A utilização das imagens e fotografias como recursos didáticos ... - Uesb

A utilização das imagens e fotografias como recursos didáticos para a espacialização dos conteúdos Aurelane Alves Santana Discente do Curso de Geograf...
149 downloads 66 Views 110KB Size

A utilização das imagens e fotografias como recursos didáticos para a espacialização dos conteúdos Aurelane Alves Santana Discente do Curso de Geografia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB [email protected] Jemeffer Souza Lebrão Discente do Curso de Geografia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB [email protected] Tárlisson Renê Porto Nogueira Discente do Curso de Geografia pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB [email protected] Resumo: O presente trabalho tem o objetivo de discutir a questão da espacialização dos conteúdos através da utilização de imagens e fotografias como recursos didáticos no processo de ensino-aprendizagem. Ao que se refere à leitura e interpretação das imagens e fotografias, haverá valorização, principalmente, do sujeito que as lêem. Isto é, essa leitura vai estar condicionada à realidade, à história, e ao conhecimento de mundo de cada sujeito, o que facilitará numa melhor compreensão da realidade, dos conteúdos e, consequentemente, das teorias advindas dos livros didáticos explanados em sala de aula. A metodologia do presente trabalho inclui consultas a bibliografias de autores como Rosângela Doim, Libâneo, Kenski, Ariovaldo Umbelino de Oliveira, Maria Inês, Carvalho, dentre outros, que correspondem a obras baseadas em diversas realidades que dão respaldo teórico no decorrer de toda a nossa pesquisa, direcionando-nos para o alcance de nossos objetivos. A etapa empírica da pesquisa foi realizada na Escola Municipal Gildásio Pereira Castro, localizada no Loteamento Recanto das Águas, no bairro periférico pobre denominado São Pedro da cidade de Vitória da Conquista/Bahia, na qual foi realiza a observação de aulas e entrevista com alunos, professores e funcionários, dos quais as informações mais relevantes foram inseridas neste trabalho, dando sentido a todo o arcabouço teórico realizado nesse artigo. Foram aplicados questionários aos alunos e professores. Os dados foram tabulados e transformados em gráficos que traduzem a realidade da escola estudada. Palavras Chave: Ensino de Geografia, Imagem como recurso didático, Espacialização dos conteúdos.

1.0 - Introdução O presente trabalho tem o objetivo de discutir a questão da espacialização dos conteúdos através da utilização de imagens e fotografias como recursos didáticos no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que esses recursos, apesar de se constituírem como meio de comunicação, não fazem o uso do texto verbal, sendo a leitura visual essencial na captação das informações, destoando desse modelo padrão meramente expositivo de conteúdos e da utilização apenas do livro didático na sala de aula. Ao que se refere à leitura e interpretação das imagens e fotografias, haverá valorização, principalmente, do sujeito que as lêem. Isto é, essa leitura vai estar condicionada à realidade, à história, e ao conhecimento de mundo de cada sujeito, o que facilitará numa melhor compreensão da realidade, dos conteúdos e, consequentemente, das teorias advindas dos livros didáticos explanados em sala de aula. A metodologia do presente trabalho inclui consultas a bibliografias de autores como Rosângela Doim, Libâneo, Kenski, Ariovaldo Umbelino de Oliveira, Maria Inês, Carvalho, dentre outros, que correspondem a obras baseadas em diversas realidades que dão respaldo teórico no decorrer de toda a nossa pesquisa, direcionando-nos para o alcance de nossos objetivos. A etapa empírica da pesquisa foi realizada na Escola Municipal Gildásio Pereira Castro, localizada no Loteamento Recanto das Águas, no bairro periférico

pobre

denominado

São

Pedro

da

cidade

de

Vitória

da

Conquista/Bahia, na qual foi realiza a observação de aulas e entrevista com alunos, professores e funcionários, dos quais as informações mais relevantes foram inseridas neste trabalho, dando sentido a todo o arcabouço teórico realizado nesse artigo. Foram aplicados questionários aos alunos e professores. Os dados foram tabulados e transformados em gráficos que traduzem a realidade da escola estudada.

2.0 – Ensino de Geografia e a questão da prática metodológica Para a compreensão do tema tratado nesse trabalho, é preciso que se tenha um embasamento teórico de autores que irão tratar do ensino da Geografia e suas particularidades de forma concreta, isto é, que melhor se aproxime da realidade. Com base nesses teóricos, foi possível desenvolver idéias e argumentos que estão expostos em todo o desenvolvimento dessa pesquisa. As aulas de Geografia vêm se tornando cada vez mais monótonas e sem dinamismo. No processo de ensino-aprendizagem há a existência e o predomínio de um paradigma adotado pela maioria dos professores, que se limitam, basicamente, a antiquadas práticas de ensino e se rendem ao tradicionalismo impregnado na estrutura da ciência geográfica, refletindo, sobretudo, no ensino da Geografia. A explanação dos conteúdos geográficos têm se restringido à utilização de poucos materiais didáticos. Isso se deve, principalmente, às amarras pelas aulas expositivas, que se faz presente em pleno século XXI, com o auxilio de textos didáticos que impõe aos alunos uma aprendizagem que se corresponda apenas ao que lhe é apresentado, não permitindo que estes pensem, avaliem, exponham suas idéias e seus conhecimentos acerca do assunto trabalhados. Enfim, não há uma participação ativa dos alunos na produção do conhecimento, como afirma Carvalho. São conteúdos veiculados como verdades absolutas, principalmente, através de aulas expositivas, nas quais o professor é o detentor do conhecimento e o aluno o receptor deste. É esse o modelo de ensino de geografia que denominamos de ”tradicional”. (CARVALHO, 1998, p.12).

As correntes do pensamento tradicional na qual a Geografia esteve/está¹ ___________________________________________________________________________ ¹ Não se pode de forma alguma negar que houveram movimentos de renovação na ciência geográfica e que esses movimentos trabalharam no sentido da superação de uma Geografia tradicional no tocante as abordagens teóricas e posicionamentos críticos, mas apesar de todo esse levante de renovação e superação do positivismo devemos nos questionar até que ponto essa Geografia crítica chegou às salas de aula e de que forma tem contribuído para a formação dos alunos. Por encontrar dificuldades ao responder esses questionamentos é que preferimos não dizer que a Geografia tradicional está totalmente superada.

inserida, leva a comprovação e o posicionamento dessa disciplina no rol das matérias decorativas. Percebe-se, de fato, um modelo tradicional de ensino que tem sido questionado desde a sua institucionalização como disciplina escolar, alcançando o ápice das críticas no final da década de 1970 com o movimento de renovação da Geografia. Esse paradigma tenta ser superado pelas novas abordagens da chamada Geografia Crítica, que apresenta para o processo ensino-aprendizagem

propostas

divergentes

de superação

do

modelo

tradicional. Apesar das discussões da renovação prática pedagógica da Geografia, e de apresentar perceptíveis inovações, muitas dessas mudanças não deram conta da crise da modernidade e continuam a trabalhar inserindo uma barreira no conhecimento do aluno, fazendo com que o mesmo desconheça sua realidade e as suas possibilidades de produzir o conhecimento. É preciso saber que, o ensino é um processo de intermediação entre o conhecimento do aluno com o conhecimento do professor, sendo que, para tal processo, está envolvido um conjunto que integra os objetivos, os métodos e as formas de procedimentos do ensino da Geografia. Esse último desencadeia técnicas e atividades para a concepção socioconstrutivista do ensino não pondo fim as formas mais convencionais e estimulando as potencialidades do aluno. Como afirma Oliveira: O saber que vem sendo ensinado nas escolas, sobretudo de primeiro e segundo graus ainda está muito longe de permitir aos jovens a compreensão do mundo em que vivem, e muito menos ainda tem permitido abrir-lhes horizontes para sua transformação.(OLIVEIRA, 1998).

As Imagens e fotografias como recurso didático para a espacialização dos conteúdos 3.0



As diferentes formas de representações gráficas comuns a leitura da Geografia, vem se tornando um recurso cada vez mais relevante e eficiente nos trabalhos em sala de aula. Tais recursos auxiliam no aguçamento do imaginário do aluno, colocando-o a par dos acontecimentos e fenômenos de

sua realidade local, permitindo a analise da realidade espacial através do mesmo. O trabalho com essas representações exige conhecimento, criatividade e dinamismo por parte do professor, afinal muitas são oriundas de conquista das novas tecnologias da sociedade contemporânea, e para isso o educador precisar ter conhecimento e saber lidar com essas inovações. Como afirma Libâneo (1998, p. 40): As mudanças tecnológicas terão um impacto cada vez maior na educação escolar e na vida cotidiana. Os professores não podem mais ignorar a televisão, o vídeo, o cinema, o computador, o telefone, o fax, que são veículos de informação, de comunicação, de aprendizagem, de lazer, porque há tempos o professor e o livro didático deixaram de ser as únicas fontes do conhecimento. Ou seja, professor, alunos, pais, todos precisamos aprender a ler sons, imagens, movimentos e a lidar com eles.

Nesta perspectiva, um material que vem sendo muito utilizado nas aulas de Geografia são as imagens e fotografias, afinal são ferramentas educacionais eficazes e criativas que conscientizam de forma lúdica tanto os professores quanto os alunos, fazendo com que esses assimilem o conteúdo e se habilitem na realidade socioespacial estudada. As possibilidades de utilização das imagens e fotografias em sala de aula são bastante amplas e apresentam particularidades metodológicas, cumprindo com o papel de orientação para o desenvolvimento de novas técnicas pedagógicas. A Geografia, auxiliada pela arte de fotografar e as imagens como recurso científico, indica de que maneira se pode olhar a paisagem e levar o aluno a desbravar o mundo além da sala de aula a fim de compreender melhor a sua realidade. À primeira vista, o registro fotográfico pode ser um instrumento de direcionamento e exclusão cabendo ao professor saber explorar essas diferentes facetas. É direcionada por possibilitar uma programação prévia, facilitando ou dificultando sua interpretação e, considerada excludente, uma

vez que seleciona locais específicos dentro de um espaço, definindo ângulos e visões particulares do fotógrafo². Além de tornar-se uma lembrança dos locais por onde andamos, a fotografia pode ser entendida como uma fonte infinita de dados, fatos e informações, transformando-se por isso, em um poderoso instrumento de "materialização" de lugares nunca antes visitados por alguns. Não podemos, por exemplo, falar de geleiras ou montanhas, sem que o aluno nunca tenha visto uma. Um simples desenho no quadro muitas vezes não é suficiente para a classe. Deparamo-nos com alunos que anseiam por recursos visuais, auditivos, sinestésicos ou o conjunto dessas exigências. Sabendo explorar corretamente esses recursos possuiremos em nossas mãos um poderoso instrumento que mostrará a realidade de diversos lugares sem a necessidade de deslocamento, assim tem-se "a possibilidade de ir a todos os lugares sem se quer ter conhecido-os" (OLIVEIRA Jr. 1999), até mesmo dentro da própria cidade onde moramos, podemos eternizá-los com apenas um clique, captando aquele instante; aquela realidade que é vivida cotidianamente pelos alunos. Esse processo, entendido como um procedimento pedagógico, deve orientar "o indivíduo na expressão de suas potencialidades, conjugando uma série de atividades para desenvolver no educando sua capacidade crítica" (MACHADO,1999), com a finalidade de tornar a escola e a aprendizagem de Geografia em algo prazeroso que eduque para a vida em sociedade e contribua para a formação de seres pensantes capazes de argumentar e não apenas reproduzir um conhecimento que lhe foi imposto. Destacam-se nessa atividade vários aspectos, dentre eles, um processo de percepção onde a cena (imagem a ser captada) é definida em função do um ponto de vista que é observada, ou seja, da visão do fotógrafo, que diz respeito a seu próprio aspecto cognitivo, sendo esse um processo _______________________________________________________________ ² O termo fotógrafo utilizado aqui é bastante genérico e se refere a quem está manipulando a câmera seja professor, aluno, ou o próprio profissional do ramo da fotografia Pedagógica utilizada em livros e diversos materiais didáticos.

mental pelo qual os indivíduos (o aluno) através de seus interesses e necessidades, estruturam e organizam sua interface com a realidade, "selecionando as informações percebidas, armazenando-as e conferindo-lhes significados” (MACHADO, 1998). Nessa perspectiva, a Geografia deve forçar a prática da inserção do "estudo do meio" como trabalho integrador de diversas disciplinas, superando o isolamento e a atomização de cada campo científico, sem no entanto perder a especificidade de cada um deles, podendo aproveitar as experiências e vivências diferenciadas de cada comunidade (SILVA & COSTA, 1999).

Assim, todas as ações, condutas e manifestações serão os resultados expressos

das

percepções,

dos processos cognitivos,

julgamentos

e

expectativas de cada aluno, no intuito de fazer do processo ensinoaprendizagem um sucesso. Como professores de Geografia, e acima de tudo geógrafos, devemos ter nessa prática uma constante na Geografia, bem como em outras disciplinas, fazendo com que o professor possa incentivar o desenvolvimento no aluno de habilidades e consciência crítica que vise à elaboração de questionamentos e conceitos que lhe sirvam como base para pensar o mundo com suas complexidades e contradições. Tomando como ponto de partida a percepção que os alunos têm do meio onde vivem é possível que o currículo da Geografia possa ser trabalhado de uma forma dialogada e interativa, caracterizada por uma constante troca de experiências. Permitindo que os limites da escola possam ser extrapolados e que nossos alunos se tornem sujeitos capazes de adquirir uma postura crítica em relação aos fatores naturais, científicos e sociais. Assim, professores e estudantes têm que se por como agentes ativos do processo de ensino. Ambos tem o que ensinar e o que aprender. De um lado os estudantes precisam trazer para a sala de aula a realidade vivida no seu cotidiano captada através do senso comum, suas experiências concretas, os saberes transmitidos pelos familiares e pela sociedade que os envolve. E de outro lado, o professor conhecedor desta realidade deve junto como os estudantes orientá-los ao

processo de decodificação do saber oriundo do senso comum.(OLIVEIRA, 1998).

Advertimos, no entanto, que o saber do aluno, apesar de concreto, pode ser o ponto de partida do estudo geográfico. Mas de nenhuma maneira deverá permanecer como ponto de chegada. Toda essa exposição e discussão sobre a forma com que se tem trabalhado com a disciplina de Geografia em sala de aula não se relaciona somente em tornar as aulas mais bonitas ou incrementadas, mas se relaciona intrinsecamente com a compreensão do aluno sobre a realidade tanto em escala global, como local, procurando sempre exemplificar os conteúdos trabalhados com elementos do cotidiano dos alunos. É nesse sentido que, na impossibilidade do deslocamento para a análise da paisagem do espaço vivido, as imagens e fotografias servem como forma de espacialização dos conteúdos. As crianças possuem enorme dificuldade para lidar com certos níveis de abstração, sobretudo, porque estão passando por uma fase na qual o processo de desenvolvimento de seu sistema cognitivo ainda não está concluído, pelo contrário, se encontra em pleno desenvolvimento. Por essa razão elas necessitam de algum elemento que apresente características físicas e que possa ser analisado na sua materialidade. É justamente nesse ponto que os recursos didáticos são essenciais para a compreensão dos conteúdos. O que se observa é que “a Geografia que se ensina é primordialmente uma questão curricular” (CARVALHO, 1998), são conteúdos geralmente trabalhados de forma solta e desvinculada da realidade dos alunos como se o assunto abordado não fizesse parte da vida desses sujeitos, são “conteúdos abstratos, sem sujeito definido, sem sentido para a realidade cotidiana” (CARVALHO Apud. VLACH, 1998. p. 87). Falta brilho e algo que chame a atenção para a consciência de que o processo social se realiza no espaço concreto tanto da escola como do espaço vivido. Falta a percepção de que “ensinar Geografia significa dar conta do processo que levou a atual organização do espaço” (ALMEIDA, 1991 p. 85-86) e esse espaço não é apenas aquele percebido em seu sentido amplo, mas que

também é o espaço da cidade, do bairro, da rua, da casa e da escola que pode ser apropriado e exemplificado nos conteúdos trabalhados. A maior dificuldade enfrentada nesse sentido, que também tem sido uma questão estrutural da ciência geográfica, é o devido atrelamento da teoria com a prática, que por questões históricas e políticas tem sido concebida separadamente. Esse desligamento de elementos tão umbilicalmente ligados trouxe e continua trazendo prejuízos seriíssimos não só para o ensino de Geografia, mas para toda a estrutura educacional. Na escola estudada, Gildásio Pereira Castro, pudemos experienciar empiricamente o que as discussões teóricas, baseadas em outras realidades, já nos apontavam. Os professores possuem imensa dificuldade no momento da espacialização dos conteúdos. Na realidade, muitos deles, não possuem ao menos o conhecimento de que esse procedimento é fundamental para uma aprendizagem significativa. Desta forma acabam por desenvolver um trabalho fundamentado na reprodução das informações trazidas pelo livro didático, que geralmente aborda escalas mais gerais, sem a preocupação com o local.

Gráfico 01: O que você aprendeu na escola, você usa em casa? O que? Fonte: Trabalho de campo - maio e junho de 2010.

O gráfico abaixo foi elaborado mediante um questionamento aos alunos, que responderam a questão, embora a maioria não soubesse bem como fazêlo pois a espacialização dos conteúdos não é uma técnica presente na prática

dos professores, tão quanto a valorização da realidade vivida para a compreensão do mundo. É possível perceber que as respostas são bastante genéricas e reproduzem aquilo que prega o senso comum, de que a escola serve para educar no sentido das boas maneiras. Talvez essa carência na dinamização das aulas seja apenas um reflexo da desestimulação dos professores frente a falta de materiais e recursos fundamentais para o desenvolvimentos das dinâmicas, falta de informação sobre as novas tecnologias e porque não de uma formação adequada que valorize essas novas formas de ensinar que fogem daquele modelo tradicional historicamente posto que prioriza as enfadonhas aulas expositivas de reprodução das leituras do livro didático e do uso exclusivo do quadro negro como recurso metodológico. 4.0 – Proposta de utilização de imagens e fotografias para espacialização dos conteúdos e dinamização nas aulas. 4.1 - Conteúdo – Urbanização. 4.1.1 - Compreender a urbanização através das imagens. A proposta é que se realize uma ula de campo na própria cidade ou no bairro, na qual os alunos tirarão fotos do que mais lhes chamarem a atenção no decorrer do trajeto. Uma vez tiradas as fotos na aula de campo, os alunos terão a oportunidade de observá-las e analisá-las criticamente apontando todas as características que conformam o urbano da cidade Vitória da Conquista, dando maior ênfase ao seu bairro. Assim, os alunos vão relacionar os aspectos visíveis nas fotografias com a realidade concreta na qual estão inseridos e com os conteúdos trabalhados em sala de aula. Por serem crianças que residem num bairro periférico urbano pobre, elas podem investigar e encontrar os motivos das diferenças existentes de um bairro para outro e qual a lógica que determina onde as pessoas devem habitar. A aproximação com o empírico e a inserção da realidade no ambiente escolar através de fotografias proporciona a esses alunos uma visão

extensionista e crítica da realidade devido a uma melhor compreensão dos conteúdos disseminados nas aulas. É válido frisar, também, que isso acontece, porque a maioria desses alunos encontra dificuldades em conhecer e se deslocar para outros lugares, ocasionando um reducionismo tanto do pensamento quanto no entendimento e conhecimento de mundo. Os dados de nossa pesquisa revelam uma insatisfação dos alunos perante as aulas e ao fato de os professores não levarem qualquer outro tipo de material que não seja o livro didático e a realização de aulas meramente expositivas de conteúdos, como mostra o gráfico.

Grafico 02 – Você gosta quando o professor leva mapas, fotografias e vídeos para a sala de aula? Fonte: Pesquisa de Campo - maio e junho de 2010.

Os alunos se queixam da falta de imagens, cores e sons nas aulas. Uma imagem, uma fotografia pode trazer a realidade para a sala de aula, e pode, ainda, levar as crianças aos lugares captados nas fotos quantas vezes quiserem, e sem sair do lugar; basta olhar para uma foto para conhecer outros lugares. As imagens condicionam a mente e remete-nos a pensar para além do que se vê nas imagens, além do óbvio, permite que sejam feitas interpretações das paisagens. Espacializar os conteúdos referentes à cidade de Vitória da Conquista através da utilização de imagens e fotografias pode levantar distintas discussões e contribuições para o conhecimento da lógica urbana, tanto de uma compreensão local, podendo, também, esses conteúdos, tomar uma dimensão espacial maior, um redirecionamento à escala global. Assim, podem-

se levantar inúmeras questões referentes ao processo de urbanização, tomando-se como base a cidade dos alunos, no caso Vitória da Conquista, pela interpretação e análise das imagens e fotografias por questões como: organização dos bairros fotografados; análise das infra-estruturas presentes nesses bairros; como o solo urbano é usado e ocupado; como são os moradores; identificar as diferenças existentes entre os bairros; fazer analogias em relação a outras cidades e até outros países, etc.

5.0 – Considerações finais Da utilização de imagens e fotografias como recurso didático, tem-se como concreta a possibilidade da prática de uma Geografia distinta da Geografia tradicionalista presente até hoje em muitas escolas do país e que corrompe todo o processo de ensino-aprendizagem. Tem-se como possível não apenas a valorização de conteúdos padronizados presentes em livros didáticos em que alunos e professores são condicionados a seguir a uma lógica totalmente defasada de educação, a um modelo decorativo de conteúdos, em que o professor é encarregado de despejar “conhecimento” nas cabeças dos alunos sem levar em conta o conhecimento e a história de vida de cada um desses sujeitos. O uso da imagem e da fotografia vem como uma proposta de dinamização das aulas de Geografia e uma tentativa de fuga a modelos antiquados de ensino, havendo, assim, a valorização mútua dos sujeitos inseridos nesse processo educacional, isto é, a valorização dos conhecimentos tanto dos professores quanto dos alunos, deixando mais de lado aquele modelo de aprendizagem que se dá através da leitura oral e verbal, para a utilização dos sentidos, a utilização da visão. Essas análises e interpretações das imagens e fotografias serão de suma importância no desenvolvimento cognitivo do aluno e para a sua formação critica, uma vez que aquilo que ele pode visualizar nas figuras, subsequente a sua compreensão, deverá existir um esforço mental que seja capaz de codificar cada informação trazida nas imagens. Dessa maneira, podese concluir que, a espacialização dos assuntos de Geografia através desses recursos didáticos propostos nesta pesquisa ocasiona um melhor entendimento dos conhecimentos geográficos outrora tão defasados e tidos, principalmente pelos alunos, como uma ciência chata e desinteressante, e sem fundamental importância no processo de sua formação escolar.

Referências ALMEIDA. Rosângela Doim de. A propósito da questão teóricometodológica sobre o ensino de Geografia. Terra livre nº 08. São Paulo: Ed. Marco Zero, 1991. CARVALHO, Maria Inez da Silva de Souza. Fim de século: A escola e a Geografia. Ijuí/ São Paulo: Ed. UNIJUÌ, 1998. – 160p. ELISA, Maria Q.C Dança de Roda: A casa do Zé. Disponível em: Consultado em junho de 2010. MACHADO, Lucy Marion C.P. Cognição ambiental, processo educativo e sociedades sustentáveis.. In: 5º ENCONTRO NACIONAL DE PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA. Anais do 5º ENPEG. Belo Horizonte, 1999, p. 6674. LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? : novas exigências educativas e profissão docente / José Carlos Libâneo. 6. ed.São Paulo : Cortez, 2002. OLIVEIRA, M. M. de. Como fazer projetos, relatórios, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Elservier Editora Ltda, 2005. OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Para onde vai o ensino da geografia?/ Ariovaldo Umbelino de Oliveira,org.6.ed.-São Paulo: Contexto,1998. SILVA, Lincoln Tavares; COSTA, Alexander Josef S.T. da. Uma proposta geográfica de educação ambiental interdisciplinar. In: 5º ENCONTRO NACIONAL DE PRÁTICA DE ENSINO DE GEOGRAFIA. SIMIELLI, Maria Helena. O mapa Como Meio de Comunicação e Alfabetização Cartográfica. In: Cartografia Escolar. Org. Rosângela Doim de Almeida. São Paulo, Editora Contexto. 2006.