AUTORES & OBRAS: AS PREFERIDAS
CECÍLIA MEIRELES (1901-1964) Cecília Meireles foi a poeta de maior destaque da Literatura Brasileira. Em várias entrevistas, a poeta afirmou que foi a sua infância cheia de dores e solidões o lugar de onde ela tirou grande parte de seus poemas e suas temáticas. O pai de Cecília morreu antes que ela nascesse e sua mãe morreu quando ela tinha apenas três anos de idade. Na vida adulta, mais uma vez encontrou a perda. Seu marido, o pintor Fernando Dias, suicidou-se depois de longos anos de depressão. Seu livro Viagem (1939) trouxe-lhe grande reconhecimento de público e crítica. As principais temáticas da poesia de Cecília foram: - a efemeridade da vida. - a impermanência, regra geral de tudo que é vivo e móvel. - a busca por uma dimensão espiritual da realidade. Fortemente influenciada pelo Budismo, muitos dos poemas da autora abordam a questão da impermanência como algo com o qual o ser humano precisa lidar para entender a realidade de forma mais profundo e menos sofrida.
CLARICE LISPECTOR (1920-1977)
Clarice é talvez a principal autora da Literatura Brasileira. Quando olhamos para os manuais de Literatura, para os livros didáticos e para a fortuna crítica mais convencional, são poucos os nomes femininos que ganham destaque. Clarice foi exceção desde sua primeira obra, tendo sido elogiada por Antônio Cândido, um dos críticos mais importantes da Literatura de nosso país. A autora ficou conhecida por seus contos e romances extremamente subjetivos que em geral partiam do interior do sujeito. A maior parte da ficção de Clarice Lispector não tem um enredo no qual as ações sejam importantes ou vitais, pois o que é vital são os sentimentos e as angústias dos personagens, em geral mulheres. No entanto, isso não quer dizer que não haja um elemento social. A maior parte das personagens da autora eram mulheres vivendo uma existência limitada. Nesse sentido, Clarice refletiu sobre as limitações da mulheres nos anos 50 e 60. Presas ao lar, aos filhos, aos maridos. Algumas dessas mulheres claramente sentiam angústia, outras mentiam para si próprias, fingindo-se satisfeitas com a própria vida, porém sofriam de um sentimento pesado que não sabiam definir e que vinha à tona a partir de uma epifânia. A epifânia foi um elemento bastante utilizado nos contos de Clarice e servia como um recurso externo que fazia com que os personagens, de repente, percebessem que havia algo de errado com suas existências, algo de faltoso. No entanto, apenas o seu último romance foi visto como um texto com uma preocupação social mais aguçada. A Hora da Estrela (1977) narra a vida de Macabéa, mulher, pobre, nordestina, feia dentro de estereótipos de beleza, ela se arrasta pela cidade grande invisível aos olhos do mundo que escolhe não ver certas pessoas.
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ANA CRISTINA CÉSAR (1952-1983)
Ana Cristina César ou Ana C., como é conhecida, nasceu no Rio de Janeiro em 1952. Foi poeta, jornalista, tradutora e crítica literária. Graduou-se em Letras pela PUC do Rio de Janeiro, onde se vinculou a poetas, professores e intelectuais e passou a frequentar grupos de poesia marginal e grupos de combate e questionamento à ditadura militar. Ana C. viveu da literatura, viveu a literatura e foi uma mulher sensível. Sentia a vida com todos os poros, com intensidade. Em carta para um amigo escreveu: “Não sei como poderei pegar no sono. A literatura me perturba. Uma caixa cheia de cartões-postais me perturba. A renúncia me perturba. Até uma caixa d'água, um otorrino gauche, um índice onomástico. Tomo tudo na veia”. Para falar de Ana C. precisamos falar da Poesia Marginal ou da Geração Mimeógrafo que surgiu na década de 70 aqui no Brasil. Geração Mimeógrafo, pois os escritores que aderiram a esse grupo não se utilizavam dos meios tradicionais de circulação de obras, ou seja, eles não eram publicados por meio de editoras. Esses autores publicavam, divulgavam e vendiam suas próprias obras, ficando, assim, às margens do sistema editorial. E por que faziam isso? Um dos motivos era o contexto de repressão e de censura à arte que havia na época da ditadura militar. Então, essa atitude era uma forma de escapar da censura. E Ana C. entra nessa lógica. Seus três primeiros livros – Cenas de Abril, Correspondência Completa e Luvas de Pelica – são edições artesanais feitas pela própria autora. O seu primeiro livro publicado por uma editora foi A Teus Pés, em 1982.
HILDA HILST (1930-2004)
Hilda Hilst nasceu em Campinas em 1930 e morreu há não muito tempo, em 2004. Foi poeta, romancista, contista e dramaturga. Dedicou, enfim, a vida à escrita. Seu primeiro livro chama-se Presságio e foi publicado em 1950. Um livro bastante elogiado por Cecília Meireles. Formada em Direito, Hilda – após ler o livro Vida e Proezas de Aléxis Zorbás, do escritor grego Nikos Kazantzákis –, optou por uma vida reclusa e em 1964 passou a viver na fazenda de sua mãe, enquanto mandava construir uma casa para si nas redondezas. Em 1966 fica pronta a Casa do Sol, ambiente construído para ser um lugar inspirador, um lugar para escrever. Hilda viveu lá até o fim de seus dias, e hospedeu Caio Fernando Abreu quando ele foi perseguido pela Ditadura Militar. Escritora fervorosa, com mais de 40 livros escritos, foi uma mulher de palavras corajosas e escreveu sem medo sobre sexo em suas poesias eróticas que se tornaram muito famosas. A obra de Hilda é mais conhecida lá fora do que aqui. Como a própria Hilda dizia, “as pessoas cagam pros poetas”. O universo temático de Hilda é vasto. Ela escreveu sobre a natureza, sobre o silêncio, sobre o amor, sobre o desejo, sobre a morte, sobre sua condição de mulher, sobre a condição humana, sobre o desejo de felicidade e paz.
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PARA LER!
Leiam abaixo um poema de Cora Coralina, outra grande poeta de nossa Literatura Brasileira Aninha e suas pedras Não te deixes destruir… Ajuntando novas pedras e construindo novos poemas. Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça. Faz de tua vida mesquinha um poema. E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir. Esta fonte é para uso de todos os sedentos. Toma a tua parte. Vem a estas páginas e não entraves seu uso aos que têm sede. (CORALINA, Cora. Melhores Poemas. São Paulo: Global, 2008)
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