JORNAL DA SÉ Jornal Mural - USJT - 2ª edição, outubro de 2011 - Bairro: Sé

A Sé e uma sinfonia de cultura Rua do Ouro, são atrações que fazem o chamariz dessa sinfonia tão espontânea para cada cidadão. Saber o que visitar e o que pesquisar sobre um dos locais e se não o mais histórico e conhecido de São Paulo, faz das pessoas, seres mais cultos e com um conhecimento maior. “Só o fato de saber informar ou ensinar alguém sobre fatos da Sé, o faz uma pessoa mais sábia em

termos do lugar em que vive. São Paulo é de uma beleza gigantesca, principalmente, a Sé. Saber e conhecer sobre algum lugar, já é cultura”, afirma Bruno Henrique Bravo dos Santos, aluno de teatro do Espírito Santo que visita seu pai nas férias e diz amar São Paulo. Trazer bem estar, beleza e entretenimento, contido de história, é o que as pessoas mais procuram hoje e a Sé, sem nenhuma dúvida, faz isso com esplendor.

O início do Centro da cidade de São Paulo

presente a partir de 1891. Nesse ambiente, o que chamava a atenção era o animado movimento de veículos, dos quais a maior parte de pessoas já fazia uso. O aumento dos novos bondes movidos a tração animal nas ruas fez com que a municipalidade designasse locais específicos para estacionamento: Pátio do Colégio, Largo de São Gonçalo, Largo São Francisco e Largo da Luz. A novidade do início do século atual era os primeiros automóveis, que apesar de poucos e muito barulhentos causavam verdadeiros tumultos na Praça. Essa é, também, a época dos bailes sociais, das confeitarias requintadas e das agitadas casas de espetáculos como o Theatro Municipal, que teve a sua construção concluída em 1911, e, a partir de então, passou a ser considerado o edifício mais importante de São Paulo e até hoje um dos cartões postais da capital paulista. Foi construído para atender o desejo da elite e para promover a ópera e o concerto. Na Praça da Sé, programas para o fim de tarde não faltavam: clubes recreativos, quermesses, saraus musicais, lanterna mágica, fotografia animada, futebol entre ingleses, ciclismo, apresentações circenses, touradas

no largo dos curros, brigas de galo, esportes náuticos e a prática da bicicleta divertiam os moradores dos arredores da XV de Novembro. Os hábitos mudavam e o modelo era de uma Europa divertida e refinada. Os padrões de vida e o bom gosto tomaram conta da vida urbana - dos xales aos leques para as mulheres, bengalas e chapéus para os homens. Os jornais, não ficaram de fora, também acompanharam as mudanças da cidade: os pequenos jornais cederam espaço à imprensa jornalística e aos almanaques literários,quepassaramautilizarequipamentos gráficos até então desconhecidos. Também na XV de Novembro funcionavam as redações dos principais jornais paulistanos: o Correio Paulistano e O Estado de S. Paulo.

Foto de Leonardo Soares

Como se não bastasse à vasta cultura que compõe a Sé, cada vez que são remexidos sobre aspectos, mais belezas, surpresas e contentamentos são encontrados. Um piano, localizado no metrô da Sé, abrilhanta por pelo menos alguns minutos, a vida tão corriqueira dos paulistanos e turistas que por ali passam. Desde o começo do ano de 2011, foi instalado na estação da Sé, um piano para que todos que tivessem vontade ou curiosidade de conhecer pudessem tocá-lo, seja para conhecer a textura ou tocá-lo de modo sinfônico e melodioso mesmo. A vida paulistana não é fácil, a correria do dia-a-dia faz com que as pessoas não tenham tempo para nada, porém, uma atração como essa não se pode passar desapercebido. Ver pessoas sem um conhecimento formado, tentando tocar algumas notas é, de certa forma, prazeroso. Há também, as pessoas com vasto conhecimento, como o caso dos irmãos Rossi, que pararam centenas de pessoas por longos minutos no mês de julho. Até agora, o piano ainda é um grande entretenimento para as pessoas que passam todos os dias na Sé. A música clássica ainda é vista como uma prática luxuosa no Brasil. Muitas pessoas não sabem o prazer que

Foto de Leonardo Soares

ela pode transmitir e com essa iniciativa, instalada no metrô, faz com que essa música possa ser massificada, ser levada para a população, de maneira atraente e sem o estereótipo “mania de rico”. A Sé traz para a população paulistana e demais localidades arte e cultura, que podem ser vistas em poucos locais da capital. A Praça, a Catedral, ruas como a Rua da Direita (1° de Março) ou a

Por Thainan Gomes Bitti

Por Jéssica Scaraficci

Cerca de três séculos depois de sua fundação, em meados de 1800, São Paulo não passava de uma calma aldeia colonial que se estendia até os limites do Tamanduateí e do Anhangabaú. A pequena população era de no máximo 20 mil pessoas. A cidade dormia cedo, já que as ruas não eram iluminadas e o local era pouco movimentado.

Foi através do café que o comércio surgiu. Nas lojas do Centro se vendia de tudo: charutos importados, destilarias, tecidos ingleses, roupas com corte francês, especiarias do Oriente etc. Através do consumo crescente no centro, toda a cidade se desenvolveu. Começaram a ser priorizadas as edificações que pudessem dar a São Paulo o modelo de cidade sofisticada. Os critérios para a construção desses novos prédios foram padronizados e a iluminação elétrica se fez

EXPEDIENTE Cultura em Foco: É um jornal experimental produzido pelos alunos do 1BCSNJO, sob orientação do professor Moisés Barel para a disciplina Introdução ao Jornalismo. Editora: Thainan Gomes Bitti Diagramação: William Carvalho Repórteres: Jéssica Scaraficci Natália Phillip S. Ferreira Alexandre Costa Novaes Pamella Pestana

Por Natália Barbarino

André conhecido como ‘Cowboy Prateado’, atua como artista de rua, mais precisamente, estátua viva há mais 15 anos e leva consigo o sonho vivo de cursar arqueologia. André leva em média de 15 à 30 minutos para se caracterizar e ganha a vida ao se apresentar em praças públicas no centro da cidade de São Paulo. Além de praças do centro da cidade, o cowboy prateado, já fez algumas apresentações em programas como “Qual É O Seu Talento” (QST), no SBT.A interação com o público é constante, e quem mais se diverte são as crianças. O assédio é tanto, que de minuto em minuto vemos flash surgindo em meio a multidão, e crianças com enormes sorrisos. Entretanto, uma operação da prefeitura de São Paulo junto com a Polícia Militar, deflagrada no fim do ano passado, confiscou equipamentos e impediu apresentações por considerar que os artistas comercializavam

produtos CDs e, portanto, eram ambulantes não regularizados, “Confundem a gente com camelo”, diz André. “O começo da Operação Delegada foi o pior momento”, diz Celso Reeks, integrante de um grupo de teatro e porta-voz dos artistas de rua. “A polícia e a prefeitura entendiam que ‘passar o chapéu’ era comércio ilegal.”, revelou ao site da Folha. Em uma entrevista realizada no dia 20 de julho de 2011 para o jornal Diário Oficial, o prefeito da cidade de São Paulo Gilberto Kassab disse: “Foram discutidas regras para que os artistas de rua possam executar com conforto e segurança o seu trabalho.” Reeks ainda explica “Esta abertura da Prefeitura é muito importante, devolvendo, pela assinatura do decreto, os direitos de expressão aos artistas de rua. Com este estímulo, a Cidade fica mais alegre, mais festiva e mais organizada”. Para o coordenador do policiamento do centro, major Wagner Rodrigues, a apresentação dos artistas é bem-vinda desde

Sé, o palco de todos Desde sua revitalização em 1970, a Praça da Sé é palco de muitas culturas. Vista por alguns até mesmo como um teatro a céu aberto, se tornou também ponto de encontro para quem chega à cidade e por esse motivo passou a abrigar diversos artistas urbanos como pintores, estátuas vivas, repentistas, mágicos e muitos outros. Todos possuem uma

Theatro Municipal de São Paulo comemora centenário renovado

característica em comum, buscam o seu ganha pão entretendo as pessoas que por ali passam para trabalhar ou a passeio. Uma boa parte dos artistas que se apresentam na Sé diariamente não são naturais de São Paulo, e acabam por trazer um pouco de sua cultura regional, e a cidade absorve tais culturas, o que a deixa muito mais atraente aos visitantes e a seus moradores. A quantidade de pessoas na praça todos os dias alimenta a imaginação dos

Foto de Fabio Braga

Por Phillip S. Ferreira

Por Alexandre Costa Novaes A restauração resgatou o passado do Theatro Municipal de São Paulo, um dos símbolos mais famosos da cidade, que acaba de completar cem anos de existência. O prédio localizado na Praça Ramos de Azevedo, é um atrativo para os olhos. Projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo e inaugurado em 1911, o local ganhou o prestígio da população paulista da época. Mais tarde o teatro foi cenário da famosa Semana de Arte Moderna de 1922. A casa já havia passado por reformas anteriores na década de19 50 e outra na década de 1980, mas a última iniciada em 2008 foi a mais minuciosa de todas e durou três anos. O lugar permaneceu fechado mesmo, apenas nos dois últimos anos. Durante esse período praticamente todo o ambiente foi restaurado, paredes, portas, passadeiras, detalhes folheados a ouro, conjunto de vitrais, estátuas, e pela primeira vez, a fachada foi inteiramente reparada. Um dos grandes destaques da casa é o salão nobre repleto de pinturas no teto feitas pelo brasileiro Oscar Pereira da Silva que foram limpas do verniz antigo. As áreas se tornaram mais iluminadas e as poltronas da sala

Foto de Leonardo Soares

Seguir em frente a cada dificuldade

que dentro dos novos parâmetros. Apesar de trabalharem geralmente nos mesmos lugares, os artistas de rua não têm pontos fixos. Assim como para as demais pessoas que trabalham nas ruas, o tempo é fator determinante para os artistas, “Quando

chove a gente não sai”, revela André. Todos os dias, eles torcem por sol e calor. “Os artistas urbanos são talentos espalhados pela cidade, temos de aproveitar esse potencial”, diz o presidente da SP Turis (São Paulo Turismo), Caio Luiz de Carvalho.

artistas que fazem de tudo para agradar o seu público proporcionando sempre atrações diferentes, seja no improviso da música que é o caso dos repentistas que em sua maioria são pessoas do norte e nordeste do país, e suas letras retratam uma realidade pouco conhecida por parte da população e sempre com o humor insuperável, personagens diferentes em suas estátuas vivas como astros da música, cavaleiros, monstros e anjos, e os pintores e cartunistas que oferecem seus serviços de pintura e caricaturas usando também do humor com suas curvas e traços exagerados. Em entrevista Vladimir Garcia que interpreta o ícone infantil “Shrek” nas

ruas da Sé falou sobre um possível projeto entre os artistas e a prefeitura para colocalos no roteiro de atrações do evento que acontece todos os anos a “Virada Cultural” que conta com 24 de atrações ao ar livre e com apresentações de filmes e espetáculos teatrais. A prefeitura da cidade de São Paulo desde 2009 têm feito um mapeamento em toda a região central, inclusive no bairro da Sé para colocar todos os artistas que atuam nas ruas em um guia turístico em uma tentativa de torna-los mais conhecidos não apenas entre os populares, mas também entre os visitantes, em troca farão parte da economia formal da cidade.

As cicatrizes do centro – O bairro da Sé continua caindo aos pedaços Por Pamella Pestana

de espetáculo, antes verdes, voltaram a ter a cor vermelha. A reforma não se restringiu apenas a aparência do lugar, mas em todo equipamento de palco como troca de cenário e a acústica. O reforço da estrutura tornou o palco capaz de suportar até os mais ambiciosos espetáculos. Outra novidade é que o café do teatro agora também é restaurante. A cara nova foi dada pelos designers Humberto e Fernando Campana, em uma mistura do antigo e do novo é possível contemplar a decoração do salão apenas ao olhar para a mesa espelhada. A Programação do centenário começou no dia 12 de setembro com a ópera Rigoletto dirigida por Felipe Hirsche, que se estende até o final do próximo ano.

Andando pela Praça da Sé, podemos ver apresentações de teatro mambembe, mágicos encenando seus atos lúdicos, cantores atraindo a multidão. A instalação de outros centros de animação e cultura, como o SESC e o Centro Cultural Banco do Brasil deram impulso ainda maior à diversidade cultural. Porém, um grande problema fica visível nos caminhos de quem anda pelo centro de São Paulo: A decadência dos prédios que contam a história da cidade. O Casario da Sé é um exemplo. Localizado na esquina da Praça Clóvis Bevilacqua com a Rua Roberto Simonsen, é seguramente um dos conjuntos de moradias mais antigos da cidade. Acabou situado na borda da Praça da Sé depois que uma reforma nos anos 70 derrubou outras casas e juntou as duas praças. Há mais de uma década está fechado e coberto por uma rede de proteção que apodrece junto com o edifício.

Um dos prédios mais fantásticos já construídos na cidade, o Palacete Santa Helena, ficava na Praça da Sé e foi inaugurado em 1922. Em seu interior, além de lojas e escritórios, existia um cinema tão luxuoso quanto o Teatro Municipal, o Cineteatro Santa Helena. Foi demolido em 1971 pra construção da estação da Sé. O Edifício Augusto Gazeau é mais um exemplo da decadência do centro histórico da cidade. Primeiro edifício da Praça da Sé com a construção iniciada em 1910, só foi concluído em 1924. O prédio é o segundo em São Paulo a usar a estrutura de concreto armado. Seu proprietário, o empresário livreiro Augusto Francisco Gazeau reuniu uma pequena fortuna ao longo de sua vida que transformou em prédios de uso comercial. A falta de cuidado com uma parte importante da história de São Paulo incomoda e, com certeza, colabora com a aparência desgastada e triste de um dos bairros mais antigos da cidade Alguns projetos da prefeitura prometem a reforma de prédios como esses para abrigar famílias de baixa renda, devolvendo o charme para o centro e diminuindo o número de pessoas nas ruas. Os imóveis têm a fachada original mantida e são reformados para que possam receber os novos moradores. A prefeitura ainda negocia a desapropriação de outros 50 edifícios, e a reforma da Praça da Sé pretende, segundo o governo municipal, dissociar o Centro da imagem de pobreza e abandono.