A volta a Portugal das autárquicas
Conhecemos centenas de militantes, tomámos o pulso ao PSD de norte a sul do país, no interior e no litoral. Sim, o PSD está altamente mobilizado e muito moralizado para o combate autárquico de 2017. Sim, o PSD está a trabalhar para ganhar as eleições e criar no país uma ampla maioria política. Sim, os militantes compreendem muito bem a estratégia e estão sintonizados com a metodologia que lhes foi apresentada.
“Perdi a conta ao número de vezes que, nos últimos meses, me foi pedido para comentar se o A ou o B era um bom nome para a câmara Z. A todas essas investidas - especialmente dos media e dos meus companheiros de partido respondi sempre da mesma forma: se, nesta fase, o PSD olhar para o processo de preparação das autárquicas como uma questão de nomes, está no caminho certo para as perder. Aceitei o convite de Pedro Passos Coelho para coordenar as autárquicas com um objetivo claríssimo: vencer as eleições e permitir que o PSD reconquiste a liderança das associações nacionais de municípios e de freguesias. É um resultado realista e que pode ser alcançado. E, por isso, não faz nenhum sentido falar de candidaturas, ou de nomes, ou de introduzir no processo outros fatores que criem entropias e ponham em causa o objetivo principal. Mais à frente, a conversa será outra. Mas neste tempo e neste espaço, a questão não é mesmo sobre nomes. É sobre estratégias e sobre projetos.
A estratégia do PSD para o ciclo autárquico parte de um reconhecimento e de uma pergunta. O reconhecimento de que o poder local é um dos produtos mais bem-sucedidos do 25 de Abril. À entrada dos seus 40 anos, as autarquias são indiscutivelmente escolas de democracia e de cidadania onde governos multicolores têm gozado de estabilidade - ao contrário do que se constata ao nível central. Ao longo de várias crises, as câmaras assumiram-se como a primeira linha de defesa do cidadão, muitas vezes substituindo-se ao Estado nas funções de garantia da dignidade e de assistência na dificuldade. O reconhecimento que o PSD faz do contributo do poder local tiara a prosperidade e coesão do país não tem só a ver com o passado. Tem sobretudo a ver com o futuro. Se o século IX
foi o século dos impérios e o XX o dos Estados-nação, o século XXI será seguramente o da cidade como organização política mais determinante na vida social. As cidades são hoje o principal centro económico e cultural das nações: são os laboratórios das mais inovadoras políticas sociais: lideram a agenda das alterações climáticas e das energias limpas; são faróis de pluralismo num mundo cada vez mais intolerante. Este entendimento é hoje amplamente partilhado pelo PSD e pelos seus autarcas. Gente herdeira de uma fortíssima tradição de serviço autárquico no PSD e que está claramente preparada para ultrapassar os bloqueios da cidade do século XXI.
Dizia atrás que a estratégia do PSD para o ciclo autárquico parte de um reconhecimento e de uma pergunta. Arrumado o primeiro, tratemos da segunda assumindo que todos os candidatos KAo em todos os partidos querem sair vencedores, nós, no PSD, queremos ganhar as eleições para quê? Com que objetivo? A resposta é simples: queremos ganhar para implementar localmente uma agenda social-democrata moderna. Personalista. reformista, progressista. Uma agenda de bem-estar para os cidadãos e de abertura de novas economias (a do mar, a verde, a digital e a da cidade inteligente) que garantam um novo impulso de progresso para o país a partir das cidades.
Amanhã, em Viana do Castelo, cumpro a última etapa daquela que foi a minha volta a Portugal no papel de coordenador autárquico nacional do PSD. Esta foi a mensagem que, ao longo dos últimos dois meses, deixei em todo o país. Estive em todos os distritos do Continente. Reuni com as estruturas distritais do partido primeiro, e com as concelhias depois - uma inovação metodológica. Uma vez que, no passado, apenas as estruturas nacional e distrital falavam na preparação do ciclo autárquico. Fiz milhares de quilómetros de estrada com os meus companheiros José Matos Rosa e Alberto Santos. Conhecemos centenas de militantes, tomámos o pulso ao PSD de norte a sul do país, no interior e no litoral, nos concelhos com grande densidade populacional ou a braços com fenómenos de desertificação. E ao fim e ao cabo, ficámos com muitas certezas sobre o que está para vir. Sim, o PSD está altamente mobilizado e muito moralizado para o combate autárquico de
2017. Sim, o PSD está a trabalhar para ganhar as eleições e criar no país uma ampla maioria política. Sim, os militantes compreendem muito bem a estratégia e estão sintonizados com a metodologia que lhes foi apresentada. Por isso, é mesmo escusado pedir-lhes que discutam nomes.”
Carlos Carreiras Coordenador Autárquico Nacional do PSD
Jornal i 13 julho 2016