A horA dA estrelA

January 17, 2017 | Author: Anonymous | Category: N/A
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de Les Demoiselles d'Avignon. (1907) ou Guernica (1937). Uma exposição no Museé. Picasso-Paris, em cartaz a partir deste...

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FOTOS: ©Succession Picasso, 2017, ©RMN-Grand Palais (Musée national Picasso-Paris) /Mathieu Rabeau, Bridgeman/Glow Images, © Man Ray Trust/Adagp, Paris, ©musée Rodin, Paris, ©musée Camille Claudel/ Marco Illuminati

arte

First LAdy

Exposição em Paris revisita o período em que picasso foi casado com Olga Khokhlova, sua primeira mulher e uma das musas do pintor

E

m um filme caseiro, de 1931, Olga Khokhlova, primeira mulher de Picasso, aparece arrancando as pétalas de uma flor, encenando para seu marido o jogo infantil bem-me-quer, mal-me-quer. Apesar do tom de brincadeira, a mise-en-scène parecia mais um presságio do desmoronamento iminente de um casamento de quase duas décadas: antes da

separação, em junho de 1935, a contragosto dela, o artista já mantinha uma relação extraconjugal com a jovem Marie-Thérèse Walter. Se a “fila” do mestre andaluz não costumava ficar parada – meses depois de assumir o caso e ter uma filha com Marie-Thérèse, ele engatou um affair com a fotógrafa Dora Maar –, Olga, no entanto, parece nunca ter virado a página: quis continuar a ser chamada de Madame Picasso até sua morte, em 1955 (por questões de litígio, o casal nunca se divorciou), e protagonizou inúmeras cenas de ciúmes em frente

No alto, Olga Pensive, de 1923 (à esquerda) e Grand Nu au Fauteuil Rouge, de 1929. Acima, Olga e Picasso entre amigos, em 1924

às novas amantes do artista. Para piorar a situação, ela acabou sendo lembrada como a musa que encarnou os anos mais caretas da carreira de Picasso, marcados por um retorno à figuração e sem nenhum trabalho icônico à altura de Les Demoiselles d’Avignon (1907) ou Guernica (1937). Uma exposição no Museé Picasso-Paris, em cartaz a partir deste mês, irá rever o período em que estiveram casados, delineando melhor a personalidade dessa mulher pouco conhecida do grande público. Em fevereiro de 1917, quando o casal se encontrou pela primeira vez, em Roma, era Picasso quem corria atrás de Olga. Em plena ascensão no famoso Ballets Russes, companhia de dança avant-garde de Serguei Diaghilev da qual ela fazia parte, a dançarina de 25 anos resistia às cantadas do espanhol.

“Com uma mulher russa de respeito, só casando”, sugeriu Diaghilev ao pintor. Dito e feito: depois de um ano de cortejo, no qual ele a seguiu durante a turnê da trupe pela Espanha, Olga e Picasso subiram ao altar da Igreja Ortodoxa Russa na Rue Daru, em Paris. Nessa época, os retratos que o artista traçou da sua musa lembravam mais as telas de Ingres que as composições cubistas que lhe deram fama – tendência que ele já havia esboçado em suas pinturas antes do encontro dos dois. O constante olhar melancólico da bailarina só reforçava a imagem de mulher “bela, recatada e do lar” que ganharia nos anos seguintes. Em 1919, Olga deixou o Ballets Russes e encerrou a carreira nos palcos por problemas de saúde, abraçando o papel de mulher de um dos artistas mais conhecidos

do mundo. O semblante pensativo também tinha outra razão. “O pai de Olga e seus irmãos faziam parte do Exército Branco contrarrevolucionário. Depois de 1917, ela nunca mais teve notícias da família e sofreu muito com isso”, conta a curadora da mostra, Emilie Philippot. Enquanto seus poucos parentes que resistiram à guerra viviam precariamente na recém-fundada União Soviética, Olga desfrutava dos privilégios de ser a Madame Picasso – o marido era a única família que lhe restava. Em 1925, o pincel de Picasso começou a dar sinais de que a relação dos dois estremecia: dessa data em diante, a imagem de Olga passa a ser representada em figuras deformadas, como em Grand Nu au Fauteuil Rouge (1929) ou La Femme à la Montre (1936), última aparição do perfil da dançarina nas telas do espanhol. “A mudança do traço do artista tem a ver com o surgimento do surrealismo, mas esse não é o único motivo. A relação conflituosa entre Olga e Pablo também é um ponto importante dessa transformação”, explica a curadora, deixando claro que a obra do pintor é indissociável de sua história íntima. Olga ainda fez um comeback nas criações do ex-marido depois de sua morte, quando Picasso decidiu imprimir a primeira tiragem de uma gravura em cobre, na qual ela aparece alimentando Paulo, único filho do casal. Uma vez musa, sempre musa. isabel junqueira Museé Picasso-Paris: 5 Rue de Thorigny, Paris 3. De 21 de março a 3 de setembro Woman in a Hat (Olga), de 1935, ano em que o casal se separou

A hora da estrela Camille Claudel ganha, enfim, seu próprio museu Desde sua morte, em 1943, Camille Claudel nunca ganhou o destaque nas artes que merecia. Seu nome era constantemente invocado em torno do tumultuado romance que teve com Auguste Rodin e o destino trágico das três últimas décadas da sua vida em um hospício, momento retratado no filme Camille Claudel 1915, com Juliette Binoche no papel principal. Agora, o foco será finalmente o trabalho brilhante e ambicioso da francesa: em Nogent-sur-Seine, cidade a uma hora de Paris, um museu com o maior acervo da criadora da estonteante La Valse será inaugurado no fim do mês. Instalado na casa onde ela viveu entre 1876 e 1879 e deu os primeiros passos como artista, o centro de arte vai desvendar o contexto no qual ela se formou, sobretudo sob a influência do escultor Alfred Boucher, passando pela década em que trabalhou ao lado de Rodin até sua produção no ateliê do Quai de Bourbon, onde procurou se libertar da estética que dividia com o ex-amante e que foi acusada de cópia. Musée Camille Claudel: Nogent-surSeine. Abertura prevista para o dia 26 de março

La Femme Accroupie (1884-1885). Acima, Camille em 1884

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