REVISÃO DE LITERATURA Principais períodos, autores e questões comentadas.

LITERATURA Arte das palavras, ficção, representação de uma realidade.

Prosa narrativa: narrador(3ª ou 1ª pessoa). Tempo: cronológico ou psicológico(memória).

Tipos de discursos Discurso direto: fala direta da personagem Discurso indireto: voz do narrador Discurso indireto-livre: mistura da voz do narrador + a voz ou pensamento da personagem

Poesia

versos(cada linha do poema) Eu lírico: sujeito lírico: sujeito poético: eu poético Estrutura mais comum de poesia: soneto (2 quartetos + 2 tercetos)

Temáticas/ assuntos/ motivos recorrentes: amor, solidão, morte, questões sociais, existência e etc.

Principais figuras de linguagem Metáfora: comparação implícita Comparação: comparação explícita Antítese: opostos possíveis

Paradoxo: opostos contraditórios Anáfora: repetição no início dos versos Prosopopeia ou personificação: características humanas em outros seres.

Texto I XLI Ouvia: Que não podia odiar E nem temer Porque tu eras eu. E como seria Odiar a mim mesma E a mim mesma temer. HILST, H. Cantares. São Paulo: Globo, 2004 (fragmento).

Texto II Transforma-se o amador na cousa amada Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada. Camões. Sonetos. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento).

( ENEM-2010) Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e de Camões, a temática comum é A) o “outro” transformado no próprio eu lírico, o que se realiza por meio de uma espécie de fusão de dois seres em um só. B) a fusão do “outro” com o eu lírico, havendo, nos versos de Hilda Hilst, a afirmação do eu lírico de que odeia a si mesmo.

C) O “ outro” que se confunde com o eu lírico verificando-se, porém, nos versos de Camões, certa resistência do ser amado. D) a dissociação entre o “outro” e o eu lírico, porque o ódio ou o amor se produzem no imaginário, sem a realização concreta. E) o “outro” que se associa ao eu lírico, sendo tratados, nos Textos I e II, respectivamente, o ódio e o amor.

Gêneros literários Lírico: versos, poesia e prosas poéticas Épico: coletividade, exaltação de um herói ou uma nação

Dramático: encenação, teatro Narrativa: gênero moderno: romances, contos, crônicas.

Texto III FABIANA, arrepelando-se de raiva – Hum! Eis aí está para que se casou meu filho, e trouxe a mulher para minha casa. É isto constantemente. Não sabe o senhor meu filho que quem casa quer casa… Já não posso, não posso, não posso! (Batendo o pé). Um dia arrebento e então veremos! (PENA, M. Quem casa quer casa. www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 7 dez 2012)

(ENEM-2014) As rubricas em itálico, como as trazidas no trecho de Martins Pena, em uma atuação teatral, constituem A) necessidades, porque as encenações precisam ser fiéis às diretrizes do autor. B) possibilidade, porque o texto pode ser mudado, assim como outros elementos.

C) preciosismo, porque são irrelevantes para o texto ou a encenação. D) exigência, porque elas determinam as características do texto teatral. E) imposição, porque elas anulam a autonomia do diretor.

PERÍODOS LITERÁRIOS: ERA COLONIAL (1500- 1822)

QUINHENTISMO: documentos históricos (Carta de Pero Vaz de Caminha), narrativas de viagens, diários de bordo, poesia religiosa (Pe. José de Anchieta)

BARROCO: religiosidade, contraste, carpe diem, sátira política, amor exagerado (Gregório de Matos) + sermões (Pe. Antonio Vieira) ARCADISMO: bucolismo, simplicidade, natureza e amor idealizados, pré-romantismo, inconfidentes mineiros( Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa)

Texto IV – parte 1 Quando Deus redimiu da tirania Da mão do Faraó endurecido O Povo Hebreu amado, e esclarecido, Páscoa ficou da redenção o dia.

Páscoa de flores, dia de alegria Àquele povo foi tão afligido O dia, em que por Deus foi redimido; Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.

Texto IV – parte 2 Pois mandado pela Alta Majestade Nos remiu de tão triste cativeiro, Nos livrou de tão vil calamidade.

Quem pode ser senão um verdadeiro Deus, que veio estirpar desta cidade o Faraó do povo brasileiro. (DAMASCENO, D. Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: 2006)

(ENEM-2014) Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípi os barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por A) visão cética sobre as relações sociais. B) preocupação com a identidade brasileira. C) crítica velada à forma de governo vigente. D) reflexão sobre dogmas do Cristianismo. E) questionamento das práticas pagãs na Bahia.

PERÍODOS LITERÁRIOS: BRASIL IMPÉRIO (1822-1889)

ROMANTISMO: Idealização amorosa, das personagens e do ambiente , nacionalismo ufanista, morrer de amor, melancolia, sofrimento profundo. Herói nacional, indianismo, luta pela abolição da escravatura. Gonçalves Dias, Álvarez de Azevedo, Castro Alves, José de Alencar

REALISMO: Crítica às instituições vigentes: casamento, igreja e sociedade. Análise psicológica das personagens. Narrativa lenta e detalhada. Machado de Assis

Texto V – parte 1 Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estireime na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tic-tac soturno, vagaroso e seco, parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida.

Texto V – parte 2 Imaginava então um velho diabo, sentado entre dous sacos, o da vida e o da morte, a tirar as moedas da vida para dá-las à morte, e a contá-las assim: -- Outra de menos... -- Outra de menos... -- Outra de menos... -- Outra de menos...

Texto V – parte 3 O mais singular é que, se o relógio parava, eu davalhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo.

Texto V – parte 4 O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há-de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exacta em que morre. Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abalroam para ver o anjo-cantor das procissões.

Texto V – parte 5 Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados. ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).

( ENEM-2013) O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgília, casada com Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas românticos, porque A) o narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros. B) como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tempo.

C) na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas. D) o relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas. E) o narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio.

NATURALISMO: patologia social, instinto é maior do que a razão, determinismo das ações do homem. Meio é a grande personagem da narrativa. Aluísio de Azevedo PARNASIANISMO: culto à forma, padrão clássico de poesia, racionalidade. Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira

SIMBOLISMO: sonoridade, imagens caóticas, sugestões, religiosidade. Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens

Texto VI – parte 1 Vida obscura Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro ó ser humilde entre os humildes seres, embriagado, tonto de prazeres, o mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste no silêncio escuro a vida presa a trágicos deveres e chegaste ao saber de altos saberes tornando-te mais simples e mais puro.

Texto VI – parte 2 Ninguém te viu o sofrimento inquieto, magoado, oculto e aterrador, secreto, que o coração te apunhalou no mundo, Mas eu que sempre te segui os passos sei que a cruz infernal prendeu-te os braços e o teu suspiro como foi profundo! (SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961)

(ENEM-2014) Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Souza transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em A) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação. B) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.

C) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes. D) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais. E) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.

PERÍODOS LITERÁRIOS: BRASIL REPÚBLICA ( 1889 até hoje)

PRÉ-MODERNISMO: realidade dos interiores, loucura, nacionalismo ufanista (Lima Barreto) + caipira e a decadência do café (Monteiro Lobato) + gaúcho e os “causos” (Simões Lopes Neto) + poesia anti-lírica, termos científicos e a morte física ( Augusto dos Anjos) + sertão da Bahia, determinismo + sertanejo (Euclides da Cunha) Período de transição entre os movimentos passados e a ruptura= Modernismo

Texto VII – parte 1 Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada

Texto VII – parte 2

... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!

Texto VII – parte 3 O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções.

Texto VII – parte 3 Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções.

Texto VII – parte 4 A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete. BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2011.

(ENEM-2012) O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que A) a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país. B) a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto republicano.

C) a construção de uma pátria a partir de elemento míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica. D) a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se em seu gabinete. E) a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional faz parte de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor.

MODERNISMO (1ª fase) -1922-1930 Fase heroica, ruptura com o passado, renovação estética, ironia, nacionalismo crítico. Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Manuel Bandeira MODERNISMO(2ª fase) 1930-1945 Existencialismo, poesia metafísica, religiosidade, poesia engajada, preocupação social, eu x mundo. Carlos D. de Andrade, Cecília Meireles, Jorge de Lima, Vinicius de Moraes, Mário Quintana.

MODERNISMO (3ª fase) 1945- 1960 Experimentalismo, neologismo, análise detalhada do âmago das personagens, lutas internas, psicologia e religiosidade, cotidiano perturbado. Guimarães Rosa, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto

CONCRETISMO: poesia visual, abolição do verso Décio Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos

POESIA MARINAL: cotidiano, geração mimeógrafo, novas formas de publicação, ironia e crítica. Chacal, Cacaso e Paulo Leminski

Texto VIII – parte 1 Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.[...] Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever.

Texto VIII – parte 2 Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré- história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.

Texto VIII – parte 3 Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual – há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo – como a morte parece dizer sobre a vida – porque preciso registrar os fatos antecedentes. LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento).

(ENEM-2013) A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador A) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens. B) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem.

C) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso.

D) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas. E) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção.

TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS E AS NOVAS LITERATURAS Sociedade opressora, cotidiano de violência, relações familiares, identidade questionada, vida agitada dos grandes centros , vocabulário próximo da linguagem falada. Rubem Fonseca, Patrícia Melo, Luiz Rufatto.

Texto IX – parte 1 João Guedes, um dos assíduos frequentadores do boliche do capitão, mudara-se da campanha havia três anos. Três anos de pobreza na cidade bastaram para o degradar. Ao morrer, não tinha um vintém nos bolsos e fazia dois meses que saíra da cadeia, onde estivera preso por roubo de ovelha.

Texto IX – parte 2 A história de sua desgraça se confunde com a da maioria dos que povoam a aldeia de Boa Ventura, uma cidadezinha distante, triste e precocemente envelhecida, situada nos confins da fronteira do Brasil com o Uruguai. MARTINS, C. Porteira fechada. Porto Alegre: Movimento, 2001 (fragmento).

Texto X – parte 1 Comecei a procurar emprego, já topando o que desse e viesse, menos complicação com os homens, mas não tava fácil. Fui na feira, fui nos bancos de sangue, fui nesses lugares que sempre dão para descolar algum,

Texto X – parte 2 fui de porta em porta me oferecendo de faxineiro, mas tava todo mundo escabreado pedindo referências, e referências eu só tinha do diretor do presídio. FONSECA, R. Feliz Ano Novo. São Paulo: Cia. Das Letras, 1989 (fragmento).

(ENEM-2014) A oposição entre campo e cidade esteve entre as temáticas Tradicionais da literatura brasileira. Nos fragmentos dos dois autores contemporâneos, esse embate incorpora um elemento novo: a questão da violência e do desemprego. As narrativas apresentam confluências, pois nelas o(a) A) criminalidade é algo inerente ao ser humano, que sucumbe a suas manifestações. B) meio urbano, especialmente o das grandes cidades, estimula uma vida mais violenta.

C) falta de oportunidades na cidade dialoga com a pobreza do campo rumo à criminalidade. D) êxodo rural e a falta de escolaridade são causas da violência nas grandes cidades. E) complacência das leis e a inércia das personagens são estímulos à prática criminosa.

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