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200 ANOS DA REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA

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HISTÓRIAS NÃO CONTADAS | 04

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HISTÓRIAS NÃO CONTADAS “...mas ainda é tempo de viver e contar. Certas histórias não se perderam”. (Nosso Tempo, Carlos Drummond de Andrade)

A história do Brasil que aprendemos nos bancos escolares e que é reproduzida nos livros didáticos está repleta de lacunas em relação a determinados fatos, sobretudo aqueles protagonizados por sujeitos históricos anônimos, ligados aos setores subalternos da sociedade. Nossa historiografia oficial primou pelo registro de fatos que enalteciam determinados personagens em detrimento de outros. Nos últimos anos, face à renovação dos estudos históricos em nosso país, procura-se mostrar que a História não é apenas fruto da ação isolada de grandes homens - os heróis nacionais, mas que ela se tece no cotidiano, onde emergem diferentes atores sociais. Todos nós fazemos História! Um dos fatos relegados ao esquecimento pela história oficial são as revoltas de caráter emancipacionista, que ocorreram durante o período colonial de nossa história. A Historiografia deu destaque à Inconfidência Mineira (1789), no qual emergiu a figura heroica de Tiradentes. Outros conflitos, a exemplo da Conjuração Baiana (1798), em que houve uma nítida participação de escravos e negros forros, já não são tão falados. No século XIX, quando o Brasil tornou-se Reino Unido a Portugal e Algarves, eclodiu outro movimento separatista. A Revolução de 1817, deflagrada em Pernambuco e que se estendeu por outras províncias do Norte, foi a única que, de fato, tomou o poder e instalou um governo republicano. A presente exposição faz parte do projeto HISTÓRIAS NÃO CONTADAS, em que a Câmara dos Deputados pretende mostrar a memória de determinados fatos que foram desprezados ou omitidos pela história oficial. Com isso, estamos contribuindo para que a história de nosso país não fique restrita aos circuitos acadêmicos e intelectuais e que possa ser mais conhecida por todos os brasileiros. Afinal de contas, o conhecimento histórico é um instrumento indispensável à construção da cidadania e ao fortalecimento de nossa identidade cultural.

Ricardo Oriá Historiador Consultor Legislativo

MAIS UMA HISTÓRIA NÃO CONTADA Em 1817, eclodiu na Capitania de Pernambuco um dos mais importantes movimentos revolucionários do período colonial brasileiro: a Revolução Pernambucana. De cunho emancipacionista, teve, entre suas causas, a crise econômica que atingia diretamente o comércio, a forte seca que assolava a região e as despesas e exageros da Corte recém-chegada ao Rio de Janeiro, que obrigava o Governo de Pernambuco a pagar pesados impostos para custeá-la. Influenciado pelas ideias iluministas, disseminadas principalmente pela maçonaria e pelo Seminário de Olinda, o movimento ultrapassou a fase conspiratória e chegou a tomar, de fato, o poder, estabelecer um Governo Provisório e buscar apoio de outras províncias. Após cerca de 75 dias, chegou ao fim, depois de sofrer dura repressão. Apesar de sua curta duração, deixou evidente o enfraquecimento do sistema colonial, que viria mais tarde a ser percebido em outros movimentos, culminando na Proclamação da Independência, em 1822. Por sua importância e pelo transcurso dos 200 anos desse notável episódio, a Câmara dos Deputados o apresenta em mais uma edição da série “Histórias Não Contadas”. Luciana Scanapieco Curadora

O Preciso, IAHGP AVANTE PATRIOTAS! 200 ANOS DA REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA

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CAUSAS DA REVOLUÇÃO Por que em Pernambuco? Pernambuco, capitania mais próspera do Brasil no período colonial, com seus engenhos de açúcar e plantações de algodão, tinha porto movimentado, comércio ativo e um conjunto urbano significativo. O fato de os pernambucanos terem, no passado, expulsado os holandeses e retomado a terra quase sem auxílio da Coroa desenhou a mítica de um passado heroico, motivo de orgulho e da sensação de terem condições de contestar a autoridade do Governo de Portugal. Por que em 1817? Em 1817, o clima de descontentamento instalou-se em razão da queda do preço do açúcar pelo expressivo aumento da produção mundial, por haver se tornado mais cara a mão de obra escrava e por uma forte seca haver desolado a região no ano anterior. Piorava o quadro a percepção de que a administração do governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro era ineficiente, atrasando mesmo o soldo dos militares. Por fim, a vinda da Família Real para o Brasil, em 1808, havia agravado o descontentamento, pois não trouxe ao Norte os mesmos benefícios legados ao Sul, e para manter todo o seu aparato no Rio de janeiro, a Coroa aumentou os impostos sobre a produção de açúcar e algodão.

Moinho de açúcar, Rugendas

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“Paga-se em Pernambuco um imposto para a iluminação das ruas do Rio de Janeiro, quando as do Recife ficam em completa escuridão.” Henry Koster (Português, filho de ingleses, que viera para o Brasil em 1809 por motivos de saúde) Dois sentimentos inflamantes: Nativismo e Antilusitanismo No período colonial, Portugal detinha o monopólio comercial sobre os produtos brasileiros. A enorme exploração desagradava aos produtores, que perdiam importantes compradores no mercado europeu. Mesmo com a Abertura dos Portos, mercadores portugueses dominavam o comércio, principalmente o do açúcar, para desagrado desse setor, uma vez que o comércio do algodão já se fazia diretamente pelos produtores com a Inglaterra. A situação era virtualmente explosiva: proprietários brasileiros e comerciantes portugueses viviam em constante rivalidade.

Venda em Recife, Rugendas

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Carregador de Algodão, Henry Koster

Para agravar a crise, brasileiros não podiam ocupar cargos importantes na administração pública e nos postos militares, gerando mais descontentamento e a emergência de uma evidente lusofobia, fator decisivo no desenrolar dos eventos revolucionários.

Os portugueses eram chamados de “marinheiros” porque chegavam ao Brasil em navios.

D. João VI, Debret, Museu da Cidade do Recife

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A CIRCULAÇÃO DE IDEIAS O clima de descontentamento permitiu a difusão de ideias políticas iluministas e liberais, que nortearam movimentos como a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa. O contato com essas ideias dava-se por intermédio dos alunos que iam estudar na Europa ou em seminários religiosos como o Seminário de Olinda e também por intermédio das Academias e da Maçonaria. As ideias libertárias foram progressivamente aceitas pela elite dominante que, por esse espírito, via surgir uma motivação política capaz de promover-lhe a liberdade da dominação portuguesa, mas mantendo os direitos e privilégios da ordem colonial.

“No Recife de Pernambuco. –– Domingo de Páscoa, 6 de abril de 1817. –– Antes da revolução reuniam-se, à tarde, várias vezes por semana, em minha casa, o padre João Ribeiro e alguns dos seus amigos. (...) Estes senhores desejavam ser instruídos sobre o estado das artes, das ciências e da filosofia na França, e imaginavam loucamente que um simples negociante era capaz de satisfazê-los sobre estes pontos importantes; eu lhes dizia o pouco que sei e o que penso prevenindo-os da fraqueza das minhas luzes.” L. F. Tollenare (Tollenare era um comerciante francês que veio ao Brasil para comprar algodão e aqui ficou nos anos de 1816—17. Foi testemunha da Revolução Pernambucana e sobre ela escreveu em suas “Notas Dominicais”.)

Seminário de Olinda, Manoel Bandeira, APEJE

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“Revolução dos Padres” Criado em 1800 pelo bispo José da Cunha de Azeredo Coutinho, o Seminário de Olinda baseava seu ensino em doutrinas racionalistas cartesianas. Alguns dos professores do Seminário, como os padres João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro e Miguelinho, foram revolucionários de destaque em 1817. Estima-se que cinquenta padres e cinco frades participaram do movimento.

“O padre João Ribeiro (...) é um homem instruído e sem fortuna, sendo bastante filósofo para desprezá-la. (...) Nutrido com a leitura dos filósofos antigos e modernos, ele só respirava pela liberdade, e isto mais por amor dela do que por ambição. (...) Arrastado pela leitura das obras de Condorcet, testemunhava a mais alta confiança no progresso do espírito humano: a sua imaginação ia mais depressa do que o seu século e sobretudo adiantava-se muito à índole dos seus compatriotas.” L. F. Tollenare

“Revolução das Ideias” Com veto à presença de europeus, as Academias eram núcleos secretos que discutiam a libertação nacional e o anticolonialismo, sem terem, porém, a configuração ritualística das organizações maçônicas. Em 1798, o padre Manoel Arruda Câmara (Frei Manoel do Coração de Jesus) funda em Olinda o Areópago de Itambé.

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Bispo Azeredo Coutinho, IAHGP AVANTE PATRIOTAS! 200 ANOS DA REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA

“Revolução dos Republicanistas” A Maçonaria é uma sociedade discreta de caráter universal cujos membros cultivam ideias de filantropia, humanismo, democracia, liberdade, fraternidade e igualdade entre os homens, além de buscarem o aperfeiçoamento intelectual. Enquanto os núcleos maçônicos do Rio de Janeiro seguiam orientação monárquico-constitucional e eram tutelados por Lojas Portuguesas, a Maçonaria de Pernambuco era republicanista e exclusivamente brasileira. Assim, enquanto a primeira planejava que D. João VI jurasse uma constituição, a segunda pretendia uma república. Tal diferença é apontada por alguns historiadores como a principal causa que impediu a adesão do Sul à Revolução. Escrivaninha de Frei Miguelinho, IAHGP

“A Conspiração dos Suassuna” Um dos primeiros episódios em que se pode verificar a influência dos ideais iluministas ocorreu em 1801, quando Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, proprietário do Engenho Suassuna, foi acusado, juntamente com seus irmãos, de conspirar para tornar Pernambuco independente. Eles eram membros do Areópago de Itambé e tinham planos até de conseguir o apoio de Napoleão, graças às suas conexões com a maçonaria francesa. Nada foi apurado de concreto e todos foram libertados por falta de provas. Todas essas personagens mais tarde atuariam também na Revolução de 1817.

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Muniz Tavares, Baltazar da Câmara, IAHGP Monsenhor Francisco Muniz Tavares foi historiador, Cronista da Revolução de 1817 e Presidente da Câmara dos Deputados (1846 -1847).

Insígnia da maçonaria, IAHGP

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AVANTE PATRIOTAS! O Estado de Alerta e as prisões O governador de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, a princípio ignorou os boatos de levantes e agitação de tropas, mas finalmente decidiu agir, no dia 6 de março de 1817, ao emitir estado de alerta e pedir ordem de prisão para os supostos conspiradores.

Caetano Pinto de Miranda Montenegro, Manoel Bandeira, IAHGP

O início da Revolução O capitão Barros Lima, o Leão Coroado, não aceitou a ordem de prisão dada pelo brigadeiro português Barbosa de Castro e o matou. Os grupos rebelados tomaram o quartel do regimento de Artilharia e saíram às ruas. Começava a Revolução.

“Em lugar de ‘Vossa mercê’, diz-se ‘Vós’, simplesmente; em lugar de Senhor é-se interpelado pela palavra Patriota, o que equivale a cidadão e ao tratamento de tu, de que nos servimos em França, nossos tempos demagógicos.” L. F. Tollenare

Palácio Campo das Princesas - Governo de Pernambuco

“A palavra ‘patriota’ foi bastante utilizada em Pernambuco em 1817 e se tornou uma espécie de indicador de uma identidade regional. Neste caso, a ‘pátria’ dos revolucionários recifenses não era o Brasil, mas Pernambuco.” Flavio José Gomes Cabral, historiador

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Espada e óculos do Leão Coroado, IAHGP Forte do Brum. Recife - PE

“A 6 deste mês teve lugar uma revolução bem inesperada. O estandarte da independência foi levantado; as tropas colocaram-se em volta dele. Transferidor e Espora do Leão Coroado, IAHGP

Arcabuz, IAHGP

O governador, assim traído, viu-se forçado a refugiar-se em um forte, ali capitular e acaba de embarcar para o Rio de Janeiro. Um governo provisório, composto de cinco membros, foi instituído por um pequeno número de conjurados; fala-se em erigir a capitania de Pernambuco em República.” L. F. Tollenare

“Moro muito perto do quartel, que foi o foco da desordem. (...) Foi então que o padre João Ribeiro, deixando as tropas que o cercavam, dirigiu-se para o nosso lado. (...) pediu para beber, e, tomando um copo, propôs-me um brinde à liberdade do Brasil.” L. F. Tollenare Canhão dos revolucionários de 1817, IAHGP

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A REPÚBLICA PERNAMBUCANA

A Composição O Governo Provisório era composto por cinco membros, cada um representando um segmento das classes dominantes: Domingos Teotônio Jorge (militares) Domingos José Martins (comerciantes) Padre João Ribeiro (sacerdotes) Manoel Correa de Araújo (agricultores) José Luiz Mendonça (magistrados) Junta de Pernambuco, Rugendas

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“Era em casa do sr. Domingos José Martins que se realizavam os jantares brasileiros de que já falei; reunia ali os oficiais dos regimentos e emprestava-lhes dinheiro. Considero-o como um dos principais autores da Revolução.” L. F. Tollenare

Domingos José Martins (Herói Nacional), IAHGP

A Lei Orgânica Estabeleceu-se que dentro de um ano deveria ser convocada uma Assembleia Constituinte, a qual teria três anos para elaborar a Constituição. Até lá, ficaria vigente a chamada Lei Orgânica, de autoria atribuída a Frei Caneca. Inspirada na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, o documento estabelecia uma série de direitos e garantias individuais, tais como:

Gate & Slave Market at Pernambuco, a partir de Augustus Earle, © Trustees of the British Museum

- liberdade de imprensa - liberdade de consciência - tolerância às demais religiões cristãs (apesar de o catolicismo ser a religião oficial). As Contradições Embora inovador em alguns aspectos, o primeiro governo republicano instalado no Brasil foi marcado por contradições. Propunha ideias como a igualdade racial e social, mas defendia a manutenção da escravidão, como estratégia para manter o apoio dos proprietários de terra. Além disso, mostrava-se um movimento aristocrático, com pouca participação popular.

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Frei Caneca (Herói Nacional) Manoel Bandeira, IAHGP

O Preciso, IAHGP Carta de exposição dos motivos da Revolução, redigida por José Luís Mendonça. Sua impressão foi um ato de rebeldia à lei que impedia a liberdade de imprensa.

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“Disse, há poucos dias, ao padre João Ribeiro que deveria publicar uma gazeta para doutrinar o povo, que nada compreende do que se vai fazer. Assegurei-lhe que um grande número de indivíduos da classe média não se considerava em revolta contra o rei, crendo somente haverem expulso um mau governador, e esperavam receber um melhor da corte do Rio de Janeiro. ‘Convém-nos deixá-los neste erro’, respondeu-me o padre.” L. F. Tollenare

A Nova Bandeira

Grandeza do céu pernambucano;

Paz;

União de todos os pernambucanos;

Bênção das Bandeiras Republicanas, Antônio Parreiras, APEJE

Capitanias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte; Força e energia de Pernambuco; Fé na justiça e no entendimento.

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APOIO INTERNO E NO EXTERIOR Aderiram ao movimento: Paraíba e Rio Grande do Norte Paraíba Levante na Vila de Itabaiana organizado por Manuel Clemente e João Batista do Rego. Revoltosos marcharam sobre Pilar e Cidade da Paraíba. Formaram uma junta governativa republicana que se aliou a Pernambuco.

Rio Grande do Norte André de Albuquerque Maranhão, senhor de engenho, prendeu o governador e o enviou para Pernambuco. Ocupou a vila de Natal e formou sua junta governativa.

Fracassaram na Bahia e no Ceará Bahia Padre Roma, enviado como representante da Revolução, foi preso ao desembarcar e fuzilado por ordem do governador (Conde dos Arcos). Gervásio Pires, IAHGP

Gervásio Pires era um rico comerciante, liberal e revolucionário. Patrocinou a ida de Cruz Cabugá aos EUA em busca de armas. Foi conselheiro e inspetor de finanças do Estado republicano. Com o fim do movimento, foi preso e enviado a Bahia, onde permaneceu por quatro anos.

Tinteiro do Padre Roma, IAHGP

Ceará Levante feito pela Família Alencar foi derrotado pelo Coronel Filgueiras.

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Bárbara de Alencar (Heroína Nacional) Juntamente com seus filhos, que eram alunos do Seminário de Olinda, teve atuante participação revolucionária no Cariri. Considerada a primeira presa política do Brasil. Avó do escritor José de Alencar.

Estados Unidos e Napoleão Para conseguir apoio externo e armamentos, o comerciante Cruz Cabugá foi enviado aos Estados Unidos. Além disso, ele tinha a missão de recrutar antigos revolucionários franceses exilados e libertar Napoleão, que comandaria a Revolução Pernambucana e voltaria para Paris para reassumir o poder. Foi preso antes mesmo de desembarcar no Brasil.

Napoleão Bonaparte, a partir de Muneret © Trustees of the British Museum

Inglaterra e o Caso Hipólito da Costa Na Inglaterra, foi oferecido o cargo de ministro plenipotenciário da Nova República ao jornalista Hipólito da Costa, mas ele recusou, em razão de um acordo com a Coroa Portuguesa. Em troca de suavizar as críticas publicadas contra a monarquia, a Coroa daria subsídios ao jornalista e compraria exemplares do seu jornal. Hipólito da Costa, Artista Desconhecido Ministério das Relações Exteriores - Palácio Itamaraty AVANTE PATRIOTAS! 200 ANOS DA REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA

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A REPRESSÃO “A 16 [de abril] apareceram no porto um brigue e duas corvetas, vindas da Bahia para formar o bloqueio do Recife. É tempo de deixar este país, pois, vai ser o teatro de uma guerra civil.” L. F. Tollenare

Bahia: Conde dos Arcos, sem esperar instruções da Corte, envia tropas por terra sob o comando do Marechal Cogominho de Lacerda, recebendo apoio dos proprietários alagoanos. Rio de Janeiro: General Luis do Rego Barreto é enviado por D. João VI, com 2.500 homens para se juntar às tropas na Bahia. Foi também enviada uma esquadra comandada por Rodrigo Lobo para bloquear a costa pernambucana.

Conde dos Arcos, Manoel Bandeira, IAHGP

A Implosão do Espírito Revolucionário Internamente, duas causas enfraqueceram a Revolução: a deserção de soldados e a perda de apoio dos civis, que passaram a defender o fim da república por dois motivos: 1 - Boatos sobre a libertação dos escravos, que a luta de negros ao lado dos revolucionários no Regimento dos Henriques parecia confirmar.

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2 - O Norte, algodoeiro, mostrava-se mais motivado por poder já comercializar diretamente com a Inglaterra, enquanto o Sul, açucareiro, passou a temer as consequências da Revolução, pois ainda dependia da intermediação comercial portuguesa.

A Punição

A Rendição

- Outros foram levados para a Bahia para serem processados por traição ao rei.

O governo revolucionário tinha poucas condições de resistência, porque a defesa do território era difícil e dispunha de tropas pequenas. A situação estava crítica e os “patriotas” não tinham chances de êxito. Frente a essa situação, o coronel Paula Cavalcanti abriu negociação. O almirante Rodrigo Lobo exigiu rendição dos revolucionários e assumiu o governo da capitania.

- A Capitania de Pernambuco foi desmembrada. Alagoas tornou-se uma nova capitania. - Muitos revolucionários foram condenados à forca e executados em Pernambuco.

“Pernambuco. –– Domingo, 25 de maio de 1817. –– A Revolução de Pernambuco terminou a 20, depois de ter durado dois meses e meio. (...) O padre João Ribeiro suicidou-se a três léguas daqui; passeiam a sua cabeça sangrenta pelas ruas da cidade. Quando, a 19, me mandou dizer que o governo estava dissolvido, acrescentou que lamentava não poder me dizer adeus, mas, que eu podia ficar certo de que ele saberia morrer como homem livre.” L. F. Tollenare

Luís do Rego, Manoel Bandeira, IAHGP José Peregrino, Antônio Parreiras, Palácio da Redenção - Governo da Paraíba. José Peregrino foi um dos líderes da revolta na Paraíba. Entregou-se à guarda imperial a pedido de seu pai, sob a alegação de não ser indiciado por lesa-majestade, o que não ocorreu. Foi preso e condenado à forca aos 19 anos. Sua cabeça e mãos foram postos à exposição em frente à Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, em João Pessoa. Bengala do Governador Luís do Rego, IAHGP

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Luís do Rego foi um general português que destacouse no combate às invasões napoleônicas. Foi nomeado Governador de Pernambuco por D. João VI para reprimir possíveis levantes futuros.

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O LEGADO Mesmo com a vitória da Corte sobre o movimento revolucionário pernambucano, este episódio deixou evidente o enfraquecimento do poder monárquico, do regime colonial e das relações metrópole–colônia. Novos levantes e fatos ocorreram, como a Revolução Constitucionalista do Porto, a Convenção de Beberibe, e o próprio processo de Independência do Brasil. Seus atores são lembrados hoje com orgulho e dão nomes a ruas, edifícios e pontes. Domingos Martins, Bárbara de Alencar e Frei Caneca, possuem seus nomes inscritos no Livro de Heróis da Pátria.

“Recordo-me que um dia o Padre João Ribeiro me disse: ‘É em vão que se pretende abafar as ideias liberais; pode-se adormentar por um momento a liberdade; mas, ela terá sempre o seu despertar, não duvideis disto’.” L. F. Tollenare

Livro de Aço do Panteão da Pátria

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Referências Bibliográficas

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QUINTAS, Amaro. A revolução de 1817. 2 ed. Rio de Janeiro: J. Olympio; Recife: Fundarpe, 1985.

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Agradecimentos Secretaria da Casa Civil – Governo do Estado de Pernambuco Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP) Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (APEJE) Museu da Cidade do Recife Fundação Joaquim Nabuco Palácio da Redenção – Governo do Estado da Paraíba Palácio do Itamaraty Panteão da Pátria Museu Antonio Parreiras

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Câmara dos Deputados Mesa Diretora da Câmara dos Deputados Presidente Rodrigo Maia (DEM/RJ) 1º Vice-Presidente Fábio Ramalho (PMDB/MG)

Coordenação do Projeto Secretaria de Comunicação Social Centro Cultural Câmara dos Deputados Secretário de Comunicação Social Márcio Marinho (PRB/BA) Diretora Executiva de Comunicação Social

Gisele Azevedo Rodrigues 200 ANOS DA REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA Vice-Presidente

2º André Fufuca (PP/MA)

1º Secretário Giacobo (PR/PR) 2º Secretária Mariana Carvalho (PSDB/RO) 3º Secretário JHC (PSB/AL) 4º Secretário Rômulo Gouveia (PSD/PB) Suplentes Dagoberto (PDT/MS) César Halum (PRB/TO) Pedro Uczai (PT/SC) Carlos Manato (SD/ES) Procurador Parlamentar Carlos Marun (PMDB/MS) Corregedor Parlamentar Evandro Gussi (PV/SP) Diretor-Geral Lucio Henrique Xavier Lopes Secretário-Geral da Mesa Wagner Soares Padilha

Diretor do Centro Cultural Wesley Vasconcelos Núcleo de História, Arte e Cultura Coordenação Clarissa de Castro Curadoria, Pesquisa e Produção Luciana Scanapieco Assessoria de Imprensa | Revisão e Divulgação C.André Laquintinie Maria Amélia Elói | Marco Antunes Montagem e Manutenção da Exposição André Ventorim | Edson Caetano | Paulo Titula | Wendel Fontenele Projeto Gráfico Israel Cerqueira Wlademir Fernando Horta (Catálogo) Núcleo de Museu Coordenação Marcelo Sá de Sousa Museóloga Luciana Scanapieco Material Gráfico Coordenação de Serviços Gráficos - CGRAF/DEAPA Fotografia Renata Galvão | Elizangela Santos | Fotografia Institucional Câmara dos Deputados (Taísa Viana / Frederico Beck)

Informações: 0800 619 619 – [email protected] Palácio do Congresso Nacional- Câmara dos Deputados Anexo 1 – Sala 1601 – CEP 70.160-900 – Brasília/DF www.camara.leg.br/centrocultural Brasília, julho de 2017

Série HISTÓRIAS NÃO CONTADAS

Nº 1 A Batalha do Jenipapo no processo de independência do Brasil

Nº 2 Dois de Julho A independência do Brasil na Bahia

Nº 3 Nas Trilhas da Cabanagem 1835 - 1840

Disponíveis em: www.camara.leg.br/centrocultural

Este catálogo foi impresso em couché fosco 115g/m² (miolo) e couché fosco 250g/m², com laminação BOPP fosco, frente e verso (capa). AVANTE PATRIOTAS! 200 ANOS DA REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA

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