Guidelines for papers to the International Information Design Conference

September 1, 2016 | Author: Anonymous | Category: N/A
Share Embed Donate


Short Description

num período chamado pelos especialitas portugueses de ante clássico. ... cartas em que esses dois importantes personagen...

Description

CIDI 2013

6TH CIDI

5TH InfoDesign

6TH CONGIC

6 th Inform ation Design International Conference

5 th Brazilian Conference of In form ation Design

6 th Inform ation Design Student Conference

Blucher Design Proceedings May 2014 , Vol. 1, Num. 2 www.proceedings.blucher.com.br/evento/cidi

As cartas do descobrimento do Brasil uma análise gráfica do legado de Pero Vaz de Caminha e do Mestre João Faras The letters of the discovering of Brazil a graphic analysis about the legacy of Pero Vaz de Caminha and Master João Faras Guilherme Cunha Lima; PhD; Cláudio Gil, Mestrando

Design gráfico, Brasil, Escrita, História, Paleografia. O objetivo do presente artigo é abordar um dos modelos das escritas vigentes em Portugal na época dos Grandes Descobrimentos e no Brasil durante o primeiro século como colônia portuguesa. Escrita num português quinhentista, as cartas que abordaremos nesse artigo mostram uma língua ainda em formação, num período chamado pelos especialitas portugueses de ante clássico. Essa abordagem é feita sob um viés técnico e histórico. Entretanto a nossa proposta é de uma análise gráfica das escritas de Pero Vaz de Caminha e do Mestre João Faras, respaldada na Paleografia e na Caligrafia. Utilizamos, entre outros documentos, as cartas em que esses dois importantes personagens de nossa história relatam ao rei a expedição da frota comandada por Pedro Álvares Cabral no ano de 1500. Essa análise tem o intuito de fornecer ao leitor algumas noções de como são feitas as classificações dos modelos de alfabetos. A observação dos aspectos construtivos e gráficos das letras, tais como proporções, tipos de instrumentos utilizados e os ângulos de trabalho estabelecido para cada modelo.

Graphic design, Brazil, Writing, History, Paleography The aim of this paper is to address one of the models of writing used in Portugal at the time of the Great Discoveries and in Brazil during the first century as a Portuguese colony. Written in Portuguese sixteenth century, the letters we will discuss in this article show a language still in training, a period called by the Portuguese specialists as "ante classic". This approach is made under a technical and historical bias. However our proposal intends to be a graphical analysis of the writings of Pero Vaz de Caminha and of the Master João Faras, supported by Palaeography and Calligraphy. Used, among other documents, the letters of these two important figures in our history report to the king about the expedition of the fleet commanded by Pedro Alvares Cabral in 1500. This analysis aims to provide the reader with some knowledge of how the models of the alphabets are classified. The observation of the constructive and graphic aspects of letters, such as scale proportions, kind of instruments used and the angles of work established for each model.

Introdução O presente artigo tem como objetivo mostrar uma parte da investigação para a nossa dissertação de mestrado, acerca de um dos modelos de escrita vigente em Portugal durante o chamado período da Expansão Ultramarina. Nosso intuito não visa os aspectos literários dos documentos, mas sim apresentar uma abordagem técnica sobre essa caligrafia. Situado no extremo ocidental da Península Ibérica, Portugal estabelece, através de documentações escritas, o que o historiador português Jorge Borges de Macedo (1987) chama de primeira política externa européia de primado atlântico que existiu na Europa Ocidental. Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação 5º InfoDesign Brasil 6º Congic Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.) Sociedade Brasileira de Design da Informação – SBDI Recife | Brasil | 2013

Proceedings of the 6th Information Design International Conference 5th InfoDesign Brazil 6th Congic Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.) Sociedade Brasileira de Design da Informação – SBDI Recife | Brazil | 2013

Lima,Guilherme Cunha; Gil, Cláudio. 2014. As cartas do descobrimento do Brasil uma análise gráfica do legado de Pero Vaz de Caminha e do Mestre João Faras. In: Coutinho, Solange G.; Moura, Monica; Campello, Silvio Barreto; Cadena, Renata A.; Almeida, Swanne (orgs.). Proceedings of the 6th Information Design International Conference, 5th InfoDesign, 6th CONGIC [= Blucher Design Proceedings, num.2, vol.1]. São Paulo: Blucher, 2014. ISSN 2318-6968, ISBN 978-85-212-0824-2 DOI http://dx.doi.org/10.5151/designpro-CIDI-126

|2

Segundo Mattoso (1992) é o momento em que o poder político decidiu ocupar-se das navegações e do comércio marítimo, não apenas como consumidor de bens acumulados, mas também como envolvido ele próprio na sua produção. Então essas ações se tornaram História e se passaram a fixar na memória. Nossa tentativa no momento é o de apresentar alguns aspectos presentes na escrita de duas cartas que documentam a viagem do descobrimento do Brasil. A eleição desses documentos se deve por sua importância para a história do Brasil. As grafias a serem analisadas em nossa pesquisa são escritas por dois navegadores presentes na expedição. Essas cartas são a do escrivão oficial da frota de Cabral, Pero Vaz de Caminha e, a segunda, a do médico e astrônomo particular de D. Manuel I, o Mestre João Faras. (figura 1) Figura 1: Páginas das cartas de Pero Vaz de Caminha (esq.) e João Faras. Ano de 1500.

(Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Portugal)

É preciso salientar que no âmbito dos estilos de escrita existentes na Europa, nesse momento, essa escrita que vamos abordar encontrava-se num momento particularmente complexo (Marques, 2002). Devemos nos lembrar que nesse período Portugal está vivendo um momento de transição entre a Idade Média e o Renascimento. Os Grandes Descobrimentos estão lançando Portugal definitivamente, em direção ao mercantilismo. Nessa época os alfabetos de estilo gótico são um padrão gráfico comumente encontrado em documentos e livros em diversos países do continente europeu. Na Itália, em 1420, o calígrafo Niccolo Nicolli desenvolve um novo modelo de alfabeto para ser utilizado em correspondências oficiais. Esse modelo a partir de 1440 passa a ser utilizado como a letra oficial da Chancelaria Papal. Entretanto para o uso corrente da escrita comercial continuou a usar-se um estilo cursivo derivado do gótico. Nessa fase as escritas nos reinos de Portugal e Castela passaram por alterações que são consideradas degradações do estilo gótico. Essas alterações são caracterizadas pelas marcas de um certo individualismo inerente à escrita processual. A escrita processual é determinada pela Paleografia como um modelo degenerado da escrita oficial da corte de Castela, com características descritas por Vera Acioly como um modelo de traços rápidos e descuidados.

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic

|3

Numa reação contra essa escrita degenerada houve uma tentativa de imposição, por parte dos Reis Católicos, de estebelecer a escrita cortesã como a escrita oficial para notários e oficiais do reino. Entretanto essa escrita denominada cortesã foi utilizada somente no meio dos eruditos. Apesar do curto período da sua utilização no Reino de Castela, 'essa escrita em Portugal é utilizada na maioria dos documentos que ultrapassam o reinado de D. João III'. (Marques, 2002). Entendemos que existe uma necessidade de analisar as características das escritas góticas e compará-las às grafias do Mestre João e de Pero Vaz de Caminha. No texto desses dois personagens está o legado gráfico das descobertas da viagem de Cabral ao Brasil. Esse estilo já havia sido utilizado anos antes na carta em que Vasco da Gama, por ocasião da primeira viagem às Índias, relatou as suas andanças. Utilizamos também outro documento comparativo ao modelo das cartas do descobrimento, o Tratado de Tordesilhas. Esse documento assinado entre os Reinos de Castela e Portugal estabelece a divisão do mundo em duas partes, a linha que separava a portuguesa da espanhola.

O propósito A nossa primeira motivação em analisar graficamente as cartas do descobrimento do Brasil foi a necessária contribuição para futuras pesquisas no campo do design, especialmente em áreas como o design de tipos. Essa investigação envolve o conhecimento tanto dos aspectos formais das letras quanto dos períodos históricos, para o desenvolvimento dos alfabetos. Os termos utilizados para descrever a anatomia das letras, as guias utilizadas para a composição de textos e os componentes que constituem o cerne da tipografia, são todos de suma importância para a compreensão e construção da história do design. Esta apresentação, em princípio, tem como objetivo geral abordar a classificação de alfabetos manuscritos respaldo na Paleografia. Nosso objetivo específico é análisar um estilo de escrita utilizado no Brasil no primeiro século do período do Brasil Colônia. O modelo da escrita utilizada pelos relatores da viagem de Pedro Álvares Cabral é o mesmo utilizado por Pero Borges, ouvidor Geral do Brasil e Duarte Coelho, donatário da capitania de Pernambuco em correspondências com o Rei D. João III. (figura 2) Figura 2: Correspondências de Pero Borges (esq.) e Duarte Coelho à D.João III. Ano de 1540 e 1548 respectivamente. (Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Portugal)

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic

|4

A Paleografia No intuito de fundamentar a nossa análise, recorremos à pesquisa paleográfica. A Paleografia é uma ciência nascida de uma polêmica sobre a autenticidade de documentos beneditinos no século XVII, mais especificamente a querela entre o padre holandês Daniele Van Papenbroek e o monge da Congregação de São Mauro, Jean Mabillon. Mabillon, na defesa dos documentos contestados, estabelece as bases da paleografia, sendo por isso considerado o pai dessa ciência. Berwanger / Leal (2012), nos explicam que a palavra paleografia é compreendida como o estudo das escritas antigas, e que sua etimologia vem do grego na junção das palavras: paleos (antigo) + graphein (escrita, desenho). A partir do final do século XVIII, a Paleografia passou a ser incluída nas cátedras universitárias europeias. No Brasil só foi incluída como disciplina complementar do curso de História da USP, no ano de 1952 (Acioly, 1994). Nas definições dadas por paleógrafos como Vera Acioly, Muñoz y Rivero, Maurice Prou e outros observamos a utilização de alguns termos mais frequentes. São eles: leitura; decifração; e interpretação metodológica de escritas antigas. Tem por objeto de estudo as características extrínsecas dos documentos manuscritos, ou seja, os aspectos gráficos da escrita (Berwanger / Leal, 2012). Atualmente a Paleografia se dedica também a estudar documentações digitais.

O Ductus A paleografia define o ductus, termo derivado do latim ducere, como a ordem ou a sequência das sucessões dos traços ou movimentos que irão formar o desenho da letra manuscrita. Ele é o registro, a memória do gesto, dos caminhos percorridos pela ponta do instrumento que compõe a letra. O ductus representa a guia referente de cada glifo. Segundo Mediavilla (1994) o ductus deriva de outro termo latino, o digitus (dedo), e não se limita simplesmente à decomposição dos glifos (sinais gráficos representativos da escrita) num determinado número de traços. O ductus determinaria de maneira precisa e específica a ordem e a direção em que os movimentos são realizados, funcionando como uma espécie de rastreamento, um histórico do traçado feito pelo instrumento. (figura 3)

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic

|5 Figura 3: Exemplificação do Ductus. MEDIAVILLA, C. 1993. Calligraphie, du signe calligraphié à la peinture abstrate. p.21 Paris: Imprimerie Nationale Éditions. (imagem autorizada pelo autor)

Podemos assim verificar e identificar que determinados tipos de traços – o vertical, por exemplo, utilizado nas letras capitais romanas monumentais – carrega a memória do movimento que se inicia no topo e segue em direção à base em sua formação, e não ao contrário. De maneira similar o traço horizontal é capaz nos apresentar o histórico do movimento executado no sentido da esquerda para a direita. No intuito de esclarecer como são executados os movimentos muitos mestres calígrafos costumam desenhar em suas pranchas (originais a serem copiados pelos seus alunos), setas com as numerações correspondentes à ordem ou sequência dos movimentos. Essas indicações também servem para estabelecer o sentido dos movimentos necessários para a formação dos signos.

A escrita Gótica O sistema das escritas góticas foi utilizado em grande parte da Europa, nos séculos XII ao XVI. Em algumas regiões mais conservadoras sua utlização estendeu-se além desse período. As origens prováveis desse sistema, são as transformações lógicas e naturais da escrita carolíngea. Essa escrita apresentava um espacejamento entre linhas generoso, devido às grandes áreas de extensão, a minúscula carolíngia, quase isenta de ligaturas e praticamente sem adornos, foi a responsável por uma forma de comunicação menos codificada e, portanto, mais compreensiva e legível para o nosso padrão atual de alfabetos. (figuras 4 e 5) Figura 4: Manuscrito Carolíngeo do século IX. Musée des Lettres & Manuscrits, Paris. (foto Cláudio Gil, 2013).

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic

|6

Figura 5: Detalhe do modelo do ductus das Minúsculas Carolíngeas. MEDIAVILLA, C. 1993. Calligraphie, du signe calligraphié à la peinture abstrate. p.147 Paris: Imprimerie Nationale Éditions. (imagem autorizada pelo autor)

Ao final do século XI as formas da escrita carolíngea passam a ser executadas por uma pena de corte oblíquo, utilizando um ângulo mais aberto. O resultado formal dessa combinação foi o surgimento de uma letra mais condensada e de junções mais abruptas, chamada de Carolíngea Tardia ou Protogóticas. O caráter arredondado das letras originais vão se transformado em cortes mais angulosos. Segundo Bischoff (1954), a Protogótica é proveniente do norte da França e mais especificamente da região do reino anglo-normando. Apesar da influência do processo de execução das minúsculas carolíngeas, o belga Jacques Boussard descreve 'em seu estudo Influências insulares na formação da escrita gótica (Bruxelas, 1951) a influência britânica na formação desse sistema' (Mediavilla, 1993). Segundo o seu estudo, os escribas anglo-saxões seriam aficcionados pelo uso das penas de ponta com corte oblíquo à direita. Esse instrumento produz automaticamente a separação dos planos feitos pelos traços dando-nos a impressão de uma sólida angularidade. (figura 6) Figura 6: Modelo cosntrutivo da letra Gótica “Textura” do século XIV. MEDIAVILLA, C. 1993. Calligraphie, du signe calligraphié à la peinture abstrate. p.157 Paris: Imprimerie Nationale Éditions. (imagem autorizada pelo autor)

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic

|7

Os modelos góticos As escritas góticas apresentam um grande número de estilos dos quais podemos destacar 3 dentre os principais modelos. O primeiro é o modelo conhecido como Littera textuallis, e possui o maior número de opções de estilo, destando-se as letras góticas francesas, conhecidas como Textura; a alemã Fraktur; e a italiana Rotunda. São letras destinadas em maior parte para a utilização em livros. (figura 7) Figura 7: Evolução dos alfabetos góticos do século XI ao XVI.. MEDIAVILLA, C. 1993. Calligraphie, du signe calligraphié à la peinture abstrate. p.158.

Paris: Imprimerie Nationale Éditions. (imagem autorizada pelo autor)

O segundo modelo, que abordaremos com mais detalhes é conhecido como Littera currens, a letra gótica cursiva. O terceiro modelo são conhecidos como Littera semi textuallis, no qual se destacam as letras Bastardas. Essas letras carregam características tanto dos modelos para livros como os modelos cursivos.

A escrita gótica cursiva

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic

|8

As letras góticas cursivas descendem diretamente daquela que é considerada um marco cultural na história da escrita latina, a letra minúscula carolíngea. Esse alfabeto foi desenvolvido por Alcuíno de York no final do século VIII, sob a encomenda do imperador Carlos Magno. Ele representa mais do que um simples recorte modernizado das letras insulares surgidas a partir do século VI (Harris,1995). O alfabeto carolíngeo tornou-se um exemplo de clareza para a leitura. Apresenta uma uniformidade na execução dos traços grossos e finos, devido a uma modulação sistemática. A uniformidade e o contraste produzido pelo desenho das carolíngeas devem-se, em grande parte, ao tipo de instrumento utilizado para desenhá-la, uma pena de ponta quadrada. Entretanto, a qualidade do desenho proposto por Alcuíno, então abade de São Martinho, vai além disso. As câmaras de extensão ascendentes e descendentes, iguais ou até maiores que a sua altura de x, produzem na letra um contraste até então inédito. Pela primeira vez as câmaras de extensão são mostradas de um modo claro e pregnante, principalmente se a compararmos às suas antecessoras semi-unciais, de extensões curtas e quase inexistentes. Essa minúscula possui uma leve inclinação em relação à base e um respeito absoluto em relação às pautas. Com isso o desenho do texto produzido pelo contraste entre as câmaras de extensão dão ao estilo um caráter dinâmico e ao mesmo tempo rigoroso. Durante o Séc. XII a escrita gótica cursiva é usada em grande parte da Europa. O avanço no uso dessa escrita se deve muito à democratização do ensino, ao trabalho dos homens da lei e dos escrivãos públicos. Seu caráter veloz se dava pelo tipo de expediente em chancelarias, repartições públicas e gabinetes oficiais, que exigiam rapidez na escrita de seus notários. (figuras 8 e 9) Figura 8: Detalhe da Escrita Gótica Cursiva. Inventário da Biblioteca do Museu do Louvre, por Jean Le Bégue, 1413 MEDIAVILLA, C. 1993. Calligraphie, du signe calligraphié à la peinture abstrate. p.178. Paris: Imprimerie Nationale Éditions. (imagem autorizada pelo autor)

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic

|9

Figura 9: Detalhe da Escrita Cortesã. Minuta Original do Tratado de Tordesilhas. 7 de junho de 1494.

Biblioteca Nacional, Lisboa.

Características formais da gótica cursiva A gótica cursiva apresenta características gráficas de uma escrita corrente (littera currens), utilizada no dia-a-dia, desenhada com um ângulo fixo e com uma altura de x menor do que a Textura do século XIV. Essa letra, para ser produzida, exige cortes e giros do instrumento para a sua construção. Ela é um exemplo clássico dos modelos de escrta para livros. (littera textuallis) A altura de x das cursivas é aproximadamente 1/3 menor do que a Textura. A presença de ligaturas e a formação de letras combinadas, promovendo encadeamentos no texto, nos orientam no sentido de que essas cursivas se inserem no estilo gótico. Entretanto, elas se diferenciam das letras utilizadas na composição de livros manuscritos. Tanto na sua proporção quanto no seu eixo. A sua forma levemente inclinada à direita deixa o foco no eixo horizontal ao invés do lento eixo vertical das letras góticas texturas. Esse novo ductus da escrita cursiva faz parecer que a pena pode mover-se em qualquer direção e não somente nos movimentos naturais das góticas texturas para livros que, em geral, possuem uma ênfase vertical, obedecendo à uma lógica de construção modular e repetitiva. (figura 10) Figura 10: Ductus da Escrita Gótica Cursiva. MEDIAVILLA, C. 1993. Calligraphie, du signe calligraphié à la peinture abstrate. p.177. Paris: Imprimerie Nationale Éditions. (imagem autorizada pelo autor)

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic

| 10

Conclusão O design é uma área do conhecimento na qual os pesquisadores frequentemente recorrem à diversas outras áreas. No decorrer desta apresentação foi feita uma análise técnica de importantes documentos históricos, abordando aspectos gráficos e construtivos de alfabetos utilizados antes do advento da imprensa. Amparados por estudos paleográficos e caligráficos, foi possível verificar como as características dessas escritas foram se formando e evoluindo ao longo do período analisado. Essas características nos dão noções de como os modelos de escrita mantiveram-se em uso, tornando-se referências ao longo dos séculos, tanto dos textos manuscritos quanto das fontes tipográficas. Ao investigarmos essas outras áreas do conhecimento, a História do Design incorpora métodos que possibilitam ao pesquisador entender de forma mais esclarecedora os modelos históricos dessas caligrafias. Ao mesmo tempo é possível perceber o quanto torna-se difícil a utilização de um determinado modelo de escrita, em função dos diferentes momentos em que ela foi utilizada. Assim, fica patente a necessidade de haver uma análise cultural além da cronológica.

Referências MARQUES, J. 2002. Práticas paleográficas em portugal no século XV. Revista da Faculdade de Letras. CIÊNCIAS,TÉCNICAS E PATRIMÔNIO. 1ª série, v1: 73-96. BERWANGER, A.R. & LEAL, J. E. F. 2012. Noções de Paleografia e Diplomática. Santa Maria: RS, Editora UFSM. HARRIS, D. 2010. A arte da caligrafia. São Paulo: Editora Book Makers. GEORGES, J., 2002. A escrita: memória dos Homens. Rio de Janeiro: Editora Objetiva. MACEDO, J.B. 1996. O testamento de Adão. Lisboa: Comissão Nacional das Comemorações dos Descobrimentos Portugeses; Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

ACIOLY, V.L.C. 1994. A Escrita No Brasil Colônia. Recife: Univercidade Federal de Pernambuco. MEDIAVILLA, C. 1993. Calligraphie, du signe calligraphié à la peinture abstrate. Paris: Imprimerie Nationale Éditions. ARROYO, E. 1971. A Carta de Pero Vaz de Caminha. São Paulo: Edições Melhoramentos. Johnston, E. 1906. Writing, Illuminating & Lettering. London: Pitman House Limited.

Sobre os autores Guilherme Cunha Lima, PhD, UERJ, Brasil Cláudio Gil, Mestrando, UERJ, Brasil

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic

| 11

Anais do 6º Congresso Internacional de Design da Informação | 5º InfoDesign Brasil | 6º Congic Proceedings of the 6th Information Design International Conference | 5th InfoDesign Brazil | 6th Congic

View more...

Comments

Copyright � 2017 SILO Inc.