16º Seminário CEMEC DESAFIOS DA RETOMADA DO INVESTIMENTO PRIVADO E DO CRESCIMENTO A necessidade de uma nova estratégia de crescimento

São Paulo Dezembro de 2016 Carlos A. Rocca

Indice 1. Porque o desempenho da economia tem frustrado as expectativas de recuperação ? 2. Queda do investimento é o principal fator da recessão e sua recuperação é a chave da retomada do crescimento 3. Cenário para 2017: alguns fatores podem estabilizar ou gerar pequeno crescimento do PIB 4. Ações para retomar crescimento devem ter mesma prioridade do ajuste fiscal 5. Conclusões

1. Porque o desempenho da economia tem frustrado as expectativas de recuperação ?

Expectativas impactam juros, ações e reduzem projeção de inflação ,

Set/2016 : choque positivo de expectativas começa a reverter

Desempenho negativo da economia reverte expectativas otimistas

Consumo privado continua em queda até 2016T3

Fatores de queda de consumo se mantem e reversão deve ser lenta

Fatores de queda de consumo se mantem e reversão deve ser lenta

Fatores de queda de consumo se mantem e reversão deve ser lenta

Gastos de consumo do setor publico mantem queda desde 2015T2

Mas carga da divida publica mantem forte crescimento

Investimento mantem queda forte desde 2014T3

Utilização de capacidade cai e inibe investimentos

Custos de capital próprio e de divida ainda são elevados

Em 2016, queda de 6,5% crédito bancário é mais um fator limitante

50% de 605 grandes empresas gera caixa menor que despesas financeiras

Desde 2016T2 exportações liquidas tem pequeno impacto positivo

2.Queda do investimento é o principal fator da recessão e sua recuperação é a chave da retomada do crescimento

Alguns fatores da desaceleração 2010/2014 1. 2. 3. 4.

Credito ao consumidor atinge limites Perda de relações de troca, exportações Inflação elevada e deterioração de expectativas Ambiente de negócios:

a. Perda de confiança na politica econômica b. Descontrole fiscal, aumento da divida publica c. Mais intervenção, aumento da incerteza d. Elevação do risco pais e do custo de capital 5. Queda do investimento privado

Crescimento do PIB é altamente correlacionado com o investimento: intensidade da recessão reflete forte queda dos investimentos

Correlação 0,93872

Correlação com PIB Consumo das Famílias 0,8588 Consumo do Governo 0,5980 Exportação 0,3049 Importação 0,8563

Amostra de empresas não financeiras Base de dados: CEMEC - balanços consolidados Fonte: Cias abertas: Economatica (*) Empresas fechadas: Maiores e Melhores: Revista Exame

Número de empresas: Companhias abertas 320 Maiores fechadas 421 Total da amostra 741 Período 2010-2015 é painel fixo de empresas; resultados com todas as empresas são semelhantes (*) Com Petrobras , Eletrobras e Vale

Queda de investimentos 2010/2015 na amostra : -4,2p.p.PIB Investimento contas nacionais: -4,1p.p.PIB

Desde 2011 retorno do investimento é inferior ao custo de capital

ROIC = EBI/ (KT + KP)

Títulos públicos (SELIC) rendem mais que investimento nas empresas

2010/2015: Cai % de empresas que conseguem cobrir custo de capital

Investimento depende da relação rentabilidade/custo de capital e expectativa de crescimento do PIB (demanda) RESUMO DE RESULTADOS (modelos Ln) (*)

ROIC/ COEFICIENTE EXPECTATIVA IND. EXPLICAÇÃO MODELO WACC FIXO CRESC. PIB CONFIANÇA (R2) AJUSTADO Real 1 2 3 4 5

-1,535 (-12,12) 3,218 -1,82 -16,63 (-2,66) 1,468 (1,01) -9,137 (1,59)

0,7088 (3,48) ----0,5108 (2,64) 0,5481 (2,41)

---

---

1,5418 (2,85) ---

---

0,9428 (2,06) ---

3,665 (2,33) --1,866 (1,33)

0,5825 0,4718 0,3659 0,715 0,6233

(*) Os valores entre parêntesis representam a estatística “t de student”; valores iguais ou superiores a 2,14 indicam que os coeficientes são estatisticamente significantes a 5% de confiança.

Fontes da queda dos investimentos no período 2010/2015 80% da redução de investimentos da amostra (3,3 p.p. do PIB contra 4,4 p.p.) ocorrem em dois grupos Estratificação da amostra - Investimentos (FBCF) Grupos

No. FBCF 2010 FBCF 2015 Var Invest. % no Total Var Empresas % PIB % PIB 2015 - 2010

Afetados Políticas Públicas

40

2,8%

1,7%

-1,1%

26,2%

Vale

1

0,7%

0,3%

-0,4%

9,2%

700

5,0%

2,2%

-2,8%

64,6%

Indústria de Transformação

273

2,4%

0,1%

-2,2%

51,3%

Outras

427

2,6%

2,0%

-0,6%

13,3%

741

8,6%

4,2%

-4,4%

100,0%

Não Afetadas menos Vale

Total

Fatores da queda da rentabilidade e investimentos Empresas afetadas por políticas públicas e da indústria de transformação indústria não conseguiram repassar aumentos de custos para os preços de venda: 1. Petrobras, Eletrobras, Etanol: tabelamento do preço de combustíveis, redução de tarifas de energia elétrica; 2. Indústria de transformação: preço de importados, com valorização cambial, impedem repasse do aumento de custos para preços de venda - destaque para elevação do custo unitário do trabalho.

2016: Maioria das empresas brasileiras não financeiras enfrentam situações adversas à decisão de investir: • Capacidade ociosa elevada • Expectativa de baixo crescimento da demanda • Alguma recuperação de margens (LB):  Petrobras, Eletrobras e Etanol;  Indústria de transformação. • Mas maioria tem taxa de retorno inferior ao custo de capital; • Endividamento elevado e 50% das empresas tem geração de caixa inferior a despesas financeiras.

3. Cenário para 2017: alguns fatores podem estabilizar ou gerar pequeno crescimento do PIB

a. Queda da inflação abre espaço para queda da taxa de juros

Cenário de componentes da demanda em 2017 a. Gastos públicos em queda: crise Estados e Municípios b. Consumo: i. Queda da inflação favorece renda real; ii. Redução de juros acelera desalavancagem das famílias; iii. Crédito ao consumidor : algum espaço. e. Investimento: redução do custo de capital e alguma recuperação de margens pode ter impacto positivo f. Exportações liquidas pequeno efeito positivo f. PIB agrícola 2017: expectativa favorável + 2,66% (FOCUS)

Expectativa de queda do juro real  Queda da SELIC 29/11

4. Ações para retomar crescimento devem ter mesma prioridade do ajuste fiscal Crescimento ajuda ajuste fiscal e desalavancagem de consumidores e empresas

Algumas ações para retomar crescimento 1. Redução da taxa de juros

Queda da inflação abre espaço para uma redução mais intensa da taxa de juros  Desafio: Indexação limita velocidade de redução da taxa de juros: • Dificulta ajuste fiscal: com inflação declinante despesas indexadas tem aumento real ; • Reduz eficácia da politica monetária aumentando inflexibilidade de preços e salários, com aumento do impacto sobre desemprego

Algumas ações para retomar crescimento 2. Simulação: impacto potencial da queda de juros sobre o investimento privado: Porcentagem das empresas com retorno superior ao custo de capital Hipóteses: a. Custo de capital (WACC): 1. Observado em 12/2015 2. Cenário FOCUS 12/2017 SELIC ... 3. Hipótese : SELIC 9% b. Distribuição da taxa de retorno do capital investido das empresas não financeiras: 1. Observada em 2015 2. Recuperação do padrão de 2013

Algumas ações para retomar crescimento 3. Acelerar Investimento privado em infraestrutura: a. Governo tem anunciado propostas positivas: taxas de retorno definidas em leilão; distinção entre concessionários e empreiteiras ; condições favoráveis para entrada de construtoras e investidores estrangeiros b. Ações para aumentar investimentos com financiamento privado: • Destravar investimentos de concessões existentes (MP752); • Condições para viabilizar project finance: o Projetos executivos de boa qualidade, EPC, seguro garantia o Segurança jurídica e regulatória: agencias reguladoras independentes o Subsídios via PPP previstos em orçamento; ex.: saneamento c. Participação de investidores institucionais e estrangeiros: ajustes de tributação; liquidez do mercado secundário de divida corporativa

Algumas ações para retomar crescimento 4. Financiamento do investimento a. Mercado de capitais : será principal fonte de financiamento de longo prazo em sinergia com BNDES; b. Prioridades no mercado de capitais: • Redução da taxa de juros; • Liquidez do mercado secundário de dívida corporativa; • Condições favoráveis ao aumento de participação de investidores institucionais e estrangeiros; • Governança de estatais; • Financiamento de pequenas e médias empresas: bancos e mercado de capitais.

Algumas ações para retomar crescimento 5. Aumento de produtividade essencial para crescer a. Integração à economia mundial: processo de abertura b. Avançar nas reformas micro econômicas o Legislação trabalhista; o Tributação: ICMS nacional, tributação de bens de capital; o Regras de conteúdo nacional; o Processo de abertura da economia; o Segurança jurídica; o Redução da burocracia (doing business). c. Qualidade da educação

6. Desafio: taxa baixa de poupança e aumento de carga da divida publica a. Taxa de poupança de 13,9% é muito baixa; b. Crescimento de 3% requer taxa de investimento de ordem de 20% c. Recuperação da poupança do setor público será muito lenta: o Relação divida/PIB cresce de 72% em 2016 para 87% em 2020 (FMI); o Setor público aumenta sua participação no fluxo de crédito doméstico de 72% em 2015 para mais de 85% em 2020 ( projeção CEMEC).

Divida/PIB cresce até 2020

Fluxo de operações de divida no mercado domestico apropriado pelo Governo % PIB

Hipóteses: PIB : cenário FOCUS; correlação entre divida/PIB e fluxo de divida apropriado pelo

Poupança externa para acelerar crescimento a. Oportunidade: cenário de permanência de excesso de poupança no mundo - Fatores demográficos - Previdência: taxas baixas, requer mais poupança - China, poupança adicional - Queda da demanda de investimento - Projeções FMI mantem taxas baixas até 2021 b. Absorção de poupança externa: abertura da economia e geração de déficit de conta corrente; c. Risco de novo ciclo de valorização cambial? d. Necessidade definir estratégia de crescimento

5. Conclusões

Conclusões 1. Frustração de expectativas 2016: fatores de redução de demanda continuam atuando e sua reversão deve ser lenta 2. Queda do Investimento é o principal fator explicativo da intensidade da recessão e sua retomada é a chave para a recuperação da economia 3. Maioria das empresas se defronta hoje com cenário negativo para investimentos a. capacidade ociosa b. expectativa de baixo crescimento da demanda, c. rentabilidade inferior ao custo de capital d. endividamento alto

Conclusões 4. Ações para retomar crescimento devem ter mesma prioridade do ajuste fiscal: crescimento ajuda ajuste fiscal e recuperação de empresas e famílias endividadas a. Existe espaço para a acelerar queda da taxa de juros: expectativas ancoradas, recessão b. Acelerar investimento privado em infraestrutura c. Financiamento do investimento privado: mercado de capitais em sinergia com BNDES e recursos para PME d. Aumento de produtividade: abertura, reformas microeconômicas e ambiente de negócios e educação e. Definir estratégia de crescimento com integração à economia mundial e complementação de poupança externa

OBRIGADO