Corte em Mato Grosso (CTPC-MT/ FAMATO).
•
Comissão
Permanente
de
Agricultura,
Pecuária,
Abastecimento
e
Desenvolvimento Rural da Câmara Federal do Brasil (CAPADR). O Conselho Agropecuário do Sul (CAS) é um órgão formado por ministros e secretários de Agricultura de Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia que, recentemente, em março de 2007, decidiu criar Zonas de Alta Vigilância nas fronteiras entre o Brasil e o Paraguai, o Paraguai e a Bolívia e a Argentina e o Paraguai, por serem consideradas de maior risco para a incidência de febre aftosa entre bovinos e bubalinos.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
122
Entre as federações, sindicatos e associações, conforme o nível de atuação entre agentes do complexo pecuário tem-se: a) Insumos •
Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (SINDIRAÇÕES).
•
Associação Nacional das Indústrias de Fosfato na Alimentação Animal (ANDIFÓS).
•
Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (ASBRAM).
•
Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (SINDAG).
•
Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos (AENDA), anteriormente denominada Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas.
•
Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (APROSMAT).
•
Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM).
•
Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (SINDAN).
b) Produtores •
Sistema CNA (Confederação Nacional da Agricultura) (Figura 6.3).
•
Federação de Agricultura de Mato Grosso (FAMATO) (Figura 6.4).
•
Sindicatos Rurais.
•
Associação de Produtores Rurais de Mato Grosso (APR-MT).
•
Associação dos Criadores de Mato Grosso (ACRIMAT).
•
Associação Brasileira dos Criadores de Zebuínos (ABCZ).
•
União Democrática Ruralista (UDR).
•
Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAGRI).
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
123
Fonte: Famato (2007). Figura 6.3 – Fluxograma organizacional do Sistema CNA Brasil.
Fonte: Famato (2007). Figura 6.4 – Fluxograma organizacional do Sistema CNA Brasil.
É possível relacionar a participação da FAMATO, ou seja, da representação dos produtores em diversas comissões: a) Na FAMATO •
Comissão Técnica de Pecuária de Corte.
•
Comissão Técnica de Pecuária de Leite.
•
Comissão de Meio Ambiente.
•
Comissão de Assuntos Fundiários e Indígenas.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
124
b) Na CNA •
Amazônia Legal.
•
Assuntos de Pequena Propriedade.
•
Assuntos Fundiários e Indígenas.
•
Caprinocultura.
•
Comércio Exterior.
•
Crédito Rural.
•
Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte.
•
Meio Ambiente.
•
Mercosul.
•
Pecuária de Leite.
c) Em outras entidades •
Conselho de Desenvolvimento Agrícola, vinculado à SEDER-MT e à Câmara de Política Agrícola e Crédito Rural (CPACR). Dentre outras atividades, esta Câmara define recursos do FCO para a Agropecuária.
•
Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável (CEDRS-MT), vinculado à SEDER-MT.
•
Câmara Técnica de Agricultura Familiar.
•
Câmara Técnica de Crédito Fundiário.
•
Conselho Estadual do Meio Ambiente, vinculado à SEMA.
•
Câmara
Técnica
de
Empreendimento
Agropecuário,
Colonização,
Assentamentos e Recursos Florestais. •
Câmara Técnica de Gestão Florestal.
•
Comitê Estadual de Prevenção e Controle às Queimadas e ao Combate a Incêndios Florestais (SEMA).
•
Câmara Técnica de Agrotóxicos (CTA/INDEA-MT).
•
Grupo Técnico do Planejamento Estratégico do MT + 10.
•
Conselho do MT Florestas.
•
Núcleo Estadual de Trabalho dos Arranjos Produtivos Locais (NET).
•
Grupo de Trabalho para elaboração do Projeto de Lei do Código Ambiental.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
125
•
Câmara Técnica de Gestão Florestal.
•
Conselho Deliberativo dos Programas de Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso (CONDEPRODEMAT). Este conselho define os incentivos fiscais para todos os setores da economia mato-grossense, inclusive a da pecuária.
c) Processamento •
Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (SINDIFRIGO).
•
Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC).
•
Sindicato Intermunicipal das Indústrias da Alimentação de Mato Grosso (SIAMT).
•
Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (FIEMT).
•
Sindicato das Indústrias de Curtimento de Couros, Peles e Afins do Estado de Mato Grosso (SINCURT-MT).
d) Varejo •
Associação dos Supermercadistas de Mato Grosso (ASMAT).
•
Associações comerciais municipais.
•
Federação do Comércio do Estado de Mato Grosso (FECOMÉRCIO-MT).
•
Federação das Associações Comerciais do Estado de Mato Grosso (FACMAT). Esta federação tem as Associações Comerciais Municipais como entidades filiadas.
•
Federação dos Clubes de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso (FCDL-MT). Esta federação congrega os clubes de dirigentes lojistas de MT. Surgiu em virtude de uma cisão entre representantes e representados do segmento comercial. Entre as instituições sanitárias, de controle e de capacitação, tem-se:
•
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-MT).
•
Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (IMEA).
•
Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA).
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•
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (EMPAER-MT).
•
Instituto de Defesa Agropecuária (INDEA-MT).
•
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural (SEDER-MT).
•
Agência Estadual de Regulação (AGER-MT).
•
Estação Aduaneira do Interior (EADI).
126
6.2. O mercado informal Uma discussão à parte é necessária para se considerar o mercado informal. Em geral, é este o mercado que atende aos consumidores menos informados e, portanto, menos exigentes quanto à qualidade da mercadoria, sendo essas questões resolvidas via barganha e preço. Bankuti (2000) estudou a nova economia institucional e os abates clandestinos.
No estudo, é citada a Lei 7.889, que modificou a forma de
fiscalizar os abates, descentralizando a operação entre estados, municípios e Governo Federal. Também se deve mencionar a Portaria MAPA n.o 304, de 22 de abril de 1996, que objetiva a modernização e a racionalização dos sistemas de abates, a obtenção da carne, a preparação e a comercialização nos estabelecimentos com inspeção sanitária oficial. A partir de 15 de julho de 1996, as Portarias n.o 89 e 90 ampliam a Portaria 304, estabelecendo a prévia embalagem e identificação das carnes, ao invés da desossa obrigatória no local de abate, como previsto anteriormente na Portaria 304. A Portaria n.o 145 exige a desossa em todo o país, autorizando esse procedimento para matadouros-frigoríficos, entrepostos comerciais com qualquer nível de inspeção, e aos varejistas que possuírem habilitação da Inspeção Federal, Estadual e Municipal. Bankuti (2002) trabalhou os custos e benefícios do abate clandestino aos pecuaristas, aos frigoríficos e ao varejista. Os custos da carne clandestina seriam cerca de 30-35% menores. Para os pecuaristas as principais desvantagens estão associadas à perda de poder de barganha perante os abatedouros clandestinos e menor possibilidade de recorrer a instâncias judiciais se necessário. No caso dos
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abatedouros, estes ficam mais restritos quanto ao acesso a supermercados maiores, butiques de carnes e hipermercados. No caso específico de Mato Grosso, pode-se ainda acrescentar que os clandestinos perdem o acesso aos benefícios tributários. A partir de 2003, perde mesmo o incentivo à clandestinidade em face da redução nas alíquotas de ICMS. Para os varejistas, os custos da carne clandestina estão associados ao risco de ser multado por fiscalização sanitária. Bankuti (2002) também apresenta alguns benefícios desse tipo de atividade informal, em geral associados apenas à redução de custos por eventualmente deixar de adotar vacinações ou tratamentos exigidos pela legislação sanitária, evitando também as taxas de Guias de Trânsito de Animais e ICMS, mas que representam grandes perdas para a sociedade organizada.
6.3. Sistemas diferenciados de produção de bovinos de corte A produção de bovinos de corte está longe de ser um sistema homogêneo de produção e, em Mato Grosso, não é diferente. Como mostrado por Caleman (2005), para o Mato Grosso do Sul, é possível descrever vários subsistemas de produção como: carne commodity; carne certificada Eurepgap; carne de qualidade; aliança mercadológica; carne orgânica. Cada subsistema tem suas características como resumidas na Tabela 6.1. O subsistema carne commodity é aquele mencionado anteriormente, tipicamente dominado pela competição de preços, sem maiores incentivos para a diferenciação do produto, classificação da carcaça ou qualidade do couro.
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128
Tabela 6.1 – Resumo de atributos de diferentes subsistemas de produção e carne bovina em Mato Grosso do Sul
Fonte: Caleman (2005).
O subsistema carne certificada Eurepgap (European Retailer Produce Working Group - Good Agricultural Practices) “é um sistema de certificação de qualidade envolvendo questões de Boas Práticas Agrícolas (BPA), bem-estar animal, responsabilidade social e ambiental” (CALEMAN, 2005, p. 136). Neste, o acabamento da carne é extremamente importante, bem como a idade e o peso do animal, e as relações muitas vezes são contratuais. É fruto da demanda européia e, portanto, tem relação estreita com a capacidade de exportar para aquele bloco econômico. O processo deve ser certificado em conformidade com o protocolo EUREPGAP-IFA (Integrated Farm Asssurance), o qual pressupõe o conceito de Boas Práticas de Agricultura, padrões globais de segurança do alimento, o método HACCP (Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle), preservação do ambiente, saúde, segurança dos funcionários e bem-estar animal. Neste caso, é normal uma remuneração especial ao produto certificado.
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O subsistema da carne de qualidade trabalha com a idéia de diferenciação do produto, remunerando a carne conforme idade e peso, mas considerando também raças e cruzamentos desejáveis. Objetiva-se a produção de um animal que garanta uma carne padronizada e de qualidade, de modo a satisfazer o consumidor quanto ao sabor, maciez e textura da carne bovina. Requer um considerável fluxo de informações entre os agentes e o conhecimento das necessidades de cada tipo de consumidor. A remuneração diferenciada é facilitada por contratos formais. No subsistema com Aliança Mercadológica, uma empresa varejista estabelece alianças e parcerias com produtores individuais ou mesmo associações, como é o caso do novilho precoce em Mato Grosso do Sul. Os atributos observados para a carne se assemelham aos do subsistema carne de qualidade: peso e idade dos animais; acabamento de gordura; distância de transporte; rastreabilidade; condições de estresse dos animais; homogeneidade do lote; e condições de abate, entre outros. Existe uma relação contratual e possibilidade de remuneração diferenciada pela qualidade. A característica maior neste caso é que a empresa varejista disponibilizará os cortes em formatos específicos e com marcas da rede varejista ou de seus conveniados. Em geral, este sistema enfrenta dificuldades iniciais de convencimento do produtor acerca da necessidade de se seguirem as regras impostas com perfeição, obter os benefícios em momentos futuros e com a redução do risco do sistema. O subsistema de carne orgânica deve seguir os preceitos da produção orgânica com rígidas regras de certificação. Em muitos casos, a percepção da qualidade não se traduz diretamente em preços melhores e o modelo requer a confiança
na
certificação.
A certificadora
de
renome
e
credenciada
internacionalmente facilita a confiabilidade no processo. As regras internacionais do IFOAM (International Federation of Organic Agriculture Movements) auxiliam a certificação, mas nem sempre os países adotam estas regras. Em geral, os sistemas mais avançados tecnicamente requerem adoção de práticas as quais exigem supervisão, controle e certificação, seja via contratos e
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fiscalização da própria empresa líder do sistema, seja pelos requisitos de demanda. O Estado de Mato Grosso apresenta algumas peculiaridades que requerem cautela. Uma delas envolve as chamadas áreas de fronteira. O estado divide com a Bolívia, Paraguai e outros estados que ainda não estão livres da aftosa. Dessa forma, muitas vezes é penalizado com zoneamentos contrários à exportação de carne bovina para mercados com melhores remunerações do produto. As áreas consideradas de fronteira de Mato Grosso, conforme classificação do IBGE, são apresentadas na Tabela 6.2. Estas áreas de fronteira, especialmente em situações de risco sanitário, são consideradas prioridades especiais para aplicação de recursos do FCO. Além destas áreas, tem-se também a de restrição devido à febre aftosa, que, embora já esteja controlada em MT há 11 anos, mas, pelo fato de fazer divisas com áreas infectadas, é empecilho e motivo para a existência de “áreas não habilitadas” para exportação para a União Européia (Figura 6.5). A área alaranjada é a habilitada para exportação de carne in natura para a União Européia.
6.4. Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (FABOV) O Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (FABOV) foi criado pela Lei n.o 8.432, de 30 de dezembro de 2005. É um recurso destinado a financiar as ações voltadas ao apoio e desenvolvimento da bovinocultura de corte e organização do respectivo sistema de produção, através de entidades representativas desse segmento. Tem recolhimento de 1,26% do valor da UPFMT, vigente no período, por cabeça de gado transportada para o abate.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Tabela 6.2 – Áreas de fronteira de Mato Grosso
Município Araputanga Barão de Melgaço Barra do Bugres Cáceres Campos de Júlio Comodoro Conquista D'Oeste Curvelândia Figueirópolis D'Oeste Glória D'Oeste Indiavaí Jauru Lambari D'Oeste Mirassol D'Oeste Nossa Senhora do Livramento Nova Lacerda Poconé Pontes e Lacerda Porto Esperidião Porto Estrela Reserva do Cabaçal Rio Branco Salto do Céu São José dos Quatro Marcos Tangará da Serra Vale do São Domingos Vila Bela da Santíssima Trindade Fonte: IBGE (2007) e INCRA (2007).
INCRA
IBGE
902080 904023 903035 902012 902179 902128 902195 902209 902101 902152 902144 902047 902160 902039 904040 902187 904058 902071 902110 903094 902136 902055 902063 902098 903051 902217 902020
5101258 5101605 5101704 5102504 5102686 5103304 5103361 5103437 5103809 5103957 5104500 5105002 5105234 5105622 5106109 5106182 5106505 5106752 5106828 5106851 5107156 5107206 5107750 5107107 5107958 5108352 5105507
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Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
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Fonte: INDEA-MT (2007). Figura 6.5 – Áreas habilitada (em laranja) e não habilitada (verde) à exportação de carne in natura a países membros da União Européia.
O FABOV é administrado por um Conselho Gestor, presidido por um dos membros titulares, eleito bienalmente, seu diretor-executivo, a quem compete fixar normas, definir critérios e celebrar convênios para a aplicação dos recursos destinados ao fundo. É composto pelos seguintes representantes: I – 1 membro titular e 1 membro suplente do Poder Público Estadual, representado pela Secretaria de Desenvolvimento Rural (SEDER-MT); II – 2 membros titulares e 2 membros suplentes da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO); III – 1 membro titular e 1 membro suplente da Associação dos Criadores do Estado de Mato Grosso (ACRIMAT); IV – 1 membro titular e 1 membro suplente da Secretaria de Fazenda (SEFAZ-MT). Constituem receitas do FABOV: I – arrecadação equivalente a 1,26 (um inteiro e vinte e seis centésimos por cento) do valor da UPF-MT vigente no período, por cabeça de gado transportada para o abate, nas operações internas
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
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albergadas pelo diferimento do ICMS e que incidam contribuição ao Fundo de Transporte e Habitação (FETHAB), inclusive em decorrência de saídas interestaduais ou para exportação de gado em pé destinado ao abate, cria, recria e engorda; II – recursos decorrentes de convênios firmados com outros entes públicos e privados; III – contribuições e doações de pessoas jurídicas de direito público e privado; IV – contribuições, doações e convênios de financiamentos efetuados por organismos internacionais de cooperação para aplicação no sistema produtivo da bovinocultura; V – repasses de recursos financeiros oriundos do Fundo de Transporte e Habitação (FETHAB), de forma a garantir a paridade monetária em face dos recolhimentos em decorrência do estatuído no inciso IV, do §1.º do artigo 10 do presente ato.
6.5. Pró-couro A Lei n.º 7.216, de 17 de dezembro de 1999, instituiu o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Boi – Carne, Couro, Calçados e Artefatos de Couro – Pró-Couro, vinculado à Secretaria de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia (SICME), com o objetivo de estimular o processo de agregação de valor e melhoria da qualidade e produtividade dos produtos derivados da pecuária de corte. Constitui-se basicamente em incentivo financeiro aos produtores rurais a título de crédito fiscal, por animal abatido em valor não superior ao equivalente a 0,878% do valor do ICMS devido na operação. Às indústrias de curtume, calçados e artefatos de couro concede-se um incentivo fiscal de até 85% do valor do ICMS devido nas operações de comercialização de produtos industrializados, respeitando os seguintes percentuais: I – 29% do valor do crédito fiscal, no estágio de wet blue; II – 57% do valor do crédito fiscal, no estágio semi-acabado; III – 70% do valor do crédito fiscal, no estágio acabado; IV – 100% do valor do crédito fiscal, para a indústria de calçados e, ou, artefatos de couro.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindusrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
134
6.6. Sisbov O Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (SISBOV) é o conjunto de procedimentos adotados para caracterizar a origem, o estado sanitário, a produção e a produtividade da pecuária nacional e a segurança dos alimentos provenientes dessa exploração econômica. Aplica-se, em todo o território nacional, às propriedades rurais de criação de bovinos e bubalinos, às agroindústrias que processam esses animais, às entidades credenciadas pelo MAPA como certificadoras e as empresas produtoras de elementos de identificação. No Brasil, o princípio do rastreamento surgiu em 2002, através da Instrução Normativa n.º 1, de 9 de janeiro de 2002, que instituiu o SISBOV, visando: a) caracterizar o rebanho bovino e bubalino no território nacional; b) oferecer maior segurança aos produtos; e c) atender às exigências mercadológicas internacionais. As principais normas são: IN Ministerial n.º 1, de 9 de janeiro de 2002; que institui o SISBOV; e IN SDA n.º 21, de 2 de abril de 2004, que aprova as Normas Operacionais do SISBOV. Em 2006, o chamado Sisbov Novo foi introduzido pela Instrução Normativa n.° 17, de 14 de julho de 2006, que prevê a adesão voluntária, cadastrando-se o estabelecimento rural no sistema. É submetido a vistorias periódicas da certificadora. Todos os animais bovinos e bubalinos do estabelecimento deverão ser identificados individualmente, cadastrados na Base Nacional de Dados e controlados todos os insumos utilizados em sua criação. A partir de 2009, o ingresso de animais bovinos nos Estabelecimentos Rurais só será permitido se oriundos de outros estabelecimentos na mesma condição. O calendário previsto, conforme cartilha do ministério (BRASIL, 2007, p. 6), será: a) 12 de setembro de 2006: data em que entra em vigor a Instrução Normativa n.o 17, de 13 de julho de 2006, que regulamenta o novo SISBOV;
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b) 30 de novembro de 2006: data-limite para os produtores que já tenham animais cadastrados no SISBOV cadastrem novos animais na Base Nacional de Dados pelas regras do SISBOV antigo (Obs. § Único do art. 75); c) 31 de dezembro de 2007: data-limite para que os produtores, inscritos no antigo SISBOV, abatam ou comercializem seus animais cadastrados na Base Nacional de Dados sob as regras antigas, sem perder a rastreabilidade desses. Data, a partir da qual, ficam revogadas as Instruções Normativas e Portarias que regulamentavam o antigo SISBOV; d) 31 de dezembro de 2008: data-limite para que os Estabelecimentos Rurais Aprovados no SISBOV (ERAS) adquiram animais de estabelecimentos não aprovados; a partir de 1.º de janeiro de 2009, todos os animais que ingressarem no Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV devem ser originários de outro Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV. Após esta data, só serão ingressados de animais não provenientes de ERAS, se destinados exclusivamente à reprodução. A identificação será por meio de uma numeração única de 15 dígitos do SISBOV, e o produtor poderá escolher uma das seguintes opções: a) Um brinco e um botton-padrão; b) Um brinco ou um botton-padrão e um dispositivo eletrônico; c) Um brinco-padrão em uma orelha e uma tatuagem na outra; d) Um brinco-padrão e o número de manejo do SISBOV marcado a fogo; e) Um dispositivo único com identificação visual e eletrônica; e f) Somente um brincopadrão.
6.7. Prommepe O
Programa
Mato-Grossense
de
Melhoramento
da
Pecuária
(PROMMEPE), instituído pela Lei n.º 6.171, de 6 de janeiro de 1993, visava basicamente elevar os índices de produtividade do rebanho bovino do estado por meio de: I – fornecimento de informações, em nível de pecuária, sobre alimentação, manejo e sanidade; II – treinamento e qualificação de técnicos e inseminadores com credenciamento para atuar no programa; III – promoção do
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melhoramento genético da raça Nelore; IV – orientação sobre cruzamento industrial, visando aumentar os índices de desfrute e estimular a produção de animais precoce; V – formação de um rebanho leiteiro; e VI – vinculação de programas voltados a pecuária. Atualmente, não está mais em efeito, mas auxilia a entender algumas demandas detectadas na pesquisa. Eram metas básicas do PROMMEPE: I – elevar, a curto e médio prazos, o padrão socioeconômico do rebanho geral através da utilização de inseminação artificial, touros registrados, reprodutores e matrizes melhoradores, oriundos do programa; II – introduzir e aprimorar orientações sobre manejo, alimentação e sanidade, visando aumentar, e de imediato, os índices de desfrute e a oferta de carne; III – introduzir o Calendário Sanitário, de forma que concretize o processo profilático e haja controle das principais doenças que ocorrem no estado; IV – possibilitar aos pecuaristas a introdução e melhorias para: aumento do índice de natalidade, redução do índice de mortalidade, redução de idade do 1.º parto e redução da idade de abate; V – fornecer um esquema de alimentação no período da seca que permita ganhos e peso, usando as seguintes técnicas: uso racional das pastagens, suplementação a campo, uso de uréia, uso de capineiras, uso de silagem, uso de fenação, semiconfinamento; e confinamento; VI – incentivar a utilização e o cruzamento industrial, com o objetivo de se obter um produto precoce e de maior peso para o abate; VII – possibilitar melhorias de desempenho da pecuária leiteira, através de formação de rebanho leiteiro e melhorar a eficiência reprodutiva com o uso de melhor alimentação, controle das doenças da reprodução e manejo reprodutivo. Este programa foi importante para a melhoria qualitativa do rebanho do estado, traduzindo em resultados positivos para a competitividade da cadeia produtiva na década de 1990 e no início dos anos 2000. O Ministério do Planejamento e Orçamento, por meio da Secretaria Especial de Políticas Regionais, Secretaria Executiva do Condel/FCO, Proposição n.º 02/98 e Resolução n.º 011, de 27 de maio de 1998, disciplinou a assistência com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do CentroOeste (FCO) ao Prommepe e Novilho Precoce.
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O Programa de Apoio à Criação de Gado para o Abate Precoce – Novilho Precoce, vinculado ao Prommepe, conforme Lei n.º 6.116, de 23 de novembro de 1992, estimulou a adoção de práticas que reduzam a idade de abate dos animais, conferindo melhor qualidade da carne, reduzindo o tempo de criarecria-engorda e oferecendo melhor giro do capital. A resolução n.o 33, de 22 de setembro de 2003, do Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável (CEDRS-MT), disciplinou o financiamento de matrizes e reprodutores para a pecuária de corte no Pronaf, as quais devem atender aos requisitos do Prommepe.
6.8. Programa de Integração Lavoura-Pecuária (FCO)47 Entende-se por “integração lavoura-pecuária” os sistemas de produção que integrem atividades de agricultura e pecuária realizadas em rotação, consorciação e, ou, sucessão sobre uma mesma área, com a finalidade de intensificar e diversificar o uso da terra, trazendo benefícios tanto para a agricultura quanto para a pecuária e proporcionando ganhos ambientais e econômicos (FCO, 2007). Estão no FCO Rural 2007, para MT, os Programas de Desenvolvimento Rural, de Desenvolvimento de Irrigação e Drenagem, de Integração Rural, de Integração Lavoura-Pecuária, Pronatureza, de Retenção de Matrizes na Planície Pantaneira, Pescart e Proaqüa. Os valores, no orçamento de 2007, são: R$ 39.717 mil para pequenos (R$ 80 mil < renda bruta anual < R$ 160 mil) e micros (renda bruta anual < R$ 80 mil); e, R$ 237.332 mil para médios (R$ 160 mil < renda bruta anual < R$ 1 milhão) e grandes (renda bruta anual > R$ 1 milhão). Os encargos financeiros nas operações rurais são: I – Miniprodutores, suas cooperativas e associações – taxa fixa de juros de 5% ao ano; II – Pequenos produtores, suas cooperativas e associações – taxa fixa de juros de 7,25% ao ano; III – Médios produtores, suas cooperativas e associações – taxa fixa de juros de 47
Esta subseção está em grande parte baseada na íntegra do relatório de Programação do FCO para 2007, disponível em: .
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7,25% ao ano; IV – grandes produtores e suas cooperativas – taxa fixa de juros de 9% ao ano. Seus objetivos são: a) Intensificar o uso da terra em áreas já desmatadas, por meio da disseminação de sistemas de produção sustentáveis e que integrem agricultura e pecuária. b) Disponibilizar recursos para investimentos necessários à implantação de sistemas de integração de agricultura com pecuária. c) Aumentar a produção agropecuária em áreas já desmatadas, a oferta interna e a exportação de carnes, produtos lácteos, grãos, fibras e oleaginosas. d) Estimular a adoção do plantio direto. e) Diversificar a renda do produtor rural. f) Estimular a adoção de sistemas de produção sustentáveis do ponto de vista econômico e ambiental. g) Assegurar condições para o uso racional e sustentável das áreas agrícolas e de pastagens, reduzindo problemas ambientais causados pela utilização da prática de queimadas, pela erosão, monocultura, redução do teor da matéria orgânica do solo e outros. h) Diminuir a pressão por desmatamento de novas áreas. Tem como finalidade o financiamento de itens de investimento fixo e semifixo e de custeio associado, vinculados ao projeto de adoção de sistemas de integração de agricultura com pecuária. Os beneficiários são os produtores rurais, na condição de pessoa física ou jurídica, suas cooperativas de produção e associações de produtores, desde que se dediquem à atividade produtiva no setor rural. Entre os itens financiáveis têm-se os bens e serviços necessários ao empreendimento, como: a) Preparo do solo, aquisição, transporte, aplicação e incorporação de corretivos agrícolas (calcário e outros), construção de terraços e realocação de estradas. b) Aquisição de sementes e mudas. c) Plantio de lavouras, pastagens e de culturas de cobertura do solo.
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d) Construção e modernização de benfeitorias e instalações destinadas à produção no sistema de integração. e) Aquisição de máquinas e equipamentos para a agricultura e, ou, pecuária, associados ao projeto de integração objeto do financiamento. f) Adequação ambiental da propriedade rural à legislação vigente g) Aquisição de matrizes bovinas e ovinas para reprodução. h) Aquisição de reprodutores, sêmen e embriões de bovinos e ovinos. i) Aquisição de bezerros desmamados padrão novilho precoce, para terminação. j) Custeio associado ao investimento. O prazo varia conforme o uso do recurso: a) Investimento fixo: I – Adubação, correção do solo e formação e reforma de pastagens – até 6 anos, incluído o período de carência de até 2 anos; II – Demais – até 12 anos, incluído o período de carência de até 3 anos; b) Investimento semifixo: I – Máquinas e equipamentos – até 10 anos, incluído o período de carência de até 3 anos, observada a vida útil do bem financiado; II – Aquisição de animais para terminação – até 18 meses, incluído o período de carência de até 6 meses, com fixação do cronograma de reembolso às épocas de obtenção das respectivas receitas; III – Demais – até 6 anos, incluído o período de carência de até 2 anos. c) Custeio associado ao projeto de investimento – até 3 anos, incluído o período de carência de até 1 ano.
6.9. Prodeic A instituição do Prodeic dá-se na Lei n.º 7.958, de 25 de setembro de 2003, e em seu artigo 8.º: O módulo Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (PRODEIC) terá por finalidade precípua alavancar o desenvolvimento das atividades econômicas definidas como estratégicas, destinadas à produção prioritária de bens e serviços no Estado, considerando os aspectos sociais e ambientais, no intuito de melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano e o bem-estar social da população.
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O PRODEIC, como modalidade, é um Programa de Benefício Fiscal, consiste na concessão da redução de base de cálculo, crédito presumido ou diferimento do ICMS. O Programa, além disso, com 7% do valor do benefício fiscal, recolhido pelo beneficiário, cria um fundo denominado FUNDEIC (Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercial do Estado de Mato Grosso), destinado ao financiamento de projetos, pesquisa e difusão tecnológica, treinamento de mão-de-obra, promoção, divulgação e outras ações. Dessa forma, o PRODEIC é um instrumento que possibilita a instalação de indústrias do SAG da Pecuária de Corte, ou seja, empresas de rações, insumos em geral e mesmo indústrias de processamento, curtumes, alimentação, embalagem e outras.
6.10. Prodei e Fundei O Programa de Desenvolvimento Industrial do Estado de Mato Grosso (PRODEI), instituído pela Lei n.o 5.323, de 19 de julho de 1988, e alterado pela Lei n.o 6.896, de 20 de junho de 1997, tinha como objetivo o fomento ao desenvolvimento
industrial,
incentivando
a
implantação,
ampliação
e
recuperação das indústrias. Para tanto, estabelecia prazo especial para pagamento de ICMS em investimentos fixos e em capital de giro. Alterado pela Lei n.o 7.367, de 20 de dezembro de 2000, estabelece prazo especial para pagamento de ICMS também em investimentos fixos e em capital de giro. O PRODEI é um programa de postergação do recolhimento do ICMS, com limite aplicável de até 70% sobre o ICMS a ser recolhido. Concede prazo de até 15 anos para o recolhimento desse tributo. O beneficiário ainda recolhe 5% do ICMS devido (normal) para o FUNDEI (Fundo de Desenvolvimento Industrial de Mato Grosso). A partir de 1996, o governo do estado suspendeu o ingresso de novas empresas nos programas de incentivo industrial até 1998, mantendo apenas aquelas inscritas e beneficiadas. A partir de então, a política de incentivos passou a ser direcionada para alguns segmentos específicos, mantendo-se o PRODEIC e
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FUNDEIC48, transferidos como instrumentos de incentivo visando à atração de empresas para o Estado de Mato Grosso, delegando à Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (SICME), através da Lei n.º 6.896/97, a função de gestora dos recursos, em virtude da desativação do antigo gestor, o Banco do Estado de Mato Grosso S/A (BEMAT).
6.11. Tributação e condições macroeconômicas A tributação é usualmente uma dificuldade para as atividades econômicas brasileiras e não seria diferente para Mato Grosso. Os tributos normalmente são os mesmos entre os estados (ITR, Imposto de Renda de Pessoa Física – IRPF ou Imposto de Renda por Pessoa Jurídica – IRPJ, ICMS e Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural – FUNRURAL), com pequenas alterações quando se tratam de contribuições para fundos específicos como, no caso de Mato Grosso, para o FETHAB, FEFA e FABOV. Surgem ainda despesas com Guia de Trânsito Animal, frete e rastreabilidade. Serão realizadas descrições mais detalhadas para aqueles tributos com características mais específicas para Mato Grosso e descrições mais gerais daqueles tributos não menos importantes, mas de características mais parecidas com os de outros estados e já caracterizados em estudos nacionais ou estaduais. Brugnaro et al. (2003) trabalharam a tributação na agropecuária brasileira no período 1995/2002 e mostraram que em Mato Grosso a arrecadação de ICMS da agropecuária chegava, em 2002, 4,89%. A Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso (SEFAZ-MT), entretanto, divulga a diminuição efetivada de carga tributária de 2004 a 2006, com isenção do ICMS da cesta básica e, especificamente, de todas as carnes, passando, portanto de 12% para 0%. Há ainda algumas simplificações e reduções tributárias no período 2003-2006, aqui se citando apenas aquelas relacionadas à pecuária de corte, exportação/importação de insumos, máquinas ou equipamentos 48
A Lei n.º 7.310, de 31 de julho de 2000, alterou a denominação de Fundo de Desenvolvimento Industrial (FUNDEI) para Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercial (FUNDEIC).
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142
utilizados no SAG, assim como incentivos a Estação Aduaneira do Interior (Tabela 6.3). Deve-se observar, também, a isenção de ICMS para exportação direta, conforme a Lei Kandir. Ressalta-se que existe grande descontentamento por parte do setor público, uma vez que o Governo do Estado deveria receber a restituição do imposto isentado nesta lei, o que nem sempre ocorre. O ITR passou por uma reformulação a partir de 1997, conforme Brugnaro et al. (2003). Seu cálculo é feito com base no Valor da Terra Nua (VTN). VTN é o valor do imóvel, excluídos os valores das construções, instalações e benfeitorias; das culturas permanentes e temporárias; das pastagens cultivadas e melhoradas; e das florestas plantadas. Assim: VTN ITR = × alíquota × área sujeita à tributação ha
As alíquotas do ITR variam segundo o grau de utilização da terra e a dimensão da área total do imóvel rural (Tabela 6.4). Existe uma progressividade do ITR com o tamanho do imóvel, de modo a incentivar o uso da terra e desestimular a posse especulativa. A área sujeita à tributação (área aproveitável) é a área total do imóvel rural, retirando-se aquelas áreas de preservação permanente e reservas legais. Em Mato Grosso, um entrave relevante é que o valor do imóvel tem sofrido grandes oscilações com a descoberta de novas técnicas de utilização do Cerrado e áreas de matas, assim como com a expansão da fronteira agrícola, a realização de novas infra-estruturas rodoferroviárias e a emancipação de novos municípios. Dessa forma, existe uma preocupação com o ITR, com o valor declarado e, muito mais preocupante, com a possibilidade de desapropriação ante as ameaças do Movimento dos Sem-Terra (MST).
Decreto/Lei
Descrição
Decreto 01/03
Isenção do ICMS nas saídas internas da produção mato-grossense de arroz, feijão, carnes e miudezas comestíveis das espécies bovina, bufalina, suína e de aves.
Lei 7.901/03
Aumenta o valor da contribuição do FETHAB incidente nas operações com óleo diesel.
Lei 8.351/05
Revisão de critérios para contribuição ao FETHAB – crédito presumido do ICMS nas saídas interestaduais de gado em pé.
Lei 7.958/03 e Decreto 1.432/02
Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso: Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (PRODEIC) – obediência aos objetivos e às diretrizes da política de desenvolvimento industrial, comercial, mineral e energético do estado.
Lei 7.969/03
Ampliação do prazo de recolhimento do ICMS incentivado – PRODEI.
Lei 8.421/05
Reformulação do Programa de Desenvolvimento Industrial – PRODEI.
Decreto 463/03
Implantação do Programa ICMS Garantido Integral para peças, partes e acessórios de veículos, de máquinas e equipamentos industriais, e de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas.
Decreto 717/03
Ampliação do Programa ICMS Garantido Integral – ferramentas em geral.
Decreto 1.738/03
Ampliação do Programa ICMS Garantido Integral – inclusão de novos segmentos econômicos (tecidos, confecções, calçados e acessórios, gêneros alimentícios, bebidas e outras mercadorias).
Decreto 185/03
Redução de base de cálculo do ICMS nas prestações de serviços de transporte, dentro do território nacional, correspondentes a saídas de mercadorias do Estado para exportação ou a remessas de mercadorias para formação de lote com fins específicos de exportação (bc = 70,588% do valor da prestação → carga tributária = 12%).
Decreto 468/03
Autoriza a concessão de parcelamento do diferencial de alíquotas devido por empresas prestadoras de serviços de transporte rodoviário interestadual e intermunicipal, devidamente inscritas no Cadastro de Contribuintes do Estado, na aquisição de caminhões para seu ativo imobilizado (10 parcelas fixas).
Continua...
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Tabela 6.3 – Sumário de decretos e leis estaduais que envolvem segmentos do sistema produtivo de bovinos de corte
143
Decreto/Lei
Descrição
Decreto 5.805/05
Isenção de ICMS incidente na importação de bens para o ativo imobilizado aos contribuintes beneficiários com o Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (REPORTO), instituído pela Lei n.° 11.033, de 21 de dezembro de 2004, para utilização exclusiva em porto localizado em território mato-grossense.
Lei 7.958/03 e Decreto 1.432/02
Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso: Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial Mato Grosso (PRODEIC) – obediência aos objetivos e às diretrizes da política de desenvolvimento industrial, comercial, mineral e energético do Estado. Oferece tratamento diferenciado para o setor da mineração.
Decretos 1.480/03, 4.301/04, 5.805/05, 7.122/06 e 7.123/06
Inclusão de novos produtos no rol de insumos agrícolas favorecidos com os benefícios do Convênio ICMS 100/97(redução de base de cálculo nas operações interestaduais e isenção nas operações internas)
Decreto 6.302/05
Extensão da isenção do ICMS nas saídas internas de insumos agropecuários arrolados no Convênio ICMS 100/97 às saídas de sementes de campos de produção.
Decreto 6.986/06
Ampliação do rol dos insumos agrícolas alcançados pelo diferimento do ICMS na importação 17) 2 9SEFAZ-MT Reduzir a carga tributária sobre insumos agrícolas e sobre alimentos, como estratégia para diminuir os custos de produção e os preços dos alimentos.
Decreto 54/03
Decreto 1.775/03
Instituição do regime de estimativa para frigoríficos, relativamente às saídas interestaduais de carnes e miudezas comestíveis das espécies bovina/bubalina – definição do valor anual do imposto pelo segmento – encerramento da cadeia tributária. Amplia o rol de beneficiários para concessão de parcelamento do diferencial de alíquotas, para incluir estabelecimentos industriais e estabelecimentos agrícolas, respectivamente, na aquisição de máquinas e equipamentos industriais e máquinas, equipamentos e implementos agrícolas (10 parcelas fixas) 18) 2 10 SEFAZ-MT Revisar a política fiscal, visando a redução da carga tributária.
Continua...
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Tabela 6.3, Continuação
144
Decreto/Lei
Decreto 2.629/03
Decreto 2.824/04
Descrição Reformulação do regime de estimativa para frigoríficos, relativamente às saídas interestaduais de carnes e miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas, bem como charque, carne cozida enlatada e corned beef das espécies bovina/bubalina – definição do valor anual do imposto pelo segmento – encerramento da cadeia tributária. Reformulação do regime de estimativa para frigoríficos, relativamente às saídas interestaduais de carnes e miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas, bem como charque, carne cozida enlatada e corned beef das espécies bovina/bubalina, para alcançar também a espécie suína, bem como as carnes de aves e peixes.
Decreto 4.955/04
Reformulação do regime de estimativa para frigoríficos, relativamente às saídas interestaduais de carnes e miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas, bem como charque, carne cozida enlatada e corned beef das espécies bovina/bubalina e suínas – excluídas as carnes de aves e peixes.
Decreto 5.805/05
Isenção de ICMS na importação de tratores agrícolas, conforme especificação.
Lei 8.351/05 e Decreto 6.105/05
Crédito presumido nas saídas interestaduais de gado em pé, promovidas por produtores rurais (carga tributária = 3%).
Decreto 6.936/05
Reformulação do regime de estimativa para frigoríficos, relativamente às saídas interestaduais de carnes e miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas, bem como charque, carne cozida enlatada e corned beef das espécies bovina/bubalina e suínas, para alcançar também os subprodutos do abate, exceto couro bovino e bubalino.
Decreto 7.410/06
Reformulação da concessão de crédito presumido nas saídas interestaduais de gado em pé, promovidas por produtores rurais (carga tributária = 7%).
Decreto 7.457/06
Redução de base de cálculo nas saídas interestaduais de carne e demais produtos comestíveis frescos, resfriados, congelados, salgados, secos ou temperados, resultantes do abate de aves, leporídeos e gado bovino, bufalino, caprino, ovino e suíno.
Decreto 186/03
Dispensa de regime especial para exportação cujo desembaraço aduaneiro seja processado em recinto de EADI, instalada no território mato-grossense.
145
Fonte: SEFAZ-MT (2007)
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Tabela 6.3, Continuação
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
146
Tabela 6.4 – Alíquotas do ITR segundo o grau de utilização e o tamanho do imóvel rural
Área total do imóvel (ha)
Grau de utilização (GU) (em %) Maior que 80
Maior que 65 até 80
Maior que 50 até 65
Maior que 30 até 50
Até 30
0,03 0,07 0,10 0,15 0,30 0,45
0,20 0,40 0,60 0,85 1,60 3,00
0,40 0,80 1,30 1,90 3,40 6,40
0,70 1,40 2,30 3,30 6,00 12,00
1,00 2,00 3,30 4,70 8,60 20,00
Até 50 Maior que 50 até 200 Maior que 200 até 500 Maior que 500 até 1.000 Maior que 1.000 até 5.000 Acima de 5.000
Fonte: IEA, citado por Brugnaro et al. (2003).
O Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL), é um tributo mais específico do produtor rural, descontado quando se efetuam vendas a industriais e comerciantes. O recolhimento é feito pelo comprador. O FUNRURAL foi criado pela Lei Complementar n.o 11, de 25 de maio de 1971. Posteriormente, a Lei n.o 10.256, de 9 de outubro de 2001, modificou o sistema de contribuição social, para o segmento produtivo rural, já alterado anteriormente pela Emenda Constitucional n.o 20, de 1998, que estabeleceu uma alíquota de 2,6% sobre o faturamento da empresa agropecuária. Já o empregador rural – pessoa física e segurado especial – as alíquotas foram estabelecidas em 2,1% do faturamento para o FUNRURAL, adicionado de 0,1% do faturamento destinado ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), totalizando 2,2% do faturamento. Em 2001, com nova regulamentação do tributo, para os produtores rurais (pessoa física), manteve-se a alíquota destinada ao FUNRURAL em 2,1% e elevou-se a alíquota destinada ao SENAR para 0,2% do faturamento, totalizando 2,3% do valor do faturamento bruto da propriedade rural (BRUGNARO et al., 2003). Alguns encargos como PIS/Pasep, Cofins, CPMF, CSLL e IPI são comuns aos diferentes estados e com pequena autonomia para incentivos
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
147
estaduais específicos. De qualquer forma, representam importantes custos para os diferentes agentes do SAG pecuária de corte e reduzem a competitividade geral do sistema. A Lei n.o 7.263, de 27 de março de 2000, criou o Fundo de Transporte e Habitação (FETHAB), regulamentado pelo Decreto n.o 1.261, de 30 de março de 2000, que estabeleceu condições para o diferimento do ICMS em operações internas com produtos agropecuários e fixou obrigações para os contribuintes substitutos nas operações com combustíveis. O fundo é vinculado à Secretaria de Estado de Infra-Estrutura, com a finalidade básica de financiar o planejamento, execução, acompanhamento e avaliação de obras e serviços de transportes e de habitação em todo o território mato-grossense. Embora represente uma despesa aos agentes que emitem nota fiscal, tem por resultados esperados os ganhos com infra-estruturas. A contribuição será de 24,78% do valor da UPFMT, vigente no período, por cabeça de gado transportada (valor da UPF para janeiro a junho 2007, R$ 26,27), paga no momento da retirada da Guia de Transporte Animal (GTA)49, quando será expedida a Guia de Recolhimento ao FETHAB (GRFETHAB). O processo operacional muitas vezes sofre críticas, pelo fato de nem todos os municípios possuírem sistemas informatizados de controle e emissão da GRFETHAB, o que dificulta o controle e o repasse automáticos de valores. O FABOV tem recolhimento de 1,26% do valor da UPF-MT, vigente no período, por cabeça de gado transportada para o abate, que será creditado na conta do FABOV, criado pela Lei n.o 8.432, de 30 de dezembro de 2005.
6.12. Legislação sanitária A Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA/MAPA) tem em sua estrutura orgânica uma Divisão de Cooperação Técnica e Acordos Sanitários Internacionais (DCTA), com a responsabilidade de coordenar, no âmbito da SDA, as relações internacionais relativas à Defesa Agropecuária. 49
Em alguns documentos é denominada Guia de Trânsito Animal (GTA).
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
148
No âmbito internacional regulado pela OMC, alguns acordos foram acolhidos na legislação brasileira pelo Decreto Legislativo n.º 030, de 16 de dezembro de 1994, e pelo Decreto n.º 1.355, de 30 de dezembro de 1994, entre os quais se destacam: • Acordo Geral de Tarifas e Comércio, de 1994 • Acordo sobre Agricultura • Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio • Acordo sobre Inspeção Pré-Embarque • Acordo sobre Procedimentos para Licenciamento de Importações • Acordo sobre Regras de Origem Estes acordos obrigam os estados-membros à observação e ao cumprimento das cláusulas acordadas, funções da Divisão de Cooperação Técnica e Acordos Sanitários Internacionais (DCTA, da SDA/MAPA). Alguns órgãos especializados, como o Escritório da Organização Internacional de Epizootias (OIE), a Convenção Internacional de Proteção dos Vegetais (CIPV) e o Codex Alimentarius (FAO/ONU) passaram a representar papéis na definição das normas de controle que causam impacto sobre a organização das atividades econômicas do setor agroprodutivo e no redesenho das novas políticas sanitárias. Algumas legislações vigentes no Brasil devem ser ressaltadas: •
Decreto n.º 69.502, de 5 de novembro de 1971, dispõe sobre o registro, a padronização e a inspeção de produtos vegetais e animais, inclusive os destinados à alimentação humana. Compete ao Ministério da Agricultura o registro, a padronização e a inspeção de produtos vegetais e animais, inclusive na fase de sua industrialização, em consonância com os objetivos da política de desenvolvimento agroindustrial.
•
Lei n.º 1.283, de 18 de dezembro de 1950, dispõe sobre a inspeção industrial e sanitária dos produtos de origem animal. Estabelece a obrigatoriedade da prévia fiscalização, do ponto de vista industrial e sanitário, de todos dos produtos de origem animal, comestíveis e não-comestíveis, adicionados ou não de produtos vegetais, preparados, transformados, manipulados, recebidos, acondicionados, depositados e em trânsito. São sujeitos à fiscalização prevista
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
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nesta lei os animais destinados à matança, seus produtos e subprodutos e matérias-primas. A fiscalização dar-se-ia, entre outros locais previstos na lei, nos estabelecimentos industriais especializados e nas propriedades rurais com instalações adequadas para a matança de animais e o seu preparo ou industrialização, sob qualquer forma, para o consumo; nos entrepostos que, de modo geral, recebam, manipulem, armazenem, conservem ou acondicionem produtos de origem animal; nas propriedades rurais; nas casas atacadistas e nos estabelecimentos varejistas. Nenhum estabelecimento industrial ou entreposto de produtos de origem animal poderá funcionar no país sem que esteja previamente registrado, na forma da regulamentação. Uma importante legislação é relacionada ao Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), pelo Decreto 30.691, de 29 de março de 1952. As principais alterações para fins deste trabalho foram realizadas por meio de Decreto n.º 1.255, de 25 de junho de 1962; Decreto n.º 1.236, de 2 de setembro de 1994; e Decreto n.º 2.244, de 4 de junho de 1997. Dentre as alterações tem-se que só é permitido o sacrifício de animais de açougue por métodos humanitários, utilizando-se de prévia insensibilização com base em princípios científicos, seguida de imediata sangria. Os métodos empregados para cada espécie de animal de açougue deverão ser aprovados pelo órgão oficial competente, cujas especificações e procedimentos serão disciplinados em regulamento técnico. É facultado o sacrifício de bovinos de acordo com preceitos religiosos (jugulação cruenta), desde que sejam destinados ao consumo por comunidade religiosa que os requeira ou ao comércio internacional com países que façam essa exigência. A Circular n.º 192/98/DCI/DIPOA, de 1.o de julho de 1998, trata da exportação de carne bovina brasileira para a União Européia. Refere-se a uma instrução relativa ao controle sistemático da obtenção até a expedição e a preservação da origem destacada no rótulo do produto final colocado no mercado comunitário. Em razão do disposto nos Regulamentos n.o 820/97/CE, de 21 de abril de 1997, e n.o 1.141/97/CE, de 23 de junho de 1997, baixados pelas autoridades da
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União Européia (UE), tem-se a Norma de Implementação do Sistema de Rotulagem de Carne Bovina do Brasil, permitindo assegurar ao consumidor comunitário uma confiável correlação entre o produto adquirido no comércio e o animal do qual foi obtida a matéria-prima, através de rótulo contendo o Código de Rastreabilidade, também conhecido pela expressão inglesa Traceability Code. De acordo com os regulamentos, a carne destinada à exportação para os paísesmembros da UE deve ser embalada e contendo rótulo com pelo menos as seguintes informações: razão social do estabelecimento produtor e endereço; número de controle veterinário do estabelecimento de abate (n.º do SIF); a expressão Brazilian Beef, significando que a carne é proveniente de animais nascidos, criados e abatidos no Brasil, e tipo de produto; denominação do corte data de produção, data ou prazo de validade; e, o código de rastreabilidade contendo o seguinte: número de controle veterinário (n.º do SIF) do estabelecimento de abate, data do abate, número do lote, sexo e idade dos animais. A instrução apresenta uma descrição sucinta da seqüência de procedimentos que devem ser adotados pelos estabelecimentos brasileiros de abate de bovinos, aprovados pelas autoridades veterinárias da União Européia, os quais se iniciam na compra, transporte e recepção dos animais no matadouro passando por todas as fases de produção e culmina com o produto embalado e pronto para ser expedido para o mercado comunitário. A norma é aplicada, pelo menos inicialmente, no caso de produção de cortes de carne de bovinos destinados ao consumo direto (mercado varejista) e de carne bovina cozida congelada com países-membros da UE que optarem por esse sistema. A partir de 1.o de janeiro de 2000, este sistema deve ser de aplicação compulsória para todas as exportações de carne bovina para países comunitários. O Sistema de Rotulagem de Carne Bovina do Brasil é garantido pela Secretaria de Defesa Agropecuária (DAS), através dos Departamentos de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) e da Defesa Animal (DDA). Ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) cabe a responsabilidade pela aplicação do programa, através de seus Serviços de
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
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Inspeção Federal (SIFs) junto aos estabelecimentos de abate e de transformação de carne bovina aprovados para a UE. É de responsabilidade do Departamento de Defesa Animal (DDA) o controle da emissão das Guias de Trânsito Animal (GTAs), da importação de animais vivos (exigência da identificação e de registro dos bovinos no país de origem) e de material de multiplicação animal (sêmen e embriões). A auditoria do Sistema de Rotulagem nos matadouros será realizada por Médicos Veterinários da equipe nacional de supervisão de estabelecimentos exportadores do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA/DAS). Os estabelecimentos exportadores de carne bovina e de produtos à base de carne bovina para União Européia somente podem utilizar-se do Sistema de Rotulagem com autorização prévia concedida pelo DIPOA/SDA. Segue a seqüência dos procedimentos para a certificação: compra dos bovinos; transporte dos bovinos; desembarque nos alojamentos dos animais e currais; inspeção ante-mortem; período de descanso, jejum e dieta hídrica; operações de abate e de manipulação de carne; insensibilização; sangria; esfola; identificação, seleção e codificação dos lotes; evisceração, divisão (fendagem), inspeção post-mortem, toalete, colocação dos carimbos oficiais do Serviço Veterinário de Inspeção, pesagem e lavagem da carcaça; seleção e cortes das peças; preparação, embalagem dos cortes; embalagem, identificação e lacração das caixas; maturação e congelamento dos cortes; embarque (expedição); e certificação sanitária. A Portaria n.º 368, de 4 de setembro de 1997, aborda o Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênicas Sanitárias e Boas Práticas de Fabricação para estabelecimentos elaboradores, industrializadores de alimentos. A Portaria 371/1997 – MA, de 4 de setembro de 1997, aborda o Regulamento Técnico para Rotulagem de Produtos Embalados. Em Mato Grosso, a defesa sanitária está ligada, em nível estadual, ao Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (INDEA-MT), o qual desenvolve atividades de controle e fiscalização. Em âmbito federal, o
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
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Sistema de Inspeção Federal (SIF) é responsável pela fiscalização de carnes a serem comercializadas no país e no exterior. O Decreto n.º 4.384, de 7 de abril de 1994, estabelece o Regulamento da Inspeção Sanitária e Industrial dos Produtos de Origem Animal no Estado de Mato Grosso, as normas que regulam, em todo o Estado de Mato Grosso, a Inspeção e Reinspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal, na forma da Lei n.o 6.338, de 3 de dezembro de 1993. A inspeção a que se refere é privativa do Serviço de Inspeção Sanitária Estadual (SISE-MT), do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (INDEA-MT), sempre que se tratar de produtos destinados ao comércio municipal e intermunicipal. A concessão do registro de inspeção pelo Serviço de Inspeção Sanitária Estadual do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso isenta o estabelecimento de qualquer outra fiscalização industrial ou sanitária, estadual ou municipal. Uma característica interessante, observada por Azevedo e Bankuti (2005), em estudo sobre a clandestinidade no SAG de carne bovina, é que muitas vezes o abatedouro/frigorífico, sem conformidade com o SIF, atende à regulamentação estadual ou municipal. A comercialização de produtos de uso veterinário é regulada por Decreto Estadual (Decreto n.º 5.053, de 22 de abril de 2004, que regulamenta a comercialização de produtos de uso veterinário), devendo o estabelecimento possuir licença anual para comercializar produtos de uso veterinário, fornecida pelo MAPA, demonstrando que este estabelecimento é acompanhado por um Médico Veterinário, registrado no Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Mato Grosso. A Lei n.o 7.138, de 13 de julho de 1999, estabelece a Defesa Sanitária Animal do Estado de Mato Grosso, alterada pelas Leis n.o 7.539 e 7.575. A Coordenadoria de Inspeção Sanitária de Produtos de Origem Animal (CISPOA) adota o “Manual de Procedimentos e Normas Técnicas para Registro de Estabelecimentos que Manipulam e Industrializam Produtos de Origem Animal e seus Derivados”, subordinado ao INDEA-MT. Este manual prevê uma
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
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série de requisitos a serem atendidos para fins de registro, como documentos da empresa, projetos de engenharia das construções e layout dos equipamentos a serem utilizados, registro no Conselho Regional de Medicina Veterinária, memorial econômico-sanitário do estabelecimento de carnes e derivados, memorial descritivo econômico e sanitário da construção, licença ambiental da SEMA, atender às normas para construção de abatedouro de bovinos, laudos de vistoria e outros. Nas Tabelas 6.5 e 6.6 são mostrados os preços estabelecidos pelo INDEA-MT. Para a fabricação de suplementos minerais para bovinos e suplementos protéicos, tem-se a Instrução Normativa MAPA n.º 12, de 30 de novembro de 2004, o Decreto n.º 4.629, de 21 de março de 2003, e o Decreto n.º 76.986, de 6 de janeiro de 1976, que aprovam o Regulamento Técnico Sobre Fixação de Parâmetros e das Características Mínimas dos Suplementos Destinados a Bovinos. Os suplementos poderão ser assim denominados: a) Suplemento mineral: quando possuir na sua composição macro e, ou, microelemento mineral, podendo apresentar, no produto final, valor menor que 42% de equivalente protéico; b) Suplemento mineral com uréia: quando possuir na sua composição macro e, ou, microelemento mineral e, no mínimo, 42% de equivalente protéico; c) Suplemento mineral protéico: quando possuir na sua composição macro e, ou, microelemento mineral, pelo menos 20% de proteína bruta (PB) e fornecer, no mínimo, 30 gramas de proteína bruta (PB) por 100 kg de peso corporal; e d) Suplemento mineral protéico energético: quando possuir na sua composição macro e, ou, microelemento mineral, pelo menos 20% de proteína bruta, fornecer, no mínimo, 30 gramas de proteína bruta e 100 gramas de nutrientes digestíveis totais (NDT) por 100 kg de peso corporal.
Especificação Realização de eventos (leilões, rodeio, prova de laço, vaquejada) Termo de vistoria e contagem de rebanho bovino e bubalino, eqüídeo, suídeo, caprinos e ovinos para qualquer finalidade por visita (acrescentar taxa de deslocamento) Taxa de licenciamento anual de revenda de produtos veterinários Vacinação contra brucelose em rebanho maior que 40 cabeças, por cabeça (acrescentar taxa de deslocamento) Vacinação contra brucelose em rebanho total até 40 cabeças, por cabeça Desdobramento de GTA para médicos veterinários credenciados, por bloco
Unidade monetária
Valor
UPF
10,000
UPF
5,440
UPF UPF UPF
Vacinação contra febre aftosa realizada pelo INDEA-MT, por cabeça
UPF
Visita à propriedade, para acompanhamento de coleta e certificação para brucelose por certificado (acrescentar taxa de deslocamento) Desinfecção de veículos (por veículo) Colocação de lacre (por lacre)
UPF UPF UPF
6,000 0,124 Custo da vacina 0,825 Conforme Lei 7.138/99 5,440 0,210 0,130
Emissão de documentos sanitários (GTA) Guia de Trânsito Animal (GTA) destinado à transferência entre propriedades do mesmo proprietário ou arrendamento comprovado para todas as espécies, em qualquer meio de transporte e quantidade de animais Guia de Trânsito Animal (GTA) para comercialização de bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos e suínos, por veículo Guia de Trânsito Animal (GTA) para comercialização de bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos tangidos a pé, por lote ou fração de até 10 cabeças Guia de Trânsito Animal (GTA) para abate de bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos e suínos Certificado de Inspeção Sanitária (CIS) modelo E, para subprodutos de origem animal, por tonelada Bloco de GTA, com 25 jogos
UPF
0,210
UPF UPF UPF UPF R$
0,410 0,120 0,600 0,180 15,00
Diagnóstico laboratorial Anemia infecciosa eqüina, por animal Raiva dos herbívoros e carnívoros Raiva dos herbívoros e carnívoros (OCZ e Secretaria de Saúde) Raiva com diagnóstico diferencial (BSE, bacteriológico, isolamento viral) Brucelose (Prova Lenta + 2 Mercapto Etanol) por animal, até 500 cabeças Brucelose (Prova Lenta + 2 Mercapto Etanol) por animal, acima de 500 cabeças Brucelose (Prova do Mercaptoetanol) por animal Febre aftosa (isolamento viral-foco) (quando há suspeita de foco) Bacteriológico (isolamento)
UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF
0,410 0,590 Gratuito 1,450 0,600 0,410 0,410 Gratuito 1,450
154
Continua...
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Tabela 6.5 – Preços da coordenadoria de controle de doenças dos animais
Especificação Bacteriológico (pesquisa de toxina botulinica) Parasitológico (OPG/LPG/BAERMAM), por amostra Parasitológico (fezes pequenos animais), por amostra Parasitológico (hematozoários), por animal Neospora (técnica de Elisa) Neospora (isolamento em cultivo de células) Camundongo (por unidade) Cobaia (por unidade) Leptospirose por macroaglutinação, por amostra Leptospirose por microaglutinação, por amostra IBR (Sorologia Triagem-Elisa), por amostra IBR (Sorologia Vírus Neutralização), por amostra BVD (Sorologia Elisa), por amostra PSC (Sorologia Triagem-Elisa), por amostra Aujeszky (Sorologia Elisa), por amostra Aujeszky (Sorologia Vírus-Neutralização), por amostra Aujeszky (Isolamento) Leucose Bovina (Elisa), por amostra HBV-5 (Isolamento) Exame Sorológico para Febre Aftosa (Técnica IDGA), por amostra Exame Sorológico para Febre Aftosa (Técnica de EITB), por amostra Exame em Peixes (Necropsia, Parasitológico, Bacteriológico) Exame de Tuberculose (Tubeculinização intradérmica), por animal Exame de Brucela ovis (Técnica IDGA), por amostra Exame Histopatológico Brucelose (Acid. Tamponada), por animal até 100 cabeças Brucelose (Acid. Tamponada), por animal acima de 100 cabeças Penalidades Não notificado caso de enfermidade Não realização de vacinação obrigatória e, ou, compulsória Não desinfecção de veículo e, ou, meio de transporte
Unidade monetária
Valor
UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF UPF
0,590 0,590 0,590 0,590 1,000 1,000 0,500 0,500 0,180 0,340 0,590 0,590 0,590 0,590 0,590 0,590 0,590 0,750 0,350 0,200 1,780 1,450 0,180 0,470 1,350 0,160 0,100
-
Lei 7.138/99 Lei 7.138/99 Lei 7.138/99
155
Continua...
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Tabela 6.5, Continuação
Especificação Trânsito para abate sem documento sanitário Trânsito para cria, recria, reprodução, para exposições ou leilões sem documentação sanitária Realização de leilões sem autorização Comercialização de produtos veterinários sem licença Reincidência por conduzir veículo transportando animais em trânsito sem documentação sanitária (por cabeça) Trânsito de eqüídeos a pé, sem documentação sanitária Reincidência de trânsito de eqüídeos, a pé, sem documentação sanitária Deixar de comprovar a vacinação até 5 dias após a data marcada pelo Instituto Dificultar ou tentar impedir a vacinação, a fiscalização e a execução dos serviços do Instituto Deixar de cumprir as exigências legais estabelecidas pelo Instituto para ingresso de animais em eventos públicos Receber ou abater animais sem documentação sanitária (por cabeça) Receber leite de fornecedor que não estiver em dia com vacinação (por fornecedor) Convênios FEFA (abate em frigorífico credenciado) 0,1% por cabeça, conforme pauta da SEFAZ-MT FEFA (abate em frigorífico não credenciado) 0,2% por cabeça, conforme pauta da SEFAZ-MT FEFA (abate fora do estado) 0,2% por cabeça, conforme pauta da SEFAZ-MT FEFA/leilões até 300 reses FEFA/leilões de 300 a 600 reses FEFA/leilões acima de 600 reses FUSASMAT – 125 gramas de carne suína por animal abatido dentro do Estado de Mato Grosso FUSASMAT – 250 gramas de carne suína por animal abatido fora do Estado de Mato Grosso ACRISMAT – por animal abatido dentro ou fora do estado FETHAB – por cabeça de gado transportado embarcado (Lei n.º 7.263/00, alterada pela Lei 7.869/02)
Fonte: INDEA-MT (2007).
Unidade monetária
Valor
-
Lei 7.138/99 Lei 7.138/99 Lei 7.138/99 Lei 7.138/99 Lei 7.138/99 Lei 7.138/99 Lei 7.138/99 Lei 7.138/99 Lei 7.138/99 Lei 7.138/99 Lei 7.138/99 Lei 7.138/99
@ Boi Gordo @ Boi Gordo @ Boi Gordo R$ R$ R$ UPF
1,000 2,000 3,000 0,140 0,280 0,500 0,2478
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Tabela 6.5, Continuação
156
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157
Tabela 6.6 – Preços da coordenadoria de inspeção de produtos e subprodutos de origem animal
Unidade monetária
Valor
Grupo 'A' - Carne Bovinos/Bubalinos (cabeça) Suínos/Ovinos/Caprinos (cabeça) Aves (centena de cabeça ou fração) Jacarés (cabeça)
UPF UPF UPF UPF
0,045 0,025 0,066 0,013
Grupo 'B' – Registro de estabelecimento Instalação de SISE (estabelecimento) Registro de produto rótulo (produto) Taxa de renovação de registro Alteração da razão social Taxa de vistoria técnica (será acrescida a taxa de deslocamento)
UPF UPF UPF UPF UPF
12,100 12,100 6,000 3,000 3,000
Especificação
Fonte: INDEA-MT (2007).
Os suplementos serão assim classificados, quanto à sua forma de uso: a) Pronto uso: quando se apresentar pronto para ser fornecido ao animal; b) Para mistura: deverá ser misturado ao cloreto de sódio (sal comum) ou a outros ingredientes para ser fornecido ao animal. O Anexo II da Instrução Normativa MAPA n.º 12 traz os requisitos básicos e níveis de garantia exigidos para a formulação de suplementos animais. Com relação ao mercado de sementes de forrageiras, o Decreto n.o 2.366, de 5 de novembro de 1997, regulamenta a Lei n.o 9.456, de 25 de abril de 1997, que institui a Proteção de Cultivares e dispõe sobre o Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC), conforme orienta a APROSMAT, recomendando manter a marca e a propriedade intelectual registradas no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). Estabelece a existência do Cadastro Nacional de Cultivares. Na Tabela 6.7 são mostradas as exigências de países ou de blocos econômicos na compra de carne bovina.
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158
Tabela 6.7 – Principais exigências dos mercados externos na compra da carne bovina brasileira in natura
Mercados
Exigências
Países da União Européia
Rastreabilidade, SIF, aprovação para comercialização, diferentes especificações de corte, selos de qualidade, APPCC, BRC*, EFSIS (no caso de orgânico), EUREPGAP, entre outros
Países do Oriente médio
Análise dos Riscos e Pontos Críticos de Controle (APPCC,) ritual religioso do Hatal. Alguns países requerem apenas SIF, outros, como Arábia Saudita requer habilitação e documentação específica
Países da Ásia
Varia conforme o país. Os requisitos são basicamente SIF, APPCC e ritual religioso do Hatal
Rússia e Europa Oriental
SIF
Fonte: Sabadin (2006). Obs.: * British Retail Consortium (BRC) é uma certificação para empresas de alimentos que fornecem produtos embalados, demonstrando atendimento aos requisitos legais, EFSIS (Sistema Europeu de Inspeção de Segurança de Alimentos), EUREPGAP (Certificação para Boas Práticas Agrícolas) e APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle de Qualidade) ou, em inglês, Hazard Analysis and Critical Control Point (HACCP), o qual garante a produção de alimentos seguros à saúde do consumidor, contribuindo para a competitividade das empresas.
6.13. Crédito O crédito para as atividades rurais é visto em geral como uma preocupação. Como citado anteriormente, o Estado de Mato Grosso apresenta algumas alternativas como programas de incentivos que reduzem a tributação e, dessa forma, auxiliam o produtor. Na concessão de crédito de modo mais específico, podem-se mencionar os recursos que são alocados por meio do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA) e do Fundo Constitucional do CentroOeste (FCO). O Estado de Mato Grosso se enquadra em ambos (Quadro 11.8).
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159
Tabela 6.8 – FCO empresarial: resumo das condições de financiamento
Programas
Composição
Participação máxima
Prazo
Desenvolvimento Industrial Financia bens e serviços necessários à implantação, ampliação, modernização, adequação ou relocalização de empreendimentos industriais e agroindustriais, com ou sem capital de giro associado
Micro: 8,75% a.a. Pequeno porte: 10% a.a. Médio porte: 12% a.a. Grande porte: 14% a.a.
Investimento Fixo: 70% a 90% Capital de Giro Associado: 30%
Investimento fixo: até 12 anos, com até 3 anos de carência Capital de giro: até três anos, com até um ano de carência
Infra-Estrutura Econômica Financia bens e serviços necessários à implantação, ampliação, modernização e reforma de infraestrutura econômica, nas áreas de energia, comunicação, transporte, armazenagem, usinas, aterros sanitários etc.
Micro: 8,75% a.a. Pequeno porte: 10% a.a. Médio porte: 12% a.a. Grande porte: 14% a.a.
Investimento Fixo: 70% a 90%
Investimento fixo: até 12 anos, com até três anos de carência
Fonte: BNDES (2007).
O FDA é regido pela Medida Provisória n.o 2.146-1, de 4 de maio de 2001, que cria as Agências de Desenvolvimento da Amazônia e do Nordeste, extingue a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) e a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e estabelece a Agência
de
Desenvolvimento
da
Amazônia
(ADA).
O
Plano
de
Desenvolvimento da Amazônia abrange os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e a parcela do Estado do Maranhão, que se situa a Oeste do Meridiano, 44º de Longitude Oeste. A partir de 2003 e até o exercício de 2013, a alocação anual de recursos do Tesouro Nacional para o Fundo de Desenvolvimento da Amazônia será equivalente a R$ 440.000.000,00 (quatrocentos e quarenta milhões de reais), atualizada pela variação acumulada da receita corrente líquida da União. O Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), por sua vez, foi instituído pela Lei n.o 7.827, de 27 de setembro de 1989, com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e social da Região Centro-
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160
Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás e o Distrito Federal), por intermédio de programas de financiamento aos setores produtivos. No FCO Empresarial, incidem encargos financeiros de 8,75% anuais para a microempresa, 10% a.a. para as de pequeno porte, 12% a.a. para as de médio porte e 14% a.a. para as de grande porte. O pagamento em dia das prestações do financiamento confere um direito a um bônus de adimplência de 15% sobre os juros a serem pagos. No FCO Rural têm-se as linhas do Programa de Desenvolvimento Rural, do Programa de Desenvolvimento de Irrigação e Drenagem, do Programa de Desenvolvimento de Sistema de Integração Rural (FCO-CONVIR) e do Programa de Integração Lavoura-Pecuária. No FCO Rural – Desenvolvimento Rural incidem encargos financeiros de 5% anuais para a microempresa, 7,25% a.a. para as de pequeno porte, 7,25% a.a. para as de médio porte e 9% a.a. para as de grande porte. O pagamento em dia das prestações do financiamento confere um direito a um bônus de adimplência de 15% sobre os juros a serem pagos. A previsão de alocação dos recursos em 2007 é esta evidenciada nas Tabelas 6.9 e 6.10.
Tabela 6.9 – Distribuição percentual do orçamento do FCO para 2007
Setor Recursos distribuídos FCO Rural FCO Empresarial Recursos a distribuir Pronaf-RA Total
DF
GO
MT
MS
17,10 6,84 10,26
26,10 15,66 10,44
26,10 15,66 10,44
20,70 10,35 10,35
-
-
Fonte: Ministério da Integração Nacional (2007).
-
-
Percentual de distribuição 90,00 48,51 41,49 10,00 10,00 100,00
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161
Tabela 6.10 – Recursos previstos para o FCO em 2007, em R$ milhões
Origem de recursos Repasses do Tesouro Nacional Retornos de financiamentos Resultado operacional Disponibilidades ao final do exercício anterior Recursos comprometidos com parcelas a liberar de operações contratadas em exercícios anteriores Total
Valor 1.037,1 714,7 225,3 1.060,8 (254,3) 2.783,6
Fonte: Ministério da Integração Nacional (2007).
A previsão de alocação entre os estados está evidenciada na Tabela 6.11. Para o FCO Integração lavoura-pecuária, são financiados os bens e serviços necessários ao empreendimento, conforme descritos subseqüentemente: a) Preparo do solo, aquisição, transporte, aplicação e incorporação de corretivos agrícolas (calcário e outros), construção de terraços e realocação de estradas; b) Aquisição de sementes e mudas; c) Plantio de lavouras, pastagens e de culturas de cobertura do solo; d) Construção e modernização de benfeitorias e instalações destinadas à produção no sistema de integração; e) Aquisição de máquinas e equipamentos para a agricultura e, ou, pecuária, associados ao projeto de integração objeto do financiamento; f) Adequação ambiental da propriedade rural à legislação vigente; g) Aquisição de matrizes bovinas e ovinas para reprodução; h) Aquisição de reprodutores, sêmen e embriões de bovinos e ovinos; i) Aquisição de bezerros desmamados padrão novilho precoce, para terminação; e, j) Custeio associado ao investimento.
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162
Tabela 6.11 – Recursos previstos para o FCO, por estado, em 2007 (em R$ mil)
Programas
DF
GO
Mini, micro e pequenos tomadores programas FCO Empresarial 130.106 132.389 Industrial 43.369 90.025 Infra-estrutura 10.842 13.239 Turismo 21.684 15.886 Comércio e serviços 54.211 13.239 FCO Rural 86.738 198.584 Pronaf demais 23.800 119.150 Demais rurais 62.938 79.434 Subtotal 216.844 330.973 Pronaf –RA Médios e grandes tomadores FCO Empresarial Industrial Infra-estrutura Turismo Comércio e serviços FCO Rural Subtotal Resumo geral FCO Empresarial Industrial Infra-estrutura Turismo Comércio e serviços FCO Rural Pronaf demais Demais rurais Subtotal Pronaf -RA Total
MT
MS
Região
132.389 80.757 10.591 41.041 198.584 158.867 39.717 330.973
131.248 65.624 26.250 13.124 26.250 131.248 31.692 99.556 262.496
526.132 279.775 50.331 61.285 134.741 615.154 333.509 281.645 1.141.286 278.362 1.419.648
155.493 51.831 12.958 25.915 64.789 103.662 259.155
158.221 107.590 15.822 18.987 15.822 237.332 395.553
158.221 61.706 72.782 4.747 18.986 237.332 395.553
156.857 78.429 31.371 15.686 31.371 156.857 313.714
628.792 299.556 132.933 65.335 130.968 735.183 1.363.975 1.363.975
285.599 95.200 23.800 47.599 119.000 190.400 23.800 166.600 475.999
290.610 197.615 29.061 34.873 29.061 435.916 119.150 316.766 726.526
290.610 142.463 72.782 15.338 60.027 435.916 158.867 277.049 726.526
288.105 144.053 57.621 28.810 57.621 288.105 31.692 256.413 576.210
1.154.924 579.331 183.264 126.620 265.709 1.350.337 333.509 1.016.828 2.505.261 278.362 2.783.623
Distribuição (%)
Fonte: Ministério da Integração Nacional (2007) e SEDER-MT (2007).
18,90
22,10
41,00 10,00 51,00 22,59
26,41 49,00 49,00 41,49
48,51
90,00 10,00 100,00
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163
O prazo varia conforme o item financiado, e os encargos financeiros são no FCO Rural Integração Lavoura-Pecuária de: 5% anuais para a microempresa, 7,25% a.a. para as de pequeno porte, 7,25% a.a. para as de médio porte e 9% a.a. para as de grande porte. O pagamento em dia das prestações do financiamento confere um direito a um bônus de adimplência de 15% sobre os juros a serem pagos. O Fundeic foi mencionado anteriormente e representa alternativa para pequenas empresas obterem crédito. Os processos são avaliados pela MT Fomento, agência de fomento do Estado de Mato Grosso, a qual concede recursos com limites variados conforme a utilização. Os programas tradicionais do sistema financeiro normalmente envolvem linhas de crédito do BNDES. O BNDES atende às necessidades de investimento de empresas. São diferentes programas regionais do BNDES, com o objetivo de aumentar os níveis de investimentos em regiões/setores menos desenvolvidos. O Programa da Região Centro-Oeste integra Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Algumas linhas de financiamento são mais relevantes (Tabela 6.12). Para o produtor rural, especificamente tem-se o recurso via Sistema Nacional de Crédito Rural, conforme Tabela 6.13. Em geral, os mais importantes para a pecuária são o Moderfrota e o Moderagro, que permitem a captação de recursos para a aquisição de máquinas e implementos, formação, reforma ou manutenção de pastagens, bem como para recuperação do solo. Observa-se uma elevação nominal nos recursos programados no período 2003/2004 a 2007/2008, como evidenciado na Figura 6.6.
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164
Tabela 6.12 – Quadro resumo de linhas de crédito do BNDES
BNDES Automático Financiamentos de até R$ 10 milhões para projetos de implantação, expansão e modernização, incluída a aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, credenciados pelo BNDES, e capital de giro associado
TJLP + juros de 1% a 4,0% a.a. + spread do agente
60% a 90%
Negociado
FINEM Financiamentos superiores a R$ 10 milhões para projetos de implantação, expansão e modernização, incluída a aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, credenciados pelo BNDES e capital de giro associado
TJLP (a) ou LIBOR (b) + juros de 1% a 4,5% a.a. + spread do agente
60% a 80%
Negociado
FINAME Financiamentos, sem limite de valor, para aquisição isolada de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, credenciados pelo BNDES, através de instituições financeiras credenciadas
TJLP + juros de 1% a 4,0% a.a. + spread do agente
80% a 90%
48 a 72 meses, prazo negociado para valores acima de R$ 10 milhões
FINAME Agrícola Financiamentos, sem limite de valor, para aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, credenciados pelo BNDES e destinados ao setor agropecuário, através de instituições financeiras credenciadas
TJLP + juros de 1% a 4,0% a.a. + spread do agente
100%
Até 90 meses
Fonte: BNDES (2007).
Fonte de recursos/Programas
1. Custeio e comercialização 1.1. Juros controlados 1.2. Juros livres Poupança rural (MCR 6-4) Recursos livres BB-CPR-Aval/Compra BB-FAT Agroindústria 2. Investimento 2.1.Programas do BNDES Moderfrota Moderagro (Prosolo, Propasto,Sisvárzea) Prodefruta (Prodevinho,Profruta e Procacau) Prodeagro (Prodecap, Prodamel, Aqüicultura, Prodeflor) Moderinfra (Proazem,Proirriga) Propflora Prodecoop Prolapec (2006) [Proleite (Incorp. ao Prodeagro)] 2.2. Demais linhas/programas Fundos Constit. (6% a 10,75% a.a.) FINAME Agrícola Esp. (13,95% a.a.) Proger (BB) 3. Agricultura empresarial (1+2) 4. Agricultura familiar - (Pronaf) 5. Total crédito rural (3 + 4)
2003/2004 Programação jul./03 a jun./04 21.400 16.400 5.000 3.000 1.000 1.000 5.750 4.000 2.000 600 240 60 500 50 450 100 1.750 1.000 500 250 27.150 5.400 32.550
2004/2005 Programação jul./04 a jun./05 28.750 17.700 11.050 5.750 2.300 2.000 1.000 10.700 8.100 5.500 900 200 200 700 50 550 2.600 2.000 500 100 39.450 7.000 46.450
2005/2006 Programação jul./05 a jun./06 35.200 22.900 12.300 5.000 2.300 5.000 11.150 8.550 5.500 1.200 200 300 700 100 550 2.600 2.000 500 100 46.350 9.000 55.350
2006/2007 Programação jul./06 a jun./07 41.400 30.100 11.300 6.000 2.300 3.000 8.600 6.100 3.000 1.200 150 500 500 100 450 200 2.500 2.200 200 100 50.000 10.000 60.000
2007/2008 Programação jul./07 a jun./08 49.100 36.450 12.650 2.500 8.900 6.100 3.000 1.850 500 100 450 200 2.800 2.500 200 100 58.000 12.000 70.000
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Tabela 6.13 – Programação e aplicação de recursos do crédito rural no Brasil, safras 2003/2004 a 2007/2008, em milhões de reais
Fonte: BRASIL (2007) e BACEN (2007). Dados trabalhados. 165
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166
80.000 70.000 60.000 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 2003/ 2004
2004/ 2005
2005/ 2006
Custeio e comercialização
Investimento
Agricultura Familiar
Total Crédito Rural
2006/ 2007
2007/ 2008
Agricultura Empresarial
Fonte: BRASIL (2007) e BACEN (2007). Dados trabalhados. Figura 6.6 – Evolução nominal dos recursos programados para crédito rural oficial no Brasil, para as safras de 2003/2004 a 2007/2008.
Com exceção do investimento nominal programado, que não apresentou significância estatística para a taxa geométrica de crescimento (TGC), todos os demais tiveram TGC positiva no período de 2003/2004 a 2007/2008. Embora graficamente pareça haver maior crescimento nominal dos valores de ‘custeio e comercialização’,
‘agricultura
empresarial’
e
‘total
do
crédito
rural’,
respectivamente com TGC anuais de 22,4%, 19,2%, e 19,6%, são valores quase na mesma grandeza que para a ‘agricultura familiar’, que teve TGC anual de 21,6%.
6.14. Pesquisa, desenvolvimento e formação de pessoas No que se refere à pesquisa e ao desenvolvimento, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) realiza editais periódicos para financiar a pesquisa em diferentes áreas do conhecimento. As universidades no estado são habilitadas aos editais, com possibilidade de
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167
obtenção de recursos de consumo, investimento e mesmo bolsas de pesquisa ou publicação. Existe o apoio a eventos científicos, e a Fapemat tem acesso aos recursos federais como os de editais do CNPq, CAPES, MCT, MDIC, entre outros. É, portanto, importante fonte de recursos para as pesquisas e estudos no estado. As universidades no estado são a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat). Há ainda as privadas, Universidade de Cuiabá (UNIC) e o Centro Universitário (UNIVAG). Destacam-se
os
cursos
de
mestrado
em
Agronegócios
e
Desenvolvimento Regional, em Ciência Animal, e o programa da Agricultura Tropical (MS e DS). Têm-se ainda os cursos de graduação em Veterinária, Agronomia, Zootecnia, Engenharia de Alimentos, Engenharia Mecânica, Engenharia Agrícola, Ciências Econômicas, Administração, Ciências Contábeis e outros que contribuem com a formação de pessoas para o SAG de pecuária de corte, além dos cursos tecnológicos do CEFET no estado. No período de 20042006, foram defendidas na UFMT 83 dissertações de Mestrado em Agricultura Tropical. Em 2006, havia 109 matriculados neste Mestrado e 30 no Doutorado em Agricultura Tropical. Somam-se a estes 16 matriculados no Mestrado em Ciência Animal e 12 no Mestrado em Agronegócios e Desenvolvimento Regional. O SETEC-MT, SENAR-MT, SEBRAE-MT, SENAI-MT oferecem formação mais básica para trabalhadores rurais e urbanos, com cursos para vaqueiros, tratoristas, inseminadores, cursos básicos de sanidade animal, dias de campo, formação de pessoas para a indústria de abate, alimentação, fabricação de embutidos entre outros. Um programa interessante é o de formação de pessoas qualificadas para as atividades relativas às casas de carne ou açougues, com a propagação da idéia do ‘açougue modelo’, difundido em exposições como a TecnoCarne 2007. A idéia tem sido propagada numa iniciativa do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas de São Paulo, junto ao Senac daquele estado. Naquele evento aconteceram cursos de capacitação de Boas Práticas na
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168
Fabricação de embutidos, hambúrgueres e espetinhos, e gestão de açougues. Na Figura 6.7 é mostrado um exemplo daquela iniciativa.
Fonte: TecnoCarne (2007). Figura 6.7 – Exemplo do estande do açougue modelo.
Em 2002, ocorreu em Cuiabá uma iniciativa do SENAI-MT, chamada “Açougue do Futuro”. Esse projeto, com o apoio do Departamento Nacional, tinha como objetivo capacitar trabalhadores para a atividade de manipulação de carnes e seus derivados. Utilizando carretas, fazia deslocamento para bairros de Cuiabá, atuando na comunidade. Atualmente, estão em desenvolvimento na unidade do Senai-Cuiabá dois cursos técnicos: Alimentos da Cadeia Frigorífica, e outro, da mesma natureza, denominado “Logística de Produção de Segurança do Alimento”. Para o ano de 2008, projeta o mesmo organismo o desenvolvimento de curso de “Tecnologia em Processamento de Carnes”, que objetiva atuar em todas as áreas da pecuária bovina, inclusive laticínios.
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169
6.15. Sistemas de informações e dados estatísticos Os principais sistemas de informação no estado estão localizados nas instituições públicas e em associação de classe como: SEPLAN-MT, SEDERMT, EMPAER-MT, INDEA-MT, SICME-MT, IMEA/FAMATO, APR-MT, ACRIMAT, SINDAN, SINDAG, ABIEC, Ícone e APROSMAT. Existem ainda as agências locais do IBGE, CONAB e MAPA, além de outras fontes fora do estado, mas que também realizam pesquisas e sistematizam informações como FNP, IPEA, MDIC/ALICEWEB, CEPEA/USP e BMF. Também é importante relacionar as corretoras de comercialização como CENTROBOI e outras empresas privadas que tentam organizar ações em mercados de futuro e a termo. Os dados em geral são escassos, muitas vezes com conflitos entre fontes diferentes e é comum ocorrerem interrupções nas séries de coletas das informações ou serem médias para o estado que não refletem as especificidades locais. O estado é muito grande geograficamente e a produção animal é dispersa em todo o território, dificultando a coleta dessas informações com confiabilidade e periodicidade. Em geral, as bases não cobrem todos os municípios, mas apenas aqueles mais representativos economicamente.
CAPÍTULO VII SEGMENTO DE INSUMOS
O setor de insumos envolve todos os agentes que estão à montante da fazenda, considerando-se o complexo agroindustrial da bovinocultura de corte. Dessa maneira, entendem-se como insumos tudo o que o pecuarista compra para permitir sua produção: mão-de-obra, nutrição, medicamentos, itens de reforma de pastagem, combustível etc. A característica básica em Mato Grosso é a participação de grandes empresas do mercado nacional de insumos veterinários em boa parte de capital estrangeiro, as quais se utilizam de ampla rede de distribuição e lojistas presentes no comércio de todas as cidades mato-grossenses. Analisando a última década (1996-2006), verificou-se a ampliação da utilização de insumos na intensificação da atividade, principalmente na utilização de sal mineral e ração. Dados da pesquisa CNA/CEPEA-USP indicam que os principais insumos da pecuária mato-grossense são, para a média do Custo Operacional Total (COT) de janeiro a maio de 2007, em ordem decrescente de importância: mão-de-obra, suplementação (ou nutrição animal), formação de pastagem (que
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171
inclui fertilizantes, defensivos e sementes), energia e manutenção da pastagem (Figura 7.1).
Mão-de-obra 15,79%
Suplementação Formação Pastagem
1,16% 28,51%
1,16% 1,92%
Energia Manutenção Pastagem
2,74%
Manut. de Benfeitorias, Máq. Impl.
2,99%
Compra de Animais Recuperação Pastagem
5,09%
Vacina Controle Parasitário
5,90% 15,87%
Administrativos Outros
6,54% 12,33%
Fonte: CNA/CEPEA (2007) (Indicadores Pecuários Regionais – Mato Grosso). Figura 7.1 – Frações do custo operacional total (COT) da bovinocultura de corte de Mato Grosso, média de janeiro-maio/2007.
Segundo a CNA, os custos da pecuária de corte no Brasil subiram 4,76% em 2006, enquanto o preço do boi gordo subiu 1,04%. Isto comprova que o pecuarista tem perdido com as relações de troca, ocorrendo depreciação nos fatores de produção da fazenda. Em quatro anos, constatou-se que a pecuária perdeu 42% de margem da atividade, pois os custos aumentaram 32%, enquanto o preço da arroba reduziu 9,5%. Custos mais altos e inflação superior ao aumento do preço do boi em 2006 fizeram com que o PIB (Produto Interno Bruto) da pecuária recuasse 3,64% entre janeiro e setembro do mesmo ano. Somente dentro da porteira se acumulou perda de 3,3%, sendo o pior indicador a retração de 3,27% no segmento de insumos pecuários.
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172
Apesar da classificação descrita, o presente trabalho seguirá uma classificação um pouco diferente, mas que se assemelha a outros trabalhos já realizados no Paraná50, Mato Grosso do Sul51 e Brasil52. Pode-se dividir o segmento de insumos em: mão-de-obra, nutrição (rações, sais minerais etc.), sanidade animal (medicamentos, antiparasitários, vacinas etc.) e genética (sêmen, embriões etc.), combustível e energia, pastagem (fertilizantes, adubos e sementes) e cercas. Cabe ressaltar que os insumos pecuários apresentam-se muitas vezes envolvidos dentro da agricultura sem separação específica para pecuária de corte, o que dificulta a análise.
7.1. Mão-de-obra Segundo dados do IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada), a mão-de-obra nos municípios de Barra do Garças e Pontes Lacerda representam, respectivamente, 7,5% e 6,7% do custo total da pecuária, enquanto em Paranatinga a mão-de-obra absorve 33% do custo de produção. Assim, observa-se que no Estado de Mato Grosso existe heterogeneidade quanto aos custos da mão-de-obra sobre o custo total. Segundo CEPEA (2006), o custo da mão-de-obra costuma estar indexado ao salário mínimo. O maior problema é que os reajustes estão desvinculados da produtividade que ela gera. O empregador apenas repassa o valor que o governo estabelece para o salário mínimo. Logo em seguida vem o impacto sobre os custos, sem a contrapartida de melhora dos serviços. O ideal seria que o funcionário recebesse de forma atrelada à rentabilidade da atividade. Se ela vai bem, recebe aumento; se vai mal, perde igualmente. Para a realidade brasileira, porém, esse modelo é um pouco utópico. A qualidade da mão-de-obra em Mato Grosso é questionada pelos produtores que alegam ser baixa, apesar de o Serviço Nacional de Aprendizagem 50
IPARDES (2002). AGRICON (2001). 52 IEL (2000). 51
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
173
Rural (SENAR) junto ao governo do referido estado virem promovendo cursos de vaqueiros. Esta mão-de-obra é prejudicada pela concorrência com a mão-deobra das lavouras, ou seja, os trabalhadores preferem operar tratores nas lavouras a cuidar de animais. Além disso, a agricultura remunera melhor os funcionários, devido à maior rentabilidade e à necessidade de mão-de-obra mais intensa que a pecuária. Analisou-se o comportamento da relação entre um índice do valor da arroba do boi gordo a prazo em Mato Grosso (IAB) e o índice de preços pagos para mão-de-obra no Brasil (IPP MO) (uma aproximação53 em face da escassez de dados específicos para MT), no período jan../1996-mar./2007, cujo resultado está na Figura 7.2. Valores menores dessa relação indicam perda de rentabilidade comparada entre o valor recebido e o valor pago em mão-de-obra.
Fonte: CONAB (2007), dados trabalhados pelos autores. Figura 7.2 – Relação entre o índice do valor da arroba do boi gordo a prazo em Mato Grosso (IAB) e o índice de preços pagos para mão-de-obra no Brasil (IPP MO).
53
Uma vez que existe grande indexação entre os salários pagos e o valor do salário mínimo fixado para o País, esta aproximação se alteraria em nível, mas não em variabilidade, permitindo assim esta aproximação.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
174
Dessa forma, após o pico em novembro de 2003, a relação se deteriorou continuamente em prejuízo do pecuarista, numa política clara de distribuição de renda promovida pelo governo federal. No período de janeiro de 2003 a março de 2007, foi detectada uma taxa geométrica de decrescimento significativo de 1,18% ao mês, ou seja, de perda de rentabilidade comparada à mão-de-obra. A análise ampla do período 1996-2007 revela, observando a linha vermelha na Figura 7.2, que após março/2005 têm-se valores semelhantes aos do período anterior a agosto/199954. Esta perda de rentabilidade terá efeito não apenas na demanda por mão-de-obra pelo pecuarista, como também na demanda de outros insumos como sais, medicamentos e outros. Alguns fatores que geram maiores custos aos pecuaristas também podem estar relacionados às exigências para atender aos requisitos do Ministério do Trabalho e Emprego, principalmente aqueles para evitar dificuldades associadas ao trabalho em condições indesejáveis para o trabalhador, ou menção em listas de trabalho escravo55 afetando diretamente o segmento de produção. É preciso esclarecer que existem salários diferenciados entre os tipos de mão-de-obra, mas em geral se observa relação próxima ao comportamento do salário mínimo. No segmento fabricante de alimentos animais, a mão-de-obra requer conhecimentos específicos para o manuseio dos ingredientes e operação de equipamentos associados à atividade. Nesse caso, a mão-de-obra em geral é capacitada nas empresas, algumas vezes com atuação de sindicatos, e o ensino técnico agrícola é primordial para o ganho de competitividade. A mão-de-obra para o comerciante, no entanto, requer algum conhecimento sobre o produto negociado, normalmente com explicações de profissionais de ciências agrárias em nível superior, e participação dos representantes dos grandes laboratórios. Cursos de negociação e vendas oferecidos pelo sistema Sebrae e Senac auxiliam a formação dessa mão-de-obra, 54
Lembrar que, apenas no ano de 1999, o IPP MO teve aumento de 22%, enquanto a arroba do boi gordo teve crescimento de 37% em termos nominais, elevando a relação após agosto de 1999. 55 Existem muitos questionamentos acerca do que pode ser considerado trabalho escravo, que fogem aos objetivos deste diagnóstico.
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175
com maior ênfase nas grandes cidades. As escolas agrotécnicas também auxiliam nesta formação. As leis trabalhistas têm afetado todas as regiões, tanto para comerciantes de insumos como para fábricas de alimentos animais, e isso tem aumentado o emprego informal. As empresas têm empregado menos em decorrência de a legislação trabalhista ser vista com tendência favorável para o empregado. O custo do funcionário tem ficado muito proibitivo para as empresas.
7.2. Nutrição, sanidade animal e genética Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (SINDAG), existem em Mato Grosso 185 empresas atacadistas/ distribuidores/revendedores que comercializam em 139 municípios e 9 cooperativas, com uma participação de 7,38% em relação ao Brasil. As importações desses insumos têm aumentado, apontando um incremento de 68% no período de 2001 a 2005. O uso de rações e produtos industriais de alimentação animal tem crescido, e o segmento antes da fazenda tem se organizado. Esse consumo continuará crescendo, graças ao aumento do número de propriedades que tem feito a suplementação na pecuária de corte. Podem-se classificar os agentes de alimentação animal conforme as atividades e categorias de produtos, a saber: •
Fabricante: alimento, ração, concentrado, ingrediente, suplemento e aditivo.
•
Remisturador: concentrado e suplemento.
•
Fracionador: alimento, ração, concentrado, ingrediente, suplemento e aditivo.
•
Importador: alimento, ração, concentrado, ingrediente, suplemento e aditivo.
•
Remanipulador: alimento, ração, concentrado, ingrediente, suplemento e aditivo.
•
Fracionador Limitado: alimento, ração, concentrado, ingrediente, suplemento e aditivo.
•
Distribuidor
Comerciante:
suplemento e aditivo.
alimento,
ração,
concentrado,
ingrediente,
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
176
Atualmente, a importância dos minerais para o melhor resultado em saúde animal, ganho de peso e reprodução das fêmeas é de conhecimento dos pecuaristas e pesquisadores em nutrição animal. Os macroelementos essenciais são: cálcio, fósforo, cloro, sódio, potássio, magnésio e enxofre. Já os principais microelementos são: cobalto, cobre, ferro, iodo, manganês, selênio, zinco, cromo e molibdênio. O uso desses elementos minerais na formulação de sais, rações e suplementos alimentares é de fundamental importância para a pecuária moderna, e o domínio dessas técnicas, assim como a organização e oferta desses elementos a preços menores, representará ganhos de competitividade para a produção na pecuária de corte. Uma função dos minerais no corpo animal é dar suporte ao esqueleto. Somente pequenas frações de cálcio, magnésio e fósforo e a maior parte do sódio, potássio e cloro estão presentes nos órgãos e músculos (OLIVEIRA, s.d.). O uso desses elementos é normatizado no Brasil pelas Portarias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA/SDR 20), de 6 de junho de 1997, e MAPA/SARC 006, de 4 de fevereiro de 2000. O uso de fosfatados tem sido uma constante nos formulados de sais minerais, protéicos e proteinados utilizados na alimentação de bovinos. Em relação ao consumo de ração, a pecuária de corte representou 3,39% do consumo nacional de ração em 2006, segundo o Sindicado Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). Embora o consumo de ração para pecuária seja modesto, comparado ao consumo de outros animais como aves e suínos, o consumo de ração na pecuária de corte tem apresentado um incremento maior que outros animais; de 2003 a 2006 cresceu aproximadamente 32%, enquanto o consumo de ração de aves e suínos cresceu, respectivamente, 17% e 6%. O Brasil lidera o ranking na produção de rações com 48,2%, quando comparado a outros países da América Latina. Em segundo lugar, vêm o México, 25,2%, e a Argentina, 5,9%. Estatísticas da Associação Nacional das Indústrias de Fosfato na Alimentação Animal (Andifós) apontam uma produção média mensal de 70 mil
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177
toneladas de fosfato bicálcico no Brasil (Tabela 71). A produção média mensal do primeiro semestre esteve, no período 2002-2007, entre 66 mil e 76 mil toneladas mensais, média esta que esteve na ordem de 79 mil toneladas mensais no período março/junho de 2007.
Tabela 7.1 – Estatísticas de produção de fosfato bicálcico (mil toneladas) – 2002 a 2007
Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Total Média no ano Média jan./jun. Média jul./dez.
2002
2003
2004
2005
2006
64,0 59,8 62,6 68,9 69,5 71,4 77,2 74,3 67,6 70,2 64,0 48,9 798,4 66,5 66,0 67,0
61,8 63,4 62,6 64,4 76,9 69,0 76,9 76,0 80,1 75,4 71,8 55,0 833,3 69,4 66,4 72,5
82,7 67,9 77,1 73,0 70,5 79,0 78,3 78,3 69,0 67,0 66,6 65,1 874,5 72,9 75,0 70,7
69,8 69,8 82,5 80,3 73,5 68,5 66,3 73,4 71,1 71,0 66,0 58,8 851,0 70,9 74,1 67,8
70,8 63,3 70,7 62,3 74,6 77,0 76,5 78,9 76,5 68,8 63,5 70,8 853,7 71,1 69,8 72,5
2007 70,9 70,9 81,8 79,5 76,5 78,2
457,8 76,3 76,3
Fonte: Andifós (2007).
Este elemento tem sido pesquisado com intensidade, e existem relatos de que Mato Grosso teria potencial para produzi-lo com qualidade; mas ainda necessita-se de estudos sobre esta assertiva. Matérias veiculadas na mídia local indicam uma jazida de fosfato que poderia ser utilizada para fertilizantes em Planalto da Serra-MT, cerca de 300 km de Cuiabá, com teor de fosfato da ordem de 30%. Esta jazida poderia abastecer as necessidades agropecuárias do estado durante décadas (AGROLINK, 2006) e seria uma das maiores do País.
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178
Para entender melhor a questão da suplementação ou nutrição animal, julgou-se adequado mostrar o quadro de estratégias da seca para o melhor manejo da pastagem e decisão sobre a suplementação (Tabela 7.2).
Tabela 7.2 – Estratégias para a suplementação e controle da pressão de pastejo em épocas de seca
Estratégias
Vantagens
Desvantagens
Sal com uréia
Facilidade Visa à manutenção de peso vivo Tem baixo custo Sem investimento
Ganho de peso quase nulo Depende totalmente da qualidade do pasto.
Sal proteinado
Facilidade Visa à manutenção ou ganho de peso vivo Tem custo competitivo
Exige investimento em cochos e maior qualidade de pasto.
Vedação de pasto
Facilidade Tem baixo custo Sem investimento
Limita a taxa de lotação da fazenda Resultado muito variável em função da qualidade do pasto.
Suplementação com volumoso (silagens, fenos e capineiras)
Bom para elevados consumos diários de matéria seca Tem custo competitivo Tem boa versatilidade Reduz bem a pressão de pastejo
Investimento em cochos e comedouros Exige tecnologia Para produtividade (silagens e fenos)
Semiconfinamento (concentrado)
Bom ganho de peso Reduz a pressão de pastejo
Custo maior, dificuldade no controle de peso Exige mínimo de pastagem e tecnologia de nutrição
Confinamento
Alto desempenho Elevado nível de controle Alto rendimento de carcaça Reduz pressão de pastejo a zero
Exige investimento Domínio de tecnologia para produção de volumoso, nutrição e logística
Fonte: Lacorte e Lacorte (2000).
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179
Estas estratégias fazem parte do dia-a-dia do pecuarista moderno, que deve avaliar cada situação e o respectivo custo de oportunidade. Uma grande dificuldade em Mato Grosso é obter séries de preços longas para os diferentes insumos animais, suplementos minerais, rações e sal mineral com diferentes formulações. Em geral, as informações são particulares da empresa e nem sempre abertos à consulta pública. Conforme se observa na Tabela 7.2, todas as estratégias apresentam vantagens e desvantagens. Algumas têm em geral maiores custos, como as estratégias de criação confinada ou semiconfinada, as quais também exigem técnicas mais modernas. Normalmente, o nível de investimento aumenta quando se caminha na Tabela 7.2 da estratégia de Sal com Uréia para a de Confinamento, à exceção da estratégia de vedação de pasto. As empresas fabricantes e remanipuladoras, principalmente na região Sul de Mato Grosso, apresentam produção compatível com as estratégias de suplementação, sal proteinado, concentrado e confinamento, aproveitando-se da competitividade advinda da proximidade da matéria-prima para esses produtos de alimentação animal. Segundo CEPEA (2006), o setor pecuário pode melhorar o investimento nas suplementações minerais, pelo fato de os preços desses insumos serem estáveis, e o uso da suplementação mineral ter mostrado elevar a produtividade significativamente. Com o Real valorizado no mercado internacional, as indústrias de minerais encontraram condições favoráveis para a importação de fosfato bicálcico. O grupo de vacinas chamou a atenção com o reajuste de 9,2% no ano de 2006, já a cesta para o controle parasitário e o grupo dos medicamentos em geral tiveram ligeiros reajustes de 0,7 e 1,8%, respectivamente. Os medicamentos são provenientes de grandes laboratórios e empresas como Bayer, Schering, Merial, Fatec, Fort Dodge, Bio-vet, Vaccinar, Mogivet e Vetnil Group, em geral provenientes de São Paulo (ANUÁRIO..., 2006). A empresa Matsuda fornece a linha de suplementos minerais, e a empresa Vitafort, localizada em São José do Rio Preto-SP, fornece produtos como Aminofort (estimulador hormonal) e Florafort (probiótico).
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No primeiro semestre de 2007, a Scot Consultoria alerta para aumentos nos preços de suplementos minerais da ordem de 6,8% e de 8,1% para o conjunto dos suplementos para bovinos (SUPLEMENTOS..., 2007). A análise de preços de alguns produtos específicos revela, para a razão entre o preço do fator e o valor da arroba do boi gordo, no período de fevereiro de 2003 a junho de 2007, taxas geométricas de crescimento significativas e positivas entre 0,05% ao mês e 0,74% ao mês (Tabela 7.3).
Tabela 7.3 – Taxas geométricas médias (TGC) de crescimento da razão entre o preço do fator e o preço recebido pela arroba do boi gordo em Mato Grosso – fev./2003-jun./2007
Fator produtivo
TGC (% ao mês)*
Adubo 20-05-20 Antibiótico Agrovet 5 milhões 25 ml Cipermetrina Barrage Ivermectina Ivomec 500 ml Mata Bicheira Cyanamid 600 ml Sal Mineral 88 g (Potensal) 30 kg Vacina Febre Aftosa
0,40 0,59 0,05 0,21 0,68 0,74 0,74
Fonte: CEPEA (2007), dados trabalhados pelos autores. * Os valores foram estatisticamente significativos a 1%, com exceção da variação para Cipermetrina Barrage, que foi não-significativa.
A partir dos dados da Tabela 7.3, observa-se que, em um cenário de queda dos preços da arroba, as taxas médias relativizadas dos insumos caem menos que proporcionalmente, ou até mesmo se elevam. Isto revela uma relação desfavorável em termos da lucratividade da atividade. O comportamento dos preços no período pode ser visualizado na Figura 7.3, relativizados para o valor da arroba do boi gordo em MT. O mata-bicheira, a vacina de febre aftosa e o sal mineral tiveram as maiores TGC, atuando
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desfavoravelmente para a cadeia. A Cipermetrina Barrage seria o de menor TGC entre os analisados.
200 o d r o g i o b o d a b o rr a a d r o l a 0 v 0 o 1 a = o 3 0 v ti 0 2 la o e r g a o m u s n i o d o ç re P o d e ic d In
180 160 140 120 100 80 60 40 20 0
mes/ano Ivermectina Ivomec 500ml
Cipermetrina barrage
Sal Mineral 88gr (Potensal) 30Kg
Adubo 20-05-20
Vacina Febre Aftosa
Antibiótico Agrovet 5 milhões 25ml
Mata Bicheira Cyanamid 600ml
Fonte: CEPEA (2007) (dados trabalhados pelos autores). Figura 7.3 – Índice da razão entre o preço do fator e o preço recebido pela arroba do boi gordo em Mato Grosso – fev./2003-jun./2007 (ago. 2003= 100).
Caso houvesse maior disponibilidade de insumos importados ou de insumos genéricos para o pecuarista, haveria a chance de que a competição no mercado revertesse esse cenário, mas sujeita à variação no câmbio. Iniciativas de alterações na legislação relativa ao uso de insumos genéricos para animais já aparecem no Congresso Nacional. Contudo, o segmento de insumos entrevistado não evidenciou que o cenário reverteria com essas alternativas de obtenção dos insumos.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
182
Considerando-se a parte de genética, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) faz o controle dos registros de animais por meio de uma estrutura de escritórios técnicos regionais (ETR). Em Mato Grosso existe apenas um ETR, que se situa em Cuiabá. É possível detectar o maior uso de fertilização in vitro e transferência de embriões no País no período 2003-2005 (Tabela 7.4). Destacam-se a raça nelore entre o total de todas as raças e o gado puro de origem (PO) em relação ao gado do tipo livro aberto (LA).
Tabela 7.4 – Quantidades de embriões coletados, transferidos e congelados no Brasil – 2003 a 2005
Descrição
2003
2004
2005
2006
114.821 92.817 22.004
140.479 123.928 16.551
199.991 181.235 18.762
267.293 254.283 13.010
973 852
1.244 1.072 172
3.148 3.003 145
2.260 2.205 55
NELORE PO Coletados Transferidos Congelados
93.979 74.841 19.138
120.391 105.758 14.633
102.939 90.920 12.019
199.545 189.963 9.582
NELORE LA Coletados Transferidos Congelados
792 677 115
932 778 154
888 872 16
761 745 16
TOTAL PO* Coletados Transferidos Congelados TOTAL LA Coletados Transferidos Congelados
Fonte: ABCZ (2007). * Gado Puro de Origem (PO) e Livro Aberto (LA), valor total se refere a todas as raças e valores para raça nelore apenas.
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183
O rebanho registrado no País tem aumentado consideravelmente conforme se observa na Tabela 7.5, com uma média histórica de 70%, destacando-se as raças Nelore e Nelore Mocha.
Tabela 7.5 – Evolução do rebanho com registro definitivo no Brasil – 1939 a 2006
Ano 1939 a 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Total de animais 2.212.198 81.204 86.209 82.153 108.877 114.480 127.853 181.556 247.918 298.874 280.080 228.183 203.210
Nelore e Nelore Mocha no total (%) 67 73 70 73 71 69 71 71 70 69 70 69 68
Fonte: ABCZ (2007).
Também é possível detectar um uso considerável no estado, identificado nos registros de Cuiabá para o ano de 2005 (Tabela 7.6). Cerca de 11% dos animais Nelore PO e 8% dos LA foram registrados no ETR Cuiabá em 2005. A predominância é de animais PO, tanto Nelore como as demais raças.
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Tabela 7.6 – Quantidades de embriões coletados, transferidos e congelados – Escritório Técnico Regional de Cuiabá – 2005
Descrição
Raças Todas
Nelore
PO Coletados Transferidos Congelados
11.943 12.516 1.427
11.638 10.366 1.272
LA Coletados Transferidos Congelados
153 146 7
74 74 -
Fonte: ABCZ (2007).
7.3. Combustível e energia As principais fontes de energia utilizadas são: eletricidade, gás GLP, óleo diesel, gasolina, carvão vegetal, álcool e querosene. Os de maior utilização são a eletricidade e o óleo diesel. A energia no custo total de produção representa em média 3% do custo total. Conforme Campos (2006), a eletricidade é a principal fonte de energia para o desenvolvimento das atividades no campo, porém existem alternativas para a sua obtenção, como a geração de energia a partir de dejetos de animais e vegetais, na produção do biogás. No Brasil, o biodigestor é pouco utilizado, mas na pecuária de corte poderia ser uma alternativa, considerando-se que cerca de 18% do peso vivo do animal é formado de fezes e urina, matéria-prima disponível para a produção do biogás. Este autor afirma ainda que a produção de energia através do biodigestor tem custo inferior em comparação à implantação de redes de energia elétrica, podendo ser uma fonte de energia mais econômica.
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Segundo estimativas realizadas pela Unesp, para um confinamento de 50 vacas pode-se produzir diariamente 50 m³ de gás, ou seja, cada vaca produz uma média de aproximadamente 1 m³ de gás por dia. Para implantação dessa estrutura, seria necessário um investimento inicial de R$ 6.300,00 com um custo de manutenção considerado baixo de aproximadamente R$ 180,00 a cada três anos, tendo uma durabilidade de 30 anos em média. Outra grande vantagem desse processo de geração de energia é a produção dos biofertilizantes a partir da matéria líquida e sólida que sobra nos biodigestores. Essa matéria substitui os adubos químicos e pode ser usada nas lavouras e na adubação das pastagens. O combustível mais relevante na agropecuária é o óleo diesel. Uma análise aproximada utilizando um índice do valor da arroba do boi gordo em Mato Grosso, dividido pela proxy do índice de preços pagos com combustíveis no Brasil, revela a relação de troca desfavorável para o pecuarista (Figura 7.4).
Fonte: IMEA (2007) e CONAB (2007), dados trabalhados pelos autores. Figura 7.4 – Razão entre o índice do valor recebido pela arroba do boi gordo em Mato Grosso e o índice de preços pagos com combustíveis no Brasil – jan./1996-fev./2007 (fev./1999=1).
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Detecta-se uma clara tendência decrescente na razão, o que indica uma distorção prejudicial ao pecuarista, principalmente após fevereiro de 1999, mesmo num cenário em que o país se tornava auto-suficiente na produção de petróleo.
7.4. Pastagem e cercas Segundo CEPEA (2006), os defensivos agrícolas foram um dos itens mais valorizados em 2006, com alta de 7,9% nos preços. Os adubos e corretivos, que registraram aumentos preocupantes ao longo do ano, tiveram, entretanto, média ponderada a alta de 1,4% no acumulado do ano. As sementes forrageiras seguiram a tendência de forte alta, também observada em 2005. A valorização de 8,4% desse insumo, no acumulado de 2006, confirmou o aquecimento das vendas, impulsionadas principalmente pela prática agrícola comumente chamada de “integração lavoura-pecuária”. A reforma de pastagens é uma atividade importante para o setor de produção da pecuária de corte. Segundo Yokoyama (1999), os benefícios da recuperação dos pastos variaram de 70% a 95%, sendo uma atividade lucrativa e imprescindível para esse setor. Já com relação aos defensivos agrícolas, existe grande dificuldade em separar o setor que atende ao pecuarista daquele que atende ao agricultor. Esta relação fica ainda mais complexa quando se estimula a integração agriculturapecuária para recuperar pastagens degradadas. Para o Brasil, o SINDAG divulga as importações de defensivos agrícolas (Tabela 7.7). Verifica-se grande aumento nas importações de herbicidas, fungicidas e inseticidas, principalmente no período 2002-2004. A queda nos valores em 2005 pode ser associada às menores margens de lucratividade no setor agrícola em geral.
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Tabela 7.7 – Importações de defensivos agrícolas no Brasil – 2001 a 2005
Classes Total Herbicidas Fungicidas Inseticidas Acaricidas Outros
Quantidade (kg/l) 2001
2002
2003
2004
2005
76.453.968 44.619.269 9.527.199 17.309.837 4.232.674 764.989
64.354.689 33.640.989 11.181.079 14.815.515 4.094.484 622.622
100.384.033 57.180.577 18.771.031 21.358.398 2.388.355 685.672
164.833.119 98.257.419 31.496.201 31.570.649 2.481.996 1.026.854
128.490.997 76.961.177 21.209.170 28.057.354 1.760.058 503.238
Fonte: SINDAG (2007).
Os problemas da degradação das pastagens, da perda da fertilidade, do superpastoreio, das queimas periódicas e da ocorrência de plantas indesejáveis podem em parte ser corrigidos com manejo adequado, técnicas de calagem e fertilização, com respectivo aumento da produção de forragem das pastagens. Segundo o SINDAG, com relação aos herbicidas para a pastagem, a empresa Dow Agro Sciences lidera o mercado, com os princípios ativos triclopyr, picloram e fluxipir, conhecidos comercialmente como Garlon 480 BR, Grazon BR, Mannejo, Padron Plenum e Tordon BR. Em relação aos inseticidas esta empresa continua liderando o mercado com o princípio ativo fipronil, com Reagent 20 G como nome comercial. Em relação a máquinas e implementos, o CEPEA (2006) registra um crescimento de 7,3% nos preços, no ano de 2006, em Mato Grosso. Mesmo num cenário de concessão de crédito para investimento pecuário, no panorama de presença de pragas e morte súbita das pastagens, com pressão ambiental para recuperação de pastagens degradadas, o crescimento dos preços de máquinas, combustíveis e taxa de juros elevada trazem grandes dificuldades para a reforma, conservação e formação de pastagens de alta qualidade e capacidade de suporte. Segundo CEPEA (2006), os preços de arame tiveram queda em 2006 de 12% em relação a 2005; mas, apesar disso, o pecuarista não foi favorecido, pois a
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relação de troca piorou, ou seja, houve queda nos preços do arame, mas a queda no preço da arroba ainda foi maior. A análise recente de preços de arame revela relativa estabilidade de preços desses insumos nos últimos anos, embora com aumentos de preços acima da inflação nos últimos meses (1.º semestre de 2007).
7.5. Análise dos direcionadores de competitividade – insumos – “antes da porteira” Nesta seção, trata-se da contextualização dos principais entraves e posterior identificação dos direcionadores de competitividade no segmento de insumos, assim como de seus subfatores. Esta seção foi dividida com base nos resultados de entrevistas realizadas nas empresas de fabricação e comercialização de alimentação animal, comércio de produtos veterinários em geral e em levantamentos bibliográficos nos direcionadores, a saber: 1. tecnologia; 2. gestão interna; 3. estrutura de mercado; 4. relações de mercado; e 5. ambiente institucional. 7.5.1. Tecnologia A tecnologia não exatamente constitui um gargalo para o setor de insumos pecuários, mas requer uma atenção voltada para o contínuo aperfeiçoamento e aumento do nível competitivo. Podem-se mencionar os principais subfatores apontados nas entrevistas: a) embalagens e b) pesquisa e desenvolvimento. Embalagens A parte das embalagens dos insumos em geral constitui importante tópico quanto às regras sanitárias acerca dos resíduos e embalagem de agrotóxicos. Não é citada como um problema em si, uma vez que as empresas fabricantes de alimentos animais possuem inspeção constante e fazem um tratamento de seus resíduos.
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Com relação aos medicamentos e outros produtos comercializados, na maioria dos casos, o tratamento dos resíduos e embalagens fica sob a responsabilidade do pecuarista e, neste caso, os sindicatos rurais atuam no recolhimento das embalagens utilizadas quando os pecuaristas não utilizam outros meios de desova destas embalagens. Existe a necessidade de ações mais claras no intuito de engajar o pecuarista nas políticas de coleta de embalagens usadas, o que já é bastante conscientizado pelos agricultores. As empresas fabricantes de produtos animais, veterinários ou de alimentação, já utilizam embalagens reaproveitadas. Os pecuaristas em muitos casos também utilizam as embalagens de sal para embalar seus produtos, os quais poderiam retornar ao ciclo produtivo com reaproveitamento, caso fosse dada maior ênfase a este reaproveitamento, que, suspeita-se, possibilitaria a redução dos custos e, dessa forma, propiciaria maior competitividade ao setor. As embalagens de produtos veterinários e agrotóxicos, muitas vezes na forma de vidros e plásticos, necessitam tratamento adequado e estão sujeitas à legislação sanitária e de defesa agropecuária. Um caso típico, com um dos insumos mais vendidos, é o Tordon, que foi mencionado como um produto com mercado garantido e que representa uma tecnologia muito usada para limpeza dos pastos, mas traz consigo a necessidade de reaproveitamento das embalagens, cuidados no manejo (saúde do trabalhador) e questões ambientais ligadas à exterminação de variedades do cerrado. Neste caso, pesquisas devem ser desenvolvidas com produtos menos danosos ao meio ambiente, sem prejuízos a saúde do trabalhador e que permitam o resultado em termos de formação da pastagem.
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Pesquisa e desenvolvimento A pesquisa e desenvolvimento, ou geração de tecnologias, têm efeito importante sobre o setor de insumos. O desenvolvimento de alimentos animais e o uso de medicamentos, vacinas, vermífugos, entre outros, permitiram uma grande melhora nos indicadores zootécnicos em termos de ganhos de produtividade, e a pesquisa contínua é fator determinante para a inovação no segmento de insumos. A rastreabilidade, muitas vezes, pode não agradar ao pecuarista, mas impõe práticas que direcionam para a adoção de técnicas mais modernas, inclusive no sistema de identificação que passa da usual marcação no couro para identificações com brincos, tatuadores ou chips eletrônicos, os quais trazem implícitos a utilização de troncos de contenção, balanças e computadores e exigem uma formação profissional específica. Dessa forma, tem-se, assim como na agricultura, a adoção de pacotes tecnológicos e se facilita a aplicação de medicamentos, uma vez que o animal já estaria no curral. Uma questão bastante mencionada é que deve haver seriedade e confiabilidade no processo de certificação em geral, adequando-se ao mercado tanto doméstico como internacional. A pesquisa visando facilitar e, ao mesmo tempo, dar confiabilidade tecnológica à rastreabilidade permitirá melhores controles dos insumos utilizados desde sua fabricação. Fica bastante claro que, quando se tem crise na pecuária, há demanda por tecnologias mais baratas, numa preocupação nem sempre voltada para a produtividade, mas sim para o custo associado. Assim, as distribuidoras buscam disponibilizar tecnologias alternativas, produtos diferenciados e de menor custo. Por exemplo, o sal mineral está perdendo mercado para o sal branco em épocas de crise. Alguns componentes que são muito caros na formulação de produtos veterinários não podem ser vendidos no Brasil, pois não se têm preços de mercado que possibilitem a adoção da tecnologia existente. Nas entrevistas realizadas, a informação passada é que a pecuária brasileira não usa 30% da tecnologia existente por falta de condições financeiras
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e de rentabilidade no setor. A média de utilização de minerais em todo o Estado de Mato Grosso é de 70%, mas na região do Pantanal cai para 40%. Este é um fator preocupante, pois os rumos evidenciados são de que a pecuária deve se intensificar e melhorar os indicadores zootécnicos e econômicos. A pesquisa e desenvolvimento podem atuar na geração de produtos mais eficientes economicamente, considerando principalmente a particularidade da região pantaneira. É sabido, entretanto, que a geração de tecnologias por si só não resolve o problema. Deve haver alianças mercadológicas que de algum modo facilitem a adoção da tecnologia de modo duradouro. Existem informações de uma jazida de fosfato natural em Planalto da Serra, a 300 km de Cuiabá, que poderia ser industrializada, mas que enfrenta uma disputa entre as tradings ADM, Bunge, Cargil, Coimbra e Amaggi, além de disputas com a Petrobras e uma questão de concessão do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). As pesquisas deveriam direcionar-se para a viabilização não apenas desta jazida, mas investigar possíveis jazidas ainda desconhecidas. 7.5.2. Gestão interna Com relação ao direcionador de gestão interna do segmento de insumos, os subfatores apontados foram: gestão de estoques, sistema de informação, preços, marketing, distribuição de insumos, crédito e assistência técnica. Gestão de estoques Os estoques de insumos são regulados de forma a não ocorrer oscilações de preços, devido aos desequilíbrios de oferta e demanda. Não se têm problemas de falta de produtos e, caso não haja produto para pronta entrega, em 24 horas este estará disponível. As fábricas de alimentação animal em grande parte se situam em Mato Grosso, dependendo um pouco mais de antecedência apenas para os medicamentos e agrotóxicos produzidos fora do estado.
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No caso de alimentos animais, as empresas em muitos casos trabalham com agentes que realizam visitas periódicas que permitem regular o estoque para o pecuarista. Tais visitas conciliam também a assistência técnica in loco. A regulação de estoque é feita pelo histórico recente de vendas. Diz-se ter uma margem de erro bem pequena e, quando necessário, recorre-se aos produtos substitutos e, posteriormente, aos estoques dos concorrentes de modo a suprir a demanda. Muitos insumos têm sua demanda sazonal, em épocas específicas do ano, facilitando a previsão e o controle do estoque. Em geral, não se observaram problemas de falta de produto, e os agentes comerciantes em muitos casos atuam em grandes áreas do estado, concentrando a sede em Cuiabá ou Rondonópolis. Sistemas de informação Alguns agentes entrevistados declararam que a sobrevivência da empresa vai depender, em futuro próximo, de sua capacidade administrativa contábil e tributária, que requer um sistema de informações bem ajustado. Existe o controle da carteira de clientes com quantidade comprada por indivíduo. Assim, são feitas visitas periódicas para fornecer os insumos, trabalhando-se com agendamento uma semana antes da visita. Há, em muitos casos, demonstração (ou teste) da eficácia dos insumos junto aos pecuaristas, com avaliação do custo-benefício. Na região de Rondonópolis e Cuiabá as empresas declararam possuir cadastros de clientes com o perfil e detalhe de cada insumo utilizado pelos clientes. O sistema de informação foi declarado, portanto, ser de grande importância, e as soluções são encontradas por cada empresa ao seu modo e com sigilo das informações para preservar mercado. Preços No que se referem aos preços dos insumos, estes têm sido vistos como muito importantes na aquisição pelos pecuaristas. Para estes, no entender das
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empresas de insumos, o preço é muito relevante, pois seus lucros estão cada vez mais estreitos e o preço dos insumos influencia diretamente o seu rendimento. Acredita-se numa concorrência grande, mas os resultados da pesquisa indicam características de mercado de competição monopolística (tanto na produção de alimentação animal como na parte de comércio de insumos para pecuária), com a busca na diferenciação do produto e dos serviços a ele vinculados e que, muitas vezes, se refletem nos preços praticados. Existe razoável liberdade para entrada e saída de novas empresas no mercado, mas o mercado é caracterizado por grandes empresas que comercializam para todo o estado utilizando-se de agentes comissionados ou parcerias implícitas para venda dos produtos nas regiões mais distantes. Assim, a diferença de preços de diferentes regiões foi verificada apenas em relação ao frete quando requer deslocamento do produto, mas os grandes laboratórios e fabricantes de fora em geral colocam o produto ao mesmo preço dentro do estado. A diferenciação do produto nem sempre é percebida com clareza, mas principalmente se dá via preço. Normalmente existem os produtos semelhantes, quase substitutos, que, contudo, podem ser classificados em primeira e segunda linha. Os de segunda linha em geral possuem preços melhores e não necessariamente apresentam resultados diferentes daqueles mais caros por serem de primeira linha, mas talvez considerando as características do rebanho, da pastagem e da forma de aplicação. Neste caso, seria necessário mais informação para caracterizar precisamente a relação custo-benefício, bem como a forma e o momento de utilização de cada produto para seu uso mais eficiente. Esta característica estaria desse modo tanto ligada ao preço, aos sistemas de informação como à pesquisa econômica acerca da eficiência no uso do produto. Rondonópolis é o município que produz grande volume de ração com preços menores em função da disponibilidade de grãos utilizados na alimentação animal. Inclusive, detectou-se a venda de alimentos animais para o Estado de Goiás, com ração comprada em Rondonópolis e que, mesmo incluindo o frete, chegaria a GO cerca de 10% mais barato que seu concorrente local.
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Algumas empresas trabalham até com sistemas que evitam o pagamento de impostos para ter preços melhores a serem repassados para o pecuarista. Fazem compra de componentes da ração em nome dos pecuaristas para não pagarem impostos. Dessa forma, este subfator é um importante componente da competitividade no segmento, suscetível de algum ajustamento nos produtos fabricados em Mato Grosso, mas submetidos apenas à adição de uma margem quase fixa sobre os produtos fabricados em outros estados, principalmente no caso de medicamentos produzidos por grandes indústrias de produtos veterinários, muitas vezes multinacionais. Marketing O marketing, no sentido de divulgação, publicidade e atividades que auxiliam a comercialização do produto, é feito com demonstrações da eficácia dos produtos. Em muitos casos, as próprias indústrias disponibilizam promotores de vendas fazendo demonstrações que se assemelham aos dias de campo comuns na agricultura. Os pecuaristas seriam, conforme as entrevistas realizadas, avessos a mudanças e muito críticos quanto à real eficácia do produto e sua relação com o preço. Uma política útil como instrumento de marketing é aquela associada ao prazo de pagamento, e este é em geral repassado de acordo com o negociado na aquisição dos produtos veterinários das indústrias, em geral fora do estado. O prazo seria, em períodos de crise, fundamental para continuar comprando os insumos mesmo em épocas de preços da arroba abaixo do desejável. Também é importante, considerando-se as escalas de abate e as defasagens entre o momento do abate e o recebimento por parte dos pecuaristas. Existe um trabalho importante de recomendação do produto de acordo com a necessidade do pecuarista – um tipo de consultoria realizada pelo promotor de vendas, o qual indica o produto para cada fim, de acordo com as condições de clima, solo, animais etc. Este trabalho acaba sendo fundamental
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instrumento de atração e manutenção do cliente, que, praticado por várias empresas, acaba sendo uma prática comum e exigida pelo pecuarista, tanto na venda como na pós-venda. Algumas ações que podem ser vistas como instrumentos de marketing é o empréstimo de equipamentos para aplicação de produtos, sem custos adicionais ao pecuarista. Por exemplo, foi mencionado o equipamento para aplicação de herbicidas em pastagens. Estas práticas foram constatadas mesmo em regiões distantes da capital, mas é importante reforçar que estas ações são fortalecidas dependendo do tamanho e potencial de produto a ser vendido, ou seja, ações coordenadas de grupos de pecuaristas podem gerar mais interesse dos comerciantes de produtos animais. Distribuição A distribuição não foi apontada como entrave. Há certa facilidade, pois as empresas se organizam para que os produtos estejam nas lojas na época de seu uso. Em geral, existem épocas definidas para a aquisição dos produtos e, fazendo o controle das vendas e dos clientes, tem-se sempre o produto para pronta entrega: o pecuarista compra e leva, ou faz-se entrega na propriedade em caso de cargas maiores ou a combinar com a empresa. Quando se trata de outras regiões, há vendedores externos e pontos de vendas. Em alguns casos, as fabricantes de alimentos animais observam inadimplência dos comerciantes do local, parceiros na venda. O que se tem procurado é fazer a venda direta para o pecuarista até para melhorar a rentabilidade da empresa (sem intermediários). Na maior parte dos casos, os comerciantes de produtos para pecuária fazem compra em grandes centros, direto das fábricas e laboratórios, os quais praticam preço único para entrega em Mato Grosso, seja em Cuiabá ou Alta Floresta. Nos casos que requerem frete, este é calculado separadamente, indiferente do preço do produto posto na loja.
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Em geral, os custos de transporte são dos fornecedores. Existem empresas especializadas no transporte de cada tipo de produto, como a Luft e a Carmona. Os produtos têm origens diversas, em geral no Sudeste e Sul do País. Os clientes do Pantanal são considerados mais complicados e só compram quando há grande necessidade. Crédito As lojas de insumos têm buscado nas indústrias um crédito para o pecuarista, pois são elos dependentes, ou seja, se as distribuidoras de insumos não vendem, as indústrias também não vendem. Então, está havendo incentivo com maiores condições de crédito para que o pecuarista possa adquirir o produto. O crédito conseguido na indústria é repassado ao pecuarista. O crédito das distribuidoras para os pecuaristas é verificado por meio de boletos bancários e duplicata mercantil e na forma de cartão de crédito. O prazo é variado, produtos em épocas de campanha de vacinação chegam a ter prazo de 180 dias; fora de campanha, de 60 dias. Nessa época de vacinação, o pecuarista aproveita para fazer todo o manejo do gado, adquirindo todo tipo de insumo. A inadimplência é mínima, e em geral o pecuarista ainda trabalha com a maior parte de recursos próprios. O crédito é visto como importante, mas não exatamente na forma de empréstimos, mas sim na forma de prazos e condições de pagamento mais flexíveis. Assistência técnica A assistência técnica também é vista como estratégia para garantir a venda do produto. Ela é verificada ao ponto de as distribuidoras de insumos emprestarem equipamentos para aplicação de produtos, regulando esse equipamento para melhor eficácia do produto e garantindo, assim, a venda. Muitos clientes pedem recomendações às distribuidoras de insumos, e estas mostram o custo-benefício de se usar cada insumo para o pecuarista decidir.
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As indústrias fazem demonstrações dos produtos para ajudar a venda do distribuidor, realizando um trabalho de extensão rural. As empresas possuem veterinários, agrônomos, técnicos agrícolas que orientam os produtores. Na região de Nova Mutum, verificou-se a assistência técnica de forma mais precária. Nas regiões de Vila Rica e de Matupá, a assistência técnica também é prejudicada devido à distância e às condições das estradas. Mesmo assim, é comum mencionar que o pecuarista usa pouco insumo e não consegue perceber a vantagem da adoção da tecnologia, ou esta vantagem fica obscurecida pelo custo associado e pelo preço da arroba do boi, usado como baliza para a análise do benefício. 7.5.3. Estrutura de mercado Concentração de mercado Existe uma concorrência grande com características de competição monopolística, ou seja, uma relativa diferenciação de produtos que podem ser substitutos entre si e com liberdade para entrada e saída do mercado de insumos. Pode-se dividir o segmento de insumos para melhor interpretação. O mercado de alimentos animais é controlado por algumas empresas principais: Novanis, Zoofort, Zootec, Agroamazônia, Tortuga, Matsuda, Navimix, Premix e Nutrisul. Existem, entretanto, outras empresas que realizam inserções em regiões específicas do estado. Também existem pecuaristas mais organizados e estruturados, que fabricam seus alimentos animais, principalmente, considerando técnicas como rações e silagens. Assim, o mercado de sal mineral e suplementos proteinados-protéicos é visto como concentrado. A parte de distribuição e comércio de produtos veterinários e de alimentação animal é menos concentrada no sentido de que existe uma fácil entrada no mercado, principalmente em municípios menores ou mais distantes da capital. Em geral, os comerciantes negociam todo o espectro de insumos para
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pecuária, seja para pastagem, cercas, currais, bem como para alimentação ou para o rebanho. Aqui também se observa, entretanto, a atuação de grupos maiores com atuação em todo o estado. Dessa forma, o mercado seria fracamente concentrado do ponto de vista do número de agentes, mas, se observado o poder de mercado, pode-se ter um resultado diferente, principalmente se se considerarem a distância e o acesso ao mercado, o que às vezes inibirá geograficamente a concorrência. Além disso, antes do comerciante existe a concentração do mercado de fabricantes, indústrias e laboratórios de produtos veterinários, para o conjunto dos animais bovinos ou não, dominado por: Vetnil Univet, Tortuga, Schering Plough, Merial, Fatec, Fort Dodge, Bio-Vet, Vaccinar Nutrição Saúde Animal, Mogivet. Segundo o Anuário do Agronegócio (2006), estas nove empresas apresentaram em 2005 uma receita total de R$ 1.559,8 milhões, que, confrontado com o faturamento total do ano divulgado pelo Sindan para o mercado veterinário brasileiro de 2005, de R$ 2.210,8 milhões, perfazem 70,55%. Deste total do mercado veterinário, os bovinos representavam 56,6% em 2005 e 2006, contra 50,7% em 2002 (Tabela 7.8).
Tabela 7.8 – Participação percentual do segmento de produção animal no mercado veterinário brasileiro
Tipo de animal
2002
Aves Bovinos Eqüinos Ovinos e caprinos Pets Suínos
25,3 50,7 3,3 3,0 8,7 9,0
2003 23,3 55,3 2,6 3,0 8,6 7,2
Fonte: SINDAN (2007). Dados trabalhados.
2004 21,7 55,6 2,6 3,0 9,3 7,8
2005 18,1 56,6 3,0 3,0 10,1 9,2
2006 15,4 56,7 2,8 3,0 11,3 10,9
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Neste ambiente, as empresas comerciantes negociam com os laboratórios em desvantagem e muitas vezes praticam contratos de exclusividade de modo a obter vantagens adicionais, mas apenas repassam os preços aos pecuaristas. Foi mencionado que o laboratório é que determina os preços, muitas vezes com aumentos, ignorando a rentabilidade do pecuarista. Os produtos vistos como de segunda linha pelos pecuaristas, geralmente são linhas alternativas, estratégias de um mesmo laboratório que busca conquistar o pecuarista de menor renda. Essas estratégias são conhecidas pelos comerciantes, e apenas se apontou a sugestão de regular o mercado de genéricos para a pecuária como alternativa para atrair outras empresas. Importação As empresas entrevistadas na maioria dos casos compram os produtos provenientes do exterior por meio das importadoras. Para importação direta, os comerciantes ou fábricas de alimentos animais teriam que fazer grandes negociações e possuir elevados estoques, o que não é visto com interesse. Na maioria dos casos não se conhece o Porto Seco de Cuiabá (Estação Aduaneira do Interior), que poderia ser alternativa para a importação direta. Não se comenta a importação de remédios e produtos veterinários em geral, mas sabe-se que existem produtos estrangeiros que poderiam ser adotados para o rebanho doméstico. O sal branco é importado, ou seja, é proveniente de outro estado, e vem do Nordeste, de Mossoró. O fosfato vem de Cajati-SP (uma das principais empresas exploradoras do fosfato de Cajati é a Serrana, do Grupo Bunge) ou de Minas Gerais. A uréia é proveniente da Petrobras (regulação estatal) da Bahia – Camaçari. Outros insumos provêm de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A maioria dos medicamentos é proveniente de São Paulo. Arame e aço em geral vêm da Bahia (Belgo). Já a ração é de fabricação local, do próprio Estado de Mato Grosso.
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Alianças mercadológicas Não há aliança formal entre comerciantes, indústrias e laboratórios, e pecuaristas. Os sistemas de compras em grupos de comerciantes foram identificados como práticas incipientes, mas que oferecem certa margem de discussão dos preços com os grandes laboratórios. Já os clubes de compras de pecuaristas são muito desorganizados e não apresentam até o momento resultados que interfiram na distribuição de produtos ou mesmo nas práticas no setor. Foi mencionado, entretanto, que estratégias de compras em grupo de pecuaristas podem gerar demandas para a negociação dos comerciantes com maior barganha com os laboratórios e as indústrias, havendo repasse das condições negociadas para o grupo. Transporte Não há problemas de entrega, pois as empresas negociam com as transportadoras. Em geral, o transporte é terceirizado. Existem transportadoras especializadas para o transporte de agrotóxicos. Geralmente, o preço do transporte é pago pelo fornecedor. Em alguns casos, o fornecedor tem uma isenção fiscal de ICMS. Existem empresas de transporte e armazenamento em Cuiabá que armazenam os produtos para não faltarem; assim, quando o pecuarista precisa do produto, o fornecedor de fora do estado somente emite a nota, pois o produto já está em Cuiabá. Na região de Vila Rica há dificuldade de transporte, em algumas épocas ocorreu interrupção da rodovia BR-158 devido à destruição de três pontes. Na região de Cáceres, o que tem causado impacto no transporte é o movimento dos sem-terra e de índios fechando as estradas. O transporte representa um gargalo, mas não vem gerando grandes transtornos em face das soluções adotadas pelos próprios comerciantes, os quais já consideram os possíveis entraves quando planejam seus estoques. Entretanto, deve-se considerar que um transporte mais eficiente teria o efeito de reduzir
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estoques e tempo de entrega com ganhos em todo o segmento. Em geral, o setor de insumos preocupa-se mais com a venda e retirada na loja. Em regiões mais afastadas como Vila Rica e Matupá, os pecuaristas é que têm de resolver a questão do transporte. 7.5.4. Relações de mercado Contratos e cooperação Há uma cooperação informal das indústrias para o distribuidor que diz repassar benefícios aos pecuaristas, mas nada formalizado. No caso da vacina contra a aftosa, existe acordo das indústrias quanto ao preço desta principalmente na época de vacinação, assim como previsão de produção para atender a esse período. Há uma distribuidora na região de Rondonópolis que faz parceria com o produtor na fase de terminação, em que o pecuarista entra com a propriedade e os animais, e a distribuidora, com os insumos. A cooperação normalmente se dá na relação venda e pós-venda, de modo a fidelizar o cliente, mas não exatamente para a adoção de tecnologia com aquisição de insumos. No modelo de confinamento já aparecem iniciativas de parcerias para ter maior controle da alimentação a ser disponibilizada aos animais, tanto de qualidade como de quantidade de nutrientes, visando garantir o ganho de peso esperado. Transporte até a fazenda O transporte até a fazenda é realizado sem problemas, pois o volume de insumos comprado pelo pecuarista é pequeno e, assim, ele mesmo o transporta. No caso de maior volume, as empresas têm caminhões e muitas delas, filiais no interior, o que facilita o processo. Ainda, o pessoal da assistência técnica transporta o produto, aproveitando para fazer o acompanhamento na sua aplicação (suspeita-se que, conhecidas as condições das estradas do estado, os
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pecuaristas não devem achar que não têm problemas para transportar seus insumos). Na região de Vila Rica, o transporte de carga pesada é prejudicado pela precariedade das estradas. Muitas vezes, o pecuarista tem de levar a carga em pequenas quantidades no próprio veículo, pois algumas estradas não têm acesso a caminhões. Assim, elevam-se os custos, já que a carga, ao invés de ser transportada em veículos maiores com ganhos de escala, acaba sendo transportada em frações. Isso acabará induzindo a aquisição de veículos utilitários de médio porte por parte dos pecuaristas, que nem sempre terão utilização eficiente em todo o ciclo de vida do veículo. Na região de Cáceres, os pecuaristas do Pantanal têm alguma dificuldade no período das águas, mas isso tem sido contornado com planejamento do transporte. Considera-se um acesso razoavelmente bom em comparação às regiões do norte do estado. Marca e confiança A marca e a confiança, aliadas à tradição das distribuidoras de insumos, têm conseguido “manter” a clientela que já está no ramo da pecuária há algum tempo. Os novos clientes pecuaristas buscam apenas preço e não tanto a qualidade. Existem insumos de segunda linha, em que a eficácia é mais lenta. Há pecuaristas que compram esse tipo de produto, mas já avisados de que se trata de qualidade inferior. Essa venda de produto de segunda linha é proporcional ao preço da arroba, ou seja, quando o preço da arroba do boi gordo está baixo, o consumo de insumos de segunda linha cresce. Um exemplo é o IVOMEC, cujas vendas aumentam em novembro, quando historicamente o preço da arroba é maior. A confiança de alguns laboratórios é importante para garantir a eficácia do produto, garantindo as vendas. Nas propriedades, cujos administradores têm maior escolaridade, prezase a qualidade, através da marca e confiança. Já na propriedade em que o
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administrador possui menor nível de escolaridade, a qualidade é menos importante e o preço passa a ser o fator principal. As distribuidoras consideram a satisfação econômica do pecuarista, observando-se que existem produtos para cada perfil deste. Os produtos aditivados não terão retorno se o manejo for ruim. Nesta situação, as distribuidoras não sugerem sua aquisição, pois o pecuarista que não sabe utilizar o produto não terá satisfação garantida e isto prejudicaria as distribuidoras de insumos. Fidelização O comércio de produtos pecuários está mais competitivo e detecta-se que a fidelização está reduzindo. Contudo, existem clientes fiéis às empresas, principalmente devido ao atendimento e assistência técnica na venda e pósvenda. A tradição da empresa nas regiões tem impacto na fidelização. O cliente é mais fiel à empresa de maior tradição no município (região). Nesta estratégia, as empresas necessitam do atendimento de balcão para fidelizar o pecuarista. Uma vez fidelizado, os contatos poderiam ser por meio telefônico e com sistemas eletrônicos de cobrança. Não se observam outras práticas de fidelização costumeiras em outros setores da economia, como premiação, pontos e práticas de descontos pela fidelização. Organização dos pecuaristas para compra direta de insumos Na região de Cuiabá e Rondonópolis, os pecuaristas estão se organizando, mas de forma incipiente ainda, e estão pensando muito em preço, não levando em consideração a qualidade, além de driblar a tributação, às vezes levando multas altíssimas, o que inviabiliza essa organização. Poderia funcionar melhor se montassem uma cooperativa com emissão de notas em separado ou até mesmo com isenção.
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Alguns problemas surgem com relação à tecnologia adotada pelos pecuaristas, no caso de desejarem adotar tecnologias diferentes e compras em conjunto, uma vez que dificilmente se obterá consenso no insumo a ser comprado em maior escala. Regiões de pequenos produtores apresentam maior dificuldade de cooperação, embora estejam em maior desvantagem em face de seus tamanhos. Dessa forma, um pecuarista deseja um tipo de insumo, enquanto outro deseja outro tipo. As distribuidoras de insumos estão visualizando estas organizações e brigando pelo mercado. Assim, há organização das distribuidoras, que estão comprando em conjunto, com maior poder de compra, de barganha e de negociação. Para os distribuidores, a organização é positiva, pois poderiam barganhar melhor o preço com as indústrias devido ao volume. Muitas vezes o pecuarista não pode comprar direto da indústria, em razão de contratos de exclusividade com o distribuidor. Assim, ele poderia fazer uma parceria com o distribuidor onde os dois teriam benefícios. A exclusividade neste caso diminui a concorrência. Em Cáceres não foram detectadas organizações de pecuaristas, pois eles compram das revendas, uma vez que estas simbolizam um ponto de apoio. Em Canarana, este tipo de organização é desconhecido. Na região de Tangará da Serra, alguns pecuaristas tentaram se organizar, mas não tiveram sucesso. Em Nova Mutum, alguns representantes vendem direto aos pecuaristas, e este tipo de ação tem prejudicado os distribuidores de insumos. Na região de Vila Rica, a organização é dificultada pela mentalidade dos pecuaristas que não chegam ao consenso. Além disso, há uma desconfiança do pecuarista em relação à administração destas associações, pois já ocorreram na região alguns casos de associações quebrarem por causa de fraudes financeiras. Para organizar melhor o setor, o governo poderia incentivar a compra de ração antecipada do pecuarista, assim o setor de insumos iria comprar melhor os grãos (safrinha – mais barato) e todos ganhariam.
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Renda do pecuarista A renda do pecuarista foi destacada como a de maior influência no setor de insumos pecuários. Quando o preço da matriz está melhor, a venda de insumos para vaca também é melhor. Já quando é o preço do bezerro, as vendas são direcionadas para bezerro, e assim também com animais para abate. Os pecuaristas têm consciência de que têm de investir no uso de insumos, mas não têm renda disponível suficiente para esse investimento. A falta de rentabilidade do pecuarista afeta o setor de insumos, pois há redução da compra destes ou a adoção de pacotes tecnológicos menos eficientes, ou com insumos de segunda linha. Em Mirassol d’Oeste, com a ampliação da Usina de Rio Branco e reabertura da Usina de Mirassol d’Oeste, percebe-se a migração de pecuária para cana-de-açúcar. Existe um consenso de que parte da redução da rentabilidade do pecuarista esteve relacionada com o aumento dos preços de insumos e outra parte, relacionada com a queda dos preços do animal gordo. Observando as razões entre os índices de preços da arroba do boi gordo e de preços pagos no Brasil (utilizou-se esta primeira aproximação para avaliar a queda de rentabilidade alegada) no agregado, para mão-de-obra e para combustíveis – itens relevantes para a pecuária – têm-se quedas inequívocas das razões nos últimos anos (os picos foram em novembro de 1999 para o IPP no agregado, novembro de 2003 para IPP mão-de-obra e fevereiro de 1999 para IPP combustíveis). Fazendo a análise mais relevante, que é a relação entre os preços da arroba do boi gordo, do boi magro e do bezerro, especificamente para as regiões de Mato Grosso, é possível contextualizar melhor esta perda de rentabilidade, uma vez que a maior parte dos custos associados ao pecuarista se dá com reposição de animais magros. As Figuras 7.5 e 7.6 mostram as razões entre o preço do gado magro e o da arroba do boi gordo. Diante das limitações na obtenção de dados, expressaram-se dados apenas de Cáceres e Rondonópolis, no período de
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fevereiro de 2003 a fevereiro de 2007. Para comparação, também é apresentada a tabela com os valores médios destas razões para o período todo.
Fonte: IMEA (2007). Dados trabalhados pelos autores. Figura 7.5 – Razão de preços de gado magro por arroba de boi gordo – CáceresMT – fev./2003-fev./2007.
Fonte: IMEA (2007). Dados trabalhados pelos autores. Figura 7.6 – Razão de preços de gado magro por arroba de boi gordo – Rondonópolis-MT – fev./2003-fev./2007.
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Observa-se na Tabela 7.9 que, embora a razão de preços do boi magro e a do garrote estejam crescendo no período recente, ficando um pouco acima da média de fevereiro/2003 a fevereiro/2007, existem oscilações em torno do seu valor médio, com o desvio-padrão variando de 6,7% a 13,5% dessa média do período todo.
Tabela 7.9 – Razão de preços de gado magro por arroba de boi gordo – CáceresMT e Rondonópolis-MT
Tipo de gado magro Garrote ate 24 meses Novilha ate 24 meses Desmama fêmea Desmama macho Boi magro Matriz prenha
Média 2003-2007
Média dos últimos 12 meses
Cáceres
Rondonópolis
Cáceres
Rondonópolis
9,00 6,91 4,36 6,39 10,60 10,25
9,57 6,84 4,20 6,42 10,96 9,64
8,71 7,29 4,11 6,31 10,95 9,26
9,46 6,66 4,19 6,7 11,02 8,43
Fonte: IMEA (2007). Dados trabalhados pelos autores.
7.5.5. Ambiente institucional Fiscalização A análise das características da fiscalização no segmento de insumos pecuários revelou que ela está sendo satisfatória em todo o estado. Há fiscalização estadual, federal e municipal. Os principais órgãos fiscalizadores são: CREA, INDEA-MT, SEFAZMT, SEMA-MT, Vigilância Sanitária e Inmetro. Nos segmentos de comércio, a preocupação maior é da SEFAZ-MT com relação aos tributos e do INDEA-MT com respeito às vacinas e medicamentos. No segmento de fábricas de nutrição
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animal, a fiscalização maior é do CREA, INDEA-MT, Inmetro e da Vigilância Sanitária. Reclama-se de não haver uma fiscalização igualitária. Os maiores são mais e os informais são menos fiscalizados. Esta é uma característica comum em casos em que se tenta maior eficiência na fiscalização considerando os agentes que realizam mais operações. Os informais seriam os que conseguem fazer algum tipo de sonegação tributária. Quanto à Vigilância Sanitária, as empresas que não cumprem as normas ambientais têm retenção do alvará pela prefeitura. Os entrevistados em regiões de fronteira com o Pará e Tocantins reclamam da falta de fiscalização de empresas irregulares, o que prejudica a atividade daquele que trabalha regularizado. Logística, transporte Não se mostra nenhum problema de transporte na região de Rondonópolis e Cuiabá. Já as regiões ao norte de Mato Grosso têm problemas em conseqüência da precariedade das estradas. Canarana se encontra numa região prejudicada quanto ao transporte, o que tem afetado o preço final dos insumos que vêm de Goiás, São Paulo e Minas Gerais, pois estes têm de passar por Barra do Garças, aumentando 300 quilômetros. O problema logístico é atualmente um grande entrave institucional que hoje é repassado aos pecuaristas, uma vez que estes devem retirar seus produtos na loja. Acabam reduzindo as compras ou fracionando a carga de modo a transportar os insumos em seus próprios veículos, geralmente caminhonetes. Organização setorial O ambiente institucional no que se refere à organização setorial foi identificado como pouco organizado. As empresas de insumos participam de associações como o Sindan e Sindirações; contudo não se perceberam grandes iniciativas desses sindicatos nas entrevistas realizadas.
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As empresas em geral pouco atuam de modo organizado, mas apenas preocupam na relação cliente e empresa e não necessariamente entre empresas. Linhas de financiamento O pecuarista não tem buscado crédito, pois trabalha em geral com recursos próprios e os juros não são condizentes com a rentabilidade do setor. Empréstimos da forma que estão sendo efetuados não têm efeito para o pecuarista. A carência deveria ser mais prolongada, visto que o ciclo pecuário é médio a longo (cria-recria-engorda). Linhas de crédito são abertas/oferecidas para incentivar o uso de tecnologia, independentemente do tamanho da propriedade, para melhorar a qualidade da carcaça e não aumentar a produção, pois aumento de produção gera queda no preço. Na região de Rondonópolis, mencionou-se o convênio Banco do BrasilBBAgro, com taxas de juros menores e com todas as partes de custeio de produção. Alguns distribuidores são conveniados, facilitando o financiamento de insumos aos pecuaristas. O Sicredi também tem linha de financiamento para a compra de ração. Na região de Tangará da Serra e no norte do estado, o problema do financiamento é agravado pela falta de garantias dos pecuaristas aos agentes financiadores, ou porque as terras não têm documento, impossibilitando o financiamento. Câmbio O câmbio não tem afetado o setor como as taxas de juros. O câmbio afeta o pecuarista mais no preço do boi para valorização do real. Verifica-se que a desvalorização é usada como argumento para aumentos dos preços de insumos, mas a valorização do real não provoca efeito de queda nesses preços. Legislação As leis trabalhistas têm afetado todas as regiões, e isso vem aumentando o emprego informal. As empresas têm empregado menos pelo fato de a
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legislação trabalhista ter tendência favorável para o empregado. O custo do funcionário tem ficado muito caro para as empresas. As empresas têm se enquadrado nas leis sanitárias, com inspeção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e isso não tem causado problemas. Existem custos para se adequar, mas, realizados os investimentos, essas leis não causam problemas. As empresas trabalham com normas das prefeituras e impostos territoriais urbanos. Na região de Tangará da Serra e Vila Rica, as leis ambientais estão restringindo o setor da pecuária para aumentar a ocupação, e esta não-expansão da pecuária estaria afetando negativamente as vendas de insumos. Na região de Cáceres ocorre uma dificuldade junto à SEMA e aos órgãos ambientais devido ao uso de madeira própria para a construção de cercas. Tributação Os tributos de insumos são monofásicos, ou seja, têm apenas um recolhimento; contudo, para que isso aconteça, precisa haver uma organização contábil para a transferência. No setor, isso muitas vezes não acontece. Alguns fazem sonegações desnecessárias, enquanto os maiores são mais tributados devido à maior fiscalização. Se o ICMS baixasse poderia haver melhores vendas. Esta argumentação é de difícil verificação, uma vez que os insumos vêm em muitos casos de outros estados, pagando imposto já na origem. Em outros casos, o ICMS é pago mesmo sem vender o produto (ainda em estoque), e isso tem impactado negativamente as distribuidoras de insumos, pois o tributo já vem faturado da indústria. Incentivo fiscal Existe incentivo fiscal do tipo renúncia fiscal via programas PRODEIC e PRODEI, mas, na grande maioria dos casos, os agentes desconheciam estes programas. De qualquer modo, para acessar tais programas as empresas precisam de uma organização contábil e jurídica que no interior do estado nem sempre se observa.
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Existem alguns incentivos, porém muito pequenos, para compra de ferragens e arames com crédito de ICMS, dependendo do estado de origem do insumo.
CAPÍTULO VIII SEGMENTO DE PRODUÇÃO
Objetiva-se, neste capítulo, contextualizar uma discussão acerca dos direcionadores avaliados na pesquisa, os quais possibilitam retratar com clareza o desempenho do segmento de produção da cadeia produtiva de bovinos de corte do Estado de Mato Grosso. Para tanto, são usados os seguintes direcionadores: tecnologia, insumos, relações de mercado, estrutura de mercado, gestão e ambiente institucional. É importante, inicialmente, uma caracterização dos sistemas produtivos de bovinos de corte, com vistas ao melhor entendimento das diferenças e especificidades das regiões mato-grossenses em análise.
8.1. Caracterização dos sistemas produtivos Em face da ampla extensão de área e da grande diversidade agroecológica no Brasil, é possível a coexistência de diferentes tipos de sistema de produção de gado de corte; sistemas estes que variam desde o uso de baixa tecnologia até o de alta tecnologia. Assim, a atividade de pecuária de corte ocorre
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sob
variadas
condições
tecnológicas,
agroecológicas,
culturais
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e
socioeconômicas, apresentando, dessa forma, variações nos indicadores técnicos e econômicos nas diferentes regiões produtoras (AMARAL, 2000). Os diferentes sistemas de produção resultam das distintas formas de combinar os recursos genéticos (raças, tipos etc.), os recursos ambientais e socioeconômicos disponíveis, associados ainda às práticas de manejo utilizadas e das possíveis interações entre estes. Os sistemas de produção mais eficientes são, em geral, aqueles que aperfeiçoam os recursos genéticos, ambientais e socioeconômicos e as práticas de manejo em todo o processo de produção (BARBOSA, 2007). No Mato Grosso, a atividade de pecuária de corte detém, de modo similar, o comportamento observado no país, sistemas produtivos com diferentes níveis tecnológicos e, em conseqüência, indicadores técnicos e econômicos diferenciados. Esses sistemas encontram-se distribuídos nas distintas regiões do Estado, apresentando-se em maior intensidade em umas regiões e em menor grau em outras. Na tentativa de se conseguir melhor caracterização dos sistemas produtivos de bovinos de corte no Estado de Mato Grosso, verificou-se a necessidade de se usarem na análise cinco regiões previamente definidas e que apresentam particularidades similares, são elas: Pantanal, Oeste, Centro-Sul, Norte-Nordeste e Leste. A região do Pantanal mereceu avaliação à parte, em razão de suas especificidades no que se refere ao seu ecossistema. No Estado de Mato Grosso, a bovinocultura de corte é predominante nas regiões Norte-Noroeste (Juara, Juína e Alta Floresta); Sudoeste (Cáceres, Pontes e Lacerda, Porto Esperidião e Vila Bela da Santíssima Trindade); Leste (Barra do Garças e Paranatinga) e Nordeste (Vila Rica) (IMEA, 2007). O sistema de produção de bovino de corte constitui-se de distintas etapas de criação: cria (produção de bezerros), recria (cria de bezerros e novilhos) e engorda (terminação de animais para abate). Há, ainda, sistemas em que ocorre integração entre as fases de recria e engorda e, em alguns casos, a fase de recria
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pode ser reduzida ou suprimida – programa de novilho precoce, e sistemas de ciclo completo – cria, recria e engorda. De acordo com a opinião dos entrevistados da pesquisa, na região do Pantanal mato-grossense há predominância das fases de cria e recria e, em reduzida intensidade, a de engorda. Essa última quando ocorre é em razão de fatores conjunturais de preço e oferta de pasto abundante, em regiões que em geral estão expostas a fortes inundações. Já na região Oeste (Cáceres), o ciclo completo predomina, ou seja, ocorrem as três fases de criação: cria, recria e engorda. Na região Centro-sul, verifica-se a forte presença das fases de recria e engorda em Tangará da Serra; cria e ciclo completo em Rondonópolis; cria e recria em Paranatinga e em menor intensidade o ciclo completo. Na região Norte-Nordeste do estado tem-se a predominância do ciclo completo. No entanto, há fortes evidências de crescimento da especialização em cria no Norte, cria ou recria em Juína e Cotriguaçu, e cria e recria em Juara. A adoção dos diferentes sistemas, em que o ciclo completo apresenta maior expressividade, é justificada pela disponibilidade de terra nas distintas regiões mato-grossenses. 8.1.1. Fases de produção da bovinocultura de corte Fase de cria Essa fase, de grande influência na eficiência produtiva dos animais, engloba do nascimento do(a) bezerro(a) ao desmame, podendo se estender esporadicamente até 12 meses. Constitui-se de um rebanho de reprodutores, vacas, novilhas de reposição e bezerros(as) em aleitamento, rebanho esse que não tem se beneficiado na mesma intensidade das tecnologias incorporadas ao processo produtivo comparativamente àqueles participantes da fase de recria e engorda. Em geral, essa fase ocorre em regime extensivo a pasto, com pastagens nativas ou cultivadas. Com vistas a aumentar a produtividade nesse período de
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criação, alguns produtores utilizam a suplementação com concentrado, em cocho privativo, para os bezerros em amamentação, manejo esse definido como creep feeding. Com esse manejo, os bezerros podem alcançar melhor vigor, ou seja, podem obter melhor ganho de peso até a desmama e redução nas exigências das mães no fornecimento de leite, e, em conseqüência, menor intervalo entre partos, dado que as mães não apresentam grande desgaste e não há comprometimento da fertilidade. Nas regiões mato-grossenses essa prática tem sido utilizada por um número reduzido de propriedades de gado de corte, sendo mais usual na pecuária leiteira. Na fase de cria, a suplementação protéica energética, essencial aos bovinos em período de pastagens ruins, é pouco utilizada nas regiões em análise. Tal comportamento tem acentuado as carências nutricionais dos animais, impedindo que a taxa de natalidade média do rebanho apresente a mesma evolução observada nas demais fases de produção. A fase de cria ocupa posição de destaque na bovinocultura de corte da área do Pantanal e do Cerrado matogrossense (BARROS; VASQUEZ, 2004). Dos 138.183 km2 de área do Pantanal, 35% pertencem ao Mato Grosso, ou seja, 48.364 km2, e as regiões distintas que o constitui, segundo as características hidrológicas, solo e vegetação, são: Cáceres, Poconé e Barão de Melgaço, Santo Antônio de Leverger, Livramento e Itiquira (ABREU et al., 2001). A fase de cria no Pantanal é desenvolvida em sistema de produção extensivo, e o manejo empregado leva em consideração o período de enchente. A alimentação dos animais é proveniente quase que unicamente de pastagens nativas: capim-mimoso (Axonopus), Mesosetum loliforme e grama-docaramdazal (Panicum laxum) (ABREU et al., 2001). Fase de recria A fase de recria abrange o período que vai da desmama até o início da reprodução da fêmea ou de engorda dos machos. Em geral, é explorada em áreas de terras de fertilidade média e alta.
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O animal, na fase de recria, é mantido por maior período de tempo no sistema, principalmente em se tratando do subsistema tradicional de produção. A recria pode perdurar por até 30 meses em animais abatidos com quatro anos de idade. Há na fase de recria maior direcionamento de tecnologias, de forma distinta da fase de cria, principalmente no tocante à melhoria da nutrição animal. Essa é uma fase de significativa importância para o produtor, em razão da presença da grande liquidez comercial, que, por sua vez, possibilita a adequação da lotação dos animais em períodos distintos no ano e,ou, eventual necessidade de formação de caixa na atividade. Em se tratando da região do Pantanal, segundo Abreu; Moraes; e Siedl (2001), a fase de recria ocorre basicamente para novilha de reposição. Fase de engorda A fase de engorda é aquela que termina o animal para abate. De modo similar à fase de recria, essa recebe maior aporte de tecnologia comparativamente à fase de cria. A fase de engorda pode ser realizada em regime de confinamento, semiconfinamento e extensivo (pasto), e esses são diferenciados segundo os níveis tecnológicos usados (LAZZARINI NETO; NEHMI FILHO, 1994). O sistema confinado é intensivo, em que os animais são limitados a pequeno espaço, recebem suplementação alimentar, concentrado (ração) e volumoso (silagem ou feno), sem pastejo. Segundo os entrevistados, no Estado de Mato Grosso, em regiões onde a agricultura de grãos é praticada de maneira intensiva, a disponibilidade de resíduos agrícolas permite o confinamento à base de Ração Total de maneira econômica, modalidade essa de uso crescente no Estado. O semiconfinamento, por sua vez, é um sistema em que a atividade de engorda acontece tanto a pasto quanto em confinamento. Ou seja, é fornecido nesse sistema somente concentrado em cochos disponibilizados em pastos, e o pastejo é livre.
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O sistema extensivo ou a pasto é aquele que o animal recebe somente sal e pasteja totalmente livre, em que o pasto é a única fonte de alimento para ele. Em um sistema tradicional, ou seja, em que a produção é desenvolvida em pastagens extensivas, o período de engorda é de seis a oito meses. O avanço na genética animal bem como o uso de minerais proteinados no sistema de confinamento, segundo Bonjour (2000), têm propiciado melhor desempenho dos bovinos, contribuindo sobremaneira para o crescimento no referido sistema. Fase de recria e engorda A integração das fases recria e engorda é usual em grande número de propriedades produtoras de bovinos de corte no Brasil e, no Estado de Mato Grosso, conforme citado anteriormente, é predominante em Tangará da Serra (região Centro-sul), sendo o aporte de novas tecnologias direcionadas a essa fase substancial. Dentre essas, pode-se citar o programa de produção de novilho precoce. Uma gama de programas de produção de novilho precoce tem sido implementada no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Novilho Precoce – ABNP (1988), 63,5% das 6.685 propriedades pertencentes ao programa encontram-se na região Centro-Oeste. No entanto, a participação hoje das propriedades de Mato Grosso no referido programa nacional é ínfima, segundo comentários emitidos pelos entrevistados, que complementam mencionando que o Estado já teve o seu Programa Estadual de Novilho Precoce, e esse foi extinto em virtude da má condução desse Programa. Há, entretanto, uma Associação Mato-grossense de Novilho Precoce em processo de inanição. Mesmo com o fim do Programa, a prática de comercializar novilho precoce tornou-se comum, sinalizando que o programa estadual atingiu o seu propósito. No caso de novilho precoce, o período de retenção pode ser reduzido para 10 a 12 meses. E essa fase pode ser suprimida em caso de produção de novilhos superprecoces, uma vez que o abate ocorre de 12 a 15 meses de idade (IEL/CNA/SEBRAE, 2000).
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Fase de cria, recria e engorda As fases de cria, recria e engorda, ou seja, a verticalização da produção, são realizadas por pouco mais da metade de produtores de pecuária de corte no país. Ressalta-se, no entanto, que o sistema dificilmente é puro (CEPEA, 2007). Esse tipo de sistema é predominante nas regiões Oeste, Norte/Nordeste e Centro-Sul do Estado de Mato Grosso.
8.2. Tecnologia O direcionador tecnologia, que revela o estado da arte da bovinocultura de corte de Mato Grosso, ou seja, os aspectos que englobam a tecnologia adotada, o manejo utilizado na produção e os índices zootécnicos são avaliados segundo os elementos ou subfatores: qualidade das pastagens, sistema de criação e manejo nutricional, genética do rebanho e sanidade do animal. As tecnologias utilizadas, adaptadas às condições vigentes nos sistema de produção, têm como objetivo o aumento produtivo dos rebanhos e, conseqüentemente, a rentabilidade da atividade. Essas tecnologias, associadas ao manejo na produção, interferem nos índices zootécnicos dos diferentes sistemas de produção. A melhoria da eficiência produtiva, um dos objetivos-alvo de qualquer pecuarista, deve perpassar por variáveis associadas às pastagens, suplementação alimentar em pasto, confinamento, potencial genético, além dos aspectos sanitários. 8.2.1. Adoção de pastagens cultivadas ou formadas As pastagens naturais e formadas constituem a forma mais prática e econômica de alimentar os bovinos. A área com pastagens formadas tem sido ampliada no Estado de Mato Grosso e é predominante em quase todas as regiões do Estado, excetuando a região do Pantanal, em razão das especificidades inerentes à região, ou seja, do
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seu ecossistema. A justificativa para esse crescimento tem sido apontada em virtude de maiores produtividades e ganho de rendimento. Dentre os cultivares adaptados e mais produtivos encontram-se as braquiárias decumbens e humídicola e o braquiarão (Brachiária brizanta), e em menor uso, o mombaça, tanzânia e jaraguá. A ampliação de área com pastagens formadas é resultante da adoção de melhores técnicas de plantio, manejo adequado e do uso de sementes melhoradas. No Estado de Mato Grosso, de acordo com os entrevistados, o sistema de pastagens mais usado é o pastejo contínuo, também definido como o tradicional, enquanto a rotação de pastagens56 tem sido uma prática utilizada por poucos produtores. De modo similar à rotação de pastagens, o consórcio de gramíneas com leguminosas quase inexiste nas distintas regiões. Alguns testes têm sido realizados na região Centro-Sul, porém ocorrem em número muito reduzido de propriedades. Foi citada a existência de alguns casos de consórcios de gramíneas com estilosantes. Segundo Corrêa e Santos (2007), a boa formação de pastos é um dos fatores-chave para o sucesso de sistemas de produção de animal em pastagens, e que o custo de formação de novas áreas com pastagens é o dobro do de recuperação. Em quase todas as regiões do Estado, as pastagens encontram-se, de modo geral, em estado de degradação, e tal fato é resultante de uma atividade que vem se descapitalizando ao longo do tempo, com maior agravamento nos últimos anos. A recuperação das pastagens, quando ocorre, se dá por meio da interação entre culturas (grãos) e pastagens (integração – agricultura pecuária), e, nesse caso, os custos de formação da pastagem são reduzidos com a produção de grãos. A degradação da área de pastagens ocorre também devido ao aumento na taxa média de lotação de animal (UA/ha). Segundo Souza, Zen e Ponchio (2006), essa cresceu no Brasil, na região Centro-Oeste e no Mato Grosso do Sul, passando de 0,89, 0,85 e 0,95 em 1996 para 1,10, 1,12 e 1,14, em 2003,
56
Rotação de pastagens – o animal pastoreia uma forrageira por um a três dias e conduzido a outra área de pastagens, de modo a deixar a forrageira a recuperar suas raízes em um período de 20 a 36 dias.
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respectivamente. Já, no Estado de Mato Grosso, em 2005, essa taxa de lotação encontrava-se em torno de 1,15, 1,30, 1,35 e 0,2, nas regiões Leste (Barra do Garças), Norte (Alta Floresta), Sudoeste (Pontes Lacerda) e Poconé (Pantanal), respectivamente (FNP, 2006). A morte súbita das pastagens é outro fenômeno que se apresenta como ponto crítico no processo produtivo, afetando a rentabilidade da produção. A causa ainda não está bem definida; entretanto, tem sido indicado que essa está associada a áreas de altas variações de umidade de solo. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em seu diagnóstico acerca da referida situação, encontram-se entre as causas desse problema que hoje afeta o Brasil Central Pecuário a seca prolongada, a baixa fertilidade do solo, a falta de um manejo de manutenção adequado e, possivelmente, o ataque de cigarrinhas das pastagens em algumas regiões. Em se tratando do Estado de Mato Grosso, esse fenômeno foi citado como ocorrente nas distintas regiões e apontado como crescente, sendo ressaltada a necessidade urgente de maior estudo sobre o problema. 8.2.2. Alimentos suplementares, semiconfinamento e confinamento Na atividade de gado de corte na fase de recria, durante o período de seca, uma das alternativas utilizadas para suplementar a alimentação animal, em razão da escassez de pastagens, é o uso de misturas minerais proteinadas com adição de uréia e de suplementos proteinados enriquecidos com fontes energéticas. Esses suplementos incorporados, utilizados em quantidades adequadas, minimizam ou corrigem a deficiência nutricional das pastagens, elevando o consumo e a digestibilidade, contribuindo para um ganho de peso moderado do animal ou diminuição da perda de peso e, por conseguinte, propiciando redução na idade de abate e do primeiro parto. Em se tratando do sistema de semiconfinamento, é dado aos animais, na fase de engorda, no período de seca, maiores quantidades de suplemento
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protéico-energético, em torno de 1% do peso vivo do animal. Esses animais, que permanecem em pastos, auferem ganho diário de 0,7 a 1,0 kg, e tem ainda a possibilidade de serem abatidos precocemente na entressafra. Já no sistema de confinamento, os animais são engordados em área restrita e recebem suplementação de dietas balanceadas a base de alimentos volumosos e concentrados, permitindo a engorda e o abate precoce destes. Nesse sistema, é possível engordar grande número de animais em pequena área. Quanto ao sistema de cria, pode-se dizer que os animais não recebem suplementação, e quando acontece, é em pequeno número, via adição de sal proteinado. Na região do Pantanal mato-grossense, o que se verifica é a ocorrência de sistema de criação a pasto (nativo e plantado), em maior proporção a pastagem nativa, suplementado com sal mineral. Já nas regiões Oeste, Leste e Centro-Sul constata-se, além da presença dominante de criação a pasto (pastagem formada) suplementado com sal mineral ao longo do ano, a suplementação com sal proteinado em determinadas propriedades em período de seca. O padrão da terra bem como a disponibilidade da mesma são fatores decisórios quanto ao sistema de criação definido pelos produtores. 8.2.3. Controle sanitário A clínica curativa tem sido preferida à profilática na pecuária de corte, em razão do tamanho do rebanho e do tipo de manejo. A criação a pasto dificulta a observação individual do animal comparativamente ao que se observa na pecuária leiteira. A movimentação de animais entre regiões tem sido variável de forte peso na maior disseminação de doenças entre os animais, principalmente a virótica. Uma das maneiras de controlar essas doenças é mediante a vacinação, ou seja, pela prevenção. O pecuarista hoje é obrigado a vacinar o seu plantel contra febre aftosa, brucelose, raiva bovina e carbúnculo sintomático. As duas últimas, apesar de não terem obrigatoriedade em alguns estados, são indispensáveis para se produzir em determinadas regiões (AFONSO, 2007).
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Um bom controle sanitário tem sido um dos quesitos necessários à ampliação da competitividade da bovinocultura de corte, e esse, por sua vez, está associado a um calendário profilático. Na bovinocultura de corte, as doenças e vacinas mais comuns são a febre aftosa, brucelose, tuberculose, raiva bovina, clostridiose, botulismo, leptospirose, salmonelose, pasteurelose, IBR, BVD, PI3 e BRSV, e o combate a ectoparasitas e endoparasitas (AFONSO, 2007). O controle das doenças dos animais tem sido uma preocupação constante no Estado de Mato Grosso, e a febre aftosa é a que estimula maiores atenções, dado que a sua presença em um estado ou região prejudica as exportações de carne in natura e, por conseguinte, contribui para redução da entrada de divisas no país. A febre aftosa, ainda não erradicada em algumas regiões do Brasil, voltou a ser detectada em regiões consideradas livre da doença, e o Mato Grosso foi uma das exceções. Esse Estado possui sistema de vigilância sanitário eficiente, e o seu território é todo coberto pelo Programa de Erradicação da Febre Aftosa. Segundo Estermann (2000), a febre aftosa foi a doença que teve o maior peso como barreira sanitária, constituindo-se em obstáculo às exportações brasileiras. A cisticercose é, dentre as zoonoses, a mais freqüente em todas as regiões do Brasil, seguida pela raiva bovina, que é também uma outra doença que tem causado sérios problemas em várias regiões. A vacinação contra essa zoonose é obrigatória em locais onde são encontrados focos da doença, devendo ser aplicada a todos os animais do rebanho anualmente. O carbúnculo sintomático, doença septicêmica, tem apresentado grande incidência no rebanho bovino. Seu controle tem sido mediante a vacinação em todos os animais da propriedade com idade inferior a 18 meses. As doenças viróticas IBR (diarréia viral bovina) e BVD (rinotraqueite infecciosa bovina) também requerem controle, assim como a brucelose e outras doenças que afetam a reprodução.
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Quanto à sanidade do rebanho no Estado de Mato Grosso, segundo os agentes-chave entrevistados, não há maiores problemas com relação às doenças e epidemias. A brucelose, na região Norte/Nordeste, foi citada como doença de maior impacto econômico, apesar de essa não oferecer maiores preocupações, sendo a vacina contra ela aplicada em fêmeas, em uma única dose. Indicações foram dadas ainda sobre problemas com o carbúnculo, clostridium e raiva. Na região oeste, inferências foram feitas acerca da presença da mosca de chifre, berne e carrapato. Salientado ainda que é obrigatório vacinar as fêmeas de 2-4 meses contra brucelose, dada a exigência do GTA (Guia de Transporte Animal). Já no pantanal, a brucelose, a raiva e o carbúnculo foram os principais problemas sanitários apontados. Nas demais regiões, nenhum problema sanitário de maior importância foi ressaltado. 8.2.4. Práticas de castração Os animais jovens não castrados apresentam maior potencial de ganho de peso e melhor eficiência na utilização de alimentos quando comparados aos castrados. Oferecerem, também, carne de boa qualidade se alimentados com ração balanceada e abatidos em idade precoce. No Estado de Mato Grosso, os bovinos, em sua maioria, são castrados nas fases de cria e recria; no entanto, é crescente a oferta para abate de animais não castrados (inteiros). O produtor opta, nesse último caso, por maior potencial de ganho de peso do bovino, em detrimento de maior preço, que poderia receber ao vender o animal castrado. Em geral, o que ele deixa de ganhar atinge até 10% do preço do boi inteiro. Muitos criadores, para se beneficiarem do ganho de peso com animais inteiros, têm castrado o rebanho 30 a 40 dias antes do abate, e essa prática só é possível em animais com idade de 30 meses. Naqueles mais erados, essa prática não é recomendada pelo fato de a carcaça apresentar aspectos mais escuros, caracterizando-os como tourunos.
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8.2.5. Manejo reprodutivo Melhoramento genético Maior rentabilidade em um sistema produtivo de bovino de corte pode ser alcançada por meio do melhoramento genético dos animais. Entretanto, qualquer estratégia de mudança deve ter em vista os objetivos a serem alcançados, ou seja, deve atender à demanda em específico. O melhoramento genético dos animais, com vistas a aumentar a freqüência de combinações gênicas favoráveis a um conjunto de características relacionadas a um dado sistema de produção, tem como conseqüência o aumento da eficiência econômica. A constituição genética de um rebanho pode ser alterada primeiramente via seleção de animais, ou seja, pela escolha dos que serão os pais da próxima geração e, depois, mediante a introdução de características genéticas de raças diferentes. Nos programas de cruzamento deve-se levar em conta também a seleção dos animais, principalmente quando são utilizados animais mestiços para a reprodução. A seleção, no referido processo, deve ser feita considerando-se o mérito genético do animal. Os touros são avaliados com base na diferença esperada na progênie (DEP), ou seja, é a diferença esperada na média do desempenho das progênies futuras de um touro em relação à média das diferenças futuras das progênies de todos os touros que participam da mesma avaliação, quando todos são acasalados com vacas que tenham o mesmo potencial genético. Touro com DEP mais elevado para a característica que se deseja seria então o escolhido (IEL/CNA/SEBRAE, 2000, p. 219). Segundo entrevistados, o melhoramento genético de bovinos de corte ocorre no Estado de Mato Grosso em proporção reduzida. É uma atividade comum em determinadas propriedades especializadas na venda de animais para reprodução. Percebe-se, portanto, a necessidade de inclusão de touros
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melhorados no rebanho, com vistas a ampliar a eficência de produção do rebanho e, em conseqüência, a maior rentabilidade. Inseminação artificial A inseminação artificial é uma técnica usada com o objetivo de se conseguir a melhoria da base genética do rebanho mediante a utilização de sêmen de reprodutores com elevada capacidade reprodutiva e com habilidade de transmitir características econômicas desejáveis. Citam-se como outras vantagens de seu uso o controle de doenças da esfera reprodutiva, a introdução de raças européias e disponibilidade de registros reprodutivos, essenciais para análise do desempenho produtivo (VALLE et al., 1998). A prática da inseminação artificial (IA) tem sido muito pouco utilizada no país, e, em Mato Grosso, é adotada por um número reduzido de propriedades, em que apenas 2,5% do rebanho do estado são inseminados. A grande dificuldade verificada na implementação dessa prática está associada ao manejo reprodutivo, que se torna mais difícil em propriedades com grande rebanho. A não adoção dessa prática constitui-se, portanto, em um gargalo para o segmento de produção. Portanto, são necessárias medidas que ampliem tal utilização. Estação de monta A adoção de uma estação de monta natural é uma das alternativas para viabilizar o controle sobre a atividade reprodutiva do rebanho, influenciando no manejo dos animais e, por conseguinte, na taxa de natalidade. O estabelecimento de uma estação de monta contribui para a melhoria da fertilidade e da produtividade do rebanho. A estação de monta possibilita que o nascimento dos animais concentre em determinado período do ano, ou seja, no início do período das chuvas, o que coincide com maior disponibilidade de alimentos para o rebanho, propiciando vantagens tanto econômicas quanto do manejo do rebanho. Com a utilização de
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estação de monta, os bezerros apresentarão idades mais uniformes, permitindo a criação de lotes mais homogêneos destinados à engorda e, ou, venda. Outros benefícios oriundos da adoção da estação de monta, além da elevação da taxa de natalidade, são: a possibilidade de oferecer maior assistência aos bezerros recém-nascidos, melhor controle sanitário e aplicação de vacinas nos momentos adequados, reduzindo assim a taxa de mortalidade. Quanto ao tempo de duração de uma estação de monta, o período estabelecido é que seja de 60 a 90 dias para vacas adultas, não devendo ultrapassar 45 dias para novilhas, com vistas a atender tanto a melhor condição fisiológica dos animais quanto produtiva das forrageiras tropicais. No Estado de Mato Grosso, o período observado é de 90 a 120 dias para vacas adultas e de 60 a 90 dias para novilhas. A estação de monta, no entanto, é uma pratica realizada por pequeno número de produtores mato-grossenses, segundo os entrevistados. Assim, urge a necessidade de ações esclarecedoras e incentivadoras dos benefícios dessa prática, para aumentar a eficiência reprodutiva do rebanho. Cruzamento industrial e manejo alimentar A nutrição é um dos fatores que mais influencia o desempenho reprodutivo do animal, principalmente na fase de cria. Os níveis de proteína, energia, minerais e vitaminas devem atender às exigências nutricionais em todas as fases reprodutivas. O monitoramento do estado nutricional do animal, prática que complementa a estação de monta, tem crescido no Brasil de modo similar àquele observado nos países detentores de pecuária avançada. No Estado de Mato Grosso, segundo informações obtidas com os agentes-chave do setor de produção, essa prática é adotada em número reduzido de propriedades. O monitoramento corporal é uma prática muito útil no manejo reprodutivo, pelo fato de ele refletir o nível nutricional do animal em determinado momento, devendo ser realizado em períodos distintos: no parto, no
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início e fim da estação de monta e na fase de desmama do bezerro (VALLE et al., 1998). Além do nível nutricional deficiente, a constituição genética do rebanho de corte, no Brasil e no Estado de Mato Grosso, é outro fator que afeta o desempenho produtivo dos animais. O rebanho brasileiro é constituído, em grande parte, por zebuínos (85%) e, em Mato Grosso, apresenta percentual superior a 90%. No caso de baixo nível nutricional, a amamentação nos zebuínos apresenta efeito contrário ao reinício precoce da atividade pós-parto, contribuindo para alongar o período de anestro (IEL/CNA/SEBRAE, 2000). No Brasil tem sido realizado cruzamento de raças européias de corte com as zebuínas (principalmente Nelore), visando alcançar melhor desenvolvimento ponderal dos animais em fase de crescimento e melhor desempenho reprodutivo das fêmeas (FAVARET FILHO; PAULA, 1997). O cruzamento entre indivíduos de raças diferentes, em que o touro é de raça pura, é realizado com o intuito de se conseguir maior eficiência na produção de carne e reduzir a idade do primeiro parto. No cruzamento, procura-se combinar as qualidades desejáveis das raças parentais, com o propósito de se obter uma progênie superior. É usual combinar as características da adaptabilidade das vacas zebu e o ganho de peso, precocidade sexual e de acabamento das raças taurinas européias. No Brasil Central, tem-se observado cruzamento de raças Red Angus, Aberdeen Angus, Limousin, Simental e Canchin, entre outras raças utilizadas. A expansão dos cruzamentos tem sido inibida pela dificuldade de implantação de programas eficientes de inseminação artificial, devido a uma gama de fatores, dentre os quais citam-se a mão-de-obra não especializada, falta de controle da atividade reprodutiva do rebanho e o caráter extensivo da exploração. No Estado de Mato Grosso, segundo os entrevistados, atualmente pouco tem sido feito em termos do cruzamento industrial. Porém, esse ocorre a uma proporção maior do que a transferência de embrião e a inseminação artificial. Num passado recente, existia no estado um programa de incentivo ao uso do cruzamento industrial, e o insucesso desse, segundo entrevistados, deveu-se a
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um manejo alimentar e sanitário não adequado aos animais originários desse cruzamento. Assim, é premente que ações sejam implementadas para aumentar e fortalecer a produção de animais oriundos dessa técnica, visando à ampliação da competitividade da cadeia de bovino de corte de Mato Grosso. Portanto, o papel a ser desempenhado pelos frigoríficos é fundamental, à medida que os animais cruzados têm potencial para produzir melhores carcaças e, em conseqüência, receber preços diferenciados. 8.2.6. Índices de produtividade A produtividade da bovinocultura de corte está associada diretamente aos índices zootécnicos, que mensuram a produtividade de um rebanho ou conjuntos de rebanhos. De acordo com informações obtidas nas entrevistas realizadas com os agentes-chave do setor da pecuária, os índices de produtividade do rebanho bovino do Estado de Mato Grosso apresentaram mudanças significativas nos últimos anos, sinalizando melhorias no nível tecnológico no sistema de produção. Os índices médios de produtividade indicados pelos agentes-chave da cadeia produtiva de bovino de corte de Mato Grosso podem ser visualizados na Tabela 8.1. Em geral, constata-se, excetuando a região do pantanal, certa homogeneidade na idade média do primeiro parto, na idade média de abate e no peso médio ao nascer, entre as distintas regiões do Estado. A mudança na idade de abate pode ser devido ao melhoramento do manejo nutricional, das pastagens, sanitário e genético do rebanho.
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Tabela 8.1 – Índices médios de produtividade da bovinocultura de corte de Mato Grosso – 2007
Índices
Pantanal
Oeste
Centro-sul
Nortenordeste
Leste
Idade do primeiro parto (meses) Intervalo entre partos (meses) Idade média de abate (meses) Peso médio de abate (@) Taxa de desfrute (%) Idade de desmama (meses) Peso ao nascer (kg) Taxa de mortalidade (%)
40 15 48 a 50 16 (M) e 13 (F) 15 10 25 a 30 10
30 a 36 10 a 12 30 a 42 15 (M) e 10 a 12 (F) 20 8a9 30 a 35 3
36 16 30 a 42 16 a 18 20 7a8 30 a 35 3
30 a 36 12 a 15 30 a 42 17 a 18 20 a 22 7a8 30 a 35 7 a 10
30 a 36 16 30 a 42 17 a 18 22 7 a 10 30 a 35 1
Fonte: Dados de pesquisa.
Quanto ao intervalo de parto, esse compreende o período de gestação seguinte (geralmente apresenta média de 290 dias para as raças zebuínas e 282 dias para as européias) e o período de serviço (que vai do parto ao início da nova gestação), período esse em torno de 350 dias na média, segundo recomendações técnicas, ou seja, por meio de manejo reprodutivo adequado. Nas diferentes regiões do Estado de Mato Grosso o intervalo entre partos é, em média, de 420 dias, ou seja, 14 meses. Segundo IEL, CNA e SEBRAE (2000), o nível nutricional é um fator que afeta mais fortemente o desempenho reprodutivo da bovinocultura de corte, mas outros fatores contribuem para aumentar o intervalo do parto, entre eles citam-se: constituição genética do rebanho; e ocorrência de doenças ligadas à reprodução, manejo não adequado do rebanho etc. Um dos principais índices usados para avaliar a produtividade do rebanho é a taxa de desfrute, que expressa a relação entre o número total de animal abatido e o número total de animal no rebanho no ano anterior. Nas diferentes regiões mato-grossenses, verificou-se que essa taxa se encontra em um nível abaixo daquele considerado ideal. No Brasil, a taxa de desfrute está em torno de 22%, bem aquém da de outros países produtores como Estados Unidos, União Européia, Austrália e China, cujas taxas são de 37%, 32%, 41% e 31%,
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respectivamente. No entanto, vale ressaltar que este índice pode ser melhorado caso haja redução na idade de abate e na do primeiro parto, por meio da adoção de boas técnicas de manejo.
8.3. Insumos Em se tratando do direcionador insumos, que compreende os meios utilizados pelo homem para produzir determinado produto, no caso em análise a carne bovina, cuja quantidade, freqüência e rendimento variam de acordo com o sistema de produção e o nível de tecnologia adotado, este mostrou pequena diferenciação entre as regiões analisadas. Os insumos definidos como de ação direta englobam os concentrados (protéicos e energéticos) usados na ração e os medicamentos (vermífugos, antibióticos, vacinas e carrapaticidas) veterinários. Constituem-se em insumos indiretos as sementes, os fertilizantes, os herbicidas e os corretivos empregados na produção de pastagens. O
direcionador
insumos
foi
avaliado
segundo
os
subfatores:
disponibilidade, qualidade e preço. Foi consenso, em todas as regiões estudadas, que os insumos se encontram disponíveis, e que a facilidade de comunicação tem contribuído para que cheguem no tempo e no local desejado pelo pecuarista. Foi ressaltado, ainda, por alguns entrevistados que essa facilidade está associada à disponibilidade de recursos. E, segundo fala de alguns deles: “Quem tem dinheiro compra”. No tocante ao subfator qualidade, foi observada, nas distintas regiões, homogeneidade na percepção dos pecuaristas quanto à qualidade dos insumos, fato esse que pode contribuir para ampliar a competitividade desse segmento e repercutir nos demais elos da referida cadeia. Por último, aborda-se o subfator preço de insumos. Verificam-se diferenças na percepção dos pecuaristas nas cinco regiões em análise. Primeiramente, foi constatado que em alguns regiões do estado (Norte/Nordeste e Leste) os preços dos insumos foram considerados elevados, em virtude do custo
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do frete e,ou, localização, ou seja, o denominado efeito localização. Nas demais regiões, o preço não foi apontado nem como favorável nem desfavorável na produção, ou seja, foi definido como neutro. Segundo depoimento de alguns pecuaristas da região Norte-Nordeste há insatisfação geral com relação ao preço dos insumos. Uma vez que esses se encontram em região não habilitada para exportação para a União Européia, eles recebem preços menores por seus animais – o que impacta fortemente a receita da propriedade e pagam um preço relativamente maior pelos insumos (por causa dos custos com frete). É imperativo que alternativas sejam avaliadas de modo a eliminar esse problema caracterizado pelo descontentamento dos produtores.
8.4. Relações de mercado O direcionador relações de mercado engloba todas as variáveis que, por suas características, permeiam mais de um elo da cadeia produtiva. Por conseguinte, sua avaliação depende não apenas da observação do segmento em análise (no caso dessa seção, a produção de bovinos para corte), mas também dos elos anteriores e subseqüentes. Os elementos (subfatores) considerados como relevantes na composição deste direcionador foram: relação entre pecuaristas e frigoríficos, evolução da cotação e formação de preços, rastreabilidade, relação com fornecedores e grau de inadimplência. É importante considerar que, à exceção da formação de preços e rastreabilidade, não foram percebidas diferenças significativas entre as regiões analisadas. Conforme comentado, é fundamental que nas análises sejam consideradas as possíveis distinções de origem nos problemas detectados, para que a ações propostas tenham possibilidades reais de implantação; todavia, no caso das relações de mercado, observou-se que a maior parte dos entraves possui motivação e origem comuns.
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8.4.1. Relação entre pecuaristas e frigoríficos Na análise desse subfator, procurou-se considerar os elementos capazes de alterar, de forma imparcial, a relação entre os dois elos da cadeia: pecuaristas e frigoríficos. Na pesquisa, ficou claro que os elementos mais relevantes, nesse quesito, são: a pesagem dos animais nos frigoríficos, o processo de toalete e a falta dos procedimentos de tipificação/classificação dos animais. Historicamente, a relação entre pecuaristas e frigoríficos é marcada por grande tensão. De um lado, os pecuaristas se queixam da falta de transparência nos processos de pesagem, toalete e formação de preços; de outro, os frigoríficos afirmam que a grande heterogeneidade dos animais retrai as possibilidades de ampliação de mercados e de melhor remuneração. Naturalmente, como em qualquer embate entre agentes de uma mesma cadeia produtiva, há falácias e verdades em ambas as percepções. Todavia, ao que se pôde perceber ao longo da realização deste diagnóstico existem, de fato, espaços importantes para a melhoria da transparência nos procedimentos de pesagem e abate dos animais e, simultaneamente, é clara a ausência de padronização dos animais. Em relação à perspectiva dos pecuaristas, uma das ações mais efetivas até agora implantadas foi o Projeto PESEBEM. Essa proposta, segundo informações da própria Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO), tem como objetivo principal a implantação de um sistema informatizado de pesagem frigorífica que interaja com o módulo digital da balança de tendal da empresa Toledo com a função de coletar os dados de pesagem das carcaças bovinas, e assim administrar e gerenciar esses dados gerando relatórios de controle por lote, contendo os pesos individualizados com o total do lote em kilogramo e em arroba, com a finalidade de aferir as pesagens dos frigoríficos (http://www.famato.org.br/pesebem).
A adesão do frigorífico e dos pecuaristas é voluntária, e a proposta consiste em instalar em linha, ao lado da balança do frigorífico, uma balança aferida e avalizada pela FAMATO, em parceria com os sindicatos locais; permitindo a imediata conferência do peso da carcaça (ver esquema apresentado na Figura 8.1). De início, a proposta envolvia a cobrança de R$ 1,00 do
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pecuarista; todavia, a título de estímulo e reforço de parceria, em Mato Grosso, esse valor será custeado integralmente pelo FABOV.
Fonte: Projeto PESEBEM-PR (2007). Figura 8.1 – Apresentação esquemática do funcionamento da balança do projeto PESEBEM.
Atualmente, vários estados já aderiram à idéia, a exemplo do Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Rio Grande do Sul. Em Mato Grosso, nove unidades frigoríficas já acataram a proposta. São elas57: •
Frigorífico Arantes – unidade Pontes e Lacerda.
•
Frigorífico Friboi – unidades Araputanga, Barra do Garças, Cáceres e Pedra Preta.
•
Frigorífico Marfrig – unidades Paranatiga e Tangará da Serra.
•
Frigorífico Sadia – unidade Várzea Grande.
•
Frigorífico Mataboi – unidade Rondonópolis. É importante considerar, entretanto, que apesar das vantagens de
transparência na pesagem e de se tratar de programa de apoio à antiga demanda dos produtores, a adesão dos pecuaristas ainda é baixa, mesmo levando-se em conta a facilidade de adesão e o custeio pelo FABOV. Essa constatação, confirmada pelos levantamentos regulares realizados pela FAMATO, preocupa 57
A itemização dos frigoríficos considera as informações obtidas até a finalização deste diagnóstico.
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seus coordenadores e sinaliza para a necessidade de entendimento de que esse movimento representa um importante avanço nas relações com os frigoríficos. É óbvio que há produtores mais conscientes e mobilizados, mas que ainda não conseguem servir, apenas com o seu exemplo, de agentes multiplicadores. Na percepção dos pecuaristas entrevistados, a adesão ao programa sinaliza, ao produtor, que a unidade frigorífica atua com idoneidade e abre espaço ao aprimoramento nas relações entre as partes. Por outro lado, a nãoadesão, considerando a ausência de custos para a indústria, seria um indicativo senão da intenção de prejuízo, pelo menos da relativa indiferença aos problemas decorrentes das relações precárias entre os dois agentes: pecuaristas e frigoríficos. Segundo os produtores, ainda que se aceite o discurso de que por se tratar de propriedade privada, a decisão de aderir ao programa não possa sofrer pressão, há intenção de mobilizar-se em prol da preferência pelos frigoríficos vinculados ao PESEBEM. Embora se deva buscar a imparcialidade, de fato esse é um projeto que, ao facilitar o envolvimento entre as partes, minimiza problemas de relacionamento conhecidos e complexos. Já no ano de 1998, estudo realizado pelo BNDES indicava que a competitividade da cadeia da carne bovina depende crucialmente do estabelecimento de uma nova forma de coordenação, em que as relações de mercado desenvolvidas em moldes tradicionais sejam substituídas ou complementadas por aquelas mais cooperativas. Também podem ser citados muitos outros documentos (teses, relatórios, papers etc.) sobre o tema. Como exemplo tem-se o trabalho de Vinhollis (1999), que analisou as possibilidades de construção de alianças mercadológicas para os agentes pertencentes à cadeia da bovinocultura de corte; o estudo de Silva e Vasquez-Ortiz (2004), que analisa as alianças mercadológicas, especificamente para a região do Pantanal; a pesquisa de Vieira et al. (2006), que trata do atual estágio de coordenação da pecuária de corte em comparação com a avicultura, e a proposta de Newmann e Barcellos (2006) sobre estratégias de coordenação para a bovinocultura de corte a partir de experiências de sucesso já consolidadas.
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Essas pesquisas, assim como várias outras, reforçam, individual e coletivamente, a necessidade de serem criadas novas formas de relacionamento entre os agentes, de modo a ampliar o leque de confiança entre as partes. Nesse sentido, também merecem destaque os problemas relacionados à toalete, à necessidade de criação de sistemas de tipificação e classificação das carcaças de bovinos, para que seja possível uma remuneração mais adequada. No que se refere à toalete, segundo Jacewicz (2006), essa é uma questão que gera grande controvérsia. Segundo o autor, o tema é polêmico porque, de um lado Os pecuaristas comentam que a indústria retira massas musculares, gordura e até ossos além dos limites estipulados pelas normas tecnológicas que regulam a obtenção da carcaça influindo no peso, o qual fornece a base de remuneração.
e, de outro, a carcaça engloba a idéia do conjunto constituído de músculos, gordura e ossos o qual se traduz pela carne. Assim, após a maturação e a desossa obtemos os cortes de carne que poderão se apresentar com osso, sem osso, com gordura ou sem gordura.
O dilema, portanto, consiste na identificação do não cumprimento das normas58 disponíveis e na criação de modelos que inibam esse tipo de ação. O problema é complexo: de acordo com o autor, na plataforma, são retiradas as partes afetadas pela sangria, as lesões provocadas pelas vacinas, abscessos, contusões, fraturas, enfim toda e qualquer alteração, seja fruto de manejo inadequado do pecuarista, seja devido a problemas de transporte. Como conseqüência, não apenas o exagero na toalete é questionado pelos produtores, mas também o fato de que não existe controle adequado sobre as perdas no transporte, sob a tutela do próprio frigorífico. Embora essa seja uma questão fundamental para o pecuarista, em virtude de envolver mais de um segmento será novamente abordada no tratamento, em razão de fatores logísticos e mesmo da análise do segmento de abate e processamento.
58
Portarias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento regulam e determinam o que pode ser retirado do corpo do novilho para transformá-lo em carcaça. São elas, a de n.º 5, de 8 de novembro de 1988, que aprovou a Padronização dos Cortes de Carne Bovina e a de n.º 612, de 5 de outubro de 1989, que aprovou o Sistema Nacional de Tipificação de Carcaças Bovinas.
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Quanto à tipificação e classificação de carcaças, permanecem as dificuldades de entendimento entre a indústria frigorífica e os pecuaristas. A indústria sente-se penalizada pela ausência de maiores esforços, por parte dos produtores, em padronização dos animais; os pecuaristas, sentindo-se desestimulados pela não diferenciação das remunerações – por ausência de critérios definidos – restringe esforços de melhoria dos padrões de uniformização dos animais. Assim, da mesma forma que os problemas envolvendo a pesagem e a toalete, as questões relativas à tipificação e classificação têm dois lados, com itens de veracidade e parcialidade. Em termos de definição, de acordo com Felicio (2007a), a proposta de tipificar as carcaças animais data do começo do século XX, e surgiram da necessidade de se criarem parâmetros de avaliação em apoio à comercialização. Segundo o autor, A tipificação é formada de duas partes, sendo a primeira de classificação dos lotes por sexo, pela maturidade e pela faixa de peso do gado, de modo que as carcaças serão agrupadas por categoria, como por exemplo: “macho castrado – jovem”, ou seja, novilho; e “fêmea - jovem”, isto é, novilha, ou ainda “fêmea – adulta”, portanto, vaca; nessa parte, embora de maneira nem sempre evidente, o peso certamente é um fator restritivo importante. A segunda parte é a tipificação propriamente dita, que consiste em alocar as carcaças das principais categorias, como novilho ou novilha, em “tipos” ordenados de melhor a pior, segundo outros indicadores tradicionalmente utilizados nos julgamentos de gado de corte em exposições, como a conformação e a quantidade de gordura (acabamento). Em tese as carcaças dos melhores tipos dariam carne de melhor qualidade, preferivelmente associada a maiores rendimentos de desossa.
Já a “classificação de carcaças”, é uma idéia mais recente, que data do final da década de 1960. Trata-se de um esquema desenvolvido no Reino Unido e na França, que serviu de base para os sistemas em uso na União Européia e na Nova Zelândia. Também no Brasil um sistema de simples classificação chegou a ser aprovado e publicado pelo governo brasileiro em maio de 200459. 59
Segundo Felicio (2005), “o novo sistema, cuja IN – Instrução Normativa, de n,º 9, foi assinada pelo Ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura Pecuária e Abastecimento, no dia 4 de maio de 2004, deveria ter sido instituído em todo o território nacional logo após sua regulamentação que estava agendada para até o dia 31 de dezembro de 2004. A partir de 1.o de janeiro de 2005, sua aplicação passaria a ser obrigatória nos estabelecimentos de abate sob Inspeção Federal, sendo que a avaliação das carcaças teria que ser feita por profissionais habilitados, credenciados pelo Mapa e pagos pelo setor privado. No entanto, em novembro de 2004, em reunião de representantes do Fórum Nacional da Pecuária de Corte com o Diretor do DIPOA, ficou decidido que o Mapa deveria adiar a data de início da vigência, passando essa a vigorar apenas a partir de fins do ano de 2006.
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237
A proposta, no caso brasileiro, consiste na opção por um modelo de classificação simples ou “classificação pura e simples”. Na visão de especialistas, essa opção, distinta da de outros países, se adequa à grande heterogeneidade do rebanho brasileiro e mesmo do mercado consumidor nacional. Além disso, na visão de Felicio (2005a) “representa um avanço, também, por tornar obrigatória a classificação de uma mercadoria agropecuária, o que deve ser visto como um direito do produtor rural que passará a ser respeitado pelas indústrias”. De toda sorte, em todas as entrevistas realizadas foi possível perceber que essa é uma demanda importante e que, na visão dos pecuaristas, a adoção de sistemas transparentes de tipificação/classificação, minimizaria bastante os problemas de relacionamento entre as partes. Ademais, foi marcante a lembrança, por parte dos entrevistados, do Programa de Novilho Precoce no estado. De fato, Mato Grosso, já experimentou a vigência de propostas formais de classificação, a partir da Lei n.º 6.116, de 23 de novembro de 1992, que instituía o Programa de Apoio à Criação de Gado para o Abate Precoce – Novilho Precoce. O Programa, vinculado ao PROMMEPE (Programa Mato-grossense de Melhoramento da Pecuária) objetivava estimular os produtores pecuários de Mato Grosso à criação e desenvolvimento de animais que pudessem ser abatidos precocemente. Para tanto, foram criados um cadastro de adesão e um incentivo financeiro ao produtor pecuário por animal abatido, em decorrência do Programa, de até 5% (cinco por cento) do valor da operação que o destine ao abatedouro pago nas condições, limites e prazos fixados pelo Poder Executivo. Esta instrução foi revogada, posteriormente: instituiu-se o fator conformação e capa de gordura além da idade e peso ao programa, sendo a lei efetivamente revogada em dezembro de 2002. Sem pretender avaliar os critérios utilizados para a revogação da Lei, o fato é que houve unanimidade, entre os entrevistados, sobre a validade da idéia, e igual unanimidade quanto ao fato de que a gestão do processo foi o principal elemento que comprometeu o efetivo alcance dos resultados propostos. Assim, a experiência leva, na visão dos pecuaristas, à possibilidade de serem criadas novas propostas, mais amplas e transparentes, de forma que toda a
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238
classe produtiva e industrial seja beneficiada pela adoção de critérios organizados e respeitados de pesagem, toalete, tipificação e classificação das carcaças dos animais. 8.4.2. Evolução da cotação da arroba e formação de preços Nessa subseção, consideraram-se diferentes aspectos: evolução dos preços, bases da sua formação, conhecimento dos procedimentos adotados para a definição das cotações, transparência do processo e poder de barganha. Em relação à evolução dos preços, entre os anos de 1994 e 2007, os dados mostram, apesar das grandes oscilações, tendência ascendente (Figura 8.2). A principal modificação nesse padrão ocorre entre 2004 e 2006. A compilação dos preços em séries históricas permite o cálculo da volatilidade, que é uma das mais importantes ferramentas para quem atua no mercado, pois permite a observação da sua direção e velocidade. Assim, em certo sentido, a volatilidade é uma medida da velocidade do mercado, pois os que se movem lentamente são os de baixa volatilidade e os que se movem rapidamente são mercados de alta volatilidade. Teoricamente, o número “volatilidade” associado ao preço de uma mercadoria é a variação de preço referente a um desvio-padrão, expresso em porcentagem, ao fim de um período de tempo.
0
Valor à Vista - Arroba Data de referência Valor a Prazo - Arroba
* Média dos preços até o mês de agosto.
Fonte: CEPEA (2007). 7/6/2007
7/12/2006
7/6/2006
7/12/2005
7/6/2005
7/12/2004
7/6/2004
50
40
30
20
10
239
Figura 8.2 – Evolução dos preços da arroba de boi gordo, entre os anos de 1994 e 2007*. 7/12/2003
7/6/2003
7/12/2002
7/6/2002
7/12/2001
7/6/2001
7/12/2000
7/6/2000
7/12/1999
7/6/1999
7/12/1998
7/6/1998
7/12/1997
7/6/1997
7/12/1996
7/6/1996
7/12/1995
7/6/1995
7/12/1994
7/6/1994
R$ / @
60
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
70
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
240
No caso do preço nacional médio da arroba do boi gordo, obteve-se, para o período compreendido entre janeiro de 1994 e agosto de 2007, uma volatilidade de 13,63. Naturalmente, esse valor altera-se, significativamente, de acordo com a série utilizada, do modo que, para melhor observação do comportamento dos preços, procedeu-se à seguinte periodização: 1. Entre janeiro de 1994 e dezembro de 1996, período em que vigorou a paridade Real-Dólar: volatilidade histórica de 2,64%. 2. Entre janeiro de 1997 e dezembro de 1998, período de gradual desacoplamento do câmbio até a desvalorização: volatilidade histórica de 1,37%. 3. Entre janeiro de 1999 e dezembro de 2003, período que engloba os efeitos da desvalorização, as sucessivas intervenções e, em termos do setor bovino, o Brasil se consagra como principal exportador: volatilidade histórica de 9,51%. 4. Entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005, período de recuperação gradual da economia e identificação dos focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul: volatilidade histórica de 4,25%. 5. Entre janeiro de 2006 e agosto de 2007, período de recuperação mais recente: volatilidade histórica de 4,45%. Os dados apresentados mostram que o período de maior volatilidade coincide com a fase de expressivo ganho do Brasil no cenário internacional da carne bovina já que, desde início de 2000, os problemas climáticos da Austrália somados aos casos de BSE na Europa ampliaram a visibilidade brasileira no mercado externo. Além dessa segmentação, uma visão mais agrupada, em médias anuais, permite a observação mais clara do comportamento dos preços, em termos nacionais. Na Figura 8.3 é possível ver, claramente, a retração nos preços ocorrida em 2005 e 2006 (fruto da identificação de focos febre aftosa em Mato Grosso do Sul, com ampla repercussão sobre todo o País) e a recente recuperação dos preços em 2007.
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241
R$ 70,00
Preço Médio da Arroba (R$)
R$ 60,00
R$ 50,00
R$ 40,00
R$ 30,00
R$ 20,00
R$ 10,00
R$ 0,00 1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Ano Valor à Vista - Arroba (Média anual)
Valor a Prazo - Arroba (Média anual)
* Média dos preços até o mês de agosto.
Fonte: CEPEA (2007). Figura 8.3 – Evolução dos preços médios da arroba de boi gordo, entre os anos de 1994 e 2007*.
Em relação às diferenças entre os preços à vista e a prazo, este oscilou em torno de R$ 1,00/@ (a maior para os preços a prazo), entre os anos de 1994 e 2007: o menor valor observado ocorreu no ano de 1997, quando chegou a apenas R$ 0,64/@; o maior valor, por sua vez, deu-se em 2004, atingindo a R$ 2,24/@. Em termos de variação (preço do período em relação ao imediatamente anterior), houve grande oscilação, sendo possível, no entanto, perceber maior volatilidade até fins de 1996 e entre final de 2004 e início de 2006 (Figura 8.4).
0,95
Variação (preço à vista) Data de referência
Variação (preço à prazo)
Fonte: CEPEA (2007). 7/6/2007
7/3/2007
7/12/2006
7/9/2006
7/6/2006
7/3/2006
7/12/2005
7/9/2005
7/6/2005
7/3/2005
7/12/2004
7/9/2004
7/6/2004
7/3/2004
7/12/2003
7/9/2003
7/6/2003
7/3/2003
7/12/2002
7/9/2002
7/6/2002
7/3/2002
7/12/2001
7/9/2001
7/6/2001
7/3/2001
7/12/2000
7/9/2000
7/6/2000
7/3/2000
7/12/1999
7/9/1999
7/6/1999
7/3/1999
7/12/1998
7/9/1998
7/6/1998
7/3/1998
7/12/1997
7/9/1997
7/6/1997
7/3/1997
7/12/1996
7/9/1996
7/6/1996
7/3/1996
7/12/1995
7/9/1995
7/6/1995
7/3/1995
7/12/1994
7/9/1994
7/6/1994
Variação tn/t(n-1) 1,05
1,03
1,01
0,99
0,97
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
1,07
Figura 8.4 – Variação dos preços da arroba de boi gordo, entre os anos de 1994 e 2007 (até o mês de agosto). 242
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
243
Todavia, da mesma forma que para a análise dos valores absolutos, uma observação da variação das médias anuais favorece a visualização. Fica nítido, pela observação dos dados disponíveis na Figura 8.5, que as variações foram positivas em praticamente todo o período analisado, sendo destacadamente superiores nos anos de 1999 e 2003, tanto para o preço à vista quanto para o preço a prazo da arroba do boi gordo.
Variação em relação à média do ano anterio
0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
-0,05 -0,1 -0,15 Ano Variação (Preço à vista)
Variação (Preço à prazo)
* Média dos preços até o mês de agosto.
Fonte: CEPEA (2007). Figura 8.5 – Variação dos preços médios da arroba de boi gordo, entre os anos de 1994 e 2007*.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
244
Especificamente, em relação ao Estado de Mato Grosso, as informações disponíveis permitem entrever algumas importantes diferenças de padrão comportamental, além das naturais defasagens de preço, relacionadas aos deságios por frete. Destaque-se, em relação a este último item, que as bases de dados disponíveis mostram uma variação expressiva e mais que proporcional, chegando, em alguns casos, a cerca de R$ 5,00 de deságio na arroba do boi. Esse fato ganha maior vulto ao se comparar as variações do deságio em Mato Grosso com municípios de distância equivalente às praças paulistas, o que indica haver mais elementos em análise e consideração no mercado do que os fretes e associações. De fato, uma das questões que penaliza o pecuarista na hora da comercialização é a baixa freqüência no uso de instrumentos como a comercialização a futuro. De acordo com reportagem recente, para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO), Homero Pereira, de fato “a comercialização do boi no mercado futuro é um modelo muito novo”. Na entrevista, o Sr. Homero reconhece que mesmo Mato Grosso detendo o maior rebanho bovino do País [...] ainda está como os produtores de soja e algodão, extremamente eficientes da porteira para dentro e perdendo espaço no mercado da porteira para fora, por não saber vender a produção.
De fato, no levantamento realizado a campo percebeu-se que os pecuaristas conhecem muito pouco sobre o processo de formação de preços da arroba do boi e creditam aos compradores (frigoríficos) a decisão pelo preço a ser pago. Essa discrepância de informações contribui para as já referidas dificuldades de relacionamento entre os pecuaristas e a indústria frigorífica e é uma dos pontos em que mais se demanda transparência. Como observado no caso das questões envolvendo os fatores de abate e processamento (pesagem, toalete, tipificação e classificação de carcaças), ambas as partes têm argumentação consistente, embora parcial. O frigorífico afirma, com razão, não ser capaz de decidir os preços pagos, na medida em que apenas pratica as cotações disponíveis e sobre elas incide os eventuais deságios relativos ao frete e aos problemas de qualidade dos animais.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
245
O pecuarista, por sua vez, também argumenta de forma coerente: embora a indústria frigorífica não defina os preços individualmente, como o levantamento dos indicadores mapeia as informações de padrão de preços junto a esses agentes, de forma indireta existe uma intervenção. De fato, o Indicador de Preço Disponível do Boi Gordo ESALQ/BM&F é um indicador diário dos preços do boi gordo no Estado de São Paulo, representando uma média ponderada dos mesmos nas principais regiões produtoras. O padrão do produto-objeto da pesquisa atende às especificações do Contrato Futuro de Boi Gordo negociado na BM&F. De acordo com as informações obtidas no CEPEA-Esalq/USP, os dados são levantados diariamente nas principais regiões relevantes para a formação de preços. Para tanto, o Estado de São Paulo foi subdividido em quatro grandes regiões: Presidente Prudente; Araçatuba; Bauru/Marília; São José do Rio Preto/Barretos. Em cada uma destas regiões do Estado de São Paulo, as informações são levantadas a partir de grande número de informantes, sobretudo frigoríficos, escritórios de compra e venda e grandes pecuaristas. As cotações em reais dos preços praticados por arroba de boi gordo correspondem a preço posto na fazenda, incluindo FUNRURAL, mas livre de ICMS. A partir dessa base de dados, disponibilizada nacionalmente, são realizados os ágios e deságios, de acordo com as particularidades do rebanho e da localização de cada praça de negociação, nos diferentes estados brasileiros. O que se percebe, portanto, é que a discussão mais organizada dos mecanismos de formação de preços (cotação da arroba) e mesmo a divulgação acompanhada dos instrumentos de comercialização disponíveis seria bastante benéfica às relações de mercado, no elo de produção primária. Ademais, nas entrevistas realizadas, ficou clara a preocupação dos pecuaristas com a ampliação da capacidade de abate dos frigoríficos. Na percepção dos entrevistados, o poder de barganha, que já é desbalanceado, tenderá a tornar-se ainda mais desequilibrado, uma vez que mesmo um grande produtor, com alta taxa de desfrute e bastante regularidade, encaminha, em um mês, o que uma unidade de abate é capaz de processar em um dia.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
246
Essa visualização, somada à desarticulação da cadeia, sobretudo do elo de produção, efetivamente sinaliza para uma ampliação da capacidade de pressão da indústria frigorífica – e de forma natural – uma vez que a estrutura de mercado tende à oligopolização, no segmento de abate e processamento, mantendo-se competitivo no segmento de produção. Em termos de evolução dos preços, em Mato Grosso, é interessante mencionar o esforço recente das instituições, com destaque para o IMEA, com o propósito de manter uma base de dados atualizada sobre o setor. Todavia, por se tratar de esforço ainda relativamente recente, as séries históricas encontram-se dispersas, o que impede uma análise mais precisa. Entretanto, para um período mais recente, há boa provisão de informações sobre preços, em termos de médias estaduais e de forma segmentada. Informações disponibilizadas pelo Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (IMEA), para os anos de 2005 e 2006 (cotações de boi gordo e vaca gorda), indicam que há bastante aderência no comportamento de ambas as cotações, sendo maiores os níveis de preço observados no ano de 2005 (Figuras 8.6 e 8.7). Esse padrão é aderente ao comportamento dos preços em nível nacional (Figura 8.8), sendo ainda reflexo dos problemas com a febre aftosa e com a descapitalização do produtor, que optou por encaminhar animais para abate como forma de manutenção da atividade (o que incluiu, inclusive, o abate de fêmeas).
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
247
Fonte: Dados básicos – IMEA (2007). Figura 8.6 – Evolução das cotações de Boi Gordo e Vaca Gorda para o ano de 2005, média do Estado de Mato Grosso, em R$/@.
Fonte: Dados básicos – IMEA (2007). Figura 8.7 – Evolução das cotações de Boi Gordo e Vaca Gorda para o ano de 2006, média do Estado de Mato Grosso, em R$/@.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
248
Calculando-se as perdas nas cotações médias entre os anos de 2005 e 2006, para a arroba de boi gordo e vaca gorda, encontram-se retrações de -16% para o Boi Gordo e -17,5% para a Vaca Gorda (Figura 8.8). Para 2007, os dados indicam visível recuperação dos preços, para todas as praças disponibilizadas. Segundo os dados disponibilizados pelo IMEA, houve ganhos em relação aos dois últimos anos. Enquanto os preços médios do boi gordo não ultrapassaram os R$50,00/@ , em Mato Grosso, em 2006, os valores para 2007 indicam alta de quase R$10,00/@ para o mesmo período (Figura 8.8). Ainda em relação aos preços praticados no Mato Grosso, observou-se que as formas de pagamento variaram bastante, não havendo, por região de análise, segmentação ou predominância que pudesse ser julgada consistente. Todavia,
foi
importante
a
constatação
de
que,
para
o
pecuarista,
independentemente da região, a escolha do frigorífico envolve significativamente a confiança na sua capacidade de pagamento. Em relação aos ágios e deságios pela qualidade do animal, em média, foi declarada a preferência pelo animal castrado, com deságio médio de R$1,00/@ no caso de animais inteiros. Tal prática, segundo os entrevistados, só não é efetiva quando o frigorífico necessita, com urgência, de animais terminados para embarque imediato ou para cumprimento de contratos. Na composição do preço, também incide o fato de o animal ser ou não oriundo de área habilitada para exportação (para a União Européia). Em matéria divulgada em junho do corrente ano, era clara para representantes de várias instituições de apoio à pecuária de corte em Mato Grosso a preocupação com o tema. Segundo as referências destacadas, “mais de 50% de todo o rebanho bovino mato-grossense concentra-se hoje em áreas não habilitadas, com ênfase para as regiões norte/noroeste, Araguaia e Pantanal. Essas regiões – que concentram 54 municípios – respondem por mais de 13,5 milhões de cabeças de bovinos”.
R$ 50,00
R$ 40,00
R$ 30,00
R$ 20,00
R$ 10,00
R$ 0,00
Alta Floresta
Barra do Garças
Cáceres
Colíder
Cuiabá
Juína
Boi Gordo
R$ 53,73
R$ 58,53
R$ 52,30
R$ 54,00
R$ 56,93
R$ 52,40
R$ 58,17
Vaca Gorda
R$ 47,97
R$ 51,20
R$ 48,13
R$ 48,33
R$ 51,97
R$ 46,57
R$ 48,10
Boi Gordo
Tangará da Serra
Vila Rica
R$ 58,83
R$ 58,03
R$ 52,43
R$ 49,90
R$ 49,27
R$ 45,70
Paranatinga Pedra Preta
Vaca Gorda
Fonte: Dados básicos – IMEA (2007).
249
Figura 8.8 – Evolução das cotações de Boi Gordo e Vaca Gorda, em R$/@, por praça de comercialização, Mato Grosso, média das cotações entre julho e agosto de 2007.
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R$ 60,00
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
250
Segundo estimativas do IMEA, apenas a região norte do estado possui um rebanho estimado em 11,34 milhões de bovinos, e os cálculos da instituição, quanto às perdas pela não habilitação da área, chegam a cifras próximas aos R$ 77 milhões. O cálculo foi realizado a partir da contabilização do déficit de R$ 1,98 por arroba, descontando-se o frete, que gira em torno de R$ 3,00 por arroba (considerando o deslocamento Sinop – Cuiabá). Levando-se em conta que na região não habilitada são “abatidas cerca de 1,95 milhões de cabeças, e que há um excedente de 315,92 mil de animais que saem para abate em outras regiões, o total do prejuízo para os pecuaristas é de R$ 76,84 milhões por ano”. Também se verificou deságio no pagamento do boi não rastreado. Na realidade, ao invés de observar-se um adicional consistente de preços para o boi rastreado, o que se percebe – na declaração enfática dos pecuaristas – é o deságio pelo não rastreamento, de modo que a diferença paga não chega a cobrir os gastos totais com o processo. Esse tema foi percebido como de grande importância e constituiu-se um dos subfatores mais relevantes na análise da cadeia da pecuária de corte em Mato Grosso. 8.4.3. Rastreabilidade De início, é preciso destacar que a rastreabilidade, enquanto tema de análise, não é uma questão pontual, específica de uma cadeia ou de um estado. Na realidade, trata-se de um novo padrão de exigências dos consumidores, com regras mais explícitas, cujo cerne reside na cobrança por acesso a informações de qualidade sobre o que se consome, sobretudo quando se trata de alimentos. Segundo os padrões internacionais (ISO 8402), rastreabilidade é definida como a “habilidade de descrever a história, aplicação, processos ou eventos e localização de um produto a determinada organização, por meios de registros e identificação”. No caso da bovinocultura de corte, em virtude das próprias especificidades dessa cadeia, em termos de amplitude e heterogeneidade,
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
251
naturalmente a proposição de regras coletivas é complexa. No Brasil, a pressão pela construção de um padrão de referência culminou na construção do Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (SISBOV). Na prática, a maior pressão partiu da União Européia, principal cliente do país, que exige que a carne comprada seja rastreada desde o nascimento ao abate do animal. De acordo com Rocha (2007), “até junho (2007), o mercado europeu foi responsável por 33% das exportações de carne “in natura” brasileira, o equivalente a 191,7 mil toneladas”. Além disso, o autor ressalta que “os embarques brasileiros para os países da Europa de carne industrializada representou 45% do total das vendas do Brasil”. Na prática, em sua versão inicial, em vigor desde 2002, o SISBOV não conseguia atender a todos os requisitos europeus, principalmente em relação aos prazos. Rocha (2007) destaca que o antigo sistema rastreou 72,9 milhões de animais, mas com critérios mais flexíveis: “não havia prazo para comunicar a movimentação do gado e o monitoramento não era completo”. Como
decorrência,
o
Ministério
da
Agricultura,
Pecuária
e
Abastecimento (MAPA), visando estabelecer normas para a produção de carne bovina com garantia de origem e qualidade, publicou a Instrução Normativa n.° 17, em 14 de julho de 2006, com nova estrutura operacional para o Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (SISBOV). As modificações foram amplas, embora alguns critérios tenham permanecido. O novo sistema, assim como a proposta anterior, é de adesão voluntária, permanecendo a obrigatoriedade de adesão para a comercialização para mercados que exijam a rastreabilidade, a exemplo do Europeu. Todavia,
foram
feitas
adequações
importantes,
aqui
descritas
sumariamente, de forma transcrita e integral, de acordo com as referências disponíveis no Ministério da Agricultura60. Segundo as novas regras, todos os bovinos e bubalinos dos Estabelecimentos Rurais Aprovados no SISBOV serão, 60
Melhores informações podem ser obtidas junto ao MAPA que, em parceria com a CNA, elaborou um manual simplificado – Cartilha SISBOV – que instrui os agentes da cadeia produtiva da pecuária de corte sobre as regras fundamentais do novo sistema.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
252
obrigatoriamente, identificados individualmente, cadastrados na Base Nacional de Dados, com o registro de todos os insumos utilizados na propriedade durante o processo produtivo. Trata-se de um grande avanço, uma vez que, a partir de 2009, só será permitido o ingresso de bovinos e bubalinos nos Estabelecimentos Rurais Aprovados no SISBOV se oriundos de outros Estabelecimentos na mesma condição. As datas mais relevantes nesse processo são: •
12 de setembro de 2006: data em que entrou em vigor a Instrução Normativa n.o 17, de 13 de julho de 2006, que regulamenta o Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (SISBOV) ou NOVO SISBOV.
•
30 de novembro de 2006: data-limite para que os produtores que já possuíam animais cadastrados no SISBOV cadastrem novos animais na Base Nacional de Dados pelas regras do SISBOV antigo.
•
31 de dezembro de 2007: data-limite para que os produtores inscritos no antigo SISBOV abatam ou comercializem seus animais cadastrados na Base Nacional de Dados sob as regras antigas, sem perder a rastreabilidade desses animais. Data, a partir da qual, ficam revogadas as Instruções Normativas e Portarias que regulamentavam o antigo SISBOV.
•
31 de dezembro de 2008: data-limite para que os Estabelecimentos Rurais Aprovados no SISBOV (ERAS) adquiram animais de estabelecimentos não aprovados; a partir de 1.º de janeiro de 2009, todos os animais que ingressarem no Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV devem ser originários de outro Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV. Após esta data, só serão ingressados animais não provenientes de ERAS se destinados exclusivamente à reprodução. Em relação aos prazos para o produtor rural, destaca-se que o prazo para
inclusão na Base Nacional de Dados dos elementos de identificação adquiridos pelo produtor será de, no máximo, 24 meses a partir da data da nota fiscal de compra desses elementos. Além disso:
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•
253
Animais nascidos no Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV devem ser identificados na desmama ou, no máximo, até os 10 meses de idade, sempre antes da primeira movimentação.
•
Quando
adquiridos
Estabelecimento
animais
Rural
de
Aprovado
estabelecimento no
SISBOV
não deve
aprovado,
o
identificá-los
imediatamente ou até 31 de dezembro de 2008. •
O Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV deve comunicar todas as movimentações de entrada de animais à certificadora e ao Órgão Executor da Sanidade Animal em, no máximo, 30 dias do vencimento da GTA (Guia de Trânsito Animal) correspondente. Utilizar o formulário de entrada.
•
Quando os animais forem transferidos para um estabelecimento não aprovado ou para abate em frigoríficos com inspeção estadual ou municipal, o Estabelecimento
Rural
Aprovado
no
SISBOV
deve
comunicar
a
movimentação de saída à certificadora e ao Órgão Executor da Sanidade Animal em no máximo 15 dias. Utilizar o formulário de saída. •
O Estabelecimento Rural Aprovado no SISBOV deve comunicar à certificadora as mortes e sacrifícios de animais no máximo nas datas das vistorias periódicas. É importante considerar, nesse contexto, que a percepção dos pecuaristas
em relação à rastreabilidade é bastante diversa e, até certo ponto, encontra-se intimamente atrelada à região em que se encontra. Embora tenham sido obtidos depoimentos de produtores, localizados em áreas não habilitadas, que apóiam o processo e se mostram motivados, a grande maioria dos entrevistados ainda vê a rastreabilidade apenas como mais uma exigência a ser cumprida. Esse é um ponto importante porque a proposta do rastreamento depende, em larga medida, do comprometimento dos agentes com uma “causa” coletiva, cujos benefícios vão além do simples atendimento a mais um conjunto de “requisitos para exportação”. Trata-se, na verdade, de um amplo processo de aprimoramento da eficiência, dos relacionamentos e do fluxo de informações dentro da cadeia, capaz de reduzir atritos e ampliar os ganhos.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
254
Ademais, observou-se que, embora sejam declaradas como realizadas as atividades relativas à rastreabilidade, ainda são várias as falhas no processo: há dúvidas quanto aos procedimentos, os equipamentos e estruturas de rastreamento nem sempre são de boa qualidade (às vezes muito pesados), há falhas nos sistemas de acompanhamento e dificuldades de proceder à colocação dos brincos nos animais. Além disso, a separação dos animais e o controle com as transferências nem sempre seguem um padrão rigoroso, o que compromete todo o processo. Certamente, as expectativas quanto à implantação do novo sistema – novo SISBOV – divide opiniões. Há pecuaristas que vêem, no novo modelo, uma proposta mais exeqüível e aderente à realidade dos produtores; porém, existem aqueles que não acreditam na viabilidade do novo programa e têm por expectativa sua substituição próxima por novos modelos. De toda sorte, o fato é que a rastreabilidade ainda está distante de estar em modelo adequado no Estado de Mato Grosso, em quaisquer de suas regiões. Naturalmente, nos locais em que a exportação para a União Européia é regular, a própria coordenação dos frigoríficos melhora o cumprimento dos procedimentos de rastreamento dos animais. Todavia, mesmo nestas regiões ainda não existe grande conscientização sobre o tema. Assim, a pesquisa aponta importante espaço de construção de um novo olhar sobre esse tema, de modo a tornar claro, para os pecuaristas, que a rastreabilidade tem benefícios que extrapolam o acesso a mercados, chegando a afetar, de maneira direta, a eficiência dos processos de gestão das empresas rurais. 8.4.4. Relações com fornecedores e grau de inadimplência Dentre os subfatores analisados na composição do direcionador relações de mercado, as relações com fornecedores e o grau de inadimplência foram os que apresentaram melhor avaliação.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
255
Em todas as regiões analisadas, os pecuaristas afirmaram que as relações com os fornecedores de insumos são bastante tranqüilas, objetivas, sem que tenha sido identificado qualquer problema que merecesse destaque. Mesmo o preço dos insumos, que poderia ser um motivo de complicação nas relações dos pecuaristas com os agentes do elo imediatamente anterior, não foi colocado como um problema. Nem mesmo os pecuaristas situados nas regiões mais ao norte do estado, que têm que arcar com o ônus do frete e o deságio da arroba do boi, colocaram esse fato como empecilho ao bom relacionamento entre as partes. Aliás, a concessão de crédito, parcelamento e os prazos concedidos foram identificados como elementos favoráveis ao relacionamento. Citou-se, inclusive, por mais de uma vez, que os vendedores de insumos freqüentemente esforçavam-se por facilitar as vendas e manter o bom relacionamento. Em relação à inadimplência, esta praticamente não existe. Apenas em uma das entrevistas foi citado o caso de um frigorífico que, falindo, não conseguiu honrar com os compromissos assumidos, ficando em débito com vários produtores; entretanto, de acordo com os relatos dos pecuaristas, essa não é uma ocorrência comum. Mesmo considerando a relativa freqüência com que abatedouros e frigoríficos “mudam de nome ou de mãos”, há consenso quanto ao fato de que os casos de inadimplência efetiva são a exceção, e não a regra, em Mato Grosso.
8.5. Estrutura de mercado As questões pertinentes à estrutura de mercado do segmento de produção de bovinos de corte em Mato Grosso afetam, de forma bastante significativa, a competitividade da cadeia como um todo. Estão presentes, além das tradicionais análises de evolução do efetivo bovino, distribuição espacial do rebanho e tamanho médio das propriedades, fatores ligados à logística e
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
256
qualidade das rodovias, existência e ampliação das reservas (indígenas ou ecológicas), e a organização dos produtores. Ao contrário do observado para o direcionador relações de mercado, no caso da estrutura de mercado existem diferenças significativas entre as regiões, para todos os subfatores analisados. 8.5.1. Evolução do efetivo bovino, distribuição espacial do rebanho no Estado de Mato Grosso, grau de desconcentração e tamanho médio das propriedades Em relação ao efetivo bovino61, observa-se, pelos dados disponíveis na Figura 8.9, a grande expansão da atividade de bovinocultura no Estado de Mato Grosso, sobretudo a partir de 1994. Destacam-se, simultaneamente, a expressiva taxa de crescimento do rebanho até 2005 e a retração do número de cabeças em 2006. De acordo com Nehmi (2007), isso ocorreu por que Amargando valores baixos de negociação nos últimos três anos, o setor havia elevado o volume de abate de animais, principalmente de fêmeas. Esses abates fizeram com que a última supersafra de bezerros tivesse ocorrido em 2004; esses bezerros estiveram prontos para o abate neste ano (2007). A partir do próximo, haverá uma queda acentuada na oferta de gado pronto para o abate, o que deve puxar ainda mais os preços para cima.
Embora se tenha percebido indícios de recuperação no que se refere à reposição do rebanho, esse não é um movimento automático e a percepção dos pecuaristas é de que haverá, por algum tempo, manutenção dos efeitos benéficos da retração da oferta sobre os preços. Em termos numéricos, as estimativas do IMEA, com base nas informações do INDEA-MT, são de que o rebanho estadual, em 2006, compõe-se de 26,07 milhões de cabeças de gado. Na parte continuamente ascendente da
61
É preciso considerar que os números aqui apresentados foram fornecidos pelo IMEA, com base nos dados disponibilizados pelo INDEA-MT. Comparações com as bases de dados de outras instituições, a exemplo da FNP Consultoria, permitem observar enorme disparidade de informações. Como, na pesquisa, era necessário realizar uma opção, preferiu-se a disponibilizada pelas instituições do Mato Grosso, apenas dispondo, em Anexo F, os dados da FNP.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
257
figura, entre os anos de 1990 e 2005, a taxa de crescimento do rebanho foi de 173,21%, sendo 107% o equivalente de expansão a partir de 1994.
30.000
Cabeças de gado
25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Anos
Fonte: Dados até 2005 (IBGE, 2007). Informações para o ano de 2006 (INDEAMT, 2007). Figura 8.9 – Evolução do efetivo bovino do Estado de Mato Grosso, em número de cabeças – 1990 a 2006.
Interessante observar que a expansão da pecuária bovina em Mato Grosso deu-se de forma relativamente harmônica ao longo de mais de dez anos, a despeito das importantes ocorrências de âmbito macroeconômico ocorridas no período. Como exemplo pode-se citar o cambio, que sofreu importantes oscilações no período analisado. A esse respeito, Abritto62 destaca, em análise recente sobre a pecuária nacional, que O câmbio exerceu influência expressiva no resultado da agroindústria, em 2006. [...] ele, uma vez valorizado, reduz as exportações, prejudica a rentabilidade do 62
O economista Fernando Abritto faz parte do quadro funcional do IBGE e teceu essas considerações em entrevista concedida, em fevereiro de 2007, à Agência Brasil.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
258
agronegócio e desincentiva a produção. Porém, alguns setores, apesar do câmbio, continuaram a exportar. Um exemplo é a pecuária bovina, cuja exportação de carnes congeladas experimentou alta de 21,3% no ano de 2006.
Em termos comparativos, em relação aos demais estados do CentroOeste63, observa-se que a dinâmica da evolução do rebanho em Mato Grosso foi bastante ostensiva (Figura 8.10), tendo o estado adquirido a posição de possuidor de maior rebanho no ano de 2004. As taxas de crescimento no período (1990-2006) mostram que enquanto os rebanhos de Mato Grosso do Sul e Goiás permaneceram relativamente estáveis entre os anos considerados – incrementos de 27% e 17%, respectivamente – o rebanho mato-grossense cresceu 194% no mesmo período.
30.000 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Goiás
Fonte: IBGE (2007) e IMEA (2007). Figura 8.10 – Evolução do efetivo bovino dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, em milhares de cabeças – 1990 a 2005. 63
Desconsidera-se, aqui, o Distrito Federal, em virtude de sua participação insipiente no total da produção da região.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
259
Em relação ao número de propriedades, o Mato Grosso engloba, segundo informações do IMEA, cerca de 110 mil propriedades ligadas à bovinocultura. Destas, aproximadamente 500 possuem entre 5.000 e 20.000 cabeças e poucas têm mais de 20.000 cabeças de gado. Isso delineia um perfil interessante para a atividade no estado: distante do perfil tradicional de grandes propriedades, usual em outras culturas, no caso da pecuária de corte verifica-se que esta se encontra caracteristicamente ligada à pequena propriedade64. Foi possível identificar, ainda, que as maiores propriedades encontram-se próximas às regiões de Cáceres, Juína e Juara, tendo sido identificada uma única propriedade com mais de 90.000 cabeças de gado. Sob a perspectiva desse documento, fica clara a necessidade de avaliação cuidadosa dos diferentes perfis de produção, uma vez que estruturas tão variadas possuem requisitos de apoio naturalmente distintos. As ações, quando pretendidas pelos responsáveis pela condução das linhas gerais da atividade no estado deverão, conseqüentemente, observar essa dicotomia tecnologia, de custos e, provavelmente, de perfil de gestão65. Todavia, além da análise acerca da distribuição dos animais nas diferentes regiões do estado, percebe-se que embora dispersa em praticamente todas as regiões do estado, a atividade ganha destaque em alguns municípios. Dados recentes, disponibilizados (avaliação completa para 2006 e parcial para o ano de 2007) a partir das informações coletadas nas campanhas de vacinação do INDEA-MT, mostram os mesmos municípios como detentores de maiores rebanhos bovinos. A única alteração percebida foi na colocação dos municípios de Alta Floresta e Barra do Garças, tendo este último atingido, em 2007, o segundo lugar.
64
65
Não se realiza, nesse ponto, nenhuma estratificação formal entre pequena, média ou grande propriedade. Todavia, considerando o padrão regional do Centro-Oeste e a existência de muitas propriedades de maior porte, a concentração em propriedades de até 500 cabeças retrata um perfil mais voltado à pequena escala de produção. A tabela com os dados completos encontra-se disponível no Anexo F. Não se pretende, aqui, inferir sobre fatos de forma antecipada à visita a campo; todavia, a disparidade das informações é de tal sorte que há clara indicação de diferenças de perfil de gestão e condução da atividade, com naturais reflexos sobre o manejo, a qualidade sanitária, entre outros itens relevantes.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
260
O ranking apresentado mostra, também, a já descrita representatividade das regiões mais ao norte do estado. No que se refere ao efetivo bovino dentre os 10 municípios destacados, mais de 43% estão localizados nessa região, o que reforça a pertinência da queixa dos produtores a respeito da definição dos recortes das áreas habilitada e não-habilitada para exportação para a Europa. Analogamente, as Tabelas 8.2 e 8.3 mostram que a concentração do efetivo bovino distribui-se de forma aproximada à observada para o número de propriedades, com poucas exceções.
Tabela 8.2 – Distribuição percentual dos 10 principais municípios mato-grossenses hierarquizados em termos de efetivo bovino – 2006 a 2007
Região de referência Barra do Garças Alta Floresta São Félix Rondonópolis Juína Cáceres Lucas do Rio verde Cuiabá Barra do Bugres Sinop Total*
2006
Ranking 2006
14,00 16,00 9,00 10,00 8,00 19,00 7,00 9,00 5,00 3,00 100,00
3.º 2.º 5.º 4.º 7.º 1.º 8.º 6.º 9.º 10.º
2007 14,76 13,00 11,00 11,00 8,77 18,00 7,28 8,83 4,82 2,55 100,00
Fonte: INDEA-MT (2007). * Refere-se ao total do efetivo bovino dos 10 principais municípios do estado.
Ranking 2007 2.º 3.º 5.º 4.º 7.º 1.º 8.º 6.º 9.º 10.º
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
261
Tabela 8.3 – Relação dos 15 principais municípios mato-grossenses, ranqueados em termos de número de propriedades produtoras de gado – 2006
Municípios (região de planejamento) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Confresa (Vila Rica) Cáceres (Cáceres) Alta Floresta (Alta Floresta) Juína (Juína) Vila Rica (Vila Rica) Pontes e Lacerda (Cáceres) Juara (Juara) Nova Canaã do Norte (Alta Floresta) Vila Bela da Santíssima Trindade (Cáceres) Santo Antonio do Leverger (Cuiabá) Aripuanã (Juína) Porto Esperidião (Cáceres) Água Boa (Barra do Garças) Paranatinga (Rondonópolis/Sinop) Barra do Garças (Barra do Garças)
N.º propriedades 4.970 3.006 2.131 2.021 1.753 1.713 1.698 1.663 1.564 1.432 1.250 1.080 1.059 1.047 743
Fonte: INDEA-MT (2007).
No que se refere à média de animais por propriedade, segundo dados do INDEA-MT, as maiores concentrações de animais/propriedade encontram-se nos municípios situados nas regiões de Barra do Garças, Barra do Bugres, Lucas do Rio Verde e Cáceres. Como dito anteriormente, embora a média regional destaque o perfil característico do estado – propriedades de até 500 animais – há algumas discrepâncias entre os dados locais e a média, com destaque para os municípios de Juína e Juara, que não aparecem em destaque na Tabela 8.4, mas possuem grandes propriedades.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
262
Tabela 8.4 – Evolução da média de animais por propriedade em regiões selecionadas – 2002 a 2005
Alta Floresta Barra do Bugres Barra do Garças Cáceres Cuiabá Juína Lucas do Rio Verde Rondonópolis São Félix do Araguaia Sinop Média geral
2002
2003
2004
2005
217 253 398 274 245 216 326 292 248 173 262
205 418 279 287 234 236 317 300 249 221 267
188 210 420 297 182 227 275 237 222 183 242
188 194 398 260 170 202 247 236 239 201 231
Fonte: INDEA-MT (2007).
Destaque-se, aqui, que no levantamento primário realizado, não foram observadas modificações importantes quanto ao grau de concentração do setor. De acordo com os entrevistados, houve pouca movimentação de compra e venda de propriedades e apenas onde a cultura da cana-de-açúcar expandiu-se de forma mais que proporcional foram percebidos movimentos de arrendamento acima da média usual. Os entrevistados consideram esse movimento natural, na medida em que alguns produtores, muito descapitalizados, encontram no arrendamento de suas propriedades uma alternativa viável, principalmente nas regiões que a expansão dessa cultura é crescente e sustentável. As dificuldades de manutenção das propriedades, ressaltam os pecuaristas, compromete a sobrevivência do pecuarista, que prefere ceder seu empreendimento a outra atividade do que ter que “vender aos poucos” a propriedade.
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263
8.5.2. Disponibilidade e qualidade das vias de escoamento da produção No que se refere à disponibilidade e qualidade da infra-estrutura de escoamento disponível no estado, é notória queixa dos produtores matogrossenses, não apenas dos pecuaristas. Em períodos recentes tem havido grande movimentação de produtores rurais, com o apoio de diferentes instituições no estado, para mobilizar esforços em melhoria da qualidade das estradas de acesso e escoamento. Segundo reportagem recente, disponibilizada pelo Conselho Federal de Economia (COFECON), os prefeitos dos municípios que compõem o chamado
“Nortão”
de
Mato
Grosso66,
acompanhados
por
diferentes
representantes locais, reuniram-se, no dia 9 de fevereiro de 2007, em Sinop (500 km ao norte de Cuiabá), com o objetivo principal de discutir reivindicações relacionadas à infra-estrutura. De fato, não apenas essa região, mas todo o estado carece de infraestrutura adequada ao escoamento. Diferentes estudos e levantamentos institucionais mostram que não somente a qualidade e disponibilidade da rede rodoviária são insatisfatórias, mas também há carência de modais mais adequados e de melhoria da inteligência logística de escoamento da produção (Figura 8.11). Em Mato Grosso, as rodovias federais compreendem as principais vias de escoamento e integração, cujo tráfego é formado por 70% de veículos pesados. Uma das principais alternativas é o transporte rodoviário, com destaque para a utilização das rodovias MT 235, BR 364 (que liga o Acre ao Estado de São Paulo) e BR 163 (que liga o Pará ao Rio Grande do Sul)67.
66
A região conhecida por “Nortão” é composta por 38 municípios localizados ao norte do Estado de Mato Grosso, com uma área de aproximadamente 255 mil km2. Responde por um terço da produção de soja, milho, arroz e algodão produzidos no estado, além de contar com um rebanho bovino de aproximadamente 7 milhões de cabeças (COFECON, 2007). 67 Outros mapas ilustrativos encontram-se no Anexo E deste documento.
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BR 163
BR 364
Fonte: SEPLAN-MT (2007). Figura 8.11 – Infra-estrutura rodoviária no Estado de Mato Grosso – 2005.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
265
Uma alternativa seria o transporte rodoferroviário, com a utilização da BR 36468, a Ferronorte e a Ferroban, do grupo Brasil Ferrovias. Entretanto, não existe a cultura desse perfil de escoamento para produção pecuária69, o mesmo ocorrendo para as propostas multimodais, pródigas em minimização de custos. Uma terceira via seria o uso do transporte rodo-hidroviário, utilizado atualmente para escoar a produção de grãos do norte do estado, utilizando a BR364 até Porto Velho (RO) e, em seguida, a hidrovia do rio Madeira até Itacoatiara (AM); entretanto, mantém-se a carência de estrutura e perfil desse padrão de escoamento para a pecuária, a despeito de suas descritas vantagens em termos de custo70. De acordo com ABAG (2002, p. 4), Outro ponto importante relacionado à Hidrovia do Madeira é a estratégica inversão no tradicional sentido do escoamento da produção para os mercados internacionais. Antes do uso dessa via, a maioria do fluxo da exportação se processava através de malha rodoviária (BRs 163/364), percorrendo mais de 2.000 km, com destino aos mercados do Sudeste e do Sul do País, ou aos Portos de Santos e de Paranaguá. O uso do sistema multimodal voltado para a Hidrovia do Madeira reduz em 50% os custos de transportes. Por outro lado, no sentido inverso do fluxo de exportação (ou seja, no frete de retorno), são transportados fertilizantes que chegam às fazendas com preços reduzidos em até US$ 40,00 por tonelada, por conta da redução das distâncias e dos custos de transportes.
Além da carência de malha viária de qualidade, é preciso considerar as distâncias. O Estado de Mato Grosso possui grande extensão territorial: são 141 municípios distribuídos em 903.357,908 km2. Comparativamente aos demais estados da região centro-oeste, sua malha viária é exígua, a despeito das grandes distâncias entre os principais pólos de produção agropecuária e a Capital e portos de escoamento da produção (Tabelas 8.5 e 8.6).
68
69 70
Destaque-se que, o principal eixo viário da região Centro-Oeste, a BR-364, representa a mais importante via de integração entre o Sudeste, o Centro-Oeste e o Norte do País, e contribui decisivamente para a consolidação dos principais núcleos urbanos do Mato Grosso: Cuiabá e Rondonópolis. A partir dessa via, esses núcleos se conectaram com Rondônia e Acre e com o Triângulo Mineiro, respectivamente (ABAG, 2002). Levantamento realizado pelo Ministério dos Transportes não indica qualquer demanda dessa natureza nos últimos três anos. Em 2007, o Estado do Pará tornou-se importante exportador de boi gordo em pé, por via marítima, o que demonstra a alta competitividade em custos do modal. Além do mais, não se pode desconsiderar o fato de MT ter importantes rios com potencial de navegação.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
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Tabela 8.5 – Distâncias entre o município-sede e Cuiabá, em km
CUIABÁ – municípios-sede Cuiabá - Alta Floresta Cuiabá - Barra do Garças Cuiabá - Cáceres Cuiabá - Diamantino Cuiabá - Juara Cuiabá - Juína Cuiabá - Rondonópolis Cuiabá - Sinop Cuiabá - Sorriso Cuiabá - Tangará da Serra Cuiabá - Várzea Grande Cuiabá - Vila Rica
km 819 509 216 412 800 724 216 506 423 246 9 1.253
Fonte: DNIT (2007). Nota: As distâncias foram estimadas pelos padrões de uso regular da rede rodoviária. Atualmente, segundo informações do DNIT, vários trechos estão em obras ou sem uso, devido às condições precárias, o que implica alteração das quilometragens aqui apresentadas.
Tabela 8.6 – Distância entre Cuiabá e os principais portos de escoamento da produção mato-grossense, em km
CUIABÁ – portos Cuiabá - Imbituba (SC) Cuiabá - Itajaí (SC) Cuiabá - Paranaguá (PR) Cuiabá - Rio de Janeiro (RJ) Cuiabá - Santos (SP) Cuiabá - São Luís (MA) Cuiabá - São Paulo (SP)
km 2.061 1.894 1.774 1.998 1.713 2.956 1.641
Fonte: DNIT (2007). Nota: As distâncias foram estimadas pelos padrões de uso regular da rede rodoviária. Atualmente, segundo informações do DNIT, vários trechos estão em obras ou sem uso, devido às condições precárias, o que implica alteração das quilometragens aqui apresentadas.
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Naturalmente, é preciso que se façam alguns destaques, principalmente ressaltando a heterogeneidade das condições de escoamento. Embora seja clara a precariedade média das estradas no Estado de Mato Grosso, há trechos em boas condições, sobretudo na região localizada em torno do município de Rondonópolis. Por outro lado, a partir de proximidades de Tangará da Serra, as vias ficam bastante comprometidas, intercalando trechos de boa qualidade com outros, praticamente intransitáveis. No que tange aos esforços pela melhoria desse cenário, existe extenso conjunto de informações nos sites ministeriais e de órgãos adjuntos, que descrevem detalhadamente as recentes atuações governamentais para melhoria das condições das estradas em âmbito federal. Todavia, ainda há dúvidas quanto à adequação dessas propostas e, ao mesmo tempo, questiona-se a necessidade real da expansão da rede em detrimento da melhoria da qualidade das rodovias e da implantação de sistemas multimodais de escoamento. Na Figura 8.12 são mostradas as principais obras em andamento no Estado de Mato Grosso: uma rápida comparação dessas informações com a visualização da malha rodoviária (Figura 8.11) destaca claramente a condição precária das rodovias, em áreas de importante produção agropecuária.
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Fonte: Ministério dos Transportes (2007). Figura 8.12 – Infra-estrutura rodoviária em atendimento para obras de manutenção e emergência no Estado de Mato Grosso.
Há que se ressaltar, também, os problemas de tráfego. De acordo com os levantamentos primários realizados, esse é um problema importante, que penaliza não apenas os produtores, mas toda a cadeia produtiva. De acordo com os pecuaristas, os problemas viários (qualidade e tráfego) pioram as condições de transporte dos animais e, quanto maior a distância percorrida entre a propriedade e o frigorífico, maiores as perdas estimadas nesse processo. Como o ônus das perdas ocorridas no transporte fica sob a responsabilidade do produtor (vide questão da toalete), os produtores do centro-norte mato-grossense queixam-se de serem mais penalizados que os localizados em regiões mais próximas aos centros de abate e escoamento para os centros consumidores.
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Aliás, na percepção desses entrevistados, a penalização é múltipla: eles sofrem com o deságio do frete; perdem com os problemas de transporte por ocasião da toalete dos bovinos; arcam com maiores custos de produção, já que os insumos chegam mais caros à região; e, em adição, por estarem em região nãohabilitada, sofrem retração no preço da arroba. Essa queixa também encontra espaço entre os pecuaristas localizados na região de Cáceres (e seu entorno). Na região, não apenas a precariedade das estradas é destacada, mas também a inexistência de propostas de escoamento – mesmo rodoviário – que contemplem os problemas naturais das cheias em parte importante do ano. Uma vez que alguns desses produtores também não estão em regiões habilitadas, o discurso da múltipla perda mantém-se embora, nesse caso, haja unanimidade em relação ao fato de os insumos não chegarem a comprometer (por causa do frete) a continuidade da produção pecuária. Para além dessas questões existem, naturalmente, argumentos que envolvem preferências políticas e pressão por parte dos pecuaristas. Entretanto, como o levantamento primário dos dados para a realização do diagnóstico necessitou de deslocamento efetivo da equipe, pôde-se confirmar, de fato, que as queixas são procedentes e que é preciso que se estabeleça algum tipo de atendimento emergencial aos produtores do norte e leste do estado. Ainda em relação ao escoamento, uma referência adicional deve ser feita: a dificuldade de fiscalização acerca da qualidade do transporte de animais no estado. Há poucos dados formais (institucionais) sobre esta questão, mas existem informações individuais que remetem à dificuldade (principalmente por problemas relacionados à carência de técnicos) de se manter sob controle todo o trânsito de animais no estado. Não se fala, aqui, apenas em termos do deslocamento envolvendo as naturais preocupações sanitárias, mas sim a respeito da qualidade dos veículos, acondicionamento dos animais, dentre outras questões relevantes à qualidade da carne. Este não é, naturalmente, um problema
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exclusivo de Mato Grosso, sendo um entrave nacional ao desenvolvimento do setor. Segundo Ciocca et al. (2006, p. 1), a grande maioria dos animais destinados ao abate é transportada em caminhões por rodovias. A rede de rodovias no Brasil tem mais de 1,6 milhões de quilômetros, sendo 1,3 milhões de rodovias municipais, 230 mil de rodovias estaduais e 73 mil de rodovias federais. Apenas 10% das rodovias federais são pavimentadas. De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT, 2006), apenas 11% das rodovias pavimentadas estão em ótimas condições e 17% em boas condições.
No caso de Mato Grosso, especificamente, os produtores localizados nas regiões mais ao norte são unânimes em afirmar que o modelo atual não consegue atingir o padrão ideal de fiscalização. Destacam, inclusive, que não se trata de incapacidade técnica ou falta de esforço das instituições, mas da incapacidade de atendimento e da precariedade de aparato infra-estrutural para essas mesmas instituições. Segundo os pecuaristas entrevistados – e aqui se estende a assertiva para todo o estado – o modelo de gestão do controle não é eficiente. Há necessidade de serem modernizados os serviços e aprimorados os sistemas, para facilitar o controle das bases de dados e mesmo a movimentação adequada dos animais. As perdas decorrentes da não observação dos procedimentos adequados de manejo dos animais para embarque, e no próprio transporte, são tão efetivos que a quantidade de pesquisas sobre o tema é vasta. De acordo com Pereira (2006), “em relação ao embarque de animais, o que ocorre na maioria das vezes nesta etapa é que os responsáveis por embarcar os animais nos caminhões de transporte não têm nenhum conhecimento acerca dos princípios básicos do bemestar”. Ademais, segundo Filho e Silva (2004), é comum a utilização de ferrões ou choques elétricos (que comprometem a qualidade da carcaça), durante o processo “forçado” de condução e entrada dos animais no caminhão de transporte. Ainda segundo o autor, o transporte é considerado o evento mais estressante para bovinos. Na maioria dos países produtores de carne bovina, os caminhões são as principais formas de transporte dos bovinos para o abate. Após o embarque, é importante que se observem os animais transportados até o abatedouro, neste ponto é necessário que se atente para aspectos como: a densidade de carga do caminhão, tempo de viagem até o abatedouro (horas), tempo de restrição alimentar e de água,
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condições ambientais da viagem (temperatura, UR% e velocidade do vento) e condições das rodovias (trepidações e solavancos).
Em estudo recente, Braggion e Silva (2004), constataram que o transporte representou a segunda maior causa de lesões em carcaças, “devido à alta densidade de carga associada com maior reação de estresse, risco de contusão e números de quedas. As outras causas (chifradas, coices, pisoteio, tombos etc.) normalmente estão ligadas a problemas de manejo”. É certo que há um conjunto expressivo de estudos disponíveis sobre o tema, não apenas em termos da identificação dos problemas – já conhecidos – mas também com sugestões interessantes e propostas alternativas de manejo. O fato é que é preciso considerar efetivamente essas pesquisas, uma vez que a tendência de requisitos, ao lado da exigência pelo rastreamento dos animais, é a de que se tenha controle do nível de estresse pré-abate, com efeitos positivos sobre a qualidade da carne ofertada. Essa realidade é evidente, principalmente no mercado europeu, onde se organizam grupos de relatores com vistas a providenciar – não de forma normativa, mas regulamentar – os limites de PH na carne, além das questões envolvendo o abate mais zeloso e menos sofrido dos animais. Considerando que o mercado europeu é predominante nas exportações de carne bovina matogrossense, a melhoria da qualidade do embarque e transporte dos animais traria efeitos positivos para todos os agentes envolvidos na atividade de bovinocultura de corte71. 8.5.3. Especificidades da caracterização fundiária mato-grossense Ainda no quesito estrutura de mercado no segmento de produção animal, é preciso levar-se em conta as especificidades do Estado de Mato Grosso em termos fundiários. Por abrigar um número expressivo de Reservas Indígenas
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Esse problema de qualidade poderia ser minimizado se os frigoríficos tivessem maior rigor no processo de dieta hídrica pré-abate.
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(Figura 8.13) e Unidades de Conservação (Figura 8.14), boa parte dos manejos tradicionais cede espaço a ações e tecnologias mais específicas. Esse é, aliás, um dos subfatores que mais claramente exige análise segmentada entre as sub-regiões de análise. As condições são muito distintas não apenas em relação às reservas, mas, também, quanto aos ecossistemas sensíveis. No caso das reservas indígenas, observa-se (Figura 8.13) que a maior concentração ocorre ao norte do estado, distribuindo-se de maneira não uniforme nas regiões leste e oeste de Mato Grosso. Como conseqüência, o posicionamento dos entrevistados foi diverso em relação às reservas. No Pantanal, os pecuaristas afirmaram não haver nenhum problema dessa natureza, até mesmo porque a incidência de reservas é baixa. Já nas regiões de Cáceres e Centro-sul, segundo avaliação dos entrevistados, a relação dos pecuaristas com os índios não é boa, comprometendo a competitividade do segmento produtivo. Foram citados episódios em que houve necessidade de mobilização institucional, e os pecuaristas declararam não haver confiança entre as partes: há desconfiança em relação a roubo de animais, ao controle efetivo da vacinação dos rebanhos, no que se refere à possibilidade de entrave ao escoamento da produção, entre outras questões. Foi nas regiões norte e leste, no entanto, que esse tema provocou maior desconforto. Embora já fossem esperadas maiores manifestações contrárias, pela própria localização espacial das reservas, as queixas dos produtores foram bastante enfáticas. Unanimemente, os pecuaristas dessas regiões afirmaram que as preocupações são muitas e de variada natureza. Os atritos com os índios chegam, em alguns casos, a embates efetivos, onde a presença policial e institucional é frequentemente requisitada. Vários relatos de interrupção (ocupação) de estradas foram feitos e, segundo os entrevistados a prática da cobrança de pedágios pelos índios chega a ser regular. Esse relato também é feito por produtores rurais de outros estados, com destaque para o Mato Grosso do Sul e Pará e reforçado por agricultores, além dos pecuaristas.
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Fonte: SEPLAN-MT (2003). Figura 8.13 – Distribuição espacial das reservas indígenas em Mato Grosso.
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É fato que em algumas regiões, apesar do pedágio, existe boa convivência. Em Chapadão do Parecis, numa das principais vias de escoamento, o pedágio é cobrado nos dois sentidos, mas esta é, na percepção do grupo “a única fonte de renda dos índios”. Em outras regiões, entretanto, as relações são mais tensas. Recentemente, índios de sete etnias bloquearam a ponte do rio Juruena, na MT-170, por três dias (entre 31 de maio e dois de junho de 2007). Um grupo de aproximadamente 30 índios esteve no mesmo local, a 60 km de Juína. De acordo com informações disponibilizadas pela imprensa estadual, o bloqueio que começou por volta das 17 horas gerou um congestionamento de dezenas de carretas e caminhões de ambos os sentidos da rodovia. O argumento indígena reside no fato de que, sabedores de que o escoamento da produção é fundamental e que seu impedimento gera um ônus expressivo, os embates em torno das redovias cria espaço para a negociação de pleitos ainda não atendidos. Outro caso que retrata essa alternativa foi o “levante” em Tangará da Serra, no qual os índios manifestaram-se ostensivamente, tendo por argumento central a necessidade de melhores condições de atendimento médico e nutricional. De fato, as condições são precárias – afirmam os produtores entrevistados – mas a percepção coletiva é que a produção pecuária (privada) não pode arcar com os custos de problemas de gestão pública. Além disso, segundo os pecuaristas entrevistados, existem outros problemas. Apesar dos esforços e da divulgação das ações de vacinação (sobretudo da aftosa), os produrores não confiam totalmente no processo. Segundo os relatos coletados, nem sempre o rebanho é deixado à mostra, porque algumas cabeças de gado não são de propriedade dos índios e, portanto, devem ser mantidas a distância. Sem entrar efetivamente no mérito dessa discussão, ampla, densa e complexa, o fato é que a preocupação existe e a tensão é evidente entre as partes.
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Há, também, preocupação com o avanço dos assentamentos. Mais uma vez, as queixas dividem-se: há os fatores relacionados à sanidade dos animais nesses locais, as queixas relativas ao não atendimento dos assentamentos dos requisitos de reservas legais, cumprimento das normas relativas às Áreas de Preservação Permanente e os riscos de embates entre produtores e assentados. De acordo com o levantamento primário, no caso dos controle do desmatamento (atendimento à regulamentação ambiental) não existe fiscalização regular. A visualização dos pecuaristas, nesse caso, é corroborada por algumas pesquisas. De acordo com trabalho recente, 132 assentamentos de Rondônia, por exemplo, devastaram 71% de suas florestas, que originalmente ocupavam 41.860 quilômetros quadrados. O mesmo estudo mostra que Mato Grosso vem em terceiro lugar, com 48% de destruição em 34.766 km2 de glebas. No que se refere aos ecossistemas sensíveis, esse é um problema estrutural, de difícil superação, segundo os entrevistados. Na percepção destes, o que é preciso é a mudança na perspectiva de atuação: não se deve brigar com a natureza; é preciso aprender a conviver com ela. Na prática da pesquisa de campo realizada, os produtores localizados no Pantanal e nas regiões Norte e Leste foram os que mais expressaram essa necessidade. Na Figura 8.14 é mostrada a distribuição das reservas e dos ecossistemas sensíveis no Estado de Mato Grosso. Embora não se destaque, na Figura 8.14, a existência de regulamentação específica (reservas) em número mais que proporcional na região do Pantanal, é certo que existem importantes demandas por parte dos produtores. O regime das chuvas e a peculiaridade dos manejos, que não podem ser os mesmos utilizados em regiões menos sensíveis, inviabilizam práticas tradicionais e aumentam os custos. No caso das regiões ao norte do estado, o fator de entrave reside na modificação da reserva legal e nas atuais exigências da Legislação Ambiental Única (LAU) que modificaram os padrões originalmente utilizados pelos produtores rurais. Esse tema, bastante complexo, será mais bem tratado por
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ocasião das discussões sobre o Ambiente Institucional da cadeia produtiva, sob a perspectiva do produtor.
Fonte: SEPLAN-MT (2003). Figura 8.14 – Distribuição espacial das unidades de conservação em Mato Grosso – 2003.
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8.5.4. Organização dos produtores A baixa organização dos produtores rurais é um problema recorrente no meio rural brasileiro, e permeia de forma ostensiva as mais diferentes atividades produtivas. Ainda nos modelos em que a adesão é praticamente compulsória – caso dos sindicatos rurais – a freqüência às reuniões é pequena e a atuação pouco positiva. Em Mato Grosso, observou-se que a participação dos pecuaristas junto às suas entidades representativas é pouco expressiva, sendo recorrente o reconhecimento de que a desorganização tem efeitos perniciosos em toda a cadeia produtiva, sendo os pecuaristas os principais atingidos. Segundo os entrevistados, de forma comparativa, os pecuaristas são ainda mais desarticulados e agem com maior individualismo que outros produtores rurais. Os entrevistados creditam esse comportamento a fatores históricos e culturais de difícil modificação; todavia, há consenso em termos da disposição por participar de ações concretas que minimizem esse problema. Para os pecuaristas entrevistados, esse quadro tende a modificar-se porque os produtores estão percebendo, cada dia mais, que a baixa organização prejudica o poder de negociação da categoria. Entre as regiões visitadas, predominou a avaliação bastante negativa das atuais condições de organização. Merecem ressalva, contudo, a região de Rondonópolis e o norte do estado. No caso de Rondonópolis, segundo os entrevistados, a ação efetiva do Sindicato tem auxiliado na mobilização dos pecuaristas. No norte, por sua vez, a percepção é de que as dificuldades comuns têm criado espaço para maior aproximação entre os bovinocultores. Isso, contudo, não invalida a percepção geral de que são necessários esforços para a melhoria da organização dos pecuaristas do estado. Essas medidas, na visão dos entrevistados, devem iniciar por uma revisão dos modelos de relação entre os sindicatos e os produtores e passar por um levantamento sobre
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os fatores capazes de motivar e, ou, desmotivar os pecuaristas quanto à adição de práticas de coordenação entre eles.
8.6. Gestão A gestão da atividade pecuária, no Estado de Mato Grosso, foi praticamente inexistente, mesmo no que se refere aos procedimentos mais elementares. Naturalmente, cada produtor entrevistado descreveu a forma como conduz suas atividades, mas em nenhum momento foi observado o uso regular de instrumentos de gestão. Em termos formais este foi, inclusive, o direcionador que recebeu a pior avaliação, entre todos os analisados no segmento de produção de pecuária de corte. Foram considerados, na composição deste direcionador, os seguintes subfatores: disponibilidade e qualidade da mão-de-obra, controle de custos de produção e capacidade de investimento, gestão da rastreabilidade e certificação, e controle zootécnico e de pastagens. 8.6.1. Disponibilidade e qualidade da mão-de-obra Existe, em Mato Grosso, relativo consenso quanto à falta de qualificação do trabalhador em atividades agropecuárias; todavia, em uma visão mais ampla, percebe-se que essa é uma preocupação de diversos outros setores. Essa carência de qualificação resulta em um paradoxo, apontado em diferentes artigos: enquanto as empresas muitas vezes “importam” trabalhadores de outras regiões, no estado, muitos profissionais necessitados de colocação profissional não conseguem emprego. No caso da atividade pecuária, o panorama levantado não foi diferente. Em todas as regiões, os pecuaristas queixaram-se da falta de qualificação dos profissionais disponíveis – sobretudo para as atividades técnicas – quando não a própria disponibilidade de mão-de-obra.
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Nas regiões norte-nordeste e leste, adicionaram-se as queixas sobre a disponibilidade, sobretudo no caso das atividades gerenciais. De acordo com os entrevistados, há pouco conhecimento prático, sendo freqüente a sensação de que mesmo os técnicos têm dificuldade em lidar com as peculiaridades do estado. Questionados sobre a atuação do SENAR no Estado de Mato Grosso, a maior parte dos entrevistados (principalmente os do centro-sul) foram pródigos em elogiar a atuação desta instituição; entretanto, na região de maior carência o SENAR não foi lembrado da mesma forma. É certo, contudo, que os entrevistados afirmaram que o problema da capacitação não está localizado nas instituições de apoio: muitas vezes há baixa articulação por parte dos sindicatos, para estruturarem as listas de demanda por treinamentos; a adesão é baixa e, às vezes, o próprio pecuarista esquiva-se de liberar o funcionário em dias de treinamento. Assim, o que se observa é que um conjunto de fatores responde pela precariedade das condições de oferta e qualidade da mão-de-obra no Estado. Por finalidade didática, destacam-se, a seguir, os fatores tidos como mais relevantes: a) Dificuldade em manter o jovem (quase sempre filho de funcionários da fazenda) motivado para a prática da atividade pecuária: mais de um entrevistado ressaltou a preocupação com a crescente urbanização desses jovens, que preferem remunerações inferiores à capacitação para a atuação nas atividades rurais. Por tratar-se de problema multifacetado, que envolve aspectos socioculturais, de formação familiar e ordem econômica, os pecuaristas não se sentem à vontade para lidar com a situação e, embora se preocupem, preferem, a princípio, a contratação de mão-de-obra de outras regiões. No entanto, todos os entrevistados mostraram-se dispostos a investir em ações que objetivassem minimizar esses problemas. b) Carência de oferta local de mão-de-obra qualificada: essa foi uma assertiva mais vigorosa nas regiões norte-nordeste e leste. No entanto, foi citada em outras regiões, como o Pantanal.
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c) Falta de qualificação: como já destacado, os pecuaristas afirmam que a qualidade da mão-de-obra está aquém do desejado. No caso dos serviços que requerem maior competência técnica (zootecnistas, agrônomos, veterinários, gestores), a ausência é ainda mais significativa. Segundo a visão dos produtores rurais entrevistados, seria importante ampliar o leque de cursos técnicos no interior do estado, como forma de aumentar a oferta local de trabalhadores. 8.6.2. Controle dos custos de produção e capacidade de investimento A gestão agropecuária é, atualmente, um dos pontos mais relevantes na construção da competitividade de uma cadeia produtiva. De acordo com Gonçalves (2006, p. 1), a gestão da agropecuária moderna converteu-se na prática de gestão financeira na sua plenitude, inclusive incorporando rentabilidades das aplicações nos períodos de sobras de caixa. Não faz mais sentido o clássico sistema de gestão, com base nos antigos custos de produção que pouco dizem sobre a realidade.
De fato, ainda são freqüentes as reduções das práticas de gestão à análise e enquadramento dos custos da propriedade; todavia, ao que se percebeu no Estado de Mato Grosso, nem mesmo os procedimentos mais tradicionais vêm sendo colocados em prática. No levantamento primário, foi freqüente a menção ao chavão “o controle de custos é no canhoto do cheque”, descrição que evidencia a distância do acompanhamento das despesas da atividade. Diversos autores têm se movimentado na tentativa de melhor compreender a origem da resistência dos agricultores em atentar para a legitimidade e pertinência de se aprimorar o processo de gestão nas propriedades. Machado et al. (2006, p. 2) destacam que “para que o empreendimento rural seja bem sucedido, é necessário que o controle e o planejamento da produção incorporem, além da tecnologia utilizada no processo de produção, o uso de técnicas de gestão administrativas”. Ainda segundo os autores, entre os fatores que contribuem para a falta de controle do processo de produção, destacam-se as
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variáveis climáticas, os baixos níveis tecnológico e educacional dos produtores, além da distância geográfica entre os agentes de uma cadeia produtiva. Nas diferentes regiões do estado, a pesquisa de campo comprovou a necessidade urgente de aprimoramento dos processos de gestão da atividade pecuária. É importante ressaltar que havia a expectativa de que fossem encontradas diferenças significativas no controle de custos das propriedades entre regiões e chegou-se mesmo a considerar que os agentes entrevistados seriam parâmetros distorcidos, já que foram identificados como relevantes à cadeia. Todavia, salvo duas menções, todos afirmaram que em suas regiões de origem (eles inclusos) a prática do controle organizado dos custos de produção não era regular. Considerando que a capacidade de investimento depende diretamente da observação organizada das condições econômico-financeiras da atividade e do potencial de inserção no mercado, a ausência de controle interno reprime a capacidade de investimento. Somando-se a esse fato a vigência de intensa crise para o setor, o resultado esperado – e que se confirmou – foi a flagrante descapitalização dos pecuaristas mato-grossenses. De fato, é importante lembrar que o produtor rural de hoje precisa tornarse um empreendedor capacitado. As próprias tomadas de decisão sobre a produção devem lastrear-se em variáveis múltiplas (preço corrente, previsão de safra e estoques, condições de concorrência, cotação a futuro) e, para tanto, é necessário que o pecuarista tenha informações consistentes que o auxiliem. Ainda se tem por distante a perspectiva de uso regular – na pecuária – de softwares de apoio à tomada de decisão, desenvolvidos de forma particularizada. Todavia, não se deve perder de vista que ações concretas nascem da percepção de que a eficiência de uma atividade expande-se de maneira mais que proporcional, se criadas condições para tal. Ainda que se considere a perspectiva otimista dos produtores de Mato Grosso, que julgam já ter superado a crise em sua fase mais aguda, não se pode esperar por nova crise. É justamente no momento que as condições tornam-se um
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pouco favoráveis que se cria espaço para a construção (ou uso) de instrumentos de apoio à gestão rural que permitam ao produtor ampliar sua rentabilidade. 8.6.3. Gestão da rastreabilidade e certificação A rastreabilidade é, conforme mencionado anteriormente, uma prática que permite acompanhar o processo de fabricação de um produto através de registros e base documental. Em Mato Grosso, no segmento de produção de bovinos de corte, a prática da rastreabilidade ainda encontra-se aquém do desejável: do ponto de vista técnico, o país dispõe de regulamentação específica para o setor; todavia, a capacitação para a prática da rastreabilidade é quase incipiente. Do ponto de vista da gestão, a rastreabilidade pode ser o passo inicial para o pecuarista sistematizar os fatores de produção, tanto do ponto de vista de custos como de desempenho produtivo e zootécnico dos animais. Em praticamente todas as entrevistas realizadas, ficou claro, de um lado, o conhecimento sobre os requisitos e, de outro, a baixa motivação dos produtores. Na realidade, o argumento central reside na necessidade de atendimento aos mercados consumidores mais exigentes; todavia, a não conscientização leva a práticas espúrias, capazes de inviabilizar anos de esforço coletivo. Em recente reportagem divulgada em Cuiabá (setembro de 2007), noticiou-se que a identificação de irregularidades nos procedimentos de rastreabilidade por parte de alguns frigoríficos, com a conivência de pecuaristas, poderá chegar a comprometer as exportações de todo o estado. No momento que Mato Grosso prepara-se para pleitear a inclusão das regiões não habilitadas para exportação junto ao comitê de avaliação europeu, esse fato, aliado ao descredenciamento de várias certificadoras, põe em cheque as reais condições estaduais de atestar a qualidade da carne exportada. Deve-se lembrar que a exclusão do estado como potencial exportador para a União Européia compromete o país como um todo e cria sinalizações
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capazes de retrair ainda mais o preço pago pela carne brasileira no mercado internacional. Será preciso, e urgente, um grande esforço de reversão do impacto desse fator de risco, para que se possa criar espaço para a negociação em bases tranqüilas e imparciais. No caso da certificação, embora os procedimentos de gestão estejam igualmente abaixo do desejável, os impactos são menores por se tratar de atendimento a requisitos específicos. Várias demandas somam-se às da rastreabilidade, sobretudo as de ordem ambiental, e assim os produtores sentemse cada vez mais pressionados à adoção de certificações. No entanto, os custos associados a esses procedimentos e a não extensão do aceite (nem sempre uma certificadora exigida em um país é aceita em outro) praticamente inviabilizam as eventuais vantagens comerciais (a ampliação das vendas externas). 8.6.4. Controle zootécnico e de pastagens Ainda são muitas as lacunas observadas no controle zootécnico e de pastagens em Mato Grosso; entretanto, os produtores possuem clara percepção das vantagens que a adoção de controles mais severos traria para a atividade e,conseqüentemente, para sua rentabilidade. Já foi tratado, neste documento, o problema relativo à tecnologia disponível para a melhoria dos índices zootécnicos e da qualidade das pastagens, todavia, a adoção das práticas recomendadas não é regular. Há, de fato, um importante argumento relacionado à descapitalização; no entanto, a pesquisa de campo mostrou que o problema é mais amplo. No caso das pastagens existe, de fato, um problema ainda sem solução: o da morte súbita das pastagens. Já têm sido realizadas várias pesquisas acerca do assunto pelo escritório da Embrapa localizado em Campo Grande-MS; entretanto, ainda não se pode dizer que esta é uma questão finalizada. Os prejuízos decorrentes da morte súbita e os dilemas envolvidos na tomada de decisão por uma ou outra alternativa de solução preocupam e oneram os
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produtores rurais. Existe uma solução a vista para a efetiva introdução de leguminosas adaptadas ao sistema de pastoreio, o que com certeza ao se efetivar determinará uma verdadeira revolução na atividade. Já no caso do controle zootécnico, os argumentos são vastos e nem sempre com respaldo técnico-científico. Há pecuaristas que afirmaram preferir este ou aquele padrão de controle sem que tenha havido justificativa prévia (técnica) para isso. Outros se queixam da baixa disponibilidade – ou divulgação – de tecnologias adequadas às realidades locais. De toda sorte, a questão aqui retratada não consiste na adoção, ou não, de tecnologia, mas no pouco controle dos indicadores zootécnicos da propriedade. Percebe-se, claramente, a competência dos pecuaristas quando questionados sobre os principais índices (em termos de médias regionais); entretanto, a indicação foi de que, regionalmente, esse tipo de controle praticamente inexiste, ou seja, o pecuarista não mede e quando mede não armazena os dados de maneira sistematizada.
8.7. Ambiente institucional
Nas análises sobre cadeias produtivas agroindustriais, a observação dos elementos componentes do ambiente onde se colocam os agentes é fundamental, uma vez que as atividades econômicas encontram-se reguladas por um conjunto de normas e leis que determinam seus limites de atuação e criam regras que podem apoiar ou comprometer seu desenvolvimento e competitividade. Esse aparato institucional se desdobra, portanto, em diversos elementos, tendo sido considerados, na construção do direcionador ambiente institucional para o segmento de produção, os seguintes subfatores: política e fiscalização tributária e trabalhista, política e fiscalização ambiental, política comercial, política creditícia, política e fiscalização sanitária, atuação e representatividade das instituições, legislação oficial e regulamentação fundiária.
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8.7.1. Política e fiscalização tributária e trabalhista De modo geral, o levantamento primário sobre a percepção dos empresários acerca da quantidade, qualidade e destinação de recursos originados dos tributos incidentes sobre a atividade econômica é um tema bastante polêmico. O conhecido peso da carga tributária no país é de tal ordem que as queixas são o padrão comportamental mais esperado. Entretanto, essa não foi a característica mais evidente nos relatos dos pecuaristas do Estado de Mato Grosso. No levantamento primário, dois fatores ficaram bem evidentes. Primeiramente, a maioria dos pecuaristas desconhece as alíquotas e, embora se queixe da tributação, não atribui a ela a perda de sua competitividade. Em segundo lugar, há expressivo desconhecimento sobre o perfil de várias taxas impostas ao setor produtivo e, além disso, há verdadeira indignação quanto à falta de transparência dos recursos auferidos. Não houve menção específica a vantagens ou desvantagens fiscais para o desenvolvimento da atividade em Mato Grosso, comparativamente a outros estados. As sugestões, nesse sentido, direcionam-se mais à adequação do perfil creditício, que será tratado oportunamente. No que se refere às taxas e contribuições mais relevantes, foram destacados na análise: Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural (FUNRURAL) Em relação ao FUNRURAL, ficou claro que esse é o recolhimento que mais intriga o pecuarista. Entre todos os questionamentos sobre os percentuais pagos, esse foi o único de conhecimento geral. Na visão dos pecuaristas, o problema não reside especificamente no pagamento do tributo, e sim no seu formato de recolhimento. De acordo com os depoimentos, o valor é sempre recolhido pelos frigoríficos (descontado), mas não há controle do repasse desse recurso. Foi citado, inclusive, que a descrição antes clara nas notas fiscais, atualmente nem
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sempre consta do documento, o que dificulta ainda mais o “controle” e não dá garantias, aos pecuaristas, de que o repasse é feito adequadamente e, ou, completamente. Na realidade, esse é um tema complexo. De acordo com a Assessoria Jurídica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), o Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural (FUNRURAL) foi criado pela Lei n.º 4.214, no ano de 1963. Era um sistema de previdência específico para os trabalhadores da área rural, com benefícios e formas próprias de custeio. O FUNRURAL, nesse modelo inicial, foi extinto em 1977, com a incorporação ao Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), que passou a receber as contribuições devidas sobre a comercialização e a conceder benefícios. Sendo assim, porque ainda é descontada nas notas fiscais porcentagem sobre a comercialização para a previdência? Segundo informações oficiais, aqui transcritas integralmente, “estas contribuições são descontadas e recolhidas, única e exclusivamente, para custear o sistema da seguridade social (saúde, amparo assistencial e previdência social), conforme a Constituição Federal de 1988”. Assim, do produtor rural, pessoa física, deve-se descontar e recolher: 2,0% para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e 0,1% para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT). Já o produtor rural, pessoa jurídica, o recolhimento é de 2,5% para o INSS e mais 0,1% para o SAT. No caso do produtor rural, pessoa física, há ainda o desconto de mais 0,2% como contribuição devida ao custeio do Sistema SENAR, que deverá ser descontado e recolhido pela empresa adquirente, para a Previdência Social no momento em que a produção é comercializada. É exatamente nos pontos relatados (desconhecimento da estrutura do imposto e da destinação) que recaem as queixas dos produtores. Assim, seria importante
construir
estruturas
de
esclarecimento
e,
simultaneamente,
oportunizar maior transparência na destinação dos valores das retenções por parte da indústria frigorífica.
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Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (FABOV) O Fundo de Apoio à Bovinocultura de Corte (FABOV) (Lei n.º 8.432, de 30 de dezembro de 2005), foi criado com o intuito de estabelecer uma base de apoio financeira ao desenvolvimento de ações e projetos visando à melhoria da competitividade da pecuária de corte no Estado de Mato Grosso. A diferença da proposta reside, fundamentalmente, na sua estrutura de gerenciamento: o fundo é administrado por um Conselho Gestor, presidido por um dos membros titulares eleitos, bienalmente, e “composto por representantes do setor a quem compete fixar normas, definir critérios e celebrar convênios para a aplicação dos recursos destinados ao fundo”. No levantamento primário, é explícito o desconhecimento dos produtores sobre o Fundo, até certo ponto compreensível, uma vez que o Fundo foi regulamentado em 2006 e iniciou sua atuação praticamente a partir do último trimestre daquele ano. Alguns poucos afirmaram ter algum conhecimento, mas sem maior aprofundamento. Não houve queixa explícita em relação ao diferimento, mas todos os entrevistados mostraram-se interessados em maior divulgação dos propósitos e ações do Fundo. Fundo Emergencial da Febre Aftosa (FEFA) O Fundo Emergencial da Febre Aftosa é uma entidade civil mantida pelos pecuaristas, indústrias frigoríficas e empresas de leilões, em parceria com os governos federal e estadual, por meio da Delegacia de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (DFA-MT) e do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (INDEA-MT), órgão responsável pela execução do programa de erradicação da Febre Aftosa (FAMATO, 2007).
A constituição do Fundo deu-se pela percepção de que o risco da reincidência da Febre Aftosa no estado era importante, e os prejuízos seriam graves e de difícil composição (a exemplo de eventuais ações de indenização). Os produtores rurais entrevistados foram unânimes no apoio ao Fundo. Não houve queixa no repasse dos valores e foi freqüente o elogio à ação do INDEA-MT. Entretanto, muitos questionaram a real “vocação” do Fundo que,
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embora seja para composição de reserva emergencial, tem financiado sucessivas ações de prevenção. Destaca-se que esse questionamento não criou um ambiente de queixa por parte dos pecuaristas, mas de dúvida sobre o fato de os recursos estarem sendo canalizados fora dos propósitos originais de sua criação. Em outras palavras, qual a distribuição de uso? Permanece a composição de uma base apenas para emergências? Quem delibera sobre a destinação dos valores arrecadados? A quem é feita a prestação de contas e quem responde, em caso de emergência? Essas e outras perguntas foram recorrentes por ocasião da realização das entrevistas e deixam claro que é importante que se amplie, junto aos pecuaristas, a base de esclarecimentos sobre o tema. Fundo Estadual de Transporte e Habitação (FETHAB) O Fundo Estadual de Transporte e Habitação foi criado pela Lei n.° 7.263, de 27 de março de 2000, e, posteriormente regulamentado pela Lei 7.882, de 30 de dezembro de 2002. De acordo com informações da Secretaria de Infraestrutura do Estado de Mato Grosso, o Fundo tem por objetivo “financiar o planejamento, execução, acompanhamento, bem como a avaliação dos serviços nos setores de transporte e habitação em todo o Estado de Mato Grosso”. A arrecadação se dá por meio de imposto, que incide sobre o valor do frete, do diesel e das atividades agrícola e pecuária. Atualmente, segundo a SINFRA, cerca de 30% dos valores arrecadados destinam-se à construção de casas populares e 70% para obras nas rodovias estaduais. A percepção dos pecuaristas sobre FETHAB é tão polêmica quanto a percebida em relação ao FUNRURAL. Há grande queixa, muito mais relacionada à transparência que à efetiva cobrança. Em todas as entrevistas percebeu-se a indignação quanto ao uso efetivo dos recursos que, na visão dos produtores, beneficiam principalmente os residentes no meio urbano. Para eles, o imposto funciona como uma espécie de “repasse encoberto”, uma vez que a
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qualidade das estradas – sobretudo as vicinais – em Mato Grosso, é bastante precária, e, por outro lado, são freqüentes as divulgações de construção de casas populares, asfaltamento de ruas e avenidas urbanas com recursos do Fundo. Representação – Sindicatos e FAMATO A percepção dos pecuaristas em relação à representação – local e estadual é bastante diferenciada. De acordo com o levantamento, o relacionamento com os sindicatos difere muito em todo o estado e adquire, no mais das vezes, caráter pessoal. Assim, quando a equipe que coordena (preside) o sindicato tem características pró-ativas, dinâmicas e de bom relacionamento, os produtores vêm nesse espaço uma liderança importante. Todavia, quando por motivos diversos o grupo de coordenação é disperso, o produtor se queixa do Sindicato. Assim, o problema, ao que se percebe, não está no movimento ou na representação em si, mas nos representantes. Essa constatação, embora não seja inovadora, traz consigo um problema bastante conhecido e de difícil superação: como fazer para que os membros participem mesmo quando a direção não é positiva? E mais, como criar espaço para que o grupo diretor veja, entre os associados, parceiros na busca de vantagens coletivas? Por outro lado, no caso da Federação, a manifestação dos entrevistados foi bastante diversa, afirmando sentirem-se “em casa” quando vão à instituição. Essa
sensação
de
acolhimento
é
muito
importante
porque
constrói,
simultaneamente, espaço para o diálogo e para a participação. Assim sendo, não se pode dizer que o levantamento primário indicou problemas de representação, mas, sim, de organização. A identificação e a mobilização de lideranças reais tornam-se, portanto, fundamentais à melhoria das relações entre os trabalhadores, de modo a criar espaço para o esforço coletivo em torno de problemas comuns. Observa-se que seria interessante o SENAR implementar ações de treinamento e desenvolvimento de jovens lideranças, com o intuito de promover a constante renovação das bases da liderança.
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Quanto à fiscalização, os pecuaristas afirmaram que, do ponto de vista dos tributos, ela segue o padrão regular de observação, não tendo sido apresentadas queixas específicas em relação a um ou outro fator. No caso da legislação e fiscalização trabalhista, percebeu-se, no levantamento primário, bastante desconforto da maioria dos pecuaristas. A principal reclamação reside no fato de que, segundo eles, a ação dos fiscais extrapola os limites legais e compromete injustamente a imagem de vários produtores. Esse fato ficou mais evidente nas entrevistas realizadas com pecuaristas das regiões Norte-Nordeste e Leste, uma vez que as denúncias de trabalho escravo são razoavelmente freqüentes nas regiões. Segundo os entrevistados, unânimes na negativa pelo emprego do termo (trabalho escravo), há relatos reais de exploração de mão-de-obra. Todavia, na maioria das vezes, o que ocorrem são denúncias programadas, feitas por trabalhadores que dividem, a posteriori, recursos com os próprios denunciantes. Nesta pesquisa, não há espaço para investigações dessa natureza ou a perspectiva de conclusões sobre o tema. Entretanto, ficou clara a necessidade de abrir espaço saudável para a discussão do tema, uma vez que é freqüente o tratamento como “tabu”. Alguns entrevistados, inclusive, preferiram tratar do tema discretamente, ainda que nunca tivesses tido problema dessa natureza. 8.7.2. Política e fiscalização ambiental As questões ambientais são o cerne das preocupações legais dos produtores de Mato-Grosso. De acordo com os entrevistados, as modificações recentes na regulamentação e nas exigências criaram espaço para grandes questionamentos. Em Mato Grosso, o Código Florestal (Lei Federal n.º 4.771/65, com as alterações promovidas pela Medida Provisória 2.166-67/01), determina que a reserva legal seja de 80% do imóvel rural em áreas cobertas por florestas
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(incluídas as chamadas florestas de transição) e de 35% nos cerrados72. Atualmente, o sistema vigente no estado permite a fiscalização e o acompanhamento da evolução dos desmatamentos, com posterior cruzamento das informações em bases de dados múltiplas. De acordo com Lima et al. (2005), Mato Grosso implantou em 2000 o sistema de Licenciamento Ambiental em Propriedades Rurais (SLAPR), que utiliza informações derivadas de sensores orbitais, bases cartográficas e de informações de campo gerenciadas e, ou, processadas por softwares de geoprocessamento e por gerenciadores de bancos de dados espaciais. O sistema tem por objetivo o controle das atividades de desmatamento e a regularização das propriedades, em face das regras do Código Florestal por meio da localização exata para definição de conservação ou recuperação das áreas de preservação permanente (margens de rios, lagos e nascentes) e de reservas legais (percentual do imóvel rural onde é proibido o corte raso, sendo apenas permitido manejo florestal ou outras atividades sustentáveis) (LIMA et al., 2005).
Apesar de visualizarem, positivamente, a proteção ao meio ambiente, os entrevistados afirmam que o formato, mais que o processo em si, tem gerado vários problemas. Dentre os mais relevantes destaca-se a morosidade das tramitações e a dificuldade em obter o mapa de georreferenciamento. Além disso, os valores envolvidos no pagamento de taxas para licenciamento são muito altos e dificultam ainda mais a capacidade de investimento em ampliação da atividade ou a implantação de sistemas como o confinamento de bovinos. 8.7.3. Política e fiscalização sanitária A política e fiscalização sanitária, em Mato grosso, foram avaliadas como satisfatórias pelos pecuaristas. Segundo os relatos, os esforços recentes pela manutenção da sanidade do rebanho beneficiaram bastante toda a cadeia
72
Há que se considerar que na complexidade do tema, um elemento básico não tem até o momento uma definição clara, justamente o que é, onde começa e onde termina o BIOMA DA FLORESTA AMAZÔNICA.
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produtiva. Todavia, percebeu-se que há dúvidas, ainda, em relação a três aspectos: a) procedimentos de vacinação nas reservas indígenas; b) procedimentos de vacinação nos assentamentos; e c) procedimentos de vacinação e esforços de defesa sanitária nas regiões de fronteira. Dessa forma, é importante avaliar a possibilidade de ampliar o leque de divulgação das ações realizadas, de modo a criar no produtor rural um senso de organização. O único aspecto que merece atenção especial, além das citações, está ligado à manutenção dos esforços realizados pelos pecuaristas da região norte do estado. As informações coletadas nas entrevistas mostram que vários produtores sentem-se penalizados pelo fato de realizarem os procedimentos com maior despesa (por causa dos fretes) e arcarem com deságio na compra dos animais. Esse fato deve ser considerado importante porque um descuido nas regiões de fronteira compromete todo o estado e não apenas uma região específica. 8.7.4. Atuação e representatividade das instituições A questão da baixa organização dos bovinocultores de corte em Mato Grosso já foi tratada anteriormente. Todavia, aqui, o que se destaca é a capacidade de representação dos sindicatos e, ou, até que ponto os produtores sentem-se representados pelas instituições. Constata-se, pelo levantamento, que, via de regra, mesmo considerando a capilaridade da rede de sindicatos no estado, os pecuarista não se sentem representados por estas entidades. Compõe essa percepção o fato de os próprios produtores, ao declararem-se pouco mobilizados e pouco atuantes, não conseguirem explicar a baixa mobilização da categoria. Esses dois fatos – baixa adesão/participação e pouca representatividade – possuem alta correlação e precisam ter suas origens mais bem compreendidas.
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No caso da Federação, a percepção é diferente: a declaração unânime é a de que a FAMATO representa a agropecuária estadual e fala em nome do produtor. Conclui-se, portanto, por um aparente paradoxo, já que o pecuarista afirma sentir-se representado pelo todo, mas não pela parte. Aparentemente, isso decorre da cultura do julgamento do Sindicato (e sua capacidade de representação) a partir da avaliação exclusiva das características de liderança dos presidentes dos sindicados. Assim, onde há liderança
mais
espontânea
junto
aos
pecuaristas,
a
declaração
de
representatividade é um pouco melhor, ocorrendo o contrário nos locais em que o presidente não é considerado – pelos bovinocultores – uma liderança no setor. Além disso, ficou clara a necessidade de se criar e, ou, adaptar um modelo de representação diferenciada. A Federação, com sua rede de sindicatos, é capaz de formar e aprimorar representatividade institucional. Todavia, o pecuarista precisa encontrar um espaço para a representação de seu negócio. Esse modelo, já adotado para a soja e para o algodão, dentre outras culturas, parece funcionar com maior eficiência e alcance de resultados, permitindo aos produtores saber a quem dirigir-se para realizar um pleito e deverá favorecer a sensação de representatividade. 8.7.5. Legislação oficial e regulamentação fundiária Entre os produtores entrevistados, a preocupação com os temas relacionados com as alterações fundiárias no estado é grande. Destacam-se, no conjunto, os indicadores de produtividade do INCRA, os pleitos de criação e, ou, expansão de reservas indígenas e os aspectos relacionados à classificação do estado como membro da Amazônia Legal, com repercussões importantes nas possibilidades de uso da terra. No caso dos indicadores de produtividade do INCRA, pode-se dizer que há ampla não aceitação desses. As críticas são várias: modelo de construção dos indicadores, legalidade das avaliações considerando a média mínima
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estabelecida, critérios de avaliação e enquadramento, dentre outras. Por conseqüência, houve demanda expressiva pela realização de uma avaliação desses índices, e também a contestação desses pelos organismos e pelas instituições competentes. No caso das reservas, a preocupação, além das questões de área, relaciona-se à origem dos fatos. Reconhece-se a necessidade de apoio às comunidades indígenas, da mesma forma que se compreende a situação complexa em que vivem e se relacionam. Todavia, o que se receia é que a precariedade de suas condições estimule a busca por novas áreas e que, conjuntamente, ampliem-se os atritos envolvendo as passagens (pedágios) e os riscos de sanidade animal. Além disso, uma vez que o problema com os índios não é homogêneo no estado, vários entrevistados mostraram-se preocupados com a possibilidade de a questão ser classificada como um problema esporádico ou pontual, sem maiores atenções. Por fim, quanto à questão do uso da terra, os entrevistados afirmaram sentir-se envolvidos em situação de impasse. Por um lado, existem as pressões ligadas à preservação ambiental e o reconhecimento de sistemas sensíveis. Por outro, o produtor, enquanto empresário rural, precisa viver sobre regras razoáveis de condução de sua atividade, que permitam atingir o ponto ótimo de eficiência produtiva. Para eles, as modificações nas regras, à revelia de uma consulta mais ampla, criam espaço para a identificação de vieses políticos e de ‘juízo de valor’. Decerto, os pecuaristas compreendem a ‘dívida ambiental’ da atividade; mas não aceitam ser apontados como os remanescentes de um padrão de empresários sem maiores preocupações com o meio ambiente. Será preciso, portanto, criar e, ou, ampliar padrões de discussão a esse respeito, de forma a garantir que uma atividade com o porte da bovinocultura no Estado de Mato Grosso, eleve-se ao patamar de representatividade que realmente possui.
CAPÍTULO IX SEGMENTO DE ABATE E PROCESSAMENTO
9.1. Introdução Como parte dos esforços de entendimento e análise da cadeia produtiva da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, procedeu-se, primeiramente, a uma revisão bibliográfica referente ao segmento de abate e processamento de carne bovina, seguido de um levantamento de campo, em que especialistas do setor e empresas frigoríficas foram consultados, resultando nas informações discutidas neste capítulo, o qual é dividido em duas seções. Primeiramente, é feita uma descrição geral das características da indústria frigorífica em nível nacional e, mais especificamente, para o Estado de Mato Grosso. Na segunda seção, desenvolve-se uma caracterização dos vários direcionadores que afetam a competitividade do segmento de abate e processamento da cadeia de bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso e seus respectivos subfatores.
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De acordo com IEL, CNA e SEBRAE (2000), o segmento de abate e processamento apresenta deficiências relacionadas, principalmente, aos seguintes fatores: •
Baixa confiança e aos freqüentes atritos entre pecuaristas e frigoríficos.
•
Crescente aumento no poder de barganha e pressão das grandes redes de supermercados.
•
Aumento no consumo de outros tipos de carne, substitutas à carne bovina.
•
Excessiva carga tributária e conflitos fiscais entre estados. De modo geral, este diagnóstico mostrou que essas tendências gerais
percebidas em nível nacional também ainda se apresentam com tendências importantes para o caso específico do Estado de Mato Grosso. Em nível nacional, o segmento de abate e processamento apresenta grande concorrência entre empresas, que podem ser classificadas em dois grupos: o primeiro é composto por aquelas que atendem a mercados mais exigentes, como o mercado externo (exportação) e as grandes redes supermercadistas. O segundo grupo compreende aqueles estabelecimentos que atendem às necessidades de mercados regionais, em que o preço é o principal fator de concorrência (BRASIL, 2006). No presente diagnóstico, identificaram-se, também, dois tipos de estabelecimentos: aqueles voltados para exportação e outros que se dedicam ao fornecimento de carne bovina para o mercado interno brasileiro. Neste último, foram identificados frigoríficos com inspeção SIF, focados nos fornecimento de carne para as grandes cidades e outros estados brasileiros e os frigoríficos com inspeção SISE, que visam o mercado regional.
9.2. Caracterização do setor no Brasil e em Mato Grosso Considerando os abates de bovinos em nível nacional (Tabela 9.1), percebe-se que enquanto as regiões Sul e Sudeste mantiveram patamares de abates anuais relativamente estáveis, a região Centro-Oeste mostrou crescimento acelerado no período de 1997 a 2007. Tal evolução deve-se à migração dos
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frigoríficos da região Centro-Sul para o Centro-Oeste, na tentativa de acompanhar a tendência de aumento da produção bovina nessa região. Quanto às demais regiões, observa-se a baixa capacidade anual de abate bovino nas regiões Norte e Nordeste se comparadas com as regiões Sudeste e Centro-Oeste. No entanto, é visível o crescimento na região Norte e, em razão disso, tem ocorrido, nessa região, novos investimentos frigoríficos recentes. Mais especificamente no caso de Mato Grosso, este tem ganhado destaque no ranking dos estados que mais abatem bovinos no Brasil entre 1997 e 2007 (Tabela 9.2). O estado ocupou por três anos consecutivos, de 1997 a 1999, a sexta posição no ranking brasileiro. Sua pior posição (7.a) ocorreu no ano de 2001, abatendo 3.212.162 cabeças. A partir e então, o estado mostrou uma tendência de crescimento no número de abates, passando pela 5.a posição nos anos 2003, 2004 e 2005 e alcançando a 4.a posição em 2006 e nas estimativas para o ano de 2007. A expansão do número de abates bovinos no Estado de Mato Grosso fica evidente quando se observam os patamares crescentes de abates mensais para cada ano, de 2003 até 2007 (Figura 9.1). Mais especificamente em relação à proporção entre abates de machos e fêmeas no Estado de Mato Grosso, considerando os abates acumulados entre os meses de janeiro e agosto, para os anos de 2003 a 2007 (Figura 9.2), percebe-se uma tendência importante que ocorreu na pecuária do estado nos últimos quatro anos.
Regiões
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007**
Norte
3.072.934
3.200.802
3.408.239
3.743.514
4.184.640
4.725.697
5.236.000
5.825.386
6.652.912
6.419.439
Nordeste
5.180.823
4.821.122
4.766.504
4.893.696
5.159.089
5.256.296
5.258.875
5.397.523
5.764.748
5.702.943
Sudeste
10.331.901
9.974.625
9.889.039
9.951.965
9.885.040
10.150.026
10.829.516
11.723.397
12.652.063
11.535.650
6.544.611
6.283.330
6.371.960
6.812.352
6.757.613
6.931.918
7.067.421
7.432.630
7.089.466
6.261.413
Centro-Oeste
10.391.903
10.534.539
10.294.323
10.549.683
11.088.445
11.745.437
12.439.458
13.629.757
14.984.618
13.942.685
Brasil
35.522.171
34.814.419
34.730.065
35.951.209
37.074.828
38.809.376
40.831.271
44.008.692
47.143.806
43.862.130
Sul
Fonte: Anualpec (2007).73 * Estimativa do total de cabeças abatidas em cada estado, incluindo o gado comprado em outros estados. ** Projeção.
73
298
Considerando-se que há várias fontes de dados sobre abates de bovinos para o Brasil e que há uma divergência de estatísticas entre elas, o que é, de certa forma, um fato normal para vários produtos do agronegócio brasileiro, optou-se pelos dados do Anualpec, por considerar-se que esta fonte é aquela que mais retrata a realidade atual da bovinocultura de corte brasileira.
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Tabela 9.1 – Evolução do abate nacional de bovinos por região brasileira – 1997 a 2007
Estados RO AC AM RR PA AP TO MA PI CE RN PB PE AL SE BA MG ES RJ SP PR SC RS MS MT GO DF BRASIL
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
641.033 138.346 285.116 64.863 833.119 68.012 1.042.445 604.781 293.673 519.121 182.469 249.867 900.237 191.676 161.040 2.077.959 4.140.965 362.455 493.935 5.334.546 2.666.655 802.726 3.075.229 4.103.762 2.622.750 3.616.800 48.591 35.522.171
764.293 154.339 248.310 69.534 923.394 56.212 984.721 532.547 270.486 455.464 162.897 219.972 810.109 175.555 150.184 2.043.909 4.187.113 375.758 480.700 4.931.054 2.675.840 738.375 2.869.115 4.386.167 2.745.266 3.357.099 46.006 34.814.419
889.975 166.949 219.316 72.261 1.035.529 47.061 977.149 548.143 269.256 447.732 167.771 227.069 799.066 176.579 155.855 1.975.033 4.047.263 385.514 483.167 4.973.095 2.739.878 782.846 2.849.236 4.121.752 2.845.439 3.271.697 55.435 34.730.065
1.068.445 173.500 247.494 73.731 1.230.614 28.200 921.530 607.730 264.536 483.501 177.732 242.471 781.372 192.441 166.436 1.977.478 4.106.930 399.133 515.673 4.930.229 2.950.133 862.652 2.999.567 4.429.518 2.843.476 3.222.957 53.732 35.951.209
1.265.742 185.002 249.475 74.934 1.394.906 19.933 994.648 658.781 275.050 521.118 193.758 264.200 857.899 216.223 182.692 1.989.368 4.243.699 405.479 531.764 4.704.099 2.657.744 883.994 3.215.875 4.593.445 3.037.495 3.413.088 44.417 37.074.828
1.473.782 202.000 282.791 80.398 1.541.732 25.518 1.119.476 697.090 292.048 516.426 196.369 268.673 832.055 220.150 181.271 20.52.215 4.506.709 398.107 533.117 4.712.093 2.703.923 878.506 3.349.490 4.686.171 3.383.502 3.633.268 42.497 38.809.376
1.720.124 220.110 292.475 85.526 1.671.865 28.222 1.217.679 721.905 304.695 495.020 188.928 265.389 746.217 222.813 188.839 2.126.069 4.849.472 400.739 571.991 5.007.314 2.780.227 876.323 3.410.870 4.789.423 3.733.612 3.873.305 43.119 40.831.271
2.025.640 240.788 307.407 88.336 1.834.951 27.038 1.301.227 744.609 308.582 527.882 200.342 273.464 715.073 228.578 197.708 2.201.284 5.300.215 434.143 613.263 5.375.775 2.947.037 970.002 3.515.591 5.164.713 3.967.633 4.452.808 44.603 44.008.692
2.447.465 275.370 330.792 91.939 2.077.772 25.425 1.404.148 847.410 332.021 544.078 207.718 281.064 745.730 242.778 214.895 2.349.055 5.924.335 465.941 633.003 5.628.783 2.999.692 920.870 3.168.904 5.741.290 4.056.997 5.139.894 46.437 47.143.806
Fonte: Anualpec (2007). * Estimativa do total de cabeças abatidas em cada estado, incluindo o gado comprado em outros estados. ** Projeção.
2007** 2.257.011 285.877 345.700 96.502 2.077.149 23.223 1.333.977 779.647 306.027 558.431 213.615 290.784 808.236 240.437 213.839 2.291.928 5.438.716 439.508 626.410 5.031.017 2.599.863 824.877 2.836.672 5.174.347 4.042.953 4.680.414 44.971 43.862.130
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Tabela 9.2 – Volume e abates de bovinos (n.o de cabeças) por estado brasileiro – 2000 e 2007
299
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
300
* Número de cabeças abatidas até agosto de 2007.
Fonte: INDEA-MT, setembro de 2007. Figura 9.1 – Evolução mensal dos abates bovinos para o Estado de Mato Grosso para os anos de 2003 a 2007*.
Observa-se, por exemplo, que o número de abates de machos, acumulado de janeiro a agosto, passou de 1.241.817 (em 2003) para 1.345.298 animais (em 2004), definindo um aumento de 8,33% no volume de abate de machos de um ano para outro. Comparando-se as porcentagens de aumento de abate acumulado de machos e fêmeas, nota-se que entre 2003 e 2007 houve crescimento muito maior de abate de fêmeas (170,74%) do que de abate de machos (45,89%) em Mato Grosso. Tal fenômeno retrata claramente a crise que a pecuária do estado enfrentou nos últimos quatro anos, quando os pecuaristas foram obrigados a reduzir o plantel de fêmeas para obtenção de receitas, a fim de cumprir seus compromissos financeiros. Considerando o ciclo biológico dos animais da pecuária bovina, a redução drástica de fêmeas nesses anos significa redução no
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
301
número de animais nascidos nos anos seguintes e, conseqüentemente, menor disponibilidade de animais para abate no futuro próximo (2 a 3 anos). Este efeito já está sendo percebido em meados de 2007, quando se observa redução na oferta de animais para abate no estado.
Fonte: Dados básicos disponibilizados pelo INDEA-MT. Elaboração realizada por IMEA, setembro de 2007. Figura 9.2 – Evolução de abate acumulado de fêmeas e machos de janeiro a agosto, nos anos de 2003 a 2007.
Atualmente, o Estado de Mato Grosso tem uma capacidade instalada de abate bovino de 22.189 animais diários (Tabela 9.3). Destes, 12.875 animais são destinados ao mercado exterior (Tabela 9.4). A situação atual do estado, em termos de capacidade instalada das indústrias frigoríficas, revela um setor em expansão, com projetos de ampliação em plantas já estabelecidas e implantação de novas unidades industriais no estado (Tabela 9.5). Tal fato indica que, no momento não há, praticamente, ociosidade de abate nos frigoríficos do estado, uma vez que todos estão operando muito próximo ou até além do seu limite
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
302
estabelecido. Esse processo de expansão da capacidade de abate bovino procura atender ao extenso rebanho bovino do estado e também é influenciada pela possibilidade de otimização da intermodalidade de transporte, a qual é meta do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Por esse plano, a conclusão das BR158 e BR-163 e a construção da BR-242, interligando as duas primeiras de Sorriso a Ribeirão Cascalheira, tornará a carne bovina produzida no estado extremamente competitiva no mercado internacional. Estes dados revelam previsão de grande expansão na capacidade de abate de bovinos no estado, partindo-se de 22.189 abates diários em setembro de 2007 (Centro-boi – Tabela 9.3) para um total de 45.389, aproximadamente, 105% de expansão. Em termos anuais, este número representa um incremento de aproximadamente 6,96 milhões de abates por ano74, em relação ao nível atual. Vale ressaltar, também, que as novas plantas estão instaladas ou sendo implantadas em áreas importantes de produção, quer seja em relação ao rebanho da região, quer em áreas que contam com logística que possa alcançar outros mercados a partir do Estado de Goiás. Adicionalmente, a expansão das plantas frigoríficas ou implantação de novas unidades se dá em áreas antropizadas, não gerando, portanto, incremento significativo nos níveis de desmatamento no Estado de Mato Grosso.
74
Considerando 300 dias de abate no ano (365 dias menos domingos e feriados federais).
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
303
Tabela 9.3 – Relação de frigoríficos e capacidade de abate diário para o Estado de Mato Grosso, em julho e setembro de 2007, através de levantamentos do MAPA e Centro-Boi, respectivamente
Sif/Sise
Município
Frigorífico
MAPA (jul. Centro Boi (set. 07) 07)
3743
Canarana
Arantes Alimentos
500
500
4393
Vila Rica
Quatro Marcos
700
700
58 1751
Tangará da Serra
Fricentro Ltda. – Paralisado Marfrig
1.250
1.500
2500
Paranatinga
Marfrig
1.050
1.050
2979
Araputanga
Friboi
1.000
1.000
3964 42
Barra do Garças
Friboi Margem
1.270 600
1.500 600
2819
Cáceres
Friboi
500
500
4121
Água Boa
Bertin
600
600
2019
Pedra Preta
Friboi
600
600
47 200
Juara
A R Silva Frigorela Quatro Marcos
825
100 825
3962
Pontes e Lacerda
Vale Guaporá
750
750
11 2819 3348
Sinop
Bombonatto Ind. Frigobom Fri Alto Rodopa
600 350
200 600 350
2601 4268
Colíder
Quatro Marcos Nova Carne
800 467
800 500
16 2015 4656 585
Várzea Grande
Alves e Weirich Ltda. Sadia Frical Frigorífico Pantanal
800 1.000 300 500
800 1.000 400 850
1751
Cuiabá
Quatro Marcos
850
500
62 57 4302
Alta Floresta
Vale do Teles Pires Frigocar Ind. Frigorífica Carnes Quatro Marcos
600
200 100 600
2911
Mirassol do Oeste
Frigo Safra
550
550
4323 4490
Matupá
Frimat Frigo Vale Grande
100 500
100 500
2937
Nova Canaã
Frigo Vale Grande
3031
Quatro Marcos
Quatro Marcos
60 2942
Juína
40 4466 1886
464
464
1.050
1.050
R. Veronese Juína Frig
500
150 500
Rondonópolis
Frigorífico Rondonópolis Mercosul Mata Boi
150 500 500
150 500 500
2345
Nova Xavantina
Olhos D'Água
400
400
54
Barra do Bugres
Abatedouro Vale do Bugres
Capacidade para abates
200 20.626
22.189
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
304
Fonte: Preparado pelos autores com dados do MAPA (2007) e CENTROBOI (2007). Tabela 9.4 – Localização das plantas exportadoras de carne bovina no Estado de Mato Grosso e suas capacidades de abate por dia
Localidade
Nome
Alta Floresta Quatro Marcos Araputanga Friboi Barra dos Garças Friboi Barra dos Garças Margem Cáceres Friboi Canarana Arantes Alimentos Colider Quatro Marcos Cuiabá Quatro Marcos Juara Quatro Marcos Paranatinga Marfrig Pontes e Lacerda Frig. Guaporé S. J. dos Quatro Marcos Quatro Marcos Tangará da Serra Marfrig Várzea Grande Sadia Vila Rica Quatro Marcos Capacidade instalada de abate para exportação
SIF
Abate por dia
4302 2979 42 3964 2837 3743 2601 826 200 2500 3962 3031 1751 2015 4393
600 1.000 1.500 600 500 500 800 500 825 1.050 750 1.050 1.500 1.000 700 12.875
Fonte: ABIEC (2007), atualizado em setembro de 2007 com base nos dados do CENTROBOI (2007).
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
305
Tabela 9.5 – Projeção da ampliação total da capacidade de abate de bovinos no Estado de Mato Grosso, através da ampliação da capacidade instalada dos frigoríficos e construção de novas unidades industriais PROJETOS DE AMPLIAÇÃO Ordem
Frigorífico
01 Arantes Alim.-Canarana 02 Bertin Água Boa 03 Pontes e Lacerda - Guaporé 04 Sadia Várzea Grande 05 Perdigão – Frigossafra Mirassol D’Oeste 06 Olhos D’Água - N. Xavantina Total ............................................................................
Cap. anterior 500 600 750 1.000 550 400 3.800
Cap. pós ampliação 2.300 1.300 2.300 3.500 2.000 1.500 12.900
∆ 1.800 700 1.550 2.500 1.450 1.100 9.100
PROJETOS DE CONSTRUÇÃO Ordem
Frigorífico
01 Nova Carne Confresa 02 Margem Ribeirão Cascalheira 03 Coodenorte Novo Mundo 04 Pantanal – Juruena (Luiz Antônio) 05 Nova Monte Verde (Aderbal) 06 Tabaporã – Milton Belicanta 07 Bertin – Diamantino 08 Friboi – Sorriso 06 Tabaporã – Milton Belicanta Total ...................................................................................................
Capacidade de abate 1.500 1.000 600 400* 1.200 700 2.000 6.000 700 14.100
RESUMO DO AUMENTO DA CAPACIDADE DE ABATE/DIA Por expansão da capacidade instalada
9.100
Por implantação de novas unidades de abate
14.100
Total ...................................................................................................
23.200
Fonte: Dados da pesquisa. * Iniciará com 400 cabeças dias e chegará a 1.200 cabeças/dia.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
306
9.3. Evolução dos confinamentos em Mato Grosso A evolução da implantação de confinamentos de bovinos de corte no Estado de Mato Grosso foi um aspecto importante detectado nessa pesquisa. Segundo especialistas e representatividades do setor, o crescimento dos confinamentos é um fenômeno inevitável e é importante que os agentes da cadeia de bovinocultura de corte de Mato Grosso avaliem as reais possibilidades de sua implantação e suas conseqüências, uma vez que, entre outros fatores, aumenta-se a oferta de bois com carcaça de qualidade (4 a 6 mm de camada de gordura) em determinados períodos do ano. Uma vez que o aceleramento do crescimento dos confinamentos de bovinos de corte no Brasil é um fenômeno relativamente recente, há carência de estatísticas abrangentes que mostrem a situação desta atividade, tanto no território nacional, quanto, principalmente, no Estado de Mato Grosso. No entanto, os dados levantados pela ASSOCON (Associação Nacional dos Confinadores) em abril, junho e julho de 2007 retratam as tendências desse setor75. Segundo as tendências levantadas, é esperado um crescimento no confinamento para acabamento de bovinos, entre 2006 e 2007, da ordem de 12% a 18%, tanto em termos nacionais, quanto para o Estado de Mato Grosso. O avanço no número de confinamentos no território nacional e no Estado de Mato Grosso aponta para alguns aspectos importantes. Percebe-se claramente, ao longo dos últimos 14 anos (de 1990 até 2004), uma tendência de aumento da pecuária de corte nas áreas tradicionais (Rio Grande do Sul e a região em torno do Triângulo Mineiro, oeste de São Paulo e Paraná e Mato Grosso do Sul), e uma migração em direção ao Mato Grosso (sudoeste, leste e norte), Rondônia, sudeste do Pará e noroeste de Tocantins (ASSOCON, 2007a). Tal fenômeno retrata 75
As estatísticas da Assocon originam-se das pesquisas de intenção junto aos seus associados e análises do mercado e conjuntura ligados ao setor de abate de bovinos, lembrando que os associados desta entidade forneceram, em 2006, o equivalente a cerca de 18,4% dos animais oriundos de confinamentos abatidos no território nacional (422,6 mil animais abatidos de uma estimativa total de 2,3 milhões de animais abatidos em 2006).
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
307
claramente migração das áreas de confinamento para regiões próximas das grandes áreas produtoras de grãos (milho e soja). Portanto, espera-se um incremento importante no número de confinamentos no Estado de Mato Grosso para os próximos anos. Em termos gerais, ao se considerar um abate anual de 44 milhões de cabeças para o Brasil no ano de 2006, com 30076 dias de abate no ano serão totalizados 146.666 cabeças abatidas por dia. Numa estimativa aproximada, se o número dos bovinos confinados anualmente chegar a 2,8 milhões por ano, tal valor equivaleria a dezenove (19) dias de abate. Em termos nacionais, esse valor não é muito significativo, mas considerando que poderá haver concentração dos confinamentos, principalmente onde há disponibilidade de alimento, ou seja, nos Estados de Goiás, Mato Grosso e vizinhos, essa evolução nos confinamentos pode trazer impactos regionais importantes para a oferta de animais terminados no mercado. Pela tendência geral percebida no estado, o confinador é um agropecuarista (o agricultor cultivador de grãos, que não tem histórico de participação na atividade pecuária e, portanto, não pratica cria e recria de bovinos), o qual precisa adquirir bois magros a serem engordados pelo confinamento. O acesso ao boi magro pode acontecer através de parcerias com pecuaristas que praticam cria e recria de bovinos ou compra desses animais no mercado. De qualquer forma, a aquisição dos bois magros para engorda retiram esses animais do pasto e aceleram a terminação deles, que seria para dezembro e janeiro, a pasto, passando para setembro a novembro, no cocho. Portanto, prevalecendo a tendência de expansão expressiva do número de bois confinados no Estado de Mato Grosso, espera-se que haja maior equilíbrio entre a oferta de bois ao longo do ano, reduzindo a oferta no período de safra (em torno de dezembro e janeiro) e aumentando a oferta no período de entressafra (em torno de setembro a novembro), sustentando melhor o preço ao longo do ano. Tal comportamento poderá favorecer, também, o pecuarista que engorda os bois a 76
Descontando-se de um ano (365 dias) os domingos e feriados nacionais.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
308
pasto, que poderá encontrar um melhor preço no período considerado de safra do animais terminados. Especificamente no caso de Mato Grosso, a tendência de implantação dos confinamentos no chamado circuito de produção de grãos parece ser clara e procura trazer a engorda para locais onde a alta disponibilidade de resíduos da agricultura permita um custo de produção menor. Neste caso, essa tendência causaria certo temor em razão do tamanho dos confinamentos que podem vir a se instalar nessas áreas de produção de grãos. Por outro lado, em nível estadual, não há informações concretas a respeito dos números de bois resultantes do confinamento a serem ofertados no mercado entre agosto e novembro. As estimativas são bastante díspares, havendo bases de dadso que variam de 500 mil a 800 mil cabeças. Se confirmados esses números e outros fatores que afetam a oferta de animais terminados, como o regime de chuvas, se comportarem de forma normal, espera-se escalas de abate extremamente longas para várias regiões produtoras do estado, uma vez que a expansão da capacidade de abate ainda é limitada, mesmo contando com as previsões de aumento para o ano de 2008, em virtude da implantação de novas plantas e expansão das já existentes. Considerando que na pecuária de corte há uma relação estreita entre escalas de abate e preços dos animais terminados, se as previsões de longas escalas se concretizarem, haverá quedas acentuadas no preço pago ao pecuarista pelo animal terminado nas regiões de concentração dos confinamentos. Outro aspecto importante que merece a atenção dos agentes da cadeia de bovinocultura de corte de Mato Grosso são os arranjos entre confinadores e frigoríficos, utilizando-se os contratos a termo. Nesta modalidade de transação, o frigorífico compromete-se a pagar certo valor pela arroba do boi na época do abate, enquanto o pecuarista compromete-se a entregar os animais terminados. De modo geral, duas modalidades de contrato a termo estão sendo praticadas em Mato Grosso.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
309
Na primeira modalidade, o frigorífico compromete-se a pagar uma base, registrada no contrato, mais uma margem que se baseia no preço BMF/ESALQ do dia anterior ao abate dos animais. Nesta modalidade, o contrato a termo não oferece vantagens ao pecuarista, uma vez que o frigorífico garante sua escala de abate, mas o pecuarista fica à mercê do comportamento do mercado às vésperas do abate. Em outra modalidade, o frigorífico estipula, no ato da assinatura do contrato, o preço a ser pago pela arroba do boi no dia da entrega dos animais, através de uma estimativa de preços que leva em conta, entre outros fatores, as cotações do preço futuro do boi gordo. Neste caso, o risco é mais equilibrado entre as partes, uma vez que ambos se comprometem a praticar os preços do contrato, independentemente da flutuação do mercado às vésperas da entrega e abate dos animais.
9.4. Tecnologia Em termos de tecnologia de abate e processamento, de modo geral, os estabelecimentos mais tecnificados e orientados para mercados mais exigentes apresentam sistemas modernos e informatizados, enquanto aqueles menos tecnificados encontram-se tecnologicamente defasados e em condições precárias (BRASIL, 2006). Em comparação ao nível tecnológico dos frigoríficos estrangeiros, os brasileiros estão em igual patamar, havendo somente maior defasagem para o caso dos processos produtivos, principalmente relacionados aos subprodutos do boi (FARINA; NUNES, 2003). Em certo nível, o levantamento do setor de abate e processamento para o Estado de Mato Grosso possui características gerais semelhantes às descritas nos trabalhos ora citados. Percebe-se, em Mato Grosso, um grupo de unidades frigoríficas mais tecnificado e voltado para exportação e outro grupo menos tecnificado que atende ao mercado interno.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
310
No que diz respeito à disponibilidade de máquinas, equipamentos e instalações para dar suporte aos processos produtivos, o setor tem ao seu dispor tecnologia relativa aos insumos disponíveis, que, como afirmado anteriormente, coloca-o em igual nível de competitividade com as indústrias frigoríficas estrangeiras. Da mesma forma, a indústria beneficia-se com a disponibilidade de tecnologia e conhecimento voltados para aprimoramento dos processos de produção, da preparação e manipulação da carne, de seus derivados e subprodutos. No entanto, apesar da disponibilidade de conhecimento para aprimoramento dos processos de produção e das características dos produtos e subprodutos, ressalta-se o potencial de avanço que a indústria frigorífica da bovinocultura de corte tem, uma vez que muito ainda pode ser feito para atingir o nível de sofisticação e diversificação de produtos derivados de outros tipos de carne, principalmente, aqueles oriundos do setor de suínos e aves. No tocante aos processos e tecnologia para tratamento de resíduos e efluentes oriundos da indústria frigorífica, o setor dispõe de tecnologia apropriada para este fim, não havendo, portanto, reclamações a respeito da disponibilidade tecnologia nesta área. Ainda em relação ao aspecto tecnológico, percebeu-se uma situação desfavorável no tocante ao baixo nível de pesquisa e desenvolvimento (P&D) dentro das unidades frigoríficas de modo geral. A P&D existe nos frigoríficos exportadores, mas é praticamente nula no grupo de frigoríficos fornecedores para o mercado interno, os quais são maioria no estado. De acordo com o diagnóstico, praticamente não existem esforços por parte desse último grupo em desenvolver ou aprimorar os processos e, ou, equipamentos envolvidos no abate e processamento de carne bovina. No caso dos frigoríficos voltados para o mercado nacional, os avanços nessa área se devem ao esforço de fabricantes e fornecedores de insumos para o setor de abate e processamento.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
311
9.5. Insumos Optou-se, neste diagnóstico, por dar maior ênfase à principal matériaprima do setor de abate e processamento, ou seja, o animal terminado. O Estado de Mato Grosso tem o maior rebanho bovino do país e tal condição permite uma disponibilidade quantitativa de animais para o setor de abate. Considera-se que houve certa superioridade da oferta de animais em relação à capacidade de abate (procura por animais terminados) nos finais de 2006 e início de 2007, e, nessa condição, os frigoríficos encontraram-se em uma situação favorável, uma vez que, dentro da grande disponibilidade de animais no mercado, é possível, até certo limite, escolher e comprar os melhores animais. Adicionalmente, nesta situação de maior oferta de animais em relação à demanda, houve favorecimento ao segmento frigorífico quanto aos preços de compra destes. Porém, em um estágio mais atual, desde meados de 2007, percebeu-se uma inversão significativa deste ciclo de superoferta de animais terminados para o abate. Tal fato decorreu de elevado abate de matrizes iniciado em 2003, o que culminou, em 2006, com o abate de 50% de animais machos e 50% de fêmeas, implicando na redução de fêmeas em todas as faixas etárias da bovinocultura (0-12 meses, 13 - 24 meses; 24- 36 meses e acima de 36 meses). Quanto à qualidade dos animais, percebe-se, considerando o grupo de animais ofertados no mercado como um todo, que predomina a oferta de animais de média qualidade. Tal situação se deve à precária uniformidade dos animais em termos de sexo, idade, conformação de carcaça e acabamento. São ofertados no mercado desde vacas com 10@ até bois de 25@. Em ambos os casos, é predominante animais com má conformação de carcaça e acabamento. Quando se consideram os outros insumos de produção do setor de abate e processamento, ou seja, aditivos, embalagens e envoltórios, o setor tem disponibilidade adequada desses em termos de quantidade e qualidade. Dentre estes, destacam-se as embalagens, as quais têm sofrido importantes
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
aprimoramentos
com
o
objetivo
de
melhorar
a
conservação
312
e
o
acondicionamento das carnes bovinas.
9.6. Relações de mercado Dentro desta seção, procurou-se investigar os fatores que influenciam os contatos e relacionamentos que os demais agentes da cadeia de bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso estabelecem com as empresas do segmento de abate e processamento. Primeiramente, é importante ressaltar a crítica situação do relacionamento estabelecido entre pecuárias e frigoríficos desse estado. Segundo Sabadin (2006), as negociações entre frigoríficos e pecuaristas ocorrem basicamente no mercado aberto (spot) e a falta de uma coordenação e de um sistema claro que sinalize o processo de formação de preço causa desconfianças e conflitos entre esses dois elos da cadeia produtiva. No caso do Estado de Mato Grosso, maior cuidado no processo de transporte dos animais terminados para o abate, transparência no processo de pesagem e toalete e a não adoção de um sistema de classificação e tipificação de carcaça bovina parecem ser as grandes causas dos conflitos que ocorrem entre estes dois elos da cadeia produtiva. Vale ressaltar que este conflito marcado por desconfiança e oportunismo de ambos os lados é responsável pelo maior prejuízo da cadeia de bovinocultura de corte de Mato Grosso em termos de competitividade. No que diz respeito ao relacionamento entre frigoríficos e fornecedores de insumos, que não os pecuaristas, foi identificada uma situação relativamente tranqüila, sem a presença de conflitos e empecilhos ao desempenho competitivo da produção de carne bovina. Por sua vez, o relacionamento entre frigoríficos e compradores de carne, apesar de marcado por uma situação de desbalanço de poder em favor dos últimos, está em melhores condições do que o relacionamento frigoríficospecuaristas. Foi geral a queixa das unidades frigoríficas consultadas quanto à
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
313
situação de barganha e poder que, principalmente, grandes redes de distribuição de carnes, entre elas supermercados, têm em relação aos estabelecimentos frigoríficos. Segundo estes, os compradores de carne têm uma posição de compra privilegiada, em razão da grande oferta de produto no mercado, o que faz com que eles ditem condições de preço, pagamento e qualidade. Tal aspecto é devido à concentração dos estabelecimentos compradores de carne na mão de um número relativamente inferior em comparação às unidades frigoríficas produtoras de carne. Considerando-se a rastreabilidade como um sistema que influencia as relações de mercado, constatou-se que as unidades frigoríficas exportadoras a praticam como exigência dos mercados compradores, mas as unidades que fornecem carne para o mercado brasileiro poderiam tirar mais proveito das informações que ela pode oferecer. Ela se apresenta como uma ferramenta de grande potencial para melhoria do sistema de gestão de marketing dos frigoríficos. Se feita com sucesso nos elos anteriores ao frigorífico, a rastreabilidade pode oferecer a possibilidade de segmentação de mercado, indicando os ajustes a serem implementados na linha de produção para atendimento a mercados com exigências específicas. Todavia, apesar de os frigoríficos exportadores fazerem uso dessa ferramenta para seu processo de estratégia de marketing, de modo geral, os frigoríficos de Mato Grosso voltados para o mercado interno, parecem não explora a contento as possibilidades que as informações oferecidas pela rastreabilidade dos animais bovinos permitem. Provavelmente, tal evidência esteja ligada à constatação do diagnóstico da pecuária brasileira realizado em 2000, que indicou que os frigoríficos nacionais, de modo geral, não expressaram preocupação sistematizada com relação a esta questão, uma vez que do ponto de vista dos abatedouros e frigoríficos, o consumidor brasileiro ainda não está sensibilizado para exigência desse tipo de informação e, portanto, se o estabelecimento o faz, isso tem que ocorrer sem ônus para o consumidor nacional (IEL, CNA e SEBRAE, 2000).
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9.7. Estrutura de mercado Considerando-se os últimos 30 e 40 anos, o setor de abate passou por um processo importante de mudança na localização das suas unidades em termos nacionais, em que as instalações que se concentravam na região Sul e Sudeste (em meados dos anos 1970 tais regiões possuíam 70% das instalações de abate e processamento (IEL, CNA e SEBRAE, 2000)) migraram para as regiões CentroOeste e Norte, acompanhando a expansão da pecuária para esta fronteira de produção. Com esta migração dos frigoríficos para o centro-norte do País, aqueles que permaneceram no Sudeste tendem a se aproveitar da maior proximidade dos centros consumidores (varejistas), especializando-se nas etapas de produção que favorecem a exploração de segmentos de mercado de maior valor, através do desenvolvimento de alianças estratégicas com foco na diferenciação do produto. De modo geral, os custos logísticos indicam que o abatedouro tende a se localizar próximo ao rebanho bovino, enquanto a indústria processadora junto à distribuição de seus produtos (BRASIL, 2006). A tendência aqui identificada é mais uma realidade no caso do Estado de Mato Grosso, uma vez que há perspectivas de avanço nos modais de transporte, permitindo que a carne produzida no estado seja competitiva no mercado externo através do uso de portos mais próximos, localizados na região Norte e Nordeste77. Este fato faz com que as indústrias frigoríficas do estado estejam numa posição privilegiada, ou seja, não somente próximas do grande rebanho bovino (i.e., favorecendo o abate dos animais), mas também em posição estratégica para exportação da
carne produzida (i.e., favorecendo o
processamento da carne). Em termos da estrutura de mercado, atualmente, os frigoríficos encontram-se num estágio de concentração que favorece a atuação destes dentro do estado. Por sua vez, a capacidade de abate é crescente, o que mostra que a 77
No Anexo E, são disponibilizados alguns mapas para visualização dessas possibilidades.
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escala de produção é favorável e pode ser ainda mais benéfica se for aumentada. Tais indícios são, provavelmente, conseqüência do já citado histórico de maior oferta de animais do que a capacidade que a indústria frigorífica pode absorver, o que coloca o segmento em uma situação de expansão, apresentando uma ausência de ociosidade da capacidade instalada de abate. Quanto à organização das unidades frigoríficas do estado em instituições representativas, percebeu-se certo nível de desagregação dos frigoríficos, o que mostra a necessidade de melhor organização e congregação dos estabelecimentos em entidades que possam atuar em busca de melhorias para o setor. Puderam-se perceber, inclusive, divergências de interesses entre os frigoríficos exportadores e aqueles voltados para o fornecimento do mercado interno. A logística de insumos foi focada na logística de entrada dos animais terminados nas unidades frigoríficas e na logística de saída da carne produzida. Em termos gerais, a situação da qualidade das rodovias federais, estaduais e municipais do Estado de Mato Grosso pode ser considerada precária, o que desfavorece tanto o transporte de animais terminados para os frigoríficos quanto a distribuição das carnes produzidas. No entanto, percebe-se que mesmo com a precariedade das rodovias, a logística de saída é mais eficiente e de melhor qualidade do que a logística de entrada. Isto se deve ao fato de que mesmo com estradas precárias, a distribuição da carne produzida conta com um manejo de frio eficiente e maior qualidade dos caminhões frigoríficos, além de o transporte de carnes fluir, geralmente, por vias federais e estaduais de melhor infra-estrutura. No caso da logística de entrada, apontam-se vários fatores que determinam um estágio desfavorável para a competitividade dos segmentos de abate e processamento e, em conseqüência, para a cadeia como um todo. Primeiramente, a condição de manutenção das carrocerias dos caminhões boiadeiros é precária de modo geral, uma vez que farpas e outras partes pontiagudas, irregularidades no piso e, muitas vezes, descuidado do condutor do
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veículo são causas de freqüentes danos ao couro e à carcaça dos animais. Além disso, uma vez que a malha viária que dá acesso às fazendas produtoras é geralmente composta por estradas não pavimentadas ou pavimentadas em estado ruim, o transporte torna-se demorado e oneroso, em razão das quebras e da necessidade de reposição de peças e manutenção dos veículos.
9.8. Gestão Em termos de gestão, IEL, CNA e SEBRAE (2000) indicaram que o setor de abate e processamento de carnes voltado para o mercado interno, possui uma administração ainda pouco eficiente do ponto de vista empresarial, principalmente considerando-se a gestão relacionada à utilização de sistemas de custeio, de finanças, de qualidade e de apoio à decisão, adoção de índices de produtividade, política de gestão de pessoas e orientação e planejamento estratégico. Segundo esses autores, os frigoríficos, em sua maioria, originaram de pecuaristas ou açougueiros que expandiram verticalmente seus negócios e, portanto, estes estabelecimentos apresentam uma administração familiar pouco especializada, principalmente naquelas empresas de pequeno porte. Sabadin (2006) observou que os estabelecimentos voltados para exportação, em razão das exigências dos compradores e concorrência internacional, adotam ferramentas mais avançadas em termos de gerenciamento administrativo, recursos humanos, controle ambiental e estratégias de marketing. O levantamento deste diagnóstico, realizado em indústrias frigoríficas de Mato Grosso, detectou nível de gestão superior nas empresas exportadoras em relação àquelas focadas no mercado interno, como indica Sabadin (2006); no entanto, identificou-se nível de gestão, nos frigoríficos voltados para o mercado interno, superior àqueles descritos por IEL, CNA e SEBRAE (2000). Constatouse que, de modo geral, tais frigoríficos também procuram adotar ferramentas de gestão financeira e contábil e gestão de marketing e de produção. A gestão
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financeira e contábil foi considerada adequada nos frigoríficos, uma vez que eles mantêm sistemas de registros e análises contábeis. A gestão de marketing foi considerada pouco favorável. Primeiramente, o marketing institucional foi taxado de desfavorável à competitividade e precisa ser reforçado, uma vez que o consumo per capita de carne bovina no Brasil tem caído constantemente ao longo dos anos e percebe-se a necessidade de divulgar os benefícios do consumo deste tipo de carne. Já o marketing dos frigoríficos foi considerado favorável, em razão dos esforços para melhorar a aparência das carnes e suas embalagens, além da iniciativa de vários deles de promover uma imagem e marca dos seus produtos. Por sua vez, a gestão da produção destaca-se pelo esforço de adoção de processos de gestão da qualidade e certificação, além da gestão ambiental. De modo geral, identificou-se, no caso de Mato Grosso, uma deficiência na disponibilidade de mão-de-obra, muitas vezes em termos de quantidade, mas, predominantemente, em termos de qualidade e treinamento. Em entrevistas a alguns frigoríficos, principalmente nas unidades localizadas no interior do estado, observou-se que a mão-de-obra disponível é aquela que não obteve trabalho nos maiores centros urbanos do estado ou de estados vizinhos por falta de qualificação, ou, se a tem, são pessoas com menor capacidade, que também não permitiu o sucesso de emprego delas em cidades mais próximas dos grandes centros urbanos. Portanto, principalmente em nível operacional, os empregados são destreinados e, se tem treinamento, não são assíduos ao trabalho ou não seguem corretamente as normas estabelecidas. As empresas frigoríficas do Estado de Mato Grosso usualmente oferecem programas de qualificação e treinamento da mão-de-obra contratada. No entanto, é comum, após o período de treinamento, o trabalhador deixar a empresa para buscar emprego em outro frigorífico, mais próximo a um centro urbano maior ou que oferece melhores condições de trabalho. Há, portanto, alta volatilidade da mão-de-obra, devido ao constante fluxo de entrada e saída de funcionários. A deficiência da gestão de pessoal no tocante à disponibilidade de mão-de-obra
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treinada ficou evidente não somente em termos de funções operacionais, mas também de cargos técnicos dentro do nível de produção. A gestão interna de pessoal dentro dos frigoríficos foi considerada adequada, mas com necessidade de melhorias em aspectos como assistência médica e odontológica e estruturação de plano de carreira. De modo geral, foi constatada uma capacidade de investimento dos frigoríficos na atividade, indicada, principalmente pela tendência de expansão das unidades existentes ou mesmo implantação de novas unidades pertencentes às empresas que já atuam no estado.
9.9. Ambiente institucional Foram identificados, neste diagnóstico, vários aspectos fundamentais ligados ao ambiente institucional, os quais influenciam sobremaneira a competitividade do setor de abate e processamento da cadeia de bovinocultura de corte de Mato Grosso. A primeira questão relevante é relativa à legislação que rege o funcionamento do setor de abate e processamento de carnes no Brasil, associada às Portarias 30478 e 14579. Estas Portarias são consideradas um fator positivo de competitividade para o setor, desde que seguidas com rigor, pois permitiram um processo de adequação das indústrias frigoríficas no tocante aos processos de desossa, transporte, identificação e conservação. Segundo IEL, CNA e SEBRAE (2000), estas Portarias favoreceram empresas que buscaram a melhoria da tecnificação e organização da gestão e desfavoreceram aquelas menos tecnificadas ou clandestinas que não visavam um produto de maior qualidade. Detectou-se neste diagnóstico que praticamente 78
79
A Portaria 304, de 23 de abril de 1996, criada pelo Ministério da Agricultura, contempla aspectos fundamentais à manutenção da qualidade higiênico-sanitária das carnes obtidas nos estabelecimentos sob inspeção sanitária oficial, principalmente com enfoque no controle de temperatura no processo de comercialização de carnes e miúdos (MAPA, 2007). A Portaria 145, de 2 de setembro de 1998, implantou definitivamente a obrigatoriedade da desossa, corte, embalagem e rotulagem com informações a respeito do peso, tipo de carne e prazo de validade (MAPA, 2007).
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todos os estabelecimentos frigoríficos do Estado de Mato Grosso já se adequaram às exigências das Portarias 304 e 145 do Ministério da Agricultura (MAPA). Outro aspecto importante diz respeito ao sistema de inspeção sanitária. Até 1989, dentro da vigência da Lei 5.760/71, este sistema era considerado burocrático, mas, ainda assim, tinha certo nível de eficiência e crédito pelos agentes da cadeia produtiva de bovinocultura de corte. A partir de 1989, com a instituição do Decreto 7.889/89, houve a descentralização da inspeção sanitária, a qual colocou a cargo dos órgãos estaduais, na época pouco estruturados, a fiscalização para a carne destinada a mercados dentro do próprio estado (sistemas de inspeção estadual, no caso do MT, o SISE), ficando a inspeção federal (i.e. SIF) somente aplicada aos derivados de carne destinados a mercados de outros estados ou à exportação (BANKUTI; AZEVEDO, 2001; IEL/CNA/SEBRAE, 2000). No âmbito municipal, criou-se o SIM, que regulamenta a inspeção dentro do município. Detectou-se neste diagnóstico que o problema da fiscalização sanitária nos estabelecimentos frigoríficos é uma questão que compromete a competitividade da cadeia da bovinocultura de corte de Mato Grosso. Em nível estadual e municipal, a inspeção é deficitária, e em nível federal há também deficiência, principalmente pela falta de quantidade de pessoal qualificado para desenvolver todas as atribuições do fiscal sanitário nos frigoríficos e deficiência de normas técnicas de inspeção e abate de bovinos mais atuais, que venham substituir as que estão em vigência. O setor não dispõe de normas e padrões para a operação de toalete bovino durante o abate e, portanto, carece de uma padronização para esse processo de limpeza. Por sua vez, a norma vigente para classificação e tipificação de carcaça bovina nacional é a Portaria Ministerial n.º 612, de 5 de outubro de 1989, a qual define um sistema que parte dele se refere à classificação e parte à tipificação de carcaças e, por questões de complexidade e dificuldades de operacionalização, nunca foi implementada na prática, exceto para atender à Cota Hilton e aos programas de novilhos precoces (FELÍCIO, 2001 e 2003b).
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A Portaria n.º 88, de 19 de dezembro de 2003, foi uma tentativa de estabelecer mudanças na Portaria anterior, visando simplificar o processo de classificação e tipificação, sendo submetida à consulta pública. No entanto, algumas falhas importantes foram identificadas nesta tentativa (JACEWICZ et al., 2004) e, efetivamente, não se chegou ainda a uma situação de uso e implementação de uma norma de classificação e tipificação de carcaças bovinas no Brasil, o que dificulta, sobremaneira, o processo de comercialização de bovinos terminados e iniciativas de melhorias de qualidade dos animais e das carcaças produzidas pela cadeia de bovinocultura nacional. Como conseqüência, cada estabelecimento frigorífico põe em prática sua própria classificação de carcaça, de acordo com os seus mercados compradores. Quanto à tributação (política e fiscalização tributária), IEL, CNA e SEBRAE (2000) mostraram que, na visão do próprio setor, o modelo de tributação era antigo, ineficiente, complicado, onerando muito a produção. Além disso, apontou-se o sistema de tributação como um dos aspectos que favoreceriam os matadouros clandestinos e um alto índice de sonegação fiscal, criando competição desleal. Segundo o diagnóstico desenvolvido por IEL, CNA e SEBRAE (2000), na opinião acerca do segmento de abate e processamento, o ICMS, sozinho, não era o problema, mas sim o conjunto de impostos, como o PIS, FUNRURAL, CONFINS etc., que soma uma carga tributária próxima a 25% ao longa da cadeia produtiva. Também foi citada, como ponto negativo de competitividade, a guerra fiscal entre os estados, uma vez que estes apresentavam isenção ou diferentes taxas de ICMS do boi em pé, o que dificultava o transito de animais dentro do país. É mostrado, no diagnóstico para o Estado de Mato Grosso, que o cenário para a questão tributária ainda é crítico e os problemas apontados pelo setor em 2000 e suas reivindicações continuam as mesmas. Os representantes e especialistas do setor de abate e processamento de carne bovina de Mato Grosso reclamam do excesso de carga tributária e do seu modelo antiquado de cobranças ao longo da cadeia, o que causa um custo com tributação superior a 20%, além
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das deficiências na fiscalização. Todos esses aspectos prejudicam o setor e causa perda de competitividade para a cadeia como um todo, além de continuar favorecendo o abate clandestino e a sonegação fiscal. No que se refere ao abate clandestino de bovinos em Mato Grosso, não há dados estatísticos que comprovem o nível desta atividade. No entanto, ele existe, principalmente nas pequenas cidades do estado e, muitas vezes, é responsável pelo abate de animais que não seguem as exigências sanitárias de vacinação. Portanto, além de constituir-se em prejuízo para os frigoríficos legalizados pela perda de fatia de mercado, mesmo que pequena, os abates clandestinos não seguem nenhum padrão de higiene e segurança. Portanto, os abatedouros clandestinos são uma ameaça para a competitividade da bovinocultura de Mato Grosso, pois além de prejudicar comercialmente o setor de abate e processamento, representam uma ameaça também à saúde humana e à condição sanitária do rebanho bovino da região. De modo geral, em termos das questões ambientais ligadas ao segmento de abate e processamento, identificou-se uma situação positiva. Os frigoríficos com SISE e, ou, SIF seguem todas as normas técnicas exigidas pelos órgãos de fiscalização ambiental do estado, e tal status representa uma boa imagem para esse segmento junto a compradores estrangeiros. No entanto, foram motivos de reclamação dos gestores das indústrias frigoríficas a constante cobrança e a elevação nos níveis de exigências estabelecidos pelos órgãos responsáveis. No que se refere à questão trabalhista, houve também reclamações do ponto de vista das leis trabalhistas e da fiscalização que, muitas vezes, prejudicam a própria condição do emprego e da manutenção das vagas disponíveis no setor, devido aos encargos pesados e à fiscalização excessiva e, às vezes, abusiva. Um ponto importante detectado neste diagnóstico foi a situação crítica da divisão do estado em uma área habilitada para exportação para a União Européia (UE) e uma área não-habilitada. A primeira zona compreende a região ao sul do
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paralelo 13, que corta o estado, enquanto a não-habilitada corresponde à região ao norte deste paralelo e ao pantanal. A divisão do estado em duas regiões representa um problema comercial, pois, além das conseqüências para o segmento de produção pecuária, também há um desequilíbrio no setor de abate e processamento, pois enquanto os abatedouros e frigoríficos da área habilitada exportam seguindo os padrões exigidos pela União Européia, aqueles localizados na área não-habilitada focam no mercado interno ou exportação para países de lista geral, como Rússia e países do Golfo Pérsico. Dessa forma, os frigoríficos da área não-habilitada não têm incentivos para elevar seus padrões de qualidade e processos em virtude da proibição das exportações para os países europeus, além de se sentirem descriminados, pois julgam que esta divisão não tem fundamento técnico, mas somente comercial e político. No tocante à política creditícia, mesmo embora tenha havido a comum reclamação dos dirigentes das indústrias frigoríficas sobre os altos juros e necessidade de melhor adequação da política de crédito, este tem favorecido o setor nas últimas décadas, permitindo um avanço tecnológico significativo. Por último, dentro da questão institucional, foi identificada a necessidade de as entidades representativas do setor de abate e processamento atuam de forma mais significativa em prol das empresas do segmento. Provavelmente, tal reclamação tem uma ligação estreita com a situação de pouca participação e união das empresas nas entidades representativas da classe. Portanto, maior participação e atuação das empresas dos segmentos nas entidades de classe e atuação dessas entidades em prol do setor foram dois pontos importantes identificados e que necessitam ser melhorados para o favorecimento da competitividade geral da cadeia de bovinocultura de corte de Mato Grosso.
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9.10. Entidades representativas O levantamento feito no estado indicou que os estabelecimentos de abate e processamento de carne se faziam representar pelos seguintes entidades de classe em nível nacional e regional: •
Associação Brasileira de Indústria Frigorífica (ABIF).
•
Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC).
•
Associação Brasileira da Indústria de Armazenagem Frigorífica (ABIAF).
•
Sindicatos Estaduais da Indústria de Carnes e Derivados.
•
Sindicato
das
(SINDIFRIGO).
Indústrias
Frigoríficas
do
Estado
de
Mato
Grosso
CAPÍTULO X O SEGMENTO DE DISTRIBUIÇÃO DE CARNE BOVINA
10.1. Introdução O segmento de distribuição de carne bovina do Estado de Mato Grosso está voltado tanto para o atendimento do mercado interno como do externo. O diagnóstico do sistema permite identificar os vários entraves ou desacertos, comuns em economias dinâmicas e, ou, em desenvolvimento, e derivar ações corretivas para seu aperfeiçoamento e ampliação da sua competitividade. Os canais de comercialização físicos e não-físicos são úteis para retratar os sistemas de distribuição em uma determinada época ou a evolução destes através dos anos. Desse modo, é possível acompanhar as mudanças que ocorrem, por exemplo, em termos da permanência ou não de agentes tradicionais envolvidos na cadeia produtiva, verificar queda ou aumento da participação de cada agente e analisar as formas mais usuais de comando e, ou, organização que nela atuam. A identificação dos canais de comercialização também permite melhor visualização e determinação dos possíveis pontos críticos que estrangulam o funcionamento harmônico da cadeia, como: ausência de
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concorrência, má logística distributiva, ausência de rastreabilidade, falta de organização e integração e coordenação entre os agentes. O processo de distribuição de carnes no Brasil difere de região para região, em decorrência de aspectos locacionais, culturais e econômicos. No entanto,
se
assemelham,
genericamente,
nos
níveis
tecnológico
e
profissionalizante, conforme identificados por Sabadin (2006) e IEL, CNA e SEBRAE (2000). De acordo com Soares (2007), excluindo os aspectos de origem-destino, apenas seguindo os fluxos institucionais, no Brasil, o processo de distribuição de carnes se apresenta como apresentado na Figura 10.1. Observa-se que 63% das carnes são vendidas através de redes supermercadistas. O varejo tradicional – açougues - representa 18,6%. A venda institucional, incluindo churrascarias, hotéis, restaurantes, butiques e outros, representa 8,1%, a realizada através do segmento atacadista representa 10,1%. A mesma pesquisa identificou que nas grandes redes de supermercado, a participação das carnes in natura é de 12,5% do total de vendas.
Institucional 8%
Atacadista 10%
Açougue 19%
Supermercados 63%
Fonte: Decisão Consultoria, citado por Soares (2007). Figura 10.1 – Canais de distribuição institucional da indústria da alimentação, em volume.
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Comparativamente, em relação a outros produtos perecíveis vendidos nos supermercados, observa-se que a seção de açougues ou carnes ocupa o segundo lugar (8%) depois de frios e laticínios (14,7%), num total de 34,9% de perecíveis. De outro modo, carnes representam 23% do total de perecíveis (Tabela 10.1).
Tabela 10.1 – Participação nas vendas na seção de perecíveis, em São Paulo – 2003
Seções Frios e laticínios Açougues Hortifrutis Padaria e confeitaria Comida pronta Peixaria Total de perecíveis
Participação relativa (%) 14,7 8,2 6,4 3,2 1,4 1,0 34,9
Fonte: Fundação Abras/ACNielsen (2003), citado por Soares (2007).
Nos açougues localizados dentro dos supermercados, a carne de boi destaca-se como a mais importante, tendo uma participação de 60% no valor total das vendas de carne, seguida pela carne de aves, 34%, carne de porco, 5%, e outras, 1%. Ainda de acordo com Abras (2003), citado por Soares (2007), a carne bovina é comprada em maior volume e com maior freqüência em todas as classes sociais. A carne bovina também responde por 45% do total de carnes compradas nos supermercados. A carne de frango vem em segundo lugar com 36% do total, a de porco, em terceiro, com 6% e a de peixe com 13%. Outro dado que mostra a importância da carne bovina para os supermercados é o que se refere à freqüência com que ela é requisitada, ou seja, a cada 2,4 dias. A carne de frango, a cada três
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dias, a carne de peixe, a cada 7,8 dias, e a de porco, a cada 14 dias. Assim, constata-se a importância para o supermercado em utilizar a carne de boi como elemento forte na atração de clientes e na formulação de promoções diversas, de acordo com Abras (2003), citado por Soares (2007). Os dados dessa pesquisa referem-se a São Paulo.
10.2. Caracterização dos segmentos de distribuição da carne bovina no Mato Grosso Embora o conhecimento dos canais de comercialização seja de grande importância, são poucos os estudos e, ou, bases de dados atuais que identifiquem os fluxos de origem e destino na distribuição das carnes da pecuária de corte do Estado de Mato Grosso. Já com relação ao destino dos demais tipos de carne e, principalmente, para o mercado interno, as quantidades e percentuais carecem de maiores investigações. No entanto, quanto à distribuição institucional de carne para os mercados do estado, verificou-se que esta, de fato, se assemelha àquelas identificadas de acordo com IEL, CNA e SEBRAE (2000) para o Brasil conforme apresentada na Figura 10.1, com adaptações. As peculiaridades regionais e o caráter informal da atividade em algumas dessas regiões tornam difícil afirmar quanto do produto segue por cada um dos fluxos. No entanto, visitas locais e percepções dos pesquisadores, a partir de entrevistas com os principais agentes que atuam na cadeia durante esse diagnóstico, mostram que os formatos de distribuição no estado de fato se assemelham, em muito, aos padrões dos sistemas de distribuição observados em outros estados do país. Na análise a seguir, dos principais direcionadores de competitividade, são identificados aqueles que contribuem positivamente para seu desempenho e os que contribuem negativamente.
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10.2.1. Tecnologia Cadeia do frio e equipamentos de manuseio da carne No Mato Grosso, vencer longas distâncias é uma necessidade imperiosa, condicionada pela sua localização no interior do país, distante dos principais portos e mercados consumidores internos da carne produzida no estado. Há necessidade de uma infra-estrutura de caminhões, câmaras e balcões frigoríficos, automação, informação e mecanismos de controle capazes de manter a qualidade da carne nessa cadeia de frio até o seu destino final, dentro e fora do estado. De modo geral, o diagnóstico revela o segmento de distribuição e dispõe de uma cadeia de frio suficiente para o atendimento e, ou, abastecimento dos principais mercados, do estado e fora do estado, ocorrendo sua operacionalização praticamente sem reclamações, porém, atuando dentro de limites bem estreitos, carecendo de maiores investimentos se uma possível expansão de mercado e, ou, exportação vier a ocorrer no futuro próximo. Os frigoríficos e supermercados, especialmente no caso das grandes redes, dispõem geralmente de boa infraestrutura distributiva. Na maioria deles, o setor de carne tornou-se um dos mais bem aparelhados e, ou, tecnologicamente equipados para sustentar a gestão de suprimentos e atendimento aos compradores. Tecnologia e sistemas de informações De acordo com as informações levantadas, não se conseguiu identificar um sistema de informação perfeitamente ajustado aos moldes apregoados pelos Supply Chain Management. Porém, é crescente o uso de informações em interesse e, ou, benefício próprio e, ou, para troca entre alguns segmentos da cadeia, em níveis variados. Alguns supermercadistas entrevistados afirmam já dispor de sistemas informatizados para troca de informações. Com isso, procuram fazer contatos com os fornecedores para programar abastecimento de suas unidades, o mais rápido possível, a fim de evitar a formação de grandes
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estoques, e garantir a disponibilidade da carne sem interrupções, num processo totalmente automatizado. O sistema de informação em termos de equipamentos para pesagem, embalagem, venda de carnes, informatização, como uso de código de barras, balanças eletrônicas, cortes especiais e outros equipamentos, apesar de não apresentar grandes inovações, mostrou-se satisfatório para o nível de atendimento atualmente praticado nos supermercados e, mais intensamente, na exportação. Quanto ao processamento das informações geradas por essas operações, por exemplo, para aferição da satisfação dos consumidores com os serviços e com a qualidade da carne adquirida, verificou-se que esse é ainda de uso restrito. Em adição, notou-se crescimento na utilização de sistemas de informação nos açougues evidenciado por maior profissionalização desses pontos de venda. Seria interessante que houvesse maior empenho de todos os segmentos da cadeia produtiva em ampliar o uso desses instrumentos. Uma experiência nesse sentido é relatada por Pitelli (2004) ao falar do Sistema de Informação da Carne (SIC), criado, em São Paulo, pela Associação Brasileira de Marketing Rural (ABMR), pela Associação de Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) e pelo Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado de São Paulo (Fundepec). Tal sistema constituiu uma iniciativa importante para sinalizar melhorias no relacionamento entre os consumidores e os demais elos da cadeia produtiva da pecuária de corte. De acordo com Marques (2004), citado por Pitelli (2004), o SIC é muito importante para mostrar a segurança do produto e seu valor, apressar a rastreabilidade e reduzir a clandestinidade. A idéia de melhorar a integração na gestão da cadeia de gado de corte, através do ECR ou Efficient Consumer Response, ainda é pouco difundida e avançou muito pouco nos últimos anos, haja vista as poucas informações e estudos sobre essa prática. No entanto, a concretização de alianças mercadológicas entre os agentes da cadeia, no Mato Grosso, mostra que avanços têm ocorrido.
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Silva e Vasquez (2007) comentam sobre a necessidade da implantação de mecanismos de controle na cadeia produtiva, através de alianças mercadológicas na pecuária de corte do Pantanal como único meio facilitador e fiscalizador de qualidade e aporte tecnológico para aquela região. Isso é evidente para todas as cadeias e se constata maior interesse no uso desses mecanismos de controle e coordenação na pecuária de Mato Grosso. No entanto, são nítidas as dificuldades de se efetivarem esses mecanismos, em face das relações e interrelações de mercado, pouco desenvolvidas, horizontal e verticalmente, verificadas nos diversos elos da cadeia produtiva no estado. Destinação de resíduos graxos/cárneos Os restos de carne, aparas, sebo e ossos precisam de destinação adequada, para evitar uma série de impactos ambientais e de problemas relacionados à saúde pública. Esses resíduos são gerados tanto em nível de abate e processamento como de distribuição e consumo. A maior parte desses dejetos é gerada no abate e processamento, e menor parte nos supermercados, açougues, hotéis e hospitais. Podem ter vários destinos, por exemplo, como lixo urbano, aterros, enterramento, compostagem, queima, incineração e reciclagem ou industrialização. Segundo Barros e Licco (2007), o problema da destinação de resíduos tem recebido pouca atenção das autoridades públicas, tanto nos aspectos de pesquisa, regulamentação sanitária e de meio ambiente, e de como tratar e dispor dos mesmos, evitando seus perigos e conseqüências. O mesmo autor conscientiza sobre a necessidade de se buscar uma gestão e destinação adequadas desses resíduos para que não se tornem num gargalo à produção e comercialização do produto nobre e, economicamente importante, que lhes dão origem – as carnes. Segundo entrevistados, nesse diagnóstico, a destinação de resíduos graxos e, ou, cárneos, em nível de distribuição no Estado de Mato Grosso, é relativamente pouco significativa, ficando mais afeita aos frigoríficos essa preocupação. Porém, pode-se constatar que, com relação a essa parcela de
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resíduos, tida como pouco significante pelos agentes do segmento de distribuição, não há uma preocupação mais séria, levando a crer que essa tenha destino pouco recomendável constituindo, portanto, fator limitante ao desempenho do segmento nesse particular. 10.2.2. Insumos Disponibilidade de carne A disponibilidade e a diversidade de produtos é uma das características de economias desenvolvidas, provando que os sistemas produtivos são capazes de produzir e comercializar com eficiência esses produtos, atendendo aos desejos e às necessidades das populações por meio de um suprimento contínuo. Nas diversas praças e instituições visitadas nesse diagnóstico, no Estado de Mato Grosso, verificou-se que não há problemas quanto à disponibilidade dessas no fornecimento, não se constituindo, portanto, fator restritivo para o abastecimento e atendimento do consumo tanto para o mercado interno quanto para o externo. O estado é capaz de suprir todas as demandas atuais e futuras, na opinião de vários agentes do setor. Qualidade da carne No que diz respeito à qualidade da carne, que pode ser definida sobre vários aspectos, como uniformidade no abate (raça, sexo e idade de animais), rastreabilidade, tipos de corte, principalmente da carne vendida para o mercado interno, constatou-se que há muito a desejar. Mesmo, para a carne que segue para o exterior, considerada de boa qualidade, em face de seu regime de produção a pasto, ainda assim, segundo Oshiai (2007), comparada a de outros países como a carne da Irlanda, Escócia, Argentina e a do Brasil, particularmente, ainda é vendida como uma commodity, tendo, portanto, muito que melhorar ou diferenciar. Esta é uma opinião confirmada por outros agentes da pecuária de corte do Estado de Mato Grosso entrevistados neste diagnóstico.
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Preço da carne O preço da carne não representa um problema na distribuição, ou seja, não afeta negativamente o desempenho do sistema. Há, no entanto, opiniões divergentes no setor quanto ao que o preço possa representar para o consumidor de carne bovina. Alguns consideram que a carne tem um preço baixo e pouco afetaria no orçamento dos consumidores, e que os problemas surgidos no consumo, redução, por exemplo, derivam-se de hábitos culturais. Por outro lado, segundo outros, a carne é um produto nobre e caro para os padrões de renda de grande parte dos consumidores brasileiros, que reduzem o consumo sensivelmente, caso haja elevação de seu preço. Analisando os preços, identificaram-se taxas geométricas de crescimento de 0,08% semanais para o traseiro com osso (boi e vaca), e de 0,14% semanais para o traseiro sem osso (boi), no período de fevereiro de 2005 a maio de 2007, para as médias móveis quadrissemanais do preço real deflacionado pelo IGP-DI para o fim do período. Já o dianteiro, tanto com osso, como sem osso (boi e vaca), apresentou decréscimo da taxa geométrica da ordem de 0,20% semanais no mesmo período. Embalagens As mudanças no setor de embalagens ocorrem como conseqüência direta de avanços tecnológicos e de resposta às novas tendências de consumo e às exigências das novas formas de comercialização, tanto no atacado como no varejo, levando-se em conta mais do que nunca a preocupação com a segurança alimentar, principalmente do ponto de vista de sanidade e conveniência do produto, segundo IEL, CNA e SEBRAE (2000). A obrigatoriedade das Portarias Ministeriais n.o 304, de 22 de abril de 1996, e n.o 145, de 1.o de setembro de 1998, que exigem a comercialização de carnes já desossadas e embaladas para o setor varejista, tem se consolidado e transformado o processo de comercialização de carnes no estado e no país. Segundo IEL, CNA e SEBRAE (2000), as principais dificuldades enfrentadas por processadores e distribuidores estão relacionadas à mão-de-obra
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não especializada, custo de implantação da desossa e equipamentos de embalagem, descarte de ossos, sebos e subprodutos e falta de informação e esclarecimento do consumidor final sobre aspectos de conservação e preparo das carnes embaladas. Alguns pontos de venda são receosos em comercializar produtos, como no caso dos embalados a vácuo, por temor à falta de informação do consumidor, que pode vir a correlacionar sua aparência a uma eventual má qualidade e, por sua vez, identificar negativamente a marca. De início pode-se afirmar que o processo de adoção de embalagens no varejo seria uma tendência irreversível e esse traria melhoria de competitividade para o setor, porém, isso parece não acontecer na velocidade desejada. Segundo entrevista com supermercadista de Mato Grosso, grande parte da carne que procede dos frigoríficos para os supermercados vem sendo entregue em caixas, já desossadas, embora também ocorra na forma de peças inteiras, porém, em menor proporção. No varejo, há aparente preferência por carne embalada em bandejas, geralmente com pouco volume de carne processada ou já em cortes específicos para atender a consumidores cujas famílias são cada vez menores e, ou, em que o número de pessoas vivendo sozinhas ou solteiras e, ou, separadas cresce, e que dispõem cada vez de menos tempo para cozinhar. Também, é crescente a preferência por carnes frescas, para consumo imediato, ou seja, que não sejam congeladas e, ou, estocadas. Há, ainda, a procura tradicional, com essas mesmas características, porém, para a carne preparada na presença do cliente e depois pesada e embalada. Essa procura por carne embalada e, ou, preparada no açougue ocorre simultaneamente dentro de um quadro de ‘conflito’ na mente do consumidor, em decorrência de dois fatores: o fator cultural e o fator renda. O fator cultural leva o cliente pela procura da carne a ser preparada no momento da compra ou na sua presença, já que gosta de carne limpa, sem gordura e sebo. Porém, não querem pagar pela limpeza, ou seja, querem que a carne escolhida seja pesada após a toalete, e só, então, embalada, já que
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consideram que a carne é um produto caro para seu nível de renda. Por outro lado, o supermercado tenta oferecer a carne já limpa e embalada em bandejas tentando agradar outro tipo de consumidor. O consumidor olha o preço da carne embalada e tenta comparar com as vantagens que teria se ela fosse pedida no balcão. A decisão entre uma e outra quase sempre vai depender do preço final surgido dessa comparação. Como essa comparação, muitas vezes é difícil, pois o cliente quase sempre acaba preferindo o processo de preparação da carne sob sua vista. A não ser que outros fatores como pressa e, ou, aparência e, ou, experiência façam o consumidor optar pela carne embalada. Esse conflito, ao que parece, está longe de ser resolvido, devendo prevalecer, por enquanto, o pedido de preparo de carne na presença do consumidor. Energia A preocupação com o meio ambiente reflete cada vez mais sobre a questão do uso da energia que resulte numa maior preservação da natureza. Para tanto, há necessidade de se buscarem fontes alternativas energéticas que, além da preservação ambiental, dêem sustentabilidade à atividade econômica. Na distribuição de carne, o uso de energia é intenso, tanto no transporte como na armazenagem, ambos dependentes de energia para a locomoção em si e para refrigeração dos ambientes ou containers para conservação. O custo crescente da energia elétrica requer uma gestão do transporte e armazenagem cada vez mais eficiente. O Estado de Mato Grosso, por estar logisticamente distante de portos e dos mercados centrais, depende fortemente da disponibilidade e do uso racional de energia. Segundo se constatou nesse diagnóstico, o custo com esse importante insumo no estado preocupa os empresários do setor, já que afetam negativamente o desempenho e a competitividade do segmento, requerendo ações que resultem não somente na busca de tecnologias e processos poupadores de energia, mas de alternativas energéticas que priorizem o uso de energia renovável.
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10.2.3. Relações de mercado Relações com frigoríficos, distribuidores e consumidores No segmento de distribuição, merece destaque o comportamento dos agentes e as relações de negócios que estabelecem entre si nos diferentes elos da cadeia produtiva. Nesse particular, constatou-se, no Estado de Mato Grosso, que as relações dos supermercados, principais distribuidores no varejo, com os frigoríficos e com os consumidores mostram um quadro geral de pouca amistosidade e, ou, interesse, não justificável, em face da grande importância comercial da carne bovina representa para todos esses agentes. Segundo IEL, CNA e SEBRAE (2007), Siffert Filho e Faveret Filho (1998) e Sabadin (2006), a cadeia bovina é a menos integrada se comparada com a de aves e suínos. Na cadeia de aves e suínos prevalecem sistemas de relações contratuais entre os agentes, o que lhes confere maior controle sobre custos, qualidade e quantidade da matéria-prima e produtos e rapidez na difusão de inovações, conferindo maior competitividade a essas em relação à de bovinos. Na cadeia de carne bovina prevalece relações de mercado entre fornecedores e processadores, com reduzida utilização de contrato, tornando mais lenta a introdução de progresso técnico e mais difícil a redução de custos e a diferenciação de produtos. O nível de integração contratual é baixíssimo comparado com o de outros países, segundo Jank (1996). Deve-se ressaltar, contudo, que os programas de melhoria de qualidade, integração e rastreabilidade têm efetivamente introduzido mudanças nas relações de mercado na cadeia produtiva da pecuária de corte no país com os incentivos do FUNDEPEC, e com as iniciativas das grandes redes de supermercados atuando em vários estados da federação, como do Grupo Pão de Açúcar e do Carrefour, principalmente nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (PAIVA; GUIMARÃES, 2007). Outro programa que revela avanços nas relações de mercado e na organização da cadeia produtiva da pecuária de corte do Brasil e também de
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Mato Grosso, com apoio da Tortuga e da Associação Brasileira de Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), é o programa de Qualidade Nelore Natural, surgido em 1999 e vigorando até os dias de hoje. Trata-se de um programa de aplicação simples e prática ao alcance de qualquer pecuarista, independentemente do tamanho de seu rebanho. A ACNB funciona como órgão gestor do processo e aglutinador da cadeia, em que cada elo tem a sua participação. Parcerias com empresas de insumos do setor são feitas com o intuito de levar informações e novas tecnologias ao pecuarista. Para informar e nortear o trabalho dentro das fazendas foram criados, em 1999, os julgamentos de carcaça, que, em 2003, culminou na criação de um campeonato nacional, anual, de qualidade, denominado Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaças, que passou a vigorar todos os anos, estimulando ainda mais a participação dos pecuaristas. Avaliaram-se, nesses quatro anos, 10.972 animais, do quais, 10.578 foram aprovados. Até 2005 ocorreram 58 abates, envolvendo 751 pecuaristas, 34.723 animais inscritos e 33.450 aprovados. Além dos objetivos de integração, o programa prevê a produção de carne diferenciada, partir de animais padronizados, e obtenção, da mesma forma, de um produto com marca e preços melhores. O programa também criou um selo de qualidade. De acordo com Bonfin (2007): o gado nelore é a primeira raça produzida no estado com garantia de origem reconhecida pelo Governo. A raça recebeu o selo Qualidade MT durante a premiação da 6.ª etapa do Campeonato do Circuito Boi Verde, promovido pela Associação de Criadores de Nelore do Brasil. A certificação do nelore com o selo Qualidade MT é uma das ações do Programa Mato-grossense de Melhoramento da Pecuária (Prommepe) da SEDER-MT. As Associações de Criadores de Nelore do Brasil e de Criadores de Nelore de Mato Grosso foram as primeiras instituições a serem beneficiadas com a certificação do gado nelore, em razão do convênio assinado com a Secretaria de Desenvolvimento Rural em agosto de 2002. Para a certificação do gado nelore produzido em Mato Grosso, o
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Prommepe considerou o processo de criação do gado a pasto, também chamado boi de capim ou carne saudável. As relações de mercado com supermercados têm forçado a formação de alianças mercadológicas para fidelizar relação com supridores ou fornecedores. Mesmo com importadores isso acontece, ou seja, a relação de fidelização. Isso pode ser feito para se obter sempre o mesmo tipo de corte e, ou, tamanho de peças, ou seja, do tipo de um filé com mais ou menos gordura e outras ações semelhantes. A aliança ou a parceria é uma tendência forte por questões puramente mercadológicas e constitui uma condição essencial para o sucesso tanto dos frigoríficos quanto dos supermercados e dos importadores. Segundo dirigentes de supermercados entrevistados, até há pouco tempo estes compravam carne de qualquer frigorífico. Uma vez que atualmente os clientes começaram a reclamar da qualidade da carne, devolvendo-as, eles não tinham como repassar essa reclamação, já que não olhavam a origem daquela carne. Agora, viram que se fizerem um acordo ou fidelizarem ou prestigiarem um numero menor de frigoríficos, mais habilitados, eles sairão ganhando ou poderão repassar queixas e, ou, negociar melhores condições de preços, qualidade e espaço na gôndola. Agora compartilham os ganhos e os prejuízos mais de perto. O problema é dos dois, o que é muito importante. Outro aspecto que tem contribuído para melhor coordenação na cadeia é a necessidade que os frigoríficos têm de fazer lotes uniformes para exportação e, para isso, têm que premiar ou relacionar bem com aqueles pecuaristas que oferecem ou podem oferecer lotes uniformes e, ou, de animais mais bem acabados. A fidelização e, ou, as parcerias estão crescendo entre o frigorífico e os supermercados, por causa das novas exigências dos consumidores. Os supermercados estão cedendo mais e não impondo condições como sempre fizeram. As negociações estão ficando mais favoráveis a ambos. Siffert (2003), citado por Pitteli (2004), no entanto, enfatiza o problema da falta de coordenação nas relações entre os elos da cadeia e mostra que ela ocorre mais freqüentemente via preço que por qualquer outra forma.
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Com relação ao mercado externo, observa-se que o Brasil já possui várias marcas de carne, todas com um diferencial, que pode ser nos tipos de corte especiais para clientes especiais; pode ser preço, pode ser logística, rastreabilidade e muitas outras coisas. O setor importador faz exigências diferentes para cada frigorífico. Comparada, porém, às carnes de outros países, a carne brasileira exportada, segundo Oshiai (2007), ainda deixa a desejar. A carne da Irlanda, num supermercado, é vendida por 48 euros, a da Escócia, por 38 euros, a da Argentina, por 25 a 30 euros, enquanto a carne do Brasil é vendida por 20 euros. No entender do autor, o Brasil vende uma carne commodity, devendo, portanto, continuar o processo de diferenciação e melhoria de qualidade para conquistar melhores condições de negociação e venda. Formação de preços A formação de preços é um processo complexo que depende da estrutura de mercado, do poder de negociação das firmas, da oferta e da demanda, dos concorrentes, localização, condições climáticas e locacionais, dentre outras. Segundo entrevistados neste diagnóstico, a formação dos preços no segmento de distribuição no Estado de Mato Grosso não representa um entrave maior ao funcionamento da cadeia. No entanto, sabe-se que os supermercados realmente têm um poder maior de impor condições. Porém, constatou-se, a partir das entrevistas com lideranças do setor e supermercadistas, que a liderança dos supermercados não é tão absoluta e que novas formas de negociação entre as partes são crescentes, sendo cada caso um caso. As negociações entre as partes têm sido incrementadas. Não são mais somente os supermercados que comandam a negociação entre os elos, pois há situações em que ora os frigoríficos impõem condições de preço e quantidade, e outras em que são obrigados a aceitar condições. Mas, a negociação é crescente e não há contrato nem aliança, porque não há ainda uma continuidade no processo.
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Rastreabildade A rastreabilidade no segmento da distribuição é importante para dar continuidade a um processo que parte do consumidor vai até o produtor e volta na distribuição que deve concretizar ou fechar o círculo. No Estado de Mato Grosso, percebe-se que a rastreabilidade na distribuição é uma realidade mais voltada para a exportação e menos para o mercado interno. Nos supermercados, há uma preocupação com uma rastreabilidade parcial, voltada para atender alguns clientes mais exigentes que expressam alguma preocupação com a origem da carne. Essa preocupação também já se verifica em açougues, em menor proporção, e em casas de carne ou butiques que valorizam bastante esse quesito. No entanto, percebe-se que a rastreabilidade como pretendida ou proposta ainda tem um espaço muito grande para ser percorrido, para que o atendimento de todos os seus critérios seja plenamente satisfeito no estado. 10.2.4. Características da demanda As características da demanda foram, neste diagnóstico, levantadas na ótica do agente ofertante e não em consulta direta ao consumidor. Dessa forma, reflete o ponto de vista dos supermercadistas, butiques e casas de carne. O subfator imagem inclui qualidade; higiene e limpeza; saúde/nutrição; atendimento personalizado ou diferenciado; responsabilidade socioambiental. A imagem do produto cárneo foi detectada desfavorável para a competitividade da cadeia. Em geral, os consumidores mato-grossenses ainda preferem cortes e preparos no balcão do açougue ao invés de comprar os produtos disponibilizados no auto-atendimento (ou gôndolas). Existe algum descontentamento quanto ao formato disponibilizado, e as informações remetem sempre ao balcão enquanto produto de maior qualidade para o consumidor final. Existe a crença de que o consumidor mato-grossense ainda estaria num estagio inicial acerca da consciência e responsabilidade socioambiental, não remunerando estes atributos.
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O atendimento personalizado confere vantagem ao consumidor que procura o balcão do açougue, prática mais presente em casas de carne ou butiques de carne. O atendimento e entrega em domicílio é uma prática que contribui para a competitividade do segmento, mas com pequeno peso, considerada uma prática de marketing do agente. Normalmente, existe um valor mínimo do cupom fiscal para que esta entrega seja realizada e, no caso dos supermercados, está associada à venda de outros produtos além dos cárneos. A diversidade de produtos cárneos e complementares ainda é vista como pequena, em geral, e padronizada entre os agentes, não se observando uma oferta relevante de produtos como carne orgânica ou com atributos que conferissem nichos de mercado. Práticas de venda de produtos como ‘espetinhos’ prontos foram mencionadas, mas com resultados pífios para os seus vendedores. Existe
prática
regular
de
promoção
de
produtos
cárneos,
principalmente nos supermercados da capital, com diferentes mídias. Em geral, as práticas promocionais e os descontos acontecem de modo coordenado com os frigoríficos, associando a disponibilidade de carne às necessidades previstas no período da promoção. Estas práticas conferem competitividade à cadeia via preços menores e ampliação do consumo. Existem também algumas práticas de degustação, normalmente associada aos embutidos com carnes bovinas associadas às carnes de outras espécies animais. O preço da carne teve resultado desfavorável na competitividade da cadeia. Em Cuiabá, os preços reais (deflacionados pelo IGP-DI para maio de 2007, médias móveis centradas quadrisemanais) de carne bovina tiveram elevações estatisticamente significativas no período de fevereiro de 2005 a maio de 2007, com exceção da costela. As carnes com maiores elevações de preços reais representadas pela taxa geométrica de crescimento semanal foram: picanha (0,27% semanais); patinho (0,20% semanais); filé (0,18% semanais); e alcatra (0,17% semanais). Um segundo grupo de carnes pode ser representado por coxão duro, coxão mole, contrafilé e maminha, com taxas de crescimento da ordem de
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0,12% semanais. O terceiro grupo, representado por músculo, lagarto, acém e fraldinha, teve taxa de crescimento de 0,06% semanais. Em termos de informação ao consumidor, o resultado foi muito desfavorável à competitividade da cadeia. Em geral, não se sabe se a carne vem de animais machos ou de fêmeas, e não se tem identificação da origem e classificação de qualidade. Normalmente, as informações restringem-se àquelas obrigatórias pela Lei de Defesa do Consumidor, principalmente peso e validade. A rastreabilidade não é repassada aos agentes de distribuição, que alegaram não ser uma informação remunerada diferentemente pelo consumidor final. Assim, as encomendas são feitas no frigorífico, onde são conferidos a qualidade e estado geral da carne recebida sem, no entanto, exigir a rastreabilidade.
Portanto,
este
item
atua
desfavoravelmente
para
a
competitividade da cadeia. Em termos de crédito ao consumidor, as práticas nos supermercados estão associadas ao uso de cartões de fidelização, uso do cheque pré-datado para clientes previamente cadastrados, ou cartões de crédito de bandeiras nacionais. Já para as casas de carne, ainda são comuns cadernetas e cartões de crédito. O quesito renda do consumidor foi avaliado pelos supermercadistas e casa de carne como baixo e significativamente importante para o consumo de carne bovina, atuando desfavoravelmente para a competitividade da cadeia. O preço de outros produtos cárneos surge como concorrentes da carne bovina, como é o caso dos preços de carne suína, aves e peixes. Estes apresentam, em geral, preços menores que os de carne bovina, e, ante aumentos de seus preços, relativamente maiores que a renda, causam decréscimos na demanda por carne bovina. Além disso, estratégias agressivas de marketing, como degustação e propaganda, têm sido adotadas pelas cadeias produtivas de carne de suínos e de aves, aumentando o consumo dessas em detrimento da carne bovina.
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10.2.5. Estrutura de mercado Concentração, escala e barreira à entrada O processo de concentração na distribuição varejista já é uma realidade no Brasil, de acordo com Soares (2007), acontecendo o mesmo na pecuária de corte no Brasil (SABADIN, 2006). Segundo Gazeta Mercantil (1998), citado por IEL, CNA e SEBRAE (2000), estima-se que a distribuição do produto para o consumidor final seja: supermercado/hipermercados/restaurantes/hotéis/refeições industriais (65%); açougues (30%); butiques de carne (5%). Estes valores alteraram-se nos últimos anos, a favor dos setores de atacado e varejo, conforme Sabadin (2006) confirma. Aguiar e Silva (2002), citados por Pitelli (2004), reforçam o poder de concentração maior na cadeia dos supermercados, também pelo fato de terem o domínio da informação e por estarem mais perto dos consumidores. Uma mudança ainda pouco significativa, mas que vem ocorrendo nos canais de distribuição, é a formação de parcerias e alianças estratégicas entre indústria, atacadistas e varejistas. No Mato Grosso, essa mudança ainda acontece de forma mais incipiente ainda, pelo que se tem constado, porém de forma crescente entre vários segmentos da cadeia produtiva. A concentração e o crescimento dos supermercados permitem que se obtenham economias de escala na aquisição de carne bovina, o que lhes conferem maior poder de mercado. Logística De acordo com os levantamentos realizados durante a compilação deste diagnóstico, percebeu-se que é crescente a preocupação das redes de supermercados no que se refere à criação de um centro de distribuição atacadista de carnes no estado para desossa, preparação e obtenção de carnes padronizadas, de melhor qualidade para melhor atender a seus clientes. Outro objetivo seria obter menor custo e uma logística mais adequada de entrega a todas as lojas da rede. Isso, por um lado, além de alterar os formatos de distribuição, criando
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novas alternativas de distribuição, pode significar maior eficiência distributiva e conferir maior agilidade e competitividade ao segmento, se de fato houver competição no setor. Essas alterações podem, contudo, acabar fortalecendo e, ou, criando barreiras à entrada e sustentando a tendência de concentração no segmento. Do mesmo modo, como verificado por IEL, CNA e SEBRAE (2000), também se comprovou, com este diagnóstico, a tendência de modernização e, ou, transformação dos açougues tradicionais no Mato Grosso, através de um processo de diferenciação de serviços e produtos, para evitar a concorrência excessiva na venda de carne bovina. É comum encontrar, portanto, açougues que vendem não somente carnes, mas também oferecendo produtos complementares à carne, como temperos, carvão, farinha/farofa, sal, espetos e outros utensílios para preparação e consumo de carne. Além da disponibilização desses produtos, podem-se verificar como instrumentos de diferenciação entre pontos de vendas questões relacionadas à atmosfera/ambiente do ponto de venda e higiene. Alguns pontos de venda diferenciam-se pelo oferecimento de produtos com marcas “fortes” e informações ao consumidor sobre os produtos e o modo correto de prepará-los. As churrascarias, segundo entrevistados neste diagnóstico, têm alterado, ainda que de forma incipiente, a estrutura de distribuição de carnes no país e no estado, ao constituir uma rede alternativa para comercialização institucional de carne, que cresce significativamente. 10.2.6. Gestão Formato de ponto de venda O atual diagnóstico confirma a participação dos agentes identificados por outros estudos na distribuição da carne na cadeia da bovinocultura de corte de Mato Grosso e traz informações que apenas redefinem ou reforçam os papéis dos agentes e, ou, fluxos já identificados e apresentados na Figura 10.2. Os
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supermercados representam, de fato, o principal agente do segmento de distribuição de carne bovina no estado. Sua participação pode chegar a cerca de 80% do total de carne comercializada, segundo um dos supermercadistas entrevistados, e com tendência a ocupar um espaço cada vez maior. As setas em vermelho, na Figura 10.2, indicam o principal caminho percorrido na distribuição de carnes no estado, ou seja, aquele que se origina nos frigoríficos e segue para os supermercados, e desses para os consumidores. Os açougues ocupam, em ordem de importância, o segundo lugar como agente distribuidor de carne no estado. Por último, sem se poder especificar percentuais, vêm butiques de carnes e, ou, casas especializadas e distribuidores institucionais, quais sejam: as churrascarias, os hotéis e os hospitais. Constatou-se ser crescente o papel das churrascarias que tendem a tornarem-se cada vez mais importantes no processo distributivo de carne bovina no estado e no país. Já com relação às butiques, que procuram atender nichos de mercado, segundo alguns entrevistados, representam menos de 1% na distribuição de carnes no estado. Tanto os supermercados como os hipermercados possuem parte da comercialização de carne como um auto-serviço, e parte ainda no formato de varejo tradicional ou como açougue, para agradar a todos os tipos de cliente.
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Fonte: IEL, CNA e SEBRAE (2007), adaptado para o Estado de Mato Grosso e para o ano de 2007. Figura 10.2 – Canais de distribuição institucional de carne bovina no Estado de Mato Grosso.
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Gestão de pessoas do setor cárneo A análise da gestão interna das empresas de distribuição revela os recursos e, ou, equipamentos que estas dispõem e o modo como os usam para operarem e atingir seus objetivos, conferindo-as maior ou menor competência e, ou, eficiência como elo da cadeia produtiva. Nessa busca pela gestão perfeita, é interessante observar os aspectos considerados relevantes por algumas empresas nessa direção. Assim, é importante salientar a preocupação recente de supermercados quanto às exigências para gestão e qualificação de fornecedores e, ou, pessoas do setor cárneo, de acordo com Elanco (2007), citados por Soares (2007): 1) possuir uma empresa regularmente constituída de acordo com a legislação específica ao seu ramo de atividade; habilitada a emitir nota fiscal de venda, e que também recolha os impostos e encargos cabíveis; 2) capacidade do produtor de manter o fornecimento de maneira consistente e, ou, constante; 3) confiabilidade do produtor em relação ao cumprimento dos contratos; 4) possibilidade de incrementar a capacidade produtiva sem detrimento dos demais aspectos da sustentabilidade; 5) capacidade de cumprimento do prazo de entrega; 6) vulnerabilidade da produção aos fatores naturais e de mercado; 7) obedecer a todas as leis nacionais, estaduais e municipais, às exigências administrativas e aos tratados e acordos internacionais entre os quais o Brasil é signatário; 8) estar a empresa em dia com a situação tributária, fiscal e social (impostos federais, estaduais, municipais, INSS e FGTS); 9) respeito às normas relacionadas à saúde e à segurança dos trabalhadores; 10) não possuir títulos desabonados na praça; 11) ter os produtos registrados nos órgãos competentes, atendendo às normas técnicas em vigor e ter definida uma política da qualidade, com base nas Boas Práticas de Produção (BPP);
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12) ser uma empresa comprometida com ações de responsabilidade social; 13) possuir método produtivo moderno e eficaz; 14) certificação e segurança dos alimentos são essenciais; 15) adequação às regras determinadas pelo varejista na produção e processamento; 16) produto de qualidade, de acordo com os critérios avaliados pelo comprador; 17) possuir preço competitivo; 17) entrega e logística desenvolvidas (no prazo e qualidade estipulados); 18) escala de acordo com as necessidades do cliente (frigoríficos); 19) respeito a contratos; 20) os produtos orgânicos devem continuar crescendo, mas permanecerão com uma parcela reduzida do mercado; 21) as redes de varejo procuram formas de diferenciar-se e atender às necessidades do consumidor. A tendência é aumentar a busca por diferenciação, seja em produtos, serviços ou custos; e, 22) inovar em parcerias pode ser uma solução (novos produtos, promoções, marcas diferenciadas). De acordo com visitas e entrevistas realizadas, com representantes de algumas redes de supermercados no Estado de Mato Grosso, constatou-se que essas medidas vêm sendo, de forma mais ou menos precisa, incorporadas e, ou, requeridas por alguns supermercados no estado. Alguns desses têm avançado, fortemente, na busca desses critérios, principalmente nos aspectos de marketing e, ou, estratégias de venda e na gestão da cadeia de suprimentos. Segundo Sabadin (2006) e IEL, CNA e SEBRAE (2000), quanto à gestão de pessoas do setor cárneo, empregadas nos segmentos de distribuição, o fator que mais preocupa é o nível de profissionalização dos agentes que trabalham no preparo das carnes e no contato direto com os consumidores. Os supermercados, em geral, são os que têm mais investido em recursos humanos, oferecendo treinamento técnico, e em gestão de compra e venda. Os açougues têm também procurado evoluir, investindo em treinamento de pessoal e marketing.
No
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entanto, segundo visitas aos supermercados e aos açougues no desenvolvimento deste diagnóstico, no Mato Grosso, particularmente no que se refere à gestão de pessoas, pode se constatar que esses atuam ainda de forma deficiente, com bastante espaço para melhorias. Marketing de venda de carne bovina Segundo Faveret Filho e Paula (1997), citados por Pitelli (2004), os frigoríficos não trabalham com marcas, e os produtores não entregam animais diferenciados (idade, sexo, gordura etc.). Tal fato cria dificuldades para tornar a carne um produto diferenciado na distribuição, ficando a diferenciação mais na mão do varejista no momento de atender à solicitação dos clientes no balcão dos açougues. Barcellos e Ferreira (2003), citados por Pitelli (2004), enfatizam o caráter commodity da carne distribuída no mercado interno, em relação às demais carnes, um produto sem diferenciação, e, portanto sem muito valor agregado. No contexto atual, no entanto, ocorrem mudanças, porém, ainda, tímidas e, ou, capazes de sustentar iniciativas mais ousadas na elaboração de um marketing consistente e permanente. Os supermercados e as casas de carnes especializadas se enquadram nessa categoria, pois procuram ser cuidadosos na busca de locais mais apropriados para instalar pontos de vendas, obviamente, onde existe um mercado consumidor ainda não completamente ou corretamente atendido por outros pontos de venda. Procuram oferecer o produto de acordo com o tipo de cliente que freqüenta a loja. Em alguns casos, existe uma preocupação constante com o desenvolvimento ou a aquisição de produtos de marca ou com selo de qualidade. É o caso, por exemplo, descrito por Martinho (2002) que diz o seguinte: O setor pecuarista do Estado de Mato Grosso começou a se envolver numa primeira experiência de venda de carne com o Selo de Qualidade Nelore Natural de Mato Grosso para a rede de supermercado Bom Marché do Rio de Janeiro. Ao todo serão comercializadas 30 toneladas de carne por semana do frigorífico Friboi.
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Visitas recentes feitas a diversos supermercados no Mato Grosso, durante este diagnóstico, confirmam investimentos crescentes em ações de marketing por parte do setor como elemento de atração e fidelização de clientes. Constatou-se, pela pesquisa, que os supermercados cada dia se preocupam mais em atender clientes ou consumidores de carne que desejam saber a marca da carne, a origem, a qualidade, o modo de preparo, a higiene, a limpeza e outros atributos. Na opinião dos varejistas, estas mudanças têm ocorrido com bastante freqüência e rapidez. Muitos consumidores já consideram a origem ou procedência da carne como um fator indispensável. Segundo este diagnóstico, os frigoríficos estão investindo cada vez mais em marketing direcionado, principalmente para os supermercados. O que os frigoríficos fazem é tentar criar um diferencial que pode estar na marca, no nome do frigorífico, no preço, na qualidade, na fidelidade etc., acirrando a competição entre eles. Com relação a preço, por exemplo, obviamente as butiques cobram um preço maior, uma vez que oferecem produtos especiais para um público especial. No caso dos supermercados, o que se observou é que esses têm procurado oferecer um mix de produtos, que atendam a uma gama maior de consumidores de vários níveis e, ou, classes sociais, através de cortes especiais, marcas e atendimento pessoal ou sob encomenda, entrega em domicílio e crédito. Conforme se constatou, os açougues no Estado de Mato Grosso têm investido, ainda que de forma limitada, em algumas estratégias de venda e, ou, marketing, principalmente no design externo e interno das lojas, e na modernização dos equipamentos para operacionalizar o processamento e a venda da carne. Além disso, procuram dar atendimento mais personalizado aos clientes, bem como estabelecer estratégias promocionais. Porém, há ainda um longo caminho a percorrer para se alcançarem níveis mais satisfatórios de marketing efetivo em termos de mais conveniências, qualidade e atendimento. Com relação às feiras-livres, o marketing decorre das características próprias que cercam essa forma de comércio como a sua localização,
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normalmente em bairros importantes, pelo atendimento cordial e pelo papel, até certo ponto folclórico, que exerce sobre os consumidores. O grande diferencial das feiras costumava ser o preço, geralmente bem mais baixo que os praticados noutros pontos de venda, o que nem sempre se verifica mais, principalmente comparada com as carnes vendidas em supermercados em maior volume e melhor qualidade. Gestão da cadeia de suprimentos de carne bovina Algumas grandes redes afirmam dispor de frigoríficos cadastrados para fornecimento de carnes dentro dos critérios que consideram importantes, e esses critérios, ao que parece, começam a predominar nas relações entre frigorífico e supermercados, haja vista a necessidade de maior compromisso e, ou, controle da qualidade da carne fornecida. A facilidade de entrega, em face da maior e melhor disponibilidade de infra-estrutura de distribuição e o aumento no número de frigoríficos e, ou, fornecedores fazem com que alguma forma de fidelização se torne necessária. Acordo sobre preços e formas de pagamento também não são bem conhecidos. O que ocorre é uma parceria implícita, em que os varejistas procuram oferecer um padrão específico de produtos e tentam obter dos fornecedores as condições que melhor atendam às suas necessidades na aquisição desses produtos. Neste diagnóstico observou-se que comumente se trocam informações com os fornecedores e se discutem preço e qualidade, e se elege um ou dois parceiros especializados em determinados tipos de carne. Na opinião de alguns, em um futuro próximo, as grandes redes vão ter contratos claros sobre as quantidades que compram e sobre prazos. No Mato Grosso, foram constatados casos em que o frigorífico dispõe de pontos de venda de carne próprios em rede de lojas, e, ou, casas de carne e, ou, redes de açougues espalhados pela cidade. Esses pontos distribuem não somente a carne do frigorífico, mas de outros frigoríficos e de outras marcas. Alguns açougues se tornaram pontos de venda de carne, através de forte esquema publicitário, por exemplo, atraindo os clientes com cartazes que promovem tipos e, ou, cortes de
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carnes com preços reduzidos. Nesses pontos de venda (açougue) é possível encontrar carne de vários outros frigoríficos, e, ou, marcas, além de produtos complementares e, ou, de suporte a festas e, ou, a churrascos. Esses oferecem serviços de orientação ao consumidor como forma de fidelização dos mesmos. No Estado de Mato Grosso conseguiu-se identificar que, embora não muito comum, existem redes de casas especializadas e, ou, butiques que operam com um custo operacional muito elevado, ao contrário do acontece com os supermercados que têm esse custo diminuído. Essas butiques procuram trabalhar ao máximo na diferenciação do produto, especialmente por meio de carnes especiais ou de melhor qualidade, e através de cortes especiais. Para atingir um público restrito e especial, priorizam a aquisição de alguns poucos fornecedores que, normalmente, têm uma marca forte e, ou, podem oferecer carnes segundo critérios por elas estabelecidos. Há preocupação, por exemplo, com origem, sexo e idade de abate dos animais. Algumas butiques adquirem carnes já desossadas e, ou, manipuladas dos frigoríficos, mas outras adquirem carne para manipulação e, ou, desossa, para produzirem cortes sofisticados. Embora adquiram carne de marcas conhecidas, ao que parece, a maior parte das butiques e, ou, casas de carnes, preferem trabalhar com marca própria, já que dispõem de equipamentos mais elaborados de manipulação e desossa e processamento. De modo geral, adquirem carnes na medida da necessidade sem nenhum acordo prévio e por preços negociados. Nas feiras livres, tanto nas cidades maiores como nas menores e do interior, os vendedores de carne fazem sua aquisição a partir de abatedouros e, ou, matadouros, onde os cuidados sanitários deixam muito a desejar, e a origem quase sempre é desconhecida. Não há preocupação com cortes e, ou, padrões de qualidade. Geralmente, nessas os preços são menores, mas também os volumes comercializados tendem a cair cada vez mais.
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10.2.7. Ambiente institucional Legislação sanitária As Portarias n.° 304 e 145 continuam impactando a cadeia produtiva da pecuária de corte no país, conforme previsto e, ou, esperado que acontecesse. Estudos recentes mostram tendência de mudanças em todos os elos da cadeia, embora não ainda na intensidade desejada. As limitações para que os impactos sejam maiores decorrem tanto de restrições dos segmentos de processamento quanto dos próprios consumidores, muitos deles arraigados nos hábitos de consumo. Os impactos são mais evidentes nos frigoríficos, supermercados e butiques de carnes e menos nos açougues, embora alguns venham fazendo ajustes para melhorarem o visual, higiene e layout dos pontos de venda. Sabadin (2006) e IEL, CNA e SEBRAE (2000). No Estado de Mato Grosso, os efeitos das Portarias 304 e 145 já se consolidaram, com resultados bastante positivos para a competitividade da cadeia. Fiscalização sanitária Praticamente não se constataram problemas de fiscalização no segmento de distribuição, principalmente no que diz respeito aos pontos de vendas de carne no Estado de Mato Grosso, que possa representar alguma ameaça ao desempenho do setor. Segundo entrevistados neste diagnóstico, no Brasil, os frigoríficos estão cada dia mais ajustados com relação às exigências institucionais, legais e tributárias. Abate clandestino é uma prática cultural dentre outras causas, como tributária. Mesmo em áreas desenvolvidas é difícil achar carne sifada. Exigências de rastreabilidade Entrevistas com supermercados revelam que estes têm se preocupados com a rastreabilidade, em razão da qualidade e segurança requeridas pelos novos clientes. Estes dizem que procuram trabalhar com poucos frigoríficos, justamente para atender a esse quesito. No entanto, verificou-se que, de modo mais geral,
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nos supermercados e açougues, apesar dos avanços obtidos, a prática da rastreabilidade ainda deixa a desejar, sendo, portanto, necessárias ações mais incisivas para que seu uso seja mais efetivo. Nas regiões mais tradicionalmente exportadoras, a rastreabilidade é uma preocupação mais visível e praticada. Paiva e Guimarães (2007), informando sobre programas de grandes redes de supermercados que atuam na produção e comercialização através de alianças mercadológicas no Estado de Mato Grosso, afirmam que trabalham com rebanhos rastreados, porém, ainda numa forma resumida. A expectativa é, no entanto, de se fazer investimentos crescentes por parte das empresas envolvidas para atender mais plenamente à demanda, com selo de garantia, tanto para o mercado interno quanto externo.
10.3. Consumo As alterações na dieta alimentar nos grandes países consumidores de carne tem proporcionado uma transição do consumo de carne bovina para outras carnes consideradas, pelo mercado consumidor, como mais saudáveis, as chamadas carnes brancas, entre elas o frango e o peixe. Ademais, problemas sanitários como a crise do “mal da vaca louca”, ocorrida em 1990 e 2000, além das mudanças nos preços relativos das carnes concorrentes, alterações na renda e na preferência do consumidor, têm intensificado essa alteração no consumo mundial de carnes. Comportamento similar é observado no Brasil. Desde a década de 1950, principalmente, dois fenômenos têm sido responsáveis pelas alterações nos hábitos alimentares dos brasileiros: a urbanização, que faz com que as pessoas passem a fazer suas refeições predominantemente fora de casa; e a globalização, que introduziu diferentes produtos e formas de aproveitamento destes. A necessidade de introduzir novas tecnologias, à busca de mais eficiência na produção, exigiu o desenvolvimento de ensaios para aprimoramento de raças e manejos, assim como a introdução de rações e insumos. Nesse aspecto,
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a adição de resíduos animais em rações bovinas, na Europa, foi responsável pelo chamado “mal da vaca louca”. A conseqüência foi a estigmatização da carne bovina em diversas regiões do mundo, por algum tempo. No Brasil, tem havido, nos últimos 40 anos, mudanças no foco das questões relativas à alimentação das populações, não apenas pelas razões apontadas, como também decorrente da compreensão da disponibilidade e preços caracterizada na quantificação e na relação com a qualidade, considerando os aspectos nutricionais dos alimentos, valor protéico e aparência. Estrategicamente, alguns desses valores têm sido enfatizados por campanhas de marketing da carne suína e de aves, especialmente frangos, em face de problemas sanitários ou de outra natureza. Na Tabela 10.2 mostrada a evolução do consumo per capita de carne bovina, suína e de frango nos últimos anos. Observa-se que apesar de algumas oscilações, o consumo de carne bovina vem se mantendo a patamares semelhantes ao ano de 1996, chegando a apresentar redução em determinados períodos. Todavia, o consumo per capita de carne de frango aumentou consideravelmente nos últimos 10 anos. Esse aumento do consumo de carne de frango pelos brasileiros esta diretamente relacionada à manutenção do preço desse bem, além do aumento do poder de compra pelos consumidores diante do controle inflacionário possibilitado pelo Real a partir de 1994. Não restam dúvidas de que o mercado de frango no Brasil está consolidado, mas não-saturado. Uma questão importante nesse caso é o “efeito graduação”, caracterizado por um movimento de ascensão dos consumidores de uma classe de renda para outra, o que gera a adoção de padrões de consumo mais sofisticados, além do efeito derivado de uma renda disponível superior. Isso pode ocorrer em função do crescimento da taxa do emprego e da renda, gerando substituição de uma carne por outra (CARVALHO, 2007).
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Tabela 10.2 – Consumo per capita de carne bovina, frango e suínos no Brasil (kg/pessoa/ano)
Ano
Bovina
Suína
Frango
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
38,0 35,8 35,8 35,3 36,3 35,3 36,6 36,4 36,4 36,5 37,0
9,56 9,26 9,98 10,7 14,3 14,3 13,7 12,4 11,8 11,5 12,7
22,05 23,83 26,31 29,14 29,91 31,82 33,81 33,34 33,89 35,48 35,48
Fonte: ABEF (2007), ABIEC (2007) e ABIPECS (2007).
A partir de 1999, houve importante crescimento no consumo da carne suína, em decorrência de investimentos e de marketing. Também a adoção de um sistema de produção intensiva permitiu um preço mais competitivo no mercado. Certamente, os investimentos em controle sanitário e bem-estar animal auxiliaram no processo de divulgação da melhoria, o que possibilitou aumento de modo significativo do consumo até 2001. Entretanto, apesar de todo o esforço na produção, visando estimular o aumento do consumo desse tipo de carne, o hábito alimentar dos brasileiros continua retraído em relação ao consumo de carne suína. Além disso, o preço similar ao da carne bovina e o superior ao da carne de frango continuam sendo fatores de retração do consumo de carne suína no Brasil. Verifica-se na Tabela 10.2 que há um crescimento positivo no consumo de carne de frango, estável na carne bovina e oscilante na carne suína. Nota-se, portanto, uma linha ascendente do consumo de carnes no Brasil, conforme pode ser visualizado na Figura 10.3.
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90
kg/hab/ano
80 70 60 50 40 30 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 ano
Fonte: ABEF (2007), ABIEC (2007) e ABIPECS (2007). Figura 10.3 – Consumo per capita de carnes – Brasil – 1994 a 2006.
O consumo de carnes no Brasil pode ser caracterizado pelo seguinte pressuposto: a população de baixa renda, cujo determinante é preço, está preocupada com quantidade de carne que poderá adquirir, ao passo que para a população de alta renda, a preocupação é visivelmente com a qualidade do produto adquirido, e o preço não interfere na decisão. Essa pressuposição é parcialmente validada pelo levantamento realizado pela empresa de Consultoria Decisão (SOARES, 2007), como pode ser observado na Tabela 10.3. De acordo com esse levantamento, realizado com uma amostra de 500 consumidores na cidade de São Paulo, o preço é citado pelos consumidores de classe A e B em 42% dos entrevistados, ao passo que para consumidores de menor renda (classes C, D e E), o preço é citado por 58% dos entrevistados como atributo importante na escolha da carne. O item qualidade do produto, no entanto, tem importância similar para todas as faixas de renda.
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Tabela 10.3 – Atributos considerados pelos consumidores na escolha da carne
1 2 3 4 5 ... 7 ... 9
AB
CDE
Aparência geral: cor e frescor da carne Higiene e limpeza do estabelecimento Qualidade Data de validade dos produtos Preço
74% 65% 59% 44% 42%
73% 60% 58% 62% 58%
Ter o carimbo do SIF
32%
18%
Origem e procedência
27%
13%
Fonte: Decisão Consultoria, citado em Soares (2007).
Outra informação importante retirada desse levantamento é o que o item mais lembrado pelos consumidores refere-se à aparência geral da carne (cor e frescor), sendo salientado por 74% nas classes A e B e 73% nas classes C, D e E. Outro aspecto importante a ser considerado quando se analisa o consumo de carnes no Brasil é a relação entre os preços desses produtos no atacado e varejo, e da arroba do boi gordo. No Estado de Mato Grosso, essa comparação pode ser feita mediante dados de evolução da arroba do boi gordo e cortes no atacado, fornecidos pelo IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola) e de cortes de carne no varejo, disponibilizados pela APR (Associação de Produtores Rurais). Todos os dados foram deflacionados pelo IGP-DI, base agosto de 2004, da FGV (Figura 10.4).
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18,00
4,50
16,00
4,00
14,00
3,50
12,00
3,00
10,00
2,50
8,00
Indice boi/tcs
2,00
6,00
Indice boi/picanha
1,50
4,00
Linear (Indice boi/tcs)
1,00
2,00
Linear (Indice boi/picanha)
0,50 0,00
23 -
fe 6- v-0 ab 5 20 r-m 05 ai 1- -05 11 jul-a 05 g 22 o-0 -s 5 e 4- t-0 no 5 16 v-d 05 26 ez- 05 10 jan -m -06 20 ar-a 06 b 1 - r-0 ju 6 13 n-0 6 24 -jul-a 06 g 5- o-0 o 6 16 ut-n 0 6 28 ov-d 06 e 8 - z -0 6 22 fev -m -07 a 3 - r-0 m 7 ai -0 7
0,00
Fonte: IMEA e APR, dados trabalhados pelos autores. Figura 10.4 – Índices de variação de preços da arroba do boi gordo e traseiro com osso e arroba do boi gordo e picanha.
A linha de tendência indica que a relação entre a evolução da arroba do boi gordo em Cuiabá é acompanhada pela evolução do preço da carne no atacado (relação boi/traseiro com osso – TCS), ao passo que a relação do mercado de boi gordo com o preço no varejo não apresenta tendência linear, essa é decrescente, ou seja, a variação do preço da carne no varejo (picanha) é superior à da arroba do boi gordo ao longo de dois anos. Esses dados justificam a queda no consumo per capita de carne bovina no Brasil. Apesar da ausência de série de preço do frango no atacado e varejo em Mato Grosso para comparar com a evolução do preço da carne bovina, empiricamente esse foi um dos principais fatores de alteração no consumo.
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10.3.1. Local de aquisição da carne Como citado anteriormente, supermercados/hipermercados/restaurantes/ hotéis/refeições industriais, açougues e boutiques de carnes são os principais locais de aquisição de carne bovina, com tendência para concentração na primeira classe de estabelecimentos (IEL, CNA e SEBRAE, 2000; CARVALHO, 2007), fazendo com que os frigoríficos prefiram fornecer para as redes de super/hipermercados. Alguns frigoríficos, contudo, têm percebido que essa sistemática de venda tem feito com que eles se tornem vulneráveis, já que grande parte de suas produções tem como destino um só cliente. Quanto aos atributos que definem a qualidade da carne bovina, esses foram pesquisados pela Consultoria Decisão em Soares (2007) em uma amostra constituída de 50 locais de venda, em que 30 eram formados por supermercados de grande/médio porte, 14 compreendiam aqueles de pequeno porte, além de seis açougues e três maiores redes em São Paulo, de acordo com a Tabela 10.4.
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Tabela 10.4 – Ranking dos atributos que definem a qualidade da carne bovina
Atributos
Ranking 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Cor Procedência Frescor Tipo de criação Teor de gordura Maciez Consistência Temperatura do caminhão que faz o transporte Data de validade Aparência Segurança alimentar da carne que consome Brilho Sabor Odor/cheiro
Fonte: Decisão Consultoria em Soares (2007).
Assim, para os consumidores finais, o atributo xor (que na pesquisa com os consumidores entra no item aparência) é o principal item que define a qualidade da carne bovina vendida nos supermercados, açougues e boutiques de carne, na seqüência estão a procedência e o frescor da carne. Os itens sabor, odor e cheiro foram considerados, pelos entrevistados, pouco importantes na definição da qualidade da carne. 10.3.2. Caracterização do consumo Dados da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) mostram que o Brasil exporta atualmente em torno de 20% da produção nacional de carne bovina, e que a quase totalidade (80%) é destinada ao consumo interno. Tais
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percentuais refletem a importância do consumidor interno na cadeia produtiva desse produto. Assim, maior conhecimento acerca do segmento de consumo de carne bovina nos estados brasileiros é extremamente relevante quando se objetiva ampliar a competitividade dessa cadeia. Almeida (2006) afirma, ainda, que, do ponto de vista das políticas públicas, o conhecimento da demanda por alimentos permite não somente fazer inferência sobre a qualidade de vida das famílias, mas também auxilia a indústria ofertante a direcionar suas estratégicas e políticas de investimentos. Na Tabela 10.5 é apresentado o consumo per capita de carnes na área urbana e rural nas regiões brasileiras, segundo dados estimados pela POF 2002/03 (IBGE). A diferença em relação às estimativas da ABEF, ABIEC e ABIPEC está relacionada ao fato de as estimativas do IBGE serem feitas somente com o consumo domiciliar, através da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), ao passo que as estimativas das associações levam em consideração também o consumo institucional (restaurantes etc.).
Tabela 10.5 – Aquisição domiciliar per capita anual em quilogramas de carnes no Brasil com base nos dados da POF de 2002/03
Regiões
Bovina de primeira
Bovina de segunda
Suína
Frango
Urbana
Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul
7,006 5,128 9,995 6,485 6,332
7,398 5,944 10,944 6,271 9,48
2,542 0,892 1,073 2,477 4,816
11,829 13,741 17,524 13,483 14,806
Rural
Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul
5,917 3,375 4,268 3,847 5,567
7,544 7,013 8,787 4,426 12,506
5,669 2,782 6,521 4,556 16,138
15,765 9,621 15,095 13,37 25,047
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamento Familiar (2003).
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Os dados mostram que a região Centro-Oeste apresenta o maior consumo per capita de carne bovina de primeira, tanto na área urbana como na rural. As regiões Sul e Sudeste mostram similaridades no consumo de carne bovina de primeira na área urbana, mas o mesmo não ocorre na área rural. Outra característica interessante é que o consumo per capita de carne bovina de segunda na região Sul do Brasil é consideravelmente superior ao consumo da carne de primeira em ambas as áreas. Não foi possível a coleta de dados oficiais a respeito dos estados de destino da carne produzida no Estado de Mato Grosso, mas, empiricamente, o principal estado comprador da carne mato-grossense é São Paulo, seguido por Minas Gerais e Rio de Janeiro, todos pertencentes à região Sudeste do Brasil. Diante da importância do consumo nessas regiões, apresentou-se na Tabela 10.6 o consumo per capita de carne bovina de primeira e segunda nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e também de Mato Grosso. De acordo com os resultados, Mato Grosso lidera com maior consumo per capita de carne bovina, ainda que o consumo de carne bovina de segunda seja ligeiramente superior ao consumo de carne bovina de primeira.
Tabela 10.6 – Aquisição alimentar domiciliar per capita anual, em quilograma, com base nos dados da POF 2002/03
Item da POF
São Paulo
Minas Gerais
Rio de Janeiro
Mato Grosso
Total de carne bovina Carne bovina de primeira Carne bovina de segunda Outras carnes bovinas Vísceras bovinas
16,475 6,841 7,518 1,586 0,530
11,414 4,531 4,306 2,187 0,396
15,879 7,427 4,673 2,807 0,972
19,601 7,292 8,583 3,300 0,426
Fonte: IBGE – Pesquisa de Orçamento Familiar (2003).
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Através dessas estimativas de consumo per capita de carne bovina é possível fazer inferências sobre a elasticidade-renda do consumo de carnes. De acordo com Bertasso (2000), o conhecimento do impacto das variações da renda sobre a demanda por carnes, expresso pelas elasticidades, é de suma importância para a formulação de estratégias de oferta do produto a médio e longo prazos, bem como para o planejamento de políticas sociais voltadas a suprir carências nutricionais, sempre necessárias em países com grande contingente de pobres. Martins (2003) afirma que a representatividade da carne bovina no contexto econômico nacional e na dieta do consumidor brasileiro faz com que a implementação de análises sobre o consumo desse alimento seja de grande importância, podendo auxiliar os agentes do setor na tomada de decisão quanto à produção e comercialização. O conhecimento das elasticidades-renda de carne bovina possibilita que sejam feitas análises sobre o seu consumo interno, o que permite a identificação de sobejos exportáveis. Ainda assim, estudos dessa natureza podem sustentar a formulação de políticas setoriais. 10.3.3. Elasticidade-renda A estimativa da elasticidade-renda do consumo mostra a variação percentual do consumo em relação à variação percentual da renda, mantidas demais influências constantes. Sintetizando, mostra o quão sensível é o consumo em face das variações na renda. Hoffmann (2007) estimou a elasticidade-renda do consumo de carne bovina no Brasil no ano de 2003. Moraes (2007) estimou a elasticidade-renda do consumo de carne bovina para Mato Grosso, região CentroOeste e para o Brasil, também com dados da POF de 2002/03. Apesar de os resultados dos autores apresentarem pequena diferença na elasticidade para o Brasil, os dados para a carne bovina de primeira mostram que a elasticidade do consumo de carne bovina é positiva e que, de acordo com Hoffmann, o aumento de 10% na renda da população em geral provoca um
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acréscimo de 5,2 % no consumo de carne de primeira e apenas 1,1% no consumo de carne de segunda. Moraes (2007) estima um aumento de 5% no consumo de carne bovina de primeira e 0,6% na carne segunda, em face do aumento de 10% na renda da população do Estado de Mato Grosso (Tabela 10.7).
Tabela 10.7 – Coeficientes de elasticidade-renda do consumo físico de carne bovina – 2002 a 2003
Pesquisadores
Regiões
Bovina de primeira
Bovina de segunda
Hoffmann
Brasil
0,520
0,110
Moraes
Brasil Centro-Oeste Mato Grosso
0,630 0,630 0,509
0,250 0,170 0,068
Fonte: Elaborado a partir de Hoffman (2007) e Moraes (2007).
10.3.4. Projeções de consumo Através das estimativas de elasticidade-renda é possível fazer projeções de consumo futuro de carne bovina através de simulações com vários cenários de crescimento da economia Brasileira. IEL, CNA e SEBRAE (2000) afirmam que a maneira mais comum de projeção de demanda alimentar envolve a taxa de crescimento populacional, a taxa de crescimento da renda e a elasticidade-renda, conforme a fórmula: Ctr, j = C 0r, j 1 + η rj ⋅ γ r + p r = C 0r, j 1 + η rj
(
)
PIB r − p r ⋅ r 1+ p
+ p r
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em que C tr, j é quantidade consumida do produto j projetada para o ano t, na região r; C 0r, j , quantidade efetivamente consumida no ano-base selecionado; η rj , elasticidade-renda da demanda do produto j, na região r; γ r , taxa esperada de crescimento da renda per capita, na região r, entre o ano-base e o ano t; p r , taxa de crescimento da população na região r, entre o ano base e o ano t; e PIB r , taxa de crescimento do produto interno bruto da região r (País), entre o ano base e o ano t. Para o cálculo das projeções de consumo foram considerados três cenários para o crescimento da economia através das estimativas do PIB (Produto Interno Bruto). Para o cenário pessimista, considerou-se o crescimento do PIB de 3%, cenário moderado com crescimento de 5% e cenário otimista crescimento de 7%. Na quantidade consumida, considerou-se a estimativa de consumo nacional obtido no Anualpec 2007, ou seja, de 6.507 toneladas equivalente-carcaça. No caso da elasticidade-renda, uma vez que ela é variável para diferentes tipos de carne, considerou-se o índice de 0,5. De acordo com IEL, CNA E SEBRAE, esse valor pode ser baixo para alguns tipos de carne mais preferidas e também para consumidores de menor renda, mas é uma boa variável para o agregado de corte de carnes e para um suposto consumidor representativo. Para a estimativa de crescimento populacional também utilizou-se a mesma estimativa empregada por IEL, CNA E SEBRAE, de 1,2% ao ano. De posse desses números, foram realizados os cálculos e as projeções, que são apresentados na Tabela 10.8. Considerando um cenário pessimista de crescimento da economia em torno de 3% ao ano, chega-se em 2010 com um consumo estimado em torno de 7,2 milhões de toneladas equivalente-carcaça e, em 2017, o consumo ultrapassará 8,722 milhões de toneladas. Para um cenário de crescimento da economia moderado (em torno de 5%), as estimativas de aumento de consumo aproximamse de 43%, de 6,747 em 2007 para 9,703 milhões em 2017.
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Tabela 10.8 – Projeções de consumo de carne bovina no Brasil, considerando-se três cenários de crescimento da economia (mil toneladas equivalente-carcaça)
Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Cenários Pessimista
Moderado
Otimista
6.682,6890 6.863,1216 7.048,4259 7.238,7334 7.434,1792 7.634,9020 7.841,0444 8.052,7526 8.270,1769 8.493,4717 8.722,7954
6.747,7590 6.997,4261 7.256,3308 7.524,8151 7.803,2332 8.091,9529 8.391,3551 8.701,8353 9.023,8032 9.357,6839 9.703,9182
6.812,8290 7.133,0320 7.468,2845 7.819,2938 8.186,8006 8.571,5803 8.974,4445 9.396,2434 9.837,8669 10.300,2466 10.784,3582
Fonte: Resultados da pesquisa. * Cenário pessimista: crescimento médio de 3% ao ano; Cenário moderado: crescimento médio de 5% ao ano; Cenário otimista: crescimento médio de 7% ao ano.
As estimativas mostram que mesmo com crescimento pessimista ou moderado, a produção de carne bovina deverá aumentar consideravelmente, para acompanhar o aumento na renda da população brasileira. No cenário otimista, a variação no consumo durante esse período poderá chegar a 58%. Para uma análise mais prática, ao transformar esses números de consumo em aumento de animais abatidos, considerando-se que cada animal da raça nelore (predominante no Brasil) pese em média 16 arrobas (120 kg de carcaça), os abates deverão aumentar em 17 milhões de cabeças no cenário pessimista, 24,6 milhões no cenário moderado e 33 milhões de cabeças no cenário otimista.
CAPÍTULO XI SÍNTESE DOS DIRECIONADORES
Nesta seção estão resumidos os principais resultados obtidos sobre o funcionamento e a competitividade da cadeia produtiva da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, em uma perspectiva sistêmica. Por finalidade didática e no intuito de mostrar objetivamente os principais fatores de avaliação, optou-se pela apresentação de resultados por segmento da cadeia: insumos para a produção da bovinocultura de corte, produção primária, indústria frigorífica (abate e processamento) e distribuição (conforme Figura 3.1 apresentada no Capítulo III). Em cada uma das seções, apresenta-se a desagregação da avaliação em tabelas, que explicitam claramente os subfatores considerados na análise dos direcionadores de competitividade de cada um dos segmentos80 analisados, a saber: tecnologia, insumos, relações de mercado, estrutura de mercado, gestão e ambiente institucional. Em seqüência, a síntese dos resultados é apresentada em gráficos-resumos, que explicitam o comportamento de cada um dos seis direcionadores analisados. A pontuação gráfica de cada direcionador varia em 80
Neste documento, por finalidade didática, os termos “elo” e “segmento” são utilizados como sinônimos, definindo cada um dos níveis componentes de uma cadeia produtiva.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
368
consonância com a metodologia proposta, que é de +2 a –2, ou seja, de “muito favorável” a “muito desfavorável”. Essa avaliação permite hierarquizar as vantagens e desvantagens setoriais, facilitando o estabelecimento das ações e a definição de prioridades. Destaca-se, adicionalmente, que algumas subdivisões importantes foram feitas na modelagem de análise dos segmentos, o que permitiu expansões não consideradas no modelo original descrito em IEL/SEBRA/CNA (2000). Em primeiro lugar, em relação aos insumos para a produção pecuária, no âmbito da tecnologia, diferenciaram-se os insumos ligados à alimentação animal dos relativos à parte de sanidade. Em segundo, como já citado, houve necessidade de realizar a análise da produção de maneira regionalizada. Por fim, em terceiro, embora não tenha sido parte fundamental da pesquisa, incluiu-se, no segmento de distribuição, um item relacionado às condições da demanda.
11.1. Análise da competitividade do segmento de insumos da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso O diagnóstico do segmento de insumos81 para produção de bovinos de corte do Estado de Mato Grosso revelou direcionadores positivos para a competitividade da cadeia pecuária de bovinos de corte nos itens de tecnologia e gestão. Devem-se buscar ações para reverter a avaliação negativa para insumos, relações de mercado, estrutura de mercado e ambiente institucional. Na Tabela 11.1 é mostrada a decomposição de cada um dos direcionadores em subfatores de análise, que são, em última instância, as variáveis de referência para a identificação dos pontos positivos ou restritivos do desempenho do setor de insumos para a produção de bovinos de corte do Estado de Mato Grosso. Na Figura 11.1, por sua vez, os resultados são apresentados de forma sintética (gráfico de avaliação em escala Likert).
81
Chama-se a atenção para o fato de que, na análise realizada, estudou-se o segmento de insumos para produção, que possui, entre seus direcionadores de análise, um item também chamado “insumos”.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
369
Tabela 11.1 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de insumos da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso – 2007 Direcionadores Tecnologia Produtos veterinários Embalagens Reciclagem de embalagens Estocagem e conservaçao P&D
NC
X
X X X
X
X X X
X X
X
X X X
X X
Relações de Mercado Relações com fornecedores Relações com pecuaristas Rastreabilidade/certificaçao Formação de preços
Ambiente Institucional Política e fiscalização tributária e trabalhista Política e fiscalizaçao ambiental Política e fiscalização sanitária Política comercial Política creditícia
CF
X
Insumos Disponibilidade Qualidade Preço Disp.de Produtos genéricos e/ou importados
Gestão Gestão de estoques Uso da tecnologia de informação Capacidade de investimento na atividade Controle de custos Marketing Gestão de pessoas
CG
X
Nutrição Animal Embalagens Estocagem e conservaçao P&D
Estrutura de Mercado Grau de Concentração Logística Organização dos comerciantes Escala
QC
X X X X
X
X X
X X X
X X X
X X X
X
X
X X X X X
Indicador
Peso
Cálculo
F D F F
0,1 0,2 0,4 0,3 1
0,1 -0,2 0,4 0,3 0,6
F F MF
0,15 0,25 0,6 1
0,15 0,25 1,2 1,6
F F D MD
0,2 0,2 0,2 0,4 1
0,2 0,2 -0,2 -0,8 -0,6
N F D D
0,25 0,3 0,1 0,35 1
0 0,3 -0,1 -0,35 -0,15
F MD D F
0,1 0,4 0,3 0,2 1
0,1 -0,8 -0,3 0,2 -0,8
F N D F F N
0,1 0,1 0,3 0,2 0,2 0,1 1
0,1 0 -0,3 0,2 0,2 0 0,2
D D F D D
0,3 0,1 0,2 0,25 0,15 1
-0,3 -0,1 0,2 -0,25 -0,15 -0,6
Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
370
Em virtude das especificidades de cada grupo de produtos sob análise, o direcionador tecnologia foi separado em dois subgrupos: produtos veterinários e produtos de nutrição animal. No caso de produtos veterinários, as tecnologias associadas às embalagens, estocagem e conservação de produtos, assim como sua pesquisa e desenvolvimento (P&D), apresentaram resultados favoráveis à competitividade da cadeia. Entretanto, a reciclagem de embalagens foi vista como um fator desfavorável, em face da incipiente reciclagem realizada neste segmento. Com relação à tecnologia de produtos de nutrição animal, os subfatores embalagens, estocagem, conservação e P&D tiveram uma posição favorável à competitividade da cadeia, com destaque para a P&D realizada nas empresas locais instaladas em importantes pólos agrícolas, sendo o Estado de Mato Grosso o principal pólo produtor de rações animais do Brasil. Na Figura 11.1, as informações desagregadas na Tabela 11.1 são agrupadas por direcionador, a fim de permitir uma avaliação coletiva dos resultados de cada um dos grupos de subfatores analisados. O direcionador insumos inclui os produtos comprados dos laboratórios e indústrias de produtos veterinários e os elementos constituintes da nutrição animal. Observou-se que existem boa disponibilidade e qualidade dos insumos utilizados pelas revendas de produtos veterinários, assim como das fábricas de alimentos animais, rações e suplementos minerais.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
371
Fonte: Resultados da pesquisa. Figura 11.1 – Direcionadores de competitividade do segmento de insumos da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso – 2007.
Em contrapartida, aparecem desfavoravelmente o item preço e, muito desfavoravelmente, a disponibilidade de produtos genéricos e, ou, importados, levando a um indicador de competitividade da cadeia negativo. A análise dos preços mensais de alguns insumos pagos pelo pecuarista, para o período 20032007, revelou taxas geométricas médias (relativizadas para a arroba do boi gordo) variando entre 0,2 e 0,75%, o que significa que no cenário de decréscimo do preço da arroba do boi gordo, o preço do insumo decresce menos ou até mesmo aumenta. Isso revela uma relação desfavorável em termos da lucratividade da atividade. Caso houvesse maior disponibilidade de insumos importados ou de insumos genéricos para o pecuarista, haveria a chance de a competição no mercado reverter esse cenário, desde que não ocorressem variações desfavoráveis no câmbio.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
372
As relações de mercado, que envolvem as relações a montante e a jusante desse elo da cadeia, tiveram resultado fracamente desfavorável à competitividade (-0,15), em razão da quase ausente rastreabilidade e das dificuldades na formação de preços no setor. Essa situação foi compensada parcialmente por indicações de relações favoráveis do setor com seus fornecedores (laboratórios, indústrias e outros) e pecuaristas. As maiores dificuldades observadas no segmento de insumos da cadeia produtiva estão relacionadas ao fato de poucas e grandes indústrias de produtos veterinários estarem fixando preços, os quais são repassados ao longo do segmento. Nas entrevistas, ficou clara a percepção de que os preços de insumos a montante muitas vezes aumentam de modo a reduzir a rentabilidade do pecuarista e o revendedor de insumos estaria prejudicado, pois os pecuaristas reduzem suas compras, como exposto no parágrafo anterior. A rastreabilidade surge como um importante item, pois a fiscalização internacional tem vistoriado o controle em nível de revenda agropecuária ou na indústria de sais e rações. A estrutura de mercado aparece desfavorável para a competitividade da cadeia pela deficiente logística, principalmente de estradas. O baixo grau de concentração das revendas agropecuárias e dos fabricantes de rações e suplementos minerais é visto como fator favorável à competitividade da cadeia. A escala de trabalho das empresas de revenda agropecuária foi vista como adequada à cadeia e às relações com os pecuaristas. Entretanto, a organização dos comerciantes para compra dos fornecedores poderia auxiliar na barganha em grandes laboratórios e indústrias de produtos veterinários, mas ainda é incipiente e tem sido praticada apenas no sul do estado. No tocante à gestão, existem controles de estoques, algum uso de informática, controles de custos, marketing e gestão de pessoas, que geram alguma competitividade para a cadeia produtiva. Em oposição, surge a pouca capacidade de investimento na atividade, principalmente por dificuldades no acesso ao crédito e a taxas de juros competitivas. Os esforços de marketing, que englobam os serviços de assistência técnica e apoio à venda, são vistos como
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
373
favoráveis. A tecnologia de informação e a gestão de pessoas foram avaliadas como neutras, ou seja, não favorecem nem desfavorecem a competitividade da cadeia. O ambiente institucional apresentou resultado favorável apenas no subfator associado à política e fiscalização sanitária. Os demais subfatores foram desfavoráveis. O mais prejudicial foi a política e fiscalização tributária e trabalhista, seguida pela comercial (esta última, associada às restrições à importação de insumos). As políticas ambientais e creditícias também foram consideradas desfavoráveis, embora a primeira seja menos relevante para o segmento insumos. Observa-se, pelo panorama geral do segmento de insumos da cadeia de bovinocultura de corte de Mato Grosso, que os dois itens mais desfavoráveis e que merecem maior atenção dos agentes envolvidos nas tomadas de decisão setoriais foram a deficiente malha logística e a falta de disponibilidade de produtos genéricos e, ou, importados. Na seqüência, têm-se: a incipiente organização dos comerciantes, a baixa capacidade de investimento na atividade, e a política e fiscalização tributária e trabalhista.
11.2. Análise da competitividade do segmento de produção da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso Nesta seção, realiza-se breve discussão acerca dos direcionadores avaliados na pesquisa, que compõem a performance da produção primária da cadeia produtiva da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso. Da mesma forma que para o segmento de insumos, as informações desagregadas sobre cada um dos indicadores é apresentada em tabelas, explicitando as variáveis (subfatores) de referência, enquanto as análises agregadas são disponibilizadas em figura, a fim de permitir uma observação conjunta e mais direta dos resultados.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
374
Em virtude de grandes distinções entre as regiões selecionadas, as análises dos direcionadores de competitividade foram feitas para cada uma, isoladamente. Assim, é fundamental observar que, embora muitas vezes os resultados (em termos dos resultados numéricos) sejam semelhantes entre as regiões, isso não indica que ações idênticas sejam capazes de atingir os mesmos objetivos, nas diferentes regiões. Ao que se pode observar, as diferenças culturais, as especificidades de solo, clima e relevo, os fatores logísticos, a presença de ecossistemas sensíveis e mesmo as condições de desenvolvimento das culturas competitivas nas diferentes regiões irão requerer ações distintas, conquanto integradas. Assim, nas Tabelas 11.2 a 11.6, são apresentadas as análises detalhadas para cada uma das regiões selecionadas no referido estado. A Figura 11.2, por sua vez, traz informações compiladas, sistematizadas em um único local.
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375
Tabela 11.2 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região do Pantanal – Mato Grosso – 2007
Direcionadores
NC
Tecnologia Qualidade das pastagens Sistemas de criação e manejo nutricional Genética do rebanho Manejo reprodutivo Sanidade do animal Insumos Disponibilidade Qualidade Preço Relações de mercado Relações com fornecedores Relações com frigoríficos e abatedouros Grau de inadimplência Formação de preços Rastreabilidade Estrutura de mercado Grau de concentração Escala de operação Logística e qualidade das rodovias Organização dos produtores Existência e ampliação de reservas Gestão Mão-de-obra Capital de investimento na atividade Controle de custos de produção Gestão da rastreabilidade e certificação Controle zootécnico e pastagens Ambiente institucional Política e fiscalização, tributária e trabalhista Política e fiscalização ambiental Política comercial Política creditícia Política e fiscalização sanitária Representatividade das instituições Legislação oficial e reg. fundiária
QC
CG
CF
Indicador
Peso
Cálculo
X X X
MD MD F D F
0,25 0,2 0,2 0,1 0,25 1
-0,5 -0,4 0,2 -0,1 0,25 -0,55
F F N
0,25 0,25 0,5 1
0,25 0,25 0 0,5
MF MD F D D
0,1 0,4 0,05 0,2 0,25 1
0,2 -0,8 0,05 -0,2 -0,25 -1
D D D MD N
0,15 0,1 0,35 0,25 0,15 1
-0,15 -0,1 -0,35 -0,5 0 -1,1
D MD MD D D
0,2 0,1 0,3 0,2 0,2 1
-0,2 -0,2 -0,6 -0,2 -0,2 -1,4
D MD MD D F D N
0,21 0,21 0,07 0,07 0,21 0,03 0,2 1
-0,21 -0,42 -0,14 -0,07 0,21 -0,03 0 -0,66
X
X
X
X X X X X X X X
X
X
X X
X X X X
X X X
X
X X
X X X X X X
X X X X X X X
Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.
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376
Tabela 11.3 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Sudoeste – Mato Grosso – 2007 Direcionadores Tecnologia Qualidade das pastagens Sistemas de criação e manejo nutricional Genética do rebanho Manejo reprodutivo Sanidade do animal Insumos Disponibilidade Qualidade Preço Relações de Mercado Relações com fornecedores Relações com frigoríficos e abatedouros Grau de inadimplência Formação de preços Rastreabilidade Estrutura de Mercado Grau de concentração Escala de operação Logística e qualidade das rodovias Organização dos produtores Existência e ampliação de reservas Gestão Mão-de-obra Cap. de investimento na atividade Controle de custos de produção Gestão da rastreabilidade e certificação Controle zootécnico e pastagens Ambiente Institucional Política e fiscalização, tributária e trabalhista Política e fiscalizaçao ambiental Política comercial Política creditícia Política e fiscalização sanitária Atuação e representatividade das instituições Legislação oficial e reg. fundiária
NC
QC
X
CG
CF
Indicador
Peso
Cálculo
X X X X
D D F D F
0,25 0,2 0,2 0,1 0,25 1
-0,25 -0,2 0,2 -0,1 0,25 -0,1
MF F N
0,25 0,25 0,5 1
0,5 0,25 0 0,75
MF MD F D MD
0,1 0,4 0,05 0,2 0,25 1
0,2 -0,8 0,05 -0,2 -0,5 -1,25
D D D MD D
0,15 0,1 0,35 0,25 0,15 1
-0,15 -0,1 -0,35 -0,5 -0,15 -1,25
D MD MD MD D
0,2 0,1 0,3 0,2 0,2 1
-0,2 -0,2 -0,6 -0,4 -0,2 -1,6
D D D D F D D
0,21 0,21 0,07 0,07 0,21 0,03 0,2 1
-0,21 -0,21 -0,07 -0,07 0,21 -0,03 -0,2 -0,58
X
X X X
X X X X X
X
X
X X X X X
X
X X X
X
X X
X X X X X X
X X X X X X X
Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
377
Tabela 11.4 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Centro-Sul – Mato Grosso – 2007 Direcionadores Tecnologia Qualidade das pastagens Sistemas de criação e manejo nutricional Genética do rebanho Manejo reprodutivo Sanidade do animal Insumos Disponibilidade Qualidade Preço Relações de Mercado Relações com fornecedores Relações com frigoríficos e abatedouros Grau de inadimplência Formação de preços Rastreabilidade Estrutura de Mercado Grau de concentração Escala de operação Logística e qualidade das rodovias Organização dos produtores Existência e ampliação de reservas Gestão Mão-de-obra Cap. de investimento na atividade Controle de custos de produção Gestão da rastreabilidade e certificação Controle zootécnico e pastagens Ambiente Institucional Política e fiscalização, tributária e trabalhista Política e fiscalizaçao ambiental Política comercial Política creditícia Política e fiscalização sanitária Atuação e representatividade das instituições Legislação oficial e reg. fundiária
NC
QC
X
CG
CF
Indicador
Peso
Cálculo
X X X X
D D F D F
0,25 0,2 0,2 0,1 0,25 1
-0,25 -0,2 0,2 -0,1 0,25 -0,1
MF F N
0,25 0,25 0,5 1
0,5 0,25 0 0,75
MF MD F D MD
0,1 0,4 0,05 0,2 0,25 1
0,2 -0,8 0,05 -0,2 -0,5 -1,25
D D D D D
0,15 0,1 0,35 0,25 0,15 1
-0,15 -0,1 -0,35 -0,25 -0,15 -1
D MD MD MD N
0,2 0,1 0,3 0,2 0,2 1
-0,2 -0,2 -0,6 -0,4 0 -1,4
D D D D F F D
0,21 0,21 0,07 0,07 0,21 0,03 0,2 1
-0,21 -0,21 -0,07 -0,07 0,21 0,03 -0,2 -0,52
X
X X X
X X X X X
X
X
X X X X X
X
X X X
X
X X
X X X X X X
X X X X X X X
Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.
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378
Tabela 11.5 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Leste – Mato Grosso – 2007
Direcionadores
NC
Tecnologia Qualidade das pastagens Sistemas de criação e manejo nutricional Genética do rebanho Manejo reprodutivo Sanidade do animal Insumos Disponibilidade Qualidade Preço Relações de mercado Relações com fornecedores Relações com frigoríficos e abatedouros Grau de inadimplência Formação de preços Rastreabilidade Estrutura de mercado Grau de concentração Escala de operação Logística e qualidade das rodovias Organização dos produtores Existência e ampliação de reservas Gestão Mão-de-obra Capital de investimento na atividade Controle de custos de produção Gestão da rastreabilidade e certificação Controle zootécnico e pastagens Ambiente institucional Política e fiscalização, tributária e trabalhista Política e fiscalização ambiental Política comercial Política creditícia Política e fiscalização sanitária Representatividade das instituições Legislação oficial e reg. fundiária
QC
X
CG
CF
Indicador
Peso
Cálculo
X X X X
D D F D F
0,25 0,2 0,2 0,1 0,25 1
-0,25 -0,2 0,2 -0,1 0,25 -0,1
F F D
0,25 0,25 0,5 1
0,25 0,25 -0,5 0
MF MD F D MD
0,1 0,4 0,05 0,2 0,25 1
0,2 -0,8 0,05 -0,2 -0,5 -1,25
D D MD D MD
0,15 0,1 0,35 0,25 0,15 1
-0,15 -0,1 -0,7 -0,25 -0,3 -1,5
D MD MD D D
0,2 0,1 0,3 0,2 0,2 1
-0,2 -0,2 -0,6 -0,4 -0,2 -1,6
D D D D F D MD
0,21 0,21 0,07 0,07 0,21 0,03 0,2 1
-0,21 -0,21 -0,07 -0,07 0,21 -0,03 -0,4 -0,78
X
X X X X X X X X
X
X
X X X X X
X
X X X
X
X X
X X X X X X
X X X X X X X
Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
379
Tabela 11.6 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Norte – Mato Grosso – 2007
Direcionadores
NC
Tecnologia Qualidade das pastagens Sistemas de criação e manejo nutricional Genética do rebanho Manejo reprodutivo Sanidade do animal Insumos Disponibilidade Qualidade Preço Relações de mercado Relações com fornecedores Relações com frigoríficos e abatedouros Grau de inadimplência Formação de preços Rastreabilidade Estrutura de mercado Grau de concentração Escala de operação Logística e qualidade das rodovias Organização dos produtores Existência e ampliação de reservas Gestão Mão-de-obra Capital de investimento na atividade Controle de custos de produção Gestão da rastreabilidade e certificação Controle zootécnico e pastagens Ambiente institucional Política e fiscalização, tributária e trabalhista Política e fiscalização ambiental Política comercial Política creditícia Política e fiscalização sanitária Atuação e representatividade das inst. Legislação oficial e reg. fundiária
QC
X
CG
CF
Indicador
Peso
Cálculo
X X X X
D D F D F
0,25 0,2 0,2 0,1 0,25 1
-0,25 -0,2 0,2 -0,1 0,25 -0,1
F F D
0,25 0,25 0,5 1
0,25 0,25 -0,5 0
F MD F MD D
0,1 0,4 0,05 0,2 0,25 1
0,1 -0,8 0,05 -0,4 -0,25 -1,3
D MD MD D MD
0,15 0,1 0,35 0,25 0,15 1
-0,15 -0,2 -0,7 -0,25 -0,3 -1,6
D MD MD D D
0,2 0,1 0,3 0,2 0,2 1
-0,2 -0,2 -0,6 -0,2 -0,2 -1,4
MD MD MD D F N MD
0,21 0,21 0,07 0,07 0,21 0,03 0,2 1
-0,42 -0,42 -0,14 -0,07 0,21 0 -0,4 -1,24
X
X X X X X X X X
X
X
X X X X X
X
X X X
X
X X
X X X X X X
X X X X X X X
Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.
Pantanal
Oeste
Centro-Sul
Norte-Nordeste
Leste
1 0,75 0,75 0,5
0
0
0 Tecnologia -0,1 -0,1 -0,1 -0,1
Insumos
Relações de Mercado
Estrutura de Mercado
Gestão
Ambiente Institucional -0,52 -0,66 -0,58
-0,55
-0,78 -1
-1 -1,25 -1,25
-1,1 -1,3
-1,25
-1 -1,24
-1,25 -1,5 -1,6
-1,4 -1,4
-1,4 -1,6
-1,6
-2
Fonte: Resultados da pesquisa.
380
Figura 11.2 – Direcionadores de competitividade do segmento de produção da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, por regiões – 2007.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
2
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
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Em se tratando do direcionador tecnologia, que revela o estado da arte da produção de bovinos de corte em Mato Grosso, foi constatado que, na média, em todas as regiões em estudo esse subfator se apresentou desfavorável à competitividade da cadeia produtiva (Figura 11.2). Pesaram na composição desse resultado a qualidade das pastagens; a precariedade do uso tecnológico nas práticas de sistemas de criação e manejo nutricional; e o manejo reprodutivo. Já a genética do rebanho e as condições de sanidade dos animais foram avaliadas como favoráveis, mesmo considerando que essas práticas foram prejudicadas pela crise de rentabilidade acentuada a partir do ano de 2004. Em quatro regiões, a qualidade das pastagens foi considerada ruim (em termos de formação e de baixa perspectiva de recuperação), devido, principalmente, à crise de rentabilidade enfrentada pelos produtores. Os sistemas de criação e o manejo nutricional, que se constituem, em sua grande maioria, na cria – recria – engorda, com pouca ou quase nenhuma suplementação alimentar, e o manejo reprodutivo, em que pouco se utiliza a estação de monta ou adoção de inseminação
artificial,
são
vistos
como
fatores
que
contribuem
desfavoravelmente para a competitividade da produção de bovinos de corte no Mato Grosso. No que se refere à tecnologia, ressalta-se que a região do Pantanal apresentou pontuação abaixo das demais, em razão das condições das pastagens e dos sistemas de criação e manejo nutricional serem, em média, substancialmente inferiores aos modelos praticados nas demais regiões, inclusive por se tratar de ecossistema sensível e exigir ações específicas de baixo impacto. Destaca-se, mais uma vez, que esta pesquisa não tem condições de captar especificidades, informando as condições relativas de cada região analisada. Quanto ao direcionador insumos, esse se mostrou favorável em três regiões analisadas: Pantanal (0,5), Oeste (0,75) e Centro-Sul (0,75) e neutro em duas: Norte-Nordeste e Leste. Esse resultado decorreu dos aspectos positivos relacionados à qualidade e disponibilidade desses na região, apesar de o preço dos insumos ter sido avaliado como ponto crítico na produção de bovinos de corte nas referidas regiões.
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Nas regiões em que esse direcionador foi neutro, verificou-se que, embora a qualidade e disponibilidade fossem variáveis positivamente avaliadas, o preço é um fator crítico. A diferença pode ser creditada ao efeito da localização, ou seja, ao maior custo do frete, em razão de maiores distâncias. Quanto aos direcionadores relações de mercado, estrutura de mercado e gestão, pode-se observar, pelas pontuações destacadas na Figura 11.2, que esses são temas que demandam análise bastante cuidadosa, já que, ainda que com pequenas variações, todas as regiões apresentaram resultados muito aquém do desejável. No caso das relações de mercado, a principal variável que prejudica o desempenho desse direcionador é a relação entre os pecuaristas e os frigoríficos. Em todas as regiões analisadas e em todos os depoimentos coletados, é óbvia a necessidade de se construir uma ampla revisão do modelo de relacionamento entre as partes: durante a pesquisa de campo, a preocupação e a desconfiança foram marcantes, evidenciando a necessidade de maior transparência nos procedimentos de compra e venda. Também foi avaliada com baixa pontuação a formação dos preços, já que os pecuaristas se sentem envolvidos em um sistema de barganha desbalanceada, em que os frigoríficos “decidem” o preço da arroba do boi. A rastreabilidade, por sua vez, também foi considerada desfavorável em todas as regiões. Percebeu-se que, embora haja relativo conhecimento dos procedimentos técnicos envolvidos na rastreabilidade (e que, via de regra, não são integralmente cumpridos), ainda observa-se ampla dúvida quanto aos benefícios potenciais advindos da implantação efetiva do sistema. Assim, como ocorre na questão do relacionamento entre frigoríficos e pecuaristas, há grande espaço para a implantação de medidas que visem à melhoria das condições de uso das ferramentas e processos disponíveis. As demais variáveis analisadas nas relações de mercado – relações com fornecedores e grau de inadimplência – foram bem avaliadas, mostrando que não se constituem impeditivos ao desenvolvimento da competitividade setorial.
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No caso da estrutura de mercado foram analisadas as seguintes variáveis: grau de concentração, escala de operação, logística e qualidade das rodovias, organização dos produtores e a existência e ampliação das reservas (indígenas ou ecológicas), os quais serão descritos subseqüentemente. O grau de concentração foi considerado baixo, tendo pontuação desfavorável, por não contribuir para a melhoria das condições de barganha dos produtores. Naturalmente, sob a perspectiva do elo seguinte (abate e processamento) e mesmo dos consumidores finais, a baixa concentração é desejável; todavia, sob a perspectiva do segmento de produção, a contribuição é negativa. A escala de operação foi considerada desfavorável em todas as regiões. A percepção é a de que as propriedades encontram-se operando aquém da escala ótima, devido, entre outras questões, à incapacidade de ampliar investimentos (quando o caso) ou à pouca percepção e conhecimentos gerenciais capazes de alertá-los sobre esse problema. O item logística e qualidade das rodovias, pontuado como muito desfavorável, mostrou-se como grande entrave, embora exista grande disparidade na qualidade das rodovias entre as regiões analisadas. As piores situações encontradas foram nas regiões Norte-Nordeste e Leste, onde as longas distâncias e a precariedade das rodovias criam situações de entrave não existentes em outras regiões de Mato Grosso. Segundo os entrevistados, o referido estado dispõe de malha viária aquém do necessário, a qualidade das estradas é precária (sobretudo as vicinais) e não há, ainda, modais alternativos eficientes. Ainda foram relatadas diversas dificuldades no embarque dos animais (acesso aos caminhões), nas condições de transporte e no tráfego, bastante complexo em algumas regiões. Por tratar-se de transporte de carga viva, esses fatores ganham dimensão ainda maior, retraindo a competitividade global da cadeia. No caso da organização dos produtores, o consenso, entre os entrevistados de todas as regiões, é de que este é um dos pontos que mais prejudica o desempenho do setor. Há grande desunião entre os pecuaristas, pouca
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adesão às iniciativas propostas e, via de regra, os casos contrários a esse padrão constituem-se apenas salutares exceções. As piores avaliações para esse aspecto ocorreram nas regiões do Pantanal e Cáceres, sendo, nas demais, classificado como desfavorável. Essa diferença de avaliação resultou dos diferentes graus de entrosamento (ainda que todos estivessem aquém do ideal). Em Rondonópolis, a atuação do Sindicato foi várias vezes lembrada como positiva, e, nas regiões Norte-Nordeste e Leste, a indicação é de que a própria necessidade coletiva tem favorecido um comportamento mais pró-ativo e coordenado entre os produtores. O benefício dessa percepção baseia-se no fato de que a quase totalidade dos pecuaristas entrevistados trouxe, para dentro da própria categoria, a responsabilidade pelas condições atuais de organização. Foram ressaltados fatores culturais, sociais e mesmo psicológicos para isso, mas, considerando a precariedade da coordenação horizontal do segmento, observou-se a necessidade de mudanças, o que foi bastante positivo. No caso da ampliação das reservas, último dos itens abordados no direcionador estrutura de mercado, houve significativa diferença entre as regiões. No Pantanal, a classificação foi neutra; nas regiões de Cáceres e CentroSul, desfavorável; no Leste e Norte-Nordeste, muito desfavorável. A variação das avaliações desse subfator já era esperada, uma vez que as reservas indígenas e ecológicas se distribuem heterogeneamente no estado. O quesito gestão foi o de pior avaliação em todas as regiões, à exceção da Norte-Nordeste, em que a estrutura de mercado recebeu a pior pontuação. Sua composição envolveu aspectos relacionados à disponibilidade e qualidade da mão-de-obra; capacidade de investimento; controle de custos de produção; gestão da rastreabilidade e certificação; e controle zootécnico e de pastagens. A mão-de-obra foi classificada, em todas as regiões, como elemento que compromete a eficiência e competitividade da cadeia produtiva da bovinocultura de corte mato-grossense. Segundo os entrevistados, em algumas regiões, além da escassez de trabalhadores, existe flagrante desqualificação somada, quase sempre, à baixa adesão aos já eventuais cursos e treinamentos. A situação, segundo o levantamento primário, torna-se mais crítica quanto se trata das
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demandas por mão-de-obra técnica gerencial: faltam profissionais e, embora tenham qualificação formal, a maior parte carece de conhecimento prático sobre a condução das atividades pecuárias, com destaque para a bovinocultura de corte, tratada neste documento. Em seqüência, a capacidade de investimento na atividade foi claramente muito desfavorável. Salvo em algumas situações pontuais, em todo o Estado de Mato Grosso o que se observa é a descapitalização severa do produtor, com graves e múltiplas conseqüências. Muitos produtores optam (na realidade, sequer têm alternativa) por adquirir produtos de segunda linha, abdicar de reforma de pastagens e postergar projetos de manutenção de infra-estrutura da propriedade, quando não se decidem por abandonar a atividade. Por fim, no que se refere ao ambiente institucional, foram abordados os seguintes itens: política e fiscalização tributária e trabalhista; política e fiscalização ambiental; política comercial; política creditícia; política e fiscalização sanitária; atuação e representatividade das instituições; legislação oficial; e regulamentação fundiária. Nesse direcionador, assim como ocorreu em outros no segmento produção, embora todos os itens tenham tido somatório negativo, as variações no resultado decorreram de motivos distintos em cada uma das regiões. No caso da política e fiscalização tributária e trabalhista, em todas as regiões, à exceção da Norte-Nordeste, esse foi um subfator classificado como desfavorável, uma vez que houve freqüentes queixas em relação aos tributos pagos, além de flagrante desconhecimento sobre as taxas em termos de alíquota, motivação e destino dos recursos auferidos. Com relação à região Norte-Nordeste, além dessa constatação, observou-se que os problemas envolvendo a fiscalização trabalhista são superiores àqueles das demais regiões analisadas. Segundo os entrevistados, não são raras as denúncias de trabalho escravo, ainda que sem comprovação específica. Naturalmente, considerando o restrito conhecimento de tais causas trabalhistas, não se pretende, aqui, realizar juízo de valor; todavia, foi evidente o
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descontentamento dos pecuaristas em relação aos critérios adotados pelos organismos responsáveis e mesmo quanto às providências adotadas. No caso da política e fiscalização ambiental, esta foi considerada, nos moldes atualmente vigentes, desfavorável à eficiência e competitividade da cadeia produtiva da bovinocultura de corte de Mato Grosso, chegando a receber em duas regiões – Pantanal e Norte-Nordeste – classificação muito desfavorável. Esta pior avaliação deveu-se ao fato de as duas regiões destacadas se encontrarem em áreas de ecossistema sensível, de modo que sobre elas incidam, de maneira mais ostensiva, todos os procedimentos de fiscalização. De forma análoga, também houve diferenças importantes para o quesito política comercial. Embora não tenha tido nenhuma avaliação positiva, nas regiões habilitadas para exportação para o mercado europeu, não ocorreram maiores queixas; todavia, os produtores localizados em zonas não-habilitadas mostraram-se bastante insatisfeitos com os padrões atualmente vigentes e foram veementes quanto à necessidade de maior transparência em relação aos procedimentos adotados. Com relação à política creditícia, houve praticamente unanimidade entre todos os entrevistados: há recursos, mas o formato de apresentação do crédito não atende às expectativas do setor. Segundo levantamento realizado, o ciclo da atividade não é respeitado quando da determinação dos prazos de amortização da dívida e, por não existirem padrões de crédito específicos, os produtores optam por evitar o endividamento. No caso da política e fiscalização sanitária, este foi o subfator que recebeu melhor avaliação (favorável em todas as regiões). Ficou patente a percepção do esforço (e dos resultados) para o controle de enfermidades no estado. Destaca-se, inclusive, que a única taxa que os entrevistados julgaram fundamental foi a que compõe o Fundo Emergencial de Febre Aftosa do Estado de Mato Grosso (FEFA). Naturalmente, sempre há apontamentos que indicam a necessidade de melhoria de ações, mas, em geral, a percepção é positiva. O item seguinte, atuação e representatividade das instituições, foi considerado desfavorável na região do Pantanal, Cáceres e Leste. Na região
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Norte-Nordeste, julgou-se que a situação atual não chega a comprometer a competitividade da cadeia, o que levou a uma pontuação neutra. Na região Centro-Sul, em virtude da representatividade superior dos sindicatos e da mobilização percebida, a pontuação foi favorável. Por fim, em relação à legislação oficial e regulamentação fundiária, as queixas foram bastante evidentes. Apenas na região do Pantanal é que esse item foi classificado como neutro. Nas regiões de Cáceres e Centro-Sul, a pontuação foi desfavorável e, nas regiões Norte-Nordeste e Leste, muito desfavorável. Na realidade, a preocupação com o Licenciamento Ambiental Único (LAU) e com a morosidade dos processos foi o tema central de várias entrevistas, de modo que foram reiteradas as demandas por uma participação mais efetiva (e ostensiva) das entidades de apoio ao setor, no que tange à defesa pela transparência e agilidade nesses procedimentos. Observa-se, portanto, que as questões ambientais constituem ponto crítico, uma vez que o não-atendimento às exigências internacionais, relativas a esse tema, pode trazer prejuízos significativos para a imagem da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso. Dessa forma, em linhas gerais, percebe-se que o segmento de produção primária é marcado por uma seqüência de entraves à sua competitividade, em praticamente todos os direcionadores analisados. Todavia, por questões relacionadas à controlabilidade e aos efeitos multiplicadores, esforços em favor de melhorias nos processos de gestão das propriedades (incluindo o uso adequado
da
tecnologia
disponível),
da
organização
dos
produtores
(coordenação) e do aumento da eficiência nas relações entre os elos (sobretudo com os frigoríficos) trariam grandes benefícios à competitividade de toda a cadeia produtiva.
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388
11.3. Análise da competitividade do segmento de abate e processamento da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso Considerando a indústria de abate e processamento da cadeia de bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, o comportamento dos direcionadores de competitividade pode ser observado na Tabela 11.7 e Figura 11.3. De maneira geral, este segmento apresenta maior número de direcionadores favoráveis (positivos) do que desfavoráveis (negativos). No entanto, esse comportamento geral favorável deve ser visto com cautela, pois pontos críticos e restritivos para a competitividade da cadeia de bovinocultura de corte de Mato Grosso apresentam-se nesse segmento, como discutido a seguir. Focando a tecnologia, este direcionador apresenta-se favorável, com uma pontuação de 0,8 num máximo de 2 (Tabela 11.7), na escala Likert. O comportamento favorável à tecnologia deve-se às contribuições dos seguintes subfatores: eficiência e qualidade das máquinas, equipamentos e instalações utilizados neste segmento e as características dos processos de produção, do produto carne e seus derivados (produtos), dos subprodutos e do processo de tratamento de resíduos. Por sua vez, o único fator considerado desfavorável foi a pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos produtos, processos, máquinas e equipamentos.
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Tabela 11.7 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de abate e processamento da bovinocultura de Mato Grosso – 2007 Direcionadores Tecnologia Maquinas, equipamentos e instalações Processos Produto (carne) Subprodutos Trat. resíduos e efluentes (Questão Ambiental) Pesquisa e desenvolvimento
NC
QC
CG
X X X X X X
X X X X X X
CF
X
Indicador
Peso
Cálculo
F F F F F D
0,2 0,2 0,25 0,15 0,1 0,1 1
0,2 0,2 0,25 0,15 0,1 -0,1 0,8
Insumos Disponibilidade animais Qualidade de animais Preço de animais Demais insumos
X X X X
MF D MF F
0,25 0,25 0,45 0,05 1
0,5 -0,25 0,9 0,05 1,2
Relações de Mercado Relação com Pecuarista Relações com demais fornecedores insumos Relação com compradores de carne Rastreabilidade
X X X X
MD F D F
0,4 0,15 0,3 0,15 1
-0,8 0,15 -0,3 0,15 -0,8
F D F F F D
0,15 0,2 0,2 0,1 0,25 0,1 1
0,15 -0,2 0,2 0,1 0,25 -0,1 0,5
Estrutura de Mercado Concentração Logística de entrada (Bovinos) Logística de saída (Carnes) Ociosidade Escala de Produção Organização setorial Gestão Gestão de Pessoas Gestão da Produção Gestão de Marketing Gestão Financeira e Contábil Capacidade de investimento na atividade Ambiente Institucional Política e fiscalização tributária Política e fiscalização ambiental Política comercial Política e fiscalização trabalhista Política creditícia Fiscalização sanitária Entidades representativas
X X X X
X
X X X X X
X X X X X
X X X X X
D F F F F
0,15 0,25 0,15 0,25 0,2 1
-0,15 0,25 0,15 0,25 0,2 0,7
X
X X X X X X
MD F D D F D D
0,22 0,07 0,14 0,14 0,14 0,22 0,07 1
-0,44 0,07 -0,14 -0,14 0,14 -0,22 -0,07 -0,8
X
X
Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.
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390
2
1,2 1
0,8
0,7 0,5
0
Tecnologia
Insumos
Relações de Mercado -0,8
Estrutura de Mercado
Gestão
Ambiente Institucional -0,8
-1
-2
Fonte: Dados da pesquisa. Figura 11.3 – Direcionadores de competitividade do segmento de abate e processamento da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso – 2007.
Entende-se que os frigoríficos exportadores estão investindo e têm uma P&D bastante favorável. Porém, os frigoríficos que visam ao mercado interno estão em uma situação bastante desfavorável pela quase ausência de unidades de P&D. Tendo em vista que grande parte da carne do Estado de Mato Grosso vai para mercado interno (i.e., passa por frigoríficos não-exportadores), considera-se que essa área está aquém da exigência do setor, apresentando-se, portanto, desfavorável à competitividade da cadeia. Em relação aos insumos para o segmento de abate e processamento, este direcionador apresenta-se como o mais favorável entre todos avaliados (1,2 ponto na escala Likert), uma vez que os abatedouros e frigoríficos têm à sua disposição grande número de animais terminados para o abate, a preços favoráveis, e, adicionalmente, também adquirem outros insumos de produção (embalagens,
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condimentos etc.) em condições favoráveis de disponibilidade82, qualidade e preço. O único aspecto que causa decréscimo na competitividade desse segmento em relação a insumos é a qualidade dos animais terminados que não é favorável, em virtude da não-uniformidade dos lotes de animais em termos de peso, sexo, idade de abate e, principalmente, da baixa qualidade do acabamento de carcaça. O direcionador relações de mercado apresenta-se desfavorável (-0,8) à competitividade da indústria de abate e processamento. Dentro desse direcionador, destaca-se como favorável à relação entre frigoríficos e fornecedores de insumos de produção, com exceção ao relacionamento entre frigoríficos e pecuaristas. A rastreabilidade dentro dos frigoríficos também é um fator favorável à competitividade do segmento, principalmente quando se considera a disponibilidade de tecnologia para a prática de rastreabilidade dentro dos frigoríficos exportadores. Deve-se, no entanto, ressaltar que esse aspecto não atinge o grau “muito favorável” por causa da baixa adoção de práticas efetivas de rastreabilidade dentro dos frigoríficos que visam ao mercado brasileiro. Quanto aos subfatores desfavoráveis dentro de relações de mercado, destaca-se a relação dos frigoríficos com os pecuaristas e com os compradores de carne. Em termos relativos, a relação entre os frigoríficos e os pecuaristas apresenta-se como mais crítica (muito desfavorável) do que a relação entre os frigoríficos e os compradores de carne (simplesmente desfavorável). Tal fato deve-se à maior desconfiança e atrito e à menor transparência entre frigoríficos e pecuaristas, mesmo considerando que a relação entre frigoríficos e compradores de carne seja marcada também por imposições e domínio a favor dos compradores. Em termos de estrutura de mercado, a situação geral é favorável a este direcionador (0,5 ponto). Nesse caso, alguns subfatores podem ser apontados como favoráveis. A concentração do número de empresas do setor, a logística de saída da carne que se destina ao segmento de distribuição, a baixa ociosidade do setor em Mato Grosso e a escala de produção são subfatores considerados 82
Vale ressaltar que houve no passado recente uma fase de maior disponibilidade de animais terminados no mercado, mas em meados de 2007 esta condição reverteu-se drasticamente.
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favoráveis à competitividade da indústria de abate e processamento. A concentração dos negócios em mãos de, relativamente, poucas empresas, mostrase favorável para que os ganhos de escala aconteçam. Por sua vez, a baixa ociosidade implica que os custos fixos são diluídos pelo volume de produção, o que gera uma eficiência econômica no setor. A logística de saída de carne dos frigoríficos para os distribuidores de carne é considerada favorável graças à tecnologia empregada atualmente na gestão de logística (i.e., controle das operações, rastreamento da frota e controle de frios etc.) e à qualidade da frota de veículos, apesar da situação desfavorável da estrutura de transporte (rodovias) e portos. Porém, a logística de entrada de bovinos nos frigoríficos é desfavorável, principalmente em razão da precariedade das estradas vicinais, estaduais e federais utilizadas para esse tipo de transporte e das condições precárias dos caminhões boiadeiros. Uma situação desfavorável foi atribuída também à questão do baixo nível de organização setorial, o qual apresenta, ainda, certo grau de divergência de interesses entre entidades representativas de grupos dentro do segmento, principalmente entre aquelas que representam os interesses dos exportadores e as que congregam os frigoríficos fornecedores para o mercado interno. A gestão dos abatedouros e frigoríficos apresenta-se como um aspecto favorável à competitividade (0,7 ponto). Vale ressaltar que a maioria dos subfatores que compõem este direcionador é favorável, mas há espaços para ganhos de eficiência. Os subfatores gestão financeira, gestão da produção e de marketing e a capacidade de investimento na atividade mostraram-se favoráveis, sendo a gestão de pessoas o único fator desfavorável. Este último aspecto assume tal perfil, principalmente, em virtude da falta de disponibilidade de pessoas qualificadas para as várias funções operacionais, o que causa a necessidade de altos investimentos em treinamento e também alta evasão de pessoas treinadas pelas empresas para outras regiões e estabelecimentos do Brasil. Percebe-se, ainda, considerável carência de pessoal técnico para gestão da produção. Juntamente com o direcionador relações de mercado, o ambiente institucional também apresenta uma situação desfavorável à competitividade do
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segmento de abate e processamento (-0,8 ponto). Dentre os subfatores levantados, a política e fiscalização ambiental e a política creditícia são consideradas favoráveis à competitividade da cadeia, pois o rigor com as questões ambientais confere credibilidade aos compradores externos e há disponibilidade de crédito para investimento no setor. Por sua vez, os aspectos do ambiente institucional, que se apresentam como entraves relevantes, são a política e fiscalização tributária, considerada muito desfavorável ao setor, e a política comercial, a política e fiscalização trabalhista, a fiscalização sanitária e as entidades representativas, consideradas aspectos desfavoráveis em razão dos problemas e empecilhos que estes trazem para a gestão dos abatedouros e processadores de carne bovina, pela ineficiência e burocracia e, ou, fiscalização excessiva e abusiva. Sumarizando a análise dos direcionadores para esse segmento, destaca-se a situação favorável da tecnologia utilizada nos frigoríficos e da compra de insumos de produção. No entanto, uma questão crítica a ser tratada é a relação dos agentes com os pecuaristas e, em segundo grau de importância, a relação dos frigoríficos com os distribuidores. Esses esforços para melhoria da coordenação do segmento frigorífico com os demais podem trazer grandes ganhos de competitividade para a cadeia como um todo.
11.4. Análise da competitividade do segmento de distribuição83 da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso
O diagnóstico atual do segmento de distribuição de carne bovina em Mato Grosso mostra que este possui bom nível tecnológico, gestão conduzida com razoável eficiência, estrutura de mercado favorável a melhorias e atendimento às exigências legais, ambientais e sanitárias. 83
Na análise do segmento de distribuição da cadeia de bovinocultura de corte de Mato Grosso, considerou-se que a maior parte da carne produzida no estado destina-se a outros estados ou ao exterior. Portanto, quando se refere ao segmento de distribuição, manteve-se o foco na distribuição dentro de Mato Grosso e naquela que leva a carne deste estado para outros estados e países. No tocante às características da demanda, discutidas mais à frente nesta seção, optou-se por fazer uma análise geral em nível estadual e nacional, utilizando o conhecimento da equipe técnica e dos consultores.
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Apesar desses aspectos favoráveis, revela-se deficiente nas relações com fornecedores e consumidores, oferecendo amplo espaço para melhorias no que se refere à ampliação da competitividade da cadeia produtiva e aumento do consumo de carne bovina no estado e no País. Uma apresentação visual da performance dos direcionadores de competitividade e dos subfatores que os afetam, conforme identificados no diagnóstico, são apresentados na Tabela 11.8 e na Figura 11.4. Foi possível observar, ao longo da pesquisa, que de modo geral as tecnologias empregadas pelo segmento de distribuição de carnes, no Estado de Mato Grosso, encontram-se em bom nível, porém ainda distante do que se poderia considerar ideal. A cadeia do frio, os equipamentos de manuseio e as tecnologias e sistemas de informação, principalmente nos setores de supermercados e de exportação, são todos favoráveis à competitividade da cadeia. A destinação dos resíduos graxos e cárneos, no entanto, é um subfator que contribui desfavoravelmente para a composição do resultado final do direcionador tecnologia. Os insumos usados no segmento de distribuição apresentam-se em situação de equilíbrio entre fatores favoráveis e desfavoráveis (neutro). A disponibilidade e o preço da carne e as embalagens contribuem favoravelmente para a composição do direcionador. No entanto, a qualidade da carne e as restrições para o insumo energia contrapõem os fatores favoráveis. Portanto, vêse, por um lado, que qualquer descuido nesse segmento pode retirar o mesmo do estado de neutralidade e levá-lo a um patamar de redução de competitividade; por outro lado, investimentos direcionados, principalmente para alavancar os subfatores desfavoráveis (qualidade de carne e energia), podem elevar essa competitividade de modo significativo.
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395
Tabela 11.8 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de distribuição da bovinocultura de Mato Grosso – 2007
Direcionadores
NC
Tecnologia Cadeia do frio Equipamentos de manuseio da carne Tecnologia e sistemas de informações Destinação de resíduos graxos/cárneos Insumos Disponibilidade de carne Qualidade da carne Preço da carne Embalagem Energia
Estrutura de mercado Concentração Escala Barreiras à entrada Logística Gestão Formato de ponto de venda Gestão de pessoas do setor cárneo Marketing de venda de carne bovina Gestão da cadeia de supr. de carne bovina Ambiente institucional Legislação sanitária Fiscalização sanitária Exigência de rastreabilidade
CG
X
X
CF
X X X
X X
X X X X
X
X
Relações de mercado Relações com frigoríficos Relações com outros distribuidores Relação com consumidores finais Formação de preços Rastreabilidade Características da demanda Imagem Atendimento e entrega em domicílio Diversidade de prod. cárneos e complement. Promoção e desconto Preço da carne Informação ao consumidor Rastreabilidade Crédito ao consumidor Renda do consumidor Preços de outros produtos cárneos
QC
X X X X X
X X X X X
X X X X X
X X X
X X
X X
X X
X X
X X
X X
X X X
X X X
Indicador
Peso
Cálculo
F F F MD
0,45 0,1 0,35 0,1 1
0,45 0,1 0,35 -0,2 0,7
F D F F D
0,15 0,35 0,25 0,1 0,15 1
0,15 -0,35 0,25 0,1 -0,15 0
D D D F D
0,3 0,15 0,25 0,2 0,1 1
-0,3 -0,15 -0,25 0,2 -0,1 -0,6
D F D F D MD D F D D
0,08 0,05 0,1 0,16 0,16 0,1 0,1 0,04 0,16 0,12 1
-0,08 0,05 -0,1 0,16 -0,16 -0,2 -0,2 0,04 -0,16 -0,12 -0,6
F F N D
0,4 0,2 0,1 0,3 1
0,4 0,2 0 -0,3 0,3
F D F F
0,2 0,25 0,25 0,3 1
0,2 -0,25 0,25 0,3 0,5
F F D
0,3 0,5 0,2 1
0,3 0,5 -0,2 0,6
Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.
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396
2
1
0,7 0,3
0
0,5
0,6
0 T ecnologia
Insumos
Relações de Mercado
-0,6
Carac. da demanda
-0,6
Estrutura de Mercado
Gestão
Ambiente Institucional
-1
-2
Fonte: Resultados da pesquisa. Figura 11.4 – Direcionadores de competitividade do segmento de distribuição da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso – 2007.
As relações de mercado entre os agentes, a jusante e a montante, podem ser consideradas o fator crítico do desempenho da distribuição de carne no Estado de Mato Grosso, uma vez que afeta desfavoravelmente a sua competitividade. Isso acontece em decorrência, principalmente, de relações desfavoráveis entre o varejo e os frigoríficos, entre o varejo e os demais distribuidores e entre o varejo e os consumidores. Portanto, configura-se um conjunto de relações conflituosas e, ou, pouco transparentes que precisam ser melhoradas. A rastreabilidade deficiente ou inexistente agrava o quadro desfavorável do direcionador relação de mercado e, conseqüentemente, da competitividade da cadeia. Apenas a formação de preço é favorável à composição desse direcionador. Há, portanto, um caminho longo a ser percorrido pelos agentes para estabelecerem relações mais satisfatórias que se traduzam em maiores benefícios para a competitividade da cadeia, principalmente para os negócios voltados ao atendimento do mercado interno.
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De modo semelhante e diretamente atrelado à distribuição no varejo, uma análise das características da demanda revela um direcionador desfavorável à competitividade da cadeia na quase totalidade dos itens avaliados. A falta de informações aos consumidores com respeito às carnes bovinas comercializadas destaca-se como o subfator mais importante a influir negativamente no desempenho do direcionador. Em menor grau de importância, mas também afetando negativamente o desempenho desse segmento da cadeia, estão a imagem negativa que os consumidores fazem da carne de boi, o preço da carne e de outros produtos cárneos; e os problemas de renda enfrentados pelos consumidores, pouca diversidade de produtos cárneos de origem bovina e rastreabilidade. O atendimento e a entrega em domicílio, as promoções e, ou, descontos mais o crédito disponível para aquisição da carne, no entanto, contribuem favoravelmente para a competitividade desse direcionador. Residem, portanto, nesses subfatores, oportunidades para estratégias e, ou, ações corretivas institucionais e, ou, privadas provocarem mudanças que resultem principalmente na alavancagem do consumo da carne bovina no País. A estrutura de mercado do segmento de distribuição apresenta-se, em geral, favorável à competitividade da cadeia da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso. O nível atual de concentração das firmas no segmento de distribuição contribui favoravelmente para seu desempenho. A economia de escala alcançada nas operações de distribuição reforça positivamente o quadro geral de eficiência desse segmento. Porém, a logística na distribuição de carne produzida no estado apresenta-se desfavorável e compromete a competitividade da cadeia. A estrutura de mercado favorável como um todo tem ainda espaço para que formas novas e mais efetivas de negociação e, ou, organização dos agentes se concretize e resultados mais expressivos de competitividade, no médio e no longo prazo, sejam alcançados. A gestão interna das firmas que formam o segmento de distribuição pode ser considerada um ponto forte de competitividade da cadeia. Os modernos formatos dos pontos de venda em evidência, o marketing de venda da carne, a
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gestão da cadeia de suprimentos colaboram favoravelmente para o bom resultado desse direcionador de competitividade. Apenas cabe ressaltar a contribuição negativa do subfator gestão de pessoas do setor cárneo, uma vez que se acredita que as pessoas envolvidas na venda da carne bovina ao consumidor deveriam ser mais bem qualificadas. Mesmo apresentando um quadro favorável à competitividade da cadeia, a gestão do segmento de distribuição carece de métodos e, ou, técnicas mais avançadas de gerenciamento para aprimorar ainda mais os indicadores de eficiência administrativa. Com relação ao ambiente institucional relativo às leis, normas e regulamentos que envolvem o segmento de distribuição no Estado de Mato Grosso, há clara evidência de que estes evoluíram favoravelmente e consolidaram mudanças significativas para o fortalecimento de todos os demais elos da cadeia produtiva. O atendimento e, ou, cumprimento tanto da legislação sanitária quanto da fiscalização sanitária colaboraram para o bom êxito do desempenho desse direcionador. As exigências de rastreabilidade, embora constatadas como uma preocupação bastante evidente, ainda não surtem os efeitos
desejados,
mostrando-se,
nesse
competitividade da cadeia, nesse particular.
segmento,
desfavoráveis
à
CAPÍTULO XII AÇÕES PROPOSTAS PARA A MELHORIA DA COMPETITIVIDADE DA CADEIA PRODUTIVA AGROINDUSTRIAL DA BOVINOCULTURA DE CORTE DO ESTADO DE MATO GROSSO
Considerando-se as discussões a respeito das características dos vários segmentos da cadeia de bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso e seus direcionadores e subfatores, buscou-se, através da ampla discussão dentro da equipe técnica e com representantes dos vários segmentos da cadeia, a identificação de ações que objetivassem a melhoria de competitividade desta cadeia. Estas ações propostas são apresentadas a seguir.
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400
12.1. Propostas de âmbito geral passíveis de atuação direta dos agentes da cadeia produtiva 1) Realizar estudos qualitativos e quantitativos sobre a situação atual e prospectiva dos confinamentos e suas conseqüências para o setor de bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso Justificativa: O presente diagnóstico mostra forte tendência do crescimento de confinamentos em várias regiões de Mato Grosso. Este processo causa importantes impactos na cadeia de bovinocultura de corte do estado. Foi manifestado o desejo de vários frigoríficos em desenvolverem confinamentos que tenham como base parcerias com pecuaristas para que ambos participem do empreendimento. Pelo lado da produção, percebe-se que algumas regiões estão se especializando no fornecimento de animais oriundos da cria e da recria para invernistas e, ou, confinadores. Adicionalmente, a expansão dos confinamentos pode alterar as forças de mercado, gerando maior oferta de animais terminados em determinados períodos, reduzindo, assim, os seus preços. Portanto, o crescimento dos confinamentos no estado implica mudanças estruturais importantes para o mercado e, principalmente, para os pecuaristas. Assim, um estudo da situação atual e do avanço dos confinamentos em Mato Grosso e suas conseqüências para a cadeia de bovinocultura de corte podem gerar informações importantes para guiar os pecuaristas no seu processo de decisão em relação ao seu negócio. Por outro lado, também deverão ser objeto de estudo as conseqüências para o segmento da pecuária da oferta de boi gordo pelo sistema de integração lavoura-pecuária, realizada por produtores rurais de soja que aderiram à pecuária em função de queda de renda em suas atividades. Agentes responsáveis: Entidades representativas dos interesses dos pecuaristas, Centro Boi. Agentes impactados: Pecuaristas e indústrias frigoríficas. Grau de prioridade: Alta/curto prazo.
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2) Consolidar o Centro de Inteligência da Bovinocultura de Corte de Mato Grosso Justificativa: De modo geral, foi identificada a necessidade de maior fluxo de informações entre os elos da cadeia produtiva de bovinocultura de corte de Mato Grosso. A natureza da informação necessitada é vasta, compreendendo desde informações de mercado de insumos e produtos (preços, estoques etc.), passando por artigos, publicações e informações sobre hábitos de consumo de carne bovina, chegando, em um estágio mais avançado do Centro, ao desenvolvimento de ferramentas de apoio à gestão e comercialização da atividade. A consolidação e, ou, ampliação do escopo de atuação do Centro de Inteligência voltado para a bovinocultura de corte (aprimoramento do existente vinculado à FAMATO), vinculado à internet e de acesso público, permitiria que se centralizassem as informações importantes em um local em comum, onde os agentes da cadeia pudessem consultar uma gama de informações técnicas e de mercado, tendências e conjunturas econômicas, além de participarem de discussões sobre temas atuais e importantes para a cadeia. Permitirá, ainda, melhores gestões sobre crédito e seguros, uma vez que se tem maior transparência da cadeia, com aspectos positivos sobre a confiança entre os agentes. Agentes responsáveis: Entidades representativas dos interesses dos fornecedores de insumo, pecuaristas, frigoríficos, distribuidores e varejistas. Agentes impactados: Todos os agentes da cadeia inclusive o consumidor final. Prioridade: Alta/curto prazo. 3) Desenvolver um diagnóstico da cadeia produtiva do couro do Estado de Mato Grosso Justificativa:
O
desenvolvimento
do
presente
diagnóstico
da
bovinocultura de corte no Estado de Mato Grosso teve como principal enfoque a produção de carne e derivados, mas mantendo-se em mente que o couro é um importante produto oriundo do sistema de criação de bovinos de corte. Dessa
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forma, alguns questionamentos a respeito desse produto foram incluídos nas entrevistas e questionários de pecuaristas e frigoríficos. As informações levantadas e as opiniões dos especialistas consultados revelam que avanços na coordenação da cadeia produtiva do couro podem oferecer ganhos para pecuaristas e frigoríficos. Adicionalmente, constatou-se que o processo de remuneração do couro ou de sua contabilização nos preços pagos ao pecuarista pela arroba do animal terminado é um processo que carece de transparência e que causa conflitos entre pecuaristas e indústrias frigoríficas. Considerando o potencial de contribuição da cadeia de couro, tanto para o estado quanto para pecuaristas e frigoríficos, julga-se necessário um diagnóstico específico para analisar as potencialidades e os principais problemas relacionados à produção e comercialização do couro oriundo do Estado de Mato Grosso. Agentes responsáveis: Instituições representativas de pecuaristas, indústria frigorífica, curtumes e governo do estado. Agentes impactados: Pecuaristas, indústria frigorífica, curtumes e demais agentes envolvidos na cadeia do couro. Grau de prioridade: Médio/médio prazo. 4) Promover grande mobilização estadual quanto à necessidade de discutir os procedimentos de rastreamento e o SISBOV Justificativa: A rastreabilidade, dentre os requisitos internacionais para aquisição de carne bovina (destaque para a União Européia), é um dos itens que mais tem sido destacado como imprescindível à competitividade setorial. Mais do que apenas apresentar a importância da rastreabilidade como pré-requisito para as vendas internacionais, é preciso que se analise se existem ganhos reais (financeiros inclusive) advindos da implantação deste procedimento. As melhorias na coordenação e na eficiência dos processos de produção, portanto, adicionam-se à possibilidade de participação no mercado internacional, compondo importante modificação no padrão atual de uso dessa ferramenta. A pecuária também tem sido vista como improdutiva, com desmatamento exagerado e danos ambientais. Assim, a rastreabilidade deve ser encarada, junto
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403
à questão ambiental, como argumento favorável de que foram cumpridas as exigências internacionais (tanto sanitárias como ambientais e trabalhistas), possibilitando angariar outras vantagens além do acesso aos mercados, como crédito, taxas de juros diferenciadas e outros aspectos que auxiliam o ganho de competitividade. Dessa forma, a presente proposta de ação desmembra-se em: a) Realização de dias de campo, a fim de ampliar o conhecimento real sobre todos os procedimentos requeridos na rastreabilidade. b) Divulgação, através dos sindicatos, de todas as modificações previstas na nova proposta do SISBOV, de modo a ampliar o conhecimento dos pecuaristas com esta questão. c) Realização de estudos técnicos, visando verificar a relação custo-benefício – em distintas regiões do estado e para distintos cenários da implantação da rastreabilidade nas propriedades de bovinocultura de corte, bem como quantificar as perdas potenciais advindas da não adequação dos produtores brasileiros às regulamentações da rastreabilidade, nos moldes hoje vigentes. Agentes responsáveis: Governo federal, governo estadual, associação de produtores, sindicatos, instituições de pesquisa, ensino e extensão. Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva. Grau de prioridade: Alto/curto prazo. 5) Realizar ampla divulgação, junto aos pecuaristas, dos benefícios que os procedimentos de certificação podem trazer, enquanto sinalizadores de qualidade. Justificativa: Foi percebido, na pesquisa realizada, que existe grande desconhecimento sobre os processos envolvidos nos trâmites legais da certificação das propriedades. O conhecimento de grande parte dos pecuaristas restringe-se a questões superficiais, que não chegam a estimulá-lo ou convencêlos dos benefícios da prática da certificação. Ademais, é importante informar que o Ministério da Agricultura responde pela certificação (via certificadoras selecionadas), tendo, atualmente, 48 empresas certificadoras no seu cadastro de parceiros (dentre elas a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária –
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CNA, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne – ABIEC e a Associação das Certificadoras de Animais – ACERTA). Agentes responsáveis: Governo estadual, instituições de apoio à bovinocultura de corte no Estado de Mato Grosso, associações de classe. Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva. Grau de prioridade: Médio/médio prazo. 6)
Promover
a
gestão
da
sustentabilidade
ambiental
nas
propriedades rurais Justificativa: O controle ambiental no Estado de Mato Grosso é realizado desde 1998 através da “licença ambiental única” (LAU), que é gerenciada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), entidade responsável pelo licenciamento, preservação e desenvolvimento sustentável das propriedades rurais do estado, por meio do “sistema de licenciamento ambiental de propriedades rurais” (SLAPR). Apesar de representar custos adicionais aos proprietários rurais, o sistema de licenciamento ambiental é a garantia de eles se colocarem diante da sociedade consumidora e das instituições públicas e privadas com um documento que os garantam quanto à sustentabilidade ambiental de sua produção, o que implica dizer garantia de mercados neste quesito, considerando que o meio ambiente é um tema que interessa a todas as nações. Hoje, verifica-se em Mato Grosso grande convergência entre os principais atores responsáveis pela sustentabilidade ambiental. O governo estadual, por intermédio da SEMA, vem buscando parcerias com diversas cadeias do agronegócio, com o objetivo reduzir índices de desmatamento e, por conseguinte, evitar a emissão de carbono. Nesse sentido, as instituições de representação deverão, através de suas entidades de classe, ter como meta formalizar diante das autoridades públicas um pacto que possa no decorrer do tempo alcançar a plena sustentabilidade ambiental das propriedades. Agentes responsáveis: Governo estadual, FAMATO, associação de produtores, sindicatos, ONGs. Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva.
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Grau de prioridade: Alto/curto prazo. 7) Buscar alternativas para reduzir questões de conflitos de ordem fundiária Justificativa: Mato Grosso possui, além dos tradicionais problemas de ordem fundiária, problemas diferenciados, como o de faixa de fronteiras, caracterizado pelo não-reconhecimento de títulos e posses mandas e pacíficas dos atuais detentores das áreas de faixas de fronteiras de segurança nacional. Entretanto, o INCRA no estado tem uma atuação pífia e vem, inclusive, orientando os proprietários rurais a acioná-lo judicialmente para a obtenção de documentos
cuja
emissão
é
de
sua
responsabilidade,
como
o
georreferenciamento. Outro aspecto em se tratando de questões fundiárias é a criação de novas reservas indígenas e quilombolas, por simples deliberação da FUNAI no caso dos indígenas. Torna-se imperativo que todos estes assuntos sejam remetidos ao Congresso Nacional. Agentes responsáveis: Governo federal, câmara dos deputados, governo estadual, FAMATO, associação de produtores, sindicatos. Agentes impactados: Pecuaristas. Grau de prioridade: Alto/curto prazo.
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8) Criar uma Associação dos Criadores de Mato Grosso, com enfoque de atuação nos aspectos mercadológicos da atividade e com vicepresidências ligadas a cada uma das atividades Justificativa: Cabe à FAMATO e a seus sindicatos rurais associados defender o produtor rural enquanto aspectos institucionais, enquanto as associações representam o negócio. O modelo já funciona com extrema competência na APROSOJA (produtores de soja) e AMPA (produtores de algodão). Agentes responsáveis: FABOV/FAMATO e entidades organizadas do setor (ACRIMAT/ACRISMAT/sindicatos rurais). Agentes impactados: Setor produtivo. Prioridade: Alto/curto prazo. 9) Organizar o diagnóstico do meio ambiente de Mato Grosso ligado à atividade dos pecuaristas Justificativa: Avaliar os impactos do desmatamento sobre os biomas e por sub-bacias hidrográficas e de seu avanço na linha do tempo (base legal/políticas
de
crédito
e
programas
de
desenvolvimento
oficiais/
desenvolvimento de Mato Grosso), considerando a época de implantação de pastagens, bem como a situação atual das pastagens (grau de degradação). Agentes responsáveis: Entidades de toda a cadeia (com recursos do FABOV/Fundo da Carne e Fundo do Couro). Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, uma vez que a questão ambiental está se tornando cada vez uma barreira não-tarifária, passa a ser exercida com rigor crescente pelos mercados consumidores externos. Grau de prioridade: Alto/curto prazo.
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10) Criar o Fórum Permanente da Bovinocultura de Corte de Mato Grosso Justificativa: Considerando a necessidade de organização da cadeia e melhoria do relacionamento entre os diferentes elos, a criação de um Fórum Permanente facilitaria o controle e gestão das iniciativas, bem como a organização e hierarquização das ações propostas e em implantação. Agentes responsáveis: FABOV/FAMATO e entidades organizadas do setor (ACRIMAT/ACRISMAT/Sindicatos Rurais). Agentes impactados: Setor de produtivo. Grau de prioridade: Alto/curto prazo.
12.2. Propostas de âmbito geral ligadas a decisões de escopo político e macroeconômico 1) Fazer gestões no CADE para regulação dos preços de medicamentos nos laboratórios nos produtos obrigatórios Justificativa: Foram detectadas variações expressivas nos preços de medicamentos veterinários, em um mercado concentrado e que requer a participação de maior número de agentes. O CADE é o organismo de controle e defesa da concorrência. As gestões devem auxiliar o organismo a ter melhor atuação com benefícios em toda a cadeia. Agentes responsáveis: Representações de classe. Agentes impactados: Laboratórios de medicamentos veterinários, comerciantes, pecuaristas. Grau de prioridade: Alto/médio prazo. 2) Explicitar o real uso dos recursos do FETHAB na melhoria das estradas no Estado de Mato Grosso Justificativa: Os recursos do FETHAB são em parte destinados à recuperação de estradas no estado. Entretanto, é necessária maior clareza da destinação deste fundo para tal fim, de modo que se realizem sugestões de
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aplicação dos recursos e de atendimento aos anseios dos agentes envolvidos. As estradas continuam, mesmo com a atuação do Fundo, sendo criticadas devido a seu estado de conservação, inexistências de rodovias pavimentadas em vários municípios e rodovias não-pavimentadas, em muitos casos sem condições de tráfego. Agentes responsáveis: Secretarias de estado, fundos de apoio e representações de classe. Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor final. Grau de prioridade: Alta/curto prazo. 3) Mobilizar a classe política de Mato Grosso para efetivar ações previstas no Plano de Aceleração de Crescimento Justificativa: Um gargalo importante para o ganho de competitividade está relacionado com investimentos em infra-estrutura em geral e estrutura educacional, e os projetos contemplados no Plano de Aceleração de Crescimento para o estado seriam grandes promotores do desenvolvimento regional. Dessa forma, a mobilização da classe política seria um esforço com benefícios que transcendem às filiações partidárias. Agentes responsáveis: Representações sindicais, secretarias de estado e bancada federal. Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor final. Grau de prioridade: Alto/curto prazo.
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12.3. Propostas para o segmento de insumos 1) Estabelecer o marco legal para a reciclagem das embalagens de insumos animais Justificativa: A agricultura já realiza avanços importantes na reciclagem das embalagens de agrotóxicos, herbicidas, inseticidas e outros químicos utilizados nas lavouras. A bovinocultura de corte, contudo, ainda convive com pouca reciclagem de embalagens de produtos veterinários e de alimentação animal. Ao lado do desenvolvimento da consciência e da responsabilidade dos pecuaristas e lojistas para a reciclagem das embalagens de insumos animais, é preciso que se estabeleçam regulamentos e procedimentos que permitam ganhos com essa atividade e maior competitividade da cadeia. Agentes responsáveis: Entidades representativas de fornecedores de insumos e pecuaristas. Agentes impactados: Todos os agentes da cadeia. Grau de prioridade: Médio/médio prazo. 2) Realizar campanha de conscientização para a reciclagem das embalagens de insumos animais Justificativa: A agricultura já tem consciência acerca da reciclagem das embalagens de agrotóxicos, herbicidas, inseticidas e outros químicos utilizados nas lavouras. A bovinocultura de corte, em toda a cadeia, necessita desenvolver a consciência e a responsabilidade de todos os agentes da cadeia, para a reciclagem das embalagens de insumos animais. Agentes responsáveis: Todos os agentes da cadeia. Agentes impactados: Todos os agentes da cadeia. Grau de prioridade: Médio/médio prazo.
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410
3) Acompanhar sistematicamente preços e quantidades dos diferentes insumos pecuários em Mato Grosso Justificativa: Existe a necessidade de realizar o acompanhamento sistemático
dos
preços
dos
insumos
pecuários
como
parte
de
um
acompanhamento sistemático das evoluções dos custos de produção e, ainda, permitir um sistema de gestão mais eficiente para os pecuaristas. Este acompanhamento, que poderia valer-se, solucionaria o gargalo associado à excessiva pulverização dos dados, atualmente não-coordenados, de modo a construir uma base de dados comum, abrangente e disponível a toda a cadeia produtiva, especificamente para as diferentes regiões do estado, levando em consideração as especificidades dos diferentes tipos de insumos para a produção pecuária. Agentes responsáveis: Associações de classe dos diferentes segmentos, instituições de pesquisa e instituições públicas correlatas. Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor final. Grau de prioridade: Médio/médio prazo. 4) Construir instrumento legal para equalizar tarifas tributárias de insumos pecuários Justificativa: A tributação incidente sobre alguns insumos animais é maior que sobre outros produtos e insumos da agricultura. Dessa forma, é importante haver uma legislação tributária que não penalize a bovinocultura de corte, comparativamente a outras atividades. Agentes responsáveis: SEFAZ-MT, FAMATO, Ministério da Fazenda. Agentes impactados: Lojistas, indústrias de nutrição animal e pecuaristas. Grau de prioridade: Alto/médio prazo.
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5) Realizar campanha de valorização do uso de insumos produzidos em Mato Grosso Justificativa: Os empresários locais normalmente enfrentam as deficiências infra-estruturais do estado e a concorrência com empresas de fora do estado, estabelecendo, em muitos casos, relações técnicas importantes com os pecuaristas. A valorização desses produtos poderia representar ganhos de bemestar internalizados no estado, gerando emprego e renda, bem como melhorar a adequação dos insumos às necessidades locais, observando a heterogeneidade existente no estado. Agentes responsáveis: Representantes do segmento de insumos e governo do estado. Agentes impactados: Empresas do segmento de insumos, sociedade em geral. Grau de prioridade: Alto/médio prazo. 6) Realizar campanha de divulgação para o uso de sementes de forrageiras de maior pureza Justificativa: O Estado de Mato Grosso apresenta elevados percentuais de pastagens degradadas que necessitam reforma. A utilização de sementes de maior pureza representaria vantagens na formação de melhores pastagens, que, argumenta-se, gerariam ganhos econômicos aos pecuaristas e aos produtores de sementes locais. Agentes responsáveis: Governo do estado, representantes dos produtores de sementes e instituições de pesquisa. Agentes impactados: Pecuaristas e agentes do segmento de insumos. Grau de prioridade: Alto/curto prazo.
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7)
Qualificar
mão-de-obra
para
aplicação,
fabricação
412
e
desenvolvimento de insumos pecuários Justificativa: Foi detectada, em todos os níveis de educação, uma carência de mão-de-obra para manuseio e fabricação de insumos pecuários. Os lojistas acusam falta de pessoas para trabalhos de aplicação de produtos, e os fabricantes, falta de pessoas qualificadas para o desenvolvimento de novos insumos, assim como para o manuseio dos elementos constituintes dos insumos fabricados, máquinas e implementos associados. Agentes responsáveis: Setor público, representantes dos pecuaristas e agentes do segmento de insumos, universidades e instituições de pesquisa. Agentes impactados: Pecuaristas e agentes do segmento de insumos. Grau de prioridade: Alto/curto prazo.
12.4. Propostas para o segmento de produção 12.4.1. Tecnologia 1) Ampliar os procedimentos de difusão de informações sobre riscos de sanidade animal, refletindo principalmente a insatisfação presente na área não-habilitada Justificativa: Os riscos originários da sanidade animal podem afetar a competitividade das exportações da carne bovina brasileira e, em conseqüência, reduzir a rentabilidade do produtor. Assim, torna-se relevante disseminar informações acerca dos cuidados associados com a sanidade animal, no que se refere às necessidades inerentes ao rebanho todo, a certas categorias de animais, selecionando idade e sexo (como é o caso das vacinações contra o carbúnculo sintomático e a brucelose). Essa ação deve ser reforçada, principalmente, na região Norte do Estado pelo fato de os produtores sentirem-se menos beneficiados com essa prática, por estarem em região não-habilitada para exportação para a Europa, além de o preço da vacina ser variável de
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descontentamento do produtor, em virtude de sua distância até o centro de aquisição. Agentes responsáveis: Governos federal e estadual, indústrias de vacinas e instituições de pesquisa, ensino e extensão. Agentes impactados: A cadeia produtiva como um todo. Grau de prioridade: Alto/curto prazo. 2) Agilizar estudo sobre a morte súbita de pastagens e cigarrinha Justificativa: As pastagens naturais ou formadas constituem a forma mais prática e de menor custo de alimentação de bovinos. No Estado de Mato Grosso, grande parte do sistema de pastagens usado é de manejo contínuo e essas se apresentam em estado de degradação decorrente da descapitalização do produtor. A morte súbita de pastagens tem sido observada em diferentes regiões e apresenta-se como ponto crítico no processo produtivo, afetando a rentabilidade da produção. Assim, faz-se necessário agilizar estudos que visem detectar as causas desse evento. Já há um projeto da EMBRAPA, em mãos da FAMATO, que será encaminhado ao governador do estado para aprovação e liberação de recursos via FAPEMAT para sua execução (EMBRAPA Gado de Corte). Agentes responsáveis: Governo estadual, instituições de pesquisa, ensino e extensão. Agentes impactados: Produtores. Grau de prioridade: Alto/curto prazo. 3) Ampliar os recursos para maior adoção de práticas de inseminação artificial e aquisição de animais melhoradores Justificativa:
Maior
eficiência
reprodutiva
é
uma
das
metas
vislumbradas pelos produtores de bovinos, de modo a obter maior rentabilidade na atividade, que pode ser alcançada pelo uso de várias técnicas de multiplicação animal, dentre elas a inseminação artificial. É uma técnica já desenvolvida há várias décadas e que apresenta facilidade de uso; no entanto, o seu nível de adoção é reduzido na atividade.
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Agentes responsáveis: Governo federal, governo estadual, instituições de pesquisa, ensino e extensão. Agentes impactados: Produtores, indústrias e comércios de insumos veterinários, sêmen e embriões. Grau de prioridade: Médio/médio prazo. 4) Desenvolver e, ou, aprimorar os projetos de viabilização da integração agricultura pecuária Justificativa: No Estado de Mato Grosso, a agricultura detém maior domínio científico e tecnológico comparativamente à bovinocultura de corte. Sendo assim, é indiscutível a relevância da integração da bovinocultura de corte com a agricultura, com vistas a reduzir o risco de produção e, em conseqüência, ampliar a rentabilidade e competitividade da atividade da pecuária de corte. Também, a pecuária atualmente é vista como vilã ambiental, ao ocupar áreas desmatadas com produção extensiva de baixa produtividade e pastos degradados. A integração lavoura-pecuária possibilita recuperar as áreas degradadas, adotar técnicas ambientalmente superiores, reduzir a pressão sobre o desmatamento e até mesmo viabilizar credenciamento de projetos para pagamento por desmatamento evitado. Agentes responsáveis: Governos federal e estadual, instituições de pesquisa, ensino e extensão. Agentes impactados: Produtores agrícolas e pecuaristas. Grau de prioridade: Médio/médio prazo. 5) Adotar um modelo de difusão tecnológica, baseado na utilização de propriedades-piloto, com ênfase ao adequado manejo alimentar, reprodutivo e na formação de pastagens Justificativa: Práticas adequadas de manejo alimentar, reprodutivo e de formação de pastagens são técnicas que ampliam a produtividade e a eficiência reprodutiva do rebanho. Podem ser incentivadas por meio de ação similar à que esta sendo usada na sojicultura no estado, ou seja, mediante a adoção de
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propriedades como benchmarking – efeito demonstração –, e obtendo ganhos em informações sobre a produção. Agentes responsáveis: Governo estadual, associação de produtores, sindicatos, instituições de pesquisa, ensino e extensão. Agentes impactados: A cadeia produtiva como um todo. Grau de prioridade: Alto/curto prazo. 6) Criar um grupo de estudo para investigar as alternativas existentes (soluções mercadológicas) para a consolidação e aperfeiçoamento da bovinocultura pantaneira, considerando as especificidades locais e valorizando os aspectos regionais e ambientais Justificativa: O Pantanal, em razão de suas particularidades com relação ao
seu
ecossistema
e
pelo
menor
nível
tecnológico
apresentado
comparativamente às demais regiões do estado, necessita de (desenvolvimento) maior divulgação das pesquisas específicas para a região. Embora tenha sido observado que a qualidade do rebanho pantaneiro é, em média, menor que a de outras regiões representativas, é importante ressaltar que o próprio Pantanal possui simbologia própria, que poderia ser utilizada como marca específica de valorização da origem do produto bovino da região. Todavia, como as questões a serem consideradas são muitas, faz-se necessário agrupar especialistas em áreas multidisciplinares que possam estudar a atividade na região e propor, criativamente, alternativas para o produtor local. Agentes responsáveis: Governo federal, governo estadual, associação de produtores, sindicatos, instituições de pesquisa, ensino e extensão e organizações não-governamentais. Agentes impactados: Produtores da região. Grau de prioridade: Alto/curto prazo.
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12.4.2. Relações de mercado 7) Identificar, contatar e chamar as principais lideranças da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso para um fórum de investigação sobre as causas reais da baixa participação dos pecuaristas junto aos sindicatos rurais aos quais se acham vinculados Justificativa: A bovinocultura de corte mato-grossense, assim como a nacional, é bastante heterogênea e pouco organizada. Dessa forma, a existência de entidades representativas “fortes” e reconhecidas pelos produtores auxilia muito a coordenação da cadeia produtiva como um todo, já que ações de melhoria, uma vez propostas, podem ser propagadas e geridas por essas mesmas instituições. Na ausência desse reconhecimento e representação, muitas ações perdem a continuidade em virtude de não possuírem um “núcleo central”. Portanto, é fundamental que se investiguem, com profundidade, os motivos que levaram grande parte dos pecuaristas a não considerar representativas as instituições às quais se vinculam, de modo a ser possível, de fato, a construção de ações corretivas. Agentes responsáveis: Instituições de apoio e representação da bovinocultura de corte no Estado de Mato Grosso. Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva. Grau de prioridade: Alto/curto prazo. 12.4.3. Gestão 8) Construir um Programa de Aperfeiçoamento da Gestão para Bovinocultura de Corte no Estado de Mato Grosso, no modelo de um protocolo de gestão para a pecuária de corte Justificativa: os problemas de gestão da atividade produtiva constituem a origem de vários entraves da bovinocultura de corte no Estado de Mato Grosso. No levantamento realizado, foi constatado que a utilização das ferramentas tradicionais de gestão para acompanhamento da rentabilidade e planejamento
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praticamente inexistem. Nesse ambiente, pouco se realiza quanto ao controle de custos, avaliação de depreciação de ativos, acompanhamento de termos de troca e controle zootécnico, dentre outras ações. Naturalmente, sabe-se que a crise recente em muito retraiu a rentabilidade do produtor; todavia, é preciso ter em mente que tais instrumentos de gerenciamento são ainda mais importantes nos períodos graves, em que é preciso saber onde e como agir, mantendo regular a atividade desenvolvida. Assim, propõe-se, de forma enfática a construção de um Programa de Aperfeiçoamento da Gestão para a Bovinocultura de Corte no Estado de Mato Grosso, ação esta que trará amplos e positivos efeitos multiplicadores. Agentes responsáveis: instituições representativas dos bovinocultores e SENAR. Agentes impactados: bovinocultores. Grau de prioridade: alto/curto prazo. 9) Realizar discussão das grades curriculares (e capacitação dos docentes) dos cursos de graduação em Ciências Agrárias e Sociais Aplicadas nas Universidades (federal e campi, e particulares) no intuito de aprimorálas e atualizá-las para as realidades de Mato Grosso Justificativa: a presença de técnicos capacitados para o desenvolvimento da atividade de bovinocultura de corte foi considerada baixa (aquém do necessário) pela maior parte dos pecuaristas entrevistados na pesquisa. Também se observou que parcela significativa desses profissionais não possui boa compreensão das especificidades de Mato Grosso. Dessa forma, a ampliação de cursos voltados para atender à demanda por mão-de-obra qualificada (em níveis médio e superior) seria bastante benéfica, tanto pela ampliação e qualificação da oferta de profissionais no estado quanto pela perspectiva de construção de núcleos de qualificação interiorizados, que valorizem a mão-de-obra local. Ressalta-se que os níveis de qualificação requisitados são vários, envolvendo aspectos técnicos tradicionais e, também, a capacitação nas áreas de gestão e planejamento da atividade rural.
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Agentes responsáveis: Fovernos federal, estadual e municipal, instituições de ensino (médio e superior) do Estado de Mato Grosso. Agentes impactados: A cadeia como um todo. Grau de prioridade: Alto/curto prazo. 10) Realizar levantamento e caracterização das propriedades rurais a fim de se conhecer melhor a realidade local e melhorar o direcionamento das ações e, ou, políticas de desenvolvimento setorial Justificativa: A melhoria da gestão da propriedade rural, com conseqüentes efeitos benéficos nos âmbitos da rentabilidade do produtor e da capacidade de investimento na atividade, é ação prioritária para a cadeia produtiva da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso. Todavia, para que se possa proceder eficientemente a essa melhoria de gestão, é fundamental conhecer melhor a realidade da atividade pecuária mato-grossense, de forma regionalizada e por porte, a fim de que as medidas adotadas sejam eficientes e aderentes à capacidade de atendimento do bovinocultor. Agentes responsáveis: Entidades representativas dos bovinocultores de corte do Estado de Mato Grosso. Agentes impactados: Bovinocultores de corte. Grau de prioridade: Alto/curto prazo. 11) Construir cenários de viabilidade de investimento (ampliação e recuperação da atividade), de modo a garantir a preservação da bovinocultura de corte como uma das mais importantes atividades econômicas do Estado de Mato Grosso Justificativa: A retração na rentabilidade, as restrições de acesso ao crédito e a concorrência com outras culturas, dentre outros fatores, criou, em Mato Grosso, um ambiente de flagrante descapitalização dos pecuaristas. Ainda que, segundo os entrevistados, o auge da crise já tenha passado, são visíveis as conseqüências na deterioração das pastagens e na baixa utilização de tecnologia de manejo e alimentar. Com vistas a recuperar a capacidade de investimento de
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forma segura e uma vez realizado o levantamento e a caracterização das propriedades rurais (regionalizadas e por porte), a ação mais efetiva seria a construção de cenários realísticos de investimento que indicassem aos produtores as opções mais adequadas para a melhoria de sua rentabilidade. Agentes responsáveis: Entidades representativas dos bovinocultores de corte do Estado de Mato Grosso. Agentes impactados: Bovinocultores de corte. Grau de prioridade: Alto/médio prazo. 12.4.4. Ambiente institucional 12) Promover a divulgação sistemática da destinação dos recursos auferidos com as principais taxas/contribuições pagas pelos pecuaristas Justificativa: A falta de informações sobre a finalidade das taxas e a pouca transparência nas informações sobre a destinação dos recursos têm gerado dificuldades de relacionamento importantes entre os agentes da cadeia (caso do FUNRURAL). Agentes responsáveis: Entidades representativas dos bovinocultores de corte do Estado de Mato Grosso. Agentes impactados: Bovinocultores de corte. Grau de prioridade: Médio/médio prazo.
12.5. Propostas para o segmento de abate e processamento 1) Desenvolver um protocolo e normas para a toalete executada dentro dos abatedouros Justificativa: A toalete foi um dos temas mais críticos apontados pelos pecuaristas nas entrevistas da fase de levantamento de informações do diagnóstico. A ausência de normas e padrões para esse procedimento causa um grande e constante atrito entre pecuaristas e frigoríficos, enfraquecendo ainda mais essa relação tão conflitante. A criação de um conjunto de normas para este
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fim, bem como sua imediata implementação, trará inúmeros benefícios para a bovinocultura de corte de Mato Grosso. O fato de não haver uma padronização na toalete abre uma lacuna para que cada frigorífico a faça de acordo com sua vontade, ou seja, de acordo com seu mercado final; na prática, dependendo do destino final da carne, a indústria poderá fazer uma limpeza maior ou menor na carcaça do animal, sendo que o razoável seria uma limpeza-padrão, e depois uma especificação para cada destino. Agentes responsáveis: Instituições responsáveis pelos interesses dos pecuaristas, indústria frigorífica e MAPA. Agentes impactados: Pecuaristas e indústrias frigoríficas. Grau de prioridade: Alto/curto prazo. 2) Desenvolver um programa de classificação e tipificação de carcaças bovinas Justificativa: A adoção de um sistema-padrão de classificação, seguido de um de tipificação de carcaças bovinas pode trazer inúmeros benefícios para a cadeia da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, entre eles maior transparência nos processos de compra e abate de animais terminados. Uma vez que a legislação oficial para tipificação de bovinos no Brasil (Portaria Ministerial n.º 612, de 5 de outubro de 1989) não é adotada na prática, seria interessante começar-se com o desenvolvimento de uma classificação básica, estabelecendo parâmetros mínimos referentes às carcaças que poderiam permitir a operacionalização e adoção do sistema pelos agentes da cadeia. Uma vez estabelecido o processo de classificação, poderia ser promovido, em uma segunda fase, o desenvolvimento de um processo de tipificação das carcaças, definindo, assim, tipos e hierarquia de carcaças em termos de qualidade, adotando parâmetros quantitativos e, ou, qualitativos. Em ambos os casos, a cadeia como um todo é beneficiada em função da maior padronização, ganho de transparência no processo de comercialização de bovinos para abate, incentivo a melhoria da qualidade das carcaças, assim como a possibilidade de organizá-las visando atender a diferentes mercados consumidores.
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Agentes responsáveis: Instituições responsáveis pelos interesses dos pecuaristas, indústria frigorífica e MAPA. Agentes impactados: Pecuaristas, indústria e consumidor. Grau de prioridade: Alto/curto prazo. 3) Dar continuidade e aprimorar o programa de aferição do peso dos animais nos frigoríficos: Programa PESEBEM Justificativa: As questões relacionadas ao peso dos animais abatidos é outro grande fator de conflitos entre indústria e pecuaristas. As informações levantadas junto aos agentes da cadeia revelam que há casos em que ambas as partes, pecuaristas e frigoríficos, não são fiéis ao peso do animal terminado. Por um lado, pode haver falhas no sistema de balança; por outro, o pecuarista muitas vezes peca por não ter maior cuidado no manejo do animal às vésperas do abate. De uma forma ou de outra, tais percepções geram grande insatisfação de ambos os lados. O programa PESEBEM tem se mostrado uma interessante ferramenta de aferição no momento da pesagem do animal, trazendo maior transparência para o processo. Considerando que este programa está em andamento e apresenta alguns aspectos que poderiam ser melhorados, sugere-se uma avaliação deste e definição de ajustes que sejam necessários para torná-lo mais eficaz. Agentes responsáveis: Instituições responsáveis pelos interesses dos pecuaristas. Agentes impactados: Pecuaristas e indústrias frigoríficas. Grau de prioridade: Médio/curto prazo. 4) Desenvolver um programa de melhorias no transporte de animais terminados da fazenda para o abate Justificativa: Nos levantamentos do diagnóstico, identificaram-se pontos críticos no transporte dos animais terminados das fazendas para os frigoríficos, tais como: más condições de conservação dos caminhões boiadeiros, os quais podem apresentar farpas, pontas metálicas e outras imperfeições que danificam a carcaça e couro do animal; e falta de cuidado do motorista durante o transporte,
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além das condições ruins das estradas de modo geral. Este último problema é uma questão mais geral e conjuntural, que foge ao controle direto das empresas pertencentes à cadeia da bovinocultura de corte. No entanto, aspectos diretamente ligados ao transporte dos animais podem ser melhorados. Uma questão importante a ser levantada diz respeito ao fato de que os frigoríficos são responsáveis pelo transporte, mas quem paga pelas perdas durante este processo é o pecuarista. No entanto, acredita-se que há espaço para negociação, uma vez que os prejuízos na operação afetam também os frigoríficos, pois carcaças danificadas impedem a possibilidade de eles agregarem valor ao produto. Algumas melhorias já têm sido feitas por frigoríficos, mas o produtor não tem visto, talvez por falta de maior divulgação. Portanto, um estudo voltado para definição de ações operacionais que aperfeiçoassem as condições de transporte e, conseqüentemente, a qualidade dos animais que chegam ao abate, traria melhorias para a carne produzida e comercializada pela cadeia. Agentes responsáveis: Instituições responsáveis pelos interesses dos pecuaristas e indústria frigorífica. Agentes impactados: Pecuaristas e indústrias frigoríficas. Grau de prioridade: Médio/médio prazo. 5) Regulamentar o Fundo da Carne do Estado de Mato Grosso Justificativa: O Estado de Mato Grosso conta com o Fundo da Carne, o qual é responsável por uma arrecadação da ordem de R$ 5.000.000 anualmente. No entanto, tal recurso ainda não se encontra disponível para ser usado em prol dos agentes da cadeia da bovinocultura de corte de Mato Grosso, pois este não está constituído legalmente. Em função da demanda por melhorias ao longo de toda a cadeia da bovinocultura do estado, faz-se necessária a regulamentação do Fundo da Carne para agilização da liberação de recursos que podem fomentar ações de melhorias ao longo de toda a cadeia. Agentes responsáveis: Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia do Estado de Mato Grosso e entidades representativas dos vários agentes da cadeia de bovinocultura de corte do estado.
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Agentes impactados: Todos os agentes envolvidos na cadeia de bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso. Grau de prioridade: Alto/curto prazo.
12.6. Propostas para o segmento de distribuição 1) Estimular a participação do comércio varejista de açougues e casas de carnes em redes de relacionamento Justificativa: Embora haja aparente redução no papel dos açougues tradicionais, este ainda é importante na distribuição de carne bovina no estado, tanto na recepção de carnes vindas de abatedouros e frigoríficos, como na revenda ou entrega direta aos consumidores, principalmente nas periferias das grandes cidades e nos municípios de pequeno porte. A formação e a modernização de redes de distribuição, através de grupos de compra conjunta, permitiriam economias de escala por meio de operações padronizadas e informatizadas e do transporte de maior volume de produtos, otimizando a logística e a gestão de suprimentos. Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de indústrias frigoríficas e varejistas; governos federal, estadual e municipal. Agentes impactados: Varejistas, frigoríficos e pecuaristas. Grau de prioridade: Médio/médio prazo. 2) Estimular e dar continuidade à modernização do comércio varejista de açougues e casas de carnes por meio da capacitação da mão-deobra que opera no segmento Com relação aos recursos humanos usados nos segmentos de distribuição, o fator que preocupa é o nível de profissionalização dos agentes que trabalham no preparo das carnes e no contato direto com os consumidores. Apesar de alguns esforços, por parte de supermercados e açougues, de investimento em recursos humanos, como treinamento técnico e gestão, percebe-se, em Mato Grosso, que estes atuam ainda de forma deficiente, com bastante espaço para melhorias. Sabe-
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se que houve iniciativas nessa direção tomadas pelo SENAI, como a do programa “Açougue do Futuro”, em 2002, e de outros cursos de desenvolvimento tecnológico, em perspectiva. Acredita-se que iniciativas como essas e outras devem ser apoiadas e estimuladas por todos os segmentos da cadeia, a exemplo do abate e processamento, que se beneficiaria diretamente com os resultados positivos a serem obtidos. Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de indústrias frigoríficas e varejistas; governos federal, estadual e municipal. Agentes impactados: Varejistas, frigoríficos e pecuaristas. Grau de prioridade: Médio/médio prazo. 3) Promover estímulos financeiros de suporte à modernização do comércio varejista de açougues e casas de carnes para aquisição ou adoção de equipamentos mais adequados e, ou, tecnologicamente mais avançados para processamento de carnes Justificativa: Uma vez que se investe em treinamento de mão-de-obra para processamento de carnes e para gestão mais aprimorada de açougues e casas de carnes, e se está convencido da importância do uso de equipamentos tecnologicamente mais avançados, faz-se necessário tornar mais facilmente disponíveis e, ou, acessíveis os recursos financeiros que estimulem a adoção das práticas e dos equipamentos recomendados. Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de indústrias frigoríficas e varejistas; governos federal, estadual e municipal; instituições financeiras. Agentes impactados: Varejistas, frigoríficos e pecuaristas. Grau de prioridade: Médio/médio prazo.
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4) Promover estudos sobre hábitos alimentares dos consumidores acerca dos atributos estimuladores e desestimuladores do consumo de carne bovina de Mato Grosso e em praças compradoras da carne bovina do estado Justificativa: As percepções sobre os fatores que estimulam ou desestimulam o consumo da carne bovina, como sabor, praticidade de preparo, variedade, valor nutricional, preços, cor, higiene, validade, controle, origem e procedência, e devem ser, continuamente, avaliadas e repassadas para todos os agentes da cadeia produtiva. De posse delas, os agentes devem modificar e ajustar seus métodos produtivos, industriais e comerciais para outros mais estimuladores do consumo de carne bovina. Essas informações geradas podem ser veiculadas por meio de comunicação que atinja vários elos da cadeia, como, por exemplo, um centro de inteligência da bovinocultura de corte, e, através de jornais e impressos ligados às entidades representativas da bovinocultura de corte no estado. Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de indústrias frigoríficas e varejistas; governos federal, estadual e municipal. Grau de prioridade: Alto/curto prazo. 5) Realizar campanha publicitária de caráter institucional com o objetivo de informar aos consumidores sobre as reais características da carne bovina e suas vantagens para a saúde humana Justificativa: Atualmente, o consumidor carece de informações seguras sobre as reais características e benefícios do consumo de carne bovina. Esse desconhecimento tem favorecido a difusão de informações equivocadas sobre o processo de produção e comercialização da carne bovina, ressaltando, apenas, pontos desfavoráveis, naturais a qualquer atividade agropecuária. Portanto, é preciso que se providencie uma estratégia de esclarecimento ao consumidor, ressaltando as características favoráveis do consumo de carne bovina e sua contribuição efetiva para saúde humana. Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de indústrias frigoríficas e varejistas; governos federal, estadual e municipal.
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Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor final. Grau de prioridade: Alto/médio prazo. 6) Criar mecanismos de controle efetivo do destino dos produtos da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso Justificativa: Um conhecimento sistematizado sobre os principais destinos dos produtos originados numa determinada região permite aos produtores identificar os principais fluxos de acesso a esses destinos e conhecer as dificuldades de infra-estrutura e informação, por exemplo, a que os fluxos de comercialização para esses destinos estariam expostos. Permitiria, também, que se entendesse melhor o público-alvo e se focalizasse melhor nas suas exigências. Atualmente, pouco ou nada se sabe sobre o destino da produção da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, além das dificuldades de se obterem estatísticas de destinos e quantidades das carnes oriundas do estado. Esse conhecimento, sobretudo, daria suporte a políticas de ampliação de comércio, de melhoria de infra-estrutura e logística no estado. Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de indústrias frigoríficas e varejistas; governos federal, estadual e municipal. Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor final. Grau de prioridade: Alto/curto prazo. 7) Estimular a busca e centralização de informações sobre alternativas de se produzir maior variedade de produtos cárneos, de origem bovina, em termos, por exemplo, de praticidade de preparo, de cortes mais atraentes, visando a maior competitividade com outros tipos de carne Justificativa: Grande parte dos consumidores dispõe cada vez mais de menos tempo para preparar alimentos. Por outro lado, é cada vez mais intenso o uso de componentes de marketing, como a embalagem, para atrair consumidores. A carne bovina é uma das que requer maior atividade de pré-preparo e que
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apresenta mais dificuldades com relação a embalagens que atraiam a atenção dos consumidores e a aquisição do produto. Agentes
responsáveis:
Universidades,
instituições
de
pesquisa,
entidades representativas de pecuaristas, de indústrias frigoríficas e varejistas; governos federal, estadual e municipal. Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor final. Grau de prioridade: Médio/médio prazo. 8) Pesquisar o reaproveitamento dos resíduos de carne bovina gerados no elo de distribuição Justificativa: A atividade de toalete e, ou, preparo da carne bovina em nível de açougues e supermercados e em outros pontos de processamento e distribuição, no atacado e varejo, resulta na produção de uma quantidade significativa de resíduos que acabam se perdendo ou tendo uso pouco rentável. Considerando o enorme volume de carne que é processada todos os dias no País, é de se pensar também no grande desperdício que isso pode representar. Além disso, há as preocupações dos consumidores com a sustentabilidade social e ambiental. Juntos, esses dois argumentos indicam a necessidade de ações no sentido de pesquisar o reaproveitamento dos resíduos para gerar novas fontes de renda e reduzir as perdas mencionadas. Agentes
responsáveis:
Universidades,
instituições
de
pesquisa,
entidades representativas de pecuaristas, de indústrias frigoríficas e varejistas; governos federal, estadual e municipal. Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor final. Grau de prioridade: Média/médio prazo.
CAPÍTULO XIII RESUMO E CONCLUSÕES
A bovinocultura de corte é, atualmente, uma das mais importantes atividades desenvolvidas no Estado de Mato Grosso. Todavia, a despeito de sua representatividade, inclusive em relação às vendas externas de carne bovina, não havia, até a realização desta pesquisa, diagnósticos sistêmicos específicos para o Mato Grosso para esta atividade. Considerando a existência desta lacuna e a percepção de importante espaço para expansão da competitividade setorial, a FAMATO, com o suporte financeiro do FABOV, organizou um consórcio entre a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a de Mato Grosso (UFMT), com a participação de consultores ad hoc, a fim de que se pudesse realizar um amplo diagnóstico da cadeia produtiva agroindustrial da bovinocultura de corte no Estado. A opção pela realização de pesquisa dessa magnitude deveu-se ao entendimento de que o sucesso de um segmento produtivo depende das vantagens associadas e das relações com os demais elos da cadeia e mesmo com o ambiente no qual se acha inserido. Entretanto, avaliar cadeias produtivas agroindustriais é sempre uma atividade complexa. Em primeiro lugar, porque
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envolve a análise de grande número de agentes, com perfis e interesses distintos e, em segundo, porque esses mesmos agentes têm visões significativamente diferentes a respeito do que se espera ser a condução ideal dos mecanismos de coordenação da cadeia à qual se vinculam. No caso da cadeia produtiva agroindustrial da pecuária de corte, essas considerações ganham dimensão maior que a observada para muitas outras cadeias, uma vez que a heterogeneidade dos atores, mesmo dentro de cada um dos elos da cadeia, é grande. Em Mato Grosso, essas variações de perfil se fazem ainda mais visíveis no segmento de produção primária. São aproximadamente 110 mil propriedades envolvidas na pecuária de corte e convivem, em um mesmo ambiente competitivo, produtores de porte variado (de 10 a 90.000 cabeças de gado), localizados em áreas com características edafoclimáticas particulares e níveis de formação e relevância da atividade que vão desde aqueles que têm formação básica, e dependem da atividade como fonte preferencial de renda, até aqueles que vêem na atividade pecuária apenas um investimento. Nos demais segmentos – insumos, abate e distribuição – permanece a dicotomia entre os atores da cadeia; todavia, por serem em menor número, as dificuldades de harmonização são igualmente reduzidas. Essa multiplicidade de aspectos traz consigo a necessidade de uma abordagem metodológica que permita compreender, simultaneamente, os aspectos mais relevantes em termos agregados, e as especificidades de cada segmento produtivo. Assim, a opção natural foi pelo uso de uma abordagem sistêmica, que tem como referência principal o enfoque sistêmico de produto (Commodity Systems Approach – CSA), complementada pelo suporte teórico do gerenciamento da cadeia de suprimentos (Supply Chain Management – SCM). Essa base teórica, já utilizada na construção de outros diagnósticos de cadeias produtivas, tem se mostrado bastante útil e adequada a esse tipo de análise. Deve-se, entretanto, destacar que o diagnóstico teve como ponto focal de análise o segmento de produção primária. Todavia, por tratar-se abordagem que
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considera a importância da orientação pela demanda e sendo esta uma avaliação sistêmica, todos os segmentos foram contemplados e considerados. Do ponto de vista prático, o processo de realização da pesquisa dividiuse em etapas distintas e seqüenciadas: realização de levantamento bibliográfico, para construção do pré-diagnóstico; mapeamento e regionalização, para identificação dos agentes-chave; levantamento primário; compilação dos dados e construção dos indicadores; e elaboração do relatório final. O diagnóstico apontou, claramente, diferentes questões capazes de, isolada ou conjuntamente, comprometer todo o desempenho da cadeia (como exemplo, podem-se citar as questões de gestão tributária e fiscal, trabalhista, ambiental, de infra-estrutura e logística, entre outras). Em primeiro lugar, é preciso considerar que o setor produtivo é bastante heterogêneo em Mato Grosso, e tentou-se, neste diagnóstico, por questões práticas, identificar aspectos que afetam a coletividade. Em muitos casos, os problemas que se manifestam de forma semelhante nas diferentes regiões do estado precisam ser solucionados de maneira diferenciada, em razão das condições da região (solo, clima, ecossistemas sensíveis – com destaque para o Pantanal) ou de fatores ligados à cultura local e, ou, padrão de formação. Como observado ao longo de todo o texto do diagnóstico, foram muitas as observações; todavia, serão aqui destacados os elementos mais representativos e que, no entendimento da equipe, são os principais responsáveis pelos entraves de competitividade da cadeia da bovinocultura de corte em Mato Grosso. Destaca-se, de início, a visível demanda por capacitação em todos os elos da cadeia produtiva da bovinocultura de corte no Estado de Mato Grosso. Há carência crítica de práticas de gestão na grande maioria das empresas rurais, com ausência de controle zootécnico eficiente, registro de animais, fluxo de caixa, análise de custos, entre outros, o que compromete severamente a competitividade da cadeia. Além disso, há a percepção de espaço para a intensificação da produção, com possibilidade de ampliação dos confinamentos e da integração lavoura-
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pecuária, com possível aproveitamento dos resíduos do algodão, cana, restos de cervejaria, soja, milho e arroz como parte da alimentação animal. Em termos estruturais, para todos os segmentos percebeu-se que há relevantes problemas de logística e transporte, que vão além das condições das rodovias, e que envolvem, em maior ou menor grau, aspectos relacionados ao embarque e desembarque dos animais, manejo, condições dos caminhões etc. Também foi marcante a necessidade de formação de parcerias e, ou, acordos estratégicos entre os elos, com vistas à redução de riscos e dos custos de transação entre os agentes. Um dos pontos mais críticos foi o relacionado à baixa transparência dos fluxos produtivos, que prejudica a confiança entre os agentes ao longo de toda a cadeia. Nesse particular, como pontos críticos, observou-se: a) Pouca interação, transparência e baixo fluxo de informação ao longo da cadeia, principalmente nos elos de produção-abate e abate-compradores de carne. b) Falta de participação de agentes da cadeia em suas entidades de classe, com destaque para os pecuaristas que precisam de maior participação nos sindicatos e na federação. c) Necessidade de se trabalhar em âmbito institucional – federal, estadual e municipal –, para solucionar entraves importantes nas áreas de legislação para normatização das atividades da cadeia (normas para toalete, tipificação, fiscalização sanitária, entre outras), questões ambientais, tributárias, comerciais e trabalhistas. Outra questão importante é a dispersão das informações, ou seja, estas se encontram muito desorganizadas e dispersas entre as instituições. Essa má coordenação das bases de dados dificulta as tomadas de decisão e prejudica severamente os processos, uma vez que algumas medidas tornam-se praticamente inviáveis sem a possibilidade de acompanhamento periódico de todos os segmentos da cadeia. A melhoria nas bases de dados e o aumento na transparência dos fluxos de informação favoreceriam, inclusive, a organização dos agentes da cadeia de
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bovinocultura de corte de Mato Grosso em relação a questões críticas – a exemplo das ambientais – sobretudo nas regiões que compõem a Amazônia Legal (ao norte do estado) e o Pantanal. Também foi destacada a necessidade de acordos comerciais com outros países e blocos econômicos, para melhor adequação dos circuitos sanitários, bem como a revisão do padrão de tratamento para a questão comercial de divisão do estado em área habilitada e não-habilitada para exportação para a União Européia. Além destas questões, é preciso que os agentes partícipes da cadeia se conscientizem da necessidade de se manterem engajados e ativos, para que as ações propostas no diagnóstico, e outras que surjam durante esse processo, sejam divulgadas, discutidas e executadas. Para tal, a sugestão de criação de um fórum permanente para a bovinocultura de corte de Mato Grosso, composto de especialistas, consultores, agentes representativos e autoridades políticas, deve ser apreciada com especial atenção. É, pois, fundamental, que os representantes políticos da cadeia de bovinocultura de corte do estado dêem apoio e pressionem, se necessário, o Governo, para que as obras do PAC sejam executadas, permitindo ao estado o escoamento dos derivados cárneos (e outros produtos), através de portos que os tornem mais competitivos em termos de preços no mercado externo. As propostas deste diagnóstico são, portanto, eminentemente pró-ativas. Uma análise de cadeia produtiva requer uma visão sistêmica, para que se alcance um resultado realístico e, naturalmente, os mecanismos de ação propostos deverão ser compreendidos e ter o suporte de cada elemento que compõem esse elo, pois sem essa ação coletiva se perderá boa parte do potencial de crescimento e sustentação da cadeia, com perdas significativas para cada uma das partes.
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ANEXOS
ANEXO A ROTEIRO DE ENTREVISTAS
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CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL Diagnóstico da Pecuária de Corte do Estado de Mato Grosso
ROTEIRO DE ENTREVISTAS SETOR DE INSUMOS Confidencial
Identificação da Unidade Nome/Razão Social: _____________________________________________________ Endereço: ______________________________________________________________ Bairro: __________________________________ Cidade: ______________________ CEP: ___________-________________________ UF: _________________________ Tel: _______________ Fax: ____________ E-mail: ____________________________ Nome do entrevistado: ____________________________________________________ Cargo que ocupa: ________________________________________________________
Região Levantada: ______________________________________________________
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1. Identificação da Empresa 1.1 Quais são as atividade da empresa. Ramos de insumo (lista de insumos CEPEA) Número de lojas e localidades/ Regiões Atendidas no estado Número de empregados
2. Tendências 2.1 Qual é o panorama atual, os gargalos e as sugestões de políticas para o setor de insumos para bovinocultura de corte?
3. Relações de Mercado 3.1 Como você descreveria as relações entre o setor de distribuição de insumos e os pecuaristas em sua região? Considerar questões de cooperação Assistência técnica Formas de pagamento e financiamento Fidelização
3.2 Quais são os fatores levados em consideração na sua decisão na hora de vender os insumos de produção? Conquista de mercado Marca e confiança Concorrência/ preços Condições de pagamento Assistência técnica Disponibilidade Qualidade do produto Proximidade e localização
3.3 Na sua percepção, quais são os fatores levados em consideração na decisão do pecuarista na hora de comprar de insumos de produção? Marca e confiança Preço Condições de pagamento Assistência técnica Disponibilidade Produtividade/ qualidade do produto Proximidade e localização
3.4 Quais os fatores levados em conta par a definir as diferenças de preços entre as regiões servidas pela empresa?
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3.5 Você tem percebido a organização dos produtores em relação a compra de insumos? Como isso pode impactar o seu negócio e o do produtor? Esta organização é um aspecto positivo ou negativo? De que forma?
3.6 Você observa vantagens da organização dos distribuidores em relação a compra de insumos? Como isso pode impactar o seu negócio e o do produtor? Esta organização é um aspecto positivo ou negativo? De que forma?
4. Estrutura de Mercado 4.1 Qual é a estrutura logística para aquisição dos insumos que você comercializa? Disponibilidade e qualidade das vias de transporte, transportadoras, localização insumos, importação de máquinas etc. Problemas e restrições
4.2 Qual é a estrutura logística para entrega dos insumos aos pecuaristas? Disponibilidade e qualidade das vias de transporte, transportadoras, localização insumos e compradores
5. Ambiente Institucional 5.1 De que modo a variação cambial e a taxa de juros têm afetado o seu negócio? (como, em que magnitude etc.?) 5.2 Quais são as leis que incidem no seu negócio e como elas afetam o desempenho da empresa? Leis trabalhistas Leis ambientais Leis de transporte Leis de produção
5.3 Quais os tipos de fiscalização que mais impactam o seu negócio? 5.4 Qual são os efeitos da política tributária no seu negócio? 5.5 Existe algum tipo de incentivo fiscal para o seu negócio?
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CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL Diagnóstico da Pecuária de Corte do Estado de Mato Grosso
ROTEIRO DE ENTREVISTAS SETOR DE PRODUÇÃO Confidencial
Dados Cadastrais Nome do Produtor: ______________________________________________________ Nome da Propriedade: ____________________________________________________ Localidade: ____________________________________________________________ Município: _____________________________________________________________ Endereço para contato: Rua, Av. ____________________________________________ Tel.: ____________________ Cidade: _________________________ Estado: _______
Região Levantada: ______________________________________________________
Abril – 2007
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1. Tendências 1.1 Qual é o panorama atual para o setor de produção de pecuária de corte? Os gargalos: elementos controláveis e não controláveis As sugestões de políticas Taxa de câmbio
2. Tecnologia 2.1 Em sua opinião qual é a predominância de utilização de pastagens para a bovinocultura de corte em sua região? Pastagens naturais, formadas, forrageiras para corte etc. Vantagens e desvantagens
2.2 Quais as principais capim (forrageiras) utilizadas na região? Braquiária, capim elefante, sorgo, colonião, capim meloso (gordura)
2.3 Na sua região qual é a estratégia típica par enfrentar a seca? Redução de plantel, arrendamento de pasto, semi-confinamento, confinamento, ou uso pasto vedado nas águas/feno em pé
2.4 Em relação ao manejo de pastagens, favor comentar sobre: Sistema de pastejo utilizado (contínuo ou rotacionado) Consórcio (gramíneas com leguminosas) Formação e recuperação Pragas e doenças Suplementação volumosa Creep-feeding e creep-grazing
2.5 Em sua região, quais são as raças de bovinos de corte predominantes? Vantagens e desvantagens de cada raça
2.6 Em sua região, como se pode caracterizar: Idade do primeiro parto Intervalo entre partos Idade média de abate Peso médio de abate Taxa de desfrute Idade de desmame Peso ao nascer Taxa de mortalidade do bezerro Critérios de descarte e reposição de matrizes Práticas de castração (deságio no preço, idade etc.)
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2.7 Em sua região, quais os principais sistemas de produção utilizados? (vantagens e desvantagens) Cria, recria, engorda
2.8 Em sua região, quais os principais sistemas de criação utilizados? (vantagens e desvantagens) Criação a pasto + sal mineral; criação a pasto+ sal mineral+ outros suplementos; semi-confinado; confinamento.
2.9 Em relação aos aspectos sanitários: Quais os principais problemas enfrentados na região? (raiva, manqueira, brucelose, entre outras). Como é o manejo sanitário em termos de vacinação, controle de entrada de animais no estado/região, documentos exigidos no transporte etc. Como é observada a questão da classificação de áreas como área habilitada e não habilitada?
2.10 Em relação ao manejo reprodutivo da região, comente sobre: Práticas de inseminação artificial, aquisição de animais melhoradores, adoção de estações de monta, monta natural, transferência de embrião etc. Cruzamento industrial, manejo alimentar e medicamentoso para melhorar desempenho reprodutivo de fêmeas.
3. Insumos (sementes, medicamentos etc.) 3.1 Como são as condições relacionadas aos vários tipos de insumo para a produção em termos de disponibilidade, origem e distância dos fornecedores etc.? Insumos para formação de pastagens (semente, adubos, corretivos etc.) Insumos nutricionais (sal mineral, vitaminas e concentrados) Produtos médico-veterinários Equipamentos e maquinários Pedir para comentar sobre os mais problemáticos e o porquê (preços, condições de pagamento, prazo, crédito etc.)
3.2 Como é adquirido o insumo (venda direta , representantes etc.)
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4. Relações de Mercado 4.1 Como você descreveria as relações entre pecuaristas e fornecedores de insumos em sua região? Considerar questões de cooperação, rivalidade, oportunismo, inadimplência Arranjos contratuais, acordos, parcerias, alianças etc.. Formas de pagamento
4.2 Quais são os agentes que atuam na comercialização da produção da pecuária de corte na região? Leiloeiros, frigoríficos, corretores, marchante O porquê da infreqüência de leilões no estado/região Quais os mais importantes e forma de atuação?
4.3 Como você descreveria as relações entre pecuaristas e compradores de animais (frigoríficos, marchantes etc.) em sua região? Considerar questões de cooperação, rivalidade, oportunismo, inadimplência Arranjos contratuais, acordos, parcerias e alianças etc.. Formas de pagamento Limpeza da carcaça e transparência do peso do animal
4.4 Quantos frigoríficos na sua região quebraram nos últimos cinco anos? 4.5 Quantos frigoríficos na sua região trocaram de nome ou dono nos últimos cinco anos? 4.6 Quais são os fatores levados em consideração na decisão da venda dos animais da região? Quais seriam os mais importantes (preço do boi gordo, relações de troca, clima, necessidade – fluxo de caixa, etc.)
4.7 Quais são os principais praças onde se comercializa os animais produzidos? 4.8 Como você descreveria a prática da rastreabilidade em sua região? Nível de conhecimento dele a respeito de rastreabilidade/SISBOV Ágio e deságio Agentes da cadeia que organizam essa iniciativa Problemas e restrições encontradas
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4.9 Os preços do boi gordo da sua região diferem significativamente dos preços praticados em outras regiões? Por que e em que época do ano? 4.10 Existem incentivos para se produzir couro de qualidade na região? Se existem, quais são e que manejos são utilizados
5. Estrutura de Mercado 5.1 Como tem sido a tendência de compra, venda ou troca de propriedades de bovinocultura de corte na sua região? Parcelamento de propriedade para crédito, reforma agrária
5.2 Qual é a estrutura logística para aquisição de insumos de produção ( aquisição de animais, medicamentos etc.) e venda de animais? Disponibilidade e qualidade das vias de transporte, transportadoras, localização insumos Problemas e restrições
5.3 Qual é o efeito da presença e, ou, ampliação/demarcatória de reservas indígenas e ecológicas e sistemas sensíveis84 na sua região na atividade de pecuária de corte? Há cobrança de pedágio? Descrever os efeitos e as modificações recentes ocorridas
5.4 Quais são as formas de organização dos pecuaristas na região? (explorar bem o caso) Qual é a mais comum? Ocorre com que grau de adesão? Quais os problemas enfrentados?
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Áreas protegidas ou de uso restrito.
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6. Gestão 6.1 Em relação à mão-de-obra da sua região (vaqueiros e nível gerencial), favor comentar sobre: (verificar se há contrato, carteira assinada etc.) Disponibilidade/ sazonalidade Qual a relação vaqueiro/cabeça de gado? Qualificação Remuneração básica + incentivos Treinamentos regulares ou não (quem?) Como é a atuação do SENAR na região? Levantar problemas principais
6.2 Quais são as práticas mais comuns na gestão das propriedades de pecuária de corte da região, em termos de: Controle de custos de produção – como é feito (anotação, planilhas softwares etc.) Atendimento a programas específicos de qualidade e certificação Planejamento da produção (plano de venda, nascimentos, alimentar) Controle pluviométrico Nível de uso do computador no controle nas fazendas da região Levantar problemas principais Há contratação de terceiros para tal função
6.3 Quais são as principais formas de assistência técnica utilizadas pelos pecuaristas da região: Contratada, estadual, associação e sindicatos de produtores, vendedores de insumos, instituições de pesquisa
6.4 Em sua região qual o estado de manutenção das fazendas de produção: Benfeitorias e maquinário Pastagens – limpeza e roçadas Pastagens – degradação da pastagem Descapitalização
7. Ambiente Institucional 7.1 Em relação à política fiscal e tributária quais são os aspectos importantes? Tipos de impostos Incentivos fiscais Diferenças preponderantes em relação a outros estados e, ou, regiões Problemas decorrentes e possíveis sugestões
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7.2 Qual é a percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FUNRURAL? Como ele é recolhido? Qual é a taxa e se é destacado da nota?
7.3 Qual é a percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FABOV? Conhece o FABOV? Qual é o valor da contribuição? Tem conhecimento dos benefícios?
7.4 Qual é a percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FEFA? Conhece o FEFA? Qual é o valor da contribuição? Tem conhecimento dos benefícios?
7.5 Qual é a percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FETHAB? Conhece o FETHAB? Qual é o valor da contribuição? Tem conhecimento dos benefícios?
7.6 Qual é a percepção dos pecuaristas da sua região em relação à contribuição sindical: É conhecida a distribuição e uso do recurso? Conhece como é atribuído o valor da contribuição sindical?
7.7 Como é percebida a representação do Sindicato Rural? 7.8 Como é percebida a representação da FAMATO? 7.9 Quais as conseqüências da reserva legal para a expansão da pecuária de corte? 7.10 Os produtores estão aderindo ao licenciamento ambiental (LAU)? (sim, não e por quê?) 7.11 Em relação à fiscalização (trabalhista, ambiental, contábil etc.): Quais são as implicações e conseqüências? O que está sendo feito para melhorar esses aspectos? Qual é o impacto na região do conceito de trabalho escravo?
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7.12 Em relação à fiscalização da sanidade do rebanho: Como ela ocorre? Quais são as implicações e conseqüências? Como afeta a remuneração do setor e conquista de mercados? O que está sendo feito para melhorar esses aspectos?
7.13 Quais as fontes disponíveis de crédito? Qual é a forma mais usual de captação de recursos para a produção? FCO/FINAME/PROPASTO/Custeio Pecuário Cheque especial CPR Outros
Quais as dificuldades de acesso ao crédito? O pecuarista procura o crédito oficial?
7.14 Em relação à legislação oficial e regularização fundiária: Quais são aquelas mais impactantes na pecuária? Como isso acontece? LAU Georeferenciamento Grau de utilização da terra (índice INCRA) Reserva legal Trabalho escravo
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ROTEIRO DE ENTREVISTAS SETOR DE ABATE E PROCESSAMENTO Confidencial
Identificação da Unidade Nome/Razão Social: _____________________________________________________ Endereço: ______________________________________________________________ Bairro: __________________________________ Cidade: ______________________ CEP: ___________-________________________ UF: _________________________ Tel: _______________ Fax: ____________ E-mail: ____________________________ Nome do entrevistado: ____________________________________________________ Cargo que ocupa: ________________________________________________________
Região Levantada: ______________________________________________________
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1. Identificação da Empresa 1.1 Atividade da empresa: De acordo com as atividades classificadas abaixo, qual o item que caracteriza a planta no estado e fora do estado: no estado ________
no país _________
a) Abate e comercialização de quartos e miúdos; b) Abate, desossa, comercialização de quartos resfriados com osso e cortes desossados; c) Abate, desossa e comercialização de cortes desossados e miúdos; d) Abate, desossa, comercialização de cortes desossados, miúdos e industrialização (corned beef/extrato de carne); e) Abate, desossa, comercialização de cortes desossados, miúdos e industrialização (corned beef/extrato da carne e cooked frozen beef, hambúrguer e outros industrializados).
- Números de unidades produtoras: na planta/estado ______
no país _________
- Capacidade de abates/diário/mês/ano: no estado ________ no país _________ - Toneladas produtos desossados dia/mês/ano: no estado________ no país ________ - Idem dos miúdos: no estado ________
no país _________
- De industrializados: no estado ________
no país _________
- Número de funcionários: no estado ________ no país _________ 1.2 Tempo de atuação da empresa no ramo: ____ ____ anos
2. Tendências 2.1 Qual é o panorama atual para o setor de abate e processamento de pecuária de corte? Gargalos e as sugestões de políticas Listar em ordem de importância os gargalos
2.2 Discutir sobre o risco sanitário no estado, país e outros continentes. 2.2.1 Especificamente sobre a febre aftosa, qual o impacto desta enfermidade no seu negócio, no estado, Brasil, outros países e continentes? Apresenta sugestões para minimizar esses problemas Acredita que o Mato Grosso poderia pleitear o status sanitário de estado livre de febre aftosa sem vacinação? Neste caso direcionaria parte do seu faturamento para viabilizar uma vigilância sanitária efetiva?
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2.2.2 No caso da conquista de status de área livre de febre aftosa sem vacinação, você acha que poderíamos atingir mercados como Estados Unidos, Japão, Coréia do Sul etc.? Em caso positivo considera plausível uma ação efetiva de todos os elos da cadeia produtiva? Quem seriam estes agentes?
3. Tecnologia 3.1 No que tange o leque de produtos de carne bovina, quais seriam os entraves para maior diversidade de produtos com carne bovina? Comparar com carne de aves e suínos
3.2 Qual é o estado da arte, os gargalos e as sugestões de políticas para a tecnologia de abate e processamento de pecuária de corte? Há alguma tecnologia que tem impactado a qualidade e produtividade nos últimos anos
3.3 Como você avalia o posicionamento da sua empresa em relação às outras em termos de tecnologia? 3.4 Tem havido investimentos em automação, modernização, ampliações, novas instalações e especialização da produção? Processos 3.5 Dentre os procedimentos adotados nas operações de abate e processamento, existe algum que gera maiores restrições ou dificuldades de execução? (pedir para seguir o fluxo físico da chegada do animal ao final do processo) Descanso em curral ante-mortem Dieta hídrica Sangria Evisceração Inspeção dos órgãos, vísceras e carcaça Lavagem das meias carcaças Resfriamento, desossa e estocagem
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Instalações 3.6 Você dispõe de todas as instalações necessárias para o processo eficiente de abate e, ou, processamento? Unidades de frigorificação Unidades de desossa Unidade de tratamento de água e efluentes Unidade de processamento Unidades laboratoriais Abatedouros sanitários e sala de necrópsia Lembrar processos especiais para judeus e muçulmanos
Automação 3.7 Como você descreve os níveis de automação e informatização da produção adotados pela sua empresa? Sistemas de informação e gerenciamento Estocagem de produtos Rastreabilidade Embalagem e etiquetagem
Subprodutos e efluentes 3.8 Como se dá o manejo de subprodutos do abate e processamento? Sangue Osso Vísceras Sebo – O que o industrial pensa no aproveitamento do sebo na produção de biodiesel (e outros usos) e das farinhas (que possuem preço muito abaixo do mercado) na alimentação das fornalhas das caldeiras do próprio estabelecimento
3.9 Como se dá o manejo de efluentes do abate e processamento? Descrição do sistema de tratamento
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) 3.10 Há investimento em pesquisa e desenvolvimento? Em quais áreas principais? Existem parceiros externos? Há referência percentual (sobre faturamento, lucro....) de quanto se investe em P&D?
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4. Insumos Matéria-prima (animais) 4.1 Quais são as principais formas de aquisição de animais? 4.2 Quem é o responsável pela compra dos animais? Comprador próprio Terceiros
4.3 Qual é a prática de pagamento? Determinação de preço Peso vivo Avaliação da carcaça Prazos etc.
4.4 Existe algum programa ou preocupação para a melhoria do animal que vai ser adquirido e abatido? Idade Sexo Raça Preço médio Procedência Quais as ferramentas de gestão disponíveis
4.5 Em relação ao processo de classificação e tipificação de carcaça: O frigorífico implanta este sistema? Quais os principais aspectos e barreiras que dificultam a implantação deste sistema?
4.6 Há algum programa de assistência técnica e, ou, acompanhamento de produtores visando à melhoria de qualidade dos animais? Como pecuarista é informado do resultado do abate? É classificado de acordo com os padrões
Em relação aos confinamentos, tem havido aumento da comercialização de bois confinados? Frigorífico tem participação no incentivo aos confinamentos
4.7 Quais são as condições relacionadas ao transporte para aquisição dos animais em termos de: Distâncias médias percorridas? Custos de transporte e pagamento destes custos? Forma de transporte e perdas envolvidas? Características da frota?
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Estratifique o seu meio de transporte em Toco, Truck, Carreta? Própria , terceirizada, tipos caminhões
Água e energia 4.8 Quais são as fontes de água e tratamentos utilizados? 4.9 Quais são as fontes de energia utilizadas? Aditivos e ambalagens 4.10 Qual é o nível de utilização de aditivos no processamento? Emulsificadores Espessantes Condimentos Conservantes etc.
4.11 Como tem sido a utilização de embalagens no processamento? Disponibilidade, origem
5. Relações de Mercado 5.1 Como você descreveria as relações entre frigoríficos e pecuaristas em sua região? Considerar questões de cooperação, rivalidade, oportunismo Arranjos contratuais, acordos, parcerias, alianças etc.. Formas de pagamento e responsabilidades das perdas
5.2 Como você descreveria as relações entre frigoríficos e distribuidores de carne bovina (distribuidores, redes varejistas etc.) em sua região? Considerar questões de cooperação, rivalidade, oportunismo, inadimplência Arranjos contratuais, acordos, parcerias e alianças etc. Formas de pagamento e responsabilidades das perdas
5.3 Quais são os fatores levados em consideração na decisão da venda dos produtos originados nos frigoríficos? Quais seriam os mais importantes
5.4 Para onde se destina a maior parte dos produtos dos frigoríficos da região? Exportação, mercado local e regional e nacional
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5.5 Quais são os principais agentes que atuam na compra de carne na região? Distribuidores, corretores, supermercados, açougues, casas de carnes, butiques, traders
5.6 Como você descreveria a prática da rastreabilidade em sua região? Ágio e deságio Agentes da cadeia que organizam essa iniciativa Problemas e restrições encontradas
6. Estrutura de Mercado 6.1 Qual é a estrutura logística para aquisição de insumos de produção (animais etc.)? Disponibilidade e qualidade das vias de transporte, transportadoras, localização insumos, importação de máquinas etc. Problemas e restrições
6.2 Qual é a estrutura logística para distribuição no mercado interno dos produtos produzidos pelo frigorífico? Disponibilidade e qualidade das vias de transporte, transportadoras, localização insumos e compradores
6.3 Qual é a estrutura logística para exportação dos produtos produzidos pelos frigoríficos? Disponibilidade e qualidade das vias de transporte, transportadoras, localização insumos e compradores, estrutura portuária e alfandegária Monitoramento de condições de transporte (gestão de frio, etc.) Meios de comunicação utilizados Problemas e restrições
6.4 Quais são as formas de organização dos frigoríficos em nível local, regional, estadual e nacional? Qual é a mais comum Quais os problemas enfrentados
6.5 Como a localização de frigoríficos nesta região do Estado de Mato Grosso afeta o desempenho da atividade?
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6.6 Qual é o nível de uso da capacidade instalada, a escala operacional ideal (relação tamanho versus custo)? Safra e entressafra
7. Gestão 7.1 Há planejamento estratégico formal para a empresa? Como acontece (matriz ou filial), que estágio está etc. Estratégias competitivas Planejamento de marketing (marcas, publicidade, etc.)
7.2 Em termos de gestão de qualidade, como tem sido os esforços da sua empresa? Quais os sistemas implantados (HACCP, TQC, ISO’S, 5s’s ) Qual o nível de satisfação e impactos essa implantação trouxe
7.3 Há sistemas de controle de custos? Qual(is)? 7.4 Há sistemas de acompanhamento do uso de insumos? Uso de insumos, mão-de-obra (coeficientes técnicos)
7.5 Em relação à gestão da mão-de-obra, favor comentar sobre: Disponibilidade Qualificação e tipos de treinamentos Segurança no trabalho Assiduidade, absenteísmo e rotatividade
7.6 Qual é nível de uso de instrumentos de tecnologia de informação na gestão de sistemas de informação, de apoio à decisão etc.? 7.7 A empresa faz uso de controles financeiros? (fluxos de caixa, análises de investimentos, etc.) 7.8 Como é a necessidade e uso de crédito pela empresa? Que tipos necessita (giro/investimento/exportação, têm tido acesso)
7.9 Qual é a capacidade de investimento da empresa? Tem planos de expansão
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8. Ambiente Institucional 8.1 Quais são as condições de acesso e disponibilidade de crédito para a empresa? Quais as linhas de créditos disponíveis
8.2 A desvalorização cambial e a atual taxa de juros têm afetado o seu negócio? (como, em que magnitude etc.) 8.3 Qual é o efeito da legislação, em geral, nos negócios da empresa? Efeitos da portarias 304 e 145 (investimento em sala de desossa, embalagem, distribuição/logística, entrepostos, terceirização ou novos agentes na atividade de transporte e distribuição)
8.4 Qual são os efeitos da política tributária no seu negócio? Estadual e federal Quais as expectativas quanto à reforma tributária? Redução de impostos/abate clandestino
8.5 De que modo o abate clandestino afeta o seu negócio? Quais as causas Quais medidas poderiam reduzir esse problema
8.6 Quais são as ações da fiscalização municipal/estadual/federal e como elas impactam o seu negócio? Vantagens e desvantagens da fiscalização Necessidades de melhorias no sistema de fiscalização
8.7 Em relação ao FEFA, qual é a sua contribuição anual e sua percepção sobre a eficiência da sua aplicação? 8.8 Você aderiu ao programa PESEBEM? Em caso negativo, qual é a sua opinião?
9. Couro 9.1 Qual é a sua percepção em relação à cadeia do couro? Importância como negócio
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9.2 Existem incentivos para se fazer um manejo adequado do couro nas suas instalações? Ágio/ deságio pelo couro vendido pelo frigorífico Como se dá o pagamento entre frigorífico e curtume ou frigorífico e exportador? (aprofundar, formação de preços, prazo de pagamento, contratos)
9.3 Qual é o produto final do frigorífico com relação ao couro? (couro cru, salgado ou com algum tipo de processamento e essa agregação de valor é própria) Dentro do frigorífico, quais os cuidados para evitar danos ao couro do boi (desde o recebimento do animal, o abate e o armazenamento da pele) e quais as etapas de processamento são realizadas dentro das instalações (classificação, separação da flor e vaqueta, salgado, wet blue)?
9.4 O frigorífico incentiva o pecuarista a produzir um animal com couro de qualidade? O couro brasileiro numa classificação internacional de 1 a 10 (1 para o top e 10 para o pior) situa-se nos níveis de 6 a 10. No entanto, melhorias nesse conceito se deveriam a ajustes dentro da fazenda (40%) e fora da fazenda (60%). Sendo isso um fato verdadeiro, perde o produtor, o frigorífico e a indústria coureira. O que fazer para romper esse ciclo vicioso? Forma de pagamento (ágio no preço do animal, repasse do valor etc.) Orientação técnica – quais?
9.5 O frigorífico já teve (ou tem) experiência de terceirização ou parceira com algum curtume para o processamento do couro? 9.6 Existe fidelidade de entrega entre frigorífico e curtume ou exportador?
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ROTEIRO DE ENTREVISTAS SETOR DE DISTRIBUIÇÃO E VAREJISTAS Confidencial
Identificação da Unidade Nome/Razão Social: _____________________________________________________ Endereço: ______________________________________________________________ Bairro: __________________________________ Cidade: ______________________ CEP: ___________-________________________ UF: _________________________ Tel: _______________ Fax: ____________ E-mail: ____________________________ Nome: ________________________________________________________________ Cargo do responsável pelo preenchimento deste: _______________________________
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Tendências 1. Qual é o panorama atual, os gargalos e as sugestões de políticas para o setor de distribuição e varejo de carne bovina? A questão da participação dos supermercados, açougues, casas de carne e boutiques?(individuais e em rede) Preferências do consumidor: tipo (in natura e processada); cortes e exigências em termos de higiene e segurança alimentar (qualidade em geral)
2. Qual a importância do produto carne bovina para sua empresa? Qual o papel da carne bovina como estratégia de comercialização (em relação aos outros produtos) - estratégia de localização do balcão de vendas? Qual a porcentagem em termos de faturamento? Margem de lucro
Relação Varejista – Frigorífico 3. Como está funcionando a estrutura logística para a aquisição e distribuição de carne dos frigoríficos segundo aspectos abaixo? Disponibilidade Qualidade das vias de transporte Empresa de transporte Cadeia do frio Formas de comunicação Distâncias e preço
4. Quais são as formas de relacionamento com o frigorífico? Contratos Conflitos e restrições (trabalhistas, ambiental, aftosa) Parcerias Alianças mercadológicas (características) Outros (especificar) Há marca preferencial?Por quê? Há atributos preferenciais?(boi verde, boi orgânico...)
5. Quem “comanda” as alianças mercadológicas? Existe marca própria? 6. Além da aliança mercadológica, existe a venda de outras marcas que não estão contempladas na aliança?
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7. Formação de preços: qual a influência do varejista na formação do preço de aquisição da carne junto aos frigoríficos? Restrição vertical (o supermercado tem poder de pressão sobre os preços e marcas de aquisição?) Prazo de validade Distância Promoção
8. Na hora da aquisição da carne pelo varejista há preocupação com o sexo do animal?8 Em caso afirmativo, há pagamento diferenciado em virtude de ser macho? Qual o valor do ágio?
9. Sua empresa (supermercado, boutique,...) exige a rastreabilidade? 10. Sua empresa paga mais por uma carne rastreada? Em caso afirmativo, qual o tamanho do ágio (prêmio) Há exclusão de carnes não rastreada?
Oferta 11. Existe o problema de sazonalidade e quais são as estratégias do seu negócio para tratar a sazonalidade? 12. Existe sempre disponibilidade dos diferentes cortes comercializados durante todo o ano? Definir influência da exportação Excesso de oferta vs promoção
Tecnologia 13. Há projetos de compartilhamento de informações com fornecedores? Se existe, qual o formato? Qual o tipo de informação (qualidade, estoque, padronização de carcaça, estrutura, ...) Caderneta, pedidos...
14. Quais os sistemas eletrônicos de intercâmbio de informação são utilizados (intranet, ECR, SCM, etc.)? 15. Como avalia a questão da rastreabilidade (impactos, necessidades de investimentos, custo/benefício)?
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16. Qual tem sido o impacto da Portaria 304 (carnes desossadas, embaladas e resfriadas) sobre questões operacionais e tecnológicas no varejo? 17. Como avalia sua tecnologia em relação ao padrão disponível no mercado (especialmente nas áreas de frio, embalagens, exposição do produto, etc.). Automação Etiquetagem Leitura ótica Pesagem eletrônica
Relação Varejista – Consumidor 18. Como fica a concorrência supermercado x outros agentes de venda, com a Portaria 304? Houve algum tipo de adequação por parte dos agentes, além dos supermercados? Os supermercados levaram algum tipo de vantagem (desvantagem) nesse processo?
19. Quais as estratégias utilizadas para aumentar/manter a participação no mercado? Preço Promoção Propaganda Distribuição Embalagem
20. Quais os principais elementos/atributos levados em conta na fixação dos preços para o consumidor? Cortes diferenciados, embalagens, margem, política de preços, público alvo, ambiente de localização, preço do concorrente, etc.
21. Em sua opinião, quais os três atributos de qualidade melhor percebidos pelo consumidor na aquisição da carne bovina? Aparência, conveniência, limpeza da carne, palatabilidade, origem, marca, preço, saúde, segurança e higiene.
22. O consumidor está propenso a pagar mais por carne de melhor qualidade e garantia? Em caso afirmativo, quais os aspectos considerados?
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23. Você pratica preço diferenciado (junto ao consumidor) em virtude do sexo do animal? Em caso afirmativo, qual o valor do ágio/deságio?
24. Qual é a proporção de vendas de carne embalada versus carne in natura? 25. Qual é a proporção de vendas de carne de boi versus carne de vaca? 26. Qual é o tipo de carne mais procurada (em relação às carnes de primeira/segunda e cortes)? 27. Que tipo de perdas de carne bovina ocorre nesse estabelecimento (data de validade, limpeza, estocagem, deterioração por má conservação, cortes...)?
Ambiente Institucional (focado na carne bovina) 28. Quais são as leis que incidem no seu negócio e como elas afetam o desempenho da empresa? Leis trabalhistas Leis ambientais Leis de transporte
29. Quais os tipos de fiscalização que mais impactam o seu negócio? Freqüência Rigor
30. Qual são os efeitos da política tributária no seu negócio? 31. Qual a sua percepção em relação ao abate clandestino?
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ROTEIRO DE ENTREVISTAS ASPECTOS INSTITUCIONAIS Confidencial
Identificação da Unidade Nome/Razão Social: _____________________________________________________ Endereço: ______________________________________________________________ Bairro: __________________________________ Cidade: ______________________ CEP: ___________-________________________ UF: _________________________ Tel: _______________ Fax: ____________ E-mail: ____________________________ Nome: ________________________________________________________________ Cargo do responsável pelo preenchimento deste: _______________________________
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1. Tributação e Incentivos 1.1. Como os diferentes produtos (boi vivo, garrote, carcaças, etc.) da cadeia são tributados no Estado? 1.2. Quais os incentivos fiscais recebidos pelos frigoríficos? E qual a importância destes incentivos na decisão da localização dos projetos? Redução de ICMS (abate clandestino) Incentivo fiscal, isenção de impostos, disponibilidade área e infra-estrutura
1.3. Os frigoríficos possuem créditos acumulados de ICMS? 1.4. De que forma estes tributos interferem na comercialização (de gado/carcaças) entre os agentes de estados diferentes? 1.5. O que a instituição espera da reforma tributária? 1.6. O que a instituição propõe para a reforma tributária? Redução de ICMS Alíquotas iguais entre estados
2. Novilho Precoce, Aliança Mercadológica, Programa de Certificação 2.1. Existem iniciativas institucionais para a promoção da carne, abertura de novos mercados etc.? 2.2. Quais programas da pecuária de corte existentes são utilizados pelo setor no Estado? Qual a abrangência desses programas? Quais vantagens e desvantagens desses programas? Programa de assistência ao produtor, frigorífico, etc. Novilho precoce, aliança mercadológica, programa de certificação Área, número de propriedades
2.3. Quais são as políticas mais importantes para o setor da pecuária de corte? Incentivo fiscal Aumento do market-share Oferta do produto diferenciado Ocupação da capacidade ociosa Tecnológicas
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2.4 Quais são as razões para o sucesso e insucesso do programa?
3. Legislação Sanitária 3.1. Como as empresas vem se adaptando às portarias 304 e 145? (investimentos em salas de desossa, embalagem, distribuição/logística, entrepostos, terceirização ou novos agentes nas atividades de transporte e distribuição, etc.). 3.2. Quais estratégias os frigoríficos/distribuidores usam para atender aos pequenos municípios, em função dos custos de transporte e baixos volumes adquiridos por pequenos varejistas? 3.3. Qual é o impacto esperado (em termos de preços, vendas e aquisição de gado) da possível declaração deste estado (ou estados vizinhos) como área livre de febre aftosa sem vacinação? Ministério da Agricultura (DIPOA, Secretaria de Defesa Sanitária, SIF), FUNDEPEC, EMBRAPA e Órgãos Estaduais de Promoção (quando pertinente, adaptar a questão ao agente)
3.4. Dados os últimos casos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e na Bolívia, como está a questão da fiscalização das fronteiras, principalmente as fronteiras “clandestinas” ou fronteiras secas, onde a passagem é feita praticamente sem vistoria? 3.5. Quais as ações recentes que vêm sendo implementadas como forma de impedir a entrada da febre aftosa e o avanço das demais doenças em Mato Grosso (raiva, carbúnculo, brucelose, entre outras)? 3.6. Quais os principais entraves que a Defesa Sanitária Estadual (INDEA-MT) tem encontrado para manter adequados níveis de proteção e fiscalização?
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4. Cortes nos Gastos Públicos 4.1. Quais foram as políticas relacionadas com a cadeia de carne bovina afetadas pelos cortes nos gastos públicos? Contratação de fiscais Reforma da Secretaria de Defesa Sanitária Combate à febre aftosa
5. Comércio Exterior 5.1. Existe mapeamento freqüente (com formação de bases de dados e registros estaduais) em termos de: países de destino, cortes principais, restrições técnicas e sanitárias? 5.2. Os agentes da cadeia possuem representação junto aos órgãos responsáveis pela discussão e definição sobre as providências a serem tomadas resultantes das exigências (técnicas e sanitárias) dos países importadores?
6. Outras Instituições 6.1. O Serviço de Informação da Carne (SIC) vem sendo utilizado de forma regular pelos agentes da cadeia de pecuária de corte em Mato Grosso? 6.2. Como o Centro Boi já é utilizado como referência para informações locais? Qual o seu diferencial em relação aos demais programas? 6.3 Quais os esforços/investimentos em pesquisa e desenvolvimento associadas à cadeia da pecuária de corte?
ANEXO B QUESTIONÁRIO PARA PECUARISTAS
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QUESTIONÁRIO Confidencial
Identificação Número do questionário: ________________________________ (favor não preencher) Nome do Produtor: ______________________________________________________ Nome da Propriedade: ____________________________________________________ Localidade: ____________________________________________________________ Município: _____________________________________________________________ Endereço para contato: Rua, Av. ____________________________________________ Cidade: __________________________________ Estado: ______________________ Telefone: Fixo: ( ) _______________/Móvel: ( ) ______________________________
Região Levantada: ______________________________________________________
Maio 2007
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1. Caracterização do produtor 1.1. Idade: (anos) ______ 1.2. Sexo: (Masculino = 1, Feminino = 2)
_____
1.3. Há quantos anos está na atividade? (anos)
_____
1.4. Escolaridade (descrever): _____________________________________________
2. Tecnologia Utilização de Pastagem 2.1. Qual o tipo de pastagem predominante em sua região para bovinocultura de corte? (pastagem natural = 1; pastagem formada = 2)
____
2.2. Quais as vantagens deste tipo de pastagem? 1.ª _______________________________________________________________ 2.ª _______________________________________________________________ 2.3. Quais as desvantagens deste tipo de pastagem? 1.ª _______________________________________________________________ 2.ª _______________________________________________________________ 2.4. Quais os principais capins utilizados nas pastagens da região? (colocar em ordem de importância) 1.º _______________________________________________________________ 2.º _______________________________________________________________ 3.º _______________________________________________________________ 4.º _______________________________________________________________ 2.5. Na sua região quais são as estratégias típicas para enfrentar a seca? 1.ª _______________________________________________________________ 2.ª _______________________________________________________________ 2.6. Qual sistema de pastejo utilizado? (contínuo = 1, rotacionado = 2)
_____
2.7. Na sua região é utilizado consórcio (uso gramíneas e leguminosas) de pastagens (sim = 1, não = 2):
_____
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486
2.8. Na sua região, para formação e, ou, recuperação de áreas degradadas, é utilizado associação de pastagens e culturas anuais? (sim = 1, não = 2):
____
2.9. Em sua região, de modo geral, qual o período em que se utiliza suplementação de forrageira (milho, camerum, napier, cana etc.) no trato dos animais: (período da seca = 1, durante todo ano = 2)
____
2.10. Qual é a intensidade de uso de forrageiras para corte na sua região? (alta = 1, média = 2; baixa = 3) 2.11. Qual é o tipo de forrageira de corte predominante na sua região? _________________________________________________________________ 2.12. Em sua região, há utilização de algum produto (aditivo) que melhora o valor nutritivo da forragem picada? (sim = 1, não = 2):
____
2.13. Em sua região, há utilização do sistema creep-feeding85 e, ou, creep-grazing86 para suplementação alimentar de bezerros? (sim = 1, não = 2): 2.14. Existe a ocorrência de pragas e doenças nas pastagens? (sim = 1, não = 2)
____ ____
2.15. Se sim, quais? 1.ª _______________________________________________________________ 2.ª _______________________________________________________________ 3.ª _______________________________________________________________ 2.16. A morte de pastos de braquiária em sua região é um problema: 1. Ausente 2. Fraco 3. Moderado 4. Acentuado
85 86
Suplementação de concentrado (cocho) no pasto para animais em amamentação. Suplementação de forragem em pasto separado para animais em amamentação.
_____
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487
3. Considerações sobre manejo do rebanho 3.1. Em sua propriedade, qual é a raça de bovinos de corte predominante? __________________________________________________________________ 3.2. Quais são as vantagens dessa raça? 1.ª _______________________________________________________________ 2.ª _______________________________________________________________ 3.ª _______________________________________________________________ 3.3. Quais são as desvantagens dessa raça? 1.ª _______________________________________________________________ 2.ª _______________________________________________________________ 3.ª _______________________________________________________________ 3.4. Informações gerais sobre eficiência do sistema de produção de bovinos de corte? 1. Idade de primeiro parto: (mês) 2. Intervalo de parto: (mês) 3. Idade média de abate: (mês) 4. Peso médio de abate: (@) 5. Taxa de desfrute: (%) 6. Idade de desmame: (mês) 7. Peso médio ao nascer: (kg) 8. Taxa de mortalidade de bezerro: (%)
______ ______ ______ ______ ______ ______ ______ ______
3.5. Quais os critérios utilizados para descarte de matrizes? 1.º _______________________________________________________________ 2.º _______________________________________________________________ 3.º _______________________________________________________________ 3.6. Quais os critérios utilizados para reposição de matrizes? 1.º _______________________________________________________________ 2.º _______________________________________________________________ 3.º _______________________________________________________________ 3.7. Utiliza a prática de castração no manejo de seu rebanho? (sim=1, não=2)
_____
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488
3.8. Se sim, com qual idade? (ano)
_____
3.9. Existe o deságio no preço do boi inteiro? (sim=1, não=2)
_____
3.10. Se sim, qual o percentual? (%) 3.11. Qual o sistema de produção utilizado na propriedade?
____, ____ ____
1. Cria 2. Recria 3. Engorda 4. Cria, recria, engorda 5. Cria e recria 6. Recria e engorda 7. Outro: (especificar) _____________________________________ ____ ____ 3.12.Quais são as vantagens de adotar esse sistema de produção? 1.ª _______________________________________________________________ 2.ª _______________________________________________________________ 3.ª _______________________________________________________________ 3.13.Quais são as desvantagens de adotar esse sistema de produção? 1.ª _______________________________________________________________ 2.ª _______________________________________________________________ 3.ª _______________________________________________________________ 3.14. Em sua região, quais os sistemas de criação e suplementação predominantes (enumerar os três mais importantes): 1º ___; 2º ___; 3º ___ 1. Criação a pasto nativo + sal comum 2. Criação a pasto nativo + sal mineral 3. Criação a pasto plantado + sal comum 4. Criação a pasto plantado + sal mineral 5. Criação a pasto + sal proteinado nas águas 6. Criação a pasto + sal proteinado na seca 7. Criação a pasto + sal proteinado nas águas e na seca 8. Semi-confinado 9. Confinamento 10.Outros: (especificar) _____________________________________________
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3.15. Quais as razões de adoção do sistema de criação e suplementação indicado no item anterior? 1.ª _______________________________________________________________ 2.ª _______________________________________________________________ 3.ª _______________________________________________________________ 3.16. Qual o do sistema de criação e suplementação menos utilizado na região? __________________________________________________________________ 3.17. Por quê? __________________________________________________________ 3.18. O(A) senhor(a) conhece a técnica ou a prática de cruzamento industrial? (sim=1, não=2)
____
3.19. Se sim, existem produtores que fazem o cruzamento industrial da sua região? (sim=1, não=2)
____
3.20. Se sim, quais cruzamentos mais utilizados (raças)? (Especificar) __________________________________________________________________ 3.21. Quais as vantagens de utilização prática? 1.ª _______________________________________________________________ 2.ª _______________________________________________________________ 3.ª _______________________________________________________________ 3.22. Quais as desvantagens de utilização prática? 1.ª _______________________________________________________________ 2.ª _______________________________________________________________ 3.ª _______________________________________________________________ 3.23. Você acha que poderia agregar maior valor a sua produção com essa prática? (sim=1, não=2) 3.24. Se não, gostaria de conhecê-la? (sim=1, não=2)
____ ____
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3.25. Existe algum confinamento de bovinos na região? (sim = 1, não = 2)
490
____
3.26. Se sim, esses confinamentos são parcerias entre produtores e frigoríficos? (sim = 1, não = 2)
____
3.27. Como você vê o aumento do número de confinamentos praticados entre produtores e frigoríficos em sua região? (vantagem = 1, desvantagem = 2) ____ 3.28. Por quê? 1.ª _______________________________________________________________ 2.ª _______________________________________________________________ 3.ª _______________________________________________________________ 3.29. Você concordaria em participar da parceria (confinamento) de engorda com os frigoríficos? (sim=1, não=2):
____
3.30. Se sim, descrever o tipo de parceria. __________________________________________________________________ 3.31. Se não, por quê? __________________________________________________________________ 3.32. Quais as principais doenças da pecuária de corte que ocorrem na região? (assinalar sim = 1). 1. Brucelose ____ 2. Raiva ____ 3. Carbúnculo Sintomático (“mal de ano” ou “manqueira”) ____ 4. Paratifo ____ 5. Botulismo ____ 6. Clostridiose ____ 7. Outras doenças: ___________________________________________________ 8. Outras doenças: ___________________________________________________ 3.33. Existe na região adoção de práticas de melhoramento genético do rebanho? (sim = 1, não = 2):
____
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3.34. Em caso afirmativo, quais as principais? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 3.35. Na pecuária de corte, em sua região, é comum a adoção de estação de monta? (sim = 1, não = 2):
____
3.36. Se sim, qual o período? Do mês de_________________ ao __________________. 3.37. É usual a prática de suplementação alimentar das vacas e novilhas visando aumentar a taxa de fertilidade do rebanho? (sim = 1, não = 2):
____
3.38. Se sim, qual? _______________________________________________________ 3.39. Na pecuária de corte em sua região, é comum o uso da prática de inseminação artificial? (sim = 1, não = 2)
____
4. Insumos 4.1. Na sua região, quais os principais insumos utilizados na pecuária de corte? Insumo Combustíveis e lubrificantes Adubos Corretivo Sementes Inseminação artificial Touros e matrizes Insumos para construção em geral (benf. cercas etc.) Máquinas agrícolas Implementos agrícolas Mão-de-obra Rações e concentrados Minerais Sal comum Sal mineral Concentrado mineral Premix Vacinas e remédios
Há disponibilidade? (sim=1, não=2) ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___
** Mercado local = 1, Mercado regional = 2, Mercado nacional = 3.
Origem** ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___
Distância do fornecedor (km) ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ XXXXXXX ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___
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4.2. Quais os principais problemas enfrentados na aquisição dos insumos de produção? (enumerar em ordem decrescente de importância): ( ) Preço ( ) Condições de pagamento ( ) Prazo de entrega ( ) Estocagem (conservação a frio) ( ) Outros: ________________________________________________________ 4.3. Comente sobre o principal problema: __________________________________________________________________
5. Relações de Mercado 5.1. Há casos de inadimplência (cano) por parte dos compradores dos animais? (sim = 1, não = 2)
____
5.2. Se sim, que tipos de compradores? 1. 2. 3. 4. 5.
Corretor Frigorífico Pecuarista Açougueiro Outro: (especificar) ________________________________________
____ ____ ____ ____ ____
5.3. O fato de ter ocorrido febre aftosa nos estados vizinhos, acarretou impactos nos preços da arroba de boi na região? (sim = 1, não = 2): 5.4. Se sim, qual foi a variação no preço da arroba?(R$)
____ ____
5.5. Em sua região qual tipo de relacionamento predomina entre os pecuaristas e fornecedores de insumos básicos de produção? (imparcial = 1, cooperativo = 2, conflitante = 3)
____
5.6. Em sua região qual tipo de relacionamento predomina entre os pecuaristas e compradores da produção (boi)? (imparcial = 1, cooperativo = 2, conflitante = 3) ____
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5.7. Como você considera a limpeza da carcaça e transparência do peso do animal feita no frigorífico? __________________________________________________________________ 5.8. Quantos frigoríficos na sua região quebraram nos últimos cinco anos?
____
5.9. Quantos frigoríficos na sua região trocaram de nome ou dono nos últimos cinco anos?
____
5.10. Quais são os três fatores mais importantes na tomada de decisão na venda dos seus animais? 1.º ____; 2.º ____; 3.º ____. De acordo com a numeração abaixo: 1. Relação de troca ou reposição (relação boi vendido x bezerro adquirido) 2. Taxa de juros 3. Taxa de câmbio 4. Escala de abate do frigorífico 5. Fidelidade ao comprador 6. Forma de pagamento 7. Outros: _________________________________________________________ 5.11. Quais são as principais praças onde comercializa a produção pecuária (bois)? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 5.12. Tipo de agente através do qual ocorre a comercialização da produção pecuária de corte (enumerar os três mais importantes). Agente 1. Por conta própria (sem intermediação) 2. Através de corretores 3. Através de corretores do frigorífico 4. Através de Marchante 5. Através de cooperativas ou associação de produtores 6. Através de leiloeiro 7. Aliança mercadológica (acordo produtor/frigorífico/supermercado) 8. Outros (especificar): ______________________________________
Ordem de importância ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___
5.13. Forma de pagamento? (à vista = 1, a prazo = 2)
____
5.14. Você sabe qual a finalidade da rastreabilidade? (sim=1, não=2)
____
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5.15. Se sim, qual? _______________________________________________________ __________________________________________________________________ 5.16. A prática da rastreabilidade tem sido efetivamente implementada na região? (sim=1, não=2):
____
5.17. Percentual estimado de animais rastreados:
____
5.18. Qual é o ágio médio do boi rastreado na região? (R$)
____
5.19. As instituições de apoio à pecuária de corte em sua região têm divulgado informações sobre a rastreabilidade? (sim=1, não=2)
____
5.20. Se sim, qual instituição: ______________________________________________ 5.21. Tem dificuldades de implantar o sistema de rastreabilidade em sua propriedade? (sim=1, não=2)
_____
5.22. O preço do boi da sua região difere significativamente do preço praticados em outras regiões? (sim=1, não=2)
____
5.23. Se sim, por quê? ____________________________________________________ __________________________________________________________________ 5.24. Você conhece a comercialização via mercados futuros? (sim = 1, não = 2): _____ 5.25. Se sim, você a pratica? (sim = 1, não = 2):
_____
5.26. Se não, por quê? (sim = 1) ( ) Por receio ( ) Custo operacional alto ( ) Dificuldade de acesso ( ) Outro (especificar) ______________________________________________
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5.27. Você conhece a comercialização via mercado a termo ou venda antecipada? (sim=1, não=2): 5.28. Se sim, você a pratica? (sim=1, não=2):
____ ____
5.29. Se não, por quê? ( ) Por receio ( ) Dificuldade de acesso ( ) Outro (especificar) ______________________________________________ 5.30. Você conhece a comercialização via internet? (sim=1, não=2):
____
5.31. Se sim, você a pratica? (sim=1, não=2):
____
5.32. Se não, por quê? (sim=1) ( ) Por receio ( ) Dificuldade de acesso ( ) Outro (especificar) ______________________________________________ 5.33. Você concordaria em participar de comercialização de bovinos em grupos? (sim=1) ( ( (
) Sim, através da FAMATO ) Sim, através de outras entidades ) Não
5.34. Você concordaria em participar de compra de insumos em grupo? ( ( (
) Sim, através da FAMATO ) Sim, através de outras entidades ) Não
5.35. Existem incentivos para se produzir couro de qualidade?(sim=1, não=2) _____ 5.36. Se existe, qual incentivo? __________________________________________________________________
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496
6. Estrutura de Mercado 6.1. Existe a tendência de concentração de propriedades (terra) na sua região? (sim=1, não=2)
____
6.2. Existe a tendência de parcelamento de propriedades (terra) na sua região? (sim=1, não=2)
____
6.3. Os produtores da sua região enfrentam dificuldades com relação aos aspectos logísticos citados a seguir? (enumerar em ordem de importância, 1 = mais importante até 4 = menos importante): ( ( ( ( (
) Qualidade das vias de transporte ) Qualidade da transportadora ) Localização de fornecedores de insumos ) Localização de compradores de animais ) Outros: ________________________________________________________
6.4. Existem, na sua região, limitações à expansão da pecuária de corte relacionadas aos seguintes itens? (sim=1): ( ( ( ( (
) Reservas indígenas ) Sistemas sensíveis de Mato Grosso (áreas protegidas ou de uso restrito) ) Reservas ecológicas ) Expansão de outras culturas ) Outros: ________________________________________________________
6.5. Como se organizam os pecuaristas em sua região? Forma de organização 1. Cooperativas 2. Sindicatos 3. Associações 4. Câmara setorial 5. Nenhuma 8. Outros (especificar): ________________________
Presença (sim=1, não=2) ___ ___ ___ ___ ___ ___
Atuação (forte=1, moderada=2, fraca=3) ___ ___ ___ ___ ___ ___
7. Gestão 7.1. Qual o tipo de mão-de-obra predominante nas propriedades de pecuária de corte em sua região?(sim=1) ( ( (
) Contratada permanente ) Contratada temporária ) Familiar
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497
7.2. Em relação à mão-de-obra para as propriedades de pecuária de corte da região, existem dificuldades em termos de: (sim=1). ( ( ( ( (
) Disponibilidade de vaqueiros ) Qualificação dos vaqueiros ) Disponibilidade de gerentes/administradores ) Qualificação dos gerentes/administradores ) Outros: ________________________________________________________
7.3. Forma de remuneração da mão-de-obra da propriedade? (salário mínimo = 1, salário mínimo + incentivo = 2, mais que o salário mínimo = 3)
____
7.4. Em relação ao treinamento da mão-de-obra gerencial, há treinamentos regulares? (sim=1, não=2):
____
7.5. Se sim, qual a periodicidade: ___________________________________________ 7.6. O SENAR é atuante na sua região? (sim=1, não=2)
____
7.7. Em sua região, é comum a prática de: (sim=1). ( ) Controle de custos de produção ( ) Atendimento a programas específicos de controle de qualidade e, ou, certificação ( ) Planejamento da produção ( ) Marketing ( ) Outros: __________________________________ 7.8. O pecuarista da região recebe assistência técnica? (sim=1, não=2)
____
7.9. Se sim, de quem? (sim = 1) ( ( ( ( ( ( (
) Contratada ) Estadual ) Federal ) Associação de produtores, sindicatos ) Cooperativa ) Fornecedores de insumos ou vendedores ) Outros: ________________________________________________________
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498
7.10. Em sua região qual o estado de manutenção das fazendas de produção pecuária: (bom = 1, regular = 2, ruim = 3) ( ( ( (
) Benfeitorias (casa sede, casa de colono, currais, etc.) ) Cercas ) Máquinas ) Pastagens
8. Ambiente Institucional 8.1. Em sua região a pecuária de corte em nível de produtor recebe algum incentivo fiscal? (sim=1, não=2)
____
8.2. Se sim, cite o principal incentivo: _______________________________________ 8.3. Existem limitações ao desempenho da atividade de pecuária de corte na sua região em termos de: (alta = 1, média = 2, baixa = 3): ( ) Tributação ( ) Fiscalização ( ) Políticas de crédito para financiamento ( ) Regulamentos e portarias ( ) Outros: ________________________________________________________
9. Percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FUNRURAL 9.1.Conhece o FUNRURAL? (sim=1, não=2) 9.2. Qual é a taxa destacada na nota?(%)
____ ____, ____
10. Percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FABOV 10.1.Conhece o FABOV?(sim = 1; não = 2) 10.2. Qual é o valor da contribuição? (%) 10.3. Tem conhecimento dos benefícios desse fundo? (sim = 1; não = 2)
____ ____, ____ ____
10.4. Se sim, quais benefícios? 1.º _______________________________________________________________ 2.º _______________________________________________________________ 3.º _______________________________________________________________
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499
11. Percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FEFA 11.1. Conhece o FEFA?(sim = 1; não = 2)
____
11.2. Qual é o valor da contribuição? (%)
____, ____
11.3. Tem conhecimento dos benefícios? (sim = 1; não = 2)
____
11.4. Se sim, quais benefícios? 1.º _______________________________________________________________ 2.º _______________________________________________________________ 3.º _______________________________________________________________
12. Percepção dos pecuaristas da sua região em relação ao FETHAB 12.1. Conhece o FETHAB?(sim = 1; não = 2) 12.2. Qual é o valor da contribuição? (%)
____ ____, ____
12.3. Tem conhecimento dos benefícios? (sim = 1; não = 2)
____
12.4. Se sim, quais benefícios? 1.º _______________________________________________________________ 2.º _______________________________________________________________ 3.º _______________________________________________________________
13. Percepção dos pecuaristas da sua região em relação a contribuição sindical 13.1. É conhecidos a distribuição e uso desse recurso? (sim = 1; não = 2)
____
13.2.Conhece como é atribuído o valor da contribuição sindical? (sim=1; não=2)
____
13.3. Como é percebida a representação do Sindicato Rural? (muito atuante = 1; pouco atuante = 2)
____
13.4. Como é percebida a representação da FAMATO? (muito atuante = 1; pouco atuante = 2)
____
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500
13.5. Quais as conseqüências da reserva legal para a expansão da pecuária de corte? 1.a _______________________________________________________________ 2.a _______________________________________________________________ 13.6. Os produtores estão aderindo ao licenciamento ambiental (LAU)? (sim=1, não=2) ____
14. Em relação à fiscalização 14.1.Existe fiscalização trabalhista na região? (sim = 1, não = 2)
____
14.2.Quais as conseqüências dessa fiscalização para o produtor? 1.a _______________________________________________________________ 2.a _______________________________________________________________ 14.3. O que está sendo feito para melhorar a legislação/produtor? 1.a _______________________________________________________________ 2.a _______________________________________________________________ 14.4. Existe fiscalização ambiental na região? (sim = 1, não = 2)
____
14.5. Quais as conseqüências dessa fiscalização para o produtor? 1.a _______________________________________________________________ 2.a _______________________________________________________________ 14.6. O que está sendo feito para melhorar a legislação/produtor? 1.a _______________________________________________________________ 2.a _______________________________________________________________ 14.7. Existe fiscalização tributária na região? (sim = 1, não = 2)
____
14.8. Quais as conseqüências dessa fiscalização para o produtor? 1.a _______________________________________________________________ 2.a _______________________________________________________________
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501
14.9.O que está sendo feito para melhorar a legislação/produtor? 1.a _______________________________________________________________ 2.a _______________________________________________________________ 14.10. Existe trabalho escravo na região? (sim = 1, não = 2)
____
14.11. Qual é o impacto na região do conceito de trabalho escravo para o produtor? 1.a _______________________________________________________________ 2.a _______________________________________________________________ 14.12. Existe fiscalização da sanidade animal na região? (sim = 1, não = 2)
____
14.13. Se sim, com que freqüência ela ocorre?
____
1. 2. 3. 4. 5. 6.
Mensal Bimensal Trimensal Semestral Anual Esporádico
14.14. Quais as implicações e conseqüências dessa fiscalização? 1.a ______________________________________________________________ 2.a ______________________________________________________________ 3.a ______________________________________________________________ 14.15. Como os problemas devido à sanidade do rebanho afetam a remuneração do setor e conquista de mercado? 1.a ______________________________________________________________ 2.a ______________________________________________________________ 3.a ______________________________________________________________ 14.16. O que tem sido feito para melhorar esses aspectos devidos à sanidade do rebanho? 1.a ______________________________________________________________ 2.a ______________________________________________________________ 3.a ______________________________________________________________
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502
15. Crédito 15.1. Existe disponibilidade de crédito para pecuária de corte? (sim = 1, não = 2)
___
15.2. O pecuarista procura ou necessita de crédito oficial para produção? (sim=1, não=2)
___
15.3. Qual é a forma mais usual de captação de recursos para a produção? (sim = 1) 1. FCO 2. FINAME 3. PROPASTO 4. Custeio pecuário 5. Cheque especial 6. CPR 7. Recurso próprio 8. Outros: (especificar) _______________________________________
___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___
15.4. Quais as dificuldades de acesso ao crédito? 1.a _______________________________________________________________ 2.a _______________________________________________________________ 3.a _______________________________________________________________ 15.5. Enumere, por ordem de importância, os principais problemas relacionados ao crédito rural para a pecuária de corte: ( ( ( (
) Juros elevados ) Recursos disponibilizados não suficientes ) Burocracia na captação de recursos ) Dificuldade de prorrogação das dívidas quando o setor passa por dificuldades de liquidez ( ) Outros: (especificar) ______________________________________________
16. Legislação 16.1. Em relação à legislação oficial e regularização fundiária, quais são aquelas mais impactantes na pecuária? 1. LAU 2. Georeferenciamento 3. Grau de utilização da terra (índice INCRA) 4. Reserva legal 5. Trabalho escravo
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503
16.2. Como isso acontece? 1.a _______________________________________________________________ 2.a _______________________________________________________________ 3.a _______________________________________________________________
ANEXO C INSTRUÇÃO NORMATIVA
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Instrução Normativa N.º 25, DE 28 DE JUNHO DE 2007 Situação: Vigente Publicado no Diário Oficial da União de 02/07/2007 , Seção 1 , Página 2 Ementa: Inclui na zona livre de febre aftosa com vacinação, com reconhecimento internacional, a região centro-sul do Estado do Pará, constituída pelos municípios e partes de municípios relacionados.
Histórico: Revoga a Instrução Normativa nº 31 de 16/06/2006 Altera a Instrução Normativa nº 61 de 18/08/2003
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. SECRETARIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA INSTRUÇÃO NORMATIVA SDA N.º 25, DE 28 DE JUNHO DE 2007 O SECRETÁRIO DE DEFESA AGROPECUÁRIA, DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, no uso das atribuições que lhe conferem os arts. 9.º e 42, do Anexo I, do Decreto n.º 5.351, de 21 de janeiro de 2005, tendo em vista o disposto na Resolução n.º XXI, adotada pelo Comitê Internacional da Organização Mundial de Saúde Animal - OIE, de 22 de maio de 2007, na Portaria MAPA n.º 43, de 10 de fevereiro de 2006, na Instrução Normativa SDA no- 82, de 20 de novembro de 2003, e o que consta do Processo n.º 21000.004337/2007-41, resolve: Art. 1.º – Incluir na zona livre de febre aftosa com vacinação, com reconhecimento internacional, a região centro-sul do Estado do Pará, constituída pelos municípios e partes de municípios relacionados no Anexo desta Instrução Normativa. Art. 2.º – Para a região centro-sul do Estado do Pará de que trata o art. 1odesta Instrução Normativa, serão adotadas as normas para o ingresso de animais suscetíveis à febre aftosa, seus produtos e subprodutos de que trata a Instrução Normativa SDA n.º 82, de 20 de novembro de 2003.
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§ 1.º Para o ingresso de animais suscetíveis à febre aftosa, seus produtos e subprodutos na região centro-sul do Estado do Pará, oriundos das unidades da Federação com reconhecimento internacional de zona livre de febre aftosa com vacinação suspenso pela Organização Mundial de Saúde Animal aplicam-se, no que couber, o disposto na Instrução Normativa SDA n.º 82, de 20 de novembro de 2003. § 2.º Para os animais suscetíveis à febre aftosa, seus produtos e subprodutos oriundos dos municípios de Eldorado, Japorã e Mundo Novo, do Estado de Mato Grosso do Sul, mantêm-se as restrições em vigor. Art. 3.º – Ficam revogados os incisos I, II e III, do art. 1º, da Instrução Normativa SDA n.º 61, de 18 de agosto de 2003, e a Instrução Normativa SDA n.º 31, de 16 de junho de 2006. Art. 4.º – Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. INÁCIO AFONSO KROETZ
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507
Relação de municípios e partes de municípios localizados na região centro-sul do Estado do Pará livres de febre aftosa com vacinação, com reconhecimento internacional 1. Água Azul do Norte 2. Altamira 3. Anapu 4. Aveiro 5. Baião1 6. Bannach 7. Brasil Novo 8. Brejo Grande do Araguaia 9. Canaã dos Carajás 10. Conceição do Araguaia 11. Cumaru do Norte 12. Curionópolis 13. Eldorado dos Carajás 14. Floresta do Araguaia 15. Itaituba 16. Itupiranga 17. Jacareacanga 18. Marabá2 19. Medicilândia 20. Novo Progresso 21. Novo Repartimento 22. Ourilândia do Norte 23 Pacajá 1
24. Palestina do Pará 25. Parauapebas 26. Pau D'arco 27. Piçarra 28. Placas 29. Porto de Moz3 30. Redenção 31. Rio Maria 32. Rurópolis 33. Santa Maria das Barreiras 34. Santana do Araguaia 35. São domingos do Araguaia 36. São Félix do Xingu 37. São Geraldo do Araguaia 38. São João do Araguaia 39. Sapucaia 40. Senador José Porfírio 41. Trairão 42. Tucumã 43. Tucuruí 44. Uruará 45. Vitória do Xingu 46. Xinguara
Baião: inclui apenas a área representada pela margem esquerda do Rio Tocantins até a altura da Estrada PA 156, próxima à localidade de Joana Peres, junto ao posto fixo de fiscalização do serviço estadual de defesa agropecuária. 2 Marabá: exceto a área localizada à margem direita do Rio Tocantins. 3 Porto de Moz: inclui apenas a área representada pela margem direita do Rio Jarauçu e margem esquerda do Rio Xingu.
ANEXO D LISTA DE ENTREVISTADOS
Tabela 1D – Lista de entrevistados
Insumos Agro Amazonia Produtos Agropecuários Ltda FAX Agroboi Agrobom Ltda Agropecuaril Ltda Berrante Produtos Agropecuarios Campomix Comercial Da Roca Ltda Forte Agricola e Pecuaria Ltda Garimpao Agropecuaria Novanis Animal Ltda Pelissari Comércio e Representações Matsuda Zoofort Suplementacao Animal Pecuaristas Alexander Estermann Amado de Oliveira Filho Amarildo Merotti Artêmio Richter/Arnaldo de Campos/Cláudio Adão de Faria Cristovão Afonso daSilva Dair Deitos Danilo de Melo Edmar Bojas Eduardo Moura Eliseu Macedo
Av. Ten. Cel Duarte, 1777, Porto78015-501 Cuiabá - MT Rua Dom Pedro II, 700, Centro78700-220 Rondonópolis - MT Av. Rio Grande do Sul, 36, Centro78640-000 Canarana-MT Rua dos Cedros, 315, Centro 78450-000 Nova Mutum - MT Rua Dom Pedro II, 103478700-220 Rondonópolis MT Av. Marechal Rondon, 1472, Centro78250-000 Pontes e Lacerda - MT Rua Padre Cassemiro, 1156, Centro78220-000 Cáceres - MT Rua General Osório, 1230, Centro78200-000 Cáceres - MT Rua dos Cajueiros, 458, Centro78520-000 Guarantã do Norte - MT BR364 - Km198 Distrito Industrial Vetorasso CxPostal335 Rondonopolis 78700-970 Rua Alair Alves Fernandes, 51 Vila Rica-MT Rua Fernando Correa, 1724Vila Marnópolis78205600 Rondonópolis - MT Rua Rio Branco, 282 Centro - Cep 78700-180 Rondonópolis BR 364 - Km 363 8 km à esquerda Rua Padre Cassemiro, 1156, Centro78220-000 Cáceres - MT 3 vicinal leste, lote 02 quadra 4 cotriguaçu 78330000 cx postal 8 Rua Desembargador José Mesquita, 649/ap 503, Araés78005-190 Cuiabá - MT Rua j4, n 5 Setor j cx postal 86 Alta Floresta 78580000 Rod. BR 158 - KM 682, Zona RuralFazenda Nova Viena, Cx postal 10278690-000 Nova Xavantina MT Marechal Rondon, 680,ROD MT 130 - KM 136 Cx Postal 3478070-000 Paranatinga - MT Rod br 158, km 682 zona rural faz nova viena 78690-000 nova xavantina cx postal 102 Cx Postal 9,Estrada do Indé 78260-000 Araputanga MT
Telefone
e-mail
Nome/cargo
Carlos Bezerra dos Santos/Repres Tecnico Comercial Joao Romulo Fagundes de Freitas/Diretor
Região levantada
(65) 3319-2027/2000
[email protected]
(66)3411-5900
[email protected]
Atuação em todo o estado
(66)3478-1887
[email protected]/floranob
[email protected] [email protected]
Floriano Barbosa/Proprietario
Canarana
(65)3308-1200
Giovani Faccio/Proprietario
Nova Mutum
(66)3423-4747
[email protected]
Ricardo Lima Carvalho/Proprietario
Rondonopolis
(65)3266-4004
[email protected]
Túlio Roncalli B. Costa
Vale do Guaporé Cáceres
Rondonopolis/Cuiabá
(65)3223-2122
[email protected]
Amarildo Merotti
(65)3223-0125/0123
[email protected]
Alicio Francisco de Paula/Diretor
Cáceres
(66)3552-1616
[email protected]
Mercidio Panosso/Proprietário
Guarantã do Norte
(66)2101-0600/92114036
[email protected]
Arlindo Vilela
Rondonópolis
(66)9906-1861/3554-1386 (66)3411-1234
[email protected]
Ivan Pelissari/Proprietario Marcelo Vendrame/proprietario
Vila Rica Rondonópolis
(66) 8111 1211
[email protected]
Fazenda Gratidão
Região levantada Rondonópolis
(65) 9982- 3662 (65)3223-2122
[email protected] [email protected]
Faz. Júnior Neto Faz.
Cuiabá Cáceres
66 3555 1141
[email protected]
Fazenda São Lucas
Cotriguaçú
65 9962 2219
[email protected]
Faz. Sta Tereza e Faz. Quatro Irmãos
Poconé
(66)3521-2600
[email protected]
Fazenda Estancia Miura
Alta Floresta
66 3468 1182
Fazenda Santa Rita
Água Boa
66 3573 1129
Faz Agro Chapada
Paranatinga
66 3438 1101
[email protected]
Marca Agropecuária
Nova Xavantina
(65)3261-1160
[email protected]
Fazenda Fortuna
Vale do Jaurú
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Endereço para contato
509
Continua...
Endereço para contato Hermes Bergamin Invaldo Weiss/Galvan Ivan Augusto Pelissari João Alberto Conti José Renato L. Meirelles Laércio Fassoni Luiz Antônio Felippe Luiz Carlos Meister Mauro Ivoglo Nilton César de Oliveira Olavo Aguiar Paiva Olímpio Risso de Brito Sebastião Panici Waldir José Duarte Soares Wilson Villela Frigoríficos Bertin Fricaceres Frialto Frigorífico Pantanal Juinafrig
Telefone
e-mail
Nome/cargo
Região levantada
Rua 3 Vicinal, Lote 02, Qdra 4,Cx postal 8 78330000 Cotriguaçu - MT Rua dos Manacás, 2105, Setor Industrial 78550-000 Sinop - MT Rua Alair Alvares Fernandes, 51, Centro 78645-000 Vila Rica - MT Av Rio Arinos, 1588, Ed ServeCenter,Sala5 78575000 Juara - MT Rua 11,n 59 S, apto 707, Tangará da Serra, CEP 78.300-000, Centro Projeto Jaraguá MT 240, KM 75 Av Historiador Rubens de Mendonça, 2254, Sala 602, Bosque da Saúde78050-000 Cuiabá MT Rodovia 163/364 Trevo do Lagarto Sentido Jangada Km 476,2 - Acorizal - MT Av. São Paulo, 85478285-000 São José dos Quatro Marcos-MT Rua Manoel F. Pereira, 943, Centro78250-000 Pontes e Lacerda - MT BR 364 - Km 207, Vila Goulart78745-200 Rondonópolis - MT Rua Manoel Leopoldino, 155, AP 301 78005-180 Cuiabá - MT Caixa Postal 6378840-000 Campo Verde - MT Av. Presidente Kennedy, 2138 78700-300 Rondonópolis - MT Rua João Elias Ribeiro, 34, Centro78275-000 Rio Branco - MT
66 9997 2291
[email protected]
Fazenda Brilhante
Juína
(66)3531-1162
[email protected]
Fazenda Esperança/Fazenda Dacar
Sinop
Fazenda Esperança
Vila Rica
(66)3556-1529/9991-3281
[email protected]
Fazenda Estrela do sangue
Juara
(65)3326-4875
[email protected]
Fazenda Santa Amália do Tangará
Tangará da Serra Água Boa Tangará da Serra
ROD MT 240 a 7 KM da BR 158, Zona Rural, Cx Postal 15878635-000 Água Boa - MT Rua dos Marinheros, 24, Bacavalhada 78200-000 Cáceres - MT Rod BR 163 - KM 814, Setor IndustrialCx Postal 33478550-000 Sinop - MT Rua 7 de Setembro, 678, Vila Birigui 78700-300 Rondonópolis - MT Rod MT 170 - KM 6, Zona rural 78320-000 Juína MT
66 34682100
66 3554 1386
66 9988 7198 (65)3642-6396 (65) 3626-2848
[email protected]
Fazenda Repebal Arrossensal Agropecuária e Industrial s/a (Grupo Camargo) Kamayura
(65)3251-1136/3667-1684
[email protected]
Posto Real
Quatro Marcos
(65)3266-1406
[email protected]
Fazenda Santa Inês
Pontes e Lacerda
(66)3423-1100
[email protected]
Fazenda Morro Alto
Rondonópolis
(65) 9983-0999
[email protected]
Fazenda Kangayana
Baixada cuiabana
[email protected]
Agropecuária Limeira/Lagoa Funda Inforboi
Nova Brasilândia Rondonópolis
Fazenda Ninja
Cáceres
[email protected]
Eurides Araújo/compra de animais
Água boa
(65)3224-1042
vagneralbertogouveia@!hotmail.com
Wagner Norberto Gouveia
Cáceres
(66)3511-8000
[email protected]
Rodrigo Aguiar
(66)9984-5170
[email protected]
66 35668200
[email protected]
Luiz Antônio Freitas Martins/Presidente do Sindifrigo Geraldo Navarro de Moraes
(66)3419-5087 (66)3423-1818
[email protected]
(65)3257-1142
Acorizal
Várzea Grande Juína
Continua...
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Tabela 1D, Continuação
510
Endereço para contato
Distribuição Supermercados Modelo Ltda Casa de Carne Tia Maria Ltda Casa de Carne Rosada Ltda Giros Mercantil de Alimentos Churrascaria Recanto Gaucho Institucional Dimas Gomes Neto/Coordenador do FCO Rural Elizete Araújo Ramos/Chefe Dpt jurídico Jorge Antônio Pires de Miranda/Presidente José Antônio de Ávila/Presidente Júlio César Ferraz Rocha/Presidente Kleiber L. Pereira/Presidente SIE e vice presidente do FEFA LucianoVacari/Consultor Luiz Carlos Meister/Presidente Maria Auxiliadora P. R. Diniz/Diretora técnica Normando Corral/2º vice-presidente Paulo Antônio da Costa Billego/Superintendente Paulo Ediberto Rezende Paulo Silva Costa/Amélia/Economistas
Av Gov Julio Campos, 600078150-000 Várzea Grande - MT Av Presidente kennedy, 2435 78700-300 Rondonópolis - MT Av Dom Bosco, 1876-E78050-020 Cuiabá - MT Rua Proletário 2, Quadra 3, Casa 24 Santa Amália Av Hist Rubens de Mendonça, 121378050-000 Cuiabá - MT Rua 02, s/nº Ed. Ceres, 3º AndarCentro Político Administrativo – CPA78058-250 Cuiabá - MT Rua B s/nº - Esquina com a Rua 02 Centro Político e Administrativo CEP: 78.050-970 Cuiabá - MT Av. Beira Rio s/n, Dom Aquino78015-000 Cuiabá MT Alameda DR. Annibal Molina s/n Porto 78115-901 Várzea Grande - MT Av. Beira Rio s/n, Dom Aquino78015-000 Cuiabá MT Rua Dom Bosco, 101, Centro 78130-260 Várzea Grande - MT Rua B s/nº - Esquina com a Rua 02 Ed FAMATO CPA Cuiabá-MT Rua B s/nº - Esquina com a Rua 02 Ed FAMATO CPA Cuiabá-MT Av. B Ed. Ceres s/n - 2° andar Centro Pol Administrativo - CPA 78050-970 Cuiabá - MT Rua B s/nº - Esquina com a Rua 02 Centro Político e Administrativo CEP: 78.050-970 Cuiabá - MT Alameda DR.Annibal Molina s/n Porto 78115-901 Várzea Grande - MT Av. Hist Rubens de Mendonça, 2254 Ed América Center, Sala 304, Bosque da Saúde 78050-000 Cuiabá - MT Ed. Edgar Prado Arze Centro Político Administrativo - CPA78050-970 Cuiabá - MT
Telefone
e-mail
Nome/cargo
Região levantada
(65)3619-2061
[email protected]
Altevir Pierozan Magalhães/Proprietario
(66)3423-3727
[email protected]
Angela Ferreira Pedroso/Ger Administrativa
Rondonópolis
Clovis Dutra/proprietario Edilson Correa/Supervisor setor carnes José Roque/Proprietário
Cuiabá Grande Cuiabá Cuiabá
(65)3624-5976 (65)9287-0307 (65)3642-5159
65)3613-6200
[email protected]
SEDER/FCO
Cuiabá
(65) 617-4404
[email protected]
FAMATO
Cuiabá
(65) 3623-1093
[email protected]
ACRIMAT
Cuiabá
(65)3685-3524
[email protected]
FEFA
Cuiabá
FABOV
Cuiabá Cuiabá
(65) 30231092 (65)9976-1033
[email protected]
SIE Leilões
(65) 3617-4405
[email protected]
Centroboi
Cuiabá
(65) 3617-4405
[email protected]
Comissão de Pecuária de Corte-FAMATO
Cuiabá
(65) 3613-6006
[email protected]
INDEA-MT
Cuiabá
(65) 617-4403
[email protected]
FAMATO
Cuiabá
(65)3685.2230
[email protected]
(65) 3642-6357 (65)3613-6628
[email protected]
MAPA
Cuiabá
APR
Cuiabá
SINFRA
Cuiabá
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Tabela 1D, Continuação
511
ANEXO E MAPAS
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Fonte: Pagot (2007). Figura 1E – Corredores de exportação.
513
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Fonte: Pagot (2007). Figura 2E – Estradeiro internacional.
514
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Fonte: Pagot (2007). Figura 3E – Corredor logístico.
515
ANEXO F DADOS ADICIONAIS
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
517
SUMÁRIO EXECUTIVO Complexo Carne Tabela 1F – Quadro mundial de suprimento de carne bovina– posição (abril/2007) (mil toneladas equivalente-carcaça) Ano
Produção
Importação
Consumo
Exportação
2000 2001 2002 2003 2004 2005 20061 20072
50.311 49.646 51.241 50.095 51.327 52.454 53.838 54.796
4.973 4.972 5.242 5.074 4.891 5.423 5.215 5.409
49.565 48.708 50.277 49.049 49.875 50.851 52.580 52.641
5.755 5.672 6.274 6.339 6.496 7.092 7.273 7.571
Fonte: USDA (2007). Notas: 1 Preliminar. 2 Previsão.
Tabela 2F – Quadro brasileiro de suprimento de carne bovina– posição (janeiro/2007) (mil toneladas equivalente-carcaça) Ano
Rebanho (mil cabeças)
Produção carne (mil t eq.-carcaça)
Importação (mil t eq.carcaça)
Exportação (mil t eq.carcaça)
2000 2001 2002 2003 2004 2005 1(a) 2006 2(b)
169.876 176.389 185.347 195.551 197.745 205.130 209.233
6.578,8 6.823,6 7.139,3 7.568,5 8.673,9 9.455,0 9.927,8
76,5 42,2 73,8 65,5 54,9 52,5 48,7
580,7 821,9 964,8 1.259,2 1.370,0 1.923,1 2.019,3
Fonte: IBGE (2007) e Secex (2007). Notas: 1 Preliminar. 2 Previsão.
Disponibilidade População interna (mil t eq.- (milhões de carcaça) hab) 6.074,6 6.043,9 6.248,3 6.374,8 7.358,8 7.584,4 7.957,2
169,5 172,4 174,6 176,9 181,6 184,3 187,6
Disponibilidade per capita (kg/hab/ano) 35,8 35,1 35,8 36,0 40,5 41,2 42,4
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
518
Tabela 3F – Preços médios de mercado – posição (13 ago. 2007) Boi gordo (R$/@) 30 dias Sudoeste – GO Uberaba – MG Dourados – MS Cuiabá – MT Araçatuba – SP Barreiras
Frango vivo (R$/kg)
63,00 62,00 62,00 60,00 65,50 64,00
PR – Ponta Grossa (21 dias) RS – Integração (21 dias) SP – São Paulo (CIF) (15 dias) SC – Integração (21 dias) CE – Fortaleza (8 dias) PE – Recife (8 dias)
Suíno vivo (R$/@) 1,85 1,95 1,90 1,90 2,25 2,30
PR – Oeste (14 dias) RS – Interior (14 dias) SP – CIF Frigorífico (28 dias) SC – Interior (15 dias) Rondonópolis – MT (30 dias) Campo Grande – MS (14 dias)
27,00 24,00 43,50 28,50 22,50 24,00
Fonte: FNP (2007).
Tabela 4F – Produção nacional de rações (composição: em mil toneladas por espécie) Tipo Avicultura Corte Postura Suinocultura Bovinocultura Pet food Eqüinocultura Aqüicultura Outros TOTAL
2002
2003
2004
2005
20061
20071
23.145 19.195 3.950 12.590 3.620 1.234 360 202 443 41.594
24.190 20.250 3.940 13.222 3.880 1.300 378 248 470 43.687
24.924 20.842 4.082 12.554 5.165 1.431 300 260 300 44.933
26.771 22.856 3.915 12.393 5.375 1.562 300 218 589 47.209
27.015 23.392 3.623 13.136 5.321 1.680 344 227 640 48.363
28.889 25.029 3.860 13.799 5.641 1.800 344 227 700 51.400
Fonte: SINDAN (2007) Notas: 1 Previsão.
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
519
Tabela 5F – Exportações do complexo carnes - Carne bovina (NCM 0201.00.00 a 0202.30.00) quantidades (mil toneladas) Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez TOTAL
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
31.389 30.705 33.804 36.036 43.253 44.847 41.392 38.568 31.847 33.974 34.659 34.999 435.475
37.657 31.884 46.090 45.402 52.197 46.925 49.943 64.343 61.005 67.776 61.822 51.816 616.859
52.027 50.218 57.572 50.047 51.368 51.105 64.120 59.837 62.977 63.343 55.222 67.531 685.367
49.163 54.761 49.433 51.967 43.258 47.313 48.390 43.291 53.362 65.126 57.506 56.549 620.117
54.675 65.579 80.918 54.202 62.613 71.203 71.037 82.004 93.982 66.609 94.403 75.555 72.756 109.320 106.778 82.213 115.116 107.660 80.190 128.336 115.447 95.297 125.515 128.797 92.811 93.847 106.111 87.910 71.941 111.744 91.442 70.907 121.589 75.930 66.009 105.630 925.072 1.085.590 1.225.413
2007 108.398 115.395 125.516 105.738 138.238 105.399 97.474
796.158
Fonte: SECEX (2007).
Tabela 6F – Exportações do complexo carnes - Carne bovina (NCM 0201.00.00 a 0202.30.00) – valores (US$/tonelada) Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez TOTAL
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
69.992 76.640 102.298 76.132 110.172 140.595 180.676 260.202 71.860 66.500 103.427 84.495 114.407 140.269 154.620 280.553 79.799 99.188 115.803 82.213 157.519 176.636 215.817 306.565 84.682 96.959 100.261 83.678 145.631 204.147 192.100 266.951 101.042 111.770 103.033 71.236 163.617 242.499 281.474 355.743 103.339 96.086 100.605 82.258 182.654 258.425 281.295 272.789 95.316 101.505 120.274 91.608 176.775 278.041 290.994 262.350 89.105 126.110 111.291 81.893 198.351 282.017 328.948 74.746 120.226 117.815 111.957 192.942 209.757 293.549 76.178 132.891 112.644 144.407 180.237 153.946 319.900 82.091 116.997 95.906 126.863 184.842 170.791 334.669 78.914 98.128 110.619 117.768 155.918 161.977 260.393 1.007.064 1.243.001 1.293.976 1.154.509 1.963.066 2.419.100 3.134.435 2.005.153
Fonte: SECEX (2007).
Até 10 cab.
De 11 a 20
De 21 a 30
De 31 a 40
De 41 a 50
De 51 a 100
De 101 a 250
De 251 a 500
De 501 a 1000
De 1001 a 5000
De 5001 a 10000
De 10001 a 20000
Anim.
Anim.
Anim.
Mais de 20000
Total
Municipio Anim. Acorizal Água Boa Alta Floresta Alto Araguaia Alto Boa Vista Alto Garças Alto Paraguai Alto Taquari Apiacas Araguaiana Araguainha Araputanga Arenápolis Aripuana Barão de Melgaço Barra do Bugres Barra do Garças Bom Jesus do Araguaia Brasnorte Cáceres Campinápolis Campo Novo do Parecis Campo Verde Campos de Júlio Cana Brava do Norte Canarana Carlinda Castanheira Chapada dos Guimarães Cláudia Cocalinho Colider Colniza Comodoro Confresa Conquista do Oeste Cotriguaçu Cuiabá Curvelândia Denise Diamantino Dom Aquino Feliz Natal Figueirópolis D'Oeste Gaúcha do Norte General Carneiro Gloria D'Oeste Guaranta do Norte Guiratinga Indiavai Itauba Itiquira Jaciara Jangada Jauru
876 916 993 447 226 62 610 120 490 92 16 300 381 469 689 815 533 127 474 2.258 34 208 1.303 74 214 239 2.319 532 1.358 303 87 949 2.927 407 984 142 1.110 2.648 287 191 975 287 278 114 164 216 120 972 382 97 112 156 28 1.252 285
Propr. 132 139 165 64 34 9 80 18 88 16 3 45 64 68 85 119 79 13 76 313 4 46 205 11 28 43 328 73 209 49 13 143 444 60 125 22 154 423 42 29 141 40 44 17 24 36 21 136 55 17 23 19 6 195 38
Anim. 1.613 2.486 2.736 1.024 1.089 164 1.756 213 1.112 308 72 1.000 392 1.692 1.464 1.668 1.331 847 1.671 7.335 190 181 2.046 103 1.049 288 6.360 1.629 3.302 626 277 3.574 9.027 1.700 6.077 554 4.890 3.621 785 1.003 2.423 782 379 644 504 992 284 3.012 977 226 231 626 57 1.712 1.301
Propr. 101 150 168 59 67 10 105 13 68 17 5 62 23 99 82 102 79 47 101 455 11 11 127 7 66 19 388 99 199 38 15 219 557 103 345 33 293 224 50 61 148 46 25 39 30 62 19 177 59 14 14 37 4 110 79
Anim. 1.316 3.960 3.654 1.307 1.419 228 1.563 287 1.775 259 81 1.448 549 2.046 1.801 1.905 1.417 1.442 3.270 9.184 77 226 1.878 135 1.872 650 7.677 2.430 3.009 522 336 5.539 11.681 3.228 13.416 836 6.737 2.766 1.606 1.406 2.208 1.002 357 1.179 748 926 939 4.718 1.242 509 149 903 165 1.580 2.771
Propr. 50 150 140 47 53 8 58 11 68 10 3 57 21 78 66 74 56 52 124 351 3 9 74 5 74 25 291 93 115 20 12 209 448 120 500 32 256 105 61 54 85 37 13 45 26 36 36 178 48 19 6 34 6 60 105
Anim. 1.249 3.323 5.766 1.427 1.560 302 1.656 306 1.793 257 110 2.245 510 2.222 1.879 1.735 1.165 1.985 2.377 9.097 183 68 1.986 0 1.964 647 8.176 2.964 2.907 886 564 7.028 8.892 4.161 12.079 1.210 5.784 2.400 1.714 913 2.594 1.400 218 1.105 560 637 1.299 4.159 1.046 432 232 578 107 1.242 3.559
Propr. 35 92 160 39 43 8 44 8 50 7 3 62 14 61 50 38 32 52 67 250 5 2 55 0 56 18 228 80 81 24 15 194 247 114 326 33 160 66 46 25 71 38 6 30 15 17 36 114 29 12 7 16 3 34 96
Anim. 1.086 3.892 5.125 1.742 1.523 334 1.146 232 2.092 570 49 2.807 605 3.387 2.616 1.438 1.491 2.037 3.200 9.077 136 178 892 174 2.428 901 8.175 3.360 2.707 607 530 7.434 8.293 5.118 12.658 1.595 4.581 2.861 1.343 894 1.963 1.733 403 2.071 847 660 1.196 5.832 1.938 899 269 930 143 761 4.566
Propr. 23 83 110 37 33 7 24 5 45 12 1 60 13 72 54 31 32 43 71 195 3 4 19 4 53 19 176 72 58 13 11 161 181 109 266 34 99 61 29 20 42 37 9 44 18 14 26 125 42 20 6 20 3 16 98
Anim. 3.112 13.281 29.885 8.528 10.037 2.234 5.977 1.106 11.991 2.860 1.253 11.779 3.346 20.048 8.739 4.521 7.382 10.912 18.057 38.916 1.151 1.343 5.324 1.177 12.505 5.593 31.511 15.431 10.694 2.531 2.798 35.656 27.984 23.894 55.560 6.913 17.304 8.416 6.870 2.454 5.851 7.437 879 8.794 4.011 3.125 4.984 32.819 8.812 2.061 1.042 5.636 1.194 2.173 18.324
Propr. 42 177 403 112 135 30 83 16 161 36 17 167 43 267 113 60 97 142 238 533 16 17 75 15 173 73 433 210 145 35 36 497 386 322 742 96 239 116 97 35 83 100 12 120 56 42 69 441 118 28 13 75 15 28 245
Anim. 8.558 26.598 78.446 19.485 17.081 6.501 9.846 2.043 28.381 6.438 3.637 22.920 8.417 48.004 11.543 17.062 20.666 25.933 34.644 75.654 3.217 2.749 12.206 1.543 27.068 24.294 49.658 35.551 25.583 7.922 10.492 66.321 38.561 29.346 101.861 11.698 31.091 16.840 10.162 7.559 10.560 16.128 1.615 19.826 24.147 10.115 14.277 66.015 18.011 5.462 7.801 13.649 1.971 6.538 32.649
Propr. 52 162 490 122 109 39 61 13 173 38 20 146 50 293 70 97 123 161 221 473 21 16 74 8 171 145 313 227 153 48 59 418 248 198 649 72 200 105 64 45 65 101 9 127 144 58 87 418 116 35 46 83 12 40 208
Anim. 5.759 41.261 80.077 33.879 11.503 9.722 12.064 7.303 30.776 21.881 3.917 18.237 7.716 51.095 6.397 24.053 35.628 23.430 25.529 94.064 6.054 3.919 8.560 3.510 19.345 48.333 36.428 37.493 21.996 9.052 19.730 49.622 24.434 18.814 62.670 8.609 25.553 18.696 6.596 8.325 12.761 17.132 3.297 22.471 26.387 15.465 21.971 49.615 26.000 5.763 8.112 27.586 2.072 4.707 24.204
Propr. 17 114 225 92 33 26 35 19 85 56 12 50 21 145 17 62 96 68 71 268 16 12 25 10 55 133 101 105 64 24 53 143 69 55 178 25 71 52 19 24 37 49 10 62 73 42 61 142 72 14 22 73 6 15 69
Anim. 6.809 49.757 109.685 50.523 19.210 17.942 19.787 9.878 32.743 44.699 5.518 20.241 7.560 72.718 10.358 35.235 52.207 22.264 43.829 144.164 8.830 14.550 12.615 3.562 12.626 61.993 44.676 38.348 40.693 9.736 36.383 59.841 20.913 24.795 37.886 3.511 19.274 17.189 7.291 15.627 21.671 15.198 4.895 20.569 34.367 23.612 23.335 55.868 22.533 5.779 18.406 34.934 5.780 12.412 21.847
Propr. 10 69 155 72 26 25 29 14 46 62 8 27 10 104 15 52 74 31 59 207 12 20 19 5 19 86 64 54 56 14 50 85 33 36 56 6 29 25 10 23 31 22 7 30 46 32 32 77 33 8 25 50 7 18 30
9.265 158.195 270.785 47.360 30.043 16.030 36.884 4.223 67.045 133.813 12.471 74.745 8.337 139.242 60.755 87.415 163.726 57.694 95.745 378.137 24.629 15.838 24.743 7.007 31.551 142.526 115.574 112.420 52.276 15.239 148.099 73.558 35.822 68.339 68.483 15.417 56.999 24.358 13.595 30.837 23.896 35.993 1.337 29.299 80.879 31.924 18.221 47.884 45.757 30.344 75.385 90.918 8.407 17.596 41.407
Propr. 6 81 134 29 13 8 35 3 33 65 6 35 6 68 25 47 80 24 56 186 13 11 14 3 19 73 63 62 33 9 78 42 21 38 31 8 28 12 7 17 15 22 1 18 46 21 10 34 26 15 36 49 5 9 22
0 64.006 98.834 0 19.993 0 7.500 0 17.273 44.156 0 28.964 0 35.083 32.990 24.053 66.620 23.046 29.895 73.789 12.080 0 0 0 27.531 18.456 33.938 51.365 0 0 78.977 15.204 5.888 71.929 20.702 11.330 5.863 5.492 0 0 16.765 0 0 7.398 17.631 0 0 0 0 12.855 21.865 28.596 0 16.823 5.004
Propr. 0 9 15 0 3 0 1 0 3 8 0 4 0 5 5 4 10 3 4 11 2 0 0 0 4 3 5 7 0 0 12 2 1 11 3 2 1 1 0 0 2 0 0 1 3 0 0 0 0 2 3 4 0 2 1
0 35.943 11.556 0 13.328 0 0 0 0 40.360 0 10.511 0 15.284 27.313 13.318 37.895 13.292 55.847 59.237 0 0 0 0 0 12.200 0 24.324 0 0 11.985 0 0 26.996 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11.855 0 19.402 0 0 0 0 0 36.974 0 0 0
Propr.
Anim. Propr. 0 3 1 0 1 0 0 0 0 3 0 1 0 1 2 1 3 1 4 5 0 0 0 0 0 1 0 2 0 0 1 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 2 0 0 0
0 21.150 30.580 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 25.248 0 20.462 25.730 0 0 0 0 39.900 0 0 0 0 0 45.385 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 25.349
0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Anim. 39.643 424.768 728.122 165.722 127.012 53.519 98.789 25.711 195.471 295.693 27.124 195.197 37.813 391.290 166.544 213.218 415.309 183.009 335.000 926.642 56.581 39.260 71.553 17.285 178.053 316.120 344.492 325.847 164.525 47.424 355.643 324.726 194.422 278.727 392.376 61.815 179.186 105.287 50.249 69.209 101.667 97.092 13.658 125.325 190.245 107.074 86.626 270.894 126.698 64.427 133.604 241.486 19.924 66.796 181.266
Propr. 468 1.230 2.167 673 550 170 555 120 820 330 78 716 265 1.261 584 687 762 637 1.093 3.248 106 148 687 68 719 638 2.390 1.084 1.113 274 357 2.113 2.635 1.168 3.221 363 1.530 1.190 425 333 720 492 136 534 481 361 397 1.842 598 184 201 462 67 527 992
520
Continua...
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Tabela 7F – Estratificação das propriedades de bovinocultura de corte em 2006 (nº cabeças)
Até 10 cab.
De 11 a 20
De 21 a 30
De 31 a 40
De 41 a 50
De 51 a 100
De 101 a 250
De 251 a 500
De 501 a 1000
De 1001 a 5000
De 5001 a 10000
De 10001 a 20000
Anim.
Anim.
Anim.
Mais de 20000
Total
Municipio Anim. Juara Juína Juruena Juscimeira Lambari D'Oeste Lucas do Rio Verde Luciara Marcelandia Matupa Mirassol D'Oeste Nobres Nortelândia Nossa Senhora do Livramento Nova Bandeirantes Nova Brasilândia Nova Canaã do Norte Nova Guarita Nova Lacerda Nova Marilândia Nova Maringá Nova Monte Verde Nova Mutum Nova Nazaré Nova Olímpia Nova Ubiratã Nova Xavantina Novo Horizonte do Norte Novo Mundo Novo Santo Antônio Novo São Joaquim Paranaita Paranatinga Pedra Preta Peixoto de Azevedo Planalto da Serra Poconé Pontal do Araguaia Ponte Branca Pontes e Lacerda Porto Alegre do Norte Porto dos Gaúchos Porto Esperidião Porto Estrela Poxoreo Primavera do Leste Querência Reserva do Cabacal Ribeirão Cascalheira Ribeirãozinho Rio Branco Rondolândia Rondonópolis Rosário Oeste
745 1.798 769 851 236 674 61 761 1.347 1.156 589 633 42 675 333 706 562 216 122 228 539 1.112 53 208 1.369 630 429 913 110 538 733 531 683 482 87 1.793 159 76 633 277 241 478 741 1.041 276 874 94 301 10 101 137 1.792 1.918
Propr. 112 298 116 106 37 106 19 121 231 163 80 98 7 95 42 96 85 30 25 41 89 188 9 34 239 86 68 131 12 109 113 76 105 70 13 241 25 11 101 32 34 72 136 146 43 125 15 41 1 15 18 269 285
Anim. 1.415 3.501 2.204 2.310 745 902 367 1.621 2.985 3.367 1.880 1.625 140 2.479 721 3.154 1.403 526 284 354 1.659 1.743 326 693 1.617 2.253 958 3.376 276 1.342 2.769 1.757 1.521 1.521 266 3.801 544 206 2.131 832 435 1.523 1.568 3.527 550 2.397 418 1.191 102 488 721 5.504 3.562
Propr. 85 220 136 139 45 57 22 100 186 207 107 105 9 149 40 184 84 31 17 22 102 110 18 43 103 133 59 210 16 76 169 103 90 88 16 227 31 12 131 48 29 94 100 206 35 146 26 67 6 31 44 335 220
Anim. 1.874 5.173 2.907 2.707 1.203 357 614 1.526 3.256 4.044 2.193 1.816 183 3.777 1.208 4.555 2.343 926 412 456 2.175 1.338 655 1.355 1.262 2.593 1.798 3.935 447 1.639 5.201 1.793 1.962 1.596 604 3.907 850 213 3.319 1.554 533 1.859 1.236 4.504 677 2.919 605 2.527 322 507 1.089 7.096 2.826
Propr. 71 199 111 101 46 14 24 58 128 153 83 72 7 145 44 171 90 34 16 17 85 53 24 52 48 99 69 152 17 58 203 68 74 59 22 145 31 8 123 57 21 70 48 167 26 109 23 91 11 19 42 266 108
Anim. 2.529 5.719 2.354 1.964 1.046 298 863 2.086 3.373 3.621 1.933 1.063 285 3.882 1.565 4.692 2.702 1.193 437 351 2.386 1.275 706 1.528 1.004 2.782 2.283 3.978 326 1.357 5.364 1.987 1.563 1.705 705 2.919 523 223 5.500 1.450 943 2.526 1.497 4.431 335 2.936 634 2.409 153 992 1.222 6.096 2.126
Propr. 69 159 66 53 29 8 23 57 93 98 53 30 8 107 42 128 74 33 12 10 66 36 19 42 27 75 64 109 9 36 150 55 44 46 19 78 14 6 152 40 26 69 41 121 9 81 17 64 4 27 34 166 59
Anim. 3.011 5.747 2.297 3.178 1.596 510 1.166 1.804 2.967 5.088 2.329 1.129 520 4.103 2.394 5.980 2.557 1.883 388 369 4.342 1.492 980 888 1.157 3.478 2.400 4.398 525 2.236 4.716 1.799 2.449 1.727 843 2.587 1.040 575 5.604 2.171 693 2.819 1.449 5.464 582 2.865 781 3.479 530 894 1.263 6.723 1.967
Propr. 64 126 50 68 34 11 25 39 65 110 49 24 11 89 51 127 55 41 8 8 94 32 21 19 25 74 52 95 11 47 103 38 52 37 18 54 22 12 121 47 15 61 31 117 12 61 17 73 11 19 27 144 42
Anim. 18.900 29.616 7.537 12.472 5.968 1.177 3.618 7.304 13.458 15.071 7.866 3.086 2.035 19.556 10.896 28.504 14.870 10.474 2.847 2.116 12.998 3.283 4.090 3.247 5.228 14.898 10.345 20.405 1.719 10.634 20.285 11.299 6.396 6.101 4.926 13.321 4.154 1.803 27.675 13.209 4.919 13.133 6.625 17.344 1.541 10.055 4.782 13.806 2.187 5.399 6.051 21.411 9.343
Propr. 253 407 105 165 82 16 50 98 182 209 107 43 28 269 144 390 203 142 37 28 177 49 55 44 73 203 144 273 24 145 280 152 85 83 65 175 56 24 374 171 68 178 91 236 22 142 63 186 28 73 84 295 126
Anim. 68.328 84.135 18.779 23.759 8.128 2.226 6.795 18.336 19.761 26.006 10.511 6.740 8.422 41.333 14.477 50.688 29.996 21.942 7.024 4.807 31.113 5.936 7.501 7.136 8.840 27.705 18.830 46.626 2.478 17.657 39.700 39.172 20.307 13.265 11.595 31.840 15.247 2.052 57.401 27.925 18.908 36.477 9.466 41.274 3.219 12.387 5.990 35.748 5.015 9.737 12.714 40.456 20.981
Propr. 410 525 117 143 53 15 44 107 127 159 66 42 48 265 91 326 183 138 46 29 192 34 47 44 56 179 117 292 17 113 248 235 122 82 70 190 86 12 357 176 112 224 59 250 20 77 38 223 29 61 82 253 125
Anim. 87.469 89.388 15.694 20.783 10.951 2.050 8.917 22.367 19.192 23.102 11.327 7.178 9.111 46.510 15.539 53.292 21.570 13.803 15.331 9.494 37.690 4.623 8.653 9.433 10.827 33.751 12.111 38.734 3.045 20.613 51.933 50.582 24.325 7.699 8.344 55.782 18.157 9.200 54.538 17.045 16.099 49.316 11.769 47.738 3.445 7.938 7.807 34.072 5.026 10.590 11.605 46.817 34.854
Propr. 242 254 43 61 31 6 24 61 56 64 32 21 25 137 45 153 62 38 43 27 105 12 24 25 29 94 35 108 8 61 142 143 66 22 24 154 49 25 154 49 43 136 33 131 9 24 23 96 16 31 32 134 96
Anim. 133.194 85.304 15.770 19.363 25.135 3.127 6.173 32.259 24.964 21.842 13.615 3.951 15.391 36.665 19.496 42.507 33.188 27.640 32.438 15.483 53.301 9.954 13.415 13.711 8.321 26.161 12.956 54.148 962 33.820 66.440 61.840 43.930 15.552 7.273 83.188 25.286 6.086 75.063 17.723 24.732 73.468 18.981 77.169 8.286 11.682 3.802 35.575 3.192 9.842 15.799 53.514 50.292
Propr. 187 124 22 27 35 4 9 43 35 30 20 5 21 53 29 61 48 38 47 22 73 14 19 18 13 38 19 78 1 48 94 87 65 22 11 117 37 9 106 26 33 103 26 110 13 17 6 52 5 13 21 76 70
355.153 142.618 46.160 50.842 69.120 5.108 8.726 75.992 65.572 32.453 42.918 2.143 33.038 80.432 56.728 120.494 22.093 66.928 34.802 46.876 112.808 50.756 20.062 31.392 21.080 90.680 26.279 120.907 6.922 117.051 144.593 186.409 107.303 35.861 22.860 171.227 43.129 3.261 235.790 21.687 81.284 183.783 51.836 103.729 30.959 41.683 4.858 98.716 8.132 14.093 88.123 91.233 92.857
Propr. 170 76 30 27 33 2 6 43 33 15 22 2 15 46 26 62 13 30 18 28 59 20 8 17 8 49 13 64 5 56 76 93 53 16 12 88 24 2 117 10 37 88 24 56 14 17 4 51 5 10 40 51 52
98.492 23.621 14.048 0 20.930 0 0 20.664 16.759 5.513 10.812 0 0 22.999 36.001 34.949 0 5.500 0 0 59.570 15.584 22.766 7.522 11.307 31.567 0 32.685 0 11.898 18.078 71.636 36.036 25.399 5.373 21.011 5.232 0 77.163 0 11.698 54.099 9.687 0 8.703 12.758 0 32.414 0 0 39.486 6.300 0
Propr. 14 3 2 0 3 0 0 3 3 1 2 0 0 3 5 5 0 1 0 0 9 2 3 1 2 4 0 5 0 2 3 10 5 4 1 3 1 0 11 0 2 7 1 0 1 2 0 4 0 0 6 1 0
81.612 58.923 12.471 0 0 0 0 0 23.624 0 0 17.577 0 19.715 0 10.990 0 26.619 0 0 35.270 25.856 0 0 0 18.470 0 11.224 0 25.165 12.776 0 13.861 17.543 0 0 0 0 38.235 0 0 34.533 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 13.475
Propr.
Anim. Propr. 7 4 1 0 0 0 0 0 2 0 0 1 0 1 0 1 0 2 0 0 3 2 0 0 0 1 0 1 0 2 1 0 1 1 0 0 0 0 3 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
0 0 23.139 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 26.539 0 21.024 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 37.321 0 42.768 20.106 0 0 0 28.414 0 0 25.778 0 0 0 86.262 0 0 0 0 84.539 0 0
0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 3 0 0
Anim. 852.722 535.543 164.129 138.229 145.058 16.429 37.300 184.720 197.258 141.263 105.973 46.941 69.167 308.665 159.358 381.535 131.284 177.650 94.085 80.534 353.851 122.952 79.207 77.113 72.012 254.968 88.389 341.329 16.810 243.950 372.588 466.126 260.336 171.219 82.982 391.376 114.321 23.695 611.466 103.873 160.485 479.792 114.855 306.221 58.573 194.756 29.771 260.238 24.669 52.643 262.749 286.942 234.201
Propr. 1.684 2.395 800 890 428 239 246 730 1.141 1.209 621 443 179 1.360 559 1.705 897 558 269 232 1.054 552 247 339 623 1.035 640 1.518 120 753 1.582 1.061 762 531 272 1.472 376 121 1.751 656 420 1.106 590 1.540 204 802 232 948 116 299 433 1.990 1.184
521
Continua...
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Continuação
Até 10 cab.
De 11 a 20
De 21 a 30
De 31 a 40
De 41 a 50
De 51 a 100
De 101 a 250
De 251 a 500
De 501 a 1000
De 1001 a 5000
De 5001 a 10000
De 10001 a 20000
Anim.
Anim.
Anim.
Mais de 20000
Total
Municipio Anim. Salto do Céu Santa Carmem Santa Cruz do Xingu Santa Helena Santa Rita do Trivelato Santa Terezinha Santo Afonso Santo Antônio do Leste Santo Antônio do Leverger São Félix do Araguaia São José do Povo São José do Rio Claro São José do Xingu São José dos Quatro Marcos São Pedro da Cipa Sapezal Serra Nova Dourada Sinop Sorriso Tabaporã Tangará da Serra Tapurah Terra Nova do Norte Tesouro Torixoréu União do Sul Vale do São Domingos Várzea Grande Vera Vila Bela da Santíssima Trindade Vila Rica Total
139 187 88 170 50 351 105 118 1.632 669 1 812 147 673 9 54 707 1.453 1.243 483 1.225 1.174 1.312 86 135 75 155 1.434 503 725 481 80.907
Propr. 21 30 21 28 9 46 15 20 246 85 1 126 22 99 1 9 240 251 230 70 185 192 187 12 23 9 21 224 86 105 64 12.411
Anim. 657 245 381 468 64 1.312 361 207 4.270 2.283 39 1.804 493 2.003 29 298 893 2.717 1.502 1.421 3.393 1.691 3.125 215 345 179 680 2.071 564 2.846 1.863 213.384
Fonte: INDEA-MT (2007)
Propr. 38 15 24 30 4 75 20 13 268 136 2 114 28 122 2 18 55 176 97 86 212 109 189 12 20 10 41 133 36 173 106 12.974
Anim. 1.360 450 677 788 111 2.590 482 161 3.421 2.784 76 2.032 794 3.577 42 180 1.514 2.173 1.711 1.946 3.975 1.555 4.200 344 395 158 1.281 1.931 483 3.384 3.407 278.742
Propr. 50 18 25 30 4 94 18 6 134 105 3 79 29 135 2 7 59 86 67 74 154 59 160 13 15 6 47 75 19 130 126 10.578
Anim. 1.247 352 536 1.106 206 2.910 803 68 3.650 2.667 34 1.971 642 4.766 72 33 1.480 2.677 922 2.105 3.802 1.206 5.048 407 682 107 1.623 983 281 4.560 3.795 283.219
Propr. 35 10 15 30 6 79 22 2 101 73 1 54 17 131 2 1 42 73 25 58 106 33 139 11 18 3 45 27 8 125 102 7.765
Anim. 1.574 463 745 1.143 226 2.840 1.171 190 3.543 3.943 142 1.889 928 5.206 48 93 1.119 1.932 971 2.482 3.312 2.390 5.748 757 711 338 2.471 1.035 322 4.679 5.635 315.503
Propr.
Anim.
33 8.390 10 1.185 16 2.550 25 5.896 5 243 59 14.213 25 4.844 4 758 76 15.525 83 16.102 3 663 41 7.256 20 5.731 111 18.462 1 449 2 614 24 3.954 42 5.782 21 3.461 54 8.228 72 15.923 52 5.230 123 28.823 16 2.768 15 3.923 7 694 53 13.583 23 3.684 7 1.452 100 19.792 118 29.880 6.763 1.376.256
Propr.
Anim.
110 17.816 16 1.591 36 8.377 81 14.246 3 886 190 29.998 64 9.366 10 1.595 212 28.844 228 22.522 9 2.057 99 15.943 78 13.167 253 35.757 6 1.438 9 2.791 57 6.661 82 9.473 47 6.194 114 22.336 221 23.557 71 11.371 390 59.798 37 11.741 52 17.198 10 3.212 177 30.389 51 2.836 20 1.800 276 48.019 392 78.340 18.678 2.930.553
Propr.
Anim.
111 19.145 11 2.952 51 9.612 89 18.565 5 2.792 185 24.359 59 8.105 10 2.868 170 37.351 146 22.233 13 3.030 94 14.449 82 12.634 227 29.597 8 420 17 2.084 42 6.914 58 7.365 38 7.293 133 15.381 148 29.911 70 12.113 386 45.757 73 10.252 104 22.395 19 7.420 193 17.528 18 3.968 12 4.187 295 57.150 481 92.980 18.200 3.067.612
Propr.
Anim.
53 18.738 8 8.188 27 10.998 52 17.207 7 7.002 69 20.602 22 14.922 8 12.364 103 38.831 64 26.772 9 3.574 41 19.349 35 28.278 86 35.424 1 0 5 5.065 20 5.876 22 11.444 23 13.290 45 22.811 85 46.149 35 19.103 131 40.211 29 26.062 62 36.848 21 7.792 51 10.126 11 1.178 11 3.338 157 87.347 264 102.874 8.608 3.911.404
Propr.
28 47.365 11 19.776 15 76.577 24 74.230 9 9.571 29 56.518 20 36.265 18 22.846 57 144.482 38 107.516 5 8.249 27 35.762 38 203.000 50 36.295 0 0 7 22.864 8 19.590 17 17.709 19 28.894 32 63.833 64 92.781 29 52.254 58 46.892 38 28.112 54 39.539 12 17.812 15 12.403 2 11.407 5 7.779 124 337.395 143 218.492 5.541 9.224.214
Propr.
26 10.827 10 0 35 9.197 35 20.336 5 0 29 35.311 16 6.500 12 5.733 76 83.882 43 58.989 3 0 19 5.431 82 56.985 24 0 0 0 11 14.232 10 5.720 9 0 16 0 34 5.653 47 46.533 30 0 26 0 15 0 22 0 9 6.795 4 0 4 0 4 0 153 152.597 113 56.300 4.709 2.571.175
Propr.
2 0 0 0 1 0 3 10.598 0 0 5 0 1 0 1 0 12 47.563 9 20.794 0 0 1 0 9 49.701 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 1 31.990 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 21 131.123 9 0 377 1.267.328
Propr. 0 0 0 1 0 0 0 0 4 2 0 0 4 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 98
Anim. Propr. 0 0 0 0 0 0 0 0 36.082 26.675 0 0 0 0 0 0 0 21.501 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 25.578 0 739.530
0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 25
Anim. 127.258 35.389 119.738 164.753 21.151 191.004 82.924 46.908 449.076 313.949 17.865 106.698 372.500 171.760 2.507 48.308 54.428 84.226 65.481 178.669 270.561 108.087 240.914 80.744 122.171 44.582 90.239 30.527 20.709 875.195 594.047 26.259.827
Propr. 507 139 266 428 57 860 282 104 1.460 1.013 49 695 444 1.238 23 88 558 817 583 704 1.300 680 1.789 256 385 107 647 568 208 1.670 1.918 106.727
Diagnóstico da Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de Corte do Estado de Mato Grosso
Continuação
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