A RAINHA DA NEVE

May 28, 2017 | Author: Anonymous | Category: N/A
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telhado. As rosas eclodiram esplendidamente naquele verão, a garotinha tinha aprendido um hino que dizia algo sobre rosa...

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A RAINHA DA NEVE

HANS CHRISTIAN ANDERSEN Contos de Hans Christian Andersen Livro 3 ARMADA DE PAPEL Copyright 2014 ARMADA PRESS

IMPRESSÂO A Rainha da Neve Contos de Hans Christian Andersen © 2014 – Armada Press Todos os direitos reservados. Autor: Hans Christian Andersen [email protected] Este e-book, incluindo todas as suas partes, é protegido por Copyright e não pode ser reproduzido sem a permissão do autor, revendido ou transferido.

ÍNDICE PRIMEIRA ESTÓRIA: Que trata de um Espelho e de seus Cacos SEGUNDA ESTÓRIA: Um Menino e uma Menina TERCEIRA ESTÓRIA: O Jardim da Mulher que sabia Feitiçaria QUARTA ESTÓRIA: O Príncipe e a Princesa QUINTA ESTÓRIA: A Pequena Ladra SEXTA ESTÓRIA: A mulher Lapoa e a Mulher Finlandesa SÉTIMA ESTÓRIA: O que se passou no Palácio da Rainha da Neve e depois SOBRE O AUTOR ENTRE EM CONTATO

PRIMEIRA ESTÓRIA: Que trata de um Espelho e de seus Cacos Vamos, então, começar. Quando estivermos no final da estória saberemos mais do que sabemos agora: então comecemos. Era uma vez um tempo em que existia um duende mau, de fato, ele era o mais nocivo de todos os duendes. Um dia ele estava de muito feliz, pois havia feito um espelho com o poder de encolher tudo que fosse bom ou bonito, quando nele refletido; mas aquilo que para nada servisse ou fosse feio era mantido e mostrado com mais feiura ainda nesse espelho. As mais lindas paisagens ganhavam uma aparência sem graça e as melhores pessoas ficavam medonhas, pareciam ter suas faces distorcidas de modo que ficavam irreconhecíveis. Se alguém tivesse uma pinta, ela certamente seria ampliada e se espalharia pela boca e nariz. "É muito divertido!" disse o duende. Se um bom pensamento passasse na mente de alguém, um riso sarcástico surgiria no espelho e o duende se alegraria

ao saber disso. Todos os duendes que foram para sua escola (ele tinha uma escola de duendes) comentavam que um milagre havia acontecido e que somente agora, eles achavam, seria possível ver como o mundo realmente era. Eles foram a vários lugares com o espelho até que, finalmente, não havia lugar ou pessoa que não tivesse sido representado de forma distorcida no espelho. Então eles pensaram que poderiam voar ao céu e aprontar lá também. Quanto mais alto eles voaram com o espelho, mais terrível era a risada sarcástica e ficava mais e mais difícil segurar firmemente o espelho. Voaram cada vez mais alto, cada vez mais próximo das estrelas, até que, repentinamente, o espelho chacoalhou tão fortemente com a risada, que escapou de suas mãos, caiu na terra e espatifou em cem milhões ou mais pedaços. Com isso, o poder do espelho passou a funcionar mais malignamente que antes; pois esses pedaços eram tão pequenos como um grão de areia e se espalharam pelo mundo todo. Quando penetravam nos olhos das pessoas lá eles ficavam, e então as pessoas viam tudo

pervertido ou apenas se interessavam por aquilo que fosse maléfico. Isso acontecia porque os pequenos pedaços tinham os mesmos poderes possuídos pelo espelho inteiro. Algumas pessoas foram atingidas em seus corações pelos cacos do espelho, fazendo-as estremecer tanto que seus corações se tornaram um bloco de gelo. Alguns pedaços do espelho eram tão grandes que foram usados em janelas, impedindo que as pessoas vissem seus amigos. Outros pedaços foram colocados em óculos e não era nada bom quando as pessoas os punham para ver melhor. Por esses motivos, o duende maligno gargalhou até quase engasgar dado que havia alcançado seu objetivo pernicioso. Os pequenos e mais finos cacos ainda pairam no ar e agora vamos saber que aconteceu depois.

SEGUNDA ESTÓRIA: Um Menino e uma Menina Em uma grande cidade havia muitas casas e muitas pessoas, tanto que não havia espaço para ter um pequeno jardim e, portanto, a maioria das pessoas era obrigada a se contentar com flores em vasos. Nessa cidade viviam duas pequenas crianças que tinham um jardim um tanto maior que um vaso de flores. Eles não eram irmão e irmã; mas gostavam um do outro como se fossem. Seus pais moravam lado a lado e habitavam dois sótãos, com o telhado de um sótão se juntando com o telhado do outro sótão. Havia uma calha ao longo das extremidades dos telhados e uma pequena janela em cada casa: bastava pisar na calha para ir de uma janela para a outra. Os pais das crianças tinham grandes caixas de madeira nas quais plantavam vegetais para comer e pequenas roseiras: havia uma rosa em cada caixa e elas cresciam esplendidamente bem. Eles pensaram em posicionar as caixas na calha de modo que eles pudessem alcança-las da janela de cada um deles e que ficasse

parecendo como se fosse uma parede de flores. As gavinhas das ervilhas se dependuravam nas caixas e as roseiras lançavam galhos longos, entrelaçando as janelas e depois dobrando na direção de cada uma delas: era quase como um arco triunfante de folhagem e flores. As caixas eram muito grandes e as crianças sabiam que não deviam subir nelas; já que frequentemente recebiam permissão para sair pelas janelas e sentar em seus tamboretes em meio às rosas, onde poderiam brincar a vontade. No inverno, não podiam ter esse prazer de brincar ao tempo. As janelas estavam quase sempre congeladas; porém as crianças aqueciam moedas de cobre no fogão e as colocavam ainda quentes no vidro da janela para fazer um buraco bem redondinho de modo que pudessem olhar para fora. O nome dele era Kay e o dela era Gerda. No verão, com um só pulo, eles podiam estar um com o outro; mas no inverno eles eram obrigados a primeiro descer as longas escadas de uma casa e então subir as longas escadas de outra casa, já que lá fora estava quase sempre de nevando.

“São as abelhas brancas que estão migrando”, disse a avó de Kay. “As

abelhas

brancas

escolhem

uma

rainha?”

perguntou o menino, já que ele sabia que as abelhas sempre tem uma rainha. “Sim”, disse a avó, “ela voa para onde está maior parte do enxame. Ela é a maior de todas, e nunca fica parada no chão, mas sim voa no meio da nuvem negra de abelhas. Muitas delas, em noites de inverno, voam pelas ruas, olham através das janelas e, então, paralisam de um modo tão maravilhoso que até parecem flores”. “Sim, eu já vi isso”, disseram ambas as crianças; pois sabiam que era verdade. “Pode a Rainha da Neve vir?” disse a garotinha. “Deixe que ela venha!” disse o menino. “Eu vou colocá-la no fogão e ela vai derreter”. E então sua avó acariciou a cabeça do menino e lhes contou outras estórias.

À noite, quando o pequeno Kay estava em casa e já meio despido ele subiu na cadeira que dava acesso a janela e espiou pelo pequeno buraco. Alguns flocos de neve caiam e um deles, o maior de todos, repousava na beirada de um vaso de flores. O floco de neve cresceu cada vez maior até que ficou parecido com uma moça, vestida com a mais fina trama branca, feita de milhões de pequenos flocos, brilhantes como estrelas. Ela era tão bonita e delicada, mas era de gelo, de deslumbrante, cintilante gelo; mas ela vivia; seus olhos olhavam fixamente, como duas estrelas; mas não havia nem calma nem tranquilidade neles. Ela acenou na direção da janela e chamou Kay com um gesto de mão. O menino ficou com medo e pulou da cadeira; teve a impressão de que, naquele mesmo momento, um grande pássaro voara da janela. O dia seguinte foi gelado e claro e, então, veio o degelo e, depois disso, a primavera. O sol brilhou, as folhas verdes surgiram, as andorinhas fizeram seus ninhos e as pessoas começaram a abrir suas janelas. As

crianças voltaram a brincar em seu jardim no telhado. As rosas eclodiram esplendidamente naquele verão, a garotinha tinha aprendido um hino que dizia algo sobre rosas, o que a fez a pensar em suas próprias rosas. Ela o cantou para o garotinho, que depois cantou com ela: “A rosa no vale está desabrochando lindamente e anjos descem lá para saudar as crianças”. As crianças se deram as mãos, beijaram as rosas e se alegraram com os brilhantes raios solares de Deus, falando como se realmente houvesse anjos lá. Que dias de verão agradáveis foram aqueles e que delícia era se sentar debaixo das roseiras, plantas que pareciam nunca se cansar de florescer. Um dia, Kay e Gerda olhavam um livro de ilustrações de pássaros e animais selvagens. Quando badalava cinco horas no relógio da igreja, Kay disse: “Oh! Eu sinto uma dor aguda em meu coração; e agora alguma coisa entrou no meu olho”. A garotinha passou seu braço no pescoço do garoto.

Ele piscou os olhos; não havia nada para ser visto. “Eu acho que já saiu”, disse ele; mas nada havia saído. Era simplesmente um daqueles pedaços de vidro do espelho mágico que penetrou em seu olho; e o pobre Kay tinha também outro caco diretamente espetado em seu coração que, em breve, se tornaria um bloco de gelo. Ele não sente mais, mas o caco continuava lá. “Por que você chora?” ele perguntou; “Isso faz você parecer feia; não tem nada errado comigo. Que horrível!”, ele exclamou repentinamente, “Há uma verme naquela rosa, e aquela outra é torta, no fim, elas são todas rosas grosseiras e também são feias as caixas nas quais as rosas crescem”. Ele chutou uma caixa e quebrou duas das rosas. “O que você está fazendo, Kay?” falou a menina. Quando ele percebeu a preocupação dela com seu comportamento, estragou ainda outra rosa, correu para sua janela e deixou a pequena Gerda sozinha. Mais tarde, quando ela lhe trouxe de volta seu livro

de ilustrações, ele disse que o livro era apenas para bebês em cueiros. Quando sua avó lhes contou estórias, ele a interrompeu e questionou muitas vezes. Mais ainda, ele se posicionava atrás da velha senhora para colocar seus óculos e imitar seu modo de falar e gestos. Ele imitava muito bem e as pessoas riram bastante. Logo, ele era capaz de imitar o modo de andar e as maneiras de todos na rua. Ele podia fazer graça com qualquer peculiaridade ou defeito das pessoas, que diziam: “O menino é certamente muito esperto!”. Mas isso era o vidro do espelho mágico em seu coração, o vidro do espelho mágico em seu olho que o fez provocar Gerda, sempre tão devotada a ele. Ele tinha outras brincadeiras agora; ele demonstrava ter amadurecido. Em um dia de inverno, quando a neve caia copiosamente, ele trouxe uma lupa; segurou a cauda de seu casaco azul e deixou os flocos de neves caírem nele. “Agora olhe através da lente aumento, Gerda!” ele disse; os flocos de neve estavam aumentados e lembravam flores adoráveis ou estrelas pontudas.

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