eze eus, r o. D e d açã vra a Pala viva de cor a ç da e h a Con s, ca la e u Deu mbro. e com e m a le raças ões, s me "Dou g que de vó has oraç por in vez as m m alegria odas em t empre co ós". v s Fl 1 3-4 rezo todos
Com todo carinho para:
De:
Em:
Oração
Entre em
D
eus nos ama infinitamente e nos fala por meio de sua palavra escrita, para nos oferecer uma ami-
zade profunda e doadora de vida. Seu Filho Jesus nos incorpora à vida de Deus, como filhos seus, nos liberta do pecado, nos enche de amor, de alegria, de esperança e nos indica o caminho para o Pai. Seu Espírito nos guia, fortalece e ajuda a compartilhar com outros a grande dádiva do amor de Deus. Tudo isso acontece apenas com nossa aceitação livre e consciente.
Pai bondoso, que me criou à sua imagem e semelhança, às vezes me esqueço disso e minha vida perde o sentido. Permita-me sempre sentir-me como seu filho predileto e gozar de seu amor, de seu perdão, de sua justiça e de sua paz. Jesus, eu lhe agradeço porque você me convida a ser seu amigo. Insista em me dar o melhor e me ensine como consegui-lo. Quero responder ao convite que você me faz, permitindo que guie a minha vida, me livre do pecado e me ajude a viver o reino de Deus. Espírito Santo, abra meu coração ao amor e me impulsione a compartilhá-lo; dê-me a fortaleza e a sabedoria de que necessito para seguir Jesus. Encha-me de seu fogo motivador e dê-me a paz e a alegria que vêm de cumprir a vontade de Deus. Amém.
Que a Sagrada Família o acompanhe sempre em sua jornada de fé, em especial ao refletir e ao rezar com a Sagrada Escritura.
Bíblia
católica do jovem
EDITORA AVE-MARIA
ANO
CONSELHO
TINO-AMERIC EPISCOPAL LA PRESIDÊNCIA
do CELAM al Presidente vem de ar C do ta Car católica do jo Para a Bíblia que o conme de Jesus, no em stirta ca evo esta do jovem, de da eu lhe escr m esta Bíblia un co of s pr eu fé D e de o er te lavra vivifican Com amor sinc u coração a Pa se em r be ce vida a re ns. de rezar todos os jove vra de Deus, a la e Pa cê a vo er a ec nada fraternidade conh rpreendente seu anseio de e su s e eu a a D os ilh de a sede ra marav os sua fé, su que sacia a su Viva a aventu vivos e fecund va vi rá rte ua ve an ág da m a r e vel qu e o “reino encontra fonte inesgotá nstruir com el com ela e de a s co eu um a D é a de im ra o an itu in a Escr z”, esse re Deus que o pa de da a vr e de! A Sagrad la or Pa do am seu amor; é a a, da justiça, esperança e ade e da graç id nt sa da , da a dade e da vi sso tempo. a manusear jamos em no a conhecer e lo lása ud aj da que tanto dese o ticos irã oa-Nova arão que a B e apoios didá lit o ci es tã fa çõ es s ra ai e st or qu ilu st es, oios pa todos os As introduçõ notícia para tários e os ap a en m bo co em s O ta . er itura conv Sagrada Escr ção e você se em seu cora tre ne pe o vaçã r e rezar a Pa ra que, ao le pa o ria çã eg ra al à sua volta. co cia, a e seu o amor, a audá ra sua mente ente. Receba Santo que ab e seus amim o a rit au íli pí e m Es fa ça a es ao Peça m Deus cr cute com su co Es o . çã cê la vo cruz, a ser re a a m or, su com ele su partilhar co m ar co eg rr er lavra do Senh ca qu a to lizar e assim ípulo seu, e Jesus Cris ípula ou disc e para evange el sc di m e o perdão qu r co se ra a s bo cola o de Jesu perança, que gos o chamad apostolo da es Evangelho. ou do la s to ho ós in m ap eprofeta e orrer os ca rc pe a e em nossa qu ns ve tos jo ntude, para qu ove ét ju m s convidar mui da vo pa no II, o Pa ardor, por um novo to João Paulo al “s ea da B ja ca se do ar m cê do , di vo ão e to para qu Evangelizaç Recorde o pe en a m ov ru N in st a in ou um como um nsciente realizemos vens que, co jo use esta Bíblia , rida América o os im nt nd ss ta ra A a . pe o es gelh tão es expressõ Jesus e só es a levar o Evan dos e novas libertador de undo” e poss m or do am z o r “lu ta e en da terra” de experim te, têm sede . conscientemen amor com eles se mãe, que o es mpartilhe Maria, nossa co a ém ço gu pe al a, e qu Palavra seja ica Latin avilhas, e sua spos da Amér ar bi m s ão cê vo irm s em meu . faça outros jovens Em união com ra que Deus – para muitos esta Bíblia pa cê ar vo us de ao o e ei m nh acompa cê e – por eterna para vo fonte de vida o, çoa de coraçã Cristo o aben Seu irmão em Ossa vier Errázunz Francisco Ja o do Chile m, Querido jove
iag bispo de Sant Cardeal Arce
04. outubro de 20 Bogotá, 30 de
o de 2004 12 de outubr o de sua Pavem. Por mei or com as jo do lia íb B ãos a u am cê tem em m que você compartilhe se saber que vo ja er se az de pr s de su Je an É um gr muito e que z que o ama ulavra, Deus di quais convive. or, sua vida m as gem do Senh profunda. Assa en m a a su pessoas com egria e faz vra de Deus entará uma al ra vos dar vida, e medita a Pala renovará e você experim pa cê m vo vi e .] rm [.. fo s: Con rio Jesu m Cristo mpromisso co alizar o que disse o próp dará, seu co re se irá o, pouc a coração e su sim, pouco a ncia (cf. Jo 10,10). para que seu tar a Palavra dâ z, un fa ab cê vo em e da qu vi o o escu o guie em tudo será ssuscitado. A rito Santo que e profunda com Cristo re rá e sua voz pí ce Es es cr ao fé os a m ersu ad , nv iz Pedi ria co am eg a se , al um e rará paz abertos a ais de perto nt m m s co ja te su en va es Je vi cê te s irá vo en eu m ão, Você segu vra de D clima de oraç da, será Pala s a seu redor. vi oa a ss su de Deus em pe de as o e, ao long rança para fonte de espe óstolo entre seus amigos ap u se e ilustrações terá em . , comentários es os e palavras at çõ us du se tro s, a rezar s in lo pe carinho. Suas conhecer a Palavra de Deu to ui m m co ajudá-lo a i preparada Esta edição fo pensando em você; irão s do vi ol Como foram desenv -la de coração. o com Deus. vê no seu diálog e nh pa om com ela e a vi ac s. que o aberto ãe da Igreja, ra de braços rgem Maria, m o de Jesus, que os espe érica. Pedimos à Vi torn de toda a Am do e os jovens em angelização e o Ev lh a Fi ov N do a mãe, ela reún i, nome do Pa deroso para po em e to ço en m en ru eus o ab rá um inst a Escritura, D Esta Bíblia se citar a Sagrad er ex e tir fle Que, ao re Espírito Santo. Jesus, te em Cristo Afetuosamen evilla, S.J. Carlos A. S ngton m, Querido jove
laire, D.D. Stephen E. B ia
kton, Califórn Bispo de Stoc lesiástica Permissão Ec da Outorgador
kima, Washi Bispo de Ya e Vida Instituto Fé do Presidente
Jesus,
Você
e a
Bíblia do Jovem
D
esde os fins do século XX, o Papa João Paulo II insistentemente pediu que realizemos uma Nova Evangelização no Continente Americano, e que trabalhemos unidos nos países da América. No ano 2000 publicou-se nos Estados Unidos The Catholic Youth Bible para a juventude de língua inglesa. Mais tarde o Instituto Fe y Vida publicou uma versão dessa Bíblia em espanhol. Em espírito de unidade, agora colocamos a versão em português nas mãos do povo jovem de língua portuguesa, para ajudá-lo a saciar sua grande sede de Deus e para que lhe sirva como instrumento evangelizador. Com a leitura da Palavra de Deus você aprofundará o conhecimento a respeito do amor de Deus por você e por toda a humanidade e verificará que Deus conta com você, para anunciar a Boa-Nova da sua mensagem que se realiza plenamente em Jesus Cristo.
Jesus o espera com os braços abertos para o acompanhar à medida que se familiariza com a Palavra de Deus, de modo que ele lhe entregue seu amor e você possa assim dar sentido à sua vida, enfrentando com esperança os desafios do caminho e transformando suas angústias em paz.
Jesus viveu e morreu para lhe dar vida nova: ele dedicou toda a sua vida a fazer presente o reino de Deus nos corações das pessoas, em suas relações interpessoais e em suas instituições sociais, promoveu o amor, a justiça e a paz.
Jesus é a revelação plena de Deus: nele se cumpriram as profecias do Antigo Testamento, estabeleceu-se a Nova Aliança com Deus e toda a criação dará glória a Deus no final dos tempos. Jesus formou uma comunidade de discípulos e apóstolos: recomendou-lhes que continuassem sua missão, fazendo o mesmo que ele fez: proclamando o amor de Deus com o testemunho de sua vida inteira, seus ensinamentos e suas ações misericordiosas, sobretudo com os mais pobres e vulneráveis. Jesus o escolheu para que leve seu amor a outros jovens: Jesus ressuscitado caminha para outros jovens com seus pés, os ama com seu coração, lhes fala por sua boca, os atende com suas mãos... Continua sua missão hoje em dia através de jovens que se deixam amar para transmitir seu amor aos outros.
Escritura, a d a r g a S a eio d sus por m Ele lhe dê e u q a r a Conheça Je p que seu amor, s jovens o r abra-se a t u o a e o lev or! nova vida e r libertad o m a u e s r anseiam po editorial Equipe
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Bíblia do jovem
Seja BEM-VINDA
A BÍBLIA DO JOVEM É DEDICADA ESPECIALMENTE A VOCÊ A Bíblia do jovem foi preparada com todo o carinho para que a Palavra de Deus chegue a seu coração e renove, completa e profundamente, sua vida desde o mais íntimo do seu ser. A Palavra de Deus é para todos: para os que têm pouca fé, para os que estão cheios de dúvidas, para os que buscam como seguir fielmente a Jesus e para aqueles a quem Deus pediu ajuda para pastorear sua Igreja. A BÍBLIA DO JOVEM: • traz o amor salvador de Deus para sua vida; • abre seu coração ao amor, à justiça e à paz de Deus; • dirige sua vida com os valores do Evangelho; • coloca a Palavra de Deus ao seu alcance; • aplica a Boa-Nova à cultura juvenil. A BÍBLIA DO JOVEM ajuda você a: • experimentar a bondade e a misericórdia de Deus ao rezar com a Sagrada Escritura; • obter uma resposta cristã à sua busca da verdade; • adquirir os fundamentos para dar um sentido cristão à sua vida; • escutar o chamado de Deus para colaborar na obra redentora de Jesus; • fortificar sua identidade católica ao relacionar suas crenças e práticas religiosas com a Bíblia. A BÍBLIA DO JOVEM oferece: • um critério de vida e um caminho para Deus; • um encontro com Jesus, porque “a ignorância da Sagrada Escritura é ignorância de Cristo” (São Jerônimo); • um instrumento para compreender a mensagem da Bíblia e relacioná-la com sua vida diária; • um meio excepcional para compartilhar o Evangelho com seus amigos; • um guia de interpretação bíblica segundo o Magistério da Igreja Católica.
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Conteúdo Caderno inicial Símbolo e acolhida Comentários para conhecer, rezar e viver a Palavra de Deus Comentários para fortalecer a identidade católica Apoios didáticos e pastorais Índices
11 14 16 18 21
Guia para manusear a Bíblia Livros e abreviaturas bíblicas Por que uma Bíblia do jovem? Desenvolvimento e características da Bíblia do jovem Perguntas e respostas sobre a Bíblia Como estudar e compreender a Bíblia Como rezar com a Palavra de Deus
22 23 25 26 30 35 37
Antigo Testamento O mundo do Antigo Testamento
45
Pentateuco Introdução Gênesis Êxodo
61 63 121
Levítico Números Deuteronômio
171 203 243
283 285 311 339 345 379 407 439 469
2Crônicas Esdras Neemias Tobias Judite Ester 1Macabeus 2Macabeus
496 531 544 561 577 595 611 644
Livros históricos Introdução Josué Juízes Rute 1Samuel 2Samuel 1Reis 2Reis 1Crônicas
Livros proféticos Livros poéticos e sapienciais Introdução Jó Salmos Provérbios
12
670 673 711 811
Eclesiastes 845 Cântico dos Cânticos 859 Sabedoria 869 Eclesiástico 895
Livros proféticos Livros poéticos / Sapienciais Introdução 964 Introdução Isaías 967 Salmos Jeremias 1041 Lamentações 1111 Baruc 1123 Livros sapienciais Ezequiel 1135 Introdução Daniel 1193 Jó Oseias 1219 JoelProvérbios 1233 Amós 1239
Novo Testamento
Abdias 1251 Cântico dos Cânticos Jonas 1255 Lamentações Miqueias 1261 Naum 1269 Habacuc 1275 Sofonias 1281 Eclesiastes Ageu 1287 Sabedoria Zacarias 1291 Malaquias 1305 Eclesiástico
O mundo do Novo Testamento
1313
Evangelhos e Atos dos Apóstolos Introdução Mateus Marcos
1331 1333 1387
Lucas 1425 João 1479 Atos dos Apóstolos 1527
Cartas e Apocalipse Introdução Romanos 1Coríntios 2Coríntios Gálatas Efésios Filipenses Colossenses 1Tessalonicenses 2Tessalonicenses 1Timóteo 2Timóteo
Caderno final
Vocabulário bíblico
1585 1587 1613 1637 1655 1667 1679 1687 1695 1703 1709 1717
Tito Filêmon Hebreus Tiago 1Pedro 2Pedro 1João 2João 3João Judas Apocalipse
1721 1725 1729 1747 1755 1763 1769 1776 1777 1779 1783
1811
Índices Atos e ensinamentos principais Comentários para a fé e para a vida Orações bíblicas Personagens
1863
Notas bibliográficas Lecionário Planos temáticos de leitura Quadro cronológico
1889 1897 1902 1904
1866 1881 1883
Perspectiva católica 1885 Bases bíblicas dos sacramentos 1886 Símbolos bíblicos 1887 Mapas e esquemas 1888 Minha história pessoal e comunitária é uma história de salvação 1914 Livros e abreviaturas bíblicas 1920
13
Comentários
Palavra de rezar para conhecer, e viver a
Deus
A
Bíblia do jovem traz vários tipos de apoio que o ajudarão a ler, compreender e compartilhar a Palavra de Deus. Alguns se referem à mensagem da Bíblia e estão reunidos nesta seção. Outros mostram a tradição bíblica católica (ver p. 16), e vários são de natureza pedagógica. Ver a seção intitulada “Apoios didáticos e pastorais” (p. 18).
Como ler, conhecer e tornar viva a Palavra de Deus
Este capítulo oferece dados que ajudam a aproximar-se da Palavra de Deus de modo que seja possível compreender sua mensagem, interiorizá-la e aplicá-la à vida. Apresenta três seções:
Perguntas e respostas sobre a Bíblia. Responde a dez perguntas comuns sobre em que consiste a Bíblia, como se formou e como devemos interpretá-la (p. 30).
Como estudar e compreender a Bíblia. Oferece sete passagens ou aspectos que se deve considerar para interpretar de maneira correta um texto bíblico (p. 35).
Como rezar com a Palavra de Deus. Apresenta dois métodos de oração com a Bíblia: o primeiro centraliza-se na oração individual; o segundo ajuda a rezar e a refletir com a Palavra em comunidade (p. 37).
INTRODUÇÕES
As introduções desta Bíblia ocupam mais de cem páginas. Por meio delas é possível ter uma visão geral dos principais resultados da investigação bíblica em uma linguagem acessível aos jovens. A leitura seguida de todas essas introduções equivale à leitura de um livro de introdução à Bíblia.
O mundo do Antigo e do Novo Testamento. Essas introduções oferecem uma visão panorâmica de ambos os testamentos do ponto de vista histórico, literário e teológico (p. 45 e p. 1313). Introduções às seções da Bíblia. Cada uma das seis seções em que está organizada esta Bíblia – Pentateuco, Históricos, Sapienciais e Poéticos, Proféticos, Evangelhos e Atos, Cartas e Apocalipse – tem uma introdução com dados-chave sobre a formação e características de seus livros. Apresentação dos livros. Cada um dos 73 livros da Bíblia tem uma apresentação que oferece as chaves históricas, literárias e teológicas para facilitar a compreensão de cada livro em particular.
Comentários bíblicos A Bíblia do jovem contém mais de 850 comentários inseridos ao longo do texto bíblico. A localização e o enfoque de cada comentário pretendem oferecer aos jovens a oportunidade de compreender e viver os aspectos essenciais da mensagem da salvação, contida na Sagrada Escritura, e de entender a riqueza e as contribuições próprias de cada livro. Os oito tipos de comentários têm uma finalidade particular.
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VIVA A PALAVRA Ajudam a aplicar a mensagem bíblica à vida cotidiana, de modo que a Palavra de Deus se encarne tanto nas situações vivenciadas no presente como nas que serão enfrentadas no futuro.
ENTRE EM ORAÇÃO Ensinam a rezar com a Palavra de Deus; servem de guia para a oração pessoal e comunitária e mostram as bases bíblicas da oração e da vida sacramental na Igreja Católica.
SABIA QUE...? Apresentam o marco de referência que os especialistas bíblicos (exegetas) oferecem para compreender a cultura, as tradições e a linguagem da época bíblica, ou a interpretação que a Igreja Católica dá a certas passagens.
REFLITA Provocam reflexões sobre passagens bíblicas que têm uma mensagem clara e desafiadora para a vida cristã de todo jovem. APRESENTAMOS A VOCÊ... Oferecem uma breve introdução sobre a vida e as contribuições dos personagens bíblicos principais.
TEXTOS EM REALCE Destacam a mensagem de vida que os diversos livros dão, assinalando textos importantes que falam por si mesmos.
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Comentários
a identidade para fortalecer
Católica
PERSPECTIVA CATÓLICA Mostram as raízes bíblicas de muitas crenças e práticas importantes da Igreja Católica e assinalam o lugar da Sagrada Escritura na liturgia católica.
COMPREENDA OS SÍMBOLOS Dão a conhecer os principais símbolos bíblicos de uso comum na arte e nos rituais católicos mediante a combinação da ilustração do símbolo e de uma breve explicação do mesmo.
Tradição católica PERSPECTIVA CATÓLICA A paz de Cristo na missa Jesus se despede de seus apóstolos deixando-lhes sua paz. É uma paz profunda e plena, que, ao ser fruto do maior amor possível, é ativa, enérgica, constante e sólida; não uma tranquilidade passiva. Na missa, depois da oração do Pai-Nosso, ao compartilhar a paz de Jesus, desejamos mutuamente que o amor de Deus nos encha, para prosseguir na vida cristã sem nos inquietar nem ter medo. Com essa paz de Jesus, nós cristãos podemos manter a equanimidade e a felicidade em meio à dor, à perseguição, à guerra, às doenças e à morte, e somos capazes de viver com dignidade e esperança, inclusive situações extremamente difíceis. Quando na missa chegar o momento de dar a paz, receba-a com o coração aberto e entregue-a aos que o rodeiam, feliz por compartilhar esse dom de Jesus. Ao sair da missa, recorde que é uma paz ativa, que se constrói com seu esforço; dê você a paz e a construa entre sua família, suas amizades e seus companheiros..., trate a todos com amor, bondade e de maneira justa. Jo 14,27
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Gn 3 15
Compreenda os
Símbolos
A Imaculada A imagem da Imaculada é símbolo do triunfo de Deus sobre o mal. Deus prometeu no paraíso que uma mulher humilharia a serpente ao dar à luz seu Filho. Maria é essa mulher, a nova Eva, livre do pecado original desde antes de sua concepção, graças à obra redentora de seu Filho Jesus, que nos liberta do mal e da morte eterna.
Mt 8 26
Compreenda os A barca
Símbolos
A barca, com seu mastro como cruz, é símbolo da Igreja que nos une na fé e nos oferece segurança na travessia da vida. Quando ventos fortes a fazem adernar ou ondas perigosas a açoitam, Jesus a guia e a sustenta. A barca, sem as chaves de Pedro, simboliza o ecumenismo das Igrejas que compartilham a fé em Jesus, filho de Deus.
Unidade na diversidade AFRO-AMERICANO O princípio de ujima = colaboração no trabalho
LATINO-AMERICANO Mulheres anônimas da América Latina
Muitas vezes na história, o Senhor todo-poderoso se serviu de uma mulher (Jt 16,5). Junto com umas poucas mulheres célebres por suas ações em favor de sua pátria, milhares de mulheres latino-americanas foram protagonistas anônimas da transformação de seus povos. A maioria, mais que reclamar seus direitos individuais e ambicionar o poder, trabalhou para que todas as pessoas pudessem se desenvolver segundo sua capacidade, suas habilidades e seus interesses. Nas comunidades de fé, as mulheres contribuem com seu espírito crítico, sua disposição ao serviço, seu entusiasmo e sua generosidade. Quando desempenham papel de líder, favorecem o espírito de grupo, promovem uma liderança compartilhada, consideram todos os aspectos da vida e atendem aos detalhes da vida familiar e local. Sem suas contribuições se perderiam riquezas que só o gênio da mulher pode oferecer à vida da Igreja e da sociedade. Não reconhecê-lo seria uma injustiça histórica, especialmente na América, levando-se em consideração a contribuição das mulheres ao desenvolvimento material e cultural do continente, como também à transmissão e à conservação da fé. Jt 16,1-26
Incas, maias e astecas O sopro da vida
O ser humano, sempre que pensa sobre suas origens, chega a conclusões parecidas. O códice chimalpopoca, que documenta a história asteca ou nauhutl – uma cultura indígena muito antiga do México –, expressa que seus antepassados acreditavam que Deus nos fez da terra e que, para ter vida, era preciso ter energia própria. Por isso, quando lhes perguntaram qual sua origem e de onde vinham, responderam: “Viemos de onde sai o sol. Passamos por cima da água”. E, diante da pergunta sobre quem foram seus primeiros pais, declararam: “Nossa mãe primeira se chamou Ochomoco ‘sobre-a-qual-caminhamos’, e nosso primeiro pai teve como nome Cipactónal, isto é, ‘energia que-nos-rodeia’”². Observe a semelhança com os relatos do Gênesis: há luz e água; Deus cria a terra; há um primeiro homem e uma primeira mulher; a vida é energia, é poder. A diferença está em que a Bíblia revela que Deus criou tudo e foi ele quem nos deu a vida e o poder para procriar e trabalhar. Gn 5,1-2
Como admiramos a arquitetura das pirâmides do Egito! Foram necessárias centenas de anos para construí-las e faz séculos que estão em pé. Algumas pedras pesam duas toneladas, e todas foram lavradas e alinhadas sem cimento. Os arquitetos, cientistas, matemáticos e engenheiros ainda não têm ideia de como foram feitas. As pirâmides são um exemplo do princípio ujima (ver “O sistema de valores Kwanzaa”, Es 6,19-22), que significa “colaboração e responsabilidade no trabalho”. Os que as iniciaram sabiam que não as veriam terminadas, porém continuaram trabalhando com empenho. Hoje em dia necessitamos de jovens que trabalhem unidos para forjar uma nova sociedade. Talvez se requeira o esforço de mais de uma geração. Martin Luther King Jr. nos disse: “Estive no cimo da montanha e vi a terra prometida, talvez não me toque entrar, mas saibam que todos, como povo, entraremos na terra prometida”. Sabia que não veria sua gente libertada do preconceito e da discriminação; não obstante, trabalhou toda a sua vida unido a outros para alcançar este objetivo. O Deuteronômio recorda aos israelitas que para dar prosperidade à sua nação deviam trabalhar unidos e solidariamente. Se seguirmos esta mensagem, teremos sucesso como indivíduos e como povo. Dt 8,11-18
Comentários culturais A Palavra de Deus é universal; está destinada ao mundo todo e depende de cada povo assumir os valores do Evangelho para que orientem os princípios, interesses e tradições que dirigem sua vida. Ao longo do tempo, diferentes culturas em nosso continente americano viveram a mensagem da Bíblia de diversas maneiras. Neste século XXI, marcado por migrações numerosas e um processo irreversível de globalização, é vital abrir-se à maneira particular como diferentes culturas deram vida à Palavra de Deus. Por isso, a Bíblia do jovem apresenta comentários escritos no âmbito de oito tradições culturais: 1) Incas, maias e astecas; 2) indígenas; 3) latino-americana; 4) estadunidense; 5) canadense; 6) latinos nos EUA; 7) afro-americana; e 8) asiáticos na América.
As finalidades destes comentários são: Valorizar diferentes perspectivas culturais sobre a Bíblia e enriquecer, desta forma, nossa espiritualidade católica. Compreender como um povo encarna o Evangelho em sua cultura (inculturação) por meio de sua espiritualidade e tradições populares. Oferecer testemunhos de santos de diferentes países da América como modelos de vida cristã ao alcance da juventude latino-americana.
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Apoios
didáticos e pastorais
Passagens paralelas e relacionadas As passagens paralelas e referências a outros textos bíblicos com mensagens relacionadas estão indicadas imediatamente depois dos subtítulos temáticos da Bíblia.
Vocabulário bíblico O vocabulário bíblico contém mais de 200 termos que ajudam a compreender a Bíblia e complementam ou sintetizam informações sobre alguns temas comuns ao catolicismo, mas nem sempre de fácil compreensão.
Lecionário O lecionário é uma seleção de passagens bíblicas ordenada de maneira especial para nutrir e celebrar nossa fé ao longo do ano litúrgico. A Bíblia do jovem apresenta o lecionário dominical para todo o ano, com seus três ciclos litúrgicos. O desenho a cores do lecionário ajuda a compreender o ciclo anual com os seus cinco tempos litúrgicos: Advento, Natal, Quaresma, Páscoa e Tempo Comum. O calendário litúrgico permite situar os ciclos segundo o ano e identificar os tempos litúrgicos e as festas móveis. Ver a explicação do lecionário na leitura litúrgica dominical (p. 41), no lecionário (p. 1897) e no calendário litúrgico 2005-2025, (p. 1901).
Planos temáticos de leitura bíblica Os planos temáticos de leitura bíblica têm por objetivo guiar o estudo ou a reflexão bíblica para que o leitor possa adquirir uma visão geral sobre temas importantes na Sagrada Escritura (p. 1902). Esses planos temáticos podem servir para a leitura diária pessoal ou ser adotados por um grupo ou comunidade juvenil como base de suas reuniões semanais.
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Os sete planos de leitura que se apresentam são: Um percurso pela Bíblia: trinta leituras para compreender o amor libertador de Deus e conhecer em grandes traços a história da salvação em ordem cronológica.
Imagens de Deus: quatorze leituras para se relacionar melhor com Deus e saber como Ele vai se revelando ao longo da história. O chamado de Deus:
quatorze leituras para escutar o chamado de Deus a dife-
rentes pessoas a fim de que reflitam sobre o próprio chamado a servi-lo e continuar a missão de Jesus. Predileção de Deus pelos pobres e vulneráveis: quatorze leituras para ver a vontade de Deus para a sociedade e revisar nossas atitudes e ações.
O pecado e a justiça salvadora de Deus: quatorze leituras para refletir sobre o amor misericordioso de Deus que nos salva do pecado e nos dá uma vida nova.
O sentido do sofrimento:
quatorze leituras para ver a crescente consciência de
que Deus nos acompanha em nossos sofrimentos e que, unidos aos de Jesus, eles têm valor redentor. As mulheres na Bíblia: quatorze leituras para ver que Deus trata as mulheres com a mesma dignidade que ao homem, inclusive em uma sociedade patriarcal como a do povo de Israel.
Apoios didáticos Além dos apoios diretos à pastoral bíblica, a Bíblia do jovem traz uma série de apoios didáticos que facilitam o manuseio da Bíblia: quadro cronológico, mapas, ilustrações, esquemas e índices.
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Quadro cronológico O quadro cronológico que se encontra no final da Bíblia foi organizado com a finalidade de ajudar a visualização das principais etapas da história da salvação através dos séculos. Também indica em quais livros da Bíblia estão narrados os fatos mencionados e a atividade literária em cada época, dando assim uma visão completa do desenvolvimento da Bíblia (p. 1904). Esse quadro cronológico está situado no contexto da formação do universo e do aparecimento dos avanços mais significativos da civilização humana. Essa referência ajudará a compreender a revelação paulatina de Deus ao povo de Israel e o processo de reflexão teológica do povo sobre a criação do universo e sobre a origem e a natureza do ser humano. Além disso, assinalam-se os acontecimentos sucedidos nos territórios bíblicos que tiveram um impacto especial na história da salvação. Os dados sobre as grandes culturas da Ásia e do continente americano situam a história da salvação no processo evolutivo da humanidade. A revelação de Deus sempre se mostra no acontecer da história. A história da salvação continua aqui e agora... e chegará à sua plenitude no final dos tempos.
Mapas A Bíblia do jovem apresenta mapas e esquemas que ajudam a identificar os lugares onde aconteceram os fatos mais relevantes relatados na Sagrada Escritura. Os mapas, inseridos nos capítulos sobre o mundo do Antigo e do Novo Testamento e nas apresentações dos livros, podem se facilmente consultados. Ver “Índice de mapas” (p. 1888).
Ilustrações e esquemas As ilustrações de cada livro da Bíblia foram introduzidas para que o leitor possa captar por meio delas a mensagem central do livro em estudo. Por isso, estão todas intituladas e têm a citação bíblica a que se referem. Os esquemas têm como finalidade ajudar a compreender aspectos da história da salvação difíceis de serem entendidos devido à sua complexidade (tábua dos reis e profetas), ao vocabulário confuso (tribos de Israel) ou às tradições e fatos desconhecidos (templo de Jerusalém).
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índices
A
Bíblia do jovem tem oito índices que ajudam a penetrar na mensagem da Bíblia e a aproveitar ao máximo os comentários para a pastoral bíblica.
Atos e ensinamentos principais. Apresentação de histórias do Antigo e Novo Testamento, ensinamentos, parábolas e milagres de Jesus (ver p. 1863).
Comentários para a fé e a vida. Apresentação de aspectos importantes da fé que iluminam situações significativas da vida do jovem (ver p. 1866).
Orações bíblicas. Apresentação de orações litúrgicas e outros para diversas ocasiões; além dos principais salmos segundo seu gênero literário (ver p. 1881).
Personagens. Aqui são apresentados personagens importantes na história da salvação (ver p. 1883).
Perspectiva católica. Este índice apresenta ensinamentos do Magistério sobre certos textos bíblicos e tradições próprias da Igreja Católica (ver p. 1885).
Bases bíblicas dos sacramentos. Apresentação de passagens bíblicas que fundamentam a teologia e os rituais dos sete sacramentos na Igreja Católica (ver p. 1886).
Símbolos bíblicos. Aqui, surgem os símbolos bíblicos que nossa Igreja emprega para comunicar a Palavra de Deus de maneira visual, ilustrados e comentados (ver p. 1887).
Mapas e esquemas. Apresentação de mapas, quadros sinóticos e esquemas incluídos nesta Bíblia (ver p. 1888).
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Guia
a para manusear
Bíblia
A
o citar-se um texto da Bíblia, indica-se de forma abreviada o nome do livro (ver lista de abreviaturas na página seguinte) e os números dos capítulos e dos versículos (estes, separados por hífen) para indicar onde começa e termina a citação. Exemplo:
Gn 12,8-12 Quando são citados capítulos inteiros, não aparecem os versículos. Exemplo:
Mt 5–7 = Mateus, capítulos do 5 ao 7. Quando a citação é do mesmo livro, não se repete seu nome. Exemplo:
Mt 5,43-48; 7,12-18 = Mateus, capítulo 5, versículos 43 ao 48, e Mateus, capítulo 7, versículos 12 ao 18. Quando a citação é longa e abrange dois ou mais capítulos de um mesmo livro, coloca-se um travessão entre o capítulo e versículo iniciais e o capítulo e versículo finais. Exemplo:
Mt 6,19–7,12 = Mateus, desde o versículo 19 do capítulo 6, até o versículo
12 do capítulo 7.
Quando se citam trechos de um mesmo capítulo, que não são seguidos, os versículos de ambos os trechos devem ser separados por um ponto. O mesmo acontece com os versículos, que devem ser separados por ponto, caso a leitura seja separada. Exemplos:
Mt 6,1-4.16-18 = Mateus, capítulo 6, desde o versículo 1 até o 4 e desde o versículo 16 ao 18.
Mt 6,1-4.16.24 = Mateus, capítulo 6, versículos do 1 ao 4, versículos 16 e 24. Quando se fazem várias citações de um mesmo livro e capítulo, embora estejam em trechos separados, não é preciso repetir o nome ou a abreviatura do livro. Exemplo: A primeira parte do Salmo 18 louva a harmonia da natureza com as leis que Deus lhe deu. (Sl 18,1-7). Depois menciona como a criação anima a vida das pessoas (vv. 8-11). Finalmente, assinala nossa atitude diante das obras de Deus (vv. 12-15). Quando se cita textualmente uma passagem, escreve-se em itálico, seguido de sua citação. Exemplo: O Senhor fez conhecer a sua salvação (Sl 97,2).
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Quando a referência a uma passagem é feita de modo indireto, coloca-se apenas a citação. Exemplo: Oseias profetiza contra a infidelidade do povo e dos sacerdotes (Os 4–9).
Livros
e
abreviaturas
Bíblicas
s Mensagem dos Bispo II: no Concílio Vaticano
... Cora tu ri sc E a d ra g a S cil acesso à Os fiéis devem ter fá nível a todas as o p is d r ta es e d m te eus mo a Palavra de D rno, fazer trate a m o d a id cu m co cura, s, providas a idades, a Igreja pro u g n lí s sa er iv d ra a ptadas p erão os fid o p duções exatas e ada im ss a s; vo ti a ente inform de comentários realm com segurança e proveito a Escriusear lhos da Igreja man e seu espírito. tura e penetrar-se d 5
Dei Verbum n. 22-2
Mensagem de J oão Paulo II à juventude do sé culo XXI: Meus queridos jo vens, que o Evangelho se converta em um tesouro bastante no estudo atento ap e na acolhida ge nerosa da Palavra reciado: vocês encontrarã do Sen o alim razões de um com ento e força para a vida de cada hor, promisso sem lim dia e as ites na construçã ção do amor. o da civilizaJoão Paulo II, X V Jornada Mu ndial da Juventu 2000, n. 4. de,
uma Bíblia do jovem?
Por que
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A
mensagem da Sagrada Escritura tem sido vital na Igreja da América Latina desde a primeira evangelização. A partir do Concílio Vaticano II, os bispos motivaram com esmero a leitura contínua da Bíblia e animaram a que todas as pessoas tornem vida a Palavra de Deus em suas circunstâncias e situações concretas. Em Medellín, os bispos pediram que se expresse o Evangelho de modo que todos os grupos na Igreja o compreendam e o façam vida em sua própria realidade1. Em Puebla, destacaram que a Sagrada Escritura deve ser a alma da evangelização, da catequese e da liturgia, para responder à ansiedade crescente da Palavra de Deus2. Em Santo Domingo, salientaram a urgência da formação bíblica dos catequistas e agentes de pastoral, e de uma pastoral bíblica que sustente a Nova Evangelização, ofereça o encontro com a Bíblia em nossa Igreja e responda às deficiências de uma interpretação fundamentalista3. Graças a este impulso e ao trabalho de muitos agentes de pastoral, a Bíblia vem sendo difundida nas comunidades cristãs, e muitos jovens procuram nela luz e orientação para sua vida. Também existe uma grande sede da Palavra de Deus nos jovens e um zelo apostólico em grupos e movimentos juvenis, que buscam na Sagrada Escritura seus esforços pastorais. Por estas razões, oferecemos a Bíblia do jovem aos jovens de todo o continente americano, assim como aos agentes de pastoral e pais de família que querem fazer chegar a palavra de Deus à juventude. A existência de uma mesma Bíblia em português, espanhol e inglês proporciona uma oportunidade única para o encontro da Igreja jovem em toda a América, segundo o que ficou expresso em Ecclesia in America e na Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a América4. A Bíblia do jovem é um presente que dá vida para todos os jovens latino-americanos, desde o Canadá até a Terra do Fogo e todo o Caribe, e um legado para as gerações jovens no começo do Terceiro Milênio. Instituto Fé e Vida Editorial Verbo Divino
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Desenvolvimento e características da
bíblia do jovem 26
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Bíblia do jovem foi organizada a partir da Biblia católica para jóvenes, uma edição para jovens de língua espanhola em toda a América. Foi criada pelo Instituto Fe y Vida, cuja missão principal é capacitar lideranças para a pastoral juvenil entre latinos nos Estados Unidos. Ela foi inspirada na The Catholic Youth Bible (CYB), Bíblia em inglês para adolescentes e jovens. Agora também temos esta edição, para os jovens de língua portuguesa. Atendemos assim as três línguas mais faladas no continente americano.
MATERIAL DE APOIO PARA CONHECER, REZAR E TORNAR VIVA A PALAVRA DE DEUS O material de apoio desta Bíblia foi preparado pelo Instituto Fe y Vida e por uma equipe adjunta. As seções sobre o mundo do Antigo e do Novo Testamento são uma versão abreviada de seu original na Bíblia da América. A elaboração do material de apoio visou: • Responder às necessidades espirituais e à realidade pastoral da juventude latino-americana em todo o nosso continente. • Fomentar uma pastoral bíblica evangelizadora, comunitária e missionária em harmonia com as linhas estabelecidas pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) para a pastoral juvenil. • Oferecer introduções e comentários com uma exegese bíblica sólida, que fundamentem a fé cristã e a formação bíblica do jovem. • Mostrar os fundamentos bíblicos da tradição católica, tanto em sua dimensão oficial (Tradição e Magistério) como em aspectos relevantes da religiosidade popular latino-americana (tradição).
O TEXTO BÍBLICO DA BÍBLIA AVE-MARIA O texto bíblico utilizado na Bíblia do jovem é o mesmo da Bíblia Ave-Maria, conhecida no Brasil há mais de cinquenta anos. A semente da Bíblia Ave-Maria foi plantada em 1957, poucos anos antes da realização do Concílio Vaticano II (1962-1965). A decisão da Editora Ave-Maria de traduzir e publicar no Brasil a Bíblia em português foi uma iniciativa inovadora. Na época, não havia em nosso país edições acessíveis dos textos bíblicos. As que existiam eram importadas e caras. 26
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Um conhecido orientador de cursos sobre Sagradas Escrituras, frei João José Pedreira de Castro, diretor do Centro Bíblico Católico de São Paulo e vice-diretor da Liga dos Estudos Bíblicos (LEB), soube da intenção da Editora Ave-Maria e se juntou ao projeto. A tradução para o português foi feita a partir do texto francês dos monges de Maredsous – religiosos que vivem em um mosteiro beneditino fundado no século XIX, na Bélgica –, tendo sempre como referência os originais hebraico, aramaico e grego. A Bíblia Ave-Maria primou pela harmonia das frases, em uma linguagem simples e transparente. Os salmos foram preparados por um músico, frei Paulo Avelino de Assis, que teve preocupação esmerada com a sonoridade dos versos. Tamanho foi o cuidado e o capricho, que os editores escolheram um artista para transcrever, com as melhores palavras, o lirismo desses textos sagrados. O pioneirismo de publicar uma Bíblia de grande difusão se alinhava ao direcionamento da Igreja, que começava a incentivar, cada vez mais, o estudo das Sagradas Escrituras. Com o passar dos anos, foram surgindo grupos de estudo bíblico nas dioceses, nas paróquias e nas comunidades. A Bíblia Ave-Maria foi conquistando espaço e tem hoje presença forte nas comunidades de base, nas capelas, nos grupos de oração, nas reuniões domiciliares etc. Ao longo do tempo, ela se mantém como importante instrumento de aprendizado e de oração entre os fiéis católicos, e agora, se apresenta de modo particular aos jovens nesta edição.
O ANÚNCIO DA PALAVRA DE DEUS E OS JOVENS Na XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, realizada no Vaticano de 5 a 26 de outubro de 2008, foi reservada uma atenção particular ao anúncio da Palavra divina feita às novas gerações: Os jovens já são membros ativos da Igreja e representam o seu futuro. Muitas vezes encontramos neles uma abertura espontânea à escuta da Palavra de Deus e um desejo sincero de conhecer Jesus. De fato, na idade da juventude, surgem de modo irreprimível e sincero as questões sobre o sentido da própria vida e sobre a direção que se deve dar à própria existência. A estas questões só Deus sabe dar verdadeira resposta. Esta solicitude pelo mundo juvenil implica a coragem de um anúncio claro; devemos ajudar os jovens a ganharem confidência e familiaridade com a Sagrada Escritura, para que seja como uma bússola que indica a estrada a seguir. Para isso, precisam de testemunhas e mestres, que caminhem com eles e os orientem para amarem e por sua vez comunicarem o Evangelho sobretudo aos da sua idade, tornando-se eles mesmos arautos autênticos e credíveis. (Verbum Domini, 94)
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Equipe
de
28 colaboradores
da edição em
Espanhol
Direção e edição geral: Carmen María Cervantes Coordenação: Maria Pilar Cervantes Gutiérrez Escritores: Javier Algara Cossío María Elena Cardeña Carmen María Cervantes María Pilar Cervantes Gutiérrez Rudolf Finke Leticia Medina Armando Noguez Alcántara Ángel Manuel Del Río Rubio Emerenciano Rodríguez Jobrail Artigos culturais: Mayela Margarita Campos Castro Guillermo Campuzano Adela Rosa Castro Reyes Antonio Medina Rivera Nohemy Montaño Ted Schimdt Clodomiro L. Siller A. Vilma Reyna Steve Roe Moderador episcopal: Carlos A. Sevilla Ilustração dos Símbolos bíblicos e Sagrada Família: Gabriel Chávez de la Mora Índices e planos de leitura: Ken Johnson-Mondragón Pesquisa, consulta e apoio: Michäel Boudey, María Victoria César, Manuel Corral Martín, María Luisa Curiel Monteagudo, Julián Fernández Gaceo, Reynaldo Luna Velasco, Walter F. Mena, Graciela Ortiz-Matty, família de la Parra (Alfonso, Isabel, Mariluz, María de los Ángeles, Rafael), Patricia Olvera, Rosa María Padilla Lamadrid, Adriana Visoso-Valverde
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Perguntas
e respostas 30
sobre
a bíblia
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Bíblia, também conhecida como Sagrada Escritura, nos apresenta o amor de Deus à humanidade, nos ajuda a responder a seu chamado, nos ensina as verdades importantes de nossa fé cristã e nos questiona sobre como vivemos e nos relacionamos com os outros. Para muitas pessoas, o estudo da Bíblia desperta perguntas cheias de significado. Nesta introdução e nos artigos “Sabia que...?” e “Perspectiva católica”, você encontrará respostas para as perguntas mais frequentes.
O que tem a ver com minha vida um texto escrito há tanto tempo? Na Bíblia, Deus se relaciona amorosamente com cada pessoa; sua mensagem é para todas as culturas e todos os tempos históricos. Deus nos busca em todas as circunstâncias da vida e, ao nos aproximarmos com fé de sua Palavra, descobrimos o que nos diz no momento atual. A Bíblia não se desgasta com o tempo. Será significativa agora se a interpretarmos em seu próprio contexto e buscarmos como aplicar a mensagem de Deus à nossa vida. Esse processo de ler a Bíblia na perspectiva de nossa vida se chama atualização.
Em que consiste a inspiração divina na Bíblia? Deus comunicou à humanidade seu plano de salvação por meio de pessoas concretas, membros de um povo e uma cultura determinados, que viveram e transmitiram sua mensagem para o bem de toda a humanidade. Por isso, pode-se dizer que a Bíblia contém três tipos de inspiração: “inspiração para agir” segundo o plano de Deus; “inspiração para falar” em nome de Deus; e “inspiração para escrever” a mensagem que Deus quis nos comunicar para nossa salvação. Na composição dos livros sagrados, Deus se serviu de homens escolhidos que, usando todas as suas faculdades e talentos, agiram movidos por ele, “para deixar por escrito tudo e só o que Deus queria”1. O Concílio Vaticano II reafirmou que a Bíblia “é Palavra de Deus” porque está escrita por inspiração do Espírito Santo. Por isso usamos a expressão “Palavra do Senhor” ao terminar as leituras dos livros bíblicos na liturgia. 30
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Falou Deus diretamente aos escritores da Bíblia? O Espírito Santo inspirou a cada autor para que comunicasse a revelação de Deus através da história da salvação. Isso não quer dizer que lhes ditou sua mensagem ao pé da letra, mas que cada um escreveu segundo o contexto histórico-cultural em que viveu, usou sua criatividade e empregou os gêneros literários comuns e apropriados para expressar a mensagem em sua época. Alguns livros contêm relatos orais provenientes de diferentes tradições, motivo por que existem relatos repetidos com variações entre si; também existem livros escritos por vários autores ao longo de diferentes décadas. Em ambos os casos, outro escritor sagrado realizou a redação final combinando tradições e escritos anteriores. Nós cristãos cremos todos que o Espírito Santo guiou todas as pessoas que participaram desse processo.
A Bíblia nos diz a verdade? Existem “erros” na Bíblia? A Igreja Católica crê “que os livros sagrados ensinam solidamente, fielmente e sem erros a verdade que Deus fez consignar nesses livros para a nossa salvação”2. O Magistério de nossa Igreja nos dá orientações que nos ajudam a interpretar corretamente os diferentes sentidos da Bíblia (ver “Basta a Bíblia para fundamentar a fé?”, p. 33). Alguns grupos cristãos creem que a Bíblia é infalível em todos os aspectos, inclusive nos dados científicos e históricos. A Igreja Católica e outras Igrejas cristãs creem que essas questões não estão incluídas na infalibilidade da Bíblia.
O que podemos fazer se encontramos um “erro” na Bíblia? Os “erros” que encontramos na Bíblia podem ser devidos a problemas de interpretação, de transmissão ou de tradução de um texto. Por isso, é importante estudar a Sagrada Escritura apoiados por pessoas capacitadas e livros cuidadosamente escritos. Se encontrarmos “erros”, recomenda-se fazer o seguinte: 1. Descobrir o que queriam comunicar os autores sagrados e o sentido do texto. 2. Considerar a cultura, os gêneros literários e as formas de sentir, falar e narrar do tempo em que se escreveu o texto. 3. Ver se o “erro” se deve a diferenças culturais e científicas entre o autor e nós. 31
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O que são os gêneros literários? Os gêneros literários são diversas formas de expressão escrita que têm suas próprias regras. Correspondem à época e à cultura em que foram usados. Quando não se considera o gênero literário de um texto bíblico, é fácil cometer erros. Por exemplo, interpretar textos que dão uma mensagem religiosa como se fossem reportagens históricas ou científicas; ler as exortações e motivações como se fossem leis; considerar ensinamentos-chave de Jesus como se não fossem importantes ou ver as parábolas que comunicam um ensinamento moral como se fossem histórias reais.
O que são os sentidos da Bíblia? Conhecem-se como “sentidos da Bíblia” os diferentes níveis de interpretação que podem ser dados aos textos bíblicos. Estes são: 1. Sentido literal. O sentido literal é o expresso diretamente pelos autores humanos inspirados por Deus; é indispensável e base para os outros sentidos. Pode ser próprio ou metafórico, conforme o sentido que o autor deu às suas palavras, e pode se referir a uma realidade concreta ou a diferentes níveis de realidade. Por isso, é muito importante não cair no literalismo (interpretar todos os textos ao pé da letra) ou no subjetivismo (interpretar um texto segundo o que o leitor capta ou deseja ler nele)3. 2. Sentido espiritual. O sentido espiritual é o expresso por um texto bíblico quando lido à luz do Espírito Santo no contexto do mistério pascal de Cristo e da vida nova que provém dele. Esse sentido sempre se baseia no sentido literal. O sentido tipológico, que manuseiam muitos escritores sagrados, consiste na interpretação de um texto antigo à luz de uma nova experiência de fé e é um exemplo do sentido espiritual4. 3. Sentido pleno. É o sentido profundo do texto, querido por Deus, mas não claramente expresso pelo autor humano. Descobre-se à luz de outros textos bíblicos ou em sua relação com o desenvolvimento interno da revelação. Na realidade, o sentido pleno, se é que o teria, seria já o sentido espiritual do texto em questão, e só podem dá-lo a Sagrada Escritura, a Tradição ou o Magistério da Igreja5. Portanto, pode-se dizer que um texto tem basicamente dois sentidos: o literal e o espiritual ou pleno. Primeiro é preciso buscar o sentido literal para poder descobrir o espiritual. Depois, deve-se perguntar se além disso existe algum sentido pleno-espiritual.
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Basta a Bíblia para fundamentar a fé? Nós católicos fundamentamos nossa fé em três fontes: a Bíblia, a Tradição e o Magistério da Igreja, os quais se relacionam e se exigem mutuamente. A Bíblia é a Palavra de Deus porquanto escrita por inspiração do Espírito Santo6 com a finalidade de se dar a conhecer à humanidade e comunicar-lhe seu plano de salvação. Cremos que aceitar só a Bíblia como fonte da fé a tornaria incompleta, e correríamos o perigo de cair em algum erro. A Tradição se origina na Palavra de Deus confiada aos apóstolos e transmitida a seus sucessores para que, guiados pelo Espírito da verdade, seja preservada, exposta e difundida entre todos os membros da Igreja7. Cristãos católicos, conservamos, praticamente, e professamos a fé recebida através da Sagrada Escritura e da Tradição. O Magistério da Igreja consiste na responsabilidade de cuidar da integridade dos ensinamentos da Bíblia e é exercido pelos bispos em união com o Papa. É o ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus, oral ou escrita... em nome de Jesus Cristo. O Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas sim a seu serviço, para ensinar o transmitido, pois por mandato divino e com a assistência do Espírito Santo o escuta devotamente, o guarda zelosamente e o explica fielmente8. Por que tem a Bíblia dois Testamentos? Deus quis comunicar-se pouco a pouco na história, para que a humanidade pudesse acolher sua revelação plena em Jesus. A etapa de preparação para a chegada de Jesus, o Filho de Deus, se reconhece como Antigo Testamento, e a etapa que vai do nascimento de Jesus à vida das primeiras comunidades cristãs chama-se Novo Testamento. “O Antigo Testamento prepara o Novo, enquanto este dá cumprimento ao Antigo; os dois se esclarecem mutuamente; os dois são verdadeira Palavra de Deus”9. Nossa fé cristã tem estreita relação com a fé judaica, expressada no Antigo Testamento, e alguns atos litúrgicos-chave em nossa Igreja, como a Eucaristia, se originam em acontecimentos centrais judaicos como a Páscoa. No Antigo Testamento, Deus escolhe Abraão e seus descendentes para formar o povo de Deus, e realiza uma aliança com Moisés, a quem deu a Lei. O Antigo Testamento apresenta a história religiosa do povo de Deus (chamado hebreu, israelita ou judeu, segundo a época). Alguns cristãos identificam o Antigo Testamento como “Escrituras Hebraicas”. No Novo Testamento, Deus se revela em plenitude dando-nos seu Filho: Jesus, o Salvador do mundo. Jesus era judeu e reafirmou as crenças centrais do Antigo Testamento. Com suas palavras e obras nos comunicou que Deus é nosso Pai; com seu mistério pascal realizou a aliança nova e 33
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eterna e nos deu o Espírito Santo para que sejamos seus discípulos e proclamemos seus ensinamentos. Os livros do Novo Testamento conservam os principais ensinamentos de Jesus e as crenças da comunidade cristã sobre ele.
Por que a Bíblia católica tem mais livros do que outras Bíblias? O povo judeu determinou os escritos inspirados por Deus e os considerou suas Escrituras Sagradas, constituídas por quatro seções: Pentateuco, Históricos, Proféticos e Outros Escritos. Os judeus tradicionais desconfiavam dos livros que haviam sido escritos em grego, pelos judeus, na diáspora, enquanto estes últimos os consideravam revelados. Tais livros são: Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, 1 e 2 Macabeus, e parte dos livros de Daniel e de Ester. O Novo Testamento cita parte desses livros; os apóstolos e os Padres da Igreja os reconheciam como revelação divina. A Igreja Católica os aceita e os emprega na liturgia, e lhes dá o nome de deuterocanônicos, que quer dizer “aprovados na segunda vez”. No século XVI, Lutero preferiu a opinião dos judeus tradicionais ao traduzir a Bíblia, e por isso outras igrejas cristãs não os tomam em consideração.
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Como
35 Estudar e compreender a bíblia
A
o estudar a Bíblia, deve-se ter em consideração os seguintes sete aspectos. De outra maneira, é possível deduzir mensagens equivocadas e inclusive contrárias ao que Deus quis dizer pela Sagrada Escritura. 1. Lembre-se de que a Bíblia é divina e humana ao mesmo tempo. A Bíblia é divina porque vem de Deus, e ele se revela através dela. É humana porque foi escrita por autores humanos que refletem sua personalidade, seus conhecimentos e sua cultura. Com palavras humanas, a Bíblia nos revela a natureza de Deus, seu plano para a humanidade e sua obra salvadora no mundo, a “história da salvação”. Tudo chega à sua plenitude em Jesus, salvador de todos. 2. Escute Deus que fala. A Bíblia nos permite um encontro com Deus que afeta toda a nossa pessoa; quando experimentamos sua presença, nosso discernimento é iluminado por seu Espírito. Quando refletimos iluminados com a Palavra de Deus, nos conhecemos melhor: quem sou eu? Que faço com minha liberdade, meus valores e limitações? A Bíblia nos chama a ser irmãos uns dos outros e a construir comunidade; relaciona-nos com a Igreja local e universal, e nela nos faz ver nossa vocação pessoal. Também nos une à sociedade e nos compromete a construir a Civilização do Amor. 3. Identifique o tema central do texto. Para compreender o sentido de um texto é preciso ler a introdução e então todo o livro. Os autores bíblicos escreviam com um tema central. Por exemplo, para saber o que queria Jesus ensinar na parábola do filho pródigo, ler os dois primeiros versículos do capítulo 15 de Lucas. Jesus respondia com esta história aos que o criticavam por acolher os pecadores. Esta parábola nos faz ver Deus como um Pai que espera nossa conversão para nos perdoar e nos abraçar, e que se alegra ao saber que um pecador se arrepende (Lc 15,11-32). 4. Situe historicamente o autor e os destinatários do livro. Existem passagens na Bíblia que só têm sentido na situação histórica do autor. A introdução de cada livro ajudará a conhecê-la. Por exemplo, em Amós 5,21-23, Deus diz a seu povo: Odeio, desprezo vossas festas, desgostam-me vossas celebrações... Afastai de mim o ruído de vossos cânticos, não quero mais ouvir a música de vossas harpas. Por acaso a Deus não apraz que o louvem? Examinar o contexto antes de chegar a conclusões. A introdução a Amós diz que Deus enviou esse profeta para converter os ricos que exploravam os pobres e ao mesmo tempo participavam de festas religiosas. Portanto, sua mensagem é que Deus recusa a hipocrisia e a injustiça. 35
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5. Considere a mensagem de toda a Bíblia. Um sábio refrão diz: “Use a Bíblia para interpretar a Bíblia”. A própria Bíblia pode ajudar você a entender as diferentes passagens. Busque os “lugares paralelos” ou “passagens semelhantes” de outros livros e recorde que a revelação plena é Jesus, visto que nem todos os textos têm o mesmo peso. Há os que se concentram em uma linha bíblica, ignoram o resto e chegam a conclusões absurdas. Por exemplo, algumas comunidades proíbem que as mulheres exerçam postos de liderança, apoiando-se em 1Coríntios 14,34, que diz: As mulheres guardem silêncio nas assembleias. Ignoram que em outras cartas Paulo louva as mulheres que exerciam o diaconato e eram líderes em sua comunidade (1Tm 3,8-13; Rm 16,1). 6. Interprete a mensagem em perspectiva cristã. Encontrar Deus em sua Palavra nos faz dirigir o olhar a nossos irmãos. Conhecer a Boa-Nova de Jesus nos leva a transmiti-la com amor aos que nos rodeiam. O Espírito Santo, que transformou e enviou os apóstolos em Pentecostes, nos enche de fé, amor e vida para proclamar a Palavra. Como diz Paulo: Ai de mim se não anunciar o Evangelho (1Cor 9,16). É ao viver nossa missão que aumenta nossa comunhão com Deus e se prolonga nosso encontro com Deus ao projetá-lo nos outros. 7. Atenda aos ensinamentos da Igreja. Consideramos, nós católicos, que para interpretar a Bíblia é preciso seguir os ensinamentos do Magistério da Igreja. Os bispos têm a responsabilidade de interpretar e ensinar adequadamente a revelação da Bíblia. Eles contam com a colaboração de especialistas bíblicos, sacerdotes e leigos capacitados. Os artigos intitulados “Perspectiva católica” salientam os principais ensinamentos da Igreja sobre passagens importantes.
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Como
rezar com a palavra de deus 37
Rezar é dialogar com Deus, mas para conversar com ele precisamos escutá-lo. Deus nos fala de maneira especial através de sua Palavra. É escutando-o que recebemos seu amor misericordioso, seu chamado a viver próximos dele e seu convite a colaborar na missão de Jesus. Sua Palavra nos deixa conhecer seus desígnios maravilhosos para nós e nos ajuda a descobrir o sentido de nossas vidas. A outra parte da oração é nossa resposta a Deus, a qual não acontece só nos momentos em que oramos, mas se estende à nossa vida inteira. Dessa maneira, nossas atividades diárias se transformam também em oração. Para viver em união com Deus, precisamos rezar tanto individualmente quanto em comunidade. A oração pessoal nos permite dialogar intimamente com nosso Criador, estreitar nossa relação com Jesus e gozar com a ação do Espírito Santo em nós. A oração comunitária reforça nossa fé, nos ajuda a deixar-nos guiar pela Palavra de Deus, exige de nós autenticidade diante de nossos irmãos, une-nos com a comunidade eclesial em todo o mundo e com a Igreja triunfante que já goza a eternidade de Deus.
PREPARAÇÃO PARA REZAR COM A PALAVRA DE DEUS Ler a Bíblia não é como ler outro livro qualquer. Aqui, a disposição que você tiver e a atitude que assumir são fundamentais. Ao rezar com a Bíblia, você compartilhará a experiência de muitos homens e mulheres através dos tempos. Entrará neste grande quadro em que muitos traçaram sua própria obra de arte ao terem se encontrado com Deus, um Deus vivo que ama, que opta por cada um de nós e que nos chama a ser construtores de seu Reino, profetas da esperança. Por isso, cumpre-nos pensar seriamente em nossa atitude no momento de embarcarmos na grande aventura do diálogo com Deus por meio da Sagrada Escritura. As recomendações a seguir irão ajudá-lo em sua peregrinação pelas páginas da Bíblia. Convidamos você a descobrir novas maneiras de se preparar para ler e rezar com o texto, e que as compartilhe com seus companheiros.
AME DEUS Ó Deus, tu és meu Deus, desde o amanhecer te desejo; estou sedento de ti, por ti anseio como terra sedenta, ressequida, sem água. Teu amor vale mais que a vida, louvar-te-ão meus lábios (Sl 62,2-4). Tenha um espírito aberto, desejoso, faminto de uma palavra de esperança e vida. Conserve uma posição externa e uma atitude interna que sejam coerentes com o que você está fazendo. Afaste-se um pouco da agitação cotidiana da vida; busque uma área tranquila da casa, um lugar quieto onde você se sinta bem e no qual ninguém o incomode. Dedique tempo suficiente para ficar em companhia de Deus e sua Palavra, sem pressa nem distrações, sem pensar em outros compromissos ou tarefas que você tenha de fazer. 37
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ABRA SEU CORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO Este é meu servo a quem escolhi, meu amado em quem me comprazo; derramarei meu espírito sobre ele, e anunciará o direito às nações (Mt 12,18). Comece com uma oração ao Espírito Santo, para que derrame paz e sossego sobre você durante os minutos que dedicar à oração com as leituras bíblicas, e peça-lhe que abra seu espírito e seu coração à mensagem que Deus lhe comunicará. Dê graças a Deus pela amizade e por esse momento tão especial. Se alguém ama a Deus, é porque foi conhecido amorosamente por Deus (1Cor 8,3). CELEBRE A GRANDEZA DE SEU SER O Senhor teu Deus está no meio de ti, ele é um guerreiro que salva. Dará pulos de alegria por ti, seu amor te renovará, por tua causa dançará e se alegrará, como nos dias de festas (Sf 3,17). Quando surge uma luz na meditação de alguma passagem bíblica, detenha-se nela para que a luz não se desvaneça e não se extinga; medite com calma as palavras, escreva-as ou, inclusive, memorize-as. Assim, essas palavras poderão acompanhá-lo ao longo da sua vida. FAÇA DA SUA VIDA UMA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu. Enviou-me a dar a boa-nova aos pobres, a curar os de coração despedaçado, a proclamar a libertação aos cativos e aos prisioneiros a liberdade (Is 61,1). Faça viva a libertadora história de Deus com a humanidade. Quem descobre o agir de Deus entre os homens e mulheres na história, a libertação incessante de situações sem saída, experimenta também a ação libertadora e orientadora de Deus. ENTRE NO DESERTO O anjo do Senhor disse a Filipe: – Põe-te a caminho para o sul pela estrada que desce de Jerusalém para Gaza através do deserto (At 8,26). Caminhe pelo deserto. Haverá trechos de caminho em que você sentirá sede, momentos de secura espiritual, de aridez emocional e palavras vazias. Então você tem de aguentar firme, mesmo que pareça que não tem nada. Você se admirará ao descobrir em sua vida que, tal qual em muitos relatos bíblicos, o deserto é precisamente o lugar onde você terá um encontro com Deus.
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DEIXE-SE TRANSFORMAR POR SEU AMOR! Quem nos separará do amor de Cristo? O sofrimento, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? (Rm 8,35). Escute o chamado à conversão. A Palavra de Deus nos compromete sempre. Deus, quando nos fala, exige que nossa vida mude, que renunciemos às coisas que nos amarram, que lancemos longe de nós as cargas excessivas, a fim de que possa chegar a libertação. Desta maneira você poderá fazer o que a Palavra lhe exigir. Deus não quer gente que se limite a ouvir, mas sim que ponha em prática sua Palavra (Tg 1,22). Pelo amor que tiverdes uns aos outros reconhecerão todos que sois meus discípulos (Jo 13,35). FINALMENTE... Recorde que estes são só lembretes para ajudá-lo a ter um bom diálogo com Deus. O mais importante é que você continue sua aventura do encontro com o Senhor, cada vez com mais alegria e entusiasmo.
ORAÇÃO INDIVIDUAL Leia diariamente a Bíblia com a finalidade de crescer em sua relação com Deus e em sua vida cristã. Existem muitas maneiras de rezar com a Palavra de Deus. Uma delas é a Lectio Divina (Leitura Divina), que levou muitas pessoas à santidade. A seguir, um roteiro meditativo que o ajudará a rezar com a Sagrada Escritura: Propicie um ambiente de recolhimento. Peça ao Espírito Santo que prepare seu coração para escutar a Deus. Examine o texto. Observe a situação histórica, o autor e os gêneros literários para compreender sua mensagem e não fazer uma interpretação apressada do texto. Que a Palavra una você a Deus. Rezar com a Bíblia é estabelecer uma relação com Deus, não é estudar uma matéria a mais. Vibre com a mensagem. Imagine-se nessa situação, participe dos sentimentos e pensamentos dos personagens, veja a ação amorosa de Deus neles. Identifique o que Deus quer lhe dizer. A atualização da Palavra leva à identificação entre você e a mensagem de Deus. Dialogue com Deus ao responder à sua Palavra. Descreva-lhe suas reações, seus temores e suas esperanças; ofereça-lhe respostas concretas. Aplique a oração à sua vida. A Palavra de Deus frutificará ao ajudar você em seu processo de conversão e crescimento espiritual, e ao conduzi-lo no compromisso de continuar com a missão de Jesus. 39
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REFLEXÃO E ORAÇÃO EM COMUNIDADE Ler e crer em comunidade com a Bíblia é responder a Deus que fala a seu povo. Isso se pode fazer em reuniões de grupos juvenis, em retiros, em pequenas comunidades e em grupos de oração. Para que a reflexão e a oração em comunidade deem fruto, é conveniente seguir um plano determinado, ter uma mínima organização comunitária e preparar-se bem. O animador deve estudar e rezar com o texto selecionado previamente, para assegurar sua sadia interpretação. Na reunião, guiará o processo e cuidará que todos participem. Periodicamente, é preciso avaliar o processo de reflexão e oração para melhorá-lo. Recomenda-se seguir os seguintes passos para a reflexão e a oração em comunidade: 1. Proclamar o texto. Uma pessoa lê em voz alta a passagem. As outras a escutam ou seguem em silêncio a leitura do texto em sua própria Bíblia. 2. Analisar o texto. Aos pares, ou de dois em dois, identificar o contexto histórico da leitura, os destinatários, a intenção do autor e o gênero literário. Situar o texto no livro bíblico, o capítulo em que se encontra e sua relação com as passagens anteriores e posteriores. 3. Refletir pessoalmente. Dá-se um tempo de silêncio, para que todos aprofundem a Palavra e identifiquem as ideias mais importantes. Podem voltar a ler individualmente o texto em sua Bíblia. 4. Descobrir o coração da mensagem. Todos oram em silêncio, buscam o que Deus quer comunicar à comunidade e compartilham o que Deus lhes inspirou. Em espírito de consenso, descobre-se a mensagem para a comunidade. Se há uma mensagem importante para si mesmo, conserva-se para a oração pessoal. 5. Rezar com o texto e saboreá-lo. Faz-se um momento de oração para que todos levem a seu coração a mensagem de Deus. Esta oração permite que a Palavra penetre no interior de cada um, os encha de alegria e de paz, os console e os desafie à conversão. 6. Iluminar com a mensagem a vida da comunidade. Todos refletem para ver sua realidade pela perspectiva de Deus: que acontece em nosso ambiente? Como Deus o vê? 40
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7. Identificar as ações solicitadas por Deus. A comunidade dialoga sobre o chamado de Deus nesse texto: que atitudes Deus nos pede que mudemos ou que adquiramos? Que ações devemos realizar? Sugere-se encontrar um símbolo ou escrever um lema para recordar e viver o compromisso dessa reunião. 8. Celebrar a palavra de vida. A celebração é o ponto culminante da reflexão comunitária. Deus se comunicou com a comunidade mediante sua Palavra para nos fazer fiéis seguidores de Jesus. Em cada reunião se escolhe o mais apropriado, de forma espontânea: expressar ação de graças, pedir perdão, oferecer a vida... e se entoa algum cântico apropriado. Além disso, convém oferecer de forma simbólica o compromisso assumido: pedir a Deus a graça de viver sua Palavra e convidar Maria para que nos ajude a ser fiéis seguidores de seu Filho.
Leitura litúrgica dominical A Igreja Católica segue um plano de leitura e oração com a Bíblia na Liturgia Eucarística e na Liturgia das Horas, chamado “lecionário”. A Bíblia do jovem apresenta o “lecionário dominical” e das festas importantes (ver p. 1897): O lecionário contém passagens do Antigo e do Novo Testamento, sendo o Evangelho o que orienta todas as leituras. A primeira leitura depende da mensagem que se enfatiza no Evangelho; o salmo responde em oração à primeira leitura e prepara para receber a mensagem do Evangelho. A segunda leitura se toma geralmente das cartas e às vezes do Apocalipse, salientando o mais importante de cada livro. O lecionário conduz a comunidade eclesial por um percurso através da Sagrada Escritura, para que a Palavra de Deus nos acompanhe na jornada da vida. Os evangelhos leem-se ao longo de três ciclos – conhecidos como “A”, “B” e “C” – que correspondem a Mateus, Marcos e Lucas. O evangelho de João se lê nos “tempos litúrgicos fortes”, que são Advento, Natal, Quaresma e Páscoa. Os Atos dos Apóstolos suprem o Antigo Testamento, como primeira leitura, durante o tempo pascal, devido à grande importância das primeiras comunidades cristãs. A Igreja recomenda aos fiéis que nos preparemos para celebrar a missa dominical refletindo previamente sobre suas leituras. Esse costume é bastante usado na pastoral do catecumenato e dos grupos juvenis de oração.
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Planos de leitura bíblica A Bíblia do jovem apresenta sete planos temáticos para penetrar na leitura da Sagrada Escritura (p. 1902). Convém começar pelo primeiro, “Um percurso pela Bíblia”, pois oferece uma vista panorâmica da Bíblia na perspectiva da história da salvação. Depois é recomendável ler um dos três evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos ou Lucas, para aprofundar seu conhecimento sobre Jesus. O evangelho mais curto e mais fácil de ler é o de Marcos. Você pode ler as introduções aos três evangelhos e escolher o que mais lhe chamar a atenção. Na sequência, poderá ler os outros evangelhos ou seguir lendo qualquer dos planos temáticos apresentados em sua Bíblia. Preferindo, crie seu próprio plano de leitura utilizando os índices que se apresentam no final (p. 1863-1888). Por exemplo, leia tudo sobre os sacramentos, ou sobre o que você tiver dúvidas, ou sobre os símbolos, ou sobre a riqueza das diferentes vivências culturais da Palavra de Deus.
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ANTIGO TESTAMENTO
O mundo
do antigo testamento 45
Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente a nossos antepassados por meio dos profetas. Agora, neste momento final, nos falou por meio do Filho. Hb 1 1-5
O texto anterior expressa de um modo conciso e claro a fé cristã na revelação divina contida na Bíblia. O Antigo Testamento tem muitas e variadas “palavras antigas” que Deus dirigiu a “nossos antepassados”, ou “nossos pais”, por meio das pessoas às quais se foi revelando, os profetas e os autores bíblicos entre eles. Essas palavras de Deus foram expressadas em distintos momentos e circunstâncias históricas, e em linguagens humanas variadas e diversas. Embora seja certo que Deus se revelou plenamente em Jesus, que nos transmitiu as palavras definitivas de Deus, isso não invalida nem suprime as palavras com que Deus se revelou ao povo de Israel no Antigo Testamento (Mt 5,17). Ao contrário, a leitura e a compreensão do Antigo Testamento nos ajudam a conhecer e valorizar melhor Jesus e sua mensagem. Esta introdução, com suas três partes – o marco histórico, os livros e os temas teológicos do Antigo Testamento – tem como finalidade ajudar a que essas “palavras antigas” se convertam em vivas e atuais, que a geografia distante seja um terreno familiar, que a história daquela época faça parte de nossa própria história e que as linguagens diferentes e variadas possam traduzir-se sem traição ao nosso idioma. Assim poderemos receber a riqueza da mensagem que Deus nos dá através desses textos e participar ativamente do sublime diálogo de amor que Deus estabelece com as pessoas.
MARCO HISTÓRICO DO ANTIGO TESTAMENTO
Povos e pessoas, somos todos filhos de nosso tempo e nosso espaço. Para compreender os escritos nos quais o antigo povo de Israel compartilha sua história e suas vivências religiosas, é preciso situá-los no marco geográfico, no acontecer histórico e no contexto sociocultural nos quais surgiram. A terra do Antigo Testamento A maior parte da história bíblica se desenvolve em um território estreito e longo, com menos de cem quilômetros de largura, entre o mar Mediterrâneo e os grandes desertos da Síria e da Arábia. Essa franja de terra foi berço de várias civilizações e é ponto de encontro de três continentes: Ásia, África e Europa. A parte Sul foi chamada país de Canaã por seus antigos moradores, Palestina, por um de seus povos ocupantes, os filisteus ou “pelistin”, e Israel, devido ao cognome do patriarca Jacó. Essa região é parte de um conjunto geográfico mais amplo chamado Crescente Fértil, devido à sua forma de meia lua e à fertilidade de suas terras. Em seus extremos estão o delta do rio Nilo e a desembocadura dos rios Tigre e Eufrates, e seu centro se situa na altura dos desertos da Síria e da Arábia, zonas intransponíveis na Antiguidade. A região está irrigada também por outros rios menores, como o Orontes, o Litani e o Jordão. Nesta grande região, sobretudo entre o Tigre e o Eufrates e no vale e delta do Nilo, viveram povos importantes, unidos por grandes vias de comunicação. Tinham um intercâmbio comercial intenso e frequentemente compartilhavam ideias, cultura e religião, entrando, a despeito disso, em contínuos conflitos armados. Comunicavam-se com a Índia através do Irã, com a África através do Egito e da Núbia, e com a Europa por meio dos fenícios, os quais comercia-
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Rio Eufrates
Mar Mediterrâneo
Lago da Galileia
Palestina
Mar Cáspio Rio Tigre
Mesopotâmia
Rio Jordão
Sinai
EGITO
Golfo Pérsico
Rio Nilo
O Crescente Fértil
Mar Vermelho
O CRESCENTE FÉRTIL
vam com as ilhas gregas de Chipre, Creta e Jônia, e, mais tarde, com a Grécia continental e com a Espanha. A maior parte da história de Israel se desenvolveu no centro desta região. Mas alguns fatos significativos, como a opressão egípcia e o exílio babilônico, ocorreram em seus extremos: no delta do Nilo e na baixa Mesopotâmia. Os povos do Antigo Testamento A situação geográfica e os povos vizinhos de Israel influíram profundamente em sua história. Mesopotâmia e Egito, as grandes potências, que desde os dois extremos do Crescente Fértil procuravam estender sua influência e seu domínio, desempenharam papéis definitivos na vida dos israelitas.
Mesopotâmia
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Mesopotâmia – cujo nome significa “entre rios”, por estar entre o Tigre e o Eufrates – foi o primeiro grande foco de civilizações e culturas. Muitos povos e etnias viveram ali, e vários impérios dominaram a região sucessivamente.
Em 3000 a.C., os sumérios criaram a primeira grande civilização. A seguir vieram os acádios, de origem semita (2370-2230 a.C.). Depois houve um breve renascer sumério, com sua dinastia de Ur (2060 a.C.), que terminou com a chegada dos amorreus, os quais deram origem aos grandes impérios da Assíria e da Babilônia (séc. XX-XVI a.C.). Os cuchitas, hurritas, hititas e arameus dominaram a região (séc. XVI e X a.C.) até que ressurgiu o império assírio (séc. IX a.C.), que acabou com os reinos de Damasco e de Israel (735-721 a.C.) e transformou Judá em reino vassalo (701 a.C.). Ao decair o império assírio, Babilônia toma sua capital, Nínive (612-605 a.C.). O novo império babilônico, dirigido pelo seu rei Nabucodonosor, conquista o antigo território assírio, estende seu domínio até o Egito, aniquila Judá e deporta grande parte de seus habitantes (587 a.C.). O império persa, sob a liderança do rei Ciro, vence Babilônia (539-331 a.C.), mas sucumbe diante do avanço de Alexandre Magno, procedente da Grécia. Mesopotâmia deixa de ser
o centro do poder político-cultural, que se desloca para o mundo mediterrâneo, primeiro com o império greco-macedônico e, posteriormente, com o império romano como protagonistas.
secundário na política internacional. Mesmo assim, a influência egípcia continuou durante a monarquia unida e o reino de Judá. Muitos elementos de sua cultura, sua administração e sua religião foram integrados à vida e às instituições do povo israelita.
Egito
Mundo greco-romano
Por sua proximidade, sua história milenar e seu desenvolvimento, o Egito foi talvez o povo que mais influenciou a Palestina, sobretudo ao convertê-la em uma espécie de protetorado ou província egípcia (1900-1500 a.C.). Durante um século e meio, os hicsos, semitas originários da Palestina, governaram o Egito e estabeleceram laços de sangue, cultura e religião com seus habitantes. Quando os hicsos foram expulsos, começou uma etapa de forte pressão sobre a Palestina e uma situação séria de opressão para os israelitas no Egito (1304-1184 a.C.). Com a invasão dos povos do mar – filisteus procedentes das ilhas do mar Egeu –, inicia-se a decadência do Egito, que passa a exercer um papel
As culturas dos povos do mar Egeu, em especial os filisteus, influíram sobre Canaã desde 2000 a.C. Esta influência se acentuou na época persa e chegou a seu cume durante o grande império greco-macedônico fundado por Alexandre Magno (333-323 a.C.) e os reinos helenistas que o sucederam. O helenismo – fenômeno sociocultural caracterizado pela expansão da língua e da civilização gregas – causou impacto definitivamente na comunidade israelita da Palestina e da “diáspora” (dispersão pelo mundo). Essa influência se manteve inclusive sob o domínio dos romanos, até o fim da nação judaica, no tempo do imperador Adriano (63 a.C.-135 d.C.).
Mar Morto Hurritas
Hititas
Mar Cáspio
Rio Eufrates Rio Tigre Assírios
Amorreus
Medos
Povos do Mar
Persas
Arameus Mar Mediterrâneo Cananeus
Acádios
Cuchitas Sumérios
Sinai
Egípcios Rio Nilo
Árabes
Golfo Pérsico
Mar Vermelho POVOS DO ANTIGO TESTAMENTO
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Povos vizinhos
As grandes etapas da história de Israel A fé de Israel é essencialmente histórica. Seu único Deus, o Senhor, se revelou mediante sucessivas intervenções através dos séculos, fazendo da história o lugar e o meio privilegiado de sua relação com o povo e o ambiente vital no qual se desenrolam suas escrituras sagradas.
As origens
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A formação de Israel como povo abrange oito ou nove séculos, que escapam quase por completo ao historiador, salvo as recordações de acontecimentos e personagens transmitidos por tradição oral. Essas memórias, cotejadas com fontes históricas do Antigo Oriente Próximo e com descobertas arqueológicas, oferecem dados importantes sobre suas origens, nos quais se destacam três grandes etapas: 1. A história dos patriarcas. A frase Meu pai era um arameu errante (Dt 26,5)
Fenícios
Harã Basã
Lago da Galileia Mar Mediterrâneo
Rio Jordão Canaã
Amon Filisteus
Mar Morto
Os povos vizinhos influenciaram mais diretamente Israel, porém sem ameaçar sua existência, como as grandes potências. Os cananeus – conjunto de tribos organizadas em cidades-Estado que tinham uma mesma língua e certa unidade cultural e religiosa – habitaram o mesmo território antes e durante a ocupação israelita. Havia pequenos reinos com os quais os israelitas estavam aparentados, mas tinham conflitos contínuos com eles. Os amonitas e os moabitas descendiam de Amon e Moab, sobrinhos de Abraão (Gn 19,36-38), e os idumeus e arameus, de Esaú e de Labão, tio e sogro de Jacó. Os filisteus, ao sul da costa, foram os estrangeiros por excelência e os inimigos mais incômodos de Israel até o reinado de Davi. Os fenícios – marinheiros e comerciantes, com suas grandes cidades de Biblos, Tiro e Sidon a noroeste – mantiveram relações amistosas com Israel e tiveram uma influência religiosa forte no reino do Norte.
Moab
Edom POVOS VIZINHOS DE ISRAEL
resume as tradições patriarcais registradas na história das origens de Israel (Gn 12–50). Os patriarcas ou antepassados de Israel eram pastores seminômades de ovelhas e cabras, na franja semidesértica do Crescente Fértil, no segundo milênio a.C. Com o tempo, tornaram-se sedentários e chegaram a dominar regiões ocupadas por outros grupos. As tradições bíblicas situam nesse amplo período Abraão, Isaac, Jacó/Israel e seus filhos, que deram nomes às doze tribos e que se consideram seus antepassados mais diretos. Segundo dados históricos e arqueológicos provinham da Mesopotâmia (Abraão de Ur e Jacó de Harã) e perambularam pelo centro e pelo sul da Palestina entre os séculos XVIII e XVI a.C. Esses grupos estão vinculados com o “deus do pai”, que lhes faz importantes promessas para sua descendência. Parte deles vivem no Egito durante cerca de quatro séculos, entre a época dos hicsos e o enfraquecimento do poder egípcio sob Amenófis IV (1720-1347 a.C.).
2. Permanência no Egito. A permanência no Egito, a opressão e, sobretudo, a libertação, narradas no livro do Êxodo, constituem o coração do credo de Israel e o ponto de partida de sua história como povo. Três fatos ressaltam no relato: a saída do Egito graças à intervenção de Deus (Ex 7–12); a passagem pelo Mar Vermelho (14–15); e o encontro com Deus no Sinai, onde os israelitas celebram uma aliança com ele (19–24). O processo que permitiu a libertação do Egito foi, sem dúvida, complexo, e continua sendo difícil comprová-lo, pois está escrito como uma grande epopeia com traços lendários e litúrgicos. Pode ter começado por volta de 1250 a.C., sob Ramsés II, quando vários grupos semitas, submetidos a trabalhos forçados, puderam fugir guiados por Moisés. O relato do êxodo funde duas tradições distintas: a) o êxodo-expulsão, quando os hicsos foram expulsos; e b) o êxodo-fuga, dirigido por Moisés, o qual ficou como a tradição predominante. 3. Conquista e assentamento em Canaã. Estes fatos, como os anteriores, são vistos como resultado de intervenções divinas. A Bíblia apresenta duas versões: Josué 1–12 relata a conquista graças a três rápidas e vitoriosas campanhas de “todo Israel” dirigidas por Josué. Juízes 1 a narra como um processo lento e progressivo que não afetou os enclaves cananeus mais bem fortificados, o que parece estar mais próximo da realidade. A época dos juízes está envolvida entre brumas e recordações épicas e lendárias, de caráter local. Israel adota e adapta elementos religiosos e culturais cananeus, e se alia a tribos vizinhas para enfrentar diversas ameaças.
A monarquia ou reino unido
A monarquia nasceu diante da insuficiência do sistema tribal para resistir aos saqueadores nômades e às ameaças de outros povos, sobretudo os filisteus (séc. XI-X a.C.). Com a monarquia, Israel se constitui plenamente como nação, com instituições que lhe permitem começar a escrever sua história: escribas, anais reais e arquivos.
Seus três primeiros reis estabelecem e desenvolvem o reino, mas este, na quarta geração, se divide. O quadro da p. 57 apresenta uma visão de conjunto do reino unido e a divisão deste, com sua sucessão de reis e os profetas que aparecem em diferentes momentos e lugares. 1. Saul. A primeira experiência monárquica com Saul fracassou, talvez porque fosse muito semelhante à estrutura tribal, e não tinha capital permanente, exército regular nem o apoio e a legitimação suficientes. O próprio Saul teve traços de juiz e foi aceito só por algumas tribos (1030-1010 a.C.). 2. Davi. Um membro da tribo de Judá foi quem conseguiu consolidar e institucionalizar em poucos anos o modelo monárquico (1010-970 a.C.). Eleito rei pelas tribos do Sul, foi aceito pouco depois pelas tribos do Norte, conseguindo a unidade nacional pela primeira vez. Davi fortalece a nova nação ao vencer e dominar os reinos vizinhos até o norte da Síria e conquistar Jerusalém, que passa a ser a capital política e religiosa de todas as tribos. Estabelece as bases de uma organização interna com um exército de mercenários e um corpo de funcionários especializados. 3. Salomão. O rei Salomão, filho de Davi, aperfeiçoa a organização do Estado (970-931 a.C.). Cria um sistema administrativo, impulsiona o comércio e promove obras de construção, entre as quais se destaca o templo de Jerusalém, centro religioso de reunião das tribos e sinal da presença permanente de Deus no meio de seu povo. Embora já existissem poemas e relatos, com a monarquia, em particular com Salomão, começa a tomar impulso a atividade literária em Israel. Também se consolidam o profetismo e o sacerdócio, instituições muito fortes na história de Israel. Não obstante, o reinado de Salomão terminou com graves problemas internos e externos que levaram o reino à sua divisão.
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1. O reino do Norte (Israel). Tinha os territórios mais ricos e populosos, mas sofreu mais pressões internas e externas. Conheceu períodos de esplendor sob Amri, que fundou sua capital, Samaria, e com Acab e Jeroboão II, em cujo reinado surgem Amós e Oseias, os primeiros “profetas escritores”. Sua grande instabilidade interna, evidente nas nove dinastias que reinaram em duzentos anos, fizeram-no fácil presa do império assírio. Primeiro exigiu tributos, depois tomou Samaria e deportou seus habitantes e, por fim, converteu Israel em província assíria (722 a.C.).
Os israelitas conseguiram sobreviver à grande crise política e religiosa do exílio graças aos sacerdotes e profetas, entre eles Ezequiel e o Segundo Isaías, os quais os sustentaram e impulsionaram a obra da restauração. Ao refletir sobre o passado, explicaram a catástrofe em termos de responsabilidade nacional, e encontraram, em sua tradição, novas perspectivas de esperança e continuidade. Com isso, montaram as bases de uma nova identidade mais religiosa que política, na qual tomaram importância a circuncisão, o sábado, a observância da Lei e a inquebrantável afirmação de Javé como único Deus.
2. O reino do Sul (Judá). Este reino, menor e com menos recursos, foi mais estável graças à “teologia da sucessão davídica” e por ter sofrido menos pressões inimigas. Recebeu uma forte influência da política egípcia, por sua proximidade geográfica. Teve momentos brilhantes com os reis Asa, Josafá e Azarias/Ozias, com Ezequias, que reuniu os restos do reino do Norte, e com Josias, que realizou uma reforma religiosa. Também floresceram ali profetas importantes como Isaías, Miqueias, Sofonias e Jeremias. Um século depois de se libertar da ameaça assíria (701 a.C.), Judá sucumbiu diante da invasão babilônica. Em dez anos o rei Nabucodonosor atacou duas vezes Jerusalém (598 e 587 a.C.), destruiu a cidade e levou para Babilônia, como deportados, seus dirigentes e um núcleo importante de sua população.
A comunidade judaica pós-exílica
O exílio
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As quedas sucessivas da Samaria e de Jerusalém foram um duro golpe para a fé de Israel, que se sentia seguro devido às promessas divinas. Com a queda de Jerusalém, os judeus ficaram pobres, desorganizados, sem atenção religiosa, e se misturaram com os colonos estrangeiros. Muitos fugiram para a Transjordânia ou para o Egito, onde formaram colônias que deram origem à diáspora ou dispersão judaica. As milhares de pessoas, do mais seleto de Judá, que foram exiladas para a Babilônia se estabeleceram por famílias em aldeias e cidades, fazendo parte da diáspora.
Em menos de cinquenta anos a situação internacional mudou por completo. Em 539 a.C., Ciro, rei dos persas, conquistou Babilônia e permitiu aos exilados regressar a sua terra e reconstruir o templo. Mas seu trabalho de reconstrução não foi fácil, pois faltavam meios econômicos, os habitantes locais e povos vizinhos eram hostis, e estavam submetidos ao império persa. 1. Reconstrução e nova esperança. Zorobabel e Josué, junto com os profetas Ageu, Zacarias e o Terceiro Isaías, guiaram a comunidade na reconstrução. Esdras e Neemias reorganizaram o povo e lhe deram uma estrutura teocrática (séc. V a.C.). A partir de então, a Lei, o templo e o sacerdócio foram os pilares da identidade do povo, dando origem ao judaísmo, o qual deixou profundas marcas nos âmbitos religioso e literário, pois a maior parte do Antigo Testamento recebeu sua forma definitiva nesse período. 2. Impacto do helenismo. No ano 333 a.C., Alexandre Magno derrotou os persas e instaurou o império greco-macedônico. Assim, inicia-se o “helenismo” ao difundir-se a língua e a civilização gregas. Com o tempo, aprofundam-se as diferenças entre os judeus helenistas e os que permanecem fiéis às suas tradições. Ao morrer Alexandre, a comunidade judaica teve de sofrer as lutas entre seus sucessores, es-
pecialmente os lágidas ou ptolomeus, senhores do Egito, e os selêucidas, dominadores da Síria e da Mesopotâmia. 3. A rebelião dos Macabeus. Quando o selêucida Antíoco IV proibiu as práticas religiosas judaicas em Jerusalém e em toda a Palestina (167 a.C.), os irmãos Macabeus, apoiados por grupos de judeus piedosos (assideus), organizaram uma rebelião armada que conseguiu triunfar. Simão Macabeu é reconhecido como sumo sacerdote e obtém a independência política para Judá (141 a.C.). Seus descendentes, os asmoneus, retomam o título de reis e mantêm a situação por mais de setenta anos, em meio a lutas fratricidas, até que o exército romano toma Jerusalém, e a Judeia se transforma em província romana (63 a.C.). O império romano, insuportável depois das rebeliões dos anos 70 e 135 d.C., provocou o fim da nação judaica. Dois fatos evidenciam-se nesse período: a) a separação progressiva dos samaritanos, que reúnem certas tradições das antigas tribos do Centro e do Norte e rompem com Jerusalém e o judaísmo oficial; e b) a consolidação da diáspora, promovida pela expansão helenista. A população judaica no estrangeiro, mais numerosa que na Palestina, se agrupa em torno de suas sinagogas e, apesar da distância, mantém sua vinculação com Jerusalém e o templo. A diáspora confere ao judaísmo um caráter novo e o prepara para superar a grande provação que implicou seu desaparecimento enquanto nação.
OS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO
O Antigo Testamento é uma grande coleção de 46 livros escritos em diversas épocas e por diversos autores, reunidos por afinidade literária ou temática em quatro grandes grupos: 1) Pentateuco; 2) livros históricos; 3) livros proféticos; 4) livros poéticos e sapienciais. Essa divisão coincide em grandes traços com a tríplice denominação judaica: Lei, Profetas e Outros Escritos.
Literaturas do antigo Oriente Próximo Muito tempo antes que as tribos israelitas transmitissem oralmente suas tradições, o Egito, a Babilônia antiga, a Suméria e a Assíria tinham uma literatura
rica sobre diversos temas. A maioria das formas e dos gêneros literários no Antigo Testamento – mitos e lendas sobre a criação do mundo e das pessoas; relatos épicos e sagas de tipo histórico; hinos e orações religiosos; códigos legais e administrativos; listas e recenseamentos; poemas e cartas; escritos de caráter sapiencial – parecem-se com os textos do antigo Oriente Próximo, pois compartilharam com eles uma vasta herança cultural. Não obstante, tal semelhança não obscurece a originalidade temática e formal da literatura bíblica. Formação dos escritos do Antigo Testamento A formação do Antigo Testamento foi um processo complexo e lento que corre, em certa medida, paralelo à vida e à história do povo de Israel. Divide-se em três grandes etapas, que podem se conhecer melhor nas introduções de cada livro e no quadro cronológico (p. 1905). 1. Das origens até a monarquia. A literatura nasce como reflexo da vida e expressão dos sentimentos, anseios, convicções, temores e expectativas de pessoas e povos, e se desenrola nos centros, ambientes e circunstâncias em que vivem. Nas origens de Israel, como na maioria dos povos, essas expressões foram transmitidas oralmente, antes de serem escritas, e tratam dos grandes temas da vida: trabalho, culto, festas, guerras, pleitos, luto. Em Canaã se fundiram as recordações de diferentes tribos e se incorporaram elementos da língua e da literatura cananeias (séc. XII-XI a.C.). Inicia-se a configuração das primeiras tradições orais enquanto povo, mantendo-se a mesma forma ao serem escritas: sagas e recordações patriarcais; hinos e relatos épicos em torno do êxodo e da conquista; cantos de gesta sobre heróis locais; relatos sobre a origem de lugares, pessoas e costumes; corpos legais e tradições cúlticas; ditos ou provérbios de origem familiar e popular.
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2. Da monarquia ao exílio. A monarquia introduz em Israel um modelo cortesão de influência egípcia e cananeia, que influi decisivamente na formação dos escritos bíblicos. Secretários e escribas cortesãos começam a escrever uma história oficial a partir de listas, anais reais e outros dados de arquivo. Criam-se também escolas para a formação dos funcionários da corte, que serão importantes focos sapienciais. Salomão, a quem se atribuem muitos provérbios e poemas, estimulou fortemente a atividade literária, que foi impulsionada também pelo comércio e pelo intercâmbio cultural com outros povos. Nessa época, aparecem os primeiros escritos históricos reconhecidos como a história javista: as histórias da sucessão de Davi e de Salomão e, possivelmente, o primeiro agrupamento de tradições patriarcais, do êxodo e da conquista, com a finalidade de legitimar a monarquia davídica diante dos israelitas e das outras nações. Também se iniciam as coleções de salmos e provérbios, e se colocam por escrito alguns cantos épicos, histórias de heróis libertadores e códigos legais. Ver tábua “Escritura do Pentateuco”, p. 56 Depois da divisão do reino, desenvolvem-se duas vertentes históricas paralelas: os Anais dos reis de Israel e os Anais dos reis de Judá. Mas o aparecimento dos “profetas escritores” no século VII a.C é mais significativo que estes, porque, embora seu ministério tenha sido oral, eles mesmos ou seus discípulos começaram a escrever alguns de seus oráculos. No reino do Norte, Amós e Oseias dão forma literária a tradições proféticas orais em torno de Elias, Eliseu, Aías e Miqueias, filho de Jembla, e provavelmente dão origem à versão eloísta da antiga história patriarcal e mosaica. No reino de Judá, o movimento profético é mais tardio, seus primeiros expoentes são o Primeiro Isaías e Miqueias. Com a queda de Samaria, as tradições do Norte chegam ao reino do Sul e com o tempo se fundem com as de Judá.
Os reinados de Ezequias e Josias, relativamente prósperos e pacíficos, deixaram especial marca de atividade literária. Ezequias acolheu fugitivos do Norte e criou algo parecido com uma escola de escribas, aos quais se atribui a recopilação de antigas coleções de provérbios (Pr 25,1–29,27). Josias impulsionou uma ambiciosa reforma a partir do descobrimento do Livro da Lei, identificado com o núcleo do Deuteronômio, primeiro escrito bíblico de caráter normativo ou canônico (2Rs 22,8). Esse Livro da Lei inspirou a escola deuteronomista e iniciou uma grande obra histórica, que compreende desde a conquista da terra até a queda de Jerusalém, e teve a sua última edição durante o exílio. Os escritos proféticos de Sofonias, Naum, Habacuc e Jeremias completam as contribuições literárias do reino de Judá. 3. No exílio. O tempo do exílio foi muito fecundo literariamente. Em Jerusalém se escrevem as Lamentações e se conclui a história deuteronomista. Em Babilônia, onde os deportados integram alguns elementos da cultura, da religião e da literatura mesopotâmicas, nasce a escola cronista ou sacerdotal, que reescreve a história do povo desde as origens até Moisés, servindo-se das versões anteriores, isto é, da história javista e eloísta. Ao mesmo tempo se intensifica a atividade profética com Ezequiel e o Segundo Isaías. Mais importante é o estímulo que deram esses grupos aos exilados, para enfrentar a reconstrução nacional, e as bases para o desenvolvimento religioso da comunidade pós-exílica.
O período pós-exílico
A partir da pouca informação sobre a comunidade pós-exílica nas épocas persa e helenista, este período é decisivo na configuração do Antigo Testamento. A reforma de Esdras – animada pelos profetas Ageu, Zacarias e o Terceiro Isaías – leva a seu cume o Pentateuco ou Torá (Lei), que se converte no corpo literário normativo da comunidade teocrática (fins do século V).
Nos dois séculos seguintes (IV-III a.C.) completa-se a coleção dos Profetas (anteriores: Josué, Juízes, 1o e 2o Samuel, 1o e 2o Reis; e posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e “os Doze”). E boa parte dos Outros Escritos, Salmos, Provérbios, Jó e os “cinco rolos” (Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Lamentações e Ester). A estes se acrescenta a obra do Cronista (1o e 2o Crônicas, Esdras e Neemias). A expansão do helenismo obriga o judaísmo a um novo esforço de abertura e confronto com a cultura grega tanto na Palestina como fora dela. Fruto desse diálogo é a tradução da Torá para o grego, realizada em Alexandria nos tempos de Ptolomeu II (285-246 a.C.). Segundo uma tradição judaica, a tradução foi entregue aos cuidados de 72 sábios judeus, daí o nome de Versão dos Setenta. Nos séculos posteriores se traduziram os Profetas e os restos dos livros hebraicos do Antigo Testamento (séc. II-I a.C.). A versão grega acrescenta 1 e 2 Macabeus, Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico e Sabedoria, aparecidos nos dois últimos séculos. A Igreja Católica aceita esses livros como deuterocanônicos, ao passo que as igrejas protestantes e o judaísmo os consideram apócrifos. Esta versão grega é muito importante por duas razões: a) os primeiros cristãos serviram-se dela, com seus termos e conceitos, ao articular a nova fé cristã; b) constitui o verdadeiro ponto de união entre os dois testamentos. Nos fins da época veterotestamentária e inícios da era cristã fica praticamente constituído o Antigo Testamento judaico, embora não se tenham aceitado os Outros Escritos como livros sagrados. De fato, diversos grupos judaicos adotaram posições diferentes em relação ao cânon dos livros sagrados. Os samaritanos só aceitavam a Torá (o Pentateuco); os saduceus davam importância secundária aos Profetas e aos Outros Escritos, sem incluir Daniel; os essênios não reconheciam Ester, mas empregavam o Eclesiástico e alguns livros apócrifos; inclusive no final do século I d.C. havia dúvidas sobre o caráter inspirado do Cântico dos Cânticos. Disso se conclui
que os limites da terceira coleção do cânon judaico, isto é, dos Outros Escritos, não estavam totalmente definidos.
Temas teológicos do Antigo Testamento
Os livros do Antigo Testamento, além de refletir a vida e a história do povo eleito, são Palavra de Deus e falam sobre Deus. Assim a receberam e reconheceram os judeus que leram nela a privilegiada relação de Deus com Israel. Assim a consideraram Jesus e a primeira Igreja, que viram essa Palavra como antecipação e promessa da Palavra definitiva pronunciada em Jesus de Nazaré, e usaram o Antigo Testamento como ponto de referência ao anunciar Jesus Cristo. Esta seção aponta para as constantes temáticas que dão uma perspectiva global e unitária do Antigo Testamento, que, à primeira vista, aparece como heterogêneo e fragmentário.
Pluralidade de teologias Durante muitos séculos, a religião de Israel teve pluralidade de enfoques teológicos porque Deus se revelou pouco a pouco, em momentos históricos e culturais muito diversos. Na redação final dos escritos e coleções do Antigo Testamento se percebe uma forte tendência a acentuar os elementos unitários da fé e da religião de Israel. Só no final da época veterotestamentária existe um corpo de crenças e vivências amplo e consistente, com uma unidade clara. Portanto, não é de estranhar que o Antigo Testamento reflita uma diversidade teológica. No Pentateuco podem se identificar as tradições javista, eloísta, sacerdotal e deuteronomista. Nos livros históricos coexistem os diferentes enfoques da história deuteronomista e cronista, e suas diversas visões sobre temas-chave como a monarquia, o templo, os santuários locais e inclusive o próprio Deus (Gn 1–2). Profetas da mesma época, como o Primeiro Isaías e Oseias, Jeremias, Ezequiel e o Segundo Isaías, também têm enfoques teológicos distintos.
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Esta diversidade exige que nos acostumemos a contemplar cada livro ou cada enfoque teológico como perspectivas distintas que nos permitem apreciar a riqueza da revelação. A imagem de diversos instrumentos musicais interpretando a mesma sinfonia, dando cada um sua contribuição e entretecendo-se todos para fazer a obra musical, é muito adequada ao enfrentar a leitura dos diversos livros e coleções do Antigo Testamento. Unidade de fé A pluralidade de teologias provenientes de diferentes tradições e do ambiente politeísta do antigo Oriente Próximo fez ressaltar o valor e a originalidade da convicção monoteísta de Israel que ressoa em todo o Antigo Testamento. Esta fé em um só Deus se perfilou progressivamente ao longo da história e entrou muitas vezes em conflito com as crenças e o culto politeísta do contexto cultural em que os israelitas viviam. A mensagem de Oseias, do Primeiro Isaías e de Jeremias contribui decisivamente para definir as exigências do monoteísmo. Mas só depois da reforma de Josias, e sobretudo a partir do exílio, a unidade da fé fica claramente formulada. Ao relatar sua história, os israelitas identificam momentos-chave nos quais Deus se manifestou como único e fomentou a unidade do povo. Veem a época patriarcal sob essa luz; descobrem a revelação de um só Deus a partir da aliança do Sinai e notam como essa crença tem momentos-chave, como a assembleia de Siquém (Js 24), a promessa dinástica a Davi (2Sm 7) e a dedicação do templo (1Rs 8), que são especialmente unificadores. Todos os escritos do Antigo Testamento coincidem em um sólido teocentrismo e relatam a revelação de um único Deus através dos acontecimentos (história) e da palavra (lei e profecia). Uma fé histórica
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A fé monoteísta e teocêntrica de Israel é uma fé histórica. Os chamados “credos históricos” de Israel expressam sua profunda convicção de que Deus
se fez conhecido nos atos concretos e doadores de vida como a libertação do Egito, a aliança do Sinai, o dom da terra, a escolha de Davi e a promessa messiânica. Por isso a história bíblica é, antes de tudo, história de salvação. Os credos históricos aparecem em textos variados. Encontramo-los em confissões de fé (Dt 26,5-10), resumos (Js 24,2-13), catequeses (Dt 6,20-23), salmos (Sl 78; 105; 136), orações (Ne 9,5-37) e discursos (Jt 5,6-19). Esses credos apresentam distintas sequências e articulações. À primeira sequência, “eleição patriarcal – libertação do Egito – aliança sinaítica – entrada na terra”, da tradição nortista Moisés – Sinai, acrescenta-se a segunda sequência, “eleição de Davi – Jerusalém/templo”, da tradição sulista Davi – Jerusalém. Depois do exílio se incorpora o tema da criação como o primeiro ato de Deus. Finalmente, a cadeia de intervenções divinas, ao longo dos séculos, se converte no tema articulador das grandes sínteses históricas: deuteronomista, sacerdotal e cronista. Dimensão comunitária da fé: a aliança A pluralidade de teologias, provenientes de diferentes tradições, e a unidade da fé e sua natureza histórica ressaltam a dimensão comunitária da fé bíblica. Todas as intervenções de Deus estão dirigidas para o povo de Israel, prefigurado nos patriarcas, representado em seus líderes institucionais (Moisés, Samuel, Davi...), desafiado e animado pelos profetas e concretizado na comunidade teocrática pós-exílica. O objeto privilegiado da escolha de Deus é sempre o povo a quem fez suas promessas, com quem entrou em diálogo, contraiu uma aliança e a quem apoia e guia com bênçãos, desafios e castigos. Nessa perspectiva comunitária, as figuras individuais só têm realce na medida em que fazem parte do povo, servem-no ou representam-no. Ao escolher Abraão, Deus escolhe sua descendência; ao revelar-se a Moisés e aos profetas, se manifesta e guia o povo que re-
presentam; ao fazer a promessa dinástica a Davi, compromete-se com o povo através de seus reis e da instituição monárquica. A melhor expressão da dimensão comunitária da religião é a fé de Israel na aliança que marca a natureza das relações entre Deus e o povo, visto que esta aliança é um dos principais temas do Antigo Testamento. Deus firmou com seu povo um pacto do qual derivam direitos e obrigações mútuas, expressados na Lei, sinal ritual da aliança. O cumprimento ou o não cumprimento de suas condições acarretará bênçãos ou maldições sobre o povo inteiro. Os diferentes códigos legais e culturais e a mensagem dos profetas ocorrem no marco da aliança, com sua dupla exigência indissolúvel: fidelidade a Deus e solidariedade com o povo. A aliança do Sinai é o centro e modelo de todas as alianças no Antigo Testamento: as anteriores, com Noé e Abraão, a prefiguram e antecipam; as posteriores, com Josué, Davi e Josias, a renovam e enriquecem. A infidelidade e a incapacidade contínuas do povo para ser leal a Deus foram gerando a ideia de uma “nova aliança”, mais espiritual e definitiva do que a anterior. A partir de Jeremias e Ezequiel, esta esperança reforçou e deu novo significado às suas expectativas messiânicas. Responsabilidade e destino do indivíduo A dimensão comunitária da relação com Deus não anula sua relação com o indivíduo nem a dissolve no anonimato do coletivismo. No decorrer da história, a vida e o destino das pessoas foram fonte de uma reflexão teológica que amadureceu com o tempo: No marco da aliança, o destino do indivíduo está indissoluvelmente unido ao de sua comunidade: o indivíduo é solidário, para o bem e para o mal, com a sorte do povo.
Com o tempo, profetas como Jeremias e Ezequiel, assim como alguns textos deuteronomistas, apelam para a responsabilidade individual. • Os salmos e a literatura sapiencial, depois do exílio, assinalam o indivíduo como o último responsável por sua conduta e seu destino, como o proclama a doutrina da retribuição. • Quando os fatos históricos desmentem a doutrina da retribuição, começa um profundo debate expressado em Isaías 53, no Salmo 73, no Eclesiástico e em Jó. As contribuições de Daniel 12,3, 2Macabeus e Sabedoria 1–5, com a afirmação da ressurreição e a retribuição depois desta vida, abrem novas perspectivas sobre esse aspecto tão importante. Messianismo: esperança e utopia Dois dos temas mais constantes e presentes em todo o Antigo Testamento expressam-se nas fórmulas “promessa-realização” e “profecia-cumprimento”. Pode-se dizer que todo o Pentateuco, as grandes obras históricas, deuteronomista e cronista, e a maioria dos escritos proféticos foram estruturados a partir desses temas e constituem seus conteúdos fundamentais. As promessas feitas a Abraão foram enriquecendo-se até culminar na posse da terra. A promessa dinástica feita a Davi contribuiu para a estabilidade da monarquia e para a confiança na proteção de Deus sobre Jerusalém e seu ungido. Os profetas assinalaram os limites e a caducidade das antigas promessas, purificaram-nas e ampliaram seu significado. Diante da dura e decepcionante experiência do exílio, que parecia desmentir as promessas e profecias anteriores, os profetas proclamam a esperança em uma futura e decisiva intervenção de Deus, que culminará no triunfo sobre todos os inimigos e na instauração de seu reino. Nesse contexto, antigos conceitos como “dia do Senhor” e “ungido” (messias) adquirem um novo significado es-
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piritual e se convertem em símbolo e expressão de novas esperanças. As escatologias proféticas dão passagem à apocalíptica, e o messianismo, em sua tríplice versão (dinástico-régia, profética e sacerdotal), catalisa esperanças e utopias. A partir de então, as promessas apontam para uma nova aliança, um novo Davi, uma nova Jerusalém, um novo reino, novos céu e terra, uma nova
criação..., cujo cumprimento fica nas mãos do ungido ou messias esperado. Jesus e a primeira Igreja relerão toda a Escritura nesta chave, convertendo o Antigo Testamento em antecipação, promessa e profecia da intervenção decisiva de Deus mediante a vida, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Assim, a nova aliança em Jesus cumpre plenamente e supera definitivamente a antiga aliança.
ESCRITURA DO Datas históricas aproximadas
PENTATEUCO
ABRAÃO E OS PATRIARCAS
1800 a.C.
Tradições orais pré-mosaicas: sagas patriarcais, lendas tribais, legislação primitiva e histórias antigas da Mesopotâmia
1250 a.C.
Moisés
Tradições
Sul (javista = J)
“J” escrita (950 a.C.)
Norte (eloísta = E)
Deuteronomista (D)
Sacerdotal (P)
(Mantiveram-se as tradições orais) “E” escrita (750 a.C.)
722 a.C. Queda de Samaria 625 a.C. Reforma sob Josias
Tradições “J” e “E” combinadas (700 a.C.)
“D” escrita (700 a.C.) “P” escrita (500 a.C.)
As quatro tradições compiladas e escritas como as conhecemos agora (400 a.C.)
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Ano a.C. 1050-1000 950-900
Reis
Profetas
SAMUEL (1040-1030) último juiz, profeta e sacerdote SAUL (1030-1010) DAVI (1010-971) unificação das tribos em um reino SALOMÃO (971-931) 931: divisão do reino Sul: JUDÁ Norte: ISRAEL ROBOÃO (931-914) JEROBOÃO (931-910)
900-850 Abdias (913-911) Asa (914-870) Nadab (910-909) Basa (908-886) Ela (885-884) Zamri (884) Omri (884-874) Acab (874-853) Josafá (870-848) 850-800
OCOZIAS (853-852) Jorão (852-841)
Jorão (848-841) Ocosias (841) Atalia (841-835) Joaz (835-796) Amasias (796-767) Azarias / Ozias (781-740)
750-700 Joatão (740-736) Acaz (734-727)
Joacaz (813-797) Joaz (797-782) JEROBOÃO II (782-753) Zacarias (743) Salum (743) Menaem (743-738) Pecaias (738-737) Pecá (737-732) Oseias (732-724) 722-Queda sob o poder da Assíria
600-538
538-500 500-450 450-400 400-350 350-300 300-250 250-200 200-150 150-100 100-50 50-0 0-50 Novo Testamento
Semeías Aías Aías Azarias Jeú
Miqueias, Elias Jeú, Iasael, Eliezer, Eliseu, Miqueias Elias Elias
JEÚ (841-814)
800-750
700-650
Natã Aías
EZEQUIAS (716-687) reforma Manassés (687-642) Amon (642-640) JOSIAS (640-609) reforma Joacaz (609) JOAQUIM (609-598) Jeconias (598) Sedecias (598-587) EXÍLIO NA BABILÔNIA Regresso do exílio. Institui-se o judaísmo
Restauração de Jerusalém e desenvolvimento do judaísmo
Defesa dos Macabeus diante da invasão helenista
Eliseu Zacarias Amós*, 1o Isaías*, Naum* Oseias*
Obed Miqueias*
2o Isaías* Sofonias* Profetisa Hulda, Jeremias* Habacuc*
Jeremias* Abdias* Ezequiel* Jonas*, Ageu*, 3o Isaías* 1o Zacarias*, Malaquias* Joel* 2o Zacarias* Baruc* Daniel*
João Batista
CRISTO, REI DOS REIS E PROFETA DO REINO DE DEUS * Profetas escritores
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pentateuco
1
2
3
4
5
Gn
Ex
Lv
Nm
Dt
Introdução ao
Pentateuco V
ocê já se perguntou como é que sabemos tantas coisas a respeito de Deus? A Bíblia contém tudo o que Deus nos revelou de si mesmo mediante sua relação com o povo de Israel e os primeiros cristãos. Ao ler a Bíblia, vemos como se comunica Deus com seu povo e a resposta desse povo, como dois protagonistas de uma história que se conhecem cada vez melhor ao conversar e agir juntos. Nos primeiros cinco livros bíblicos, ou seja, no Pentateuco, Deus nos mostra seu plano para a humanidade: quer nos salvar do pecado e unir-se a nós em amizade sincera.
Introdução Pentateuco significa “cinco rolos”, do grego penta, “cinco”, e teuchos, “rolos”. É formado pelos cinco primeiros livros do Antigo Testamento: • Gênesis: livro das origens. • Êxodo: livro da saída do Egito. • Levítico: livro dos levitas, sacerdotes da tribo de Levi. • Números: livro dos recenseamentos do povo de Israel. • Deuteronômio: livro da segunda lei. O Pentateuco é a chave para entender toda a Bíblia, pois apresenta o início da revelação de Deus ao povo escolhido, e nele encontramos as primeiras vivências e reflexões sobre o plano de amor de Deus com a humanidade. Só ao conhecer o Pentateuco pode-se compreender a riqueza da revelação de Deus e o extraordinário da história da salvação ao longo da Bíblia até chegar à sua plenitude em Jesus, Deus e homem, salvador único de toda a humanidade. A relação de Deus com seu povo se conservou na memória das pessoas com respeito e amor, e foi transmitida de pais a filhos oralmente durante cerca de seiscentos anos, até que essas experiências foram recolhidas por escrito. Essa história é relatada de muitas maneiras e com variedade de gêneros literários: reflexões sobre a experiência de Deus e a natureza humana, leis que regem o povo, orações do povo a Deus, poemas que apresentam o sentimento do povo, recordações de família significativas, ritos que regulam atos de culto (ver “O que são os gêneros literários?”, p. 32). A última redação do Pentateuco apoiou-se nas tradições de quatro grupos de pessoas, que se relacionavam com Deus de diferentes maneiras. Como cada tradição mostra aspectos muito belos de Deus, os redatores finais decidiram unir as quatro, pois todas eram consideradas inspiradas por Deus. A cada tradição oral ou fonte do conhecimento de Deus se deu um nome, como se tivesse um só autor. • A tradição javista chama Deus de Javé ao longo do manuscrito e é representada por “J”. Inicia-se nos séculos IX e VIII a.C. Pertence ao sul da Palestina e se con-
centra no reino de Judá. Salienta a proximidade de Deus com a humanidade e o descreve em termos antropomórficos, do grego anthropos, “homem”, e morphé, “forma”, isto é, apresenta Deus atuando e reagindo como pessoa humana. •
A tradição eloísta dá a Deus o nome de Elohim e se representa com um “E”. Inicia-se ao mesmo tempo que a javista, na qual foi integrada nas proximidades de 715 a.C. Surge no reino do Norte ou reino de Israel e fala do profetismo, da força da moral e do perigo da idolatria. Mostra Deus que fala em sonhos e com símbolos como a sarça.
•
A tradição deuteronomista tem um estilo insistente e se representa com um “D”. Foi escrita no século VII a.C. Insiste na ação de Deus e na necessidade de uma resposta pessoal e comunitária. Baseia-se nas tradições anteriores; começa no final do reino, quando o reino do Norte caiu em poder da Assíria, e o povo parecia esquecer sua fidelidade à aliança do Sinai.
•
A tradição sacerdotal se representa com um “P” e mostra Deus distante e majestoso. Escreve-se ao regressar do exílio, no século VI a.C. Israel já não era uma nação independente e concentrava sua identidade no templo. Dá grande importância aos ritos do culto e às funções dos sacerdotes.
Pouco depois de surgir a tradição sacerdotal, fez-se a redação definitiva dos cinco livros. Sabendo isso, você compreenderá por que há temas duplicados, escritos de diferentes maneiras, e por que alguns eventos estão defasados no tempo. Talvez você se pergunte: para que juntaram tudo e por que não optaram por uma só fonte? Porque cada tradição nos leva a conhecer diversos aspectos de Deus e todos são valiosos, fortalecem nossa fé nele e nos revelam seu amor salvador.
Notas complementares • •
•
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Os judeus reconhecem o Pentateuco como a Torá, que significa “ensinamento” ou “instrução”, e o consideram a Lei. Antigamente se pensava que Moisés era o autor do Pentateuco, pois foi um líder legislador e juiz grandioso. Na realidade, os cinco livros foram escritos centenas de anos depois de sua morte. O Gênesis e o Êxodo apresentam as histórias e os nomes que melhor conhecemos do Antigo Testamento. O Gênesis relata as histórias de Adão e Eva; Noé e o dilúvio; Abraão e Sara; José e seus irmãos. O Êxodo fala de Moisés e da sarça ardente; do faraó do Egito; da passagem do Mar Vermelho e dos dez mandamentos. O Pentateuco apresenta narrações e leis: o Gênesis contém histórias; o Levítico e o Deuteronômio contêm muitas leis; o Êxodo e Números contêm tanto narrações como leis.
magine o grande poder do cosmos. O universo se inaugura criado por Deus. Depois..., uma destruição universal. Mais tarde, histórias ricas em ternura de amor e reuniões familiares, seguidas por traições e crimes... Pareceria que fosse o último sucesso do cinema. Assim não é. Estamos diante do Gênesis, o livro das “origens” onde se relata que Deus cria o mundo com amor e harmonia. O pecado rompe o equilíbrio. Deus decide não abandonar seu projeto de amor; escolhe caminhos assombrosos para restaurar tudo; adapta-se a nós, escolhe um povo e toma a peito sua obra.
Esquema
• 1–11. Origens 1,1–2,4a. História do céu e da terra 2,4b–5,32. História de Adão e seus filhos 6,1–11,32. História de Noé e seus filhos • 12–50. Patriarcas 12,1–25,18. História de Abraão e seu filho 25,19–36,43. História de Isaac e seus filhos 37,1–50,26. História de Jacó e seus filhos
Dados
Período descrito Os primeiros 11 capítulos pertencem à pré-história. Os capítulos 12 e seguintes descrevem o tempo dos patriarcas e das matriarcas de Israel (1900-1500 a.C.). Autor Vários autores. Data de redação • Tradições orais 950-700 a.C. • Recopilação e escrita: 700 a.C. • Edição final: 400 a.C. Temas A criação é boa. O ser humano é livre e responsável. O mau uso da liberdade causa o pecado. Pactos iniciais de Deus com diversos personagens.
Apresentação
O Gênesis reúne relatos que revelam a natureza de Deus e os inícios de sua relação com a humanidade. Seu propósito é demonstrar que o plano de Deus é mais forte que o pecado e a fragilidade humana. Não é um livro de história, mas uma confissão de fé articulada com relatos das cinco tradições orais. Divide-se em cinco grandes partes. A primeira parte, capítulos 1–11, mostra Deus criador e Senhor de tudo. Contém as tradições mais antigas da humanidade e as mais memoráveis da Bíblia. Apresenta dois relatos distintos da criação, que desdobram a beleza da natureza, a bondade na obra de Deus e a criação do homem e da mulher à imagem e semelhança de Deus (caps. 1 e 2). Adão e Eva vivem em harmonia com Deus, consigo mesmos e com toda a criação, em um fascinante jardim. Ao pecarem, tudo muda. Adão e Eva sentem separação, dor e inclusive a morte (cap. 3). O pecado destrói a família, representada por Caim e Abel (cap. 4). Aniquilação da humanidade, representada por Noé e o dilúvio (cap. 6–9). Geram-se conflitos entre as nações como na Torre de Babel (cap. 11). A segunda parte, capítulos 12–50, narra a origem do povo de Israel. Explica a fé de Abraão, Sara e Isaac e de Jacó, Rebeca e suas famílias. O Gênesis conclui-se com a história de José, neto de Isaac. Os israelitas descrevem sua experiência de Deus com imagens e símbolos, pois através destes é que podemos nos aproximar do mistério de Deus. Por isso é importante descobrir seu significado profundo, sem desprezar as imagens simbólicas como se fossem infantilidades, nem reinterpretá-las ao pé da letra.
GÊNESIS
I
1
64
G N
Gênesis 1 1
GÊNESIS 64
Gn 1,1-31
As origens
Gn 22,1-19
Sacrifício de Isaac
Gn 12–36
Abraão, Sara e sua descendência
A Criação 1 No princípio, Deus criou o céu e a terra. 2 A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriamo abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. 3 Deus disse: “Faça-se a luz!”. E a luz foi feita. 4 Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. 5 Deus chamou à luz dia, e às trevas noite. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o primeiro dia. 6 Deus disse: “Faça-se um firmamento entre as águas, e separe ele umas das ou tras”. 7 Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam debaixo do firmamento daquelas que estavam por cima. 8 E assim se fez. Deus chamou ao firmamento céu. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o segundo dia. 9 Deus disse: “Que as águas que estão debaixo do céu se juntem num mesmo lugar, e apareça o elemento árido”. E assim
1
se fez. 10 Deus chamou ao elemento árido terra, e ao ajuntamento das águas mar. E Deus viu que isso era bom. 11 Deus disse: “Produza a terra plantas, ervas que contenham semente e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie e o fruto contenha a sua semente”. E assim foi feito. 12 A terra produziu plantas, ervas que contêm semente segundo a sua espécie, e árvores que produzem fruto segundo a sua espécie, contendo o fruto a sua semente. E Deus viu que isso era bom. 13 Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o terceiro dia. 14 Deus disse: “Façam-se luzeiros no firmamento do céu para separar o dia da noite. Que sirvam eles de sinais e marquem o tempo, os dias e os anos, 15 e resplandeçam no firmamento do céu para iluminar a terra”. E assim se fez. 16 Deus fez os dois grandes luzeiros: o maior para
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presidir o dia e o menor para presidir a noite; e fez também as estrelas. 17 Deus colocou-os no firmamento do céu para que iluminassem a terra, 18 presidissem o dia e a noite, e separassem a luz das trevas. E Deus viu que isso era bom. 19 Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o quarto dia. 20 Deus disse: “Pululem as águas de uma multidão de seres vivos, e voem aves sobre a terra, debaixo do firmamento do céu”. 21 Deus criou os monstros marinhos e toda a multidão de seres vivos que enchem as águas, segundo a sua espécie, e todas as aves segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era bom. 22 E Deus os abençoou: “Frutificai – disse ele – e multiplicai-vos, e enchei as águas do mar, e que as aves se multipliquem sobre a terra”. 23 Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o quinto dia. 24 Deus disse: “Produza a terra seres vivos segundo a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selvagens, segundo a sua espécie”. E assim se fez. 25 Deus fez os animais selvagens segundo a sua espécie, os animais domésticos igualmente, e da mesma forma todos os animais, que se arrastam sobre a terra. E Deus viu que isso era bom. 26 Então Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra”. 27 Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher. 28 Deus os abençoou: “FrutifiE criou Deus os seres humanos à sua imagem... homem e mulher os criou.
cai – disse ele – e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra”. 29 Deus disse: “Eis que eu vos dou toda a erva que dá semente sobre a terra, e todas as árvores frutíferas que contêm
Gênesis 2
2
em si mesmas a sua semente, para que vos sirvam de alimento. 30 E a todos os animais da terra, a todas as aves do céu, a tudo o que se arrasta sobre a terra, e em que haja sopro de vida, eu dou toda a erva verde por alimento”. E assim se fez. 31 Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o sexto dia.
SABIA QUE...? Deus não criou o mundo em sete dias
Você acredita que esse relato pode ser lido ao pé da letra, como se junto a Deus houvesse um repórter? O objetivo do relato não é narrar cientificamente a história da criação do mundo, história que se desconhece, mas afirmar que Deus é a origem de tudo, inclusive do tempo que foi preciso na criação. O autor emprega uma linguagem simbólica e poética para exprimir estas crenças provenientes da tradição sacerdotal. A sabedoria, o amor e o poder absoluto de Deus foram a origem de tudo. A fé não pode se opor à razão humana, pois Deus é a origem tanto da razão quanto da fé. Os investigadores que estudam com sinceridade as ciências, mesmo sem o propor, chegam à conclusão de que Deus criou todas as coisas. A Bíblia não proporciona dados arqueológicos nem científicos, mas fala da origem e do sentido da vida. Deus coroou sua obra tão variada e bela criando os seres humanos e entregando-lhes a criação para seu domínio e seu controle. Estas narrações respondem a perguntas comuns da humanidade: de onde venho? Para onde vou? Quando você ler a Bíblia, pense que Deus fez você por amor, acompanha você na viagem de sua vida e espera você no final dela com os braços abertos. Muito obrigado, Senhor! Gn 1,1–2,4
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A PALAVRA
Somos o ponto culminante da criação
Deus faz tudo benfeito, e nos fez pessoas à sua imagem e semelhança, com a finalidade de que possamos viver e nos relacionar com ele. A todos nós criou com a mesma dignidade, homens e mulheres, de cores negra, amarela, branca e vermelha... e também os mestiços e mulatos. Todos refletimos a beleza e a grandeza de Deus; ninguém possui o modelo exclusivo de beleza nem a máxima inteligência, nem o amor por excelência, pois nenhum grupo humano pode monopolizar a semelhança com Deus. Tal semelhança com Deus, e o fato de que só conosco compartilhou seus atributos, nos faz o ponto culminante da criação. Deu-nos liberdade para escolher o caminho da vida, capacidade de amar, conhecer, analisar, procriar e transformar. Desde o princípio estabeleceu um diálogo conosco, coisa que não fez com o resto da criação. Reveja os parágrafos anteriores e: • Identifique duas verdades que mais afirmam sua autoestima, a verdade que mais desafia você a mudar de atitudes e de condutas, e a verdade que o faz agradecer mais a Deus a maravilha que você é. • Faça uma oração de louvor e agradecimento por você ser quem é; e uma pedindo para usar bem sua liberdade e desenvolver suas capacidades ao colocá-las em ação, procurando cada vez ser mais semelhante a Deus. Gn 1,26-28
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1 Assim foram concluídos o céu, a terra e todo o seu exército. 2 Tendo Deus terminado no sétimo dia a obra que tinha feito, descansou do seu trabalho. 3 Ele abençoou o sétimo dia e o consagrou, porque nesse dia descansou de toda a obra da Criação. 4 Tal é a história da criação do céu e da terra.
O paraíso No tempo em que o Senhor Deus fez a terra e o céu, 5 não existia ainda sobre a terra nenhum arbusto nos campos, e nenhuma erva havia ainda brotado nos campos, porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, nem havia homem que a cultivasse; 6 mas subia da terra um vapor que regava toda a sua superfície. 7 O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas o sopro da vida e o homem se tornou um ser vivente. 8 Ora, o Senhor Deus tinha plantado um jardim no Éden, do lado do oriente, e colocou nele o homem que havia criado. 9 O Senhor Deus fez brotar da terra toda a sorte de árvores de aspecto agradável, e de frutos bons para comer; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal. 10 Um rio saía do Éden para regar o jardim,
e dividia-se em seguida em quatro braços. 11 O nome do primeiro é Fison, e é aquele que contorna toda a região de Hévila, onde se en-
REFLITA r amor Criados po a r a m e para a cípio Deus criou o céu eícurs ve no No prin ue eq
so 1,1). Este p terra [...] (Gn tal em nossa fé. O univer os en lo é fundam por acidente, nem som ou o não foi criad átomos unidos ao acaso ân uma série de ão casual de circunst ex aç in o b m m co co u a io um . Deus o cr ora de seu as ic sm có iad cias a âmica e cr pressão din criou para que amemos o, d s tu re no b e so , or e, .. am ia , os animais. terra, a água sim vivamos em harmon as e o povo, o. or. m a criaçã com ele e co vem do Amor e pede am s vé o ra çã at ia s cr A e Deu nte o amor d as Como você se ção? Quanto você ama ia cr a a d to de Deus? Gn 2,4 criaturas de
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Um dia para o Senhor
O Gênesis apresenta a criação em sete etapas, que chama dias. O sétimo dia Deus descansou, abençoou o dia e o consagrou com seu descanso. Os judeus consagravam o sábado a Deus. Os cristãos lhe consagramos o domingo, “o primeiro dia da semana” (Mt 28,1), porque Jesus ressuscitou nesse dia. Domingo provém do latim dominica dies, que quer dizer “dia do Senhor”. O trabalho e o descanso são nossa vida e ambos nos unem a Deus. Ao trabalhar colaboramos com Deus em sua criação. Ao descansar podemos dedicar-lhe tempo e recordarnos de que somos livres e não devemos ser escravos do trabalho. Nós católicos celebramos em família a eucaristia dominical. Nela proclamamos a alegria da criação e o descanso de Deus quando viu que tudo era muito bom (Gn 1,31). A Igreja nos pede que dediquemos o domingo a honrar a Deus em um ato de confiança nele. Quando por razões de força maior necessitamos trabalhar no domingo, é importante dedicar o dia do trabalho a Deus de maneira especial e, se for possível, consagrar-lhe um dia durante a semana. Como você honra o domingo? Gn 2,1-3
contra o ouro. 12 (O ouro dessa região é puro; encontra-se ali também o bdélio e a pedra de ônix.) 13 O nome do segundo rio é Geon, e é aquele que contorna toda a região de Cuch. 14 O nome do terceiro rio é Tigre, que corre ao oriente da Assíria. O quarto rio é o Eufrates. 15 O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden, para cultivar o solo e o guardar. 16 Deu-lhe este preceito: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; 17 mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque no dia em que dele comeres, morrerás indubitavelmente”. 18 O Senhor Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só. Vou dar-lhe uma auxiliar
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que lhe seja adequada”. 19 Tendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais dos campos, e todas as aves do céu, levou-os ao homem, para ver como ele os havia de chamar; e todo o nome que o homem pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro nome. 20 O homem pôs nomes a todos os animais, a todas as aves do céu e a todos os animais do campo; mas não se achava para ele uma auxiliar que lhe fosse adequada. 21 Então, o Senhor Deus mandou ao homem um profundo sono; e enquanto ele dormia, tomou-lhe uma costela e fechou
SABIA QUE...? Deus é meu criador: sou obra sua
Leia Gênesis 2, o qual apresenta um segundo relato da criação do universo. Deixe-se levar pela beleza e pela profundidade das imagens desse relato javista. O pó da terra e o sopro divino indicam que o ser humano é matéria e espírito; um corpo animado por uma alma imortal, com desejos de voltar para Deus. Fizeste-nos para ti, e nosso coração não encontra repouso até chegar a ti,¹ diz Santo Agostinho. • A criação da mulher da costela do homem simboliza que ambos temos igual dignidade, sem distinção de sexo, idade, raça ou grau de educação. Mostra que a unidade do casal é a comunhão mais íntima entre as pessoas. • Deus faz desfilar os animais diante do ser humano para que lhes dê nome, pois dar nome era sinal de poder e de autoridade. Todas as coisas foram criadas para o ser humano, que é responsável por elas, pelo que devemos usá-las com respeito e amor. Nessa verdade se apoia a ecologia, ou ciência que cuida do equilíbrio da criação. Busque o Salmo 8, medite-o em seu coração e ore com suas ideias e palavras. Gn 2,4-5
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com carne o seu lugar. 22 E da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e levou-a para junto do homem. 23 “Eis agora aqui – disse o homem – o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher, porque foi tomada do homem.” 24 Por isso, o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne. 25 O homem e a mulher estavam nus, e não se envergonhavam.
A culpa original 1 A serpente era o mais astuto de todos os animais do campo que o Senhor Deus tinha formado. Ela disse à mulher: “É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?”. 2 A mulher respondeu-lhe: ‘‘Podemos comer do fruto das árvores do jardim. 3 Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais’.” 4 “Oh, não! – tornou a serpente – vós não morrereis! 5 Mas Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.” 6 A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente. 7 Então os seus olhos abriram-se; e, vendo que estavam nus, tomaram folhas de figueira, ligaram-nas e fizeram tangas para si. 8 E eis que ouviram o barulho (dos passos) do Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde. O homem e sua mulher esconderam-se da face do Senhor Deus, no meio das árvores do jardim. 9 Mas o Senhor Deus chamou o homem e perguntou-lhe: “Onde estás?”. 10 E ele respondeu: “Ouvi o barulho dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e ocultei-me”. 11 O Senhor Deus disse: “Quem te revelou que estavas nu? Terias tu porventura comido do fruto da
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O pecado original rompeu a relação com Deus
Com imagens vivas, próprias de um relato popular, o Gênesis narra como o pecado introduz o sofrimento e a morte na criação, onde tudo era muito bom (Gn 1,31). Ao criar o ser humano à sua imagem e semelhança, Deus estabeleceu uma aliança de amor com a humanidade. O amor nasce livremente do coração e não pode ser forçado; por isso, quando Adão e Eva desobedecem a Deus, rompem sua relação de amor com ele, cometendo o pecado original, o primeiro pecado da história. Dessa primeira separação de Deus deriva nossa tendência a usar mal a liberdade e a não responder positivamente a seu amor. O pecado nos afasta de Deus quando, em detrimento dele, preferimos a nós mesmos, o que traz consequências de sofrimento e morte. Mas o bem e o amor de Deus triunfam sobre o mal, ideia representada na derrota sofrida pela serpente, símbolo do mal, por meio de uma mulher (Gn 3,15). Ver símbolo: “A Imaculada”. Não se deixe abater pelo mal que existe ao seu redor, porque Deus enviou Jesus justamente para nos livrar do pecado e darnos a vida eterna. Ao contrário, empregue bem sua liberdade; volte sua mente e seu coração para Deus, e sinta-se acolhido pelos braços amorosos do Criador. Gn 3,1-24
árvore que eu te havia proibido de comer?”. 12 O homem respondeu: “A mulher que pusestes ao meu lado apresentou-me deste fruto, e eu comi”. 13 O Senhor Deus disse à mulher: ‘‘Por que fizeste isso?”. “A serpente enganou-me – respondeu ela – e eu comi.” 14 Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e feras do campo; andarás de rastos sobre o teu ventre e comerás o pó todos os dias de tua
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vida. 15 Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. 16 Disse também à mulher: ‘‘Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio”. 17 E disse em seguida ao homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida. 18 Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. 19 Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar”. 20 Adão pôs à sua mulher o nome de Eva, porque ela era a mãe de todos os viventes. 21 O Senhor Deus fez para Adão e sua mulher umas vestes de peles, e os vestiu. 22 E o Senhor Deus disse: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do
COMPREENDA OS A Imaculada
SÍMBOLOS
A imagem da Imaculada é símbolo do triunfo de Deus sobre o mal. Deus prometeu no paraíso que uma mulher humilharia a serpente ao dar à luz seu Filho. Maria é essa mulher, a nova Eva, livre do pecado original desde antes de sua concepção, graças à obra redentora de seu Filho Jesus, que nos liberta do mal e da morte eterna.
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bem e do mal. Agora, pois, cuidemos que ele não estenda a sua mão e tome também do fruto da árvore da vida, e o coma, e viva eternamente”. 23 O Senhor Deus expulsou-o do jardim do Éden, para que ele cultivasse a terra “de onde havia tirado”. 24 E expulsou-o; e colocou ao oriente do jardim do Éden querubins armados de uma espada flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida.
Caim e Abel 1 Adão conheceu Eva, sua mu lher, e ela concebeu e deu à luz Caim, e disse: “gerei um homem com a ajuda do Senhor”. 2 E deu em seguida à luz Abel, irmão de Caim. Abel tornou-se pastor de ovelhas e Caim, lavrador. 3 Passado algum tempo, ofereceu Caim frutos da terra em oblação ao Senhor. 4 Abel, de seu lado, ofereceu dos primogênitos do seu rebanho e das gorduras dele; e o Senhor olhou com agrado para Abel e para sua oblação, 5 mas não olhou para Caim, nem para os seus dons. Caim ficou extremamente irritado com isso, e o seu semblante tornou-se abatido. 6 O Senhor disse-lhe: “Por que estás irado? E por que está abatido o teu semblante? 7 Se praticares o bem, sem dúvida alguma poderás reabilitar-te. Mas se procederes mal, o pecado estará à tua porta, espreitando-te; mas, tu deverás dominá-lo”. 8 Caim disse então a Abel, seu irmão: “Vamos ao campo”. Logo que chegaram ao campo, Caim atirou-se sobre seu irmão e o matou. 9 O Senhor disse a Caim: “Onde está teu irmão Abel?”. Caim respondeu: “Não sei! Sou porventura eu o guarda de meu irmão?”. 10 O Senhor disse-lhe: “Que fizeste! Eis que a voz do sangue do teu irmão clama por mim desde a terra. 11 De ora em diante, serás maldito e expulso da terra, que abriu sua boca para beber de tua mão o sangue do teu irmão. 12 Quando a cultivares, ela te negará os seus frutos. E tu serás peregrino e errante sobre a terra”. 13 Caim disse ao Senhor: “Meu castigo é grande demais para que eu o possa suportar. 14 Eis que me expulsais agora deste lugar, e eu devo ocultar-me longe de vossa face, tornando-me um peregrino errante
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