COMÉRCIO EXTERIOR - FGV Indicador mensal da Balança Comercial – Abril de 2017 Número 0 | 26.abril.2017
Um novo ciclo de expansão dos fluxos de comércio Após três anos seguidos de queda nos valores exportados e importados o que acarretou a redução em 29% da corrente de comércio, o primeiro trimestre de 2017 registrou reversão dessa tendência. As exportações aumentaram 24,4% e as importações 12% na comparação entre o acumulado de janeiro a março de 2016 com igual período de 2017. No primeiro trimestre do ano, a balança comercial registrou um superávit de US$14,4 bilhões; com isso, as estimativas de saldos ao redor de US$ 50 bilhões para 2017 passaram a fazer parte dos cenários de projeções do setor externo. Apresentam-se, a seguir, os índices de preços e volumes dos fluxos de comércio, onde as desagregações seguem a classificação das Contas Nacionais.
Índices agregados: a melhora dos termos de troca e a recuperação dos volumes de comércio A melhora nos termos de troca iniciada em abril de 2016, e que teve um novo
Gráfico 1: Índice dos termos de troca: média móvel trimestral (base fixa:média jan-março 2011)
impulso a partir de novembro do mesmo ano, levou a que os termos de troca subissem
19%
na
comparação
do
acumulado do ano até março entre 2016 e 2017 (gráfico 1). Nesse mesmo período,
o
preço
das
exportações
aumentaram 15% e o das importações recuaram 3%. A melhora dos termos de troca foi liderado pelas commodities, conforme ilustra o gráfico 2. O termo de troca da
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração: IBRE/FGV
cesta de commodities avançou 41% e o das não commodities 7% na comparação do primeiro trimestre deste ano quando comparado a igual trimestre de 2016. No caso das commodities, na mesma comparação, os preços de exportação cresceram 29% e os preços de importação caíram 11%. O pequeno aumento nos termos de troca das não commodities é explicado
IBRE/FGV
Comércio Exterior - FGV Indicador mensal da Balança Comercial de abril 2017 pela variação zero nos preços de exportações e queda de 6,5% no das importações.
Observa-se
que
Gráfico 2: Termos de troca das commodities e não commodities (base fixa:média jan-março 2011)
o
aumento dos preços das commodities foi liderado pelo minério de ferro (+137%) e pelo grupo petróleo (+82%). O ritmo desse aumento deve arrefecer, mas não se espera um novo ciclo de queda de preços de commodities no curto prazo. A recuperação dos fluxos de comércio é confirmada pelo aumento tanto no volume exportado quanto no importado,
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração: IBRE/FGV
conforme mostra o gráfico 3. Ressaltase que na comparação com igual trimestre
do
importações
ano
anterior,
cresceram
Gráfico 3: Variação no volume de comércio – (%)
as
(17%)
e,
portanto, acima das exportações (11%). O comportamento das importações depende do nível de atividade e da taxa de câmbio, sendo
o
maior
peso
atribuído a primeira variável. Nesse contexto, o aumento das importações indicaria expectativas de melhora do nível de atividade para os próximos Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração: IBRE/FGV
meses. No gráfico 4 fica claro que as não commodities explicam o aumento no
Gráfico 4: Variação no volume exportado: commodities e não commodities – (%)
volume exportado: na comparação trimestral, o desempenho da cesta de não commodities foi superior ao das commodities. A primeira avançou 16% e a segunda, 6%.
Índices
desagregados
por
atividade econômica O
comportamento
da
indústria
extrativa é o grande destaque na comparação
dos
dois
primeiros
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração: IBRE/FGV
2
Comércio Exterior - FGV Indicador mensal da Balança Comercial de abril 2017 trimestres de 2016/2017. Os preços de exportações
da
indústria
extrativa
aumentaram 75%, seguido dos preços
Gráfico 5: Variação dos preços por tipo de indústria – (%) (jan-mar2017/jan-mar2016)
da agropecuária que aumentaram 9%. Na análise do volume exportado, a extrativa novamente sobressai com aumento de 38% seguido da indústria de transformação (9%). A agropecuária, mesmo com o aumento de preços, registrou queda no volume embarcado em 7%. O impacto do embargo da carne, apesar de logo suspenso, pode
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração: IBRE/FGV
ter influenciado esse resultado. No caso das importações, os preços subiram cerca de 17% na agropecuária
Gráfico 6: Variação dos volumes por tipo de indústria – (%) (jan-mar2017/jan-mar2016)
e caíram para os outros setores. O volume importado aumentou 23% para a indústria de transformação, seguido da extrativa em 11%. Novamente, o resultado pode ser interpretado como um sinal de melhora no nível de atividade, mas a valorização cambial em relação ao ano de 2016 também influenciou esse resultado.
Índices
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração: IBRE/FGV
desagregados
por
Gráfico 7: Variação dos preços por categoria de uso – (%) (jan-mar2017/jan-mar2016)
categoria de uso Os preços de importações no primeiro trimestre
caíram
para
todas
as
categorias de uso e cresceram para as exportações de bens de consumo não duráveis (20%), intermediários (6%) e bens de capital (4%). A análise por volume
exportado
recuperação
das
mostra
que
vendas
a de
automóveis neste primeiro trimestre,
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração: IBRE/FGV
3
Comércio Exterior - FGV Indicador mensal da Balança Comercial de abril 2017 levou a um aumento de 54% da categoria de bens de consumo duráveis na comparação. Em adição, todas as
Gráfico 8: Variação do volume por categoria de uso – (%) (jan-mar2017/jan-mar2016)
categorias, exceto consumo de não duráveis, registram aumentos acima de 20%. No caso das importações, o maior percentual de variação foi o de bens intermediários
(25%)
seguido
de
semiduráveis (11%). Ressalta-se um aumento de 5% nos bens de capital, pode estar indicando o início de uma recuperação
futura
do
nível
de
investimento. Destacamos
o comportamento dos
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração: IBRE/FGV
fluxos de comércio por categoria de uso da indústria de transformação. O desempenho exportador é positivo para
Gráfico 9: Variação do volume das categorias de uso na indústria de transformação – (%)
todas as categorias, exceto os de consumo não duráveis. O desempenho não difere muito da análise do total da economia, pois essa indústria explica cerca de 70% das exportações e 90% das importações brasileiras (ano 2016). Chama
a atenção, novamente,
o
aumento de 34% nas importações de bens intermediários. Seria isto um sinal de
recuperação
da
indústria
de
transformação? Aqui deve se ter um pouco de cautela, pois os insumos que
Fonte: SECEX/MDIC.Elaboração: IBRE/FGV
se destinam a atividade agropecuária aparecem classificados como da indústria de transformação. A análise da pauta total de importações por grandes grupos de produtos mostrou que as maiores contribuições para o aumento das importações entre os primeiros trimestres de 2016 e 2017 foram de produtos de petróleo e seus derivados, seguido de máquinas elétricas, carvão e adubo. O adubo é produzido pela indústria de transformação, mas seu destino é a agropecuária. Logo, é preciso apenas qualificar que parte do aumento das importações de bens intermediários não devem ser interpretadas como indicadores do ritmo da atividade da indústria de transformação.
4
Comércio Exterior - FGV Indicador mensal da Balança Comercial de abril 2017
Observação final O aumento nos volumes exportados e importados no primeiro trimestre de 2017 mostra que o comércio exterior do Brasil iniciou sua trajetória de recuperação. Riscos sempre existem, como mudanças cambiais, interrupção na recuperação da economia mundial e turbulências domésticas associadas às incertezas da economia. Por enquanto, porém, o comércio exterior está numa trajetória favorável.
Metodologia O índice de Fischer é utilizado para o cálculo dos índices de preços. No caso do volume, foi utilizada a forma implícita: o índice de volume é obtido pela divisão da variação do valor do fluxo comercial deflacionado pelo índice de preços. Os índices foram obtidos considerando o controle dos “outliers”.
Comércio Exterior - FGV IBRE – Instituto Brasileiro de Economia Diretor do IBRE: Luiz Guilherme Schymura de Oliveira Superintendente de Estatísticas Públicas: Aloisio Campelo Jr. Coordenador do Núcleo de Contas Nacionais: Claudio Monteiro Considera Coordenadora da Pesquisa: Lia Valls Pereira Equipe Técnica: André Luiz Silva de Souza Juliana Carvalho da Cunha Mayara Santiago da Silva Fatima Tavares Alves
5